Revista ZacatraZ nº 206

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Editorial Revista “ZACATRAZ”

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Presidente da Direcção José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973)

Editorial Já lá vai um ano, desde que se realizou a eleição dos Corpos Sociais para o triénio 2016-2018. É certo que foi na essência um ano de aprendizagem, no entanto, o tempo não pára, pelo que é altura de prestar contas e revelar intenções. Assim, fugindo um pouco ao aduzir de argumentos normalmente evidenciados num editorial, limito-me, sem grande desenvolvimento, a referenciar de forma muito sucinta aquelas que se consideram as principias concretizações da Direcção ao longo do ano de 2016: - Desenvolvimento de acções no âmbito do protocolo já existente entre o Colégio Militar e a AAACM, acentuando a presença institucional de colaboração junto da tutela do CM; - Tomada de posse do órgão “Conselho das Tradições”, e início da sua actividade; - Aprofundamento das relações de cooperação com a Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Militar; - Colaboração com a Direcção do Colégio Militar, em estreita articulação com a Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Militar, em acções destinadas aos Alunos no âmbito do acesso ao Ensino Superior; - Participação nas acções de Formação de Graduados; - Participação no Conselho Escolar do CM; - Disponibilização da utilização das instalações associativas para sessões de explicações a Alunos;

- Reavaliação da Rede de Solidariedade existente, nomeadamente do seu vector de apoio aos Antigos Alunos financeiramente carenciados; - Planeamento e organização das comemorações do 114º Aniversario da AAACM e da Velha Guarda; - Planeamento e organização das Visitas de Curso, da Sardinhada e do Jantar Anual da AAACM; - Aprofundamento das relações entre a AAACM e a AAAIO, em especial no que respeita ao protocolo de concessão de utilização da infraestrutura PM34 (Prédio Militar 34 – Quartel da Formação); - Desenvolvimento de um novo site, que incluirá entre outras capacidades como Mass mailing; - Informação continua à Comunidade Colegial sobre a vida interna do CM, a programação das cerimónias no CM, os resultados desportivos da AAACM e do CM e divulgação de reportagens fotográficas das cerimónias e eventos; - Inicio do desenvolvimento de um Plano de Segurança para o PM34; - Mobilização dos responsáveis das actividades apoiadas, para uma presença assertiva na fiscalização dos pagamentos em falta; - Reorganização funcional da Sala da Armas, do Regulamento, Estatuto e formas de pagamento; - Angariação / Validação de endereços emails na Base de Dados da AAACM; - Promoção do email enquanto canal principal de comunicação da AAACM; - Desenvolvimento de campanha de regularização de quotas em atraso;

- Colaboração na angariação de protocolos que instituem benefícios adicionais para Associados. Numa rápida transição, revelamos a orientação planeada para o ano de 2017, assumindo nesse âmbito, como prioritárias, as seguintes vertentes de actuação: - Reforço da rede de Solidariedade junto dos Antigos Alunos, nomeadamente alargando o conceito e as acções do seu âmbito, afirmando uma melhor presença desenvolvendo mecanismos de detecção de situações difíceis e promovendo uma maior informação sobre a actividade desenvolvida; - Colaboração com a Direcção do CM no esforço conducente à afirmação da matriz formativa caracterizadora do Aluno do Colégio Militar, designadamente no que se refere ao Espírito, Tradições e Valores e na necessária recuperação do estatuto do Colégio Militar como escola de Excelência Académica, Cultural e Desportiva; - Analise, estudo e desenvolvimento de um plano de utilização das infraestruturas do PM34 – para alem das sedes e lar – em consonância com os objectos sociais das Associações signatárias do protocolo (AAACM e AAAIO) e com a classificação de domínio publico do imóvel. Termino acentuando que, face à particular exigência destes objectivos, a Direcção vai naturalmente incentivar a mobilização no seio da Comunidade dos Antigos Alunos para que, numa participação esclarecida e construtiva, se garanta resposta adequada a estes desafios.


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Ficha Técnica

CORPOS SOCIAIS DA ASSOCIAÇÃO PARA O TRIÉNIO 2016-2018

Ficha Técnica PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL Fundada em 1965 Nº 206 Janeiro/Março - 2017 FUNDADOR Carlos Vieira da Rocha (189/1929)

ASSEMBLEIA GERAL Presidente Vice-Presidente 1º Secretário 2º Secretário

DIRECTOR Gonçalo Salema Leal de Matos (371/1949)

Raul Miguel Socorro Folques - 380/1952 José António Pina de Bastos e Silva - 67/1957 António Luís Henriques de Faria Fernandes 454/1970 Pedro Gonçalo Coelho Nunes de Melo - 51/1982

CHEFE DE REDACÇÃO Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa (71/1957) REDACÇÃO Nuno António Bravo Mira Vaz (277/1950) Pedro Manuel do Vale Garrido da Silva (53/1961) Gonçalo Miguel de Matos Gonçalves (105/1984)

DIRECÇÃO Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro 1º Vogal 2º Vogal 3º Vogal 4º Vogal 5º Vogal 1º Vogal Suplente 2º Vogal Suplente 3º Vogal Suplente

José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo - 591/1973 Artur Manuel de Spínola e Santos Pardal - 587/1961 João Eduardo Correia Barrento Sabbo - 17/1967 Luís Manuel Borges de Albuquerque Nogueira - 323/1969 Francisco Eduardo Moreira da Silva Alves - 392/1954 António Vítor Reynaud da Fonseca Ribeiro - 43/1968 José Miguel Teixeira de Faria - 2/1969 José Maria Gouveia de Azevedo e Bourbon - 598/1971 João Pedro Mendes Carreiro Gomes - 390/1983 Gonçalo Miguel de Matos Gonçalves - 105/1984 Tiago Simões Baleizão - 200/1987 Manuel Soares Albergaria Felgueiras e Sousa - 498/2006

CAPA Escolta nos Claustros ©Foto Leonel Tomaz ENTIDADE PROPRIETÁRIA E EDITOR Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar MORADA DO PROPRIETÁRIO e SEDE DA REDACÇÃO Quartel da Formação - Largo da Luz 1600-498 Lisboa Tel. 217 122 306/8 Fax. 217 122 307 TIRAGEM - 1350 exemplares DEPÓSITO LEGAL Nº 79856/94 DESIGN E EXECUÇÃO GRÁFICA: Tm. (+351) 933 738 866 Tel. (+351) 213 937 020 info@smash.pt www.smash.pt

CONSELHO FISCAL Presidente 1º Vogal 2º Vogal 1º Vogal Suplente 2º Vogal Suplente

Manuel Ramos de Sousa Sebastião - 604/1961 Rui Joaquim Azevedo de Avelar - 25/1960 Eugénio de Campos Ferreira Fernandes - 180/1980 Rui Manuel Gomes Correia dos Santos – 225/1981 Bruno Miguel Fernandes Pires - 27/1995

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS SÓCIOS DA AAACM Isenta de registo na Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), ao abrigo do nº 1 da alínea a), do Artigo 12º do Decreto Regulamentar nº 8/99, de 9 de Junho. Os artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores. Esta publicação não segue o novo acordo ortográfico.

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Sumário

11 Prémios Barretina 2016 19 Jantar Anual da Associação

Palavras proferidas pelo Presidente da Associação

46 Curso de 1966/1973

Romagem dos 50 Anos de Entrada

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Jantar Anual da Associação Novos Antigos Alunos Prémios Barretina 2016

47 Curso de 1986/1994

Romagem dos 30 Anos de Entrada

48 Jantar de Natal no Porto 50 Reunidos num jantar em Bruxelas

Antigos Alunos do Colégio, Instituto de Odivelas e Pupilos do Exército

51 Almoço de Antigos Comandantes

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Prémios Barretina 10 Anos

da 3ª Companhia

53 Sérgio Garcia

Uma Década de Imagens

60 Antigos Alunos nas Artes e nas Letras 62 Chá Dançante 64 A paixão pelos cavalos Alexandra Valentina Frolova Pereira Bernardino (565/2014)

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Antigos Alunos em Destaque

68 Torneio de Espada para Veteranos AAACM 2016

69 O Batalhão à lupa 70 FCT Coding Fest - “Hora de Código” na FCT Nova

71 80º Aniversário da Revista de Marinha 72 “Duraglit” 73 O Colégio e a Mocidade Portuguesa 78 Os que nos deixaram

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214º Aniversário do Colégio 3 de Março de 2017


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Jantar Anual da Associação Novos Antigos Alunos - Prémios Barretina 2016

Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa 71/1957

Jantar Anual da Associação

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Novos Antigos Alunos Prémios Barretina 2016

N

o passado dia 25 de Novembro, que coincidiu com o «Black Friday» do comércio lisboeta, realizou-se no Pestana Palace mais um Jantar Anual da Associação, onde se procedeu, como já é tradição, à recepção dos novos Antigos Alunos e à atribuição dos Prémios Barretina, com os quais distinguimos aqueles que consideramos serem merecedores do nosso reconhecimento e admiração, por feitos notáveis das suas carreiras ou por reconhecidas acções em prol do Colégio ou da Associação. É a nossa «Noite dos Óscares», é a consagração dos melhores de entre nós. 1

Este ano o evento era especial, por dois motivos: completavam-se dez anos de atribuição dos Prémios Barretina e iriam ser admitidas pela primeira vez Antigas Alunas como membros da AAACM, facto este que, quer se goste ou não, constitui um novo marco na sua história. A noite estava amena, o que facilitou o trânsito entre a sala Ajuda, onde tomámos os aperitivos, e o local do repasto. A entrada na sala de jantar foi este ano facilitada pelo facto de, correspondendo a um apelo da Associação, muitos dos participantes terem pago antecipadamente a sua refeição. Foi uma boa decisão, que deve ser seguida nos próximos anos, em que esperamos que ainda mais Antigos Alunos adiram ao procedimento recomendado pela Associação. Com a sala completamente cheia, deu-se início à sessão, com a recepção aos novos Antigos Alunos, em que lhes foi imposto o nosso emblema na lapela dos casacos (muita das novas Antigas Alunas também se apresentaram de casaco) e em que,

As fotografias inseridas neste texto são de autoria de ©Foto Leonel Tomaz (Sócio Honorário).

como complemento, os novos Antigos Alunos receberam a gravata da Associação e as novas Antigas Alunas receberam os lenços de pescoço, este ano criados expressamente para esta cerimónia. É com pesar que digo que este primeiro acto do cerimonial não correu bem e não correu bem essencialmente por dois motivos. O primeiro motivo porque não correu bem, foi pelo facto desta parte do programa ter tido lugar antes do jantar e com o pessoal ainda, com a excitação própria dos reencontros, em grandes conversas, com a produção do ruido inerente às mesmas. O ruido era tal, que era muito difícil ouvir as chamadas ao palco que foram sendo feitas aos novos Antigos Alunos e àqueles que lhes iam impor as barretinas. Quando não havia chamadas, havia uma música de fundo que só dava para aumentar a confusão. Dada a dificuldade de se ouvirem as «vozes de comando», reinou uma certa desordem em cima do palco, o que não é aceitável. O segundo motivo porque não correu bem, foi o facto de alguns (felizmente poucos) dos que receberam os emblemas e alguns dos que os impuseram não estarem vestidos da forma que o acto requeria. Vi um novo Antigo Aluno a receber o seu emblema em camisa e pelo menos dois daqueles


Jantar Anual da Associação Novos Antigos Alunos - Prémios Barretina 2016

que impunham os emblemas a apresentaram-se de camisa e camisola. As Senhoras Antigas Alunas apresentaram-se bem, vestidas com elegância e de forma discreta. A razão pela qual dou o tratamento anterior às Antigas Alunas é resultado do que se passou na minha mesa, onde se sentaram três delas, chamadas pelo meu «chefe», o Director da nossa revista. O apontamento de reportagem que eu tinha tomado em relação a elas dizia, de forma abreviada, «Miúdas bem encadernadas». Mostrando este apontamento a uma delas, a resposta que recebi foi «Miúdas não, Senhoras». Lá tive de corrigir logo ali, o apontamento. Sendo elas Senhoras e nós Senhores e sendo esta a nossa noite dos «Óscares», não nos podemos apresentar de qualquer maneira. Se fosse em Inglaterra, os homens iriam todos de «smoking» e tal estaria de acordo com o «dress code» constante dos convites. Nós cá, como somos mais modestos, estaremos bem de fatinho ou de “blaser”, de preferência com a gravata da nossa Associação. Deixo aqui duas sugestões à Direcção da Associação. A primeira é indicar no próximo ano, na circular de anúncio do jantar, que a indumentária é «formal». A segunda é fazer de novo coincidir a data da reunião com o «Black Friday», o que permitirá, àqueles que não tiverem no seu guarda-roupa uma vestimenta adequada, poderem adquiri-la, de emergência, naquele dia, a preço de super-saldo.

À imposição das barretinas seguiu-se o discurso do Presidente da Direcção da Associação, que se transcreve na íntegra neste número da ZacatraZ. Foi um discurso muito bem conseguido e em que tocou nos assuntos de maior interesse na actual conjuntura da vida da Associação. Terminado o discurso do Presidente da Associação, o novo Director do Colégio, o nosso camarada Antigo Aluno António Emídio da Silva Salgueiro (461/1972) tomou a iniciativa de dirigir umas palavras à nossa comunidade ali reunida. Começou por mencionar que voltava ao Colégio quarenta e quatro anos depois de aí ingressar como «rata» e que considerava este seu regresso ao Colégio um privilégio, pedindo a ajuda de todos para levar a bom termo a sua missão. Frisou de seguida, que hoje estamos, no que se refere ao Colégio, perante um novo paradigma, em que têm de ser preservados os valores e a identidade do mesmo, o que exige a coesão de todos em torno do Colégio. Referiu que a nova Direcção se irá empenhar totalmente na sua missão e disse, com convicção, «Acredito no futuro». Seguidamente mencionou que estava bem ciente do desafio que todos tínhamos e lembrou a sua dimensão, citando que hoje no Colégio convivem diariamente mais de mil pessoas, considerando os Alunos, o pessoal militar e civil que serve no Colégio e os pais e encarregados de educação. Terminou dizendo que o maior desafio é o de alcançar a excelência do ensino e voltou a frisar que contava com todos nós para o auxiliarmos. Foi ouvido atentamente e a assembleia expressou-lhe o seu apoio, levantando-se em peso e saudando-o com um vibrante Zacatraz. Eu disse para o pessoal da minha mesa «Temos Homem!». Aos discursos seguiu-se o jantar «buffet» seguindo o modelo dos anos anteriores, que tem sido por todos apreciado. Perante a excelência do jantar, assenta-lhe como uma luva a expressão militar sacramental «Bom, abundante e bem confeccionado». A finalizar o jantar foi apresentado um interessante vídeo de homenagem ao Antigo Aluno Gustavo Taborda Monteiro (409/2001), já falecido. O vídeo mostrava como foi levada a sua barretina, por meio do que me pareceu ser um balão meteorológico, até uma altitude de cerca de 100.000 pés (33.000 metros). Foi dizer ao S. Pedro para não se esquecer de abrir a porta àquele Menino da Luz.

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Até agora, a Barretina que tinha estado a uma maior altitude, foi aquela que Ângelo Eduardo Manso Felgueiras e Sousa (498/1976) tinha levado ao topo do Evereste (cerca de 8.000 metros). Já a levou ao Polo Norte e segundo me disse naquela noite, pensa estarem agora reunidas as condições para ir ao Polo Sul. Ficamos a aguardar essa expedição com expectativa. Proponho que, quando vier de lá, a sua barretina seja entregue ao Museu do Colégio. Será uma barretina digna de figurar no livro «Guiness» dos records. No próximo número da ZacatraZ será publicado um artigo em que serão desenvolvidos todos os aspectos relacionados com esta atitude de grande nobreza, que revela uma forte amizade e o verdadeiro sentido da camaradagem. À apresentação do vídeo seguiu-se a tão esperada atribuição dos Prémios Barretina de 2016. Os prémios este ano atribuídos correspondiam às seguintes categorias: Amigos do Colégio Militar, Colégio Militar no Mundo, Amor ao Colégio Militar, Dedicação e Desporto. Os textos justificativos dos prémios atribuídos e que foram lidos a anteceder a atribuição de cada um deles, são transcritos em separado. O primeiro agraciado com o prémio da categoria Amigos do Colégio Militar foi o Senhor Tenente-General Carlos Alberto de Carvalho dos Reis, cuja última função desempenhada no serviço activo foi a de Chefe da Casa Militar durante os dez anos de Presidência do Professor Cavaco Silva. Nos anos finais desse período, constituiu um discreto mas inestimável apoio da nossa Associação, no processo conturbado de alterações a que o Colégio foi abruptamente sujeito, que foi seguido pelos Antigos Alunos com a maior das apreensões. Foi um braço amigo sempre pronto a amparar-nos. Temos para com ele uma enorme dívida de gratidão. O prémio foi entregue pelo nosso camarada António José Fonseca Cavaleiro de Ferreira (332/1950), antigo Presidente da Assembleia Geral da Associação. O Senhor Tenente-General Carvalho dos Reis usou da palavra para agradecer o prémio atribuído, começando por manifestar o seu reconhecimento e a honra que tinha em ser objecto desta distinção, que tinha para si um grande valor. Referiu que tinha sido um pequeno grande gesto que


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Jantar Anual da Associação Novos Antigos Alunos - Prémios Barretina 2016

muito o sensibilizara. De seguida, historiou brevemente o que se passou a partir de 2011, quando lhe foi dada a garantia que não seria efectuada uma reforma que desvirtuasse a identidade dos Estabelecimentos Militares de Ensino. Acreditou no que lhe foi dito, mas a garantia não foi cumprida, chegando-se ao extremo de ser extinto o Instituto de Odivelas. Relembrou a reacção das Meninas de Odivelas, no desfile do 10 de Junho em Lamego, fazendo ouvir o seu grito, que foi um grito de alma e de raiva contida. Lembrou, esta última vez, que as viu desfilar, garbosamente e com as lágrimas nos olhos, vítimas de uma solução cobarde que acabava com o seu Instituto. Também aqui, a obsessão e o capricho se sobrepuseram aos valores que deviam ser defendidos. Falando de seguida especificamente sobre o Colégio, referiu que desde miúdo tinha amigos do Colégio, que sempre admirou os valores do Colégio, que sempre o considerou uma escola de patriotas, defendendo princípios e valores intemporais. Terminou dizendo, que sempre respeitou os Antigos Alunos como homens de bem, que prestigiavam o Colégio que os formou, e que o Colégio não irá acabar, pois Portugal precisa do Colégio Militar. As palavras proferidas tocaram fundo no ânimo de todos os presentes, que reagiram respondendo às mesmas, de pé, com um vibrante Zacatraz. O nosso camarada José Eduardo Fernandes de Sanches Osório (210/1951) não se conteve e, levantando-se da sua mesa, veio dar um abraço de gratidão ao Senhor General Carvalho dos Reis. O segundo Amigo do Colégio a ser distinguido foi o antigo Professor do Colégio, Carlos da Cunha Perdigão Silva, cuja apresentação foi feita por um seu Antigo Aluno, que carinhosamente o referiu sempre como Perdigão. Foi bonito de ouvir aquela apresentação. Não conhecia pessoalmente o Professor Perdigão, mas ficou-me a ideia que estávamos ali com um professor da estirpe do nosso saudoso Dario. O Prémio foi entregue por Rui Pedro Azevedo da Silva (379/1982), Comandante do Batalhão em 1989/1990. O Professor Perdigão respondeu com calma, mas com emoção, às palavras que tinha ouvido. Começou por dizer que tinha «gasto» trinta e dois anos da sua vida no Colégio, mas que os mesmos tinham sido bem passados e que se pudesse vol-

