Revista Abramus, Ed. 41

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Notícias

Saiba mais sobre o Adiantamento aos artistas em meio à crise do COVID-19 e muito mais!

Direito Autoral

Direito autoral e quartos de hotel: os prejuízos da MP907/19 para a classe artística

Instrumental

O grande violonista Yamandu Costa fala de sua experiência com uma carreira de artista instrumental

Grandes Compositores

Entrevista com Peninha, que há muitos anos compõe canções que marcam a música brasileira. Foto: Rodrigo Lopes

Expediente Edição: Comunicação Abramus Redação: Comunicação Abramus e convidados Projeto Gráfico e Diagramação: Junior Soares Pauta e Revisão: Priscila Perestrelo, Laura Bahia, Junior Soares e Diego Paz Jornalista Responsável: Priscila Perestrelo

Comunicação Abramus: Rua Castro Alves, 713 Aclimação - São Paulo/SP CEP: 01532-001 Telefone: 55 11 3636.6900

©2019 A Revista Abramus é uma publicação trimestral. Todos os Direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total sem autorização.


Mercado

Bate-papo

Em Alta

Capa

A história da gravadora Paulinas COMEP, que celebra 60 anos no mecado musical

Wallace Vianna e André Vieira, da HI-T-MA-KER, falam sobre o sucesso de suas canções na voz de grandes artistas

Artigo especial

Foto: Marcos Hermes

Pesquisas DATA SIM ajudam a compreender os impactos da pandemia de Coronavírus no setor da música

Entrevista com um dos maiores nomes da música gospel nacional: Fernandinho

Chitãozinho & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano e Leonardo celebram 20 anos do especial AMIGOS


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Sintonizando é um espaço para ficar por dentro das novidades e das histórias que os nossos convidados têm para contar. Carreira, origem, influências, trabalhos e muito mais. Neste projeto já passaram nomes como Rashid, Francisco El Hombre, Mato Seco, Camilla Faustino, Priscilla Alcântara, entre outros. E vem muito mais por aí! Todas as sextas-feiras teremos um artista novo! Sintonize-se!

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bramus a Dois é o nosso mais novo projeto. Pensando em estreitar cada vez mais a relação entre o artista e o público, a iniciativa trará diversas apresentações musicais. A ideia é que tanto artistas consagrados quanto compositores não tão conhecidos do grande público possam interpretar suas músicas.

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olicitado pela grande maioria dos nossos associados, a Abramus disponibilizou dois tutoriais (em vídeos) para os nossos titulares: “Como cadastrar uma Obra” e “Como cadastrar um Fonograma”. Os vídeos mostram o passo a passo de como cadastrar sua obra e fonograma (gerando o ISRC). Vale a pena lembrar que ambos os processos são gratuitos e estão disponíveis através do nosso Portal do Associado e também do aplicativo (IOS e Android).

“Muitas vezes, o público conhece a música, interpretada por um grande artista, mas não sabe quem é o autor. Essa é uma ótima oportunidade para os compositores também mostrarem a sua cara”. E a estreia do Abramus a Dois ficou a cargo de um dos maiores hitmakers da música popular brasileira, Peninha, que interpretou dois grandes sucessos da sua carreira. Outros nomes já estão escalados como Lobão, Toquinho, Paulo Ricardo, Joyce, Salgadinho, Marcos Valle, entre outros. Toda semana. No nosso canal do Youtube (AbramusOficial) e nas nossas Redes Sociais.

Ótima oportunidade para rever seu repertório e cadastrar suas obras e fonogramas.

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o mês passado, para homenagear todas as mulheres, a Abramus fez uma curadoria só de matérias, entrevistas e histórias que falam do poder feminino e também das dificuldades (e frustações) enfrentadas por Elas.

E já que falamos sobre o importantíssimo papel delas na sociedade, não poderíamos deixar de dizer sobre a força feminina da Abramus. Nos quadros da associação, 53,4% dos colaboradores são mulheres: 60% dos cargos de gestão estratégica estão nas mãos delas. Vindas de diferentes experiências e backgrounds, elas são colaboradoras do departamento internacional, de TI, de Artes Visuais, de fonomecânico e digital, entre outros setores. Outro destaque do mês foi para a entrevistas feita com o quadro feminino do Ecad. Elas ocupam 40% dos cargos de liderança: das 5 gerências executivas, duas estão nas mãos de mulheres. A superintendência da empresa, posição mais alta, é ocupada por mulheres há mais de 20 anos. Primeiro por Glória Braga e atualmente por Isabel Amorim. Confira, esses e outros conteúdos no nosso site. Foto: Dr - Direitos Reservados

Gestão coletiva faz adiantamento para compositores, intérpretes e músicos

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gestão coletiva da música no Brasil composta pela Abramus, Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) e demais associações aprovara um plano emergencial para apoiar financeiramente compositores e demais artistas de todo país atingidos pela pandemia do coronavírus. O plano consiste em um adiantamento extraordinário de valores que irá contemplar quase 22 mil compositores, músicos e intérpretes brasileiros com o montante de R$14 milhões em direitos autorais. Serão beneficiados todos os titulares nacionais (pessoa física) filiados que tiveram um rendimento médio anual de R$500,00 a R$ 36.000,00 nos últimos três anos

(2017, 2018 e 2019), da seguinte forma*: • Titulares com rendimento médio anual entre R$ 500,00 e R$ 12.000,00 nos últimos três anos receberão um adiantamento extraordinário no valor de R$ 600,00 dividido em 3 parcelas, sendo R$ 200,00 pagos na data prevista para a distribuição de abril e o restante nos pagamentos de maio e junho. • Titulares com rendimento médio anual entre R$ 12.000,01 e R$ 36.000,00 nos últimos três anos receberão um adiantamento extraordinário no valor de R$ 900,00 dividido em 3 parcelas, sendo R$ 300,00 pagos na data prevista para a distribuição de abril e o restante no pagamento de maio e junho. *O titular deve, obrigatoriamente, ter 07

recebidos valores no ano de 2019 para ser contemplado. Este adiantamento extraordinário será devidamente discriminado no demonstrativo de rendimentos recebido por cada titular. Os valores adiantados serão descontados posteriormente, 60 dias depois de anunciado o final do estado de calamidade pública, em até 12 parcelas mensais iguais e sem juros. É por entendermos o momento crítico vivido pela classe artística e sermos solidários às dificuldades enfrentadas por todos que anunciamos esta ação da gestão coletiva com o intuito de garantir um suporte financeiro para a sobrevivência de elos fundamentais da cadeia produtiva da música.


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om seis décadas, recém comemoradas em março, a Paulinas-COMEP é a gravadora religiosa mais antiga do país. Passando por todas as transformações do mercado musical, do vinil ao digital, a empresa não perde o foco no seu objetivo principal: gravar o Evangelho nos corações de homens, mulheres, crianças, jovens e idosos de variadas realidades sociais e culturais. A empresa surgiu em uma década de grande efervescência cultural no Brasil e no mundo. A Bossa Nova, festivais da canção, Jovem Guarda, Tropicalismo, ditadura militar, moças com saias rodadas de bolinhas e rapazes com jaquetas de couro a conduzir suas lambretas. Mas também marcada por uma nova época na Igreja onde mais do que nunca era indispensável chegar às pessoas com novos métodos, principalmente novos meios de comunicação e produções em audiovisual. Nesse cenário, as Edições Paulinas Discos iniciou suas atividades.

