Revista ACDF Março/Abril

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ARTIGO O CÓDIGO BRASÍLIA

Matemática secreta e geometria sagrada

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rasília está cheia de mensagens ocultas em seus símbolos, principalmente os relacionados aos números. Veremos agora alguns exemplos da matemática secreta e da geometria sagrada que está oculta nos quatro cantos de Brasília. Na matemática oculta, todos os números são somados até chegar a um resultado de um só número. Brasília foi inaugurada em 21 de abril: 2 + 1 = 3. Três nos remete à trindade planetária presente em quase todas as religiões. No cristianismo, a Trindade ou Santíssima Trindade é a doutrina que professa um Deus único em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. No hinduísmo, a trimúrti é composta pelos três principais deuses: Brama, Vixnu e Xiva, que simbolizam respectivamente a criação, a conservação e a destruição. No Egito: Osíris, Ísis e Hórus. A trindade está sempre presente. Brasília é a capital dos três poderes: judiciário, executivo e legislativo. Três também é um número chave da democracia, pois é a quantidade mínima de pessoas necessárias para que se consiga tomar uma decisão em grupo. O dia 21 de abril é o 111˚ dia do ano: 1 + 1 + 1 = 3. Na entrada da catedral de Brasília, estão os quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João. João está de um lado e os outros três do outro. Mais uma vez, a magia do número três foi observada. Na Catedral, existem 16 pilares dispostos em forma circular. O número 16 é a base do sistema hexadecimal, que se utiliza muito na informática para representar números binários de uma forma mais compacta. Dessa forma, esse sistema é bastante utilizado em aplicações de computadores e microprocessadores. Deus é considerado o “tudo” e o “nada”, ou o “1” e o “0”, que é o sistema binário. Não será por acaso também que o número 16, no tarô, seja a “Casa de Deus”. 16 também é o número de quadras das asas sul e norte do eixo rodoviário. Se somarmos 1 + 6 = 7. Sete é considerado o número da perfeição. São sete notas musicais, sete cores do arco-íris, sete maravilhas do mundo, sete artes, sete virtudes humanas, sete pecados capitais, sete mares, sete dias da semana etc. Brasília foi construída em 5 anos. Na alquimia, o número cinco simboliza a quintessência, complemento imaterial dos quatro elementos do nosso mundo: água, fogo, terra e ar. Com este quinto elemento, a transmutação da matéria ocorre e sua representação deixa então de ser quaternária para ser quintenária. A representação gráfica da

matéria quintessência é o pentagrama. Do pentagrama, Pitágoras descobriu a proporção áurea. Um pentagrama é obtido traçando-se as diagonais de um pentágono regular. Pelos cruzamentos dos segmentos desta diagonal é obtido um novo pentágono regular, que é proporcional ao original. A proporção áurea, também conhecida como número de ouro, número áureo ou proporção de ouro, é uma constante real algébrica simbolizada pela letra grega Phi, em homenagem ao escultor Phidias, que a utilizou para conceber o Parthenon. Seu valor arredondado a três casas decimais é de 1,618. Também é chamada de seção áurea, razão áurea, razão de ouro, média e extrema razão, divina proporção, divina seção, proporção em extrema razão, divisão de extrema razão ou áurea excelência. O número de ouro é ainda frequentemente chamado razão de Phidias. Desde a Antiguidade, a proporção áurea é usada na arte, na literatura, na música e na arquitetura. Este número está envolvido com a natureza do crescimento. Phi pode ser encontrado na proporção das conchas, no tamanho das falanges dos seres humanos, nas colmeias e em vários outros exemplos que envolvem a ordem do crescimento. Na Idade Média, o matemático italiano Leonardo Fibonacci calculou uma sequência de números que ficou conhecida como a “Sequência de Fibonacci”. A Sequência de Fibonacci consiste em uma sucessão de números, tais que, definindo os dois primeiros números da sequência como 0 e 1, os números seguintes serão obtidos por meio da soma dos seus dois antecessores. Portanto, os números são: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233 etc. Se dividir um número da sequência pelo número anterior, em um determinado momento o resultado será bem próximo a 1,618: o “número de ouro”. Brasília foi construída em 5 anos, uma referência ao pentagrama, onde, alquimicamente, foi feita uma transmutação de cerrado em concreto. Em quase todas as construções de Brasília está presente a “razão áurea” – no prédio do Congresso Nacional, nos Ministérios, nas Superquadras etc. Nada é por acaso. O Código Brasília continua na próxima edição. Até lá.

RICARDO MOVITS é cineasta, artista plástico, compositor e escritor. Membro da Academia Maçônica de Letras desde 1986, Movits ocupa a cadeira nº 18 e tem em seu currículo premiados contos, poemas, romances e roteiros para teatro, cinema e televisão

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