Alguns dos Novos Antigos Alunos que receberam a Barretina

tar atrás repeti-los-ia. Agradeceu comovidamente a distinção que recebera, dizendo-se muito feliz e emocionado, não chorando apenas porque tinha vergonha. Terminou desejando tudo de bom para o seu Colégio Militar. Como seria de esperar as suas palavras finais foram recebidas com um Zacatraz de toda a assistência. De seguida foi a vez de premiar João Luís de Mascarenhas e Silva Shoerder Coimbra (54/1984), o mais moderno dos distinguidos, com o prémio Dedicação, que lhe foi entregue por Gonçalo Salema Leal de Matos (371/1949), Director da Revista ZacatraZ. O homenageado agradeceu, dizendo que este prémio constituía para si uma enorme honra e lhe conferia uma grande responsabilidade perante a plateia ali reunida. Referiu que é imperativo nosso, lutar e acreditar no futuro do Colégio Militar e lembrou que o Colégio sempre sobreviveu a todas as crises. Incentivou a nova fornada de Antigos Alunos ali presentes a juntarem-se à nossa luta e pediu a todos um apoio incondicional aos actuais Alunos, que têm um amor ao Colégio igual ao nosso. Referiu que compartilhava o prémio recebido com dois cursos do Colégio e que tinha um grande orgulho no seu curso. Disse sentir-se afortunado por ter passado 8 anos da sua vida no Colégio e dedicou o prémio recebido a dois camaradas seus já desaparecidos e à sua Mãe que tinha muito orgulho nos seus dois Meninos da Luz. Também o Coimbra teve direito ao seu Zacatraz. O prémio seguinte, de Amor ao Colégio Militar, distinguiu Carlos Francisco da Silva do Rio Carvalho (307/1971), um homem que integrou su-

cessivas Direcções da Associação, sempre com um empenhamento sem limites, apesar de ainda estar profissionalmente activo, conseguindo, não sabemos bem como, compatibilizar essas duas actividades e sobrando-lhe ainda tempo para continuar praticante de esgrima, na nossa Sala de Armas, da qual é a «alma mater». O prémio foi-lhe entregue pelo António José de Sousa Valles e Saraiva de Reffóios (529/1963) Presidente da anterior Direcção da Associação. Rio Carvalho agradeceu lembrando a todos que o amor é algo que tem de ser vivido e demonstrado. Lembrou que recebeu esse amor do seu Pai (também ele Prémio Barretina), transmitiu-o aos seus dois filhos, também eles Antigos Alunos, e espera que as suas noras e genro percebam também esse amor, mas consigam gostar do Colégio por ser uma excelente escola, sem necessidade de invocar o amor como razão da escolha. Referiu que a sala estava cheia de amor ao Colégio e lembrou os seus camaradas de curso 23 e 66 do curso de 1971, Francisco Sousa Ferreira e Vítor Novais Gonçalves. Falou de seguida das Direcções da Associação de que fez parte, começando por salientar a acção dos seus dois primeiros Presidentes, o José Eduardo Martinho Garcia Leandro (94/1950) e o Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958), que mudaram o paradigma da nossa Associação, salientando de seguida o seu terceiro Presidente, o António Reffóios, que travou, com inteligência e decisão, uma luta desigual com o ministro da Defesa, luta essa em que teve a grande honra de o poder ajudar. Referiu de seguida que Colégio Militar é amor à Pátria, para de seguida lembrar


Jantar Anual da Associação Novos Antigos Alunos - Prémios Barretina 2016

as vicissitudes por que passou o Colégio logo no princípio da sua existência, durante as invasões francesas, em que o Colégio estava aquartelado na Feitoria, junto ao forte de S. Julião da Barra, ao tempo Quartel-General do invasor Junot. O Colégio, por milagre, resistiu. O que pensavam então os Alunos, é simples de inferir, se recordarmos que é na Batalha do Buçaco, no tempo da terceira invasão francesa, que morre pela primeira vez pela Pátria um Antigo Aluno do Colégio – Luís das Neves Franco. Terminou dizendo que para si o importante é o amor ao Colégio, à Família e aos Amigos. Também ele foi saudado com um enorme Zacatraz pela assistência. O prémio a seguir atribuído, da categoria Desporto, foi entregue a Paulo Daniel Beckert Rodrigues (157/1971), o médico da nossa Selecção Nacional Campeã da Europa de Futebol em 2016. O prémio foi entregue por António Vítor Reynaud da Fonseca Ribeiro (43/1968), Vogal da Direcção. O agraciado começou por dizer que se sentia honrado com o prémio recebido e particularmente satisfeito por este prémio lhe ter sido entregue pelo Vítor Ribeiro, que foi quem apadrinhou a sua entrada na classe especial de ginástica do Colégio. Lembrando a sua vida no Colégio, algo atribulada, em que chegou a ser suspenso, referiu que tinha sido chefe de turma, que às vezes saltava o muro e que terminou indo pôr o capote e a barretina na cruz no alto da cúpula da capela do Colégio. Referiu de seguida, o início da sua ligação à medicina desportiva nos Açores, onde esteve colocado no serviço militar na Base Aérea das Lajes, iniciando as suas funções no Praiense, clube da vila da Praia da Vitória, vizinha da Base Aérea. Terminou referindo que sempre se norteou pelos valores que lhe foram inculcados no Colégio e lembrando os 50 dias de «internato» que teve em França, com a nossa Selecção Nacional de futebol, por ocasião do EURO 2016. O prémio seguinte também foi referente à categoria Desporto e contemplou o nosso atleta duplamente olímpico Roberto Pedro Peig Dória Durão (37/1970), tendo-lhe sido entregue pelo seu Pai, Roberto Ferreira Durão (15/1942), também ele um grande desportista, que dispensa qualquer apresentação na Comunidade Colegial, tendo já sido também distinguido com um prémio Barretina “Amor ao Colégio”, há uns anos

atrás. O Roberto pai estava justamente orgulhoso com a distinção atribuída ao seu filho. O premiado começou agradecendo o prémio recebido, de forma emocionada, dizendo que os prémios são uma coisa «tramada», para de seguida lembrar a conhecida música do Charles Aznavour que nos diz que «L’important c’est la rose», querendo dizer que o importante é o amor. De seguida lembrou-nos o saudoso Dario, que em conjunto com o seu Pai foram as pessoas que o guiaram para uma carreira desportiva, que culminou com duas presenças em Jogos Olímpicos. Lembrou os seus tempos no Colégio, em que admitiu que por vezes foi um «pirata», para lembrar de seguida a égua Arrufada, com que entrou em provas hípicas, que numa prova lhe fez um borrego monumental, para na prova seguinte se superar e passar um obstáculo final em que entrou quase de lado. Segundo disse, já apeado, ao fazer uma festa á égua e olhando-a nos olhos, a égua retribuiu a festa com um olhar humilde e ele descobriu que a égua também tinha alma (e coração, diria eu). Terminou dizendo que, mais do que nas vitórias, foi nas derrotas que sempre aprendeu e que a maior satisfação não era ganhar aos adversários, mas sim superar-se a si próprio. No final incitou os mais novos a estabelecerem sempre, para si próprios, objectivos altos. O prémio seguinte, na categoria Dedicação, foi para José Manuel Simões Ramos de Campos (319/1950), que veio do Porto, de propósito, para o receber. Este homem, com um ar pacífico, que fez «apenas» cinco comissões no Ultramar, foi o timoneiro da nossa Delegação do Norte durante vários anos, depois de receber a “roda do Leme”

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desse outro grande Antigo Aluno António Maria Leuschner Fernandes (436/1933). O prémio foi-lhe entregue por Bruno Pinto Basto Soares Franco (281/1970), que dele herdou a chefia da Delegação e que, do alto dos seus quase dois metros, teve de se dobrar todo para o abraçar. Modesto como é, o Ramos de Campos quase que pediu desculpa por nos estar ali a tomar o nosso tempo, pois considerava que não tinha feito nada de especial, tendo-se limitado a fazer o básico, ou seja, a convocar para os jantares do Natal e do 3 de Março os «morcões» Antigos Alunos residentes na Invicta e arredores. Segundo ele, a sua pouca acção até lhe lembrava a de um soldado seu, que era especializado em não fazer nada. O que é facto é que sem fazer nada, como ele diz, conseguiu aumentar grandemente a adesão dos «morcões» às celebrações promovidas pela nossa Delegação nortenha. Admito que isso possa atribuir-se ao facto de ele ter sido Superintendente da Polícia do Porto e de ser de boa política para qualquer um, estar nas boas graças de uma tal personagem. Nunca se sabe quando será necessário o perdão de uma transgressão de trânsito. O Ramos de Campos terminou as suas palavras, dizendo que aceitava com muita honra e com um sentimento de muita gratidão o prémio que lhe tinha sido atribuído. O prémio seguinte, da categoria Colégio Militar no Mundo, foi atribuído a Bernardo Manuel de Almeida e Vasconcelos Diniz de Ayala (171/1980), entregue pelo seu Pai, Bernardo Manuel Diniz de Ayala (171/1953), Vice-Presidente do Conselho Supremo, também ele prémio Barretina Dedicação em 2008.


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Jantar Anual da Associação Novos Antigos Alunos - Prémios Barretina 2016

Pelo premiado foram proferidas as seguintes palavras: “Caros Camaradas, agradeço este prémio à AAACM e a cada um de Vós. Trata-se de um prémio com muito significado para mim, significado, aliás, redobrado pelo facto de me ter sido entregue pelo meu Pai, a quem agradeço especialmente ter-me confiado ao Colégio em 1980. Creio saber que o motivo pelo qual este prémio me é entregue tem menos que ver com o meu currículo e mais que ver com o facto de, durante a crise da comunicação social e das redes sociais de Março - Maio de 2016, eu me ter disponibilizado para ajudar a AAACM e, também, a Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Militar, tendo em conta sobretudo a (então previsível) audição desta última Associação na Assembleia da República, no que previsivelmente seria um teste importante e mediático que importava superar com sucesso. Tratar-se-ia - como se tratou efectivamente - de um desafio dos tempos modernos, que nos levou a responder no Parlamento, institucionalmente como se impõe, mas debaixo da pressão tantas vezes desinformada da comunicação social e das redes sociais. Dava-se a circunstância de eu ter alguma experiência na matéria... Poucos anos antes, em Setembro de 2014, eu próprio havia comparecido perante a Assembleia da República, diante de uma outra comissão parlamentar de inquérito (a contractos militares), dessa vez para prestar esclarecimentos sobre o meu envolvimento profissional, como advogado, numa série de aquisições de bens militares ao longo de mais do que uma década. Nessa ocasião como agora, em 2016, a passagem pela Assembleia da República foi a última etapa de um longo processo de suspeição, de desinformação e de desgaste intenso, muito magnificado pela comunicação social e pelas redes sociais. Nessa ocasião como agora, haveria que responder com verdade e dignidade. Numa e noutra ocasiões, regressei em busca de inspiração e orientação ao Código de Honra do Aluno do Colégio Militar. E vivi muito especialmente o seu n.º 7, que nos manda ser dignos na adversidade e confiantes em face das dificuldades. Esse mandamento acompanhou-me e aju-

dou-me sempre, desde os dias mais agrestes até ao momento decisivo da resposta com verdade (o Código também nos manda ser verdadeiros e leais, assumindo sempre a responsabilidade dos nossos actos). O Código de Honra é uma bússola infalível; está tudo lá. Basta ler, sentir e viver. Aliás, poderia e deveria ser o Código de Honra do Aluno e do Antigo Aluno do Colégio Militar, porque a barretina que usamos é a nossa farda até ao último dia. Sob o signo da Barretina e do Código, ambos os desafios parlamentares foram ultrapassados com pleno sucesso. No caso da prestação de esclarecimentos pela Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Militar, em 4 de Maio de 2016, a minha ajuda acabou por não ser necessária, pela simples mas decisiva razão de que quem a representou o fez belissimamente e com homenagem também aos valores do Colégio Militar. Mas ficou sempre a luz gerada pelo nosso Código... Acredito firmemente que a identidade do Colégio Militar reside no Código de Honra. O Colégio já passou por várias reformas. E há-de passar por muitas outras. Algumas virão, porventura, mais cedo do que se pensa. Sem prejuízo de nos devermos sempre bater pela razoabilidade das reformas e pela sua contenção dentro de um quadro que faça objectivamente sentido, tendo em conta a preservação do Colégio como Instituição secular, não devemos ter receio de nos ajustarmos à evolução do mundo, não devemos ter receio da mudança, e muito menos devemos ter receio dos desafios que se nos colocam. Como diz o nosso Código: ser digno na adversidade e confiante face às dificuldades. Uma instituição como o Colégio Militar tem de aceitar como bem-vindo o escrutínio externo (mesmo o maldoso) e tem de ter noção de que estará sempre à altura da resposta devida. Se outras razões não houvesse, porque nos guia um Código de Honra que define a nossa identidade e do qual não abdicamos até ao último suspiro. A nossa razão de ser e a nossa essência estão nos 10 mandamentos do Código de Honra. E é isso que nos une e que justifica o nosso lema: Um Por Todos, Todos Por Um!”

Foi de seguida premiado Nuno Correia Barrento de Lemos Pires (345/1975), sendo-lhe igualmente atribuído um prémio da categoria Colégio Militar no Mundo, entregue por Manuel Ramos de Sousa Sebastião (604/1961), Presidente do Conselho Fiscal. O premiado, distinto militar que dispensa quaisquer apresentações, actuou à moda da tropa. Subiu ao palco, recebeu o prémio, voltou-se para a assistência e fez um improviso brilhante, patriótico, enxuto e preciso relativo ao equilíbrio entre os deveres e direitos dos Alunos. Fiquei quedo a escutar e quase não consegui tirar apontamentos. Valeu-nos o facto de ele posteriormente ter passado para o papel a sua intervenção, que apresentamos de seguida: “Sim, no Colégio Militar os Valores aprendem-se aos pares! Quando se ouve o toque da alvorada, o Menino ou Menina da Luz, levanta-se como qualquer outra criança. Tem o Direito de ser Criança e por isso acorda, mal ou bem-disposta, rapidamente ou arrastando-se para a casa de banho, e faz a higiene pessoal como qualquer outra criança. Depois farda-se, penteia-se e vai para a formatura da manhã. Na formatura o Direito dá lugar ao Dever da disciplina, integra-se num pelotão com mais trinta, e tem o Dever da obediência, do aprumo, de marchar e alinhar com os demais, que são antes de tudo, palavra estranha mas evidente para quem acordou junto no mesmo espaço e com cama próxima, os seus camaradas. Depois do pequeno-almoço parte para as Aulas e tem todo o Direito de ser Livre, brinca no caminho, prega uma rasteira ao da frente, diz umas baboseiras como qualquer outra criança, partilha um disparate ou simplesmente ouve música no seu IPOD, porque tem os mesmos direitos que qualquer jovem, é livre, independente e pede-se-lhe que seja feliz! É que no Colégio Militar, os Valores aprendem-se e vivem-se aos pares. Para cada Direito Sagrado há sempre um Dever de Honra, que se vivem, que se aprendem, que se multiplicam, com que se crescem. No Domingo do 3 de Março, quando do aniversário do CM, a Menina ou Menino da Luz forma às 09.30 no cimo da Avenida da Liberdade e tem o Dever de ser um exemplo. Tem o dever de se manter sério, de estar impecavelmente fardado


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com as botas e os botões a brilhar, com a arma empunhada com garbo e de cantar o Hino Nacional a plenos pulmões. Marcha pela Avenida entre vivas e distracções mas tem de aguentar tudo com estoicidade. Tem de marchar com a mesma dignidade com que sempre marcharam os seus antecessores desde há mais de duzentos e treze anos de existência. Tem de sentir e de dar um grande orgulho a si, à sua família, aos seus camaradas, aos ex-alunos, vivos ou ausentes, mas sempre presentes que, naquele momento mágico, na Avenida “DA LIBERDADE”, na Avenida do maior Direito que temos entre Portugueses, que cumpre o Dever da Missão, da Herança e da Responsabilidade. Tem de mostrar o “nosso” Colégio Militar a Lisboa e ao Mundo, o que somos, o que fomos e, pela passada firme e pela altivez no rosto, mostrar a determinação do que seremos! Tem o Dever de ser um exemplo mas também tem todo o Direito de esboçar um breve sorriso para a mãe babada que o olha e o chama quando passa pelo Monumento aos Combatentes. Num dia específico pedem-lhe que prepare a Récita, uma representação para pais, amigos e funcionários do CM, e dizem-lhe que tem todo o Direito de ser Livre. Não há censura nem limites, está no penúltimo ano do CM e, o Director sabe que, nesta altura da vida, o Menino ou Menina já compreende bem o grande equilíbrio que, a todos os momentos, teve de fazer entre Direitos e Deveres, entre Liberdade e Dignidade, entre Alegria e Responsabilidade. Por isso exerce o Direito de ser mordaz, original, livre no pensamento e na crítica mas tem o dever de não ser boçal, mal-educado ou oportunista. Afinal, no Colégio Militar, todos os Valores se aprendem, se vivem e se têm de demonstrar, publicamente, de rosto descoberto, a viva voz, sem temor e com frontalidade, com inteligência e com humor, sempre, aos Pares. Na Sexta-feira passada, com um enorme orgulho, fui distinguido com o Prémio Barretina “Mundo” pela Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar. Quando o recebi lembrei-me que, quando me entregam algo, passam um bem que tem, sempre, duas faces de dois ou mais valores. Porque se tenho o Dever de ser “Um por Todos” também me acompanha o Direito de receber o “Todos por Um”. Por isso,

e desde os meus 10 anos de idade, que aprendi que, para se ter o Direito de ser Menina ou Menino da Luz, para se dizer que somos ou fomos Colégio Militar, temos o Dever de, sempre e acima de tudo, Servir Portugal! Sim, no Colégio Militar os Valores aprendem-se aos pares!” Seguiu-se a atribuição de novo prémio da categoria Colégio Militar no Mundo a José Manuel de Mello Sousa Uva (466/1959), sendo o prémio atribuído pelo José António Pina de Bastos e Silva (67/1957), Secretário da mesa da Assembleia Geral da Associação. As gerações mais novas de Antigos Alunos não conhecem o Sousa Uva, pois ele fez praticamente toda a sua vida profissional em Bruxelas, como um alto quadro da União Europeia, onde muito prestigiou o nosso país. O Sousa Uva apresentou-se armado de um discurso de agradecimento, que acabou por não ler, tendo preferido um improviso. Posteriormente passou ao papel esse improviso, que apresentamos de seguida: “Depois dos testemunhos tão ricos de significado que hoje aqui foram proferidos, é-me difícil acrescentar algo de novo e corro o risco de vos enfadar com repetições de menos interesse. Tanto mais que o tempo passa… Em todo o caso, tenho o dever de, em primeiro lugar, manifestar o meu profundo reconhecimento aos Corpos Dirigentes da Associação dos Antigos Alunos do Colégio, pelo prémio que me é hoje atribuído. Desejo testemunhar-vos, e muito particularmente aos mais novos, que o “espírito da Barretina”

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não me deixou ao longo dos 50 anos decorridos desde a minha saída do Colégio em 1966. Parti equipado dos valores humanos que o Colégio grava no nosso caracter. Contemplei o nosso Estandarte desde que cheguei ao Colégio e quis logo descobrir o significado da sua divisa. Daí que, como o sangue que circula no corpo, a missão de Servir, e de servir com o propósito de ser solidário com os outros, me tenha acompanhado ao longo da vida. Adquiri assim muito naturalmente o significado e o culto da Camaradagem. Lealdade, Honestidade, Trabalho, Perseverança, Coragem e Generosidade são traços maiores do caracter do Homem que o Colégio preparou para a vida! São o sustentáculo da ética que cada um de nós é chamado a inculcar na Sociedade onde se insere. A nossa reunião de hoje, neste excelente e agradável jantar, demonstra como o sentimento de camaradagem está vivo em todos nós e perpetua a alma da nossa Instituição. Ela é visível nesta sala mas curiosamente não nos larga quando cada um por si se situa face à sua vida diária. É uma chama que não se apaga! Assim tenho procurado posicionar-me ao longo da vida e, portanto, o prémio “Colégio Militar no Mundo”, tem para mim um significado muito profundo! Aceito-o consciente de que o Bem Comum da Sociedade resulta do esforço não apenas de alguns mas de todos os que nele se empenham. Desde os tempos do Colégio, habituei-me a enfrentar a adversidade. Fi-lo com Fé e tenho avançado!