Foto: DR - Direitos Reservados

Foto: DR - Direitos Reservados

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Irmã Tecla Merlo, cofundadora e primeira superiora-geral das Filhas de São Paulo (Irmãs Paulinas), em visita a Curitiba, no ano de 1960, lançou o desafio às religiosas que ali viviam: “Por que vocês não gravam discos?”. Foi então que irmãs Stefanina Cillario e Maria da Glória Bordeghini lideraram o surgimento da instituição. No decorrer dos anos, as irmãs sempre tiveram, em seu time, preciosos “jogadores”: compositores, intérpretes, músicos, colaboradores e profissionais de diferentes áreas. Uma equipe que, continuamente, mantém o ritmo de correr atrás da qualidade técnica, musical e de conteúdo e de uma diversidade de canções e ritmos, além de acompanhar os progressos tecnológicos e de comunicação. Em 1984, Edições Paulinas Discos se transformou em selo “Paulinas-COMEP” (Comunicação Editora e Produtora Musical). Atualmente, a Paulinas – COMEP é administrada pela irmã Eliane Deprá, e conta com um acervo de mais de 10 mil composições. Os principais artistas ativos da gravadora são Padre Zezinho, Ministério Adoração e Vida, Cantores de Deus, Vida Reluz, Padre Agnaldo José, Marília Mello, Cassiano Menke, Ir ao Povo, Adriana Melo, Antonio Cardoso, Jô D' Melo, entre outros.

Foto: DR - Direitos Reservados

Há 60 anos num mercado musical tão competitivo, a empresa se reinventa a cada dia. Desde a criação do canal no YouTube da Paulinas-COMEP, em 2007, os vídeos apresentam cerca de 100 milhões de visualizações com aproximadamente 300 mil inscritos. No streaming, em plataformas como Spotfy, Deezer, iMusic/iTunes, Google Play, Napster e Amazon, foram quase 60 milhões de execuções no último ano. Além das plataformas digitais de música, também está presente nas redes sociais (Instagram, Facebook e Twitter). Os meios de comunicação mudam rapidamente e a empresa vem se adaptando as novas tecnologias. E mais do que isso, vem crescendo e expandindo o seu portifólio. Em nenhum outro país, a música católica foi tão difundida de forma popular como no Brasil e, nisto, a gravadora teve e tem um papel essencial. E faz questão de manter a essência e os mesmos valores de décadas atrás.

Fonte: Assessoria de Imprensa Paulinas-COMEP (Gracielle Reis)

Fotos: Juliane Barros

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m dos nomes mais expressivos da música gospel nacional, com quase 20 anos de uma carreira de sucesso, ele está sempre entre os mais escutados nas rádios e nas plataformas digitais, e claro, já acumulou alguns discos de ouro e platina na “era” do CD físico. Sobre todo esse sucesso ele tem uma explicação: “vem da graça de Deus”. Esse é Fernando Jerônimo dos Santos Júnior, o Fernandinho! Já nos primeiros anos de carreira Fernandinho gravou seu primeiro álbum ao vivo, Faz Chover. A canção título desse projeto logo caiu no gosto do público que a entoava dentro e fora das igrejas. O sucesso foi tanto que, o lançamento foi feito em um Teatro, com uma produção bem bacana. No entanto, o público foi bem maior que o esperado e, então, para tranquilizar a multidão que queria participar daquele momento especial, no dia seguinte houve uma outra sessão. Assim, a canção Faz Chover também passou a ser o nome de seu ministério.

FotoS: Vlad Aguiar

Em meio à crise provocada pela pandemia do COVID-19, Fernandinho conversou com a Revista Abramus sobre carreira e mudanças no novo projeto: SANTO ao vivo.

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Você coleciona alguns discos de ouro e platina devido ao grande número de vendas de CDs e DVDs na “era” das mídias físicas, e atualmente, na era do streaming, você foi premiado pela 3ª vez consecutiva como o cantor gospel mais ouvido na Deezer. A que você atribui esse sucesso? Tudo o que eu tenho, o que sou e tudo que eu faço é fruto da graça e da misericórdia de Deus. Eu sou um artista por trabalhar com arte, mas eu não sou uma celebridade. Para mim não existe apenas música boa e música ruim. A música tem um propósito, uma missão. O artista comum faz com que as pessoas conheçam o seu trabalho e o meu trabalho com a arte é fazer com que a pessoas conheçam a Cristo. Então tudo isso que já aconteceu e ainda acontece eu transfiro para a glória de Deus em minha vida. O projeto “Em Casa” conta com participações especiais de uma galera da nova geração da música gospel, que certamente cresceram ouvindo suas músicas e também de parceiros. Como foi gravar com esses artistas? São meninos maravilhosos! Como diz na pergunta “pessoas que ouviram minhas canções desde novos”, e eu fico feliz por isso tudo. Para mim é um privilégio, uma honra poder dividir canções com eles. Faz parte do legado que Deus nos deu. A Bíblia diz “quão bom e quão agradável é que a gente viva em união”. A nossa unidade não é fruto de uma ação marqueteira, ela tem um propósito de, através da nossa arte, falar do amor de Deus. Eu só tenho mesmo é que agradecer a Ele por tudo.

A gente sabe que para os artistas do meio Gospel a música é muito mais do que entretenimento. É uma ferramenta para alavancar propósitos maiores, como por exemplo o projeto “Cristolândia”, voltado para o cuidado de pessoas com vício em drogas, na cracolandia. Fale um pouco sobre esse trabalho. Eu me sinto honrado em fazer parte da história dessa Ong e não tenho como realmente expressar toda minha gratidão e o privilégio que Deus me deu de conhecer essas pessoas. Quando eu chego lá as pessoas dizem “você nos abençoa muito”. Mas na verdade eu sou abençoado por ver o poder de Deus em suas vidas. Não é simplesmente olhar e falar “essa cambada de maconheiro que não tinha o que fazer...”. Eu entendo que todos nós temos momentos difíceis na vida e tem pessoas que conseguem superar e tem pessoas que não conseguem e acabam caindo nesse buraco. Nós temos que estender a nossa mão e fazer o que a gente pode. Na verdade eu quero e creio que eu posso fazer ainda muito mais. E deixo esse desafio a todos os leitores: que possam se sensibilizar e procurar sobre a Cristolândia e tantos outros projetos paralelos e fazer algo por essas pessoas. A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou pandemia em relação ao COVID-19, o coronavírus. Por conta disso foi necessário fazer algumas mudanças para a gravação ao vivo do álbum SANTO, como a ausência do público. Como foi para você e sua equipe fazer as mudanças necessárias? Pensaram em cancelar a gravação? 11

