BizBrazil Magazine 04

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vGOVERNO

vEMPRESA

Carlos Mariaca, um brasileiro entre as lideranças de MiamiDade P.14

Executivo da Bauducco dá receita de sucesso nos Estados Unidos P.16

v ANO 1 Nº 4 . FEVEREIRO/2019

magazine

MAÍLSON DA NÓBREGA

Prognóstico de um ex-ministro para o novo governo P. 6

[EMPRESÁRIO EM DESTAQUE] Wilson De Faria, especialista em direito tributário no Brasil, de olho no mercado americano P. 10 a 12




veditorial

Palavra do Editor

BizBrazil Magazine é agora bimestral

ANTONIO TOZZI antoniotozzi@bizbrazilmagazine.com

v O ano começa auspicioso para a BizBrazil Magazine. Animados pela boa receptividade no ano passado, quando lançamos a publicação com edições trimestrais, decidimos partir para edições bimestrais. Ao mesmo tempo que isto nos dá satisfação, também aumenta nossa responsabilidade de fazer um produto cada vez melhor. Aliás, a norma do jornalismo rege que a edição atual deve ser melhor que a anterior e pior que a próxima. Ou seja, o aperfeiçoamento deve ser constante. Nesta edição, trazemos uma entrevista bem interessante com Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda do governo José Sarney durante aquela época dos planos heterodoxos que os brasileiros mais idosos nem querem mais lembrar.

Com inteligência acima da média, argúcia de bom observador e atuação como consultor, Nóbrega faz uma excelente análise do momento atual, projeta o futuro da economia brasileira e do quadro geral do Brasil, agora sob administração de Jair Bolsonaro. A estrela do presidente é Paulo “Posto Ipiranga” Guedes, que parece saber o que deve ser feito, de acordo com a opinião de Maílson. Isto contradiz a primeira impressão do ex-ministro da Fazenda que achava ter ficado o tal superministério da Economia inchado devido às muitas atribuições inseridas em seu contexto. Mas, em vez de ficarmos aqui tentando interpretar o pensamento de Maílson, sugerimos que você leia a entrevista. Não por acaso, ele ilustra a capa desta edição. Ainda nessa linha, imperdível a entrevista de Erik Volavicius, diretor de Marketing Internacional da Bauducco, concedida à nossa colaboradora Juliana Moraes Mahlmeister. Ele mostra porque a Bauducco é o melhor case de sucesso de uma empresa brasileira que se aventura no cobiçado mercado norte-americano. Volavicius explica o que deve e o que não deve ser feito para as empresas que pretendem conquistar a América do Norte. Vale a pena ler seus conselhos e adotá-los, pois a Bauducco dá a receita certa do sucesso para usar os ingredientes adequados e prepará-los de maneira

correta. O empresário em destaque nesta edição é Wilson De Faria – advogado recém-chegado a Miami e sócio majoritário da WFaria Advogados de São Paulo, um dos principais escritórios de Direito Corporativo do Brasil. A partir do Sul da Flórida ele vai se dedicar a captar mais clientes e prestar assistência aos seus clientes com sede na América do Norte. Faria é um exemplo bem acabado do que pretendemos para os leitores da revista: um empresário bem-sucedido que quer ter presença nos dois países. Para fazer esta ponte, ele montou sua base em Miami. Por falar na principal cidade do Sul da Flórida, vale a pena ler a matéria com Carlos Mariaca. O brasileiro representa um vereador do condado de Miami-Dade num Conselho que tem como objetivo orientar micro e pequenas empresas sobre como elas podem se tornar fornecedoras para o condado, até porque há um programa que incentiva este tipo de empresa a se certificar para incluir o poder público local como um de seus clientes. E ainda há artigos esclarecedores dos especialistas e colaboradores da BBM Daniel Toledo, Timothy Altaffer e Josefina Guedes, além da Agenda de eventos. Boa leitura!

EXPEDIENTE v

magazine Publisher Jorge Moreira Nunes Diretor Geral e Editor Chefe Antonio Tozzi Diretor de Marketing Esterliz Mayer Nunes Account Executives Fernanda Maiolini • Camila Speciali

v4.BIZBRAZILMAGAZINE

Projeto Gráfico André Hippertt Graphic Designer Valdemar Silva Revisora Ana Paula Franco Colaboradores Heliana Deweese Juliana Moraes Mahlmeister Josefina Guedes Daniel Toledo Timothy Altaffer Fotografia Ronira Fruhstuck

BIZBRAZILMAGAZINE é uma publicação da Brazilian Classified Ads e suas matérias são de propriedade da editora. A reprodução de qualquer material sem autorização pode infringir os direitos autorais dos autores. A BizBrazil Magazine não se responsabiliza pelo conteúdo de artigos e colunas publicados por colaboradores. BizBrazil Magazine 816 SE 9th Street, Suite E Deerfield Beach, FL 33441 USA. (954) 570-7568 info@bizbrazilmagazine.com


vinternacionalização

De olho no mercado externo,

DESIGNER DE MODA

internacionaliza coleção de joias e acessórios DANIEL TOLEDO* info@bizbrazilmagazine.com

v A empresária Barbara Amorim, de 26 anos, é designer de moda e desde cedo descobriu-se apaixonada pelo processo de confecção de joias e acessórios. Mas o gosto pela produção das peças vem de berço. A família, tanto pelo materno quanto paterno, atua nesta atividade artesanal há anos. “É um conceito transmitido a cada geração, cresci acompanhando todo o processo, desde a concepção até a finalização do produto. Trata-se de uma nova tendência na joalheria, com pedras mais raras e outra linha mais acessível”, explica. Para estudar melhor o mercado de moda e pedras preciosas, também trabalhou em outras empresas, mas revela que o grande incentivo para lançar a sua própria marca veio da mãe. “Decidi aperfeiçoar o ofício na confecção dela. Então consegui criar a minha linha de acessórios e deu muito certo”, comenta Barbara. Hoje, a empresa se divide em duas linhas, sendo uma de acessórios chamada B&K, e a outra que foca somente em joias e leva o nome de Barbara Amorim. “Todas as peças são exclusivas e únicas. Em breve, contaremos também com um showroom em Curitiba”, explica a empresária. Por enquanto, o trabalho da designer está disponível no site bekbrand.com ou também no instagram, através dos perfis @ barbaragonttijo e @bekbrand. A marca, agora, se prepara para entrar no mercado americano. “O comportamento de consumir fez com que eu enxergasse o mercado americano como algo promissor para o meu negócio. O poder de compra, inclusive dos lojistas, é muito expressivo. Quero romper barreiras, e buscar novas demandas, para ter lucro em uma moeda mais estável”, aponta Bárbara.

A ideia é continuar a expandir e trazer novos clientes para a marca, fazendo uso do mercado internacional. “Toda a comercialização será online, vamos utilizar toda a tecnologia disponível, que é uma tendência em consumo. Esses clientes digitais são ponderados pelas redes sociais, e valorizam cada vez mais o relacionamento com determinada marca e a experiência com produtos e serviços”, conclui. De acordo com o advogado especializado em direito internacional e sócio fundador da Loyalty Consultoria, Daniel Toledo, se a ideia for somente internacionalizar produtos, não é preciso abrir uma empresa americana. “É possível exportar um produto para alguma empresa que está comprando de uma determinada instituição no Brasil, mas, se a ideia é ser um distribuidor dentro dos Estados Unidos, terá que formalizar o negócio em solo americano”, alerta.

PEÇA CRIADA POR BARBARA AMORIM

“O mercado norte-americano se mostra um gigante quando falamos em produtos exclusivos como os da Bárbara. Uma joia única, um relógio numerado ou uma peça de arte trazem em si um valor muito maior do que a etiqueta que aponta seu preço. É um trabalho da alma, feito com criatividade e pessoalidade e essa é uma das razões pela qual algumas pessoas optam por outros mercados, também puxado pela solidez da moeda, claro”, explica Daniel. Gerar receita em moedas diferentes e criar recebíveis fortes, garante longevidade. “Dolarizar um produto ou serviço é uma forma de escapar dos impactos negativos de uma crise regional principalmente para os brasileiros, que sofrem com os altos e baixos da economia. Se esses empresários internacionalizassem seus produtos, não sofreriam com a oscilação econômica porque poderiam redirecionar esses trabalhos para um mercado mais consolidado”, finaliza o CEO da Loyalty.