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Recordando esses tempos: Não tenho lembranças empolgantes das minhas aptidões físicas, como outros puderam hoje aqui testemunhar. Neste campo não esqueço que era “um desastre”. Mas, atenção, era bom em equitação porque aí cabia ao cavalo fazer o mais difícil!... Assumi, com esforço, essa realidade e não deixei por isso de cumprir muito razoavelmente o meu percurso de aluno. Há que dizer que atingi os objectivos graças ao enquadramento que me foi dado. Quero recordar agora, com muita gratidão, as qualidades humanas e pedagógicas de pessoas que me foram fundamentais pela confiança que me transmitiram. Penso em alguns, mas cito os nomes do então Major Luís Figueiredo, professor no Colégio, mais tarde General, e do então Director do Colégio, o General Campos d’Andrada. Este tinha mesmo a alcunha do Avozinho.... Importante dizer que eles compreendiam o comportamento do aluno no seu todo, atentas as suas natureza e personalidade. Que lições posso tirar da minha vida? Não faz sentido, sob pena de ser indigesto, repetir o que quer que seja sobre o percurso post-Colégio. Agradeço aliás, vivamente reconhecido, tudo o que acaba de ser dito a meu respeito. Quero apenas testemunhar-vos que, neste longo e difícil desafio, valeu a pena lutar pela Unidade e ser autêntico no que se faz! Procurei, como procurarei sempre, identificar-me com os ensinamentos recebidos na família e no Colégio. Trabalhei num ambiente multinacional e pluricultural durante 38 anos. Funcionei permanentemente em equipa, visando a elaboração de propostas cobrindo realidades tão diversas dos Estados Membros da União Europeia. Foi de facto uma tarefa altamente enriquecedora dos pontos de vista humano e profissional. Aprendi a propor sem impor! O Compromisso é uma arte! Mas deixem-me dizer que estar fora do nosso Portugal, sem o esquecer, durante um tão longo período tem custos e bem grandes. E lutar pela nossa identidade no areópago de Bruxelas é obra diária e não é uma “pêra doce”. Por isso quero aqui dedicar este prémio a todos os Antigos Alunos que trabalham nas Instituições da União Europeia.

Mas seria injusto se esquecesse, na partilha desta distinção, a minha mulher que tem sido o meu sustentáculo permanente há mais de 40 anos! Termino com um grito de Esperança na Missão que o nosso Colégio tem e terá na sociedade portuguesa. Desejo vivamente que os valores que ele transmite à Juventude que forma e educa, sejam garantia de enriquecimento nacional e, por isso, um grande auxílio para a saída das crises que enfrentamos no País e no Mundo! Bem hajam pela vossa camaradagem!” O último premiado foi o João Manuel Ribeiro da Fonseca Calixto (314/1947), ainda na categoria Colégio Militar no Mundo. O prémio foi-lhe entregue por Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958), Presidente do Conselho Supremo da nossa Associação. O premiado começou por lembrar a sua vida após sair do Colégio, quando foi frequentar o Instituto Superior Técnico, fase em que teve dificuldades de adaptação ao mundo exterior (era normal naquele tempo em que vivíamos fechados no Colégio toda a semana), acabando por se distinguir mais no desporto (voleibol e esgrima) do que nos estudos, não passando do 3º ano de engenharia. Foi prestar serviço militar e, como alferes miliciano, foi convidado pelo então Director do Colégio, Brigadeiro Pereira de Castro, para ser mestre de armas no Colégio (foi meu mestre), onde serviu durante três anos, que referiu que constituíram para si uma reciclagem útil e importante. Mais tarde foi mobilizado para o Ultramar, tendo comandado uma companhia no Norte de Angola.

Concluída a sua vida militar, iniciou uma vida profissional de 20 anos na indústria financeira, dos quais 15 no estrangeiro, em que participou na criação do sistema VISA International, o que o levou a correr mundo, numa caminhada solitária que não foi fácil, mas que lhe deu uma experiência única. Nos últimos 10 anos presidiu a VISA International para a Europa, Médio Oriente e África. Regressado a Portugal começa uma nova etapa na sua vida, na gestão de aviação comercial, sendo o Presidente da transportadora aérea Portugália durante 16 anos. Reformou-se aos 70 anos, mas não parou, dedicando-se, até ao presente, à actividade autárquica no concelho de Cascais. Exposto o seu percurso de vida, referiu que ao longo da mesma sempre teve presente os princípios que lhe foram incutidos no Colégio, os quais foram o «armamento» que usou ao longo de toda a sua caminhada. Referindo-se aos acontecimentos dos últimos tempos, considerou que o País foi sujeito a uma campanha de desinformação acerca do Colégio. Terminou dirigindo-se aos mais novos, dizendo que o futuro faz-se todos os dias e que é importante que os Alunos e as Alunas o saibam e o façam, para construírem para o Colégio o futuro que queremos. Terminada a intervenção de Ribeiro da Fonseca, o Aluno Comandante do Batalhão liderou-nos num vibrante Zacatraz pelo Colégio, posto o que, o nosso «mestre de cerimónias» deu por encerrado o evento, marcando-nos novo encontro para o próximo ano.


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Fundamentos da atribuição dos Prémios e apresentação dos Agraciados A apresentação dos Agraciados e a leitura dos fundamentos da atribuição dos Prémios Barretina esteve a cargo de Manuel Pedro da Costa Pereira Roriz (519/1959) e de João Pedro Mendes Carreiro Gomes (390/1983), que desempenharam com eficácia e da melhor forma esta missão, que não sendo simples, assim pareceu pelo modo como foi executada. A apresentação do Senhor General Carvalho dos Reis foi feita por Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958).

No início da Sessão foi lido o poema “A Barretina” da autoria de António Herculano de Miranda Dias (292/1925), escrito em Dezembro de 1998,

A Barretina É aquela coisa pequenina Que se usa À altura do coração Como uma condecoração Ou um brasão de família E que nos lembra A devoção de fazer Como deve ser feito A Barretina Representa um jeito De autenticidade De verdade Do ser Como deve ser

Tenente-General Carlos Alberto de Carvalho dos Reis "PRÉMIO BARRETINA - AMIGOS DO COLÉGIO MILITAR"

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aros Amigos Como sabem, há sectores da sociedade portuguesa que não nos apreciam muito, não perdem a oportunidade de nos criticar

publicamente, uns dando a cara nos jornais, outros não … e alguns até estão relativamente perto de nós… vestem de cinzento ou verde, em geral até com galões ou estrelas. Por isso, um Amigo do Colégio Militar tem que ser sempre por nós muito acarinhado e objecto do nosso agradecimento. Não são muitos os que não tendo vivido directamente o Colégio o conhecem, apreciam aquilo que de bom tem e o contributo que o Colégio dá para a sociedade. No entanto, há excepções: poucas se manifestam, … é verdade que são poucas, … mas em geral são boas.

Este é o 10º ano dos Prémios Barretina e até ao presente apenas a uma pessoa que não pertenceu ao que nós chamamos a Família Colegial, isto é, pessoas que tiveram uma ligação directa com o funcionamento do Colégio e que melhor ou pior o conhecem, foi atribuído um “Prémio Barretina Amigos do Colégio Militar”: foi ao Professor Adriano Moreira. Sinto-me honrado por hoje me ter sido dada a possibilidade de apresentar o primeiro “Prémio Barretina Amigos do Colégio Militar” desta noite. Não vou ler-vos exaustivamente o Currículo do Senhor General Carlos Alberto de Carvalho dos Reis, muito rico em quantidade – são 50 anos ao


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serviço de Portugal e igualmente em qualidade: nem me sinto à vontade para ajuizar a carreira de militares insignes, como é o caso. As etapas principais da sua carreira profissional encontram-se projectadas nos dois écrans que todos podem observar, e limito-me a referir ter, já como oficial general, desempenhado as funções de Director do Curso Superior de Comando e Direcção, Adjunto do CEMGFA para o Planeamento, Comandante da Academia Militar e, finalmente, nos últimos 10 anos de Chefe da Casa Militar do Presidente da República. Foi louvado vinte e duas vezes, foram-lhe concedidas vinte e duas condecorações nacionais e catorze estrangeiras, destacando-se de entre as nacionais as Grã-Cruzes da Ordem Militar de Cristo, da Ordem Militar de Avis, duas Medalhas de Ouro e três de Prata de Serviços Distintos e duas de Mérito Militar. Leio-vos, de seguida, a fundamentação que con-

duziu o Júri do Prémio à atribuição em 2016 do Prémio Barretina “Amigo do Colégio Militar” ao Senhor General Carlos Carvalho dos Reis. O General Carvalho dos Reis é, por natureza, uma pessoa com temperamento sereno, no entanto com características que lhe conferem uma elevada capacidade de assertividade e objectividade no desempenho das tarefas em que se envolve. Dotado de extremo bom senso, e grande amigo e admirador do Colégio – traço da sua personalidade que lhe é reconhecido por todos os que o acompanharam ao longo da sua vida profissional – foi de extrema utilidade para as causas defendidas pela nossa Associação relativas ao Colégio, em particular no período de 2008 a 2015, pela abertura e disponibilidade sempre manifestadas enquanto Chefe da Casa Militar da Presidência da República. Neste período foi de grande cumplicidade com os Presidentes da Direcção da Associação, faci-

litando os seus contactos pessoais numa relação de camaradagem – como se fosse um de nós - para tudo o que foi necessário. A Associação e o Colégio ficam a dever-lhe enormes serviços que, discretamente, prestou, aconselhando e agindo junto das mais altas individualidades do poder político e militar, independentemente do que foi visível, em particular, em todo o processo dito da “Reforma do Colégio”. A vinda do Presidente da República ao Colégio em 2008 deveu-se, em grande parte, à sua acção de influência, e persuasão junto das instâncias políticas e militares. Foi por este conjunto de razões que se entendeu como justa e adequada a atribuição ao Senhor General Carlos Carvalho dos Reis do Prémio Barretina “Amigo do Colégio Militar”. O Prémio foi entregue por José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973), Presidente da Direcção da AAACM.

Professor do Colégio, Carlos da Cunha Perdigão Silva "PRÉMIO BARRETINA - AMIGOS DO COLÉGIO MILITAR"

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rinta e dois anos no Colégio é obra. Carlos da Cunha Perdigão Silva, é simplesmente chamado Perdigão, por aqueles que tocou. Digo simplesmente, mas a palavra não é justa. Perdigão, o nome que serve ao mesmo tempo de alcunha, está para nós associado a paixão, a rigor, a exigência… e nenhum destes termos representa coisas simples.

Numa época em que bem precisamos de exemplos no mundo da educação, importa reconhecer os grandes mestres que passaram pelo nosso Colégio. O Perdigão, que quem conhece sabe que é um geólogo de coração, habituado a lidar com pedras, consegue como poucos saber lidar com pessoas. Pegou em cada um de nós, jovens que aterrámos nas cadeiras da sua sala de aula e moldou-nos. E foi nessa arte de quase escultor de carácteres, que se soube destacar. Entrou para o Colégio em 1972, onde ficou até 2004. Pelo meio, fica um mundo de conquistas, de recordações e de emoções. Obteve a mais elevada classificação nacional na área de Ciências Naturais quando concluiu o seu estágio pedagógico. Foi Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, colabora e chega a ser destacado para o Ministério da Educação para coordenar a elaboração dos programas na-

cionais de Geologia e Meio Físico e Social. Recusou outras tantas vezes trabalhar nesse mesmo ministério, desconfio eu, porque isso o afastava do seu Colégio Militar. Organizou e orientou dezenas de cursos e seminários para professores. Publicou cerca de meia centena de títulos de materiais escolares nas áreas de Meio Físico e Social, das Ciências da Natureza, das Ciências Naturais e da Geologia. Enquanto isto, no Colégio, foi docente, director de turma, coordenador de ciclo e coordenador de ano entre 1982 e 1994. Por três vezes os alunos finalistas do Colégio o convidaram para acompanhar as respectivas viagens de finalistas, o que resultou em passagens por Espanha, França, Itália, Macau e China. Também por três vezes os Directores do Colégio Militar lhe concederam louvores, quer pelo seu desempenho como docente e nos cargos


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de gestão, quer pela qualidade dos inúmeros materiais científicos e pedagógicos produzidos durante a sua vida no Colégio Militar. O Perdigão ensinou-nos ciências, as da natureza e outras, mas soube ensinar-nos a ser homens, a ser fortes, a amar a escola e a Pátria. Sempre procurou que as suas aulas fossem mais do que aquilo para que nasceram, que tivessem ligação à vida prática - e para quem vive em regime de internato esse toque de realidade é vital para o futuro. Das salas de aula daquele novo e fantástico pavilhão de ciências, saíamos para a horta das traseiras onde na Primavera falávamos de fotossíntese. E explorámos o mundo: não há aluno seu que não guarde na memória as visitas de estudo inesquecíveis à Malveira da Serra de onde se regressava com sacos de calhaus, à

Praia das Avencas para ver moluscos ou à Duna Fóssil de Oitavos, de onde sempre teimávamos em subtrair um ou outro fóssil. Na sala de aula, tínhamos o professor rigoroso, atento, vigilante, alegre, sempre presente e com um conselho. Estimulou a nossa curiosidade. Falávamos de tudo e sem tabus. E aos poucos o Perdigão entrava-nos pelo coração adentro e para além de mestre revelava-se um pedagogo. Enaltecia quando tínhamos sucesso e motivava quando fraquejávamos. Nós, antigos alunos, sabemos bem que uma das características que nos distingue na Sociedade, é a postura com que encaramos a nossa vida, seja pessoal, seja profissional. Essa postura perante a vida é forjada a fogo lento, a cada dia e a cada exemplo.

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O Perdigão foi e é, um desses exemplos que se colaram a nós para a vida. Quando falamos dele, falamos do que é bom no Colégio. Descrever a forma como nos moldou, é descrever a missão do Colégio. E não se pode terminar de falar do Perdigão sem ser com um “Obrigado”. Obrigado por nos ter chamado “calhaus com olhos” e “basaltos com pernas”. Obrigado por nos ter apresentado o esqueleto Alfredo com os seus 206 ossos. Obrigado por ter o mesmo brilho nos olhos que nós, quando fala e recorda o Colégio. Obrigado por ter sido nosso amigo, por ainda hoje o ser. O Prémio foi entregue por Rui Pedro Azevedo da Silva (379/1982), Comandante do Batalhão em 1989/1990.

João Luís de Mascarenhas e Silva Shoerder Coimbra (54/1984) "PRÉMIO BARRETINA - DEDICAÇÃO"

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oão Coimbra foi graduado, em 1991/1992, com duas estrelas da 1ª Companhia. Após a saída do Colégio licenciou-se no ISCAL com posterior especialização em Controlo de Gestão e «post-graduação» em Gestão de Instituições Financeiras no ISCTE. A sua ainda curta, mas intensa, carreira profissional desenvolve-se de início na Banca (1998), como Sub-Gerente de uma agência do BPN, onde veio, sucessivamente, a desempenhar as funções de Responsável de Agência, Gerente da Área de Empresas no Centro de Empresas de Lisboa e, desde Maio de 2009,

Coordenador do Gabinete Empresas Lisboa no BIC Português, SA. Foi Membro da Assembleia de Representantes e do Conselho Pedagógico do ISCAL (1996), tendo também desempenhado as funções de Presidente do Conselho Fiscal da Assembleia de Estudantes do ISCAL (1997/1998). É conhecida a sua paixão pelo Benfica. A dedicação ao Colégio e à Associação é um exemplo de militância continuada. Integrou a Direcção da AAACM de 2001-2004 como Tesoureiro, e não mais deixou, até Fevereiro de 2016, de integrar o Conselho Fiscal ao longo de mais quatro mandatos. Desde Dezembro de 2012 (constituição do Conselho de Delegados de Curso) que é Delegado do curso de 1984. É Pai de um Aluno e uma Aluna do 1º Ciclo do Colégio, tendo integrado até ao final do último ano lectivo a estrutura dos corpos sociais da APEEACM (Associação de Pais) onde tem mantido acção bastante interventiva junto da Direcção do Colégio.

É aglutinador de alguns grupos de Antigos Alunos e respectivas famílias, em particular da sua faixa etária, mobilizando esforços e vontades em torno quer dos objectivos estratégicos que a AAACM manteve durante o período conturbado da recente Reforma, quer relativamente a acções pontuais da Associação tendo por objectivo actuações imediatas junto de iniciativas envolvendo Antigos Alunos. Como referido, todo o seu apoio directo ou informal às sucessivas Direcções da AAACM, configura uma situação de disponibilidade permanente que é merecedora do nosso apreço e distinção com a atribuição do Prémio Barretina “Associação – Dedicação”. O prémio foi entregue por Gonçalo Salema Leal de Matos (371/1949), Director da Revista ZacatraZ.


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Carlos Francisco da Silva do Rio Carvalho (207/1971) "PRÉMIO BARRETINA - AMOR AO COLÉGIO MILITAR"

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arlos do Rio Carvalho foi graduado com duas estrelas da 2ª Companhia. Engenheiro Silvicultor e Mestre em Gestão de Recursos Naturais (Instituto Superior de Agronomia) e Consultor especialista em Silvicultura e Conservação da Biodiversidade. Em 1987 fundou a ERENA, empresa com longo historial de trabalho nos mais importantes projectos nacionais ligados à sua área de especialidade, empresa que dirige. A ERENA orienta a sua actividade para o incremento do valor económico e social através do

aumento do valor natural dos territórios, considerando que este é o caminho certo para a conservação da biodiversidade. É secretário-geral da Iberlinx, uma associação dedicada à conservação do lince-ibérico com uma intervenção relevante no processo de reintrodução da espécie em Portugal. Esgrimista (espada), participa regularmente nas competições do calendário nacional dos escalões absoluto e de veteranos. Qualquer fundamentação para a atribuição do Prémio peca sempre - e muito - por injusta, por forçosa omissão do muito que, em variadíssimas frentes, o Carlos do Rio Carvalho fez, de forma intensa e dinâmica, dedicada e com elevada convicção, pelo Colégio e pela Associação nos últimos 15 anos. É sem dúvida, o Antigo Aluno que no presente século teve maior, mais intenso e dedicado envolvimento com as causas do Colégio e da Associação, destacando-se como a referência conceptual do espírito do Colégio nas 4 Direcções em que participou em permanente militância, acompanhando

de perto a vida do Colégio e participando em variadíssimas iniciativas, com destaque para o período perturbado da recente reforma. Destaca-se ainda, a sua paixão pela Esgrima, o seu entusiasmo e a sua persistência na criação da Sala d’Armas da AAACM, “clube aberto” onde já praticaram algumas centenas de AA e não AA garantindo a possibilidade da continuidade da prática da esgrima aos Alunos que saem do Colégio, desenvolvendo a sua ligação com gerações de AA mais velhos e permitindo que não AA participem do espírito colegial contribuindo, deste modo, para o seu alargamento à Sociedade. É Pai dos Antigos Alunos Manuel Carlos da Conceição Pereira do Rio Carvalho (141/1999) e Francisco Jesus da Silva Pereira do Rio Carvalho (197/2005) e Filho de Manuel Carlos Teixeira do Rio Carvalho (124/1945) a quem em 2014 foi atribuído o mesmo Prémio Barretina “Amor ao Colégio Militar”. O prémio foi entregue por António José Sousa Valles e Saraiva de Reffóios (529/1963), Presidente da Direcção no triénio anterior.

