Unicom 02-2008

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Memórias de vidro Responsável pela documentação histórica do início do século XX, o acervo fotográfico dos Kuhn preserva uma Santa Cruz que pouca gente conhece

U

lação. O que pode ter dado certo, prova disso foram os vários negócios que o empreendedor Willian começou na cidade. Um deles, o de maior sucesso, foi o extinto Bazar Kuhn, fechado em 1993, quase 90 anos depois de ser começado. Hoje a vida de pai e filho é um amontoado de lembranças, papéis amarelados e vidros com fotos de pessoas e paisagens mortas, guardados em caixas de madeira. Para o neto, resta a difícil tarefa de cuidar das mais de 5 mil chapas de vidro e incontáveis fotografias que remontam a mais de 100 anos de história. Zelozo, Ivo não dá as fotos, nem vende. Sonha com o dia que todo esse acervo vai estar preservado. Para as futuras gerações, aqueles que virão depois de nós. Sem o trabalho de Ivo, o que poucos conhecem poderá ser ainda mais desconhecido.

fotos: arquivo pessoal

Rodrigo Nascimento ma época distante, costumes e trajes fora de moda. Arquitetura e urbanização da cidade tiradas das páginas de livros de história. Relações amorosas e de amizade permeadas pelo respeito e a parcimônia característicos do século passado. Essas são algumas das imagens que Ivo, neto de Willian e filho de Hugo Kuhn, guarda como seu tesouro pessoal. Juntas, representam uma verdadeira viagem no tempo, percorrendo as ruas estreitas e empoeiradas da Santa Cruz de 1895, época que o imigrante alemão Willian Kuhn veio para o Brasil trazendo na mala uma moderna invenção européia, a fotografia. Aqui, onde a língua falada já era o português, Willian passa a ser Guilherme, tradução do nome estrangeiro. Talvez uma estratégia de se tornar mais popular, mais acessível à popu-


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