Sim, fomos pegos de surpresa. Na própria semana do evento, na segunda-feira, estava tudo normal. A gente ouvia falar de outros países e até alguns casos isolados do Brasil. Na terça aumentou um pouco mais, na quarta as nossas vendas online praticamente zeraram. O pânico, o pavor tomou conta. A gente já tinha muitos ingressos vendidos, pessoas de fora vindo. Isso nos deixou tristes em relação a essa situação, mas quando vimos que a coisa estava realmente complicada não pensamos duas vezes em fechar as portas (do evento). Não queríamos expor alguém ao risco de ser infectado aqui. Depois de decidir fazer a gravação com as portas fechadas começamos a pensar em como seria e o que eu posso dizer é que foi muito desafiador, talvez um dos projetos mais desafiadores. É sempre uma batalha muito grande a gente gerar e gravar alguma coisa e esse caso não foi diferente. Engraçado que preparamos tudo durante meses, ensaiamos em todas as áreas para que nesse dia não tivesse nenhum problema e quando a gente vê algo que terrivelmente abalou nossa vida, chega um momento que temos que decidir: se lamentar ou olhar para a misericórdia do Senhor. E foi isso que eu fiz junto com toda minha equipe e minha família. A gente olhou e continua olhando para o favor de Deus. E mesmo assim foi muito legal a gravação. Do ponto de vista técnico eu poderia dizer que ficou até melhor. As 15 câmeras que seriam divididas entre o palco e o público ficaram focadas em detalhes. Foram 7 horas de gravação e pudemos fazer duas ou três vezes a mesma canção e isso fez com que o resultado fosse algo muito bom e todos vão poder conferir isso em breve e ficarão impressionados com o resultado.


| Artigo especial

MEDIR PARA SUPERAR Pesquisas DATA SIM ajudam a compreender os impactos da pandemia de Coronavírus no setor da música

Daniela Ribas é doutora em Sociologia (UNICAMP) e Diretora de Pesquisa do DATA SIM

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m meio à crise do Coronavírus, o DATA SIM, núcleo de pesquisa da SIM São Paulo, lançou uma pesquisa para avaliar o impacto da COVID-19 no mercado musical brasileiro. A iniciativa soma-se ao histórico de pesquisas do DATA SIM, que em 2018 publicou estudo inédito no Brasil sobre o Mercado da Música na Cidade de São Paulo – Espaços de Música ao Vivo¹ , disponível para download no site do DATA SIM. Os resultados da pesquisa de 2018 já demonstravam a importância do segmento de música ao vivo não apenas para a cadeia produtiva da música como também para a economia da cidade em geral: a projeção dos resultados para os 300 espaços de música ao vivo mapeados mostra que eles promoviam cerca de 10.200 atrações musicais por mês, eram responsáveis por 7500 postos de trabalho diretos e indiretos e

geravam receita de quase R$200 milhões por ano. E estamos falando de apenas 300 espaços, o que certamente não corresponde à totalidade dos locais de música ao vivo existentes na cidade de São Paulo. Portanto, os números do setor de música ao vivo certamente são maiores. Ainda segundo a mesma pesquisa de 2018, 65% dos espaços eram de pequeno porte, 72% remunerava artistas e suas equipes apenas com recursos gerados pela bilheteria e 52% já considerava o cenário econômico menos grave do que o atual - um grande problema para o futuro dos negócios. Estes números de 2018 revelam por um lado a força e por outro a vulnerabilidade do setor no momento atual. Mesmo sendo um ativo econômico importante da cidade, a maior parte é de pequenos negócios e depende da realização dos eventos para honrar compromissos financeiros. Num cenário de incertezas em relação à economia mundial e de

Foto: Renata Gomes

Foto: Patricia Soransso

por Daniela Ribas & Renata Gomes

Renata Gomes é publicitária, mestre em Comunicação e Cultura e pesquisadora/analista de dados do DATA SIM.

impossibilidade de realização de eventos públicos, o setor certamente vai desidratar - e por isso deveria contar com um plano de recuperação atento às suas peculiaridades. A mais recente pesquisa realizada pelo DATA SIM COVID-19: Impacto no Mercado da Música do Brasil não foi direcionada apenas a espaços. O foco foi nas empresas da cadeia produtiva da música em geral, e procuramos medir quantos eventos foram cancelados/adiados, quantos profissionais foram afetados pelos cancelamentos, quantidade de público e prejuízos financeiros em questão. Uma pesquisa rápida e direta, que pudesse fornecer ao setor um termômetro do que está acontecendo no momento e que seja instrumento para pensarmos na superação da crise. Medir para superar. A pesquisa foi lançada em 17/03 e encerrada em 25/03/2020, bem no olho do furacão.

¹ A pesquisa levantou 300 espaços na cidade, e 86 deles responderam à pesquisa realizada por meio de survey on-line entre 24/09 e 31/10/2018. A partir das 86 respostas coletadas, foi realizada uma projeção para os 300 espaços que haviam sido mapeados previamente, mantendo-se a mesma proporção entre espaços de pequeno, médio e grande porte

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Logo nas primeiras 24 horas, tivemos cerca de 250 empresas respondendo ao questionário. O alto número é significativo, pois demonstra o engajamento do setor na tentativa de compreensão e superação da crise. Devemos aproveitar esse engajamento para pensar em saídas coletivas, amplas e estruturantes, que não se restrinjam a segmentos específicos da extensa cadeia produtiva da música ou que se limitem a abordar apenas uma das diversas fontes de receitas que compõem o setor. Os resultados apontam mais de 8.000 eventos cancelados/adiados, 19.996 profissionais afetados e prejuízo estimado em mais de R$ 483 milhões. Observando os resultados finais da pesquisa, percebemos que pouco mais da metade das empresas que responderam à pesquisa é MEI Micro Empreendedor Individual. Isso reforça os dados que já temos sobre a vulnerabilidade do setor neste momento de crise mundial. MEIs, que faturam até R$81 mil por ano, não têm a mesma liquidez e capital de giro dos grandes empreendimentos. Estas empresas vão quebrar caso o isolamento social - absolutamente necessário para a contenção do Coronavírus - não seja acompanhado de um plano de recuperação econômica específico para a cadeia produtiva da música, analisada em seus múltiplos elos. Outro dado interessante apontado pela pesquisa é o baixo associativismo dos respondentes (77% não tem representação de classe), questão que, além de ser um problema antigo, pode ser determinante em momento de crise como o que estamos vivendo. Alguns países têm anunciado medidas de recuperação por meio de entidades nacionais representativas dos diversos setores do ecossistema da