Paulo Daniel Beckert Rodrigues (157/1971) "PRÉMIO BARRETINA - DESPORTO"

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édico Especialista em Medicina Desportiva e em Medicina Física e de Reabilitação (Fisiatria), Coordenador

Clínico da Unidade de Saúde e Performance da Federação Portuguesa de Futebol, Médico de Equipa – Selecção AA e Director Clínico da Clínica CUF Alvalade (José de Mello Saúde). Presente na fase final do Europeu de Futebol realizado em França (EURO 2016) como membro do staff da equipa que se sagrou Campeã da Europa. Integrou a equipa médica da delegação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996 (atletismo, medalha de ouro de Fernanda Ribeiro), Sydney 2000 (atletismo, medalha de bronze Fernanda Ribeiro) e Rio de Janeiro 2016 (futebol, diploma de honra).

Desempenhou funções de responsável clínico em eventos desportivos internacionais tais como: 21 edições do Estoril Open, Campeonato do Mundo de Atletismo Júnior (1994) e Campeonato do Mundo Indoor de Atletismo (2001). Em 1996, com a idade de 35 anos, é nomeado director do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital Prof Fernando Fonseca (Amadora-Sintra – 1º hospital em parceria público-privada). Permanece director do Serviço até 2014. Praticou várias modalidades desportivas tendo-se dedicado particularmente ao Atletismo onde foi recordista nacional de salto com


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vara em todas as categorias jovens, campeão nacional de iniciados, juvenis e juniores e por duas vezes vice-campeão absoluto de Portugal na mesma especialidade. Foi internacional AA (2), Esperanças (1) e Júnior (1). Tem como recorde pessoal a marca de 4,60 m obtida em 1981. No Colégio é graduado 1 estrela no ano de 1976 (6º ano) e graduado em 3 estrelas do comando (Ajudante do Comandante do Batalhão) no ano de 1977. Pertenceu à Classe Especial de ginástica e obteve medalhas de

mérito académico e de mérito em educação física e militar (prata e ouro). O 157/1971 representa o eclectismo e a vasta abrangência da formação integral adquirida no Colégio Militar. Essa sua dimensão permitiu que, amplamente, fosse reconhecido tanto em termos nacionais como internacionais. Por isso, e porque o Prémio Colégio Militar no Mundo distingue Antigos Alunos do Colégio Militar, cuja acção na Sociedade, portuguesa ou mundial, seja uma expressão da

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excelência e cuja conduta se paute pelos valores do Código de Honra dos Alunos do Colégio Militar é lhe atribuído o Prémio Barretina “Colégio Militar no Mundo”. O prémio foi entregue por António Victor Reynaud da Fonseca Ribeiro (43/1968), membro da Direcção com o pelouro do Desporto.

Roberto Pedro Peig Dória Durão (27/1970) "PRÉMIO BARRETINA - DESPORTO"

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oi o único Antigo Aluno que participou em Jogos Olímpicos em duas modalidades diferentes: nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, 1984 (Pentatlo Moderno) e nos Jogos Olímpicos de Seul, 1988 (Esgrima - Espada). Roberto Durão foi o grande responsável pela criação da secção de Pentatlo Moderno - tiro (pistola), esgrima (espada), natação (300 metros livres), equitação (saltos) e corrida (4 km cross-country) - no Sporting Clube de Portugal, em 1978, juntamente com o seu irmão Gonçalo Durão. Sagrou-se Campeão Nacional individual por oito vezes e, juntamente com Manuel Barro-

so e Luís Monteiro, apurou o Sporting para os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Em 1987, a um ano dos Jogos Olímpicos de Seul, o Sporting não conseguiu assegurar fundos necessários ao funcionamento da secção. Apesar da sua vontade de permanecer no Clube do seu coração, o Benfica cobriu as condições financeiras, e a secção transferiu-se para o clube rival, tendo-se apurado para Seul em 1988. Nos quatro anos seguintes, regressou ao Hipismo (Concurso Completo) e preparou-se para os Jogos de Barcelona em 1992, tentando ser o único na história Olímpica mundial com três participações em três desportos. Mas a lesão do seu cavalo impediu a concretização deste ensejo. Além da participação em dois Jogos Olímpicos, competiu, ainda, em oito Campeonatos do Mundo e em cerca de 200 provas internacionais nestes três desportos, dedicando-se paralelamente à carreira de professor de Educação Física. Roberto é licenciado em Educação Física pelo antigo Instituto Nacional de Educação Física (INEF).

Em 1995, foi-lhe diagnosticado um cancro num testículo, já em avançado grau. Operado de urgência, iniciou uma desgastante luta contra a doença em que acabou por sair vitorioso. Apesar do seu percurso acidentado do ponto de vista disciplinar, o Roberto não esconde o seu amor ao Colégio e reconhece a importância da sua educação colegial no sucesso dos seus resultados desportivos. Dai a sua distinção com o Premio Barretina “Associação – Desporto”. O prémio foi entregue por Roberto Ferreira Durão (15/1942), seu Pai e antigo membro da Comissão de Solidariedade da AAACM.


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Prémios Barretina 2016

José Manuel Simões Ramos de Campos (319/1950) "PRÉMIO BARRETINA - DEDICAÇÃO"

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ficial do Exército de 1961 a 1982 com o posto de Tenente-Coronel, transitou para o Quadro de Oficiais da Polícia de Segurança Pública em 1987 como Intendente, atingindo o posto de Superintendente Chefe em 1995, tendo realizado em França o “Curso Internacional sobre Crime Organizado – Alta Especialização para Forças de Polícia”. Como oficial do Exercito, cumpriu cinco comissões no Ultramar (4 em angola e 1 na Guiné).

Na Polícia de Segurança Pública, desempenhou varias funções, destacando-se entre outras as funções de Comandante Regional da PSP da Madeira (1989/90) e terminando a sua carreira como Comandante Metropolitano do Porto (1991/2000). Da sua folha de serviços constam 14 louvores e 12 condecorações destacando-se a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique e a Medalha de Serviços Distintos de Segurança Pública. No âmbito da Segurança Publica, participou em diversos seminários e reuniões internacionais em Washington, Filadélfia, Roma (2), Luxemburgo (2), Istambul e Barcelona. Em 1982 “Negotiater Course-Londres”, relacionado com situações envolvendo terroristas e reféns. É sócio da Associação, tendo sido responsável pela Delegação no Porto. Ramos de Campos pela sua inexcedível dedicação conseguiu ao longo de mais de 10 anos,

manter e desenvolver a coesão dos Antigos Alunos residentes no norte do país (de Coimbra para norte), através do contacto permanente com a rede que foi alargando após suceder a António Mata Leuschner Fernandes (436/1933). Do trabalho realizado, em que muitos dos contactos eram feitos através de correspondência postal, telefonemas, contactos pessoais (a informática não é a sua especialidade...), resultou grande afluência e participação de Antigos Alunos nas reuniões que promoveu com regularidade, destacando-se o Jantar do Natal e o Jantar do 3 de Março. Pela sua dedicação e pelos resultados alcançados na organização da Delegação do Porto, propõe-se a atribuição do Prémio Barretina “Associação – Dedicação”. O Prémio foi entregue por Bruno Pinto Basto Soares Franco (281/1970), Coordenador da Delegação do Porto.

Bernardo Manuel de Almeida e Vasconcelos Diniz de Ayala (171/1980) "PRÉMIO BARRETINA - COLÉGIO MILITAR NO MUNDO"

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ernardo Diniz de Ayala (171/1980), frequentou o Colégio Militar entre 1980 e 1985, licenciou-se em Direito na Univer-

sidade de Lisboa em 1993 e exerce advocacia desde esse ano. Trabalhou na Morais Leitão, Galvão Teles & Associados, na Sérvulo Correia e Associados, de que foi sócio co-fundador em 1999, e na Uría Menéndez, que integrou como sócio em 2008 e de cujo Conselho de Administração é actualmente membro. As suas áreas de prática são o Direito Público, o Project Finance e a Energia e Recursos Naturais, incluindo, em relação a cada uma delas, experiência de contencioso nacional e internacional, bem como de arbitragem. Em 2009, a publicação jurídica Iberian Lawyer des-

tacou-o com o prémio 40 under Forty que se destina a distinguir, de dois em dois anos, os quarenta melhores advogados da Península Ibérica com menos de quarenta anos. O directório internacional Chambers and Partners gradua-o como Advogado Band 1 (que constitui o patamar de excelência mais elevado) em Direito Público desde que essa área passou a ser considerada, em 2006, sendo o único advogado português a ter obtido esse ranking em 11 anos consecutivos. Tem diversos outros reconhecimentos por directórios internacionais da advocacia, dos quais se destacam apenas os do ano corrente (2016): o


Prémios Barretina 2016

directório Best Lawyers gradua-o como advogado líder em Direito Público (em geral), Direito Administrativo (em especial) e Project Finance; o directório International Financial Law Review 1000 qualifica-o como advogado líder em Project Finance; e o directório Legal 500 considera-o advogado líder em Direito Público e em Project Finance. Leccionou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa entre 1992 e 1998 e na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa entre 2003 e 2015. É igualmente membro do Grupo Europeu de Direito Público e docente recorrente da Academia Europeia de Direito Público, de cujo Curatorium faz parte. Entre 1992 e 1994 fez parte do Conselho Distrital da Ordem dos Advogados e entre 1995 e 1997 fez parte do Conselho Geral da Ordem dos Advogados. Tem diversas obras publicadas (em português, inglês e francês) e colaborações em muitas outras. Como facilmente se constata a notoriedade nacional e internacional de Bernardo Diniz de Ayala,

no mundo da advocacia, não deixa margem para dúvidas como bem expressam os diversos reconhecimentos com que tem sido agraciado. Assim, e tendo presente que estamos perante um mundo profissional altamente competitivo, Bernardo Diniz de Ayala, como perfeitamente atesta o seu currículo, tem afirmado um desempenho profissional de profundo relevo, tanto nacional como internacionalmente, em diversos ramos do Direito. É, pois, notório que Bernardo Diniz de Ayala (171/1980) constitui uma expressão da excelência, que em muito deve orgulhar não só o Colégio como também o País. A todo este brilhantismo, acresce o orgulho com que destaca o facto de ter sido Aluno do Colégio Militar, contribuindo inequivocamente para sublinhar a especificidade e excelência da matriz formativa do Colégio Militar, constituindo um exemplo vivo para Alunos e Antigos Alunos mais novos, afirmando que é possível singrar ao nível da excelência profissional, não cedendo na matriz

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de valores que defendemos mesmo num mundo tão competitivo como o do Direito. O seu regozijo por usar a Barretina e a sua dedicação ao Colégio e à Associação, com especial destaque nos últimos anos, constitui um exemplo de militância continuada, configurando uma situação de disponibilidade permanente que é merecedora do nosso apreço e distinção. Neste âmbito, por mais actuais, destacamos a sua assessoria e acompanhamento permanente no período de crise da comunicação social de Março-Maio de 2016, que culminaram com a ida à Assembleia da República, e a sua brilhante participação no Estagio de Graduados de 2016/2017, que mereceu louvor e apreço publico, nomeadamente do Conselho Supremo. Pelas razões apresentadas é-lhe atribuído o Prémio Barretina “Colégio Militar no Mundo”. O Prémio foi entregue por Bernardo Manuel Diniz de Ayala (171/1953), seu Pai e Vice-Presidente do Conselho Supremo.

Nuno Correia Barrento de Lemos Pires (345/1975) "PRÉMIO BARRETINA - COLÉGIO MILITAR NO MUNDO"

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oronel de Infantaria/Operações Especiais, destacou-se no Colégio essencialmente pela Classe Especial de Mesa Alemã, pelo Grupo de música e pelo teatro. Na sua carreira destacamos as funções de instrução e comando na Escola Prática de Infantaria, Professor de História Militar no Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM), Intelligence Officer na NATO Rapid Deployable Corps-Espanha, Assistente Militar do Comandante do Joint Command

Lisbon, Comandante do 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado na Brigada Mecanizada e Director de Formação na Escola das Armas em Mafra. Participou em missões em Moçambique, Angola, Paquistão e Afeganistão. É actualmente Comandante do Corpo de Alunos e Professor na Academia Militar. Doutorado em História, Defesa e Relações Internacionais pelo ISCTE-IUL. Tem 8 livros publicados, dos quais destacamos “Cartas de Cabul”, “Conflitos e arte Militar na idade da Informação”, “Wellington, Spínola e Petraeus: O Comando holístico da Guerra” e “Resposta ao Jiadismo Radical”, além disso colaborou em mais de 100 livros e artigos nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. É presença regular nos Órgãos de Comunicação Social, em especial na RTP, SIC, TVI, Antena 1 e RR. O Prémio Colégio Militar no Mundo distingue Antigos Alunos cuja acção na Sociedade, portu-

guesa ou mundial, seja uma expressão da excelência e cuja conduta se paute pelos valores do Código de Honra dos Alunos do Colégio Militar. Lemos Pires personifica isso mesmo como o seu currículo bem explicita. Para alem disso, Lemos Pires, com especial destaque nos últimos anos é, no que se refere à sua dedicação ao Colégio e à Associação, um exemplo de militância continuada, configurando uma situação de disponibilidade permanente para a AAACM que é merecedora do nosso apreço e distinção. Neste âmbito, permitimo-nos destacar a sua assessoria dada à Direcção do Colégio em pontos delicados da vivencia colegial. De destacar, também, a sua brilhante participação no Estágio de Graduados que mereceu louvor e apreço publico, nomeadamente do Conselho Supremo da Associação. O Prémio foi entregue por Manuel Ramos de Sousa Sebastião (604/1961), Presidente do Conselho Fiscal.


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Prémios Barretina 2016

José Manuel de Mello Sousa Uva (466/1959) "PRÉMIO BARRETINA - COLÉGIO MILITAR NO MUNDO"

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pós a saída do Colégio onde foi graduado com uma estrela da 1ª, formou-se em Engenharia Química (IST), e pós-graduou-se em Economia Europeia na Universidade Católica de Lisboa e na Universidade de Economia de Amesterdão. Funcionário do Ministério da Economia desde 1973, integrou em 1978 a equipa responsável pelo processo de Adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), nos domínios da Agricultura, Industria Alimentar e Comércio. Exerceu desde 1 de Janeiro de 1986, dia da entrada de Portugal na CEE, o cargo de Conselheiro Comercial na Representação Permanente de Por-

tugal em Bruxelas, representando Portugal em diversos Comités ligados às Políticas Europeias da Agricultura, Indústria e Comércio, no âmbito das actividades do Conselho de Ministros e da Comissão Europeia. Integra em Novembro de 1987 os quadros da Comissão Europeia, como Chefe de Divisão da Direcção-Geral de Agricultura, em Novembro de 1993 é promovido a Director sendo responsável pela política do Desenvolvimento Rural da União Europeia onde se manteve durante 21 anos. Até 1 de Junho de 2014, data em que terminou a sua carreira, foi ainda Director responsável pela concepção da Política de Desenvolvimento Rural da União Europeia, para o período de 2013/2020, e designado para as funções de Director-Geral Adjunto. No decurso da sua longa e brilhante carreira de Alto Funcionário da União Europeia, foi-lhe atribuída a Medalha de vinte anos de serviços prestados nas Instituições Europeias, o grau da Ordem de Mérito Agrícola da República francesa e o grau de Grande-Oficial do Mérito da República da Áustria. Em 5 de Janeiro de 2016, com o início das comemorações dos 30 anos da adesão de Portugal à

Comunidade Europeia, foi agraciado pelo Presidente da República com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. O 466/59, o “Uva” faz parte do que de melhor o Colégio produziu para portugueses que se distinguiram nas áreas da administração pública fora de Portugal no período que antecedeu e se prolongou desde a adesão de Portugal à Comunidade Europeia, distinguindo-se pelo facto de parte importante da sua vida e da sua actividade profissional ter lugar numa carreira internacional fora de Portugal. No período em que isto ocorre ser emigrante português na Europa era um estatuto conotado negativamente, e poucos foram os que tiveram a capacidade de, por mérito próprio, ultrapassar este handicap. Por isso, e devido ao facto de não existirem muitos Antigos Alunos que se tenham distinguido, nesta área e neste contexto, se justifica a distinção da atribuição de um Prémio Barretina – “Colégio Militar no Mundo”. O Prémio foi entregue por José António Pina de Bastos e Silva (67/1957), Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral.

João Manuel Ribeiro da Fonseca Calixto (314/1947) "PRÉMIO BARRETINA - COLÉGIO MILITAR NO MUNDO"

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pós a saída do Colégio onde foi graduado com duas estrelas da 3ª, frequentou o 3º ano de Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico, cumpriu 7 anos de serviço militar terminando com uma Comissão em Angola como Capitão, em zona de guerra, entre 1967 e 1969. Foi Mestre de Armas no Colégio de 1961 a 1964 e é Membro do Conselho Supremo da AAACM desde 2007.

O seu currículo é vasto. Ao longo de 40 anos desenvolveu uma carreira profissional ao mais alto nível, em Portugal e no estrangeiro como Presidente e Administrador Executivo em empresas privadas nos sectores do Turismo, Banca, Aviação e outros. Deles se destacam os seus desempenhos como Fundador e Presidente para a Europa, Médio Oriente e África da VISA Internacional


Jantar Anual da Associação Palavras proferidas pelo Presidente da Associação

(São Francisco, Lausanne, Londres) cargo que ocupou durante 15 anos e a Presidência da Portugália Airlines durante 17 anos. Como desportista competiu oficialmente e conquistou títulos em esgrima, atletismo, futebol e voleibol. Foi membro dos vários corpos sociais do SPORTING Clube de Portugal (1995 – 2012). É actualmente Presidente do Conselho de Administração da CASCAIS DINÂMICA e desde 2009 Porta-voz do Grupo Municipal do CDS-PP na Assembleia Municipal de Cascais. Em síntese, o seu percurso de vida até aos dias de hoje com 79 anos, constitui o exemplo do sucesso nas diversas áreas em que se envolveu, a sua prestação como oficial durante 4 anos no Colégio com grande dedicação à esgrima e às equipas de voleibol que competiam nos torneios nacionais, e a evidência de que, mesmo num período em que Portugal se encontrou menos aberto ao Mundo, houve Antigos Alunos que, por mérito próprio, se distinguiram internacionalmente e são merecedores da sua distinção. Pelas razões apresentadas, de que o seu currículo é a melhor prova, é-lhe atribuído o “Prémio Barretina – Colégio Militar no Mundo”. O Prémio foi entregue por Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958), Presidente do Conselho Supremo.

