O crato do futuro ( ou o sonho do poeta)

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


JOCA DO SEMINARIO

O CRATO DO FUTURO ( OU O SONHO DO POETA)



Quando no Crato cheguei Pra rever minha Maria Confesso que até chorei Seu moço que alegria Na cidade que deixei Tudo diferente eu via

A minha Terra querida A cidade onde nasci Oásis cheios de vida A capital do piqui Por todas nunca esquecida Princesa do Cariri Da cidade esburacada Cheio de lixo e sujeira. Não restava agora nada Nem entulho nem poeira Tava toda transformada Uma menina faceira


Parecia que a mão Da natureza Divina Com a vara de condão Que a Divindade ensina Do meu querido torrão Havia mudado a sina

As ruas todas limpinhas Sem buraco e sem papel No Meio fio branquinhas Parecendo até um véu Com castanholas verdinhas Sem lixo jogado ao léu

E no centro da cidade O comércio em movimento Cada loja a novidade Na forma do pagamento Para o povo na verdade Comprar sem temer aumento


Na calçada as verdureiras Vendiam manga e verdura Todas rindo prazenteiras Enfrentando a vida dura Sem sairem nas carreiras Com fiscais da Prefeitura E nas paginas dos Jornais A Notícia declarava Os encantos naturais Só no Crato se encontrava E os embates culturais Crato de todos ganhava

Um mercado bem moderno Muito amplo e arejado Sem atolar no inverno O melhor de todo Estado Sem merda no pátio interno Muito limpo e asseado


Um matadouro asseado Sem ter mosca lixo ou grude Tudo bem fiscalizado Pra que a carne não mude Um boi bem examinado Sem por em risco a saúde Balneário da Nascente Já todo murado Apinhadinho de gente Todo mundo sossegado Tomando banho contente Tudo bem policiado

Cada bairro da cidade Calçamento com fartura Trabalho pra mocidade Esgotos pra água impurra Escola pública a vontade Muita luz e água pura


Uma algazarra danada Até fui olhar de perto A juventude animada Muito contente por certo Tremendo a Arqui-bancada Lá do Ginásio coberto O Estádio Mirandão Completamente lotado A maior animação O povão todo animado O Sport num jogão Do certame do Estado

O canal todo limpinho Sem pedra ou lixo encalhar Quem morava ali pertinho Satisfeito pra danar Por poder dormir quietinho Sem muriçoca zoar


O povo do Seminário Numa alegria constante Ninguém temia o horário Por saber que a todo instante Ia e vinha o operário Numa escada rolante As praças Iluminadas Um brilho intenso no piso Com lindas flores plantadas Jardim cuidado e preciso Passarelas bem cuidadas Parecendo o paraiso

Grandões mansões construídas Da Vila Alta ao Sossêgo Pontes, estradas, saídas Veredas pra dar arrego Inúmeras fábricas erguidas A gerarem muito emprego


Turistas vindo aos montões Visitar o pé-de-serra Onibus, carros, aviões O progresso desemperra De todas as regiões A visitar nossa terra As crianças aparadas Por programas sociais Nas escolas educadas Aprendendo mais e mais Livres das drogas malvadas Pra alegria do pais A trabalhar incessante O prefeito não cansava Fazendo obras-gigantes E o progresso avançava O povo via vibrando Que a cidade melhorava


Um Hotel municipal Recebendo os visitantes Cinco estrelas colossal Obra das mais importantes A hospedar triunfal Todo e qualquer viajante

Médico em toda favela Receitando a criatura Mulher sem peito e banguela Tinha o remédio pra cura O Doutor tratava dela Pago pela Prefeitura Os Distritos assistidos Com água, luz e saúde Emprego pros desvalidos Esgotos pra não ter grude Plantio pros destemidos Irrigação e açude


Seu moço o que me espantou Foi a política do Crato Quem foi que nunca sonhou Responda pra ser exato Em mudar como mudou Eu via tudo no ato Toda velha liderança Felizmente aposentada Restando apenas lembrança Da sua sanha malvada Da enorme comilança Da cidade abandonada Não se ouvia mais falar Nos políticos do passado Nem sequer um comentar O povo estava enjoado Deixassem eles pra lá Estavam já enterrados


Tudo estava diferente A política renovada Prefeito honesto e decente A cidade respeitada Gente nova no batente E a vaca gorda danada A Câmara Municipal Foi renovada com jeito Gente nova e bem legal Legislando com proveito Honrando o povo afinal Fazendo tudo direito

Não havia mais conchave Pra ganhar a eleição Porque essa coisa grave Feita no tempo do cão Só dava mesmo era entrave Arruinava meu torrão


Porém seu moço eu fiquei Muito decepcionado Naquela hora acordei Na rede todo molhado Confesso que até chorei Por somente ter Sonhado E Maria logo ali Gritou naquela zoeira Acorda Zé vem aqui Vamos sair na carreira Pois acaba de cair A pedra da batateira!

FIM



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