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No reino dos papagaios

Reforma tributária, controle dos gastos públicos, retomada de investimentos, sustentabilidade social, ambiental e econômica são desafios imediatos.

Dizem aqueles que navegam na política que é no primeiro ou, no máximo, no segundo ano do mandato que um governo democrático trabalha arduamente para que seja aprovado seu plano de gestão pública.

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Depois, o “toma lá dá cá” e o desgaste natural tornam tudo complicado.

As razões são muitas: desavenças, alianças em crise quando os interesses mudam e a chegada de outro pleito, no caso do Brasil, as próximas eleições para cargos do executivo e do legislativo em 5.568 municípios, base política de partidos com estrutura e ambição nacionais.

Na lista de “desejos” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca, até então sem muito sucesso, viabilizar o seu plano de governo, temos: arcabouço fiscal, conjunto de regras fiscais para controlar os gastos públicos; reforma tributária, para reduzir a tributação do consumo; retomada de investimentos governamentais em infraestrutura e reindustrialização nacional; e compromisso com a sustentabilidade social, ambiental, econômica e com o enfrentamento das mudanças climáticas.

Sobre o arcabouço fiscal, muitos economistas, políticos, banqueiros e empresários julgam se tratar de uma armadilha perigosa, que o governo criou e na qual mergulhou, de cabeça. Vamos precisar, em breve, de aumento de arrecadação. É apenas questão de tempo. Não tenho nenhuma simpatia pelo modelo do “teto de gastos”, e isso me coloca, reconheço, numa posição em conflito. Na dúvida, torço para que tudo dê certo e eu esteja, pontualmente, enganado.

A reforma tributária que pressupõe a união dos principais tributos indiretos em nível federal, estadual e municipal (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) em um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) goza de apoio do empresariado brasileiro e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), considerando, sempre, o teto de 25% no total do imposto e projetando, em médio e longo prazo, aumentar entre 12% e 20% o Produto Interno Bruto (PIB) num período de 10 a 15 anos. Desafios, privações e muito trabalho. É o que esperamos. E acreditar, sempre. Não há milagre ou qualquer indicação da participação divina no destino do reino. Muito menos no principado dos papagaios.

João Scortecci

scortecci@gmail.com

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