ACREDITAR
PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE APOIO A PESSOAS COM CÂNCER
Edição 55 l Ano 15 l Julho, Agosto e Setembro


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Edição 55 l Ano 15 l Julho, Agosto e Setembro


Querido leitor, é com alegria que compartilhamos com você a 55ª edição do Informe Acreditar, repleta de histórias inspiradoras e informações sobre o trabalho desenvolvido pela Aapecan. Nesta edição, destacamos a Campanha “Doe Esperança, Doe Vidas”, que busca incentivar a comunidade gaúcha a apoiar a Aapecan por meio de doações. Além disso, apresentamos as diversas formas de contribuir com a entidade e reforçamos a importância de atender à ligação da nossa equipe de Captação de Recursos, que entra em contato com as residências solicitando apoio. Trazemos também relatos emocionantes de usuários que recebem auxílio da Aapecan durante o tratamento oncológico.
A foto da capa da edição 55ª do Informe Acreditar tem os créditos de Juniko Bondan e Nessa Milesí
O registro do abraço entre a assisteste social Andressa Moreira de Oliveira e a usuária Chavete Rodrigues do Amaral, de 76 anos, foi realizada em Santa Maria em um momento de muito acolhimento e afeto no atendimento que a entidade proporciona aos seus usuários.
Nas páginas regionais, mostramos um pouco mais da rotina de cada Unidade, com exemplos de como o trabalho em prol dos usuários cadastrados é desenvolvido, sempre com muitas histórias que comprovam o acolhimento, o apoio e a assistência oferecidos às pessoas com câncer e suas famílias. Na contracapa, você confere uma matéria especial sobre a abertura da agenda de palestras da Aapecan, que busca levar conhecimento, aprendizado e conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do Câncer em todas as idades. Convidamos você a se juntar a nós nessa leitura e também na missão da Aapecan de ajudar tantas pessoas. Boa leitura!

Informe Acreditar
Informativo da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) - fundada em 5/03/2005
Presidente: Marli Francisca Larandi
Periodicidade: Trimestral
Distribuição: Gratuita
Tiragem: 84 mil exemplares
Impressão: Zero Hora
Supervisoras do Informe: Fernanda Aver
Pupe e Fabiana Salvator
Textos e fotos estaduais: Assessoria de Comunicação (Ascom) da Aapecan
Textos regionais:
Bagé, Camaquã, Pelotas e Rio Grande: Michel Burkert e Luana de Almeida
Medeiros; Bento Gonçalves: Daniela
Sgorla; Caxias do Sul e Lagoa Vermelha: Karoline da Costa; Ijuí e Santa Rosa: Susana Antunes; Lajeado e Santa Cruz do Sul: Lusardo Ramos Júnior; Passo
Fundo: Marcelo Albuquerque; Porto
Alegre: Lucas Zanella; e Santa Maria e Uruguaiana: Deivid Pazatto e Stephanie Oliveira
Diagramação e edição: Fabiana Salvator
Acesse: www.aapecan.com.br
Somos a Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan), uma Organização da Sociedade Civil (OSC) sem fins lucrativos, presente há 20 anos no Rio Grande do Sul. Com 15 Unidades no Estado, nossa história iniciou em 2005, em Caxias do Sul, quando um grupo de voluntários, que realizava atividades para a comunidade - visitando hospitais, bairros e associações beneficentes - identificou as dificuldades que as pessoas com Câncer enfrentavam para ter suas necessidades básicas atendidas. Demandas assistenciais e, principalmente, emocional, faziam com que muitos pacientes optassem por desistir do tratamento oncológico. Com essa realidade, a ins-
tituição surge com a missão de amparar, orientar e integrar as pessoas com Câncer e seus familiares, que se encontram em situação de vulnerabilidade pessoal e social. A instituição se mantém com a ajuda de doações da comunidade, oferecendo assim diferentes benefícios de forma gratuita, conforme avaliação socioeconômica por meio do Serviço Social. A Associação possui Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) em portaria (n°127). O Cebas é concedido pelo Ministério de Desenvolvimento Social a entidades ou organizações da sociedade civil que prestam atendimento nas áreas de saúde, educação e assistência social de forma beneficente.
Você sabia que é preciso seguir alguns passos para doar o seu cabelo?