música. No Brasil a falta de uma entidade de âmbito nacional que dialogue com todos os segmentos produtivos, somada à fragilidade institucional das instâncias governamentais, tem impedido que ações sistêmicas e efetivas sejam encaminhadas com a urgência necessária. Mesmo diante desta e de outras adversidades que permeiam o setor artístico atualmente, vale destacar a sua alta capacidade de mobilização. Foram inúmeras as iniciativas que surgiram logo nos primeiros dias da quarentena: de performances individuais e intimistas a festivais inteiramente online com dezenas de atrações. As ações refletem a rapidez com que o setor consegue criar alternativas para interação com seu público, porém ainda não dão conta da pergunta que não quer calar: como possibilitar que o artista possa ser compensado financeiramente por seu ofício em tempos de interação majoritariamente digital com suas audiências? Uma outra discussão relevante dentro deste contexto talvez seja a questão de como as dinâmicas durante o confinamento irão impactar a já sabida desigualdade de gêneros na participação no setor. Em 2019, a pesquisa Mulheres na Indústria da Música no Brasil: Obstáculos, Oportunidades e Perspectivas (também realizada pelo DATASIM, em parceria com a Berklee e Women in Music) apontou que 48,2% respondentes afirmaram sentir que deveriam estar em posições mais avançadas em sua carreira. Considerando dados da pesquisa PNAD contínua 2017, do IBGE, que apontam que mulheres gastaram em média 20,9 horas por semana em atividades domésticas, contra 10,8

gastas por homens , vale ressaltar que a sobrecarga de trabalho poderá ser um fator determinante na jornada das mulheres no setor (principalmente para aquelas que são mães e que têm na música sua principal fonte de renda). Estas são apenas algumas das muitas discussões e novos paradigmas que surgem por conta do cenário que estamos enfrentando. Esperamos que a pesquisa DATA SIM COVID-19: Impacto no Mercado da Música do Brasil possa fornecer argumentos sólidos para que a comunidade musical possa exigir coletivamente as medidas necessárias neste momento, em que a música tem sido elemento fundamental para a saúde mental de toda a população em confinamento. Para conferir outros dados da pesquisa, como: área de atuação das empresas, modalidade de contrato dos profissionais envolvidos e outros impactos além dos cancelamentos e adiamentos, acesse o report completo em: www.datasim.info

² A pesquisa contou com 612 respondentes por meio de survey on-line realizada entre 23/03 e 19/08/2019. Para conferir o estudo completo, acesse: www.datasim.info ³ Fonte: PNAD-Cont. 2017/IBGE

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Fonte: Assessoria de Imprensa HI-T-MA-KER - MindUp Comunicação.

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om 13 anos, Wallace Vianna tocava e cantava músicas de Alexandre Pires para a sua avó dormir. Ela era apaixonada pelo cantor e estava muito doente, de cama, com um câncer. Nesse período também começou a compor em homenagem a ela e assim continuou após seu falecimento. A partir dos 17 anos, começou a cantar profissionalmente. Mas como tantos outros, em paralelo a sua vida artística, trabalhava como vendedor para pagar sua faculdade (se formou em publicidade) e chegou a trabalhar como Diretor de Marketing em uma multinacional. André Vieira começou tocando em barzinhos (de forma amadora) aos 15 anos. Mas também teve o seu percurso musical alterado pois ficou fora do mercado musical por 8 anos, trabalhando, também, em uma multinacional de Tecnologia da Informação (TI). Mas o destino, e a música, uniu esses dois compositores cariocas. André seguia Wallace nas redes sociais. Eles se identificavam e conversavam bastante sobre música e composições.

Um dia, marcaram de se encontrar. “André largou o trabalho. Disse que ia ao banheiro e nunca mais voltou (rsrsrsrs). Nesse dia ele foi lá em casa, começamos a compor juntos e nunca mais paramos”, conta Wallace sobre como começou a parceria entre eles. De lá pra cá, a amizade desses jovens talentosos e determinados se transformou em um negócio que hoje é destaque entre os mais criativos. Os, agora, compositores, produtores musicais e empresários, André Vieira e Wallace Vianna têm em seu portifólio trabalhos produzidos para nomes como Anitta, Ludmilla, Luísa Sonza, Lexa, Dj Renan da Penha, Mc Kevinho e Pocah. Quando o assunto é desenvolver, reformular e direcionar a identidade musical do artista, eles são bastante requisitados. Uma das primeiras conquistas da dupla, como compositores e criadores da nova identidade musical, foi o hit ‘Beijinho no Ombro’, da artista Valesca Popozuda. A música ficou semanas entre as mais tocadas do país. Levando o projeto a um novo patamar.

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“André largou o trabalho. Disse que ia ao banheiro e nunca mais voltou”


“Foi o primeiro projeto em que construímos a identidade musical de um artista e chegou a nível nacional. Foi uma passagem marcante em nossas vidas, principalmente, porque pensamos juntos e atingimos números gigantescos em todo o Brasil”. André e Wallace relembram o sucesso que alcançou o nível internacional e que em 2013 mudou todo o mercado do funk.

artista. Por isso a afirmação que todas as composições são feitas por encomenda (rsrsrs).” Em 2017, com esses resultados positivos, André e Wallace, fundaram a empresa HI-T-MA-KER em sociedade também com Pedro Breder. Na produtora o trio não só produz e compõe hits da cena pop e funk como trabalham detalhadamente o planejamento musical de artistas de diversos estilos musicais.

Outro grande sucesso, a música “Cheguei” da cantora Ludmilla, também composição de André e Wallace, estourou no Brasil e marcou a chegada da cantora em Moçambique, na África, e alcançou o TOP 50 do Spotify no país.

Recentemente, o projeto PANDORA, da cantora Luísa Sonza, teve o melhor debut brasileiro da história do Spotify com 1.6 milhões de execuções em 24 horas. E só no último ano, 20 músicas da HI-T-MA-KER carimbaram o Top 200 da plataforma de streaming.

Sobre o processo de composição, Wallace afirma que é feito de forma individual. “Gostamos de extrair sempre a essência do artista. Materializar seus pensamentos, personalidade, para passarmos sempre a verdade dele”. André completa dizendo que todas as músicas são feitas meio que por encomenda pois existe um estudo do artista. “Extraímos do artista o que ele tem de melhor, externando as vivências, verdade, características do

E os projetos não param por aí. Para 2020 os planos são de lançar seu próprio selo, onde farão a gestão 360º de seus artistas. “Estamos muito confiantes que será mais um trabalho de sucesso. Acreditamos que a gestão sempre esteve integrada aos processos e que o mercado tem inúmeras oportunidades de negócio. Somos empreendedores e nos jogamos de cabeça!”, afirmam.

“Somos empreendedores e nos jogamos de cabeça!” Fotos: Isabella silva

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década era 1990 e a música sertaneja seguia firme sua escalada rumo ao topo das paradas de sucesso, em todo Brasil. O que antes era a trilha sonora de regiões como Goiânia e interior de São Paulo, se transformava em um dos mais populares gêneros da música brasileira. Nesse cenário, três duplas despontavam nas paradas de sucesso, contabilizando vendagens superlativas. Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo e Zezé Di Camargo & Luciano se alternavam no topo das paradas e logo ganhariam espaços nobres na mídia. Fora do palco, os seis compartilhavam gostos como o de varar a noite cantando “modas de viola” ao lado da fogueira, e dessa sintonia nasceu o programa “Amigos”, exibido pela TV Globo entre 1995 e 1998, líder absoluto de audiência.