SERVIÇO:

Para saber mais: contato@bekbrand.com Instagrans: @barbaragonttijo, @bekbrand BARBARA AMORIM criou uma empresa de joias que leva seu nome e uma de acessórios chamada B&K

*Daniel Toledo é advogado especializado em direito internacional, consultor de negócios e sócio fundador da Loyalty Miami. BIZBRAZILMAGAZINE.5v


vanálise

MAÍLSON DA NÓBREGA

está otimista com futuro do Brasil

v6.BIZBRAZILMAGAZINE

Ex-ministro da Fazenda aponta a educação como única saída para crescimento sustentado do país ANTONIO TOZZI antoniotozzi@bizbrazilmagazine.com

❖ Depois de ter sofrido à frente do Ministério da Fazenda em 1985 no governo de José Sarney, Maílson da Nóbrega analisa o futuro do Brasil no governo de Jair Bolsonaro e vê com otimismo a probabilidade de o país voltar a crescer, sobretudo se for bem sucedido em relação às reformas previdenciária e tributária, algo que foi reafirmado pelo presidente em seu discurso no Fórum Econômico de Davos, na Suíça. Em relação à reforma política, o economista é mais realista, pois sabe que o ambiente político sempre tende a defender seus interesses. O sócio da Tendências Consultoria Integrada, que efetua análises sobre a economia brasileira e empresas, fala mais sobre suas perspectivas em entrevista exclusiva para BizBrazil Magazine. v BizBrazil Magazine - Passado o período inicial de acomodação do novo governo, como o sr. avalia a composição do Superministério da Economia? n Maílson da Nóbrega - O ministro Paulo Guedes surpreendeu para melhor. Fiz reparos à fusão de três ministérios na pasta da Economia, que a meu ver incorporava uma quantidade excessiva de atribuições, o que poderia acarretar ineficiências, principalmente considerando que o ministro não tinha experiência anterior no governo. Sua equipe, felizmente, é majoritariamente composta por pessoas que já passaram pelo setor público, inclusive na recente administração de Michel Temer. Guedes já delegou muitas de suas responsabilidades, mas isso não funciona como no setor privado. Há muitas atribuições ministeriais que são indelegáveis. Seja como for, o começo é bom. Resta esperar para saber se Guedes conseguirá gerir bem o superministério que lhe foi confiado. v Em artigo recente, o sr. enfatizou que a reforma política deveria ser a “mãe de todas as reformas”. No entanto, como frisou, políticos não dão tiro no pé e não votarão con-


“ Há muito a fazer para melhorar o ambiente de negócios, reduzindo a burocracia; a principal medida será a reforma tributária

tra seus interesses. Como, então, efetuar as mudanças necessárias ao país, sem a colaboração dos legisladores? n Na verdade, sustentei que a reforma política não é a “mãe de todas as reformas”. Esse é um equívoco dito por muitos, inclusive por gente experiente. Imagina-se que as reformas econômicas não andam por causa da baixa capacidade decisória do sistema político. Logo, a reforma política deveria ser a primeira de todas. Assinalei, inclusive citando a experiência das reformas políticas da Inglaterra, que demoraram cerca de um século para ser completadas, que essas reformas são por natureza incrementais, levam tempo. É preciso contar com líderes transformadores e governos com capacidade de mobilizar a opinião pública em favor das mudanças. Como eu disse, parlamentares não se suicidam politicamente e por isso não aprovam reformas que ameacem sua reeleição. Quando as aceitam, elas somente entram em vigor alguns anos depois. É o que aconteceu com a reforma que criou a regra de barreira e a proibição de coligações em eleições proporcionais. Suas regras são crescentemente implementadas, a começar pelas eleições do ano passado. Dentro de oito anos, veremos uma diminuição drástica dos partidos políticos. E assim vai. v O mesmo raciocínio se aplica ao Judiciário? De que maneira eles podem julgar questões que os afetam diretamente? Como é possível promover estas reformas tão necessárias em um ambiente democrático? n Reformas do Judiciário dependem pouco ou nada dos juízes. Elas são aprovadas pelo Congresso. Os juízes podem influenciar o debate e até mobilizar-se contra elas, mas se houver vontade política e liderança as reformas terminam sendo aprovadas, o que aconteceu no governo FHC. A reforma criou as modificações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que tem poderes de estabelecer regras e de monitorar a atividade jurisdicional. Na época, juízes se insurgiram contra o que consideravam o “controle externo” do Judiciário, mas a reforma passou

e o CNJ está funcionando. v O que podem fazer os responsáveis pela política econômica para tornar o ambiente de negócios mais atrativo para as empresas sem mexer nos direitos dos trabalhadores? n  Há muito a fazer para melhorar o ambiente de negócios, reduzindo a burocracia. A principal medida será a reforma tributária, para o que já existe uma proposta apresentada por um think tank constituído de pessoas altamente qualificadas no tema: o Centro de Cidadania Fiscal. A ideia é introduzir um imposto sobre o valor agregado (IVA), nos moldes adotados por mais de 150 países. Seriam extintos ICMS, ISS, PIS, Cofins e revistos os limites do Super Simples. Se a reforma passar, a melhoria será gigantesca, pois o caótico sistema tributário é hoje a maior fonte de ineficiências na economia brasileira e um inferno para quem tem de pagar tributos. v Com relação ao BNDES, qual deve ser o comportamento adotado pelo banco para se transformar de fato em um banco de fomento ao desenvolvimento de negócios sem se deixar levar por interferência estatal? n Desde o governo Temer, o BNDES vem diminuindo o tamanho excessivo que adquiriu no período Dilma para financiar “campeões nacionais” e distribuir subsídios a empresas que deles não necessitavam. O novo presidente do BNDES, Joaquim Levy, tem declarado que o banco se dedicará crescentemente a apoiar pequenas e médias empresas. O papel de uma instituição como o BNDES é suprir falhas de mercado, particularmente no campo do investimento. Se os mercados evoluem e tornam-se capazes de atender adequadamente a demanda de crédito com essa finalidade, inclusive via mercado de capitais e acesso a crédito externo, o correto é sair de cena e buscar áreas carentes de seu apoio. É assim que se fomenta a economia. v O sr. é favorável à independência do Banco Central? É melhor tê-lo atrelado ao governo ou deixá-lo atuar com independência? n  A independência dos bancos centrais, melhor dizendo sua autonomia operacional, é uma ca-

racterística em todo o mundo. Eles são autônomos em todas as nações ricas e em grande parte do mundo emergente. O Brasil é dos poucos onde não existe a autonomia formal, embora na prática, desde FHC, o BC teve certo grau de autonomia, exceto em parte do governo Dilma. Os bancos centrais fornecem à sociedade um serviço fundamental ao crescimento, à expansão da renda e do emprego, e à paz social. Não podem estar subordinados à vontade e aos caprichos de governos da hora, cujos principais objetivos são a popularidade e, em muitos casos, a reeleição. Dar ordem ao Banco Central para baixar juros e ampliar o crédito gera benefícios de curto prazo, que são enganosos. Mais à frente, a conta chega com mais inflação, mais desemprego, menos renda e mais infelicidade, desgraças que atingem em proporção maior os pobres. É difícil acreditar que ainda há economistas contrários a essa medida. Ou são mal informados ou se guiam por cega ideologia ou fidelidade canina a algum governo. v Com relação à política externa, como o sr. avalia a nova orientação do Itamaraty sob o comando do ministro Ernesto Araújo? Suas orientações podem ajudar ou prejudicar o relacionamento comercial do Brasil com outras nações? n A nova política externa do Brasil destoa das tradições do Itamaraty. Abraçou teses da extrema direita hoje presentes nos Estados Unidos, Polônia, Hungria, Turquia e outros. Trouxe à tona uma posição contra o “globalismo”, seja o que isso signifique. O novo ministro, um entusiasta do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, diz que ele está salvando o Ocidente. Um evidente exagero. Enxerga, para surpresa de muitos, uma conspiração maoísta oriunda da China e prejudicial aos interesses do país. Espero que, com o passar do tempo, outras forças dentro do governo Bolsonaro, incluindo o próprio presidente, promovam uma correção de rumos no Itamaraty, para que ele retome as tradi-


vanálise

v8.BIZBRAZILMAGAZINE

“ Hoje, investimos na educação 6% do PIB, mais do que a média dos países ricos (5,6%). Mesmo assim, nossa educação continua sendo um dos maiores fracassos do Brasil