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Jantar Anual da Associação Palavras proferidas pelo Presidente da Direcção José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973)

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emos aqui uma Sala como provavelmente encontraremos poucas, plena do que de melhor há na nossa Sociedade. Sinto-me por isso bafejado pela sorte, pelo privilégio que me foi concedido de vos poder dirigir umas palavras. Como ponto prévio, quero começar por deixar um agradecimento institucional da Associação de Antigos Alunos, a todos aqueles que contribuíram para que mais uma vez tivéssemos este grande momento de fraternidade colegial. Ainda neste âmbito, devo também particularizar, dirigindo uma palavra de agradecimento especial:

- Ao nosso camarada Tomáz Metello, o 462/1958, que com uma generosidade muito própria tem contribuído decisivamente para que tenhamos um evento com esta elevada qualidade que o tem caracterizado; - Também não posso deixar de acentuar o empenhamento do nosso camarada Pedro Roriz, o (519/1959), que desceu da Serra para nos vir dar uma mão; - Agradeço igualmente ao Luís Cóias, o (190/1990), pela organização do cerimonial referente à recepção dos novos Antigos Alunos; - E ainda ao Pedro Gomes, o (390/1983), bem como aos restantes membros dos Ór-


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Jantar Anual da Associação Palavras proferidas pelo Presidente da Associação

gãos da AAACM que de forma muito presente foram dando o seu contributo para a realização deste evento; - Por fim, um obrigado muito especial para o trabalho dos nossos colaboradores Alina Nogueira, Leonel Tomás e Ana Carvalho, verdadeiros obreiros do evento. CAMARADAS Aproveitando este nosso tão característico ambiente familiar, permitam-me que convosco partilhe umas palavras de reconhecimento e agradecimento e que aqui deixe igualmente alguns pontos de reflexão. Como não podia deixar começo pelos nossos Convidados, Amigos do Colégio Militar Aqui tão bem personificados pelos Senhores General Carvalho dos Reis e Professor Perdigão Silva, muito obrigado pela vossa presença amiga. Aproveito, para na vossa presença sublinhar, a amizade e o empenhamento de todos aqueles que desinteressadamente têm contribuído para afirmar a força do grande ente social a que chamamos a Família Colegial. Foi o aconchego dela que mais uma vez atenuou as consequências de uma restruturação do Colégio, tão profunda e implementada de forma tão alucinante. À Direcção do Colégio Militar Aqui representada pelo seu Director, o Coronel António Salgueiro, e pelo Subdirector o Tenente-Coronel Rebordão de Brito, endosso igualmente um obrigado pela sua presença. Acentuando que, sendo ambos Antigos Alunos, julgo que, para além dos protocolares votos de felicidades para o vosso desempenho, o ambiente e a amizade nos permitem o luxo de uma partilha António Salgueiro, 461/1972, estamos cientes de que tens pela frente uma tarefa hercúlea na condução dos destinos do Colégio Militar. Em especial, e permite-me, no que respeita a duas missões estrategicamente prioritárias: - Recolocar o Colégio Militar no patamar de excelência académica, e sublinho, académica, desportiva e cultural. Onde já esteve, tem condições para estar e merece estar. - Acentuar e sensibilizar a tutela para a importância estratégica do Colégio Militar.

Importância esta, que vai muito para lá do apoio à família militar. O Colégio Militar deve continuar a afirmar-se como Instituição propagadora da matriz valorativa militar mas, e acima de tudo, disponibilizando para o nosso País um conjunto humano apetrechado com elevados padrões de conduta e com um dedicado espírito de servir. Distinto Director do Colégio Militar, Camarada 461/1972, estamos certos que vais levar a bom termo a tua missão, até porque não há volta a dar, este é um momento crucial na história de Colégio que não permite esmorecimentos. Camarada, como exemplarmente nos dita a história, a gesta dos grandes homens cresce nos profundos desafios que enfrentam. Passo agora ao Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação Companheiro de luta, Coronel João Quadros, mais propriamente, nosso camarada 444/1972, a quem para além de agradecer a presença dirijo igualmente umas palavras. Camarada, julgo que ambos estamos perfeitamente conscientes, direi mesmo orgulhosos, da importância da “frente larga”, que envolve as duas Associações e que inequivocamente visa a preservação e integridade do Projecto Educativo do Colégio Militar. Falta agora a grande Batalha da Excelência e nós, Antigos Alunos e Encarregados de Educação, somos combatentes que empenhada e particularmente só podem estar comprometidos com a victória. É esse o nosso compromisso para com o nosso Colégio e para com os nossos. Também não posso esquecer os Órgão Sociais anteriores, aqui representados na pessoa do nosso Camarada Cavaleiro Ferreira, e com natural destaque para a Direcção do António Reffóios, o 529/1963 Camaradas, aproveito este especial momento da nossa comunidade para publicamente, e porque manifestamente vos é devido, agradecer o vosso indubitável grande Amor ao nosso Colégio. Nesse sentido, será igualmente de justiça afirmar que o meu respeito e consideração por todos vós continuam a crescer, estou hoje mais ciente do enorme esforço então exigido.

António Reffóios, 529/1963, permite-me que num abraço pessoal e de camaradagem, agradeça e seja bafejado pela tua coragem e convicção, acentuando e ilustrando o “Espírito” de união e respeito tão necessário e caracterizador da nossa Comunidade. Camaradas, agora de forma mais ampla para toda a nossa Comunidade Alunos Graduados do Batalhão Colegial do Colégio Militar Aqui representados nos alunos Comandante de Batalhão, 192 – Bastos e na restante estrutura de comando do Batalhão. Sois os principais responsáveis pela assimilação e afirmação diária dos valores plasmados no nosso Código de Honra. Não esqueçais que ele não só preceitua de forma precisa a conduta da nossa vida colegial, mas que será igualmente um farol para o resto da nossa vida. Peço-vos que com o vosso exemplo, demonstreis aos mais novos que o nosso Código de Honra a todos vincula, não esquecendo particularmente que o espaço entre as paredes do nosso Colégio deve continuar a ser o santuário da nossa genuína e salutar vivência colegial. Novos Antigos Alunos do Colégio Militar Estais aqui representados pelo Curso Finalista de 2015/2016, que tão bem ilustra a nova realidade colegial, nos seus diferentes regimes: internos, externos, alunos, alunas, mas todos garbosos Alunos do Colégio Militar. Camaradas, como há pouco vos dissemos, antes da entrada por aquela porta, esta Barretina que orgulhosamente envergamos na lapela e ostentamos no coração, ilustra o privilégio único de pertencer a esta Comunidade. Uma Comunidade particularmente solidária, afirmando a nossa divisa “Um por Todos Todos por Um”, com o apanágio de tratamento por TU e que se tem materializado num serviço extremamente relevante para o País. Por isso atenção, pois essa pertença determina para todos nós uma responsabilidade única para com a Sociedade em geral e para com os membros desta Comunidade em particular. Camaradas, contai sempre com a nossa camaradagem e solidariedade, porém não esqueçais a responsabilidade que sobre todos nós recai.


Jantar Anual da Associação Palavras proferidas pelo Presidente da Associação

Camaradas, Nós Todos Não podemos deixar de estar convictos que mais uma vez na sua história secular o Colégio vai dar a volta por cima, continuando a privilegiar as gerações vindouras com uma matriz valorativa encimada pelos princípios do nosso Código de Honra, e que melhor brilhará com a reafirmação futura da excelência académica, cultural e desportiva. Concluindo, permitam-me duas notas finais: Uma referente ao Prédio Militar onde está instalada a nossa Sede, o PM 34. Em audiência com o General Rovisco Duarte, actual Chefe do Estado-Maior do Exército, foi-nos assegurado que a tutela não pretende a saída da AAACM e da AAAIO destra infraestrutura. No entanto, foi assumido também que ambas as Associações iriam estudar e propor um plano de utilização das restantes infraestruturas do PM 34 – para além das sedes e lar - compaginável com os objectos sociais de ambas as Associações e com a classificação de domínio público do imóvel.

©Foto Sérgio Garcia (326/1985)

Antigos Alunos do Colégio Militar Estamos magnificamente representados nesta amplitude etária que vai do mais antigo presente, o 15/1934, Agostinho Sousa Coutinho, a quem saúdo calorosamente, aos mais novos agora entrados. Hoje, e mais uma vez, em uníssono como registará o Zacatraz final, estamos a celebrar o espírito e camaradagem que o nosso Colégio em nós semeou. Aqui estamos, cientes, embora por vezes temerosos, que o Colégio Militar de hoje é bastante diferente do dos nossos tempos. Basta recordar o momento que há pouco vivemos de imposição das Barretinas. Mas, não esqueçamos que também os nossos tempos são ainda mais diferentes dos tempos actuais. A realidade é incontornavelmente esta, pelo que me atrevo a parafrasear uma máxima orientadora: pedindo coragem para mudarmos o que pudermos, serenidade para aceitar o que é inevitável e inteligência para identificar as diferenças.

ANTIGO ALUNO USA A BARRETINA

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Termino, chamando a especial atenção para o momento de atribuição dos Prémios Barretina. Relembro que este ano se completa uma década de atribuição, uma década de reconhecimento pela Comunidade e louvor ao Projecto Educativo do nosso Colégio. Agradeço-vos o privilégio que me deram. Muito obrigado Camaradas, continua a ser uma honra poder servir-vos.


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Prémios Barretina 10 Anos

Pedro Manuel do Vale Garrido da Silva (53/1961) pmvgarrido@gmail.com

Prémios Barretina 10 Anos O

Colégio Militar é uma Instituição Centenária de referência e de excelência, que sempre atravessou, e ainda hoje atravessa transversalmente a Sociedade Portuguesa e, até mesmo, a internacional. Por essa razão impunha-se, por razões de justiça, que se lançasse um prémio que honrasse todos aqueles que dentro e fora do nosso Colégio, o defenderam e engrandeceram por actos ou palavras. O universo dos homenageados deveria ser tão amplo quanto amplas são as manifestações de amor, dedicação e respeito por esta nobre Escola. Fosse esse prémio atribuído a um Fâmulo amado por muitos, fosse ele um General Director, verdadeiramente dedicado, fosse ele um Professor prestigiado e respeitado, fosse ele um Antigo Aluno que, para além de provas de amor ao Colégio, se tivesse distinguido na sociedade, ou ainda, a um pai ou uma mãe imbuídos da Alma Colegial. Este universo daqueles que amaram e amam o Colégio, onde quer que se encontrem, me-

rece ser recordado, não só como exemplo a seguir como também como uma forma de perpetuar a memória desses tantos a quem todos nós tanto devemos. Em boa hora, se instituíram os “Prémios Barretina”, destinados a distinguir todos os anos, personalidades de qualquer forma ligados ao Colégio Militar e em que, cada um à sua maneira, engrandeceram e prestigiaram o nome do Colégio. Faz agora 10 anos, que a Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar (AAACM), criou este prestigiado Prémio. Para comemorar estes 10 anos, com esta pequena nota iremos relembrar todos aqueles a quem tanto devemos, de que tanto nos orgulhamos e que ao longo deste período dele foram merecedores. Para terminar, enfatizando que com este prémio não se pretende nomear mais um «comendador”, para usar vaidosamente na lapela o emblema da sua comenda. Na nossa lapela só pode existir um símbolo insubstituível por qualquer outro - a Barretina.

Os Prémios Barretina são bem mais singelos que qualquer «comenda” adquirida a troco de alguns patacos. Os Prémios Barretina, são simplesmente humildes retribuições de provas de amor dadas desinteressadamente.


Prémios Barretina 10 Anos

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Prémios Barretina Homenagem

João de Almeida Bruno (230/1945) - 2015 António Joaquim Alves Ribeiro da Fonseca (4/1952) - 2015 Raúl Miguel Socorro Folques (380/1952) - 2015

Amigos do Colégio Militar

Câmara Municipal de Oeiras – 2007 Câmara Municipal de Lisboa – 2007 José Maria de Braula Reis Padre Capelão - 2008 João Nuno Jorge Vaz Antunes Tenente–General - 2009 Francisco Xavier Vigilante - 2010 Raúl Jorge Laginha Gonçalves Passos Major General - 2010 Carlos Dario Fernandes Professor do CM- 2011 Maria Isilda Lourenço de Oliveira Pegado Deputada– 2012 Adriano José Alves Moreira Professor Doutor – 2013 Rui Jorge Vieira Farinha Professor do CM - 2014 José Samuel Pereira Lupi Engº Agrónomo– 2014 Mário Nazaré Caixado Couzinho (Márinho)- Funcionário do CM -2015 Carlos Alves Cardoso Pimenta Coronel de Infantaria– 2015 Carlos Alberto de Carvalho dos Reis Tenente General– 2016 Professor Carlos da Cunha Perdigão Silva Professor do CM - 2016

Colégio Militar no Mundo

Associação – Cidadania

Ricardo Manuel Simões Bayão Horta (25/1946) – 2011 Carlos Alberto de Brito Pina (16/1964) – 2013

Associação - Dedicação

Rui Manuel Figueiredo de Barros (62/1936) - 2007 Mário Margarido e Silva Falcão (314/1936) - 2007 João Augusto Oliveira de Ayala Botto (254/1948) - 2007 José Manuel de Almeida Campos Soares de Oliveira (112/1936) – 2008 Bernardo Manuel Diniz de Ayala (171/1953) - 2008 José Eduardo Martinho Garcia Leandro (94/1950) - 2011 Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958) - 2011 João Salgueiro Pinto Ribeiro (47/1935) – 2012-2011 Fernando Edgar Collet-Maygret de Mendonça Perry da Câmara (143/1940) - 2012 Rui Miguel Risques da Costa Ferreira (516/1976) - 2013 António Eduardo Queiroz Martins Barrento (40/1948) - 2014 Vasco Maria Tavela de Sousa Santos Pinheiro (254/1982) – 2015 José Manuel Simões Ramos de Campos (319/1950) - 2016 João Luís de Mascarenhas e Silva Shoerder Coimbra (54/1984) - 2016

Associação – Delegação regional Delegação de Oeiras - 2007

Vasco Joaquim Rocha Vieira (127/1950) - 2007 João Manuel Mendes Caramês (42/1972) - 2008 Nuno Manuel Soares de Oliveira Rosa Garoupa (286/1980) - 2008 José Luís Câncio Martins (268/1946) - 2008 António José Sousa Valles e Saraiva de Reffóios (529/1963) - 2009 José Manuel Nunes Salvador Tribolet (230/1959) - 2009 Vasco Paulo Lynce de Faria (21/1960) - 2009 Diogo Jorge Ventura Oliveira e Carmo (69/1971) - 2009 José Paulo Ribeiro Mateus (170 /1973) - 2009 Nuno Miguel Feio Ribeiro Mateus (169 /1971) - 2009 João Paulo dos Santos Gomes (223/1981) – 2009 Pedro Mendonça de Queiroz Pereira (140/1959) - 2010 António de Morais Sarmento dos Santos Lucas e Costa Brotas (30/1940) - 2010 Ângelo Eduardo Manso Felgueiras e Sousa (498/1976) -2010 António Manuel Gonçalves Alexandre (527/1974) - 2010 Luís Abel Magro Moutinho (281/1959) - 2011 Luís Filipe Ferreira Reis Thomaz (176/1952) - 2011 António Pedro Feio Ribeiro Mateus (57/1970) - 2012 Eduardo Lourenço de Faria (92/1934) - 2013 Francisco Alexandre Barros Covas (363/1984) - 2014 Nuno Eduardo Moura dos Santos da Costa Taveira (486/1974) – 2015 João Manuel Ribeiro da Fonseca Calixto (314/1947) - 2016 José Manuel de Mello Sousa Uva (466/1959) - 2016 Bernardo Manuel de Almeida e Vasconcelos Diniz Ayala (171/1980) - 2016 Nuno Correia Barrento de Lemos Pires (345/1975) - 2016

Associação – Desporto

Associação – Actividade Desportiva

Associação – Notoriedade

Sala de Armas - 2007

Associação - Amor ao Colégio Militar

Roberto Ferreira Durão (15/1942) - 2009 Gonçalo Salema Leal de Matos (371/1949) - 2011 António Francisco Martins Marquilhas (67/1944) – 2012 José Luís de Mendonça Mergulhão (191/1965) - 2013 Manuel Carlos Teixeira do Rio Carvalho (124/1945) - 2014 José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973) - 2015 Carlos Francisco da Silva do Rio Carvalho (307/1971) - 2016

Nuno Álvaro do Couto Bastos de Bivar (121/1943) - 2011 João Paulo de Castro e Silva Bessa (200/1957) – 2012 Álvaro Augusto da Fonseca Sabbo (133/1938) - 2013 António Jorge Afonso Abreu Matos (244/1959) - 2013 João Carlos Craveiro Lopes (71/1931) – 2014 Nuno Bettencourt Sardinha Portela Ribeiro (556/1970) – 2015 Roberto Pedro Peig Dória Durão (37/1970) - 2016 Paulo Daniel Beckert Rodrigues (157/1971) - 2016

Associação – Divulgação do Colégio Militar Almada Forum -2007

Associação – Espírito do Colégio Militar

Tomaz Júlio Teixeira de Azevedo e Guimarães Metello (462/1958) -2007

Associação – Exemplo Pedro José Rodrigues Pires de Miranda (372/1940) - 2009

Associação – Lusofonia

Joaquim Tobias Dai (125/1993) - 2014

Associação – Memória

José Alberto da Costa Matos (96/1950) - 2008 João Carlos Lombo da Silva Cordeiro (304/1957) - 2008 Filipe Soares Franco (62/1963) - 2008 José Manuel Kruss Fanha Vicente (289/1961) – 2009 Luís Augusto Esparteiro Lopes da Costa (227/69) - 2010 João Maria Centeno de Gorjão Jorge –“Rão Kyao” (147/1959) - 2012 Luís Filipe da Silva Rocha (493/1958) - 2013 João Manuel de Castro Palha Ribeiro Telles (676/1970) – 2014

Associação – Serviço ao Colégio

Paulo Fernando Vieira de Carvalho Cardoso do Amaral (209/1974) - 2010


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Antigos Alunos em Destaque

Antigos alunos

em Destaque

José Eduardo Martinho Garcia Leandro (94/1950) Tenente-General do Exército Eleito Presidente da Fundação Jorge Álvares e Personalidade do Ano pela Liga dos Chineses de Portugal

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osé Eduardo Garcia Leandro, em Janeiro de 2016, foi eleito Presidente da Fundação Jorge Álvares pelo seu Conselho de Curadores. Esta Fundação criada em Lisboa no ano de 1999, pelo último Governador de Macau, General Vasco Rocha Vieira (127/1950), tem por missão essencial o desenvolvimento de actividades de natureza cultural, educativa, científica, artística e social no âmbito do diálogo intercultural entre Portugal e Macau. A Fundação Jorge Álvares promove acções de apoio às Instituições que em Portugal se dediquem ao estudo e divulgação de Macau, dinamizando a realização de iniciativas ligadas à diáspora macaense e fomentando um melhor conhecimento de Macau, ao mesmo tempo que patrocina Instituições e actividades nesta Região Administrativa. A Liga dos Chineses de Portugal, sediada no Porto e com muitas actividades no norte de Portugal, promove no início de todos os Anos Lunares um grande jantar comemorativo no Casino da Póvoa de Varzim, altura em que distingue alguns cidadãos portugueses e chineses pelas actividades desenvolvidas. Este ano, quando da entrada no Ano do Galo (27 de Janeiro de 2017), Garcia Leandro foi distinguido com o galardão de Personalida-

de do Ano pelos esforços feitos pela Fundação nas suas ligações com Macau. Garcia Leandro, distinto oficial do Exército Português, onde desempenhou os altos cargos de Director do Instituto de Altos Estudos Militares e de Vice-Chefe do Estado Maior do Exército, com inúmeras condecorações e louvores, de entre as quais se destaca uma Cruz de Guerra, foi Governador de Macau e Presidente da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, sendo actualmente Membro do seu Conselho Supremo. Felicitamos o nosso Camarada José Eduardo Garcia Leandro por mais estas distinções que acrescem ao seu extenso currículo de uma vida pautada pelo lema Servir.