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Por Belinha Almendra

Foto: Marcos Hermes

Passadas duas décadas, os cinco amigos decidiram celebrar tantas histórias e sucessos com o show AMIGOS 20 ANOS, já considerado um dos maiores concertos musicais produzidos no Brasil. Em 2019, a maratona de três horas passou por Goiânia, Ribeirão Preto, Uberlândia, Belo Horizonte, Barretos, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Fortaleza. “O projeto da turnê já era uma vontade nossa, mas ver o tamanho que ela ganhou e todo carinho do público, é muito mais do que imaginávamos. É um prazer enorme viajar pelo Brasil com os nossos amigos, fazendo o que mais amamos!”, comemoram os irmãos Chitãozinho e Xororó.

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“Em 1995, quando estreou a primeira série de especiais, não tínha ideia da proporção que tomaria, mas sempre acreditei no sucesso, desde o primeiro dia”, relembra Luciano Camargo, o mais jovem do grupo. “Imagina juntar as grandes vozes que traçavam uma linda história de amor à música e ao gênero sertanejo. Não tinha como dar errado." Para Zezé Di Camargo, tem sido emocionante viajar pelo Brasil: “Nos reunirmos com os nossos amigos queridos, que em diversos momentos de nossas vidas continuam presentes é, sem dúvida, um dos maiores privilégios que tivemos nos últimos tempos. A turnê é uma maneira de celebrar a nossa trajetória musical e os momentos maravilhosos que ela nos proporcionou junto a milhões de brasileiros que nos acompanham, há mais de duas décadas". Com cerca de 40 sucessos inesquecíveis no roteiro, como “Evidências”, “Não Aprendi a Dizer Adeus” e “É o Amor”, selecionar o que entraria no show foi um desafio: “Escolher o repertório nunca é fácil. Tem muita música que o público pede e que não pode ficar de fora. Para este show foi especialmente difícil, porque precisamos contemplar os grandes sucessos de todos, mas sempre montamos cada repertório com muito carinho, pra todo mundo cantar junto”, pontuam Chitãozinho & Xororó. Para Leonardo, o mais brincalhão do grupo, o processo também foi divertido: “Foi uma luta do bem, mas conseguimos! Muita música boa ficou de fora, mas como somos jovens e felizes, sempre podemos acrescentar músicas”, completa, com uma gargalhada.

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Foto: DR - Direitos Reservados

AMIGOS 20 Anos traz um momento especialmente emocionante ao relembrar Leandro, que saiu de cena precocemente em 1998, vítima de um câncer raro no pulmão. “Bom, cantar o mano é um momento de muita emoção, é uma surpresa! Se não fossem os amigos, não aguentaria, não!”, confessa Leonardo. Para Zezé, Leandro segue sendo uma inspiração: “Na minha concepção, o show todo é uma homenagem para o Leandro, que era quem trazia a camisa com a letra A. Quando surgiu a ideia do especial, ele, igual a um menino na escola, de chapéu branco, camisa azul e calça jeans, levantou o dedo e disse: ‘A letra A é minha, é minha!'. Para Chitãozinho & Xororó, não há como não lembrar do amigo: “Em

determinado momento, colocamos um telão com imagens do Leandro, é bem emocionante para nós”. Amigos tão próximos, na estrada e fora dela, os cinco colecionam “causos”. Leonardo despista, mas Zezé Di Camargo entrega: “quando estava em carreira solo, fiz o meu primeiro voo com Leandro e Leonardo, íamos para Goiânia depois de uma reunião. Naquela época, os voos nacionais serviam almoço. A aeromoça passou oferecendo, eu e o Leandro recusamos, porque achamos que tínhamos que pagar e a gente não tinha dinheiro. O Leonardo aceitou e a gente pensou: como ele vai pagar? Quando a aeromoça passou recolhendo, perguntamos quanto custava e ela respondeu: ‘Faz parte do nosso

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serviço’. Já não dava mais tempo de pedir nada e Léo ria da gente, ele sempre faceiro”. Falando em personalidades, Zezé mapeia cada uma com muita facilidade: “Os mais centrados são o Xororó e o Luciano. O Chitão é mais leve e eu e o Léo levamos a fama de bagunceiros, de contadores de piadas. Somos a alegria”, se diverte. Chitãozinho e Xororó fazem coro: “Cada um tem sua característica e seu jeito. Eles dizem que nós somos os mais sérios, chegamos sempre no horário e fazemos tudo certinho, mas sem dúvida o mais piadista e bagunceiro é o Leonardo”, brincam os irmãos nascidos em Astorga, no Paraná. Os números da turnê AMIGOS 20 Anos impressionam: já são mais de 200 mil pessoas, em todos os shows, e


um milhão de visitas ao site oficial da turnê (AMIGOS20anos.com.br). Todas as edições do espetáculo tiveram canções compiladas em álbuns, lançados pela gravadora Som Livre. “As músicas já estão nas plataformas digitais e gravamos também o especial da Rede Globo, exibido no final do ano passado. Mas muita coisa boa ainda está por vir”, adiantam Chitãozinho e Xororó. “Celebrar a amizade é muito importante e conseguir reviver todas as lembranças boas é muito bom. Esse sentimento de nostalgia é o mais emocionante para nós”, completam. Leonardo reforça: ”Sabe, até hoje, quando entramos no palco meu coração dispara, nem acredito naquele imenso público, no carinho enorme! Cada show é emocionante demais!”

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| Instrumental

Por Belinha Almendra

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ascido em Passo Fundo em 1980, o violonista e compositor Yamandu Costa é um dos maiores talentos do violão brasileiro de todos os tempos. Aos 7 anos começou a estudar com o pai, Algacir Costa, violonista, trompetista, professor de música e líder do grupo “Os Fronteiriços”. Sozinho no palco, com seu violão 7 cordas, ou ao lado das mais renomadas orquestras e regentes internacionais, Yamandu é capaz de emocionar e eletrizar plateias com as versões que recria, à sua maneira, para os mais diferentes gêneros musicais: clássico, milonga, chamamé, folk, tango, choro, bossa nova, jazz e temas do nosso cancioneiro popular. Colecionador de prêmios no Brasil e no exterior, em pouco mais de 20 anos de carreira, Yamandu Costa é, na atualidade, o músico brasileiro que mais se apresenta no exterior, cruzando América do Sul, América do Norte, Europa, África, Ásia e Oceania. Já contabiliza 27 projetos lançados, como solista ou ao lado de instrumentistas como Dominguinhos, Paulo Moura e Rogério Caetano. Há cerca de dois meses residindo com a família em Lisboa, Yamandu conversou com a Revista Abramus sobre suas influências musicais, seus próximos projetos e muito mais.