ções que fizeram sua glória e contribuíram enormemente para o desenvolvimento do país e para a formação de uma boa imagem perante as nações. v Outra questão premente é a bomba relógio da Previdência Social. Todos reconhecem ser urgente uma reforma, mas ninguém quer dar sua cota de sacrifício. Que ferramentas o governo tem para obter recursos sem castigar a população com aumento de impostos? n  Esse tema amadureceu na sociedade brasileira. Tanto assim que por pouco a reforma não foi aprovada no período de Michel Temer. O governo Bolsonaro tem em suas mãos boas ideias para uma reforma ainda mais ampla do que a proposta pelo seu antecessor. O presidente pode contar com o período de lua de mel, em que o Congresso costuma aprovar mudanças ousadas. Tudo indica, por isso, que a reforma tem alta chance de ser aprovada. Pelo que vejo das discussões, a mudança vai abranger todas as categorias, inclusive os militares. Não será preciso aumentar impostos. v O novo governo deve incentivar e apoiar a formação de polos de tecnologia e indústria de transformação para evitar a extrema dependência do agronegócio? Investir em educação, sem dúvida, é o caminho para o Brasil dar um salto de qualidade. A Coreia do Sul mudou de patamar em menos de 30 anos. Mas quanto tempo demoraria para isto dar resultado em nosso país? n O Brasil negligenciou o papel da educação no desenvolvimento por séculos. Nos anos 1950, se dizia que a educação seria uma consequência do desenvolvimento. Investíamos apenas 1,4% do PIB nessa área. Felizmente, nos últimos trinta anos nos demos conta de que é justamente o contrário: a educação de qualidade é o principal determinante do desenvolvimento de um país. Já melhoramos nos últimos anos. Universalizamos o ensino fundamental, aumentou a escolaridade (anos de estudos) e caiu o analfabetismo. Hoje, investimos na educação 6% do PIB, mais do que a média dos países ricos (5,6%). Mesmo assim, nossa educação continua sendo um dos maiores fracas-

sos do Brasil. Estamos na rabeira das avaliações do exame promovido pela OCDE (Pisa). Muito resta, pois, a fazer. Felizmente, já não é mais uma questão de recursos, mas de gestão e de políticas apropriadas, inclusive para privilegiar o ensino fundamental. Já há muitas experiências bem-sucedidas no Brasil, nos Estados do Ceará, de Pernambuco e do Espírito Santo. E não esquecer que é preciso discutir a gratuidade do ensino superior público para filhos de famílias ricas. Acho um escárnio permitir, por exemplo, que famílias abastadas possam ter seus filhos estudando de graça na Politécnica e na FEA da USP, as quais são financiadas pelo ICMS, que é pago mais pelos pobres como proporção de sua renda. v Por fim, como o sr. compararia o período em que foi ministro da Economia com o atual, sendo que naquela época do “feijão com arroz” não foi possível controlar a inflação que exigiu a adoção de planos heterodoxos – algo que o sr. não se mostrava favorável? Hoje, o ambiente está mais calmo ou os problemas deixados pelas útimas administrações também representam grandes desafios? n As diferenças entre aquela época e a atual são simplesmente abissais. Em 1985, o governo civil recebeu um país em crise, com inflação de três dígitos, baixo crescimento e em meio a uma crise da dívida externa. Nesse período, havia a ingênua expectativa de que a democracia nos levaria de volta aos anos dourados do crescimento do emprego e da renda do fim dos anos 1970 e começos dos anos 1980. A Constituição de 1988 incorporou esta e outras utopias. Havia a ideia de resgatar a dívida social – pobreza e desigualdade construídas em décadas – a golpes de artigos e incisos da nova Carta Magna. As corporações de funcionários públicos, principalmente as do Judiciário, fizeram a festa e arrancaram incríveis vantagens que até hoje dificultam a gestão das finanças públicas. A Constituição foi bem-sucedida em plasmar as bases institucionais da democracia e dos direitos individuais, mas se tornou um desastre fiscal sem paralelo. Mesmo assim, avançamos.

Depois de fracassos em tentativas de domar a inflação, a vitória chegou com o Plano Real (1994), que tudo indica veio para ficar. O Brasil tornou-se um país estável, democrático e com conquistas na redução da pobreza e da desigualdade, em consequência de programas sociais como o Bolsa Família – internacionalmente reconhecido por suas qualidades. Apesar dos retrocessos do período do PT no governo, a economia é mais aberta. Temos agora a taxa de juros (Selic) em níveis historicamente baixos. O fantasma da dívida externa ficou para trás, o Brasil tem uma sólida situação no seu balanço de pagamentos e tornou-se credor internacional líquido. O sistema financeiro, depois de dolorosas reestruturações, é um dos mais sólidos do mundo. O Banco Central adquiriu autonomia operacional na prática e virou um excelente regulador, além de manter a inflação sob controle. Seu presidente, Ilan Goldfajn, foi eleito o banqueiro central do ano de 2017 por uma publicação internacional. O agronegócio é o grande campeão do país, responsável pelos sólidos superávits da balança comercial, ao lado do setor mineral, igualmente robusto e competitivo. Muito se poderia ainda dizer, mas o Brasil de hoje, malgrado os riscos que ainda tem pela frente, é muito melhor do que nos tempos em que fui ministro da Fazenda, um dos períodos mais difíceis de nossa história.

MAÍLSON DA NÓBREGA é sócio da Tendências Consultoria Integrada, que efetua análises sobre economia brasileira e empresas


na Veja ina pág

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A CONCESSIONÁRIA TOYOTA DOS BRASILEIROS NA FLÓRIDA

acheiusa.com Deerfield Beach, FL • Ano 18 • Nº 686 | PUBLICAÇÃO SEMANAL | DE 3 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017 • Fundado em 28 de outubro de 2000

LOCAL

NEGÓCIOS

ENTRETENIMENTO

Fim do horário de verão

Box Mineiro

Boat Show

Domingo (5) é dia de atrasar os relógios em uma hora, a partir das 2 da manhã. PÁGINA 5

Brasileiro cria franquia de sucesso com comida mineira em embalagem para comida chinesa. PÁGINA 13

Tradicional feira de barcos vai até o próximo domingo (5) em Fort Lauderdale, com mais de 1,4 mil barcos em exposição. PÁGINA 23

Trump quer acabar com loteria de green card após atentado

RUSSEL JAMES / VICTORIA’S SECRET

NEW YORK

PRECIOSIDADE BRASILEIRA

Presidente criticou o processo e defendeu que as autorizações de permanência no país sejam concedidas por mérito

O presidente Donald Trump ordenou que se “endureça” as políticas imigratórias a cidadãos estrangeiros depois de ser divulgado que o autor do atentado que deixou oito mortos em New York, no dia 31 de outubro, é um imigrante do Uzbequistão. Ele atropelou diversas pessoas, matando oito e deixando outras 11 feridas. Sayfullo Saipov, um uzbeque de 29 anos identificado como o autor do ataque, conseguiu visto para morar nos EUA pela Loteria Diversidade de Vistos, que funciona por meio de um sorteio e foi criada em 1990. Nesta quarta (1º), também no Twitter, Trump criticou o sistema americano de concessão de vistos, culpando os Democratas e colocando pressão sobre o programa de... [continua na PÁGINA 5]

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Brasileiro é acusado de desviar de $275 mil em navio da Disney PÁGINA 6

MISTÉRIO

Paraibana desaparece em Connecticut PÁGINA 6

BRASIL

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MAIS UMA BRASILEIRA ACABA DE ENTRAR PARA O HALL DAS MODELOS que já tiveram a honra de ter o papel de maior destaque durante o Victoria’s Secret Fashion Show, desfile anual da marca de lingerie. Lais Ribeiro, modelo piauiense, foi escolhida para usar o Fantasy Bra, sutiã milionário, criado com pedras preciosas. Desfile anual das ‘angels’ será realizado no dia 28 de novembro em Xangai, na China. PÁGINA 19

Família de americanos atacada por piratas no Pará é encontrada PÁGINA 16

Expand your business with the Brazilian Community NE WSPAPER • R ADIO • T V • WEB

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vorientação legal

WILSON DE FARIA

traz sua expertise para os Estados Unidos

Dono de um dos principais escritórios de advocacia do Brasil amplia sua área de atuação ANTONIO TOZZI antoniotozzi@bizbrazilmagazine.com

v Chegar a um novo país é sempre uma experiência desafiadora, sobretudo para aqueles que encaram a mudança com espírito aventureiro. Alguns se dão bem e outros nem tanto, por isto voltam rapidamente para seu ninho, onde a segurança da família e dos amigos compensa a frustração de vencer em terras estrangeiras. Há, porém, um grupo de pessoas que planeja cuidadosamente esta transição. Verificam todos os detalhes para evitar surpresas desagradáveis. O advogado e empresário Wilson De Faria joga neste time. Ele se programou com bastante anv10.BIZBRAZILMAGAZINE

tecedência para deixar São Paulo, onde está sediada a WFaria Advogados, e se mudar para Miami, onde pretende viver com a esposa e os dois filhos pequenos. Ou seja, é um bom exemplo de como deve fazer quem deseja imigrar para outro país sem se deixar levar pelo ímpeto. A própria história de vida deste bem-sucedido advogado confirma ser ele uma pessoa bem focada em sua profissão e, portanto, plenamente capaz de viabilizar a WFaria Brazilian Law Advisors como um escritório de suporte aos seus clientes internacionais e, é claro, captar novos clientes que têm interesse em atuar no Brasil. Faria é advogado tributarista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e administrador de empresas pela Funda-