Gonçalo Salema Leal de Matos

371/1949


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Francisco José Gomes de Sousa Lobo (95/1952) Distinguido com três prémios relacionados com o livro de sua autoria A Defesa de Lisboa – Linhas de Torres Vedras, Lisboa, Oeiras e Sul do Tejo (1809 – 1814)

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o número 202 da ZacatraZ, Janeiro/ Março de 2016, sob o título «Linhas de Torres» demos a noticia da sessão de lançamento do livro «A Defesa de Lisboa – Linhas de Torres Vedras, Lisboa, Oeiras e Sul do Tejo (1809 – 1814)» da autoria do Antigo Aluno Francisco José Gomes de Sousa Lobo, 95 do curso de entrada no Colégio em 1952. Como indicámos então, a sessão foi presidida pelo General Carlos António Corbal Hernandez Jerónimo, na altura Chefe do Estado-Maior do Exército, e decorreu no Salão Nobre da Academia Militar que foi pequeno para acolher o grande número de pessoas interessadas no evento. A sessão teve grande brilho, tendo o livro sido apresentado pelo Dr. Jaime Gama, antigo Presidente da Assembleia da República. A notícia dada terminava indicando que, a partir de então, a magnífica obra de Francisco Sousa Lobo passaria a constituir uma referência indispensável para todos os historiadores, estudiosos da história ou simples curiosos da história militar, que se quisessem informar acerca do que foram, e ainda são, as famosas «Linhas de Torres». O nosso vaticínio estava correcto, a elevada qualidade do livro então lançado foi publicamente reconhecida, ao longo do ano de 2016, com a atribuição de três prémios. Os prémios foram atribuídos pelo Ministério da Defesa

Francisco Sousa Lobo quando da entrega dos prémios no Grémio Literário e na Academia Portuguesa de História

Nacional, pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Grémio Literário. O prémio atribuído pelo Grémio Literário foi entregue em sessão solene a 18 de Abril de2016, dia de aniversário do Grémio. Este prémio destina-se a galardoar o autor do melhor livro relacionado com o século XIX, que foi o século em que Almeida Garrett e os seus companheiros fundaram o Grémio Literário. O prémio Defesa Nacional é atribuído através da Comissão Portuguesa de História Militar. A entrega do prémio foi efectuada pelo Ministro da Defesa Nacional, contando com a presença do General Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas. O prémio da Fundação Calouste Gulbenkian é atribuído através da Academia Portuguesa de História. A entrega do prémio foi efectuada em sessão solene, presidida por S.Exª o Presidente da República, Professor Marcelo Rebelo de Sousa, sendo o respectivo diploma assinado pela Presidente da Academia, Professora Doutora Manuela Mendonça. Felicitamos o nosso Camarada Francisco de Sousa Lobo, triplamente premiado, pelo seu valioso contributo para a dignificação do nosso Colégio e de toda a Comunidade Colegial. Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa 71/1957


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João Paulo de Castro e Silva Bessa (200/1957)

©Fotos Luís Ponte/Câmara Municipal de Lisboa

Arquitecto, Desportista e Dirigente

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oão Paulo Bessa foi agraciado no passado dia 27 de Janeiro com a Medalha Municipal de Mérito Desportivo, da Câmara Municipal de Lisboa, “que se destina a distinguir as pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, de cujos actos advenham assinaláveis benefícios para a Cidade de Lisboa, melhoria das condições de vida da sua população, desenvolvimento ou difusão da sua arte, divulgação ou aprofundamento da sua história, ou outros de notável importância que justifiquem este reconhecimento”. Esta homenagem acontece alguns dias após João Paulo Bessa ter sido considerado, pelo Conselho Científico da Faculdade de Motricidade Humana, como Especialista de Mérito em Gestão de Desporto e de ter sido eleito como um dos 21 membros que constituem a Assembleia de Delegados da Ordem dos Arquitectos. A cerimónia decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho, com a presença dos seus Familiares mais próximos e de inúmeros Camaradas Antigos Alunos, membros do Conselho de Delegados de Curso, companheiros de equipas desportivas - colegiais e

federados - arquitectos e amigos e amigas que participaram na vida desportiva e profissional do homenageado, encontrando-se também o Director do Colégio Militar, Coronel António Salgueiro (461/1972) - que surpreendeu o homenageado com a presença do seu actual sucessor o 200 de 2012 - , o Presidente da Direcção da nossa Associação, José Cordeiro de Araújo (591/1973), a Presidente da Assembleia Municipal, Helena Roseta, os Presidentes, actual e eleito, da Ordem dos Arquitectos, o Presidente do Comité Olímpico de Portugal, o Presidente e os Vice-Presidentes do Instituto Português do Desporto e Juventude, diversos presidentes ou representantes de federações desportivas e treinadores de diversas modalidades, tendo a Medalha sido entregue pelo Presidente da Câmara, Fernando Medina, que referiu as notáveis qualidades do agraciado e do seu contributo muito positivo nas diversas áreas que abarcou ao longo da vida, salientando a sua acção cívica e a vantagem da Cidade de Lisboa em poder contar com a participação activa dos seus cidadãos, considerando ser


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No seu agradecimento, João Paulo Bessa, leu o texto que reproduzimos: “O desporto é a água-forte que desenha a minha vida e é, por isso e para mim, uma grande honra receber esta Medalha Municipal de Mérito Desportivo atribuída pela Cidade que escolhi para viver. Para mais quando me é atribuída numa casa onde trabalhei - primeiro com Vasco Franco, depois com o Presidente Jorge Sampaio e ainda, no seu início de mandato, com João Soares - para servir a causa comum da genial obra humana a que chamamos Cidade.

©Foto Luís Ponte/Câmara Municipal de Lisboa

este um momento preparador do futuro e lançando o desafio ao homenageado para continuar com a sua disponibilidade de acção em prol da cidade. Usou também da palavra o Vereador dos Sistemas de Informação, Desporto e Relação com o Munícipe, Jorge Máximo, que igualmente enalteceu a figura do agraciado e do seu carisma desportivo, lembrando ser o homenageado natural do Porto e ter escolhido Lisboa para viver, elogiando-o nos termos próximos daqueles com que justificou a proposta de atribuição da Medalha, aprovada por unanimidade pelo executivo camarário, considerando-o uma referência como seleccionador e um dos grandes nomes do Rugby e também do planeamento e arquitectura de infra-estruturas desportivas em Portugal. Ambos os oradores presentearam a assistência com excelentes improvisos, muito bem enquadrados, que foram atentamente ouvidos e apreciados. A propósito da entrega desta Medalha, o Presidente da Federação Portuguesa de Rugby, Luís Cassiano, publicou no site oficial federativo a seguinte nota: “Tem sido um brilhante pensador do jogo, desafiando várias gerações a aprofundar o seu conhecimento técnico e tem tido um papel absolutamente fundamental no estudo da viabilidade, sustentabilidade e crescimento da modalidade pelo seu conhecimento de tudo o que respeita ao Rendimento, Desenvolvimento e Instalações”, realçando assim o seu trajecto, no desporto nacional e no rugby em particular.

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Muito obrigado Senhor Presidente Fernando Medina, muito obrigado executivo municipal e principalmente o meu agradecimento ao senhor Vereador dos Sistemas de Informação, Desporto e Relação com o Munícipe, Jorge Máximo, responsável pela proposta de atribuição desta distinção. Distinção que criou em mim dois sentimentos profundos: Gratidão e Responsabilidade. Gratidão porque não se consegue uma carreira desportiva isoladamente. E para que haja a permanente e necessária relação entre ilusões e desafios, ela depende não só de nós mas de muitas pessoas: família, amigos, companheiros de equipa, treinadores, adversários, dirigentes e jogadores que fizeram parte das equipas que treinámos. Muitos dos quais revejo hoje aqui e por isso, por o terem tornado possível também os meus agradecimentos ao Mário Patrício e Rafael Lucas Pereira. A minha primeira expressão de Gratidão vai para os meus Pais: para o meu Pai, que sempre conheci como desportista e que me abriu, pelo seu exemplo de atleta, o espaço da vi-

vência e conhecimento desportivos; para a minha Mãe que sempre se preocupou em me ensinar que uma derrota, por pior que seja, é sempre mais honrosa do que uma vitória com batota. E, claro, agradeço à minha família - à minha mulher Ana, aos meus filhos Raul - obrigado por teres vindo e trazido as minhas netas - e Mafalda - que não pode estar presente porque espera a minha 7ª neta - a paciência de anos que me possibilitou a dedicação e o serviço ao Desporto. Comecei pelo ténis com as raquetas do meu pai e pelo futebol de muda-aos-cinco-acaba-aos-dez com campo e balizas à medida das circunstâncias. Aos 10 anos entrei para o Colégio Militar deslumbrado por um pista de atletismo, um campo de futebol “à séria” e um ginásio que me pareceu enorme e onde tive a sorte de encontrar - comandado pelo notável Mestre Pereira de Carvalho a que se juntavam Reis Pinto, Vitória, Manuel Cerqueira, Lemos, Abranches, Luis Sequeira e o inesquecível Dario Fernandes - um sistema de formação desportiva de grande qualidade que,


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naquele tempo já distante, se aproximava do actualmente apreciado Long Term Athlete Development, o célebre LTAD, com a vantagem suplementar da multidisciplinaridade que me permitiu, ao longo dos anos, fazer parte das equipas representativas do Colégio em Atletismo, Voleibol, Andebol, Futebol, da Escolta a Cavalo e da Classe Especial de Ginástica num desenvolvimento permanente de destrezas que nos permitiram diversas e saborosas vitórias. Este processo, baseado na multiplicidade da formação desportiva, evitava qualquer tipo de especialização precoce. O que me possibilitou vir a singrar numa modalidade que, até então, desconhecia. Terminada a vida Colegial regressei ao Porto e, por influência de grupos de amigos, fui jogar futebol para o Incana F.C. que disputava o campeonato de amadores da Associação de Futebol do Porto e rugby pelo Centro Desportivo Universitário do Porto - o CDUP. Era o tempo de jogar futebol ao sábado e rugby ao domingo… No CDUP tive como treinador Valdemar Lucas Caetano de quem guardo uma viva memória. Com ele aprendi o espírito do jogo, os seus valores, a sua técnica e com as bases do jogo que me transmitiu depressa compreendi que a criatividade, a adaptação permanente e a velocidade eram as ferramentas decisivas para o sucesso neste desporto colectivo de combate. Por influência de Serafim Marques - que convenceu os meus pais: “ele devia era jogar no CDUL.” - voltei a Lisboa, matriculei-me na Escola de Belas-Artes e ingressei no CDUL. Aqui lembro com gratidão Serafim Marques e as horas pacientes que gastou comigo - que hoje seria considerado um moderno treinador de skills - para melhorar a minha técnica individual e a quem muito devo da minha qualidade de jogador. E pude ainda e a seu convite, comentar jogos do Torneio das Cinco Nações na RTP. No CDUL tive notáveis companheiros de equipa de que lembro, sempre com a ternura da amizade e a tristeza da sua partida, Bernardo Marques Pinto que me sucedeu como “capitão de equipa”. E lembro também e sempre o eterno Joaquim Pereira de quem, para

além de amigo, fui companheiro de equipa, fui posteriormente treinado por ele, para terminar - o que diz bem da sua longevidade competitiva - como seu treinador na Selecção Nacional. De um ponto de vista competitivo este tempo do CDUL foi notável - 7 campeonatos - e marcou-me para sempre. A convite de Duarte Leal - por quem tenho enorme gratidão pela amizade, simpatia e permanente disponibilidade - assumi com Olegário Borges e tendo João Ataíde como dirigente e depois de uns cursos em Inglaterra, o cargo de seleccionador/treinador de Juniores. No passo seguinte fui adjunto de Pedro Lynce na Selecção Nacional de Seniores para me tornar, a convite de António Trindade, treinador principal com Vasco Lynce como adjunto e Albano Rodrigues como dirigente. Treinava então a equipa do Grupo Desportivo de Direito por convite do Miguel Ferreira, tempos de que guardo uma particular forma de encarar o rugby e amizades que se criaram para sempre. Do GDD passei ao Cascais - o Grupo Dramático e Sportivo de Cascais - onde, com Raúl Patrício e o fisioterapeuta Manuel Carvalho e graças ao talento, vontade e atitude competitiva dos jogadores que encontrei, foi possível expressar as concepções do jogo de movimento que defendo. Fomos campeões 4 vezes seguidas. Surgiu então um novo convite por parte de Raúl Martins, meu antigo “capitão” da equipa nacional, para voltar ao cargo de Seleccionador/Treinador Nacional. Com Raúl Patrício, António Coelho, o meu irmão Luís Bessa e a ajuda de Tomaz Morais a formar a equipa de campo e com Francisco Graça Gordo como fisioterapeuta, Mário Ferreira no apoio e Henrique Caleia Rodrigues, António Paim e Armando Fernandes como dirigentes fomos, em Sevens, ao Campeonato do Mundo em 1997 e em XV chegámos até às fases finais de apuramento para o Mundial de 99… onde nos faltou um ensaio mais… Acabada a missão internacional voltei ao CDUL agora para o treinar e retirar da 2ª divisão onde tinha ingloriamente caído. A ver os jogos aparecia Serafim Marques… e subimos de divisão. Nesta vida marcadamente desportiva vi abrirem-se interessantes caminhos que me possi-

bilitaram enraizar uma visão alargada, sistémica e estratégica sobre este fenómeno único que é o Desporto. A relação com treinadores de outras modalidades permitiu-me a aproximação a outros mundos desportivos e que tiveram na fundação da Confederação de Treinadores o seu ponto alto de confluência. Daí também a minha gratidão ao José Curado, ao António Vasconcelos Raposo, ao Jorge Araújo e a essa notável figura de homem e treinador que foi o Mestre José Teotónio Lima. E lembro também Eriksson ou Bernardo Resende com quem qualquer meia-hora de conversa valia uma vida de conhecimentos. Estou grato também a Vasco Lynce e a António Guterres - o nosso Secretário-Geral das Nações Unidas - pelo convite que me fizeram para Coordenador Nacional da Medida Desporto do III Quadro Comunitário de Apoio onde pude desenvolver uma outra minha paixão: a das infraestruturas desportivas. Como grato estou a Miranda Calha pelo convite para membro do Conselho Superior do Desporto ou também a Laurentino Dias que me convidou para assumir a vice-presidência do Instituto do Desporto de Portugal onde encontrei, na área das Infraestruturas Desportivas, elevado conhecimento construído na aplicação diária de anos a fio de experiência. E estou ainda grato a José Manuel Constantino que, ao convidar-me para Mandatário da sua Candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal me abriu as portas do Olimpismo e me proporcionou uma inesgotável fonte de conhecimentos e confronto de ideias na partilha das questões desportivas mais actuais e relevantes. Agradeço ainda ao Carlos Amado da Silva, o “Cábé”, que me convidou para consultor da Presidência da Federação Portuguesa de Rugby o que, para além de me manter “dentro” da modalidade que gosto, me permitiu uma outra visão da realidade das organizações desportivas. Não posso deixar ainda de referir quão grato estou ao Prof. Doutor Luís Miguel Cunha pela oportunidade que me proporcionou de reconhecimento pelo Conselho Científico da Faculdade de Motricidade Humana da qualidade de Especialista de Mérito em Gestão de Desporto.


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©Foto Luís Ponte/Câmara Municipal de Lisboa

Hoje, continuando a ser Treinador de Rugby certificado com o Grau III, apoio onde me solicitam e mantenho as qualidades de divulgador e de formador nos diversos cursos de treinadores de rugby que se vão realizando. Durante estes anos tenho conhecido muitos atletas, treinadores e dirigentes a quem estou grato pelos apoios e desafios que me proporcionaram. Muitos estão aqui hoje e é com profunda gratidão que os saúdo e lhes agradeço. Mas como inicialmente afirmei, esta atribuição da Medalha Municipal de Mérito Desportivo impõe-me também o sentimento da Responsabilidade. Responsabilidade pelo Desporto que me marca e que pretendo sempre limpo, sem dopings ou truques que o deteriorem ou abastardem os valores que o moldam. O lema olímpico de Mais Alto, Mais Forte, Mais Rápido, não engana! O Desporto é competição, superação, resultado! É portanto, a melhoria contínua das diferentes componentes que moldam a modalidade ou a disciplina. E é por ser isto e não por ser qualquer outra

coisa que o sabor dos interesses dos tempos lhe vai colando, que resulta a exigência de ser um campo meritocrático, inclusivo, solidário e com fair-play. Porque se não fosse a permanência da procura do objectivo resultado, o Desporto seria como qualquer outro sector, dependente dos preconceitos ou dos interesses e não seria, como afirmou o Presidente Nelson Mandela, “mais poderoso do que os Governos em romper as barreiras raciais.”. É pela procura do resultado que o Desporto espalha a meritocracia e ignora o preconceito, é pelo valor do resultado que a solidariedade cresce dentro da equipa - quanto mais coesa, mais forte! - e é pelo valor do resultado que pretende adversários tão fortes quanto possível. E é ainda pelo valor do resultado que pretende regras do jogo idênticas para todos, igualmente respeitadas e que o comportamento de todos seja exemplar, garantindo assim que as vitórias não resultem de uma qualquer batota. É também pelo valor do resultado que o Desporto se alicerça na Ciência, exigindo

investigações e desenvolvimento de métodos que possam contribuir para a superação dos conhecimentos actuais e dando assim o seu contributo para o melhor conhecimento do corpo e mente humanos. A importância social do Desporto é inegável - pela universal linguagem desportiva aproximam-se pessoas e povos de diferentes culturas, origens, línguas ou religiões - e por isso é necessário saber mantê-lo no seu domínio específico, no seu espaço de decência, sem o sujeitar a alterações ou confusões circunstanciais. E o Desporto vivido assim pode ser uma tremenda lição para a sociedade em que vivemos ao ganhar a dimensão ímpar de ter “o poder de mudar o mundo… […] o poder de inspirar.”, como também referiu o presidente Mandela. É esta a responsabilidade que sinto com a atribuição desta Medalha Municipal de Mérito Desportivo: continuar a bater-me pela existência e desenvolvimento de um Desporto que exista para e por aquilo que é enquanto espaço de competição pelo melhor resultado, modelado


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pelas virtudes da vida e demonstrativo das possibilidades de vivência solidária. A todos os que me ajudaram, apoiaram e desafiaram nesta carreira que construí devo esta responsabilidade. A todos estou grato e por eles sinto a responsabilidade. Hoje é um dia bonito na minha vida. Muito obrigado pela vossa presença. Um grande abraço.” A cerimónia de grande dignidade, que se iniciou com a passagem de um pequeno fil-

me resumindo a vida do homenageado, com fotografias, para além de outras referentes à sua carreira rugbística, da Classe Especial de Ginástica com o Professor Dario Fernandes e onde se podem ver António Figueiredo Cardoso (181/1956), Jorge Kol de Carvalho (79/1958), Arnaldo Reys Maia (242/1957), Manuel Dimas Cordeiro (310/1956), António Botelho Sebastião (165/1957), Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958), António Adão da Fonseca (286/1957), Comandante da Escolta a Cavalo, e uma das equipas de futebol,

representativas do Colégio, com João Soeiro da Costa (196/1956), Vasco Lynce de Faria (21/1960), João Silva Cordeiro (304/1957), Mané Costa Freitas (199/1957), Luís Medeiros Alves (46/1957) e António Botelho Sebastião (165/1957, foi encerrada com um Zacatraz lançado pelo Comandante do Batalhão do ano 2014/2015, Francisco José Cordeiro de Araújo (591/2007). Gonçalo Salema Leal de Matos 371/1949

João Manuel Mendes Caramês (42/1972) Professor Universitário - Médico

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oão Caramês fundou em 1996 o Instituto de Implantologia, clínica dentária correspondendo a uma unidade de saúde multidisciplinar dedicada à implantologia, reabilitação oral e estética e outras soluções e especialidades da medicina dentária, actualmente integrando um corpo clinico com mais de 25 médicos dentistas e estomatologistas. Numa distinção a nível mundial, foi no passado dia 30 de Janeiro, no Dubai, galardoada com o Prémio “Rose Of Paracelsus” na versão “Best Medical Practice”’. A “Rose Of Paracelsus” distingue as melhores práticas clínicas nas Instituições do Sector da Saúde e o profissionalismo dos seus colaboradores. Tal distinção foi-lhe atribuída pela European Medical Association, Oxford, England, e pela entidade belga Europe Business Assembly. Com este reconhecimento, o Instituto de Implantologia integra o mapa dos centros de excelência reconhecidos por aquelas organizações internacionais. Recebeu o prémio o Professor Doutor João Caramês, Director do Instituto de Implantologia, durante o “Arab Health 2017”, o segundo maior congresso da área da saúde do Mundo e o maior do Médio Oriente.