Doar cabelo é um ato de solidariedade que pode impactar positivamente a autoestima de pessoas em tratamento contra o Câncer. Para que a doação seja eficaz na confecção de perucas, é fundamental seguir cuidados específicos. Os fios devem estar limpos e secos; cabelos molhados podem mofar. É importante separar as mechas e prendê-las com elásticos comuns, evitando borrachas de
dinheiro que podem danificá-las. Após o corte, as mechas devem ser embaladas individualmente em sacos plásticos limpos e bem fechados para proteção. A mecha de cabelo precisa ter em média 20cm de comprimento para doação. Ao seguir essas orientações, você assegura que sua doação chegue em boas condições, trazendo esperança a quem precisa. Doe e faça a diferença!
Em 20 anos de atividade a Aapecan alcançou a expressiva marca de 31 mil famílias cadastradas em todo o Rio Grande do Sul. Ajudar tantas pessoas só foi, e ainda é possível, pelo apoio e solidariedade do povo gaúcho, que mantém a instituição de portas abertas através das doações. As contribuições, sejam financeiras ou de gêneros, é que permitem que a associação seja literalmente um suporte a quem passa pelo tratamento oncológico, oferecendo acompanhamento social, apoio psicológico, jurídico e benefícios como dietas e suplementos alimentares, além de oficinas de artesanato, aulas de pilates, sessões de reiki e muito outros serviços, tudo de forma gratuita.
Passando por um período de instabilidade financeira, no mês de junho a Aapecan deu início a campanha “Doe Esperança, Doe Vida!”. Reforçando a importância da doação para o trabalho desenvolvido, bem como as formas oficiais de colaborar. Com a queda na arrecadação das 15 unidades, a associação busca mais uma vez o apoio da população, para manter a excelência do
Ouvir também é um
A maior parte dos recursos que mantêm os serviços da Aapecan em todo o Rio Grande do Sul vem das contribuições da comunidade. Por isso, ler as mensagens enviadas pelo WhatsApp e ouvir até o fim as ligações do setor de Captação de Recursos faz toda a diferença. “Ouvir a ligação e ler as mensagens são essenciais. É nesse momento que

trabalho, sem ter que diminuir os benefícios oportunizados aos acolhidos. Com objetivo de sublinhar a relevância do apoio da comunidade, perguntamos aos usuários o ponto central de toda essa engrenagem, porque é importante ajudar a Aapecan? “É uma doação para os usuários da casa! É uma instituição séria que realmente nos ajuda”, destacou a usuária da unidade Pelotas, Marcia Coelho, de 50 anos.
Há quase dois anos frequentando a Aapecan, ela está sempre acompanhada da filha de 10 anos. Chegou na entidade bus-
cando apoio jurídico, hoje participa ativamente das oficinas de artesanato e fio de malha e também faz acompanhamento psicológico. Emocionada, ela falou sobre a importância da Associação nesse momento. “O que eu precisar da Aapecan eu sei que eu tenho, fui muito bem acolhida por todos, eu e minha filha”
Quando conversou conosco, Márcia estava em período bem intenso de tratamento e mesmo assim fez questão de participar das atividades. “Mesmo quando estou para baixo eu venho por-
que me sinto muito bem aqui, muito bem mesmo. Quem puder ajudar, ajude”.
São várias formas de colaborar com a causa:
O setor de Captação de Recursos é o responsável por fazer a aproximação com a comunidade. Por isso é tão importante ouvir e ler as mensagens da Instituição (ver box abaixo). São diversas formas de contribuir com a Aapecan: Doação por PIX (cada unidade tem sua chave); via site, através do link você contribui com cartão de crédito, boleto ou transferência; mensageiro, entre em contato com a unidade mais próxima e agende o dia e local para coletarmos sua doação. Também é possível fazer sua doação presencial direto na unidade. Todos os processos são seguros e transparentes com emissão de recibo.
A Instituição também aceita doação de alimentos, roupas, fraldas, dietas, suplementos alimentares entre outros itens que irão beneficiar diretamente os usuários.
explicamos o que estamos buscando, pode ser uma doação para garantir uma medicação, uma alimentação ou um serviço fundamental para alguém em tratamento”, destaca Bruna Sousa, coordenadora do setor de Captação de Recursos da unidade de Pelotas.
Ela reforça que é fundamental salvar os números oficiais de WhatsApp da instituição para evitar bloqueios e tam-
bém prevenir situações com possíveis fraudes. A atenção aos contatos vale tanto para quem já contribui quanto para quem ainda não doou. “Em 90 segundos de escuta, você pode transformar a vida de alguém”, conclui Bruna. Por segurança, a Aapecan orienta que todas as doações sejam realizadas apenas por meios oficiais. Antes de concluir qualquer transação, confira sempre

