Testamento do judas dr mosquito dengoso

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


EUGENIO DANTAS

TESTAMENTO DO JUDAS DR. MOSQUITO DENGOSO

CRATO 2001



No dia em que eu nasci Muitos nomes propuseram FGC, Nicolau Tasso me chamara quiseram PorĂŠm, Mosquito Dengoso Foi o nome que me deram. Fiquei muito satisfeito Com este nome bonito; Um mal quase superado Eu agora ressuscito De afetar muita gente No meu poder acredito. Muita gente fica triste Porque a Dengue a pegou Uma pequena picada E o mal se inoculou, PorĂŠm vi que muita gente Da picadura gostou.


Não sou como outros bichinhos Que só gostam de sujeira Eu gosto é de água limpa Para ser minha hospedeira, Para me multiplicar Isto aí é de primeira. Num descuido do governo Me tornei epidemia Sem o F.N.S. Então tive a garantia Que podia crescer livre Pois conter-me quem podia? Espalhei-me no país Sem nada me controlar, Enquanto a televisão Estava só a mostrar FHC e o Jáder Com ACM a brigar.


Com testes de diabete Em tudo que é lugarejo, Com a CPI da Nike E do futebol eu vejo Que para me expandir Tá do jeito que desejo. Eu vejo que o governo Não tá me levando a sério E eu vou picando, picando Aumentando meu império. Aqui acolá eu levo Alguém para o cemitério. Dos apóstolos de Cristo Judas foi o tesoureiro. Eu com obras do governo Faturei muito dinheiro, Sou sócio de Nicolau, De Estevão companheiro.


Tirando sangue do povo Tal qual o governo faz Estou cada vez mais rico Deixando os pobres pra trás, Quem inspira minhas obras É o próprio Satanás. Pra combater a pobreza Sou do governo aliado: Quanto mais pobre morrer Mais se terá acabado, A pobreza diminui Quando um pobre é enterrado. Tenho também a ajuda Da irmã febre amarela; Também a tuberculose Que sempre deixa sequela Está voltando de novo Pra completar a mazela.


São doenças já vencidas E estão voltando de novo. O governo descuidou-se A elas deu o aprovo, Eu e elas satisfeitos Vamos derrubando o povo. Vocês vão me enforcar, Eu reconheço a razão. Em mim vocês estão vendo Os corruptos da Nação, Por isso entendo vocês Não fico com raiva não. Pra provar que não sou Ruim como muita gente. Com quem vocês me comparam Políticos principalmente, Eu vou deixar pra vocês Umas coisas de presente.


Para o professor Velozo Que está na direção Eu vou deixar um cheque No valor de um milhão Pra ele poder fazer Transplante de coração. E para Virgínia Brito Peço que alguém anote Eu vou deixar de presente Podem crer que não é trote Três dias e mais três noites De alisado no cangote. Para minha amiga Edelza, Forte no grupo gestor, Para poder aguentar Planejar com o professor Eu vou lhe dar de presente Três doses de bom humor.


Aquelas trinta moedas Pelas quais vendi Jesus Eu vou deixar para Duda Pois a isso ele faz jus, E que ele empregue bem Deus lhe dê a sua luz. Para o professor Padim Eu quero presentear Um bom garrafão de vinho Para ele se animar E desta forma sentir Disposição para amar. Para a professora Lia Esta nobre criatura Para ela adoecer Subir a temperatura Eu garanto lhe deixar Uma picada bem dura.


E também para Fabiana Professora dedicada E que no meio de nós E sempre bem animada Vou deixar para ela o Resultado da picada. E da professor Vanda Eu tenho que lembrar Do que eu deixo para ela Sei que muito vai gostar: Pra ela eu deixo o lixão Todinho pra reciclar. Rogério meu camarada Que uns chamam de gatão Lhe deixo carro e dinheiro Pra fazer uma excursão Com alunos do colégio Lá pras bandas do fundão.