ção Getúlio Vargas (FGV), com MBA na INSEAD da França. Ingressou na profissão atuando na Ernst & Young e depois foi managing partner da Grant Thornton, responsável pelo segmento de tributos no Brasil. Daí, foi contratado pelo Citibank como diretor da Área Tributária do banco no Brasil em 2002. Quatro anos depois, decidiu ter chegado a hora de voar com asas próprias e abriu a WFaria Advogados, tendo o próprio Citibank como primeiro cliente. “Não foi uma decisão fácil, até porque eles não queriam que eu saísse do emprego. Entretanto, como todas grandes empresas contratam advogados externos para as áreas jurídica e tributária, chegamos a um acordo bom para ambas as partes”, revelou o empresário. WFARIA ADVOGADOS SE DESTACA NO DIREITO CORPORATIVO Wilson De Faria enfatizou que trabalha com clientes corporativos e seu escritório atua em diversos setores, como Infraestrutura & Projetos, Trabalhista – Con-


sultoria e Contencioso, Consultoria e Contencioso em Direito, Administrativo e Regulatório, Contencioso Civil e Comercial, Direito Tributário, Societário, M&A, Investimento Estrangeiro, Previdenciário e Governança, Risco e Compliance – aliás, Alessandra Gonsales, sócia-diretora responsável por esta área, foi considerada a Advogada Mais Admirada neste segmento pela publicação Análise Advocacia 500, a bíblia dos advogados no Brasil. “Destacar-se na Análise Advocacia 500 é muito importante porque em seu diretório estão os maiores escritórios de advocacia do Brasil e anualmente eles encomendam uma pesquisa no mercado junto aos executivos das companhias que avaliam os serviços prestados nos mais diversos campos do direito. Tivemos 22 indicações da Análise Advocacia 500 este ano e ficamos no Top 3 dos melhores escritórios de advocacia do país!”, exultou Faria. E não é para menos. WFaria Advogados tem em seu escritório 50 advogados, todos baseados em São Paulo, na Vila Olímpia. A maioria dos clientes é formada por empresas internacionais que querem atuar – ou

já atuam – no Brasil. “Este é o nosso DNA”, frisou o empresário recém-chegado a Miami. Por ser um escritório dedicado à área corporativa, seus conhecimentos são contratados por diversas companhias do Exterior – já atenderam mais de mil clientes nestes 12 anos de atuação. Convenhamos, só mesmo especialistas (e dos bons!) conseguem entender o cipoal de leis tributárias e trabalhistas que enreda empresas que desejam participar do apetitoso mercado brasileiro – afinal, mesmo com todos problemas, o Brasil figura entre as dez maiores economias do planeta. “Direito do Trabalho no Brasil é uma área cinzenta, sobretudo no que tange à periculosidade, insalubridade e horas extras. A reforma trabalhista aprovada no governo Temer melhorou um pouco a situação para os empresários, no entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido”, explicou Faria. Em relação ao fato de a Justiça do Trabalho ser extinta e passar para o âmbito da Justiça Federal, o advogado tributarista não acredita que seja uma solução tão eficaz, em razão da lentidão da Justiça

Destacar-se na Análise Advocacia 500 é muito importante porque em seu diretório estão os maiores escritórios de advocacia do Brasi. Tivemos 22 indicações da Análise Advocacia 500 este ano e ficamos no Top 3 dos melhores escritórios de advocacia do país!

brasileira. Ele defende, por exemplo, a mediação, medida proposta pelo ministro da Justiça Sergio Moro. “Sem dúvida,

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BIZBRAZILMAGAZINE.11v


vorientação legal um acordo sempre é melhor para todos, pois evita a judicialização do processo”, afirmou. PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO Diante desse cenário, o processo de internacionalização da WFaria Advogados faz todo sentido. O fato de trabalhar prioritariamente com companhias estrangeiras abre espaço para uma atuação global, que está se materializando a partir de Miami. O escritório tem sua sede em São Paulo e possui representantes em todos estados brasileiros. A WFaria mantém ainda uma conexão bastante forte com América Latina, onde trabalha em parceria com os principais escritórios de advocacia sediados nas capitais dos países mais importantes da América do Sul, como Argentina, Chile e Colômbia. WFaria Advogados também recebe muitas indicações de escritórios americanos sediados em Miami, ou seja, com foco na América Latina. “É importante destacar que não sou concorrente deles. Não tenho qualificação para atuar como advogado nos Estados Unidos, meu negócio é Direito no Brasil. Portanto, estar aqui vai me permitir estar mais próximo destes escritórios e solidificar o atendimento aos nossos clientes americanos e canadenses. Muito daquilo que fazemos também é ajudar empresas que não têm presença física em território brasileiro, porém, efetuam vendas lá”, explicou. Dentro deste contexto, Faria está concentrado em estabelecer parcerias estratégicas com escritórios de advocacia aqui nos Estados Unidos, assim como com Certified Public Accountants (CPAs) e também com a comunidade empresarial brasileira que mantém relações bilaterais entre Brasil e EUA. Por isto, a WFaria Brazilian Law Advisors se associou à Brazilian-American Chamber of Commerce de New York, à Brazilian-American Chamber of Commerce of Florida e ao Brazilian Business Group. Dessa forma, será ainda mais benéfico para essas companhias que desejam atuar no mercado brasileiro – algo que parece mais propício após os resultados das eleições presidenciais, segundo sentimento observado por Faria. Com presença local, ele poderá oferecer um panorama mais detalhado sobre as vantagens e as desvantagens de se investir no Brasil e aconselhar as empresas sobre o sistema tributário brasileiro. Paulo Guedes, o superministro da Economia do atual governo, já adiantou que v12.BIZBRAZILMAGAZINE

fará cortes de impostos para incentivar as empresas a investir mais no país a fim de gerar empregos e consequentemente diminuir o índice de desemprego que vem castigando os trabalhadores brasileiros. Ainda de acordo com esta proposta, ele propõe a redução de 34% na taxa de impostos corporativos cobrados para uma alíquota de apenas 15%. Para compensar a perda de arrecadação, seriam cobrados impostos sobre distribuição de dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP). “Do ponto de vista fiscal, faz todo sentido. Entretanto, não sei se isto será possível devido ao comprometimento das finanças públicas”, avaliou Faria. Como se vê, este é um exemplo bem acabado de imigrante que soube preparar sua chegada em um novo país. Mais do que isto, ao fixar residência aqui pode gerar ainda mais negócios para WFaria Advogados em São Paulo e atender melhor seus clientes na América.

É importante destacar que não sou concorrente deles. Estou aqui para ficar mais próximo dos escritórios de advocacia locais e solidificar o atendimento aos nossos clientes americanos e canadenses

WILSON DE FARIA é proprietário da WFaria Brazilian Law Advisors



vadministração

BRASILEIRO

é nomeado para Conselho em Miami-Dade Carlos Mariaca é nomeado para conselho que supervisiona programa de incentivo para micro e pequenas empresas ANTONIO TOZZI antoniotozzi@bizbrazilmagazine.com

v O economista Carlos Mariaca, consultor de empresas e membro da diretoria da Brazilian Chamber of Commerce of Florida, foi nomeado representante do commissioner (vereador) Jose “Pepe” Diaz para o Conselho do Small Business Enterprise Goods and Service Programs Advisory Board, que supervisiona o programa de incentivo para micro e pequenas empresas que queiram se transformar em fornecedoras de produtos e serviços para o condado de Miami-Dade. Ou seja, o objetivo desse conselho é servir como ponto de contato para o público e, com o auxílio da Prefeitura de Miami-Dade, recolher, opinar e disseminar informações relacionadas às oportunidades econômicas no que se refere à contratação de produtos e serviços pelo condado. O