os dados da unidade da Aapecan à qual deseja contribuir, verificando o nome da unidade e o seu respectivo CNPJ.
No ano que completa duas décadas de apoio a pessoas em tratamento oncológico, a Aapecan recebeu mais uma homenagem de reconhecimento ao trabalho que nesse período beneficiou mais de 31 mil pessoas em todo Estado. Em maio a Câmara Municipal de Bagé realizou Sessão Solene para destacar a trajetória da Instituição. A iniciativa partiu da presidente do Legislativo bageense, vereadora Andrea Gallina, e reuniu além da equipe, usuários da associação. Foi uma noite fria lá fora, mas quente dentro da ‘Casa do Povo’ em uma solenidade repleta de amor e carinho. Antes do protocolo a usuária, Carmen Lucia Medeiros (59), falou sobre a importância do apoio da Aapecan no decorrer do tratamento oncológico.
“Esse apoio é tudo! Somos acolhidos desde que entramos na porta, é inexplicável o carinho, o amor que recebemos de toda equipe da Aapecan, faz toda a diferença!”, destacou.
“Temos grupos, oficinas, trocamos ideias, nos divertimos muito e damos risadas, isso nos dá força para seguir em frente. Só tenho a agradecer não apenas a equipe de Bagé, mas de todas as Aapecans”, concluiu.
Muito bem organizada, a solenidade teve um toque especial, com a participação da psicóloga da unidade Bagé, Lorena Vieira, que ao lado do amigo, músico, Gilmar “Pastel”, interpretou lindamente o hino da Aapecan e também alegrou o momento com outras músicas, conforme o protocolo. O vídeo institucional dos 20 anos foi reproduzido, assim como uma mensa-

gem de congratulações, enviado pelo deputado Afonso Hamm. “Não poderia deixar de prestar esta homenagem, é um trabalho tão bonito, pois vocês dedicam o tempo de vocês a cuidar de outras pessoas que estão em um momento da vida delicado e precisam de uma atividade física, de apoio jurídico, mas precisam ainda mais de carinho, de um abraço, de alguém que lhes
estenda a mão, e encontram isso na Aapecan”, destacou a parlamentar proponente. Após as falas, o coordenador da Metade Sul, Fabiano Gerbaudo, representando a direção da Instituição, recebeu uma placa destacando a data. Os profissionais da equipe técnica e voluntários da unidade Bagé também receberam reconhecimento com a entrega de um diploma.
Um segundo lar, um espaço de acolhimento e carinho com objetivo de se aproximar ao máximo de um ambiente familiar oferecendo mais qualidade de vida para quem passa pelo tratamento oncológico. Assim podemos traduzir o que é a Casa de Apoio da Aapecan. São 11 em todo Estado, mas em breve serão 12, pois a unidade Bagé está com a construção bem adiantada, com previsão de entrega para ainda este ano. O serviço de acolhimento institucional provisório (Casa de Apoio), disponibiliza a pessoa em tratamento oncológico e seu acompanhante, um local adequado durante o período de cuidados longe de sua casa e familiares.
Além de uma cama confortável e toda estrutura para descanso e higiene, o usuário tem acesso as refeições e traslado para o local de exames. Durante visita a construção perguntamos aos usuários a importância deste novo espaço:
“Essa casa vai ser o “lar” de todas as pessoas que estão passando pelo processo do Câncer!”, destacou a Carmen Lucia de Almeida Medeiros de 59 anos, natural de Bagé. Há quatro anos participando da Aapecan, ela acompanhou de perto a obra sair do papel. “É um sentimento de mãe, que acompanha as fases do filho. A Aapecan está crescendo, vai nos trazer cada vez coi-




