A santa que falou profetizando

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


JOSÉ COSTA LEITE

A SANTA QUE FALOU PROFETIZANDO



Quem respeita o santo nome De Deus Pai Celestial Se ajoelhe e se benza Fazendo o Pelo Sinal E reze uma Ave Maria Pra ler essa profecia De um toque divinal. Peço pelo cálice bento E a hóstia consagrada Que leiam esta profecia Da Santa Mansão Sagrada Quem crer no Onipotente Tenha sempre em sua mente Que o homem sem Deus é nada. Pai Filho e Espirito Santo Nos enviem a Santa Paz Para os pobres pecadores Que o mundo não presta mais Até uma Santa falou E 3 horas profetizou Agora em Minas Gerais.


Numa cidade que fica Perto do Belo Horizonte Lá na Igreja do Carmo Que fica em cima dum monte Foi onde a santa falou E tudo confidenciou Ao vigário Anacleonte. Jesus, Maria e José Misericórdia meu Deus Estamos no fim do mundo Oh! Jesus, rei dos Judeus Tende de nos compaixão Nos enviando o perdão Dando exemplo aos ateus. Faço ciente ao povo Que este livro comove Estamos perto do fim E ninguém me desaprove Sua profecia é De 77 até O ano 99


O vigário Anacleonte Nos pés da Virgem Maria Logo após a missa estava Em pé junto a sacristia E o vigário escutou Tudo que a santa falou Citando esta profecia. É a santa padroeira Daquela bela cidade Perto de belo Horizonte Creiam como foi verdade Vamos ler em poesia Toda sua profecia Com originalidade. Começou recomendando Pra todo povo rezar A oração de São Jorge E aquele que zombar Desta divina oração 10 anos de maldição Na vida vai encontrar.


Portanto, caros leitores Vamos ler a profecia Que contém a oração Que a Santa Virgem Maria Pediu pra todos rezar Para nunca lhe faltar O seu pão de cada dia. Disse a Santa: vejo tudo Mergulhado no pecado O manto da Mãe de Deus De sangue vive manchado E o sangue do povo irmão Que no vício e na corrupção Sobre a terra é derramado. − Agora em 77 Aperta tudo de vez Só aumenta a carestia Com pujança e rapidez É um castigo pesado Para o povo viciado Que mostra a sua nudez.


− O ano 78 Será de maior fartura E também de mais inverno Promete safra segura Uns gafanhotos virão Estragando a plantação No campo da agricultura. − E já em 79 Do brejo até o sertão Haverá epidemia No campo da criação Deus envia o contra tempo Para servir de exemplo Ao povo da corrupção. − 80 é ano bissexto Será de maior fartura Tem influência de Marte Será bom de agricultura Que até na serra cria Pois a noite será fria E o dia é de quentura.


− No ano 81 Crescerá a corrupção Pouca lavoura no brejo E fartura no sertão Haverá febre no gado É um castigo enviado Do Autor da Criação. − No ano 82 O rico muda de nome E o pobre no sofrimento Se lastima e se consome Quando entrar 83 Aperta mais uma vez Muitos correrão de fome. − No ano 84 Virá castigo pesado Para o pessoal que vive Envolvido no pecado O povo fica a chorar Dando trabalho encontrar Um rato que coma assado.


− No ano 85 Haverá inundação Uma peste de lagarta Aparece no sertão Medonha e destruidora Comendo toda lavoura Que só deixa mesmo o chão. − No ano 86 A crise é de fazer dó Para castigar o povo Que só vive no forró A pobreza com fadiga Aperta tanto a barriga Que as tripas chagam dá nó. − No ano 87 Fica tudo diferente Ninguém se lembra de Deus Só se fala em matar gente Do povo se acaba a fé Tem gente que zomba até De deus Pai Onipotente.


− No ano 88 O tempo vai ficar <<pêco>> Com sêca, foma e doença O povo quebra no bêco Quando entrar 89 No brejo bastante chove Mas no sertão vai ser sêco. − Já no ano de 90 O inverno será pesado E haverá muita fruta O sertão fica molhado Promete ser de fartura Será bom de agricultura E bom na criação de gado. − O ano 91 É de inverno temperado Isto é, de pouca chuva Pra castigar o pecado Será medonho o sofrer Para o pecador dizer: − << O que é bom tá guardado.>>


− A corrupção tomou conta De toda população 80 por cento vive Na lama da podridão O povo sofre demais E vai sofrer muito mais Não deixando a corrupção. − No ano 92 Se acaba a religião O povo fica envolvido Inda mais na corrupção Caído, com fome e triste Nem se lembrar que existe O Deus Pai da Criação. − No ano 93 Vai de pior a pior E é quando a roda grande Passa dentro da menor A maldita carestia Cresce mais de dia a dia Não há castigo maior.


− No ano 94 A coisa não é garapa A crise encosta dum lado E a morte faz um rapa Quando entrar 95 A fome mete o zinco Sei que pouca gente escapa. − No ano 96 Falta inverno no sertão A chuva é uma neblina Vai faltar milho e feijão Aumenta mais o sofrer Muita gente vai morrer De fome, sem remissão. − No ano 97 A fome ainda continua Dando castigo ao povo E as moças que vivem nua Andando fora de hora De noite, de rua a fora Tudo no Mundo da Lua.


− No ano 98 Vai aumentar os clamores Ninguém se admire que Estamos colhendo flores Vão chorar por todo canto É pranto em cima de pranto E dores em cima de dores. − No ano 99 Fome, crise e corrupção Assolam por toda parte Do brejo até o sertão Vai faltar até galinha Falta feijão e farrinha Falta café, falta pão. − De 99 em diante Só mesmo Deus, Pai dos pais Pode afirmar para o mundo Se vai haver guerra ou paz Todos rezem a oração E a santa nesta ocasião Calou-se e não falou mais.


Este livro é um exemplo Pra quem ama a corrupção E canta a botique dela Ás de copa e minhocão O que é bom tá guardado Esse povo depravado Jamais terá salvação. Com minha pena em ação O livro aqui terminou Se o leitor se agradou Tem ainda a oração A quem prestou atenção Leve um, que lhe convém E reze a oração também Isto é, com mui respeito Tirando sempre proveito E não empreste a ninguém.

FIM



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