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conselho é formado por até 15 integrantes, com o prefeito do condado indicando duas pessoas como seus representantes e cada um dos 13 vereadores do condado nomeando seu representante. Essa equipe tem sob sua responsabilidade cuidar da fiscalização dos contratos celebrados entre o condado de Miami-Dade e fornecedores externos. E os valores são substanciosos, conforme destaca Mariaca: “Para dar uma ideia da amplitude, em 2016 o condado de Miami-Dade contratou, para o fornecimento de produtos e serviços (excluindo serviços de arquitetura, engenharia, paisagismo e estudos topográficos) um total de 958 milhões de dólares. Em 2017, o valor subiu para 1,4 bilhão de dólares e em 2018 chegou a 1,3 bilhão de dólares”. O programa de incentivo para Micro e Pequenas Empresas foi criado para que empresas possam se certificar junto ao condado e se tornarem fornecedoras para

o governo local. Por exemplo, no mínimo 10% dos contratos abaixo de 50 mil dólares devem ser prestados por microempresas. Já para os contratos acima deste valor, o condado tem três tipos de incentivos incluídos na licitações para incentivar a contratação de pequenas empresas. COMO OBTER ESTA CERTIFICAÇÃO Critérios básicos para uma empresa se qualificar como empresa certiticada:  Ter um alvará de funcionamento do Condado de Miami-Dade (Miami-Dade County Local Business Tax Receipt) por pelo menos um ano  Ter um local físico de trabalho para sua atividade comercial (ou seja, não pode ser escritório virtual)  Pode ser home-office, porém o escritório deve atender toda e qualquer regra de zoneamento do condado e/ou da cidade onde esteja instalada para este tipo de atividade


 Nenhum dos donos da empresa pode ter um patrimônio líquido acima de 1,5 milhão de dólares  Se algum tipo de licença for necessária para a empresa operar no seu ramo de atividade, o titular da licença deve ser dono de pelo menos 10% da empresa Requerimentos adicionais para obter a certificação como microempresa:  Produtos: As vendas brutas médias anuais da empresa durante os últimos três anos não podem superar 2 milhões de dólares, exceto para fabricantes de produtos nos quais a empresa não pode ter mais de 50 funcionários, e distribuidores que estão limitados ao máximo de 15 funcionários  Serviços: As vendas brutas médias anuais da empresa durante os últimos três anos não podem superar 2 milhões de dólares Aqui estão os requerimentos adicionais para obter a certificação como pequena empresa:  Produtos: As vendas brutas médias anuais da empresa durante os últimos três anos não podem superar 5 milhões de dólares, exceto para fabricantes de produtos nos quais a empresa não pode ter mais de 100 funcionários, e distribuidores que estão limitados ao máximo de 50 funcionários  Serviços: As vendas brutas médias anuais da empresa durante os últimos três anos não podem superar 5 milhões de dólares COMO SÃO ESCOLHIDOS OS CONSELHEIROS O cargo no Conselho é voluntário, com prefeito e vereadores escolhendo cidadãos com base em suas qualificações profissionais para serem seus representantes. Mariaca frisa ter sido nomeado com base em seus 20 anos gerenciando pequenas e médias empresas nos EUA e mais de 15 anos assessorando empresas da América Latina a se estabelecer aqui. “Além disto, con-

Um dos grandes desafios deste Conselho para o qual fui nomeado é justamente ampliar o programa para que mais micro e pequenas empresas sejam contratadas

CARLOS MARIACA, conselheiro do Small Business Enterprise Goods and Service Programs Advisory Board tou positivamente minha experiência de mais de dez anos como membro do Conselho da Brazilian-American Chamber of Commerce of Florida, onde desempenhei várias funções, inclusive a de presidente da BACCF em 2013”, comentou Mariaca. O Conselho se reúne uma vez a cada dois meses para assistir às apresentações das diferentes divisões dentro do SBD (Small

Business Development) relacionados ao programa de certificação, gerenciamento de regras e regulamentos do programa, além da divulgação e educação do programa. Baseado no conteúdo dessas apresentações, os membros do conselho fazem perguntas e debatem sobre os temas apresentados, e criam a agenda de itens para discussão que será apresentada ao prefeito do condado, como por exemplo alguma recomendação referente a algum tipo de modificação do programa, que deve ser debatido e votado nas reuniões das quais participam prefeito e vereadores. VERBA DISPONÍVEL O programa, subordinado à Prefeitura do Condado de Miami-Dade, dispõe de uma verba de 6 bilhões de dólares por ano para contratação de produtos e serviços, porém, isto inclui muitos contratos que se expandem por vários anos. Os valores distribuídos anualmente giram em torno de 1 bilhão de dólares. “Um dos grandes desafios deste Conselho para o qual fui nomeado é justamente ampliar o programa para que mais micro e pequenas empresas sejam contratadas”, revelou Mariaca. Há margem para isto, pois entre os valores distribuídos anualmente apenas uma pequena porcentagem é destinada às micro e pequenas empresas, conforme comprovam os relatórios dos últimos anos:  Dos 958 milhões em 2016, somente 18 milhões (1,88%) foram para micro e pequenas empresas  Dos 1,4 bilhão em 2017, somente 61 milhões (4,36%) foram para micro e pequenas empresas  Dos 1,3 bilhão em 2018, somente 47 milhões (3,62%) foram para micro e pequenas empresas Ou seja, empresas brasileiras que estejam no Sul da Flórida ou que pretendam se instalar aqui devem analisar com carinho este programa criado em 2005.

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vempreendedorismo

A RECEITA DA BAUDUCCO

para fazer sucesso nos EUA

Erik Volavicius, diretor de Marketing da Bauducco nos EUA e de Vendas da Divisão Internacional, dá a receita para a BBM JULIANA MORAES MAHLMEISTER info@bizbrazilmagazine.com

v Formado em Marketing e Comunicação pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e com MBA em Gestão de Negócios pela Darden School of Business, na Universidade da Virgínia (EUA), Erik

Volavicius é diretor de Marketing na Bauducco Foods nos Estados Unidos, uma das operações brasileiras mais comemoradas no estado da Flórida, onde mantém a sede comercial e, em breve, a primeira fábrica. Volavicius também é diretor de Vendas da Divisão Internacional da empresa, comandando os negócios da Bauducco para o Canadá, México e Caribe. Desde 2008 na companhia, ele a conhece bem o suficiente e vem articulando a gestão, ciente dos pontos fortes e mitigando eventuais riscos dessa empreitada da Bauducco no exterior, uma aventura bem coordenada até agora. Nos EUA, a marca é líder no mercado de panetones, concentrando 56% da fatia, mas isso é só um começo, segundo ele, que registra avanço de 20% dos negócios no país há cerca de cinco anos. Nesta entrevista especial, o executivo da Bauducco fala do enorme desafio de lançarse ao mercado internacional e estar presente nos Estados Unidos, símbolo maior do capitalismo. “É preciso muita disposição para o aprendizado,

trabalho e a personalização porque, aqui, os varejistas mandam muito e todos buscam um diferencial. A marca que quiser dialogar com os pontos de varejo no país precisa estar consciente do imenso esforço que isso significa”. v BizBrazil Magazine: Poderia descrever um pouco a história da presença da Bauducco nos EUA? n  Erik Volavicius: A trajetória da Bauducco, há cerca de 20 anos nos Estados Unidos, é, de certa forma, natural e convencional, mas acho que a marca conseguiu dar uma espécie de pulo do gato por uma conjunção de fatores, estratégias que acertou – e também erros cometidos, com os quais aprendemos e aprimoramos a operação. Começamos como qualquer outra empresa do Brasil que se lança ao mercado internacional, exportando contêineres, assim como exportamos para outros países - na África, Ásia, América do Sul -, com distribuidores e representantes. Nos Estados Unidos também foi assim, com alguns parceiros para distribuição. v A evolução da presença da marca nos EUA culminou com a vinda da empresa para cá. Como foi essa experiência? n O passo seguinte, ao compreender que tínhamos uma ótima oportunidade a explorar, foi justamente decidir ter um ponto de distribuição local. A tomada de decisão da empresa no Brasil, há cinco anos, foi uma medida de longo prazo, com a consciência plena de toda a questão burocrática que está por trás dessa vinda, bem como os custos. Além disso, no mínimo, tínhamos de ser melhores que nossos distribuidores, por causa de toda estrutura que envolve começar um negócio no exterior. A Bauducco Foods está baseada em Miami, que naturalmente é o ponto de chegada do Brasil, e logisticamente muito fácil atuar. Hoje, distribuímos os nossos produtos para o país inteiro. v Qual você considera o maior erro para uma empresa brasileira que quer atuar no mercado norte-americano? n  Acho que se deve evitar aquilo que muito empreendedor acaba fazendo: pegar o produto tal qual era no Brasil e forçar uma barra, exportando para cá. Isso todo mundo faz intuitivamente, é natural e um erro. O fato de o item ser bem-sucedido no Brasil não significa que será também aqui. Há alguns casos em que a maneira de apresentação e colocação deve ser modificada. No nosso caso, que trabalhamos com bem de consumo, até a


característica deve ser bem estudada. Há sabores que vão bem no Brasil, mas aqui não. Então, a questão é customizar o produto ou a maneira como você o apresenta. v O que pensa ser o maior acerto que uma empresa exportadora pode alcançar? n Em termos de acerto, acho que estar muito flexível a customizar é fundamental. Neste país, é altíssimo o teor de customização tanto pelos canais de venda de bens de consumo tradicionais, como em outros canais alternativos. O varejo americano está tão maduro que cada empresa varejista busca se diferenciar, inclusive na oferta de itens nos pontos de venda. O empresário americano, do atacado e do varejo, não quer o que o outro canal tem. O Walmart, por ser uma grande potência, gerou uma demanda por diferenciação em outros canais de venda. Tanto os pontos similares ou mesmo alternativos não querem ter o que há nessa grande rede e buscam se diferenciar na oferta de tudo, se possível. O que você compra na rede de supermercados Publix é diferente do que encontra nos pontos Walmart, Aldi e de outras redes.