sas melhores e essa obra vai ser muito mais que uma casa”, falou emocionada. Sentimento compartilhado por seu Geraldo Medeiros Quintana, de 72 anos, a pouco
mais de um ano na Associação. “É uma obra fantástica, que vai melhorar o amparo as pessoas que vem de fora e tem problemas onde ficar e se alimentar”, comemora o bageense.
Pelotas
As terças-feiras começam diferentes na sede da Aapecan em Pelotas. Logo cedo, antes mesmo do início das atividades, já é possível ver a movimentação na sala da oficina de artesanato. É lá que voluntárias chegam com disposição e carinho para preparar o espaço, organizar materiais e receber com afeto o grupo de usuárias da Aapecan. Entre elas, está Maria Aparecida de Lima, de 71 anos, ou simplesmente Cida, como é carinhosamente conhecida por todos.
Voluntária há mais de 17 anos, Cida é a referência da oficina.
“Eu não guardo o que aprendi só para mim. Eu passo adiante. Vir aqui é como ir à missa aos domingos. É missão, não é trabalho”, afirma. Com essa convicção, conduz semanalmente a oficina como espaço de diálogo, escuta, expressão e solidariedade.
Batizada de As Cinco Marias, a oficina é multifuncional. Com técnicas em feltro, bordado, crochê e costura, reúne pessoas de




diferentes idades, entre 10 e 87 anos, com um objetivo comum: aprender, partilhar e contribuir.
Os trabalhos produzidos são vendidos e o valor arrecadado é investido na compra de novos materiais.
“A Aapecan nos doa o espaço e a alimentação. Então, nada mais justo do que batalharmos pelo nosso material”, explica Cida, orgulhosa da autonomia do grupo.
Ao seu lado, está dona Eva Dias, de 87 anos, voluntária há cerca de 14 anos. Ela conheceu a Aapecan quando o marido, em tratamento oncológico, recebeu apoio da instituição.
Desde então, criou laços profundos com o espaço e com as pessoas que ali encontrou.
“Quer me ver feliz? É o dia que eu digo ‘hoje vou para a Aapecan’. Aqui é onde me sinto bem, é minha irmandade”, conta, emocionada. Parceira fiel, Eva auxilia nas atividades e cuida com atenção das participantes.
Para além do artesanato, a oficina representa um espaço terapêutico, onde vínculos são fortalecidos, a autoestima é resgatada e o cuidado mútuo se manifesta nos pequenos gestos. “A gente começa o dia com oração, agradecendo a Deus pelo alimento, pela vida e pela oportunidade de estar aqui. Cada uma se sente parte dessa família”, relata Cida. São esses laços que definem o trabalho voluntário na Aapecan. Com afeto e dedicação, os voluntários constroem uma rede de apoio que vai além da arte, promovendo pertencimento. Há 20 anos, a instituição oferece acolhimento gratuito e humanizado a pessoas em tratamento oncológico, com serviços que incluem hospedagem, alimentação, apoio psicológico, jurídico e atividades integrativas, tudo baseado no respeito, empatia e amor ao próximo.
O voluntariado é peça-chave nessa rede São pessoas como Cida e Eva que, com gestos simples e profundos, fazem a diferença na vida de quem precisa. “Não é só ensinar, é aprender. A gente aprende muito aqui”, diz Cida, com a sabedoria de quem sabe que doar tempo, afeto e escuta também transforma.
Na Aapecan Pelotas, o cuidado com os usuários vai além dos atendimentos e serviços de acolhimento. A atenção também está no prato. Diariamente, a equipe da cozinha, com orientação da nutricionista, prepara refeições que contribuem para a saúde e o bem-estar de quem passa pela unidade.
“A comida aqui é maravilhosa, feita com muito capricho. É bem temperada e saudável”, afirma Tânia Maria Borck, de 55 anos, que frequenta a unidade desde 2014, quando iniciou o tratamento
contra o Câncer de mama. Ela participa das oficinas de artesanato e informática e costuma almoçar na Aapecan às terças ou durante eventos.
“As cozinheiras são nota 10, e a comida é deliciosa”, ressalta. A nutricionista Jacqueline Dutra explica que o cardápio é planejado semanalmente, considerando a temperatura, os alimentos em estoque e os mais perecíveis, sempre priorizando preparações equilibradas, com alimentos in natura e minimamente processados. Usu-
ários com restrições alimentares também recebem atenção especial, com adaptações conforme suas necessidades.
As refeições são feitas no dia, seguindo critérios de segurança e qualidade. “Estamos sempre atentos às datas de validade, armazenamento e preparo", enfatiza Jacqueline. Como também são distribuídos kits alimentares aos usuários que necessitam, as doações mais necessárias são alimentos não perecíveis e saudáveis, que realmente contribuem para uma boa alimen-