Pra Nemésio o danadão Que se ser o tal propaga Eu deixo um remédio bom Que a medicina consagra: Pra ele se acalmar, Diminuir a viagra. Para Raimundo Luiz Parabéns pelo mestrado; E o professor Nabuco Eu já deixo contratado Pra fazer minha defesa Sendo meu advogado. Para Vevé, meu amigo Eis aqui minha sentença: Desejo que seu trabalho Ao colégio convença, Mas pra você vou deixar A moleza da doença.


Pra professora Laíce Mulher de muito decoro Que faz trabalho bonito, Persistente, duradouro, Eu deixo doze cabaças Para aparar o seu choro. Iapunira eu já sei Qual é a sua esperança, Pois de 18 quilates Vou lhe dar uma alinça E um noivo violento Que morde, bate e amansa. Para Cacá Araújo Que gosta do popular Deixo as coisas do Eloi Para ele propagar; Dou de lambuja a carroça Pra poder se deslocar.


E para Jorge Carvalho Homem de oposição Vou deixar muitos cordéis Para sua diversão, E também uma tesoura Pra cortar o bigodão. Para os novos professores Que começam com fervor Trabalhando com afinco Dedicando muito amor Eu vou deixar um abraço De Tasso, o governador. Ao professor Rigoberto Motoqueiro de primeira Eu vou deixar de presente A lambreta caideira. Pra Estrela Piancó, De linguística a cadeira.


Professor de Telecurso Cada qual mais competente Eu quero dar uma ajuda: Pra ser mais eficiente Deixo uma faculdade De curso polivalente. Para nossas secretárias Que mostram muitos talentos E que trabalham demais Cheias de bons sentimentos, Eu vou lhes deixar 2000 Alunos bem perturbentos. E também pra dona Leda Ali na secretaria Eu vou deixar de presente Sei que não é covardia 12 horas de trabalho Além das 8 do dia.


Pra turma do cientifico Que gosta de estudar Eu vou deixar de presente 3 Padim pra azucrinar. E para minhas viúvas Capetinhas pra criar. Pra turma do Pedagógico Essas meninas fogosas, Eita turma assanhada, Popozudas, amorosas, Eu deixo como lembrança Minhas cuecas cheirosas. Para Petrola e Valcler Esta dupla da muzenga Não adianta ter raiva Com eles ninguém arenga, Por isso deixo pra eles Um carro cheio de quengas.


Uma pipa de fubuia Eu deixo para o Barroso; Pra Romildo secretário Deixo vinho licoroso, E pra curtir a ressaca Um papo bem amoroso. E pro Everardo Aguiar Que fez meu corpo e cabeça Dou meu cabelo e o chapéu Do guarda-sol não esqueça Cuidado na ensolação Talvez você nem mereça. Valquíria, Eliomar E a turma PROFORMAÇÃO Vão receber de herança Meu veneno e meu ferrão Levem pra toda briboca Deixem o povo no chão.


Minha prima Ana Zuleide Do Padim Ciço devota Vou deixar para você Um rosário e uma meiota Tira-gosto de codorna Misturada com paçoca. Tenho um amigo porteiro Que se chama Luciano Pra ele vou ser bonzinho Deixo duas febres por ano Uma galera sem dente Pra morder sem causar dano. Do meu sítio eu vou deixar Pra João, Barreto e a moçada Lacrau, formiga e taioca Para encher de ferroada O pé, a perna e o traseiro Noite, dia e madrugada.


Pra Fundação Mestre Eloi E do Crato a Prefeitura Deixo um caçoá de manga Burro “véi” e rapadura; Peço que ajudem o folclore Base da nossa cultura. Se esqueci de alguém, Não fiquem com raiva não Eu levo todos vocês Dentro do meu coração; Que todos peguem a dengue É está minha intenção. Agora peço licença Escolhi a minha sorte Traí todos com picada A forca, não há quem corte Eu vou cumprir meu destino O meu destino é a morte.

FIM



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