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O Jantar do Oeste

Em 1993, Vitor Manuel de Oliveira Santos (365/1949) desafiou Luis Fernandes Bernardes dos Reis (429/62) e Fernando Faustino Roque do Vale (518/1959) a organizarem um jantar anual de Antigos Alunos na zona «Oeste». Pode-se pois atribuir ao Vitor Oliveira Santos a paternidade da ideia dos «jantares do Oeste».

A zona «Oeste» é uma entidade geográfica situada a Norte de Lisboa, de abrangência indefinida, incluindo Malveira, Mafra, Torres Vedras, Lourinhã e Peniche, quando esta última emerge dos nevoeiros matinais junto à costa e se deixa lobrigar. Nos primeiros tempos, começaram a reunir-se anualmente, grupos de 15 a 20 Antigos Alunos, quase todos de Torres Vedras e arredores, em lautas refeições, que procuraram justificar, designando-as como «jornadas de saudade» da sua Casa Mãe, o Colégio Militar. Como começou a constar que nas ditas «jornadas» se comia bem e se bebia melhor, em breve o número daqueles, que não conseguiam de outro modo satisfazer as saudades que tinham do seu Colégio, foi aumentando, começando a agregar-se ao grupo «saudosistas» das mais variadas localizações geográficas, os quais se passaram a dirigir às terras do Oeste, como que em peregrinação anual. A coisa foi aumentando de dimensão, foi-se passando de restaurante em restaurante, com uma passagem em dois anos pela adega do Carlos João Fernandes Pereira da Fonseca (277/1960), sempre em busca de um local com maior capacidade e onde o tratamento dos comensais fosse melhor. Há cerca de uma dezena de anos, em circunstâncias ainda não completamente esclarecidas, encontrou-se um local com condições logísticas adequadas ao evento, com uns anfitriões de uma amabilidade e generosidade sem limites, para aturarem anualmente, sem vacilar, várias dezenas de comilões, cada vez mais velhos, cada vez mais caturras e cada vez mais exigentes. O local da «peregrinação» é a Quinta do Castelo. Os Anfitriões são o António José de Azeredo Lopes (350/1954) e respectiva família, que, ano após ano, vão cumprindo esta sua caridosa missão (dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede), como se de uma promessa se tratasse.

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Este ano o evento ocorreu no passado dia 24 de Maio. Lá fomos guiados pelo farol da hospitalidade da família Azeredo Lopes, começando a dar-se a ocupação das posições em redor do local da contenda por volta das 7 da tarde (qualquer dia haverá gente a ir de véspera). Estava um fim de tarde agreste, com uma temperatura baixa para a época e uma forte ventania. Para amenizar a espera no exterior, os anfitriões já tinham porém preparadas umas bebidas e uns acepipes, aos quais os presentes se iam atirando, sob o pretexto que era preciso «aquecer». Os pastéis de bacalhau, as chamuças, os croquetes e os rissóis desapareciam num ápice, sendo porém imediatamente repostos por umas gentis meninas, que «não queriam que nos faltasse nada». Na realidade nada faltou e quando se avançou para o jantar, alguns já iam meio jantados. O jantar decorreu, como é usual, no grande edifício das antigas adegas, completamente preparado para receber os comensais, que se apresentaram este ano ao serviço em número record. Reunidos os comensais dentro da sala de jantar e antes que se instalasse a confusão, foi feito o agradecimento aos anfitriões, por mais uma vez abrirem as suas portas à comunidade colegial. O novo Presidente da Direcção, Filipe Soares Franco (62/1963), aproveitou a oportunidade para dirigir umas breves palavras aos presentes, em que fez questão de frisar, que embora muitos Antigos Alunos não necessitem no seu dia a dia da Associação, para viverem à sua maneira o Colégio, a Associação precisa de todos, para ser uma Associação forte, capaz de apoiar o Colégio, nos tempos difíceis que hoje se vivem. A Associação é necessária ao Colégio, hoje mais do que nunca, para que este possa preservar os valores pelos quais sempre se regeu. Antes de se iniciar o jantar, alguns na minha mesa já gabavam a sopa de peixe com que é usual começar a refeição. Posta a grande terrina da sopa sobre a mesa, constatou-se que mais uma vez teríamos sopa de peixe, sendo o perfume que emanava da terrina prometedor de algo de acordo com os pergaminhos da casa. O aroma experimentado não era enganador. Provada a primeira colherada, ficámos de imediato com a certeza que estávamos perante uma honesta sopa de peixe. Com as colheradas seguintes, a certeza reforçou-se e foi de tal ordem, que todos na mesa resolvemos avançar para uma repetição da sopa. Estava uma verdadeira delícia. Daqui enviamos os nossos parabéns à cozinheira. Foi uma sopa de deixar saudades. Á sopa seguiu-se uma boa carne de porco à portuguesa, acompanhada por umas batatinhas estaladiças quanto baste. As sobremesas foram variadas, com bolos caseiros diversos (não resisti a umas deliciosas farófias) e salada de frutas para aqueles que, mesmo em dias de festa, cuidam da sua linha. Os Anfitriões estão de parabéns, o jantar estava excelente. Todos estiveram bem dispostos, o ambiente geral foi de alegria e de boa camaradagem. Para a animação do jantar terá contribuído a excelência dos vinhos que o acompanharam. Os tintos eram da casa, ou seja, da Quinta do Castelo, enquanto que os brancos, o rosé e o moscatel eram da Quinta das Cerejeiras, oferecidos pelo Carlos João Pereira da Fonseca (277/60).