tação durante o tratamento. Com simplicidade e muito sabor, a Aapecan transforma a alimentação em um gesto de amor, acolhimento e cuidado.
AAapecan é uma Organização da Sociedade Civil (OSC), sem fins lucrativos, que há mais de 20 anos oferece apoio integral e gratuito a pessoas em tratamento oncológico. Entre os serviços oferecidos, os grupos de apoio psicológico se destacam como espaços seguros e fundamentais para o acolhimento e a troca de experiências.
Na unidade de Rio Grande, os encontros ocorrem semanalmente, nas quartas-feiras à tarde, reunindo usuários em diferentes fases do tratamento. A psicóloga Isabella Heemann é a responsável pela mediação e destaca a importância do grupo.
“É um espaço de acolhimento, escuta e troca. Os participantes compartilham vivências e sentimentos relacionados ao enfrentamento do Câncer. Estar ao lado de quem entende, de verdade, o que você está passando
Artigo de opinião:




faz toda a diferença”, afirma.
Segundo Isabella, o ambiente respeita o tempo de cada pessoa, sem exigências.
“Alguns preferem iniciar com atendimento individual antes de se sentirem prontos para o coletivo. Outros já se sentem confortáveis e optam diretamente pelo grupo”, complementa. A confidencialidade é premissa central, garantindo liberda-
de para que todos se expressem sem medo de julgamento.
Thaise Camargo, de 37 anos, é usuária da unidade desde janeiro de 2023 e participa ativamente do grupo. Ela conta que encontrou na Aapecan um dos pilares para enfrentar o Câncer.
“Desde que comecei a frequentar o grupo, me senti acolhida e muito amparada pela Isa, pelas usuárias e voluntárias. Estava cheia de
Paliar é cuidar: repensando os cuidados paliativos
A palavra paliativo vem do latim pallium, que significa manto/proteção. Aqui no Sul sabemos bem o que é ser coberto por um pala: ele não leva o frio embora, mas oferece calor, conforto e abrigo. E essa é exatamente a essência dos cuidados paliativos: proteger, aliviar e estar junto, mesmo quando talvez não seja possível curar. Ainda hoje, muitos equívocos rondam o entendimento sobre o que são os cuidados paliativos. É comum que se associe essa abordagem apenas à fase final da vida, como se significasse que não
há mais nada a ser feito. Mas essa é uma visão limitada, que não faz jus ao real propósito dessa forma de cuidar. Uma condição de saúde que demanda cuidados paliativos é aquela que exige atenção contínua, por ser uma doença que não tem cura. Isso, porém, não significa que a pessoa está morrendo. Significa apenas que ela precisa de um olhar mais amplo, centrado na qualidade de vida e no cuidado em todas as suas dimensões. Doenças crônicas como o diabetes, por exemplo, podem ser consideradas dentro do espectro paliativo e, ainda assim, são
compatíveis com uma vida longa, ativa e cheia de significado. Da mesma forma, receber o diagnóstico de câncer não significa, automaticamente, estar em cuidados paliativos. Mas isso também não impede que a pessoa se beneficie da escuta atenta, do alívio de sintomas, do acolhimento emocional e da presença constante que essa abordagem oferece. Quanto antes esse cuidado integral for iniciado, melhores são as chances de promover bem-estar físico, emocional, social e espiritual, como também fortalecer o protagonismo da própria pessoa diante
medos e dúvidas. A Aapecan é muito mais que uma instituição de apoio, é uma família. É para a vida”, compartilha. Com o tempo, os benefícios emocionais se tornam visíveis. Participantes que chegam fragilizados passam a se sentir fortalecidos e pertencentes.