Pela sua prática exemplar, durante a validade de um período de cinco anos, o Instituto de Implantologia integra o registo mundial das “Melhores Clínicas do Ano”. Para a permanente actualização do seu Corpo Clínico, o Instituto estabeleceu um protocolo de colaboração académica e científica com a New York University College of Dentistry for Continuing Education. Felicitamos o nosso Camarada João Caramês por este galardão concedido pela sua brilhante carreira no desenvolvimento e aplicação das múltiplas especialidades da medicina dentária. Gonçalo Salema Leal de Matos 371/1949


Apresentação de cumprimentos ao Director do Colégio Militar

João Miguel Montes Palma e Figueiredo (554/1972)

João Manuel Vitorino Bugalho (458/1974)

Brigadeiro-General

Presidente Executivo da Whitestar

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Decreto do Presidente da República nº 4/2017, de 6 de Janeiro, confirma a promoção ao posto de Brigadeiro-General, do Coronel Piloto Aviador João Miguel Montes Palma de Figueiredo, efectuada por deliberação de 29 de Dezembro de 2016 do Conselho de Chefes de Estado-Maior e aprovada por despacho do Ministro da Defesa Nacional de 3 de Janeiro de 2017. Saudamos o nosso Camarada Antigo Aluno por mais esta progressão na sua carreira militar de piloto-aviador, desejando-lhe os maiores êxitos nas tarefas e missões que irá desempenhar no futuro.

oão Manuel Vitorino Bugalho (458/1974) foi nomeado CEO da Whitestar Asset Solutions, a partir de 1 de Setembro de 2016. Com cerca de 30 anos de experiência no mundo financeiro, João Bugalho passou por instituições como o Citibank Portugal, Banco Comercial de Macau, Interbanco - actual Banco Santander Consumer Portugal, Millennium BCP London Branch e Santander Consumer Multirent. Desde Julho de 2013 exercia o cargo de Head of Operational Leasing and Fleet Management da Volkswagen Financial Services, Brasil. A Whitestar, detida pela Arrow Global Group, é uma sociedade (líder) de gestão de carteiras de crédito e imobiliário em Portugal. Felicitamos o nosso Camarada Antigo Aluno pela sua carreira na área financeira, desejando-lhe o maior sucesso no desempenho do cargo em que foi investido.

Gonçalo Salema Leal de Matos 371/1949

Apresentação de cumprimentos ao

Director do Colégio Militar

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o passado dia 6 de Dezembro de 2016, os Corpos Socias da AAACM representados pelo Presidente da Assembleia Geral Raúl Miguel Socorro Folques (380/1952), pelo Presidente da Direcção José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973), pelo Presidente do Conselho Fiscal Manuel Ramos de Sousa Sebastião (604/1961) e pelo Presidente do Conselho de Delegados de Curso Carlos Jorge Rodrigues Valdrez (354/1987), apresentaram cumprimentos ao Director do Colégio Militar, Coronel de Artilharia António Emídio da Silva Salgueiro (461/1972).

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Gonçalo Salema Leal de Matos 371/1949


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214º Aniversário do Colégio 3 de Março de 2017

Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa 71/1957

214º Aniversário do Colégio

3 de Março de 2017

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ste ano o habitual programa das celebrações do aniversário do Colégio foi enriquecido com dois eventos «extra», o que fez com que as celebrações se prolongassem por três dias, cobrindo os dias 3, 4 e 5 de Março. Os eventos «extra» consistiram numa visita guiada ao Conjunto Conventual de Nossa Senhora da Luz e no lançamento de mais um livro relativo ao nosso Colégio, tendo como tema os graduados e as graduações dos Alunos do Colégio a partir do ano de 1910, ou seja, desde a implantação da república em Portugal até ao presente. Desta vez o livro não teve como autor o nosso habitual historiador José Alberto da Costa Matos (96/1950), mas sim uma dupla de peso de Antigos Alunos, o Presidente do Conselho Supremo da nossa Associação, Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958), autor do nosso «Quem é Quem», e o seu Vice-Presidente, Bernardo Manuel Diniz de Ayala (171/1953), co-autor do interessantíssimo livro «Os Governos da República 1910/2010», que teve a contribuição de mais dois Antigos Alunos, o saudoso Manuel Maria de Menezes Pinto Machado (92/1953) e o Luis Miguel Guerreiro Félix António (302/1972). Apresentada esta nota introdutória, passemos à descrição dos eventos.

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Dia 3 de Março A visita guiada ao Conjunto Conventual de Nossa Senhora da Luz incluiu 3 visitas distintas; visita ao núcleo antigo do Colégio Militar, visita à Igreja da Luz e visita ao antigo Quartel da Formação. Estas três componentes constituem a parte do conjunto conventual que resistiu ao terramoto de 1755 e que chegou até aos nossos dias. O núcleo antigo do Colégio, que em geral designamos por «Colégio Velho», era um antigo Hospital, a actual Igre-

Todas as fotografias deste artigo são da autoria de Leonel Tomaz (Antigo Aluno Honorário)

ja da Luz era a capela mor da igreja conventual, que tinha uma dimensão muito maior, e o antigo Quartel da Formação era a parte destinada à vida dos frades, constituindo um enorme edifício de três pisos, do qual só resta o piso térreo. De acordo com o convite que a nossa Associação oportunamente divulgou via internet, a visita resultou «da preocupação da AAACM em contribuir para a valorização das raízes históricas e patrimoniais do Colégio Militar, designadamente acentuando a precedência


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da Ordem de Cristo, cujas construções herdou, reforçando nessa herança a origem militar desta Ordem, desconhecida da população em geral». Esta visita recebeu o apoio imediato da Direcção do Colégio, que acedeu a que o evento fosse integrado nas comemorações oficiais do aniversário do Colégio. A visita teve também o apoio do Padre Gonçalo Figueiredo, pároco da paróquia de S. Lourenço de Carnide. A guia da visita não podia ser uma pessoa mais qualificada para se desempenhar da função. Foi a Senhora Doutora Arquitecta Marta Ataíde, autora do livro «Convento e Hospital de Nossa Senhora da Luz da Ordem de Cristo». A edição deste livro teve um apoio financeiro da nossa Associação, em 2015, quando tinha ainda «ao leme» a anterior Direcção. A visita começou pela Igreja da Luz, onde pudemos observar a fonte junto à qual, segundo reza a lenda, Pedro Martins, regressado do cativeiro em Argel, onde teve uma aparição da Virgem, encontrou, como lhe indicara a Virgem, uma imagem de Nossa Senhora, no ano longínquo de 1463. Foi este achado que deu origem à devoção e à romagem popular ao sítio de Nossa Senhora da Luz de Carnide. Sobre a fonte foi erguida uma capela, da qual ainda é visível um pequeno pórtico manuelino, e sobre a capela foi erigida a grande igreja conventual da Ordem de Cristo, parcialmente destruída pelo terramoto de 1755. Visitámos demoradamente a igreja, onde se encontra, no corredor central, o túmulo da Infanta D. Maria, filha do Rei Manuel I e da Rainha D. Joana, que mandou erigir, a expensas suas, o Hospital onde, pela primeira vez em 1814, se instalou o Colégio. Para que pudéssemos apreciar as extraordinárias qualidades acústicas da Igreja, o coro Sursum Corda, da Paróquia de Nossa Senhora da Purificação, de Oeiras, que acompanhou toda a visita, postou-se no rectrocoro (por trás do altar), local onde cantavam os frades do convento, e aí entoaram alguns cantos religiosos. Da igreja passámos ao convento, ou seja, ao antigo Quartel da Formação, onde observámos o que resta do mesmo, nas antigas cavalariças e camaratas dos soldados, na sede da nossa Associação, no Lar das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas e no teatro D. Luis Filipe, local de cinema, nas noites de 4ª feira, nos meus tempos de Aluno do Colégio. Entrávamos e saímos pelo grande portal

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que dá para o Largo da Luz, onde na época existia um quadro fixado na parede interior, destinado a ser lido pelos soldados que transpunham o portal, onde se podia ler a seguinte quadra:

curiosidade dos nossos leitores. Deixamos já aqui os nossos agradecimentos antecipados.

Ao saíres a Porta de Armas Sai com garbo e atenção Lembra-te, não vais sozinho, Vai contigo a Formação.

Tal como nos anos anteriores, as cerimónias deste dia começaram no «berço» do Colégio, na Feitoria, a hora matutina, com o acender da Chama, símbolo da velha mas sempre jovem Alma Colegial. É o nosso regresso anual às origens, é a prova de vida anual do Colégio. A guarda de honra foi prestada por Alunos da Escolta, com a presença do Director e Subdirector, respectivamente, Coronel de Artilharia António Emídio da Silva Salgueiro (461/1972) e Tenente-Coronel de Cavalaria Rui Miguel de Sousa Ribeiro Rebordão de Brito (1/1982), do Comandante do Corpo de Alunos Tenente-Coronel de Infantaria Comando Sérgio Nuno Silveira Castanho, do Presidente e Vice-Presidente da AAACM, respectivamente, José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973) e Artur Manuel de Spínola e Santos Pardal (587/1961), do Presidente da Assembleia Geral da AAACM, Raúl Miguel Socorro Folques (380/1952), do Presidentes do Conselho Fiscal da AAACM, Manuel Ramos de Sousa Sebastião (604/1961), do Director da ZacatraZ, Gonçalo Salema Leal de Matos (371/1949), de Antigos Alunos e de Familiares de Alunos. A chama foi acesa em conjunto pelo Aluno Comandante do Batalhão, Tomás de Sousa Bastos (192/2009) e pelo Batalhãozinho, David Alves de Azevedo (535/2016), e transferida para uma lanterna que foi transportada para a Parada Marechal António Teixeira Rebello, com a qual será acesa a Chama junto do Monumento Comemorativo dos 175 Anos da Fundação do Colégio, evocando-se o sítio onde ele nasceu e a sua transferência para o local onde hoje se encontra. Pelo Director foram proferidas as seguintes palavras: “Excelentíssimo Senhor Presidente da Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar, Meu Tenente-Coronel Comandante do Corpo de Alunos, Distintos Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores Caros Alunos e Antigos Alunos, Neste mesmo local, em 13 de Fevereiro de 1802, um português, Homem de origem humilde, não

Eram outros tempos, em que havia mais respeito pelas fardas. Do convento passámos ao Hospital, ou seja, ao Colégio, onde começámos por admirar o portal, onde, de cima para baixo, se pode ver a cruz da Ordem de Cristo, a imagem de Nossa Senhora com o Menino (a Santa, na gíria colegial), o brasão de armas da Infanta D. Maria (só com a parte direita preenchida, por ter morrido solteira) e por baixo uma lápide explicativa da origem do edifício. Entrados no edifício, observámos detidamente os Claustros, em toda a sua simplicidade e formosura, a Sala de Armas e a Biblioteca, subindo de seguida para o andar superior, onde nos detivemos na Capela, com um retábulo no altar, onde se representa a Infanta D. Maria, tendo em pano de fundo a imagem do próprio edifício do seu hospital. De ambos os lados do altar estão ainda as grandes portas que se abriam para as enfermarias laterais, hoje gerais, por forma a permitir aos enfermos a participação na missa. No final da visita, o coro Sursum Corda voltou a cantar, agora dentro da capela, enquanto nos postávamos no lado oposto dos Claustros, onde o podíamos ouvir com toda a clareza. Fez-me lembrar, no meu tempo de Aluno, o toque a recolher e a silêncio naqueles mesmos Claustros e que chegavam até nós nas Companhias. Quem viveu esses momentos, que os recorde, certamente com saudade. A visita que efectuámos só a posso classificar de excelente. Igualmente excelente foi a nossa guia, a quem pedi para fazer para a ZacatraZ um artigo relativo ao conjunto edificado que nos apresentou com mestria e de que nos deu uma visão muito enriquecida. A Doutora Marta Ataíde prontificou-se a satisfazer o nosso pedido, pelo que ficamos a aguardar o seu artigo, que decerto enriquecerá as páginas da nossa revista e satisfará a

Dia 4 de Março


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aristocrata, que havia sabido distinguir-se na carreira das armas pela sua inteligência e empenho, subindo a pulso na estrutura social e militar da sua época e afirmando-se no conhecimento e no campo de batalha, assumiu o comando do Regimento de Artilharia da Corte.

O novo Comandante, Coronel Teixeira Rebelo, o primeiro português a ocupar esse cargo no Regimento, preocupou-se desde logo com a adequada formação dos seus quadros, até então bastante precária. Numa época em que o ensino era muito exíguo e de acesso restrito, logo entendeu que, com os parcos recursos humanos de que dispunha, poderia dar-lhes algo de muito promissor para o seu futuro – formação nas primeiras letras e números. Exemplo vivo do poder da tenacidade e da perseverança, convicto de levar por diante o seu sonho, persuade Oficiais e Sargentos do seu Regimento a tomar a seu cargo, sem qualquer remuneração, as funções docentes. O primeiro tenente Caetano Paulo Xavier, lente de matemática e fortificação do regimento incumbiu-se do ensino dessas mesmas matérias, o segundo tenente Carlos Villas Boas tomou a seu cuidado o desenho, o primeiro tenente Teotónio Roiz de Carvalho assumiu o jogo de florete; ao sargento João Veloso, coube o ensino das primeiras letras; e ao furriel António da Costa da Silva, o da gramática portuguesa. Os exercícios espirituais eram exercidos pelo Prior de Oeiras, António Francisco de Carvalho. Os alunos eram inicialmente cerca de vinte. A qualidade das aulas ministradas e os bons resultados dos Alunos trouxeram ao Regimento uma excelente reputação. Motivado pelo cons-

tante sucesso, o Comandante decide levar mais longe a sua ânsia de ensinar conseguindo estender o ensino aos órfãos, carenciados e filhos de militares destacados, num momento em que eram múltiplas as dificuldades que marcavam a vida da sociedade portuguesa. Esta sua vontade filantrópica num ambiente castrense, constituiu-se como ponto fulcral no processo de criação do Colégio da Educação Militar do Regimento da Artilharia da Corte, também conhecido por Colégio da Feitoria, e que deu origem ao actual Colégio Militar, tendo sido fixada, mais tarde, a data oficial de 3 de Março de 1803 de modo a assinalar a efeméride. A vida e conhecimento da sua obra obriga-nos a reconhecer o Marechal de Campo Teixeira Rebelo como um símbolo e um exemplo de vida, discreto e humilde nos seus êxitos, orgulhoso e respeitador da sua Pátria na condição de militar e de português, exemplo no culto dos valores e virtudes, competente no saber e extremamente dotado e determinado para o ensino. Bem hajam o Colégio Militar, o seu Fundador e todos os que decisivamente contribuíram para a perpetuação desta Obra.” Concluídas as cerimónias na Feitoria, que decorreram com um tempo agreste, seguiram-se as cerimónias no Colégio, com início às 10H00 e sob um sol radioso, que ajudou a aquecer os nossos corações e que ajudou a abrilhantar a festa. Como determinado no programa, o início das cerimónias no Colégio deu-se na Parada Marechal Teixeira Rebelo, onde se situavam em tempos idos, como a Velha Guarda recorda, os pavilhões das Ciências e do Desenho. A nossa Associação estava representada pelos dirigentes dos seus órgãos sociais e pelo nosso Porta-Guião, em posição central, perfilados em frente ao Batalhão Colegial. De ambos os lados do Batalhão postava-se o numeroso público, constituído pelos familiares dos Alunos e pelos Antigos Alunos, que não deixam de comparecer a esta cerimónia, que constitui como que um «aquecimento» para o desfile na Avenida, a dar-se no dia seguinte. As Companhias e a Escolta entraram na parada com a «panache» dos grandes dias, mostrando todo o seu empenho em que tudo decorresse em beleza. Com o Batalhão já em posição, deu-se a integração na


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formatura do Comandante de Batalhão, este ano acompanhado pelo seu Ajudante, situação pela qual pugnei ao longo dos anos. As Companhias e a Escolta foram apresentadas ao Comandante de Batalhão pelos respectivos comandantes, competindo estes entre si para ver quem faria a apresentação com voz mais potente. Com todo o Batalhão pronto, prestou o mesmo continência ao Director do Colégio, seguindo-se o hastear do Guião Colegial, acompanhado pelo canto do hino do Colégio pelos Alunos, bem como pelos Antigos Alunos presentes, que continuam com ele gravado nas suas memórias. Ao hastear do guião seguiu-se a habitual alocução ao Batalhão pelo Presidente da Direcção da nossa Associação. A alocução feita, simples e curta, não podia ser mais significativa, sendo reproduzida de seguida. “Camaradas Alunos do Colégio Militar Sois vós a razão de ser desta casa. Por isso mesmo, nesta parada Marechal Teixeira Rebelo, aqui está toda a Família Colegial a comemorar o Aniversário do NOSSO Colégio. A mim, como Presidente da Direcção da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, foi-me dada a honra de me poder dirigir ao Batalhão Colegial. Alunos do Colégio Militar Já lá vão 214 ANOS, repito, duzentos e catorze anos. Não precisais, pois, de extensos discursos ou motivações novas. O caminho está, há muito, traçado, com palavras simples e fórmulas intemporais. Portanto, em vez de exercitar a retórica, vou-vos pedir que me acompanhem num exercício de reflexão e em conjunto recordemos, uma vez mais, os grandes princípios inscritos no nosso decálogo de conduta: o Código de Honra do Aluno do Colégio Militar. Recordemos, pois: 1.º Amar e honrar a Pátria 2.º Dignificar a farda que enverga 3.º Cultivar a disciplina 4.º Dedicar à sua formação todo o seu esforço e inteligência 5.º Ser verdadeiro e leal, assumindo sempre a responsabilidade dos seus actos 6.º Praticar a camaradagem sem denúncia nem cumplicidade 7.º Ser modesto no êxito, digno na adversidade e confiante face às dificuldades