No final do animado repasto, o Pedro Júlio de Pezarat Correia (10/1943), que se constatou ser o mais antigo dos presentes, deu um enérgico ZacatraZ, sendo acompanhado, com entusiasmo, por todos os restantes Antigos Alunos. Para memória futura, apresenta-se de segui- da uma relação dos presentes nesta memorável confraternização:

Pezarat Correia (10/1943), Geraldes Freire (82/1945), Barata Correia (28/1949), Vasconcelos Caeiro (41/1949), Oliveira Santos (365/1949), Fonseca e Silva (369/1949), João Geraldes (245/1952), Caldeira Pinto (168/1953), Bernardo Ayala (171/1953), Nuno Bello (270/1953), João Ruivo (293/1954), Azeredo Lopes (350/1954), Falcão Mena (77/1955), Ayala Boaventura (339/1955), José Magalhães (409/1955), Manuel Menezes (423/1955), Mário Tavares (274/1956), Mário Conde (275/1956),

Azevedo Coutinho (391/1956), Luis Barbosa (71/1957), Esteves de Carvalho (368/1957), Carlos Biscaya (469/1958), Freire Damião (236/1959), António Tinoco (500/1959), Soeiro e Sá (506/1959), Fernando Vale (518/1959), Pedro Roriz (519/1959), Pereira da Fonseca (277/1960), João Mourão (552/1960), José Fanha (289/1961), José Restani (344/1961), Norton Brandão (400/1961), Manuel Quintino (579/1961), Gomes da Silva (586/1961), Artur Pardal (587/1961), João Carmona (589/1961), Rui Almeida (40/1962), Beleza Vaz (123/1962), José Piairo (160/1962), António Restani (206/1962), Luis Reis (429/1962), Fernando Henriques (492/1962), Cortez das Neves (594/1962), Themudo Barata (608/1962), José Pantaleão (614/1962), Francisco Fonseca

(13/1963), Soares Franco (62/1963), Feio Pereira (157/1963), Carlos Lima (340/1963), João Frade (362/1963), José Portelo (431/1963), Luis Quintino (474(1963), Manuel Esquivel (516/1963), António Reffóios (529/1963), José Leitão (153/1964), Francisco Esteves (363/1964), Luis Mesquitella (517/1964), António Coelho (94/1965), Luis Matos (165/1965), Correia de Matos (196/1965), Machado dos Santos (200/1965), Eiras Dias (393/1965), Faro Viana (463/1965), José Monroy (573/1965), António Mieiro (375/1966), Ramires Ramos (211/1968), Eduardo Marques (666/1969), Faria Fernandes (454/1970), Alberto Santos (618/1970), João Caetano (609/1973), António Alexandre (527/1974), Luis Santos (687/1974), Geraldes Freire (82/1977), Pedro Alexandre

(257/1978), Santos Roma (293/1980), Moutinho Gonçalves (14/1981), Santos Gomes (223/1981), Roncon Santos (226/1981), Dário Prates (340/1981), Serra Santos (359/1981), Azeredo Lopes (378/1981), Miguel Freire (380/1981), Rebordão de Brito (8/1987), Teixeira Ribeiro (310/1989), Pereira Veloso (420/1991), Henrique Matos (216/1999) e Azevedo Caetano (1/2009).

A reforçar este pelotão de Antigos Alunos estiveram ainda presentes os sócios honorários da nossa Associação Leonel Tomáz e Prof. Garcia Carmo, o que elevou o número total de comensais a 89, estabelecendo assim um novo record de presenças no Jantar do Oeste. Por mim, vou-me já inscrever para o «Oeste 2020»

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