“Quando alguém compartilha um medo e outro diz ‘eu também me senti assim’, isso valida, acolhe e transforma. As pessoas se apoiam e aprendem juntas. Vejo muitos vínculos sendo criados, que se tornam amizades e redes de apoio além dos encontros”, destaca Isabella. Presentes nas 15 unidades da Aapecan no Rio Grande do Sul, os grupos de apoio seguem como estratégia valiosa no cuidado integral. Diante da dor e da incerteza do diagnóstico, esses espaços acolhem, fortalecem e mostram que ninguém precisa enfrentar essa jornada sozinho.
do processo de adoecimento. Cuidar de forma paliativa é aliviar a dor, mas também é respeitar o tempo do outro, acolher sua história, sustentar suas escolhas e oferecer dignidade. Não se trata apenas de intervenções técnicas, mas de presença humana, afeto e vínculo. E quando se compreende isso, percebe-se que sempre há o que fazer. Talvez não para curar, mas certamente para cuidar da dor, do medo, das relações e do tempo que ainda existe.
Isabella Maciel Heemann CRP 07/27998 Psicóloga Aapecan Rio Grande
As oficinas promovidas pela Aapecan são um dos pontos fortes da unidade Camaquã, sendo valiosa complementação ao tratamento oncológico. A cada encontro e novas técnicas aprendidas, as peças, produzidas com muito carinho pelas usuárias, ganham novos detalhes e requinte. O trabalho chama atenção de quem visita a Instituição pela beleza e perfeição dos produtos, e está ganhando as ruas da cidade através da Feira de Artesanato organizada pela equipe, voluntárias e participantes. Esse ano já foram três feiras (até o fechamento desta edição), a primeira delas em um ponto central da cidade, a conhecida “esquina popular” na praça Donário Lopes, e as outras duas na sede da Instituição. A ideia surgiu a partir da vontade de expor e comercializar a produção nas feiras oficiais que acontecem no município, conta a voluntária Gelci Bartz, que ensina as técnicas de fio de malha. Com a dificuldade devido a burocracia, o grupo com o aval e apoio da equipe, decidiu

OFICINAS de geração de renda proporcionam aprendizado e geram renda para usuários.
por organizar a própria feira. “Buscamos junto ao órgão responsável a liberação para realizar a feira em ponto central da cidade, para vender não apenas os produtos das oficinas, mas também o material da Aapecan, camisetas, cuias entre outros”, conta a voluntária.
A iniciativa foi positiva, então, com objetivo de aproximar mais a comunidade da associação, o grupo optou por realizar as feiras na sede da entidade, localizada na rua Cristovâo Gomes de Andrade, 978, na mesma data do brechó mensal da unidade.
“Uma maneira de fazer a divulgação do trabalho geral que a casa oferece, para que a população de Camaquã conheça mais da Aapecan”, explica Gelci. Há três anos colaborando com a associação, ela destaca o envolvimento de suas alunas, que participam de todo o processo, da produção das peças a organização da feira, mostrando o mesmo empenho e dedicação das aulas.
As oficinas promovem o bem-estar emocional, ocupando a mente, proporcionando momentos de integração e for-
As unidades de Pelotas e Camaquã tiveram projetos aprovados pelo Fundo Social do Sicredi.
A cooperativa é parceira de longa data da Aapecan, além dos editais do fundo social, colabora também em outras atividades realizadas pela instituição em suas 15 filiais. Em Pelotas o valor aportado foi de R$ 14 mil corresponden-
te ao projeto “Lavanderia do Cuidado”, que vai possibilitar a reformulação do espaço de lavanderia da Casa de Apoio, com aquisição de máquinas de lavar e de secar mais modernas e com capacidade maior, e mobília. Já em Camaquã a proposta “Conectando Vidas – Inclusão digitais para pessoas 50+” teve destinada o recurso de R$ 8.500 para compra de notebooks, que
tem como objetivo a realização de uma oficina para os usuários.