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O caminho dos sons de Yamandu Costa Numa região onde o acordeom é rei, como é que o violão entrou na sua vida? Foi por intermédio do meu pai, que também tocava acordeom. Ele era um multi-instrumentista apaixonado pelas diversas maneiras de fazer música. Trabalhava com a música regional gaúcha, mas também gostava de ouvir jazz, música clássica, tinha a cabeça bastante aberta. Então meu primeiro contato foi através do respeito que ele tinha pelo instrumento, porque não deixava as crianças se aproximarem do violão. Era uma coisa meio mística para mim, aquele instrumento que ele usava para se acompanhar em canções. Mas também tocava temas para solistas, como “Odeon”, do Ernesto Nazareth. Quando ele saía de casa, eu raptava o violão que ele deixava escondido em cima do armário para descobrir o que havia de tão especial naquele instrumento. Eu tinha sete anos quando fui me apaixonando, e assim que ele percebeu que eu gostava mesmo, arranjou um instrumento para mim.

Quem lhe influenciou, quem são os seus ídolos no violão? Há um violonista argentino que se chama Lucio Yanel que é muito importante para mim, tive a sorte de tê-lo em minha casa, pois era amigo de meu pai. Quando ele chegou no Brasil pela primeira vez, eu ainda era um bebê, tinha quatro anos de idade. Ele até hoje é a minha grande inspiração, meu grande mestre, o primeiro disco que gravei foi com ele. Muito mais tarde, quando eu já tinha treze ou quatorze anos, é que chegou o violão brasileiro: comecei a ouvir Baden Powell, Rafael Rabello, expandindo para Paco de Lucía, depois o jazz francês, o Django, década de 1930, 1940. Na guitarra, temos o George Benson, além de muitos violonistas argentinos, como Mi Salinas, Juan Falú. De todas maneiras, a gente não deixa de ser um concentrado de influências, de coisas que a gente ouviu, que a gente gosta, e que tenta reproduzir. Isso em violão, porque em composição eu adoro Astor Piazzolla, Tom Jobim, Radamés Gnatalli.

E a sua formação musical, você foi autodidata ou estudou música formalmente? Autodidata, dentro de uma família de músicos. Meu pai era um cara que tinha uma formação razoavelmente boa, mas era um músico popular. Eu fiz questão de ter esta formação popular, nunca gostei muito da parte teórica, nunca tive paciência para estudar teoria e solfejo. Estudei um pouco com ele, quando era pequeno: ele me obrigava a entender um pouco desta linguagem, mas eu não gostava, preferia mesmo a prática, pelo resultado imediato. Enfim, coisas que hoje me fazem falta, quando tenho que escrever uma peça para uma orquestra, ou uma formação maior, tenho que pedir a ajuda de alguém, não consigo realizar sozinho certas construções. Mas eu consegui me desenvolver sozinho, pois penso que esta forma de aprender “mexendo” traz alguma coisa de original.

Você compõe muito para violão: nunca pensou em ter um parceiro letrista? O penúltimo disco que eu lancei, “Vento Sul” (2019), reúne canções em parceria com Paulo Cesar Pinheiro, esse grande poeta. São canções profundas, que eu fiz questão de registrar. Mas foi uma experiência apenas, eu não tenho intenção de mudar o meu caminho de instrumentista. Acho que as pessoas às vezes não percebem que a linguagem universal é mesmo a música, a palavra acaba limitando. Eu tenho uma carreira internacional e tenho que acabar seguindo mesmo o caminho dos sons. Eu prefiro continuar vivendo dentro da minha viola...

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Você hoje mora em Portugal, como tem sido a adaptação em um novo país? Encontra mate para fazer chimarrão? Há várias lojas brasileiras em Lisboa, a erva-mate não falta! (risos). Esta mudança foi toda planejada. Estamos há apenas dois meses, minha esposa e meus dois filhos (7 e 8 anos), mas estamos nos adaptando e adorando. É um lugar muito bem localizado, posso ir para a América do Norte ou Ásia com mais facilidade, economizo aí doze horas de viagem, em média. Na semana que vem, por exemplo, tenho um concerto em Bordeaux, na França: pego um avião, vou direto e no outro dia estou de volta, em casa. Na semana seguinte semana será em Moscou, um voo direto de quatro horas. A minha mudança para cá tem muito a ver com isso. Em quais projetos você está trabalhando no momento? Com todo o desenvolvimento das mídias digitais e a necessidade de se gerar conteúdo, não tem mais como você parar de produzir. Ainda estão chegando alguns equipamentos para o estúdio que construí por aqui, e assim que estiver tudo pronto, retornaremos às gravações para seguir alimentando as plataformas. Já há alguns discos prontos para serem lançados, um deles muito especial, chamado “Festejo”, um álbum que homenageia a cultura caribenha. Há um outro com o Bebê Kramer, o grande acordeonista gaúcho. E outros ainda que já gravei há muito tempo com músicos argentinos e o Luiz Carlos Borges, que se chama “Cosas de Hermanos”. Eu também criei alguns programas dentro do meu canal Youtube (www.youtube.com/yamandutube), “As Histórias do Violão”, são mini-docs registrados nos lugares por onde eu passo: Colômbia, Japão, Argentina, Uruguai. Tem também uma outra série, chamada ‘Visita Boa”, onde recebi amigos que tocam. Quais os conselhos que você daria a um jovem que começa hoje no violão? Eu acho que a música ainda é muito mal compreendida. Quando as pessoas sentem essa empatia, essa paixão pela música, muitas vezes elas se equivocam, pensam nisso como uma profissão, somente uma profissão. A música é muito mais do que isso, acho que as pessoas deviam fazer música como um tipo de terapia. Entender a parte emocional que a música pode gerar na gente. Independentemente de você criar uma carreira e ganhar dinheiro com isso, ter a música como uma ferramenta de amizade, de convívio, de saúde mental, de aproximação, comunhão entre as pessoas. Hoje em dia quando eu fico uma semana sem tocar com os amigos já me dá uma coceira, porque isto faz muito bem para a minha saúde.

Foto: Rodrigo Lopes

O violão expressa a mais verdadeira e profunda alma brasileira? O violão não deixa de ser o instrumento nacional. Na América Latina, de uma maneira geral, ele chegou junto com o colonizador. E não deixa de ser a muleta da poesia, o instrumento portátil que se acomoda num luau e numa sala de concerto, extremamente híbrido, que se acultura muito e tão facilmente a tantas coisas diversas. Eu acho que o violão brasileiro já tem um lugar muito claro no mundo, depois da contribuição de João Gilberto, a grande contribuição de Baden Powell, cada vez mais as pessoas ficam tocadas por esta manifestação que reflete o sentimento da música brasileira.

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– os prejuízos da MP 907/19 Por Mariana Mello

D Foto: Marcus Kuhl

e acordo com o art. 68, § 2º da Lei nº 9.610/98, existe execução pública de obras literárias, artísticas e científicas protegidas quando forem utilizadas em locais de frequência coletiva. Tais locais são exemplificados no parágrafo seguinte, em que o legislador incluiu explicitamente hotéis, motéis e embarcações. Todos esses locais são pagadores de direitos autorais e conexos das músicas que ali são executadas.

