O cruzado ii ou a ilusão de um sonho

Page 1


ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


EUGÊNIO DANTAS DE MEDEIROS

O CRUZADO II OU A ILUSÃO DE UM SONHO



Eu resolvi escrever Estes versos pra Sarney, Pra Sayad, pra Funaro, Para os homens de lei, Pra ministros de Estado E pra quem mais eu não sei.

A situação agora Chegou para arrebentar As coisas subiram muito Ninguém mais vai aguentar, E o gatilho dos salários Ninguém o vê disparar.

O plano cruzado I Que foi bom isto eu não nego, Mas este cruzado dois Arre lá, eu arrenego, A situação tá preta Só não vê quem está cego.


Tudo começou bonito, De preço nada subia Os pobres se animaram Até carne se comia Mas com pouco começou A faltar mercadoria.

O governo foi cedendo À pressão dos empresários Não teve coragem de Tabelar juros bancários E assim de tabelados Ficaram só os salários. A inflação foi subindo E criou-se a confusão A inflação do mercado E a da televisão A inflação verdadeira E a do chefe da Nação.


A do governo era pouca Mas era grande a real O bolso do operário Foi sentindo o grande mal E a inflação estourou De forma descomunal. O salário já não dá Para comprar o feijão O trabalhador não pode Tomar seu café com pão Não há mais nada barato É triste a situação. O gatilho negou fogo Na hora de disparar Para aumentar o salário Mas para realinhar Preços de mercadoria Está a funcionar.


Agora já não tem fila Pra comprar mercadoria, A fila grande é agora Dos que vivem na agonia, É a fila dos famintos Que aumenta dia a dia. Quem vive só do salário De Estado tá com fome, Com o salário atrasado Um dia e oito não, come. E o pouco que recebe A inflação lhe consome.

O povo já não suporta Este grande sofrimento O salário tão minguado, A alta do alimento De socorrer a pobreza Chegou o grande momento.


Mas quem irá socorrer O pobre trabalhador? Não aparece ninguém Pra aliviar sua dor? Tá todo mundo calado! Meu Deus, meu Deus que horror! O governo ri do povo E goza com seu sofrer, Parece que não tá vendo O seu grande parecer Ou então está querendo É ver o povo morrer.

Mas a Escritura diz Com muita severidade Ai de quem zombar do povo Lhe negando caridade Pois irá se arrepender Por toda a eternidade.


E o governo tá zombando De nossa população; A zombar já começou Logo após a eleição Quando como pagamento Decretou o pacotão. Todo mundo votou nele Do Sul ao extremo Norte E a recompensa que teve Foi esta pena de morte Que a carestia trouxe Pra piorar nossa sorte.

A esperança do povo Era de tudo mudar E porisso muita gente Foi no governo votar Pois pensou que no governo Poderia acreditar.


E depois tudo mudou Porém nada pra melhor, Pois hoje a coisa está Quase mil vezes pior E quem mais está sofrendo É nosso trabalhador.

Neste governo não dá Mais pra gente acreditar Diz que os preços das coisas De subir já vão parar Porém ele é o primeiro A suas coisas aumentar O pobre trabalhador É quem sempre paga o pato E de repente o governo Vem dar uma de gaiato Chamando a classe operária Para se fazer um pacto.


Mas o pacto social Só interessa ao patrão A voz do trabalhador Ninguém ali ouve não, Se ceder a este pacto Piora a situação.

Na briga de fraco e forte O fraco não leva vez Ainda mais quando temos Um governo de burguês, Vocês acham que o pacto Vem favorecer vocês?

Favorece a burguesia Que é dona do poder Tem indústria, terra e banco E dinheiro pra valer, Como é que vão à causa De nossos pobres ceder?


Para nós só há um pacto Que favorece a pobreza É a união de todos Para fazer a defesa De todos os oprimidos E que a luta seja coesa.

Se todos os oprimidos Se unirem de verdade Numa luta organizada Com muita fraternidade Sei que um dia nós iremos Conquistar a liberdade. Trabalhadores unidos Terão força pra vencer; A nova sociedade Só virá acontecer Se todos os oprimidos Se unirem pra valer.


Somente quando o pequeno Acreditar no menor E tivermos no poder O homem trabalhador Teremos uma saída Para o homem sofredor. Será que os deputados E também os senadores Que estão lá em Brasilia No meio dos esplendores Não vão nunca se lembrar Dos pobres trabalhadores

No tempo da eleição O povo foi visitado E prometeram ao povo De estar sempre a seu lado Mas agora o povo sofre E eles estão calados.


Lanço meu brado de alerta A nosso governador, A ministros de Estado, Deputado e senador, Ao presidente Sarney Nos socorram por favor. Se não vierem ajudar A pobreza do país A situação de todos Ficará mais infeliz Esta afirmação é Eugenio Dantas quem diz.

FIM



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.