talecimento de vínculos, criando uma rede de apoio essencial durante um período desafiador que é o tratamento ao Câncer. Também desempenham um papel importante como complemento na geração de renda para as famílias envolvidas. Atualmente na unidade Camaquã são três as atividades disponibilizadas aos usuários e seus familiares: Culinária – Aprenda a fazer receitas deliciosas de doces e salgados de dar água na boca. Oficina quinzenal, sempre às quartas-feiras. Corte e Costura – Saiba como recuperar aquela roupa favorita ou deixar aquela peça personalizada como você gosta com diferentes técnicas. Aulas às quintas-feiras de 15 em 15 dias. Fio de Malha - Confeccione lindas bolsas, chaveiros e outros produtos. Oficina semanal, às sextas-feiras. Para mais informações entre em contato com a unidade Camaquã pelo telefone/ whatsApp (51) 3671-4455 ou faça uma visita e saiba mais sobre o trabalho realizado.

Foto: Ascom/Aapecan
Aprevenção continua sendo uma das principais aliadas na luta contra o Câncer. Pensando nisso, a Aapecan já está com o agendamento aberto para palestras informativas voltadas à conscientização e prevenção do câncer de mama e de próstata. As atividades fazem parte das campanhas anuais realizadas nos meses de outubro e novembro, porém os encontros podem ser solicitados durante todo o ano envolvendo a temática da prevenção ao Câncer. Durante as palestras, além de esclarecer dúvidas e apresentar orientações sobre a importância do diagnóstico precoce, também são compartilhadas informações sobre os serviços oferecidos pela Aapecan e sua atuação nas 15 unidades espalhadas pelo Rio Grande do Sul, que atualmente somam


de 6 mil usuários ativos. As palestras têm caráter solidário e servem como uma oportunidade para arrecadação de alimentos não perecíveis, destinados à manutenção das Casas de Apoio e à composição dos kits de alimentos, entregues mensalmente aos usuários em situação de vulnerabilidade social. Anualmente, a Aapecan distribui cerca de 5,8 mil kits e cestas, beneficiando não ape-
nas os usuários em tratamento, mas também suas famílias.
Cada quilo de alimento doado representa um gesto de solidariedade que ajuda a amenizar os impactos sociais e emocionais que o diagnóstico de Câncer pode trazer. Além de contribuir para a prevenção, as ações buscam aproximar a comunidade do trabalho social da instituição, fortalecendo a rede de apoio a quem
enfrenta o diagnóstico de Câncer. Levar informação de forma acessível, acolhedora e humana faz parte do compromisso da Aapecan com a qualidade de vida e o bem-estar dos usuários.
Como funciona para solicitar uma palestra ou uma roda de conversa: As palestras são ministradas por profissionais capacitados da equipe técnica da Aapecan, que adaptam o conteúdo e o tempo da ação conforme o perfil e as necessidades de cada público, seja em escolas, empresas, grupos comunitários ou instituições parceiras. Se você deseja receber uma palestra informativa e, além de muito aprendizado, ainda contribuir com essa causa solidária, entre em contato com a unidade da Aapecan mais próxima. Veja no quadro abaixo o endereço e telefone.