Se você não quiser jogar esse jogo, tem que se contentar em ficar limitado a uma parte dos canais varejistas, seja fazendo contrato de exclusividade ou com foco em nichos. Para entrar num mercado de massa, com demanda de volume, essa disposição para adaptar é essencial. v Vocês têm uma equipe voltada para o desenvolvimento das customizações de produtos para os diferentes clientes? n Nos Estados Unidos, isso equivale a uma atuação feita pela área de marketing junto com vendas. v Você poderia dar um exemplo de customização feito para o mercado americano que se revelou bem acertada? n Um exemplo interessante é o do nosso panetone. Para criar uma identidade com o consumidor americano, pensamos numa ação de co-branding com uma marca de uvas passas tradicional dos Estados Unidos, na verdade a mais popular. A ideia era usar esse insumo no nosso panetone e citar na embalagem, destacando o ingrediente que é referência de qualidade no país. Então, compro a uva passa da Califórnia,

O aumento anual das vendas ao EUA tem caminhado ao passo de 20% ao ano há cerca de cinco anos e a meta é continuar nesse patamar pelos próximos anos

mando para o Brasil para fazer o panetone, e exporto de volta para cá o produto. Foi uma estratégia não só de marketing, mas também uma aposta de negócio ao pagar esse preço, incluindo royalties para outra marca a fim de tornar nosso produto familiar ao consumidor local. v Qual o discurso do marketing de co-

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vempreendedorismo

Acho que se deve evitar aquilo que muito empreendedor acaba fazendo: pegar o produto tal qual era no Brasil e forçar uma barra, exportando para cá

municação dos produtos Bauducco aqui nos EUA? Vocês ressaltam, por exemplo, que são uma empresa originalmente brasileira? n A gente não se posiciona como produto feito no Brasil porque nossa categoria não tem nenhum fator de diferenciação por ser brasileiro. No nosso caso, a história e o próprio nome da marca remetem à coisa italiana, família italiana. Sendo assim, posicionamo-nos como uma marca internacional. A origem dos produtos está lá: “made in Brazil”, mas não nos apoiamos nisso para alcançar o consumidor. Para todo o processo de comunicação, pensamos: vamos contratar uma agência de comunicação local, pensar sobre a ótica do consumidor norte-americano. Vamos fazer esse investimento, que é pesquisar o mercado daqui e fazer uma comunicação produzida e pensada por americanos - e de forma consistente. Aos nossos clientes, todo ano, quando apresento a campanha de marketing do panetone (que é um produto sazonal), por exemplo, fica claro que estamos investindo seriamente na marca. Mostramos que temos um compromisso com esse projeto, pois estamos alocando recursos importantes em ações nos pontos de venda, com decoração, distribuição de amostras e também em outras iniciativas, como anúncios em mídias. v Em relação à variedade de produtos ofertados, assemelha-se à do Brasil? n São cerca de 40 produtos, entre torradas, bolinhos, panetone, com distribuição bastante pulverizada nos Estados Unidos. A Flórida é, sem dúvida, um mercado importante, mas também a Califórnia, a Costa Oeste de maneira geral, estamos presentes em todas as regiões do país. v18.BIZBRAZILMAGAZINE

Vale ressaltar que ainda estamos construindo o core do panetone, por exemplo. Não temos uma oferta tão diversificada de sabores como no Brasil. Oferecemos o panetone tradicional e o chocotone. Por estarmos num mercado ainda em desenvolvimento da marca, somos um pouco mais focados, mas esta estratégia tem funcionado e temos 56% de market share no mercado americano nesse produto. O mercado é bem menor do que o do Brasil e competimos com importadores do produto italiano para cá, mas nossa marca é líder no país nesta categoria de produto e nosso desafio não é aumentar a participação de mercado de 56% para 58%, mas ampliar o mercado de consumo em si para nós e todas as marcas. A estratégia é fazer crescer o tamanho do bolo, aumentar a penetração do panetone e torná-lo uma categoria mais relevante dentro dos EUA. v Em quantos estados a Bauducco está presente? n Em todo território nacional, em cerca de 50 estados do país, incluindo Alasca e Havaí. Isso tem sido possível por vendermos para as redes de varejo com ampla rede de distribuição nos EUA. Pelo fato da Bauducco ter capital fechado e ser uma empresa familiar, não estou autorizado a dar detalhes financeiros, mas nossa participação da operação americana representa cerca de 5% do total da empresa no Brasil, ou seja, há muito para crescer. O aumento anual das vendas ao EUA tem caminhado ao passo de 20% ao ano há cerca de cinco anos e a meta é continuar nesse patamar pelos próximos anos. Outra coisa importante a ressaltar é o fato de termos montado uma estrutura própria, compramos terreno, construímos um armazém em área industrial e estamos nos preparando para começar a fabricar nos EUA, o que acontecerá em breve. v Quantos profissionais estarão envolvidos com a fábrica? n Na fase um, estamos falando em algo em torno de 30 colaboradores para o chão de fábrica, além da estrutura comercial, de armazém e administrativa já existente e que envolve 35 profissionais. Depois, o objetivo é ampliar até que a operação alcance cerca de 100 ou 120 profissionais envolvidos diretamente na produção. Nessa primeira etapa, então, vamos dobrar a quantidade de pessoas dedicadas ao negócio e depois o crescimento vai se dar conforme ocorrer a ampliação das linhas de itens fabricados nos EUA. A fábrica representa todo um trabalho de

construção da marca no país. Foi um trabalho de 20, 30 anos para estabelecer uma base de volume que justifique produzir wafer, o biscoito, aqui. E, sim, hoje temos essa demanda, um volume para sustentar uma produção local. v Em relação ao mercado de trabalho: na sua opinião, as regras americanas ajudam ou atrapalham? De que formas as leis trabalhistas dos EUA afetam os planos de desenvolvimento da Bauducco no país? n As leis do mercado de trabalho dos EUA são muito favoráveis para o desenvolvimento de negócios. Temos muito mais flexibilidade para contratar e desligar colaboradores. v Na sua opinião, em que medida a flexibilidade da legislação trabalhista dos EUA oferece maior contribuição para as empresas e pessoas desenvolverem seus negócios e carreiras? n  Aqui, a legislação é mais pró-desenvolvimento, pró-empreendedorismo. Temos menos receio de arriscar como executivos de negócios porque a simplicidade das regras e custos atrelados permitem a recomposição mais rápida em caso de insucesso. Você pode contratar, descontratar e contratar novamente muito mais rapidamente do que no Brasil, sem tanta burocracia, com menos custos, o que traz mais oportunidades para as pessoas de maneira geral. Essa facilidade favorece também os profissionais, que também têm mais liberdade na relação contratual. Entrevista publicada anteriormente no Sincodiv-SP Online, órgão de divulgação dos concessionários de veículos do Brasil

ERIK VOLAVICIUS é diretor de Marketing na Bauducco Foods nos Estados Unidos e também diretor de Vendas da Divisão Internacional



vimigração

Emissão de VISTOS EB-5 para investidores brasileiros bate recorde v O número de brasileiros que recebeu o green card em 2018 por meio do visto EB-5, voltado para investidores, bateu recorde. No ano passado, o país recebeu 388 vistos do tipo, um crescimento de 37,5% em relação a 2017 e de 1.041,2% em comparação a 2015. Os chineses mantiveram a liderança nesse quesito com 4.642 (número bem inferior a 2017 quando os chineses receberam 7.567 autorizações) e os vietnamitas, em segundo obtiveram 693 vistos desse tipo. Na América Latina, o Brasil é seguido pela Venezuela (237), México (174) e Colômbia (56).