Dra. Mariana Mello é sócia da Mello Advogados Associados. É graduada em Ciências Jurídicas e bacharel em letras (Português e Francês) pela Universidade de São paulo (USP).

Ocorre que, no ano de 2019, foi promulgada a Medida Provisória nº 907 que, sob a escusa de promover o turismo em território nacional, extinguiu a cobrança dos direitos autorais de execução pública musical ocorridas em quartos de hotéis e cabines de embarcações aquaviárias como mecanismo para fomentar o desenvolvimento do turismo. Para tanto, modificou a redação do parágrafo 3º do art. 68 da Lei Autoral e inseriu o parágrafo 9º, suprimindo os constitucionais direitos dos autores de obras executadas nos quartos e cabines – espaços que, evidentemente, são de acesso público e de frequência coletiva. O argumento da indústria hoteleira, responsável pelo lobby que levou à modificação legislativa, pretende considerar o quarto de hotel como extensão do lar. A discussão não é nova. Pelo contrário, já foi ampla e reiteradamente debatida pelo Poder Judiciário, que, entretanto, sempre considerou os quartos de hotéis e similares como espaços de frequência coletiva, ainda que de utilização individual. Afinal, além de estabelecimentos comerciais, que cobram por todo o serviço ofertado a seus hóspedes, são espaços de ocupação volátil, já que nenhum hóspede (o nome já diz) reside no hotel.

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tamanho da cama, tipo de lençóis, produtos de higiene e outros, dentre os quais a existência de internet, aparelhos de som e TV e quantidade de canais acessíveis. Ora, não há dúvida de que o estabelecimento paga por tudo isso, não havendo nenhum motivo razoável para não pagar pelas obras e fonogramas que fazem com que a estadia de seu hóspede seja mais confortável e

um direito fundamental, e a todos os Tratados Internacionais da área assinados pelo Brasil. Para além, esse mesquinho subterfúgio faz avizinhar pleitos análogos de outros setores, abrindo portas para um possível enorme prejuízo da gestão coletiva brasileira, tão efetiva na distribuição dos direitos autorais e conexos a seus titulares. Seguindo seu compromisso histórico e inarredável com o Direito Autoral e em fiel cumprimento de sua missão de proteger os interesses da classe artística, A Abramus vem atuando na linha de frente contra a Medida Provisória 907/2019, sendo inclusive amicus curiae (pessoa que atua em auxílio a uma das partes em uma ação judicial) na Ação Direta de Inconstitucionalidade, promovida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (ADI 6295).

A permanência dos hóspedes tem natureza transitória e, portanto, não pode ser comparada com a casa das pessoas, onde a relação do indivíduo com o espaço é personalizada e íntima, moldada à sua identidade. Um quarto de hotel, ao contrário, é desenhado para ser anonimizado e, assim, receber o maior número de pessoas em sequência. Se presta, portanto, a receber diversas pessoas que pagam por um espaço que apenas tenta parecer com um quarto de casa – mas que não é. Não é domicílio nem residência nos termos da nossa lei civil (arts. 70 e 71 do Código Civil), não cabendo esse alargamento de conceito para prejudicar terceiros. É importante lembrar que o preço da diária se faz com base em tudo quanto é disponibilizado aos clientes:

economicamente atrativa. Deixar de pagar pelas obras e fonogramas executados significa agregar valor ao seu produto sem remunerar os seu criadores, caracterizando enriquecimento ilícito por parte dos estabelecimentos. Por esses motivos, o Ecad sempre foi respaldado pelo Poder Judiciário para arrecadar o direito de execução pública desses estabelecimentos, garantindo a distribuição de valores importantes aos autores, editores, intérpretes, músicos e produtores fonográficos. A injustiça é gritante e vem apenas para garantir mais e mais lucros do setor hoteleiro em detrimento da classe artística e em flagrante atentado à Constituição Federal, que prevê o direito de autor como

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Pelo rito legislativo, a MP já tem eficácia; daí a inadimplência do setor hoteleiro e de embarcações já ser sentida no bolso dos titulares. No entanto, para ser convertida em Lei, deve ser analisada pelo Congresso Nacional. Está agora nas mãos de nossos deputados e senadores escolher entre mantê-la e depauperar os trabalhadores da Arte ou modificá-la e garantir o respeito à Constitução, à Lei e ao mercado musical brasileiro. Representando os mais de 70 mil Associados, a Abramus participou de diversas reuniões e eventos contra a MP907, ou seja, a favor da manutenção da cobrança de Direitos Autorais em hotéis, motéis e embarcações. Veja alguns desses encontros:


Duas audiências importantíssimas ocorreram em Janeiro para se tratar os assuntos pertinentes às Ações Diretas de Inconstitucionalidades protocoladas contra a MP907. A primeira delas (no dia 09) com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Dias Toffoli. A segunda (no dia 28) com o Ministro Luiz Fux, também do Supremo Tribunal Federal.

No dia 09 de março, um show aconteceu no Clube do Choro em Brasília com a participação diversos artistas, autoridades, Ecad e Associações. Entre diversas apresentações, destacamos o duo do nosso Presidente Roberto Menescal e Danilo Caymmi.

Foto: Junior Soares

Também no mesmo mês aconteceu uma reunião com a participação de representantes da classe artística, Ecad, Abramus e demais associações no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, afim de buscar apoio contra a Medida Provisória. A recepção ficou a cargo do Presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, e por integrantes da mesa diretora da Ordem.

Na primeira semana de março (dia 03/03) decorreu-se uma audiência concedida pelo presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia. Na ocasião, estavam presentes, além de representantes da Abramus e outras Associações, a Superintendente do Ecad, Isabel Amorim.

Fotos: DR - Direitos Reservados

Em Dezembro do ano passado, o Conselho de Associados, em reunião aberta, liderados por Luiz Ayrão e Juca Novaes, respectivamente Presidente e Secretário do Conselho, encabeçaram a discussão sobre os impactos da MP907 para a classe artística. A reunião contou ainda com a participação de diversos artistas, conselheiros, advogados e parceiros, além da Diretoria Executiva da Abramus.

Na primeira quinzena de fevereiro realizou-se uma audiência concedida pelo Deputado Federal Vinícius de Carvalho que contou com a presença de Ronald Menezes, Roberto Mello, Roberto Menescal, Danilo Caymmi e Vine Show.

Foto: Gilmar Gomes Ferreira

Foto: Gilmar Gomes Ferreira

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m compositor genuíno. Assim podemos decifrar a carreira de um dos grandes artistas nacionais que marcou gerações com suas canções de amor. Peninha, em entrevista exclusiva para a revista da Abramus, abre o seu coração e conta algumas de suas histórias e inspirações. Autor de centenas de composições, fala sobre os desafios e oportunidades do atual momento do mercado fonográfico e sobre seu novo projeto, Nossa História.

