Uso Sustentável e Conservação dos Recursos Florestais da Caatinga

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Produção Não-Madeireira na Caatinga

Por outro lado, a manutenção de bons índices de produção animal a partir da vegetação da Caatinga, sem comprometer a sua sustentabilidade, vem sendo defendida ao longo das últimas décadas. Os estudos de manipulação da Caatinga (ARAÚJO FILHO, 1992) destacam três níveis de manipulação da vegetação lenhosa: o raleamento, o rebaixamento e o enriquecimento (Tabela 1). O raleamento consiste no controle de plantas lenhosas indesejáveis, reduzindo o sombreamento do solo por estas plantas para patamares em torno de 30% a 40%, permitindo assim a penetração dos raios solares e o conseqüente desenvolvimento das plantas herbáceas (Fotografias 1 e 2). Desta forma, ocorre maior produção de forragem pelo estrato herbáceo, que na maioria das vezes fica totalmente disponível aos animais. É uma espécie de corte seletivo, onde as plantas invasoras (marmeleiro e jurema-preta) e tóxicas aos animais são as primeiras a serem controladas. Na prática, costuma-se afirmar que o raleamento transfere a produção de biomassa dos arbustos e árvores para o estrato herbáceo. Todavia, o mais importante é que essa técnica aumenta consideravelmente a matéria seca pastável oriunda de gramíneas e dicotiledôneas herbáceas, sendo mais indicada para ovinos e bovinos. O raleamento da Caatinga deve ser feito no terço final do período de estiagem, de modo a permitir que, ao iniciar as chuvas, as herbáceas germinem e se desenvolvam satisfatoriamente. Foto: José Morais

Foto: José Morais

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Fotografia 1 - Caatinga raleada em Patos/PB

Fotografia 2 - Caprinos criados em Caatinga raleada em Patos/PB

É importante destacar que o sucesso do raleamento e a manutenção de bons índices de disponibilidade de forragem herbácea exigem controle da rebrota das plantas lenhosas, que deverá ser realizado durante a estação chuvosa. Para Carvalho et al. (2001), se a principal espécie lenhosa a ser controlada for o marmeleiro, esta deve ter suas rebrotas cortadas quando atingirem de 75cm a 100cm de comprimento. Com esta prática os autores verificaram que (i) uma densidade de 12.048 marmeleiros/ha possibilitou apenas 527,6kg de MS, e (ii) com o controle desta espécie o número de plantas/ha foi reduzido para 600 e a disponibilidade de MS subiu para 3.932,3kg/ha. Já em relação à juremapreta, Pereira Filho, Cézar e Gonzaga Neto (2006) recomendam cortar as rebrotas


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