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“Caiu a ficha do brasileiro para o fato do Brasil não precisar somente mudar o presidente da República para que algo ocorra. A quantidade de brasileiros querendo deixar o país buscando expandir seus negócios no exterior é muito grande. Neste momento de crise, os empresários já têm a percepção de que não podem ficar parados esperando que algo aconteça e isso pode se estender por muitos anos. Com isso, muitos preferem investir o que têm fora da incerteza e assim partem com suas famílias”, destaca Daniel Toledo, advogado especialista em Direito Internacional e sócio-diretor da

Loyalty Miami, consultoria que cuida da implantação de negócios internacionais. O EB-5 é uma categoria de visto voltada para estrangeiros que desejam se mudar para os Estados Unidos. Para adquirir esse tipo de visto é preciso investir a partir de 500 mil dólares em um negócio que gere 10 postos de trabalho para americanos em um período de dois anos. O investidor aprovado recebe o green card que também é concedido ao seu cônjuge e a filhos solteiros de até 21 anos, que podem trabalhar, concorrer a bolsas em faculdades ou ter matrículas gratuitas em educação infantil nos EUA, por exemplo. O investimento funciona a partir de centros regionais, em que o investidor “empresta” o seu dinheiro para empresas americanas, para financiar obras como hospitais, escolas, etc., que visam o crescimento dos Estados Unidos. Entre os motivos do aumento no número de brasileiros que opta por investir no visto EB-5 estão principalmente as incertezas políticas e econômicas do país, aliadas ao alto grau de violência.


vgerência

Executive Presence nos

ESTADOS UNIDOS

O que o executivo precisa fazer para ter sucesso no mundo de negócios americano? TIMOTHY ALTAFFER* info@bizbrazilmagazine.com

v Muitos executivos estrangeiros fazem uma preparação impecável para a imigração aos EUA. O check list é extenso: oportunidade certa, boas escolas para os filhos, comunidade convidativa, etc. Mas, o due diligence não pode parar por aí. Muitas vezes, o expatriado não está preparado para os desafios mais soft que vai encontrar no novo ambiente de trabalho. Alguns dos meus clientes trabalham para desenvolver o chamado Executive Presence, que é a habilidade de um executivo de conquistar uma presença que mostra que ele está no comando, confiante e confortável na liderança. Já é difícil em casa. Imagina numa cultura diferente. Sessão de Coaching: “Não estou conseguindo engajar minha equipe. São pessoas boas, mas elas não me ouvem e não mudam. Parece que elas não me respeitam como chefe. Não sei mais o que fazer. Será que é tão diferente aqui? Vou acabar fazendo tudo eu mesmo para entregar no prazo.” Algumas das principais preocupações que surgem nas sessões de coaching incluem aspectos culturais e sociais. As normas de comportamentos nas empre-

sas americanas são diferentes e podem ser complicadas para alguém de fora. Por exemplo, muitas empresas têm uma cultura que valoriza o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. As pessoas saem às 5pm mesmo! Entre os mais complexos, o executivo estrangeiro tem que se preocupar com hot-button issues, como diversidade, assédio e a sua imagem pública (redes sociais). Outros assuntos têm mais a ver com valores pessoais e resistências que vem da base do ser. Essas incluem as habilidades de ter conversas difíceis, saber dizer não, dar e receber feedback, ser mais objetivo, mostrar mais vulnerabilidade, etc.

não faltam livros de self-help e muitas das próprias empresas têm práticas de onboarding. Outras ações que recomendo incluem a busca de um mentor, fazer um curso de certificação (MBA, Certificate, etc.) numa universidade de ponta e, é claro, contratar um coach. Sessão de coaching: “Não consigo a colaboração que preciso das outras áreas na empresa. A gestão matricial e os silos são muito fortes e resistentes. Sei que preciso fazer algo diferente, mas não é fácil. Corro o risco de falhar...” O sucesso vem de dentro. O expatriado precisa começar a mudar seus comportamentos e atitudes ou não vai ser efetivo. Afinal, como supostamente disse Einstein: “a insanidade é fazer a mesma coisa e esperar um resultado diferente.” Assim, antes de mais nada a pessoa precisa querer mudar. A mudança vem de uma consciência maior das suas ações. A pessoa precisa entender como os comportamentos dela estão impactando outras pessoas. A partir desse autoconhecimento, o expatriado cria um plano para atingir seus objetivos de desenvolvimento. Isto inclui o controle maior de hábitos que precisam de ajustes e a adoção de novos comportamentos. Por fim, a pessoa precisa executar o plano com disciplina. Aqui, recomendo que o expatriado tenha alguém a quem possa ser accountable por essas mudanças. O Executive Coach é uma solução ideal na busca do Executive Presence.

Sessão de Coaching: “Tenho ótimas ideias, mas não consigo entrar na conversa. Talvez seja meu inglês, ou talvez o meu jeito. É frustrante e preocupante. As outras pessoas na mesa estão dando o recado e deixando uma impressão muito melhor.” A grande verdade é que pode ser muito frustrante para o indivíduo e, pior, esses temas podem ser career derailers. As regras são diferentes nos EUA e a maioria dos executivos estrangeiros não foram preparados para enfrentar esses desafios. Parafraseando um ditado popular sobre golfe, a mudança é um jogo fácil. O difícil é jogar. Há muitos cursos de aculturação,

*TIMOTHY ALTAFFER É americano, sócio da Efficax Consulting em Los Angeles e da KC&D Consultoria em São Paulo. É professor do Insper em São Paulo e da UCLA Anderson, e atuou por mais de 10 anos como CEO no Brasil BIZBRAZILMAGAZINE.21v


vcomércio exterior

GOVERNO BOLSONARO

define as principais nomeações JOSEFINA GUEDES* info@bizbrazilmagazine.com

v Depois de muitos discursos contraditórios na imprensa brasileira, devido às curtas mensagens passadas no período de transição, podemos afirmar que a nova política externa brasileira está bem distante de romper com o Mercosul, mas próxima de eliminar o viés ideológico, que durante os últimos 14 anos (influenciado com a aceitação do ingresso da Venezuela no bloco) não gerou comércio e crescimento econômico para as quatro nações fundadoras. Neste período, o que se verificou foi um dispêndio absurdo de tempo e de dinheiro para estabelecer, apenas, decisões paralelas que só visavam questões sociais e a geografia de uma área socialista na América Latina. Com a definição do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo e, na área internacional do Ministério da Economia, do secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, e de Lucas Ferraz para a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), podemos ver com mais clareza os objetivos do Brasil e do Mercosul para os próximos quatro anos. O primeiro é a abertura da economia, por meio da redução das tarifas de importação, bem como maior acesso aos mercados com a assinatura de novos acordos bilaterais com importantes parceiros econômicos. O que não significa o abandono da agenda multilateral da Organização Mundial do Comércio (OMC), tanto que o Brasil apoia as reformas na OMC, diante da nova ordem mundial e das novas demandas de seus membros. Paulo Guedes no Ministério da Econov22.BIZBRAZILMAGAZINE

mia - e toda a equipe na área internacional - ratifica que a agenda externa é tão importante quanto a agenda econômica. Basta observar as reformas anunciadas, como previdenciária, tributária e trabalhista, todas diretamente ligadas a aumentar a competitividade das indústrias brasileiras. Além da criação da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, chefiada por Carlos Alexandre da Costa. É importante salientar que o Brasil é o único país que exporta tributos, diante da complexa legislação tributária existente há anos. Assim, a reforma tributária, aliada a providências na área da logística interna, terá impacto direto nos custos dos produtos brasileiros, sinaliza para os investidores que o país está trabalhando para um ambiente positivo para os negócios. Além das reformas, as privatizações e desinvestimentos pretendidas não só irão gerar caixa para o governo, mas levarão a um enxugamento da máquina administrativa, outro fator de grande dispêndio e ineficácia dos serviços dos governos anteriores. Interessante observar, que em um primeiro momento não se percebia a importância da área internacional, e muitos apostavam no ostracismo do Brasil, diante do nacionalismo apregoado pelo próprio presidente Bolsonaro. Depois do primeiro mês de governo, podemos afirmar que a política externa será mais pragmática e agressiva, com uma agenda dinâmica partindo para a definição do papel do Mercosul para o Brasil, e pelas negociações comerciais com parceiros como Canadá, Coreia do Sul, Japão, Cingapura, Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) e a União Euro-