Compor é uma arte nobre. Dar voz e forma a sentimentos que serão interpretados por uma outra voz. Qual sentimento essa relação te desperta? Normalmente faço músicas como se fosse para mim, em meus melhores momentos, o que me traz enorme satisfação e prazer. Não é tão comum, mas também já iniciei meu processo de criação musical imaginando determinado artista interpretando essa canção. Conquistei visibilidade e sucesso cantando minha própria Obra (Sonhos). Mas foi a partir de outros renomados intérpretes que consolidei minha carreira destacando-me como autor, e assumindo assim, minha maior e real vocação. O processo criativo é muito particular e não existe uma fórmula para tal. Qual a sua inspiração? Veja bem. Essa é a nossa vida, nossa profissão. Sinceramente eu acho que se dois ou três compositores se juntarem com suas ideias, seus instrumentos e emoções, um som especial vai pintar e, certamente, boas coisas acontecerão. Eu, e isso é coisa minha, sou ligado naquelas músicas que nascem já com boa parte da letra resolvida parecendo estarem prontas, só 28

esperando um sinal para sair. Tenho a impressão que essas canções vão mais fundo, atingindo as mentes e os corações do grande público. Em geral tornam-se centenárias, agradando e conquistando várias gerações. Suas composições de maior sucesso, "Alma Gêmea" e "Sozinho", por exemplo, foram inspiradas em eventos reais e pessoais pelos quais você passou. Conte um pouco como foi a história desses dois sucessos. Alma Gêmea é uma música que nasceu com melodia e letra quase inteira. Eu não toco piano mas fiz uns acordes e a música veio praticamente finalizada. Em minhas composições sempre persigo o melhor do sentimento de Amor. Aqui não foi diferente e o resultado alcançado gerou um sentimento de muita felicidade. Em Sozinho a fonte de inspiração foi minha filha Clariana, que deixando escapar seu momento de tristeza e solidão, me passou os ingredientes necessários para compor. Quando terminei a música, fui procurar a cantora Patrícia Marques porque achei que tinha feito uma música para adolescentes, muito baseado em versos como: " E se ela de repente me ganha..." " Porque você não cola em mim?..."


Me enganei. A música não era só para adolescentes. Que bom, hein? Muitos compositores são “especializados” em determinado nicho musical. É tão interessante ver que as suas obras são interpretadas por artistas de diferentes estilos. Como é para você ver as suas composições interpretadas por grandes nomes da música brasileira, independente do estilo musical? Eu sempre tive essa coisa de surfar em todas as praias e também tive a sorte, acredito, de ter encontrado e escolhido boas referências. Por exemplo, quando ouvi no rádio ainda criança, Luis Vieira, fiquei maravilhado. Algo no jeito dele escrever me pegou para sempre. A mesma situação aconteceu em relação ao Luiz Gonzaga.

Foto: DR - Direitos Reservados

Meu pai, Seu Raimundo, cearense, era fã de carteirinha do Gonzagão. Me apresentou sua obra e me apaixonei. Depois disso encontrei no caminho Stevie Wonder e quando ouvi " All in love is Fair" quase pirei. Arrumei uma grana e comprei o LP. Foi o primeiro LP que comprei na minha vida. E foi indo assim, nessa pegada. Beatles, Bee Gees, Tim maia, Bread. Lembram? E também Dalva de Oliveira, Elis, Ângela Maria, Miltinho, Wilson Simonal, Cascatinha & Inhana. Tanta gente.... O Festival da Record e suas estrelas. Gil, Caetano, Edu Lobo... A jovem guarda e os jovens talentos. Roberto, 29


As minhas diversas influências musicais fizeram com que, enquanto autor, eu compusesse de forma mais generalista. Sem os estereótipos, entende? Acho que os artistas de diferentes estilos se sentem à vontade para gravar minhas composições por isso. Traçando um paralelo com o mercado fonográfico, a sua carreira acompanhou as grandes mudanças do cenário no Brasil, do LP às plataformas digitais. Qual o maior desafio das adaptações? Lamentavelmente não dá para ignorar a brutal mudança ocorrida no mercado Fonográfico nos últimos anos e todas as consequências, com prejuízos para autores e intérpretes, principalmente pela presença implacável da pirataria que dominou

o segmento artístico musical nacional. Me parece que este cenário fez com que as gravadoras perdessem o interesse em grandes e novos investimentos e partiram para soluções diferenciadas. Nesse sentido, houve perdas para nossa carreira e novos projetos. Por outro lado, as Plataformas Digitais nos deram e criaram possibilidades de, com autonomia, empreender, produzindo e lançando Projetos Independentes. Certamente o grande desafio atual é dominar as Plataformas Digitais, bem como as redes sociais. Com as novas ferramentas para divulgação de projetos, como as redes sociais, youtube e plataformas digitais, você acredita que o rádio e a televisão ainda são os grandes difusores de sucessos? Eu acredito que os meios de comunicação, Rádio e televisão, têm muita força na divulgação e difusão de sucessos. Agora, indiscutivelmente as novas ferramentas Digitais, como o

YouTube, as Redes Sociais e as Plataformas Digitais estão na linha de frente, e fazendo grande diferença. Quais são seus atuais ou próximos projetos? Atualmente estou me dedicando ao Projeto Nossa História que tem como propósito apresentar a trajetória da minha carreira, destacando o antes, o agora e o depois, através de amigos e canções. Nessa primeira fase desse trabalho tenho o prazer e privilégio de contar com a participação especial do amigo Daniel, que já gravou mais de 20 músicas de minha autoria, dentre elas sucessos como Adoro Amar você, Pra Falar a verdade e Vida Minha. Tocando o projeto nas fases seguintes terei outros velhos e novos amigos cantando comigo novas e velhas canções. E só aguardar que não demora... Em breve em todas as plataformas digitais.

Foto: DR - Direitos Reservados

Erasmo, Jorge Ben. Eu amo tudo isso e de alguma forma essas influências sempre me acompanharam até os dias de hoje.

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Janeiro

Fevereiro

Março

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Abril

Maio

Junho

Casas de Diversão, Casas de Festa, Música ao Vivo, Rádio, Serviços Digitais (Internet Simulcasting), Show, Sonorização Ambiental e TV aberta

Carnaval e Festas de Fim de Ano, Serviços Digitais (Streaming), Show e TV por assinatura

Cinema, Serviços Digitais (Internet Demais) e Show

Julho

Agosto

Setembro

Casas de Diversão, Casas de Festa, Música ao Vivo, Rádio, Serviços Digitais (Internet Simulcasting), Show, Sonorização Ambiental e TV aberta

Serviços Digitais (Streaming), Show e TV por assinatura

Cinema, Festa Junina e Show

Outubro

Novembro

Dezembro

Casas de Diversão, Casas de Festa, Música ao Vivo, Rádio, Serviços Digitais (Internet Simulcasting), Show, Sonorização Ambiental e TV aberta

Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Serviços Digitais (Streaming), Show e TV por assinatura

Cinema, Extra de Rádio, Extra Show, Serviços Digitais (Internet Demais) e Show


Foto: DR - DIreitos Reservados

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