A tragédia de três amantes

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


ANTONIO RIBEIRO DA CONCEIÇÃO

A TRAGÉDIA DE TRÊS AMANTES



Deus mande um ramo poético Pondo a sombra em minha vida Para minha consciência Ter idéia garantida Em levar aos bons abrigos A traição de dois Amigos Por uma mulher fingida Quando Feira de Santana Não tinha o valor que tem Dois Fazendeiros visinhos Mondados não sei por quem Mudaram-se para a cidade E entraram em Sociedade Pensando saíssem bem. Um deles era chamado Irineu Nunes da Costa, Sérgio Damasceno Lopes Foi quem lhe fez a proposta: − Responda Irineu se quer Ou combine com a mulher E amanhã dê-me a resposta.


Irineu chegando em casa Falou para Dona Ana: Sérgio resolver fazer-me Uma proposta bacana Para vender a Fazenda E ser Sócio de uma Venda Lá em feira de Santana. O local da nossa sede Já está adquirido, Vai ser Casa de Ferragem E uma Loja de Tecido, Um Galpão para Cereais E Pelos de Animais, Vai ser lucro garantido. Dona Ana satisfeita Aceitou a novidade Dizendo: − Temos dinheiro, Mas distante da cidade, Os meninos sem Escola, Quem não lê vive de esmola Perante a Sociedade.


Em poucos dias venderam Casa, animais e terreno, Fizeram a grande mudança Com chuva, sol e sereno, Foi a mais séria proposta De Irineu Nunes da Costa Para Sérgio Damasceno. Com dois mêses já estava Pronto para instalação Sanitária, Água e Luz Em moderna ligação, Depois dacasa instalada Teve a época marcada Para a inauguração. Inaugurou e depois Começou funcionar, Sérgio junto a Irineu Nenhum estava a pensar Que aquele belo sonho Ia tornar-se tristonho Antes de cada acordar.


Muitas Ferragens vendia. Milho e Feijão se comprava, Também se vendia pano, Todo mundo trabalhava, Dona Ana satisfeita Dizia: − Bela colheita, Assim ninguém esperava. Quando faziam o Caixa Cada saia contente, Sérgio com a sua esposa Abraçava sorridente, Irineu com Dona Ana E a presença bacana De um confiado Gerente. Neste tempo o Meretrício Estava em forte paleio Das Casas do Minadouro Também da “RUA DO MEIO” Na Praça do Nordestino De ancião e menino Via de feio a mais feio.


Uma mulher deste meio Desalmada e traiçoeira Disse: − Vou ver se consigo Uma vaga de Caixeira, Quero só olhar de perto Se meu plano sair certo Não sou mais pobre na Feira. À noite pouco dormiu, Logo cedo se deitou Preocupada com o plano Muito pouco cuchilou, Mais ou menos sete e dez Pôs um “LUIZ QUINZE” nos pés E para a Loja viajou. Chegou primeira que todos, Ficou na porta encostada O rosto dando impressão De mulher santificada, Laçava qualquer vivente, Pois, na verdade, era um ente Que de bom não tinha nada.


Na chegada do Gerente Ela se fingiu mais séria, Ele destrancou a porta Lhe soltando uma pilheria, O coitado não sabia Que a porta se abria Para acesso da miséria. Nove horas veio Sérgio, Às nove e meia Irineu, Quando os dois estavam juntos A mulher apareceu Exibindo um belo passo E sem provar embaraço À cada a mão extendeu. − Bom dia, senhores, eu Pretendo me apresentar: − Sou Iracema Brandão, Sei escrever e contar, Também sou documentada. Por está desempregada Necessito trabalhar.


Sérgio disse: − Venha a tarde Ou seja: segundo horário Para entender-nos melhor Sôbre trabalho e Salário... Irineu disse: − Santinha Fique aqui a ordem é minha Que farei o necessário. Irineu chamou-a e disse: − Menina traga a carteira E disse para o Gerente: Esta aqui vai ser Caixeira, Ter salário e comissão E se agradar ao Patrão Vai mandar na casa inteira. O Gerente foi ficha-la Por não faltar os mandados Dizendo com seus botões: Vejo os sócios desligados, Comentou com a voz rouca: Ambos no chalé da louca Vão terminar enrolados.


Irineu com Iracema Puzeram andar no Salão Da Loja e o da Ferragem E o Depósito de Feijão, Seu peito sentiu calor Que até oferta de amor Surgiu nesta ocasião. Á tarde por precisão Da Loja se ausentou, Sérgio ficou no Comando A mesma coisa formou, Distribuiu simpatia Tanto que passou o dia E a mulher não trabalhou. Perto do “Campo do Gado” Irineu pôde avistar Uma casa com uma placa Pra vender ou alugar Pensou logo em Iracema Não desisto do esquema Ofertou-a pra morar.


Sérgio que também ganhou O coração da Pecinha Andou no outro dia No Bairro da Queimadinha Viu na porta um emblema E disse: − Eu pego Iracema E boto-a nesta casinha. Iracema recebeu Casa e proposta feita, Cada dizendo: − Eu só amo A mulher que me respeita, Se puchar o fio da renda Uma bala lhe emenda E o meu revólver lhe ageita. Passava o dia na Loja Ligeira como Andorinha, Se ia ao “Campo do Gado” Desprezava a “Queimadinha” E dizia: − Sua Amada Hoje está muito enfadad Prefere dormir sozinha.


No outro dia ela tinha O roteiro variado Arrumava uma mentira Contava para o Amado. Certo que mudava a linha Dormia na “QUEIMADINHA” E filava o “Campo do Gado” Dona Ana viajou Irineu ficou sozinho Foi para a Loja folgando Alegre como um pombinho, Dizendo: − Estou descansado, Faço no “CAMPO DO GADO” O meu predileto ninho. Iracema neste dia Disse pra Sérgio Sorrindo: − Hoje vá “QUEIMADINHA” Que meu peito está pedindo... Seus olhos estão queimando Meu coração e mandando Que passe a noite sorrindo.


Irineu depois da janta Numa Praça ele avistou Iracema com um moço Que o abraçou e beijou, Atirou nela, caiu. Ele atirando insistiu E o Vulto não recuou. Ali os dois atiraram Um tombou, outro caiu, Iracema levantou-se Ambos expirando ela viu, Gargalhou achando graça: Planejei, vi a desgraça Como meu peito pediu

FIM



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