peia. Infelizmente, essa última negociação, que se arrasta por 24 anos, poderá não ser concluída diante da posição inflexível dos europeus em melhorar sua oferta de bens, em face do populismo crescente em diversos de seus membros. Sabemos que alguns ajustes poderão ocorrer durante os quatro anos do governo, seja na esfera econômica ou na internacional, pois fatores externos e internos irão nortear as necessidades de realizar ou não ajustes para atingirmos os objetivos pretendidos para economia como um todo. Em relação às reduções unilaterais das tarifas de importação, apontadas como solução para o aumento da produtividade e competitividade da indústria brasileira, já foi exaustivamente demonstrado pelo setor empresarial brasileiro a necessidade de realizar, em paralelo, ajustes internos relativos ao Custo Brasil, para que seja realmente eficaz. Sem a realização desse conjunto de fatores, concomitantemente à redução das tarifas de importação, a simples abertura comercial será inócua e irá ocasionar o fechamento de fábricas e desemprego em massa, impactos não desejados pelos brasileiros, após a grave crise inédita e o altíssimo número de desempregados até o momento. O discurso do presidente Bolsonaro no Fórum de Davos, mesmo curto e objetivo, ratifica sua posição de não permitir medidas que impeçam o comércio justo e equilibrado. Nessa área, será necessário amadurecimento dos conceitos fundamentais dos instrumentos de políticas comerciais (antidumping, medidas compensatórias e salvaguardas), quase que satanizados por vários agentes públicos e acadêmicos, instrumentos legalmente utilizados pelos membros da OMC, justamente para garantir o livre comércio justo (“Fair Trade”). É dentro desse novo contexto que os empresários e acadêmicos começam a perceber que a política externa brasileira deverá ser mais pragmática, e não ideológica. Diante do enorme capital político que o presidente Bolsonaro tem, é preciso trabalhar para que seja aprovada uma reforma previdenciária ampla e efetiva, até meados deste ano. Somente assim o país estará sinalizando para todos os investidores que está no rumo certo e que todas as medidas necessárias serão estabelecidas. *Economista Especializada em Comércio Internacional e Diretora da GBI Consultoria Internacional


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AGENDA   7 A 17 DE MARÇO DE 2019

 EXPO-UMUARAMA - 45ª EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA, INDUSTRIAL E COMERCIAL DE UMUARAMA Horário: Das 9am às 11:59pm Local: Parque de Exposições Dário Pimenta da Nóbrega (Rodovia PR 323 km 304, 499 Parque Bonfim - Umuarama - PR) Contato: contato@sru.org.br

g O QUE É: Máquinas e equipamentos agrícolas, automóveis, informática, shows e rodeio, parque de diversões, praça de alimentação, tecnologia e mostra agropecuária, palestras e seminários, leilões, julgamentos, bovinos, eqüinos, caprinos, ovinos e pequenos animais.   8 A 17 DE MARÇO DE 2019

 EXPO PARANAVAÍ 48ª EXPOSIÇÃO FEIRA AGROPECUÁRIA E INDUSTRIAL DE PARANAVAÍ Horário: Das 9am às 6am Local: Rodovia do Café, BR 376 | Km 108, Paranavaí - PR Contato: contato@srnp.com.br

g O QUE É: Trata-se do maior evento do

agronegócio do noroeste do estado do Paraná, a ExpoParanavaí é uma das maiores feiras do Paraná, e em suas últimas edições vem resgatando sua tradição, fomentando novos negócios, e alegrando a população desta grande região.   19 A 21 DE MARÇO DE 2019

 INTERMODAL SOUTH AMERICA - FEIRA INTERNACIONAL DE LOGÍSTICA - TRANSPORTE DE CARGAS E COMÉRCIO EXTERIOR Horário: Da 1pm às 9pm Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (Rodovia dos Imigrantes Km 1,5 1500 | Água Funda, São Paulo) Contato: klima@ubmbrazil.com.br

g O QUE É: Área de 29 mil m2 de exposição e

fornecedores focados em soluções de logística, transporte de cargas e comércio exterior. Mais de 400 marcas nacionais e internacionais de mais de 22 países de todos os modais. Melhor ambiente para networking com os principais players do mercado. Acesso às principais novidades e tendências do mercado através dos programas de conferências e palestras.   26 A 29 DE MARÇO DE 2019

 FIMMA BRASIL - FEIRA INTERNACIONAL DE MÁQUINAS, MATÉRIAS PRIMAS E ACESSÓRIOS PARA

INDÚSTRIA MOVELEIRA Horário: Da 1am às 8pm Local: Fundaparque (Alameda Fenavinho, 481 Bento Gonçalves - RS) Contato: movergs@movergs.com.br

g O QUE É: A Feira Internacional de Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira (FIMMA Brasil) concentra em 58 mil metros quadrados de área as mais esperadas soluções para o fortalecimento do setor moveleiro e de toda sua cadeia produtiva, por meio de produtos e serviços que transformam a indústria mundial. A FIMMA Brasil aponta os caminhos para o sucesso das empresas e lança tendências para o mercado em diferentes áreas especializadas, uma combinação ideal para quem tem em sua origem o compromisso com a evolução.   DE 2 A 4 DE ABRIL DE 2019

 WTM LATIN AMERICA - 7ª WORLD TRAVEL MARKET LATIN AMERICA

Horário: 2 e 3 de abril, da 12pm às 8pm; 4 de abril, das 12am às 6pm Local: Expo Center Norte (Rua José Bernardo Pinto, 333, Vila Guilherme, São Paulo) Contato: +55 11 3060-4717

g O QUE É: A WTM Latin America é o imperdível

evento business-to-business (B2B) de três dias que promove a América Latina para o mundo e traz o mundo para a América Latina, criando oportunidades pessoais e de negócios que oferecem a nossos clientes conteúdo, comunidades e contatos de qualidade.   DE 2 A 5 DE ABRIL DE 2019

 LAAD SECURITY - FEIRA INTERNACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E CORPORATIVA Horário: De 2 a 4 de abril, das 10am às 6pm; 5 de abril, das 10amm às 5pm Local: Riocentro (Av. Salvador Allende, 6555 Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - RJ, 22783-127) Contato: www.laadexpo.com.br/contato/

g O QUE É: 12ª edição da maior e mais importante feira de Defesa e Segurança da América Latina. Defesa e Segurança em todas as frentes: Marinha, Exército, Força Aérea, Segurança Pública e Corporativa. Presença de visitantes qualificados: autoridades das três Forças Armadas, Forças Policiais, Forças Especiais, executivos da indústria de defesa e segurança e agências governamentais. Programa de Delegações Oficiais: autoridades de defesa e segurança do Brasil, da América Latina e outros países convidados para participar do evento. Exposição da cadeia produtiva: expressiva participação da cadeia produtiva industrial – âmbito nacional e internacional – de todos os elos da defesa e segurança. Eventos paralelos: reuniões ordinárias de importantes instituições

de Segurança Pública, VIII Seminário de Segurança e Simpósio Internacional de Logística Militar.   DE 08 A 12 DE ABRIL DE 2019

 TECNOSHOW COMIGO - FEIRA DA TECNOLOGIA RURAL DO BRASIL

Horário: Das 8am às 6pm Local: Anel Viário Paulo Campos, s/n - Zona Rural, Rio Verde - GO Contato: secretariageral@tecnoshowcomigo. com.br

g O QUE É: A TECNOSHOW vem evoluindo e expandindo resultados a cada edição. Os números de expositores e a comercialização dos produtos crescem de forma surpreendente, a quantidade de visitantes atraídos para a Feira também demonstrou um incrível crescimento ao longo dos anos. A diversidade é uma marca registrada do evento. Máquinas e equipamentos agropecuários, plots agrícolas, animais das mais variadas espécies, palestras técnicas e econômicas, educação ambiental (através do Espaço Ambiental) e dinâmicas de máquinas são alguns atrativos.   DE 9 A 11 DE ABRIL DE 2019

 MERCOSUPER - FEIRA E CONVENÇÃO PARANAENSE DE SUPERMERCADOS

Horário: Das 3:30am às 9:30pm Local: Expotrade Convention Center (Rodovia Deputado Leopoldo Jacomel, 10454 Vila Amelia, Pinhais – PR) Contato: apras@apras.org.br

g O QUE É: Mercosuper reunirá profissionais do setor supermercadista do Paraná durante três dias. Os principais fornecedores do setor mostrarão aos varejistas paranaenses, em primeira mão, novidades para o segmento: produtos, serviços e soluções tecnológicas com negociações exclusivas.   DE 27 DE ABRIL A 5 DE MAIO DE 2019  EXPOZEBU Horário: Das 9am às 11pm Local: Parque Fernando Costa (Praça Vicentino Rodrigues da Cunha, 110 - São Benedito, Uberaba) Contato: abczmkt@abcz.org.br

g O QUE É: Maior festa da pecuária zebuína

nacional, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) anuncia novidades na 85ª ExpoZebu. A lista inclui mudanças no regulamento técnico e, claro, na programação social do evento. A previsão da diretoria da entidade é de uma feira ainda maior, considerando o tema central da festa, que irá comemorar o primeiro centenário da ABCZ.

BIZBRAZILMAGAZINE.23v



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