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Antigos Alunos em Destaque
by AAACM
O que praticas? Do que mais gostas? Consta que és altamente tecnológico nas tuas bicicletas...e que gostas de cavalos…
Faço Triatlo de longa distância. O ciclismo é aquilo de que mais gosto. Desde há cerca de 3 anos. Há cerca de 6 anos cheguei a uma encruzilhada. Não tinha hábitos de vida saudáveis e estava a trabalhar em excesso. Comecei modestamente a pedalar curtas distâncias com uma bicicleta urbana muito pesada e com o único objectivo de perder peso e fazer algum exercício. Um dia tratei o dono de uma loja de bicicletas que me explicou umas coisas e me vendeu uma grande máquina que já era equipada com mudanças electrónicas! imagine-se!,.. não existiam cabos. Equipei-me também com toda a parafernália para medir os parâmetros fisiológicos e para navegação GPS. A partir de então comecei a fazer quilómetros e nunca mais parei. Já tenho duas bicicletas, uma de estrada e outra para triatlo…
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Depois alguém que trabalha comigo entusiasmou-me para começar a correr e dai ao nadar e ao triatlo foi rápido. Sempre gostei de cavalos, mas no Colégio quase que fazia parte da LAC (liga anti cavalo...)! o ensino da equitação não funcionava bem para todos. O meu pai, que é meu colega e também se dedica à lavoura, fundou há cerca de 40 anos uma coudelaria de cavalos de raça lusitana que é dirigida por um irmão meu veterinário. Sempre contactei de perto com o mundo equestre, mas nunca tive jeito para montar. Os meus filhos foram cavaleiros de obstáculos e durante cerca de 10 anos tive dois cavalos de desporto. Colaborei também muito tempo como médico com a Sociedade Hípica Portuguesa onde convivi com muitos Antigos Alunos.
Que sucessos competitivos tens tido e onde?
Os sucessos traduzem-se na finalização das provas em que participo. Tenho 54 anos e o que me interessa é o exercício em si, o bem-estar que ele produz e também o lazer e convívio que a prática desportiva me proporciona.

Já participei em várias provas de ciclismo, os conhecidos “grandfondos”, Arrábida, Évora, Santarém e outras. Para dar um exemplo de calendário desde Setembro de 2018 já fiz dois Triatlos de longa distância (Ironman 70.3 de Cascais e triatlo 70.3 de Setúbal), e com um camarada de curso, o Francisco Sancho, o Tróia – Sagres em bicicleta de estrada (demorámos cerca de 7 horas!), a meia maratona de Cascais, o Swiming Challenge de Cascais (2 Km) e preparo-me para repetir, novamente, o Ironman 70.3 de Cascais em Setembro.
E terminemos com uma “consulta médica”; falemos agora com o médico. Como é que um médico que pratica desportos violentos vê as consequências a prazo de desportos violentos (iron man)? Que fenómenos biológicos podem ocorrer?
Não há nada que se faça que não tenha consequências. O importante é que no balanço final os benefícios superem os malefícios. O corpo humano tem uma capacidade de adaptação e regeneração espantosas.
O triatlo de longa distância existe em 2 modalidades: o grande com 140,6 milhas no total da distancia percorrida e o médio com 70,3 milhas.
Este desporto curiosamente é preferido por atletas mais velhos por vários motivos entre os quais se encontram mais tempo disponível e vida mais estável. Por outro lado, a nível fisiológico verifica-se que acima dos 30 anos existe maior resiliência, a composição muscular no que respeita à percentagem de fibras lentas e rápidas começa a alterar-se e a predisposição para o exercício aeróbio de longa duração aumenta.
A chave é a motivação, quer intrínseca, quer extrínseca. Esta última vem daqueles que nos rodeiam, familiares e amigos e inclusive os das redes sociais, enquanto a primeira tem a ver com o gosto pela actividade desportiva, a competitividade e pela aquisição das competências que melhoram o desempenho. Tudo isto cresce à medida que se completam provas e se atingem objectivos o que no nosso caso constitui a recompensa.
O conhecimento biológico é muito importante porque ajuda a não cometermos erros que nos impeçam da prática desportiva até ao mais tarde possível na idade.
Conhecer os limites, treinar adequadamente, valorizar o treino de força (ginásio) como básico para este desporto e respeitar os tempos de repouso e recuperação é o que importa para que este tipo de actividade não se torne numa violência. Na verdade e se analisarmos o universo dos praticantes desta modalidade verificamos que a grande maioria é saudável e não tem doenças incapacitantes do aparelho locomotor. Os escalões etários superiores a 50 anos têm milhares de participantes e estes vão mantendo a sua participação até muito tarde e com performances muito razoáveis. Por outro lado, verifica-se que a população sedentária e com excesso de peso sofre, incomparavelmente mais, de doenças articulares por exemplo (fora as outras). Ninguém é eterno e os desportistas não têm uma longevidade especialmente aumentada em relação aos outros, mas, seguramente, a sua qualidade de vida é muito superior.
Quem, como eu, já esteve do lado do sedentarismo durante muito tempo, sabe bem a diferença!