8.º Ser generoso na prática do Bem 9.º Repudiar a violência, a delapidação e o despotismo 10.º Ser sempre respeitador, afável e correcto Alunos do Colégio Militar, Temos um Código de Honra que com palavras simples, mas poderosas, nos indica claramente qual é o caminho. Por isso vos peço que não esqueçais, que será na vossa conduta que se determinará o futuro do Colégio Militar que tanto amamos. Meninos da Luz TODOS, novos e mais antigos Amanhã, e uma vez mais, daremos imagem publica do nosso Código de Honra, pois estaremos TODOS juntos, orgulhosa e empenhadamente, a desfilar e gritar na avenida. Assim, e por isso Termino, com um pedido ao Aluno Comandante de Batalhão: que o primeiro ZACATRAZ destas comemorações seja por PORTUGAL, pátria que servimos, amamos e respeitamos. Parabéns ao NOSSO COLÈGIO, Obrigado, meu MARECHAL.” Concluída a alocução, seguiu-se a cerimónia de acender a «Chama Colegial», acto a que procederam o Comandante do Batalhão e o Batalhãosinho, acompanhados pelo Director do Colégio e pelo Presidente da nossa Associação. A cerimónia na Parada Marechal Teixeira Rebelo terminou com todo o Batalhão e os Antigos Alunos presentes dando um vibrante Zacatraz por Portugal e pelo Colégio. De seguida a 4ª Companhia marchou para a parada Serpa Pinto, a fim de prestar as honras da ordenança ao General Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Tenente-General José António Carneiro Rodrigues da Costa (64/1966), que iria presidir ás cerimónias a realizar nos Claustros. Cerca das 11 horas iniciaram-se as cerimónias nos Claustros, com todo o Batalhão formado, incluindo a 4ª Companhia, regressada da Parada Serpa Pinto. Foi prestada continência ao General Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, após o que se procedeu à integração do Estandarte Nacional na formatura. O Batalhão apresentou armas e todos cantaram o Hino Nacional, o que constitui sempre um momento emocionante, de grande elevação patriótica. Seguiu-se a homenagem aos mortos do Colégio, em particular aos que caíram

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pela Pátria. O Batalhão fez ombro arma, ouviu-se o toque de silêncio, o Batalhão apresentou armas, soando então, com toda a solenidade, o toque de homenagem aos mortos, executado pela fanfarra. É o momento dos apertos no coração e na garganta e das lágrimas nos olhos, para os mais velhos, que se recordam dos seus contemporâneos que caíram na guerra do Ultramar. Vem-me sempre à mente os meus três camaradas de curso que lá ficaram. Para nós, aquele evocar dos mortos não é uma abstracção, é uma dor física que nos atinge. Sofrida essa dor, ouve-se o toque de alvorada e a vida volta às nossas mentes, vida essa que está ali bem patente nos rostos juvenis daquelas centenas de Alunos que à nossa frente se perfilam. À cerimónia de evocação descrita, seguiu-se o discurso do Director do Colégio, em que frisou a sua condição de Antigo Aluno e em que incentivou os Alunos e toda a Família Colegial a tudo fazerem em prol do nosso Colégio. Reproduzimos de seguida as palavras do Director. “Excelentíssimo Senhor Tenente-General José António Carneiro Rodrigues da Costa, Ilustre Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Meu General


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Permita-me que, em nome de todos quantos servem no Colégio Militar, apresente formalmente as boas-vindas e expresse o nosso grato reconhecimento por se ter dignado presidir a esta cerimónia. A presença de V.Ex.ª reveste-se de particular significado para todos nós, pela constatação da importância e superior atenção que o Exército dedica ao acompanhamento da nossa missão, desafiante e exigente. Hoje, aqui, nos claustros do nosso Colégio, voltamos também a ter a oportunidade de receber V. Ex.ª na Casa que o acolheu em jovem e na qual, como em muitos outros casos, iniciou caminhada firme e determinada na carreira das Armas. Bem-haja. Excelentíssimo Senhor General António Eduardo Queiroz Martins Barrento, Meu General Excelentíssimos Senhores Oficiais Generais, Excelentíssimo Senhor Major-General João Manuel Lopes Nunes dos Reis, Ilustre Director de Educação do Exército Excelentíssimos Senhores Antigos Directores e Subdirectores do Colégio Militar, que saúdo na pessoa do Senhor Major-General Cóias Ferreira aqui presente. Excelentíssimos Senhores representantes do Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana e do Director Nacional da Polícia de Segurança Pública, Excelentíssimos Senhores Adidos Militares de Países Amigos,

Excelentíssimo Senhor Director do Instituto dos Pupilos do Exército, a quem saúdo, de forma particular, pelo que nos une na missão que cumprimos. Excelentíssimos Senhores Presidentes e Representantes dos órgãos sociais da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar e da Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Militar. Deixo-vos uma palavra de reconhecimento e apreço pela forma participativa, dedicada e construtiva como têm vindo a exercer a vossa acção em prol do nosso Colégio, visando a sua consolidação e continuidade após um delicado período de reforma e mudanças. A vossa permanente atenção, presença e estímulo ao trabalho em desenvolvimento, é motivo do nosso regozijo e satisfação pela identificação de inúmeros objectivos comuns. Permitam-me que, na pessoa de cada um de vossos ilustres Presidentes, saúde todos os antigos alunos, pais e encarregados de educação presentes nesta cerimónia. Distintos convidados, Obrigado por terem aceite o nosso convite e aqui estarem presentes, neste dia de aniversário, testemunhando o quanto estes jovens alunos se dedicam e querem honrar exemplos passados desde há mais de dois séculos. Estimados Oficiais, Professores, Sargentos, Praças e Funcionários Civis que servem no Colégio Militar, A todos saúdo e dirijo uma palavra de reconhecido apreço pelo esforço, dedicação e profissionalis-

mo que vêm revelando em prol da nossa Missão colectiva. Este é um desafio envolvente e absorvente, que exige total disponibilidade e renovada dinâmica. Contem comigo da mesma forma que eu conto convosco para esta complexa, mas estimulante tarefa. A seu tempo teremos o sucesso por que todos almejamos. Caros Alunos e Antigos Alunos do Colégio Militar, Cumprimos 214 anos de História de um passado repleto de páginas e páginas de feitos, figuras ilustres e tradições cumpridas. O processo de criação do Colégio Regimental da Artilharia da Corte, Colégio de Educação Militar, também conhecido por Colégio da Feitoria, e que deu origem ao actual Colégio Militar, prolongou-se entre 1802 e 1803, tendo sido fixada, mais tarde, a data oficial de 3 de Março de 1803 para assinalar a efeméride. Preocupado com a ocupação e educação das crianças e jovens familiares da sua guarnição e de civis da região, o então Coronel António Teixeira Rebelo, personalidade de referência para todos quantos frequentaram, frequentam, serviram ou servem o Colégio, criou, desse modo, uma escola cujos agentes de ensino seriam os próprios militares do seu Regimento. Oficiais e sargentos incumbiram-se do ensino de matemática e fortificação, de desenho, do jogo de florete, das primeiras letras e da gramática portuguesa. Os exercícios espirituais eram exercidos pelo Prior de Oeiras. Os alunos eram cerca de vinte. A qualidade das aulas ministradas e os bons resultados dos Alunos trouxeram ao Regimento uma excelente reputação. Motivado pelo constante sucesso, o Comandante decide levar mais longe a sua ânsia de ensinar conseguindo estender o ensino aos órfãos, carenciados e filhos de militares destacados, num momento em que eram múltiplas as dificuldades que marcavam a vida da sociedade portuguesa. Hoje, passados mais de dois séculos em que evoluímos ultrapassando múltiplas transformações económicas, sociais, militares e políticas, soubemos mudar de localização sem perder a identidade e o rumo, evoluir no modelo pedagógico sem nos restringirmos a acolher as revisões dos sistemas de ensino público, manter uma matriz formativa global de natureza castrense, norteada por princípios e valores éticos, do carácter à cora-


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gem, da lealdade à camaradagem e solidariedade, sem deixarmos de acompanhar as mudanças na sociedade. O Colégio Militar é, e quer convictamente continuar a ser, uma Escola de referência, ultrapassando com determinação, sem vacilar, os desafios da realidade actual. É, pois, com um enorme sentimento de nostalgia, mas também de extremo orgulho e renovada energia, que aqui estou perante vós e de todos quantos testemunham este dia festivo. Nestes Claustros, sempre relembramos e revemos muitos momentos de felicidade, alegria e cumplicidade com os quais construímos amizades para sempre. Só nós, Meninos da Luz, podemos perceber a dimensão desta Casa, o significado de estar desse lado, integrado numa formatura de 3 de Março, e a marca que tais momentos deixam nas nossas vidas. Muito para além dos momentos difíceis, que também existem e que todos também partilhamos, em particular, no seio de cada curso, estas são ocasiões para as quais nos preparamos ano após ano. Alunos do Colégio Militar, Este é o nosso, o vosso dia!!! Amanhã será o vosso desfile avenida abaixo e Lisboa reviverá o garbo e o aprumo da nossa marcha, da vossa marcha determinada, jovial e segura. Ser Menino da Luz não é opção fácil! Para além de se ter de saber viver as exigências do estudo, cujos resultados, nos dias de hoje, são cada vez mais determinantes numa sociedade cada vez mais competitiva, há que cultivar um relacionamento colegial leal e correcto nas atitudes, assente na disciplina individual e colectiva que decorre do cumprimento, assumido e consciente, dos princípios e valores enunciados no nosso Código de Honra e nas nossas tradições que fortalecem a forma de ser e de estar do aluno do Colégio Militar. Basta ler e reler as placas colocadas nas paredes destes notáveis claustros, por ocasião das visitas de antigos alunos, para sentir o quanto nos une, o quanto o Colégio marca gerações e gerações de jovens que por aqui passaram. De igual forma, desde os mais notáveis aos mais discretos, a barretina na lapela é uma referência. Mais do que um cartão de visita é a garantia da lealdade, da frontalidade, da amizade espontânea, da proximidade incógnita de quem nem sequer se conhecendo, independentemente da diferença de idades,

por vezes bem significativa, se trata de imediato por tu e se mostra disponível para Servir, para apoiar desinteressadamente, partilhando histórias estranhamente comuns vividas em tempos distantes. Não vale a pena tentar explicar esse comportamento. É assim... de forma natural, simples, envolvente e amiga. Esta é a essência de sermos Sempre Nós, desde aqueles que de entre Nós já partiram, aos Nós que, como eu, continuamos a viver intensamente esta experiência, agora como ex-alunos, aos Nós que sois Vós actuais alunos e aos muitos de Nós que continuarão a aqui trazer descendentes, presentes e futuros, que alimentarão a História desta Bissecular Instituição. Só o vivido é, de facto, compreendido! Ser Aluno desta Casa é um mérito, um orgulho conquistado e reiteradamente renovado. Não basta estar presente, fazer parte do dia a dia, importa viver esta experiência com um envolvimento e uma dedicação ímpares sendo um exemplo para os mais novos. Disciplina, lealdade, carácter, respeito mútuo, camaradagem e solidariedade são reflexo natural da prática da nossa divisa, “Um por Todos, Todos por Um”, que para sempre vos guiará! Excelentíssimo Senhor General Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Meu General Ilustres Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Durante 210 longos anos, ricos de História e de múltiplos exemplos de grandeza, fomos uma Es-

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cola de referência exclusivamente masculina e, quase sempre, em regime de internato. Hoje, passados apenas mais quatro anos, estamos diferentes... Fruto da recente reforma, temos um Colégio misto, com alunos de todos os ciclos do ensino básico ao ensino secundário, num total de cerca de 730 alunos e alunas que puderam optar pela frequência em regime de internato ou externato. Mudámos no contexto do visível, com a inclusão de um 1ºciclo que tem cerca de 23% do efectivo total de alunos, com a presença de alunas que constituem cerca de um terço do efectivo total, com a construção de um internato feminino, já insuficiente para a procura actual e muito insuficiente para a procura esperada no curto prazo, mas não mudámos nem queremos mudar na Essência do que sempre fomos. Se o desafio de saber integrar alunos externos e internos é o maior dos provocados pelas mudanças operadas, a convicção de que a nova realidade é uma oportunidade que Todos temos que saber aproveitar é, da minha parte, total. O Colégio sempre foi uma Escola de Referência, o Colégio é hoje uma Escola com um potencial renovado, independentemente das opiniões individuais de cada um de nós. Não serei exagerado ao afirmar que esta Escola única pode ser a Melhor Escola de Portugal. Uma Escola em que Saber Saber e Saber Fazer se ensina e se pratica como em muitas outras escolas, mas em que o Saber Ser é


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crucial e diferenciador. Essa é, de facto, a nossa Vantagem Competitiva expressa num modelo de formação completo, global, que prepara cidadãos e cidadãs para serem líderes, para serem referências profissionais na sociedade portuguesa. A Todos cumpre contribuir para esta causa, aos Alunos, com trabalho, ênfase e dedicação ao nosso Código de Honra, com Disciplina, com Orgulho, Dedicação, Humildade e Empenho, aos restantes elementos desta comunidade colegial, Corpo Docente, Pais e Encarregados de Educação, demais Educadores, pelo total envolvimento e identificação com o nosso Projecto Educativo. Quem assim não se sentir, não pensar e não agir, dificilmente

terá lugar no nosso futuro. Este é um projecto colectivo de sentido único, o da melhor preparação e valorização dos nossos jovens alunos. Assim faremos, assim contribuiremos para cumprir o desígnio que o nosso Fundador um dia idealizou e tornou realidade. A nossa História é demasiado rica para que o nosso futuro levante qualquer dúvida ou sequer reticência. Termino agradecendo uma vez mais a presença de todos, neste dia do ducentésimo décimo quarto aniversário do nosso Colégio que bem merece os nossos parabéns. A Todos Vós, Alunos do Colégio Militar Que o dia de hoje e o de amanhã sejam o prenúncio da Atitude disciplinada, determinada e confiante que os novos desafios vos exigem. Só com tranquilidade escolar, trabalho, aprumo, garbo, camaradagem e verdadeira amizade, Nós, Meninos da Luz, seremos Sempre Nós! A Bem do Colégio, pelo Marechal Teixeira Rebelo e por todos os Meninos da Luz Um Forte ZACATRAZ” Concluído o discurso, procedeu-se à imposição de condecorações a um oficial e a um sargento em serviço no Colégio, ao que se seguiu a atribuição de prémios aos Alunos que mais se distinguiram na Instrução Militar, na Esgrima, na Educação Física e na Equitação. Assinala-se que os prémios relativos à Instrução Militar e à Esgrima foram atribuídos este ano a Alunas.

Concluídas nos Claustros as cerimónias descritas, seguiu-se o desfile, que este ano decorreu de acordo com um novo formato. O formato tradicional era o de o Batalhão sair dos Claustros através do átrio principal, fazendo continência à esquerda ao busto do Fundador, como ficou determinado em Ordem de Serviço de 1903, quando o mesmo busto foi ali inaugurado por El-Rei D. Carlos. Do átrio saía o Batalhão para o jardim e daí inflectia á direita, para a Estrada da Luz, onde seguia em direcção ao Corpo de Alunos. Este percurso tradicional, como todos sabem, é acanhado na travessia do átrio e do jardim, não tendo o desafogo mais desejável para um desfile. Este ano decidiu a Direcção do Colégio fazer o Batalhão sair para a Estrada da Luz através do portão existente do lado da Igreja da Luz, no local onde dantes existia a Azinhaga da Fonte, desfilando de seguida em frente ao Colégio, com a largueza que a Estrada da Luz permite. Acho que a experiência resultou bem. No entanto, não há bela sem senão. Como é que agora os Alunos irão ter contacto com a figura do Fundador? Creio que a Direcção será capaz de encontrar solução para esta questão, fazendo os Alunos marchar através do átrio noutras ocasiões, que não no 3 de Março. Esta é uma opinião, sendo natural que haja outras.

Dia 5 de Março Este é sempre o grande dia. É o dia do desfile na Avenida. Como é meu hábito neste dia, o primeiro gesto, ao levantar-me da cama, foi ir à janela ver como estaria o tempo. Não estava famoso, com o céu enfarruscado a ameaçar chuva, o que aconselhava a ir equipado de umbrela. Homem prevenido vale por dois. Pouco passava das nove e meia quando cheguei ao Marquês. O Batalhão já lá estava a formar, com imensa gente à volta, o que já era um prenúncio de uma jornada memorável. Lá me fui juntar à Velha Guarda, reunida em torno do Guião da nossa Associação, ficando a observar os preparativos para o desfile. Caíam uns chuviscos de mau agoiro, que felizmente não tiveram seguimento. Quando as Companhias e a Escolta ficaram prontas, os seus comandantes fizeram as suas apre-


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sentações ao Comandante do Batalhão. Seguiu-se o primeiro acto das cerimónias; a requinta fez soar o sinal do Colégio e a Banda do Exército tocou o Hino do Colégio, no que foi acompanhada pelo Batalhão e pelos Antigos Alunos mais novos, pois a malta da minha geração não o aprendia no Colégio. Desconheço a razão de tal ter acontecido, mas presumo que terá sido uma das muitas maneiras de mostrarmos que não alinhavamos com a Mocidade Portuguesa, dado a letra do hino se poder prestar a confusões, na parte em que diz «Mocidade, avante, avante». Não avanço com mais explicações, dado os meus «detractores» me acusarem de ser um bocado fantasioso nas minhas histórias. Terminado o Hino do Colégio, deu-se a integração do Estandarte Nacional na formatura, agora sim, com todos a cantarem o Hino Nacional. É este o ponto alto do «aquecimento» para o desfile. Concluído o Hino, todos corremos para o alto da Avenida, para aí procurarmos as melhores posições para darmos os primeiros aplausos e os primeiros berros de incitamento à rapaziada (agora também à raparigagem). A partir daí, a Avenida é nossa. É o palco da nossa Marcha Triunfal. É o Colégio a mostrar, que, apesar de estar diferente, está vivo e bem vivo e que, no que toca a desfilar, continua a pedir meças a quem quer que seja. À semelhança do que dizia Ramalho Ortigão, “aqueles soldados juvenis avançam, conquistando, passo a passo, o terreno que pisam e a assistência fica rendida ao seu garbo, à sua compenetração e ao seu orgulho.” Normalmente sigo Avenida abaixo com a cabeça do Batalhão, adiantando-me um pouco no final da Avenida, para aí me poder voltar para trás, olhar para os lados do Marquês e admirar a perspectiva do Batalhão estendido pela Avenida abaixo, em toda a sua imponência. É um espectáculo único, que não me canso de ver ano após ano. Qualquer descrição que faça fica muito aquém da beleza da realidade, pelo que, tal como escreveu o poeta, «é melhor experimentá-lo que julgá-lo, mas julgue-o, quem não o poder experimentar». Aqueles Antigos Alunos que estão longe, espalhados pelo País e pelo Mundo, basta-lhes fechar os olhos e concentrarem-se, para de novo ouvirem o rufar dos tambores, o batimento das passadas do Batalhão e a vozearia dos acompanhantes, tendo

em pano de fundo os incitamentos dos Antigos Alunos, soltando repetidamente os seus gritos de Zacatraz, até que as gargantas lhes doam. Este ano só faltou o sol, para fazer faiscar as lâminas das espadas e das baionetas. Digo bem, as baionetas, que não deixavam agora desembainhar. Imperou o bom senso, foram desembainhadas e o espectáculo é logo outro. Chegado aos Restauradores procuro sempre um poleiro, para desfrutar uma boa perspectiva da parte final do desfile. Durante décadas amarinhei pelo monumento dos Restauradores acima. De há três anos a esta parte, o esqueleto obrigou-me a optar por uma variante mais «soft». O meu problema não está em subir ao monumento. O difícil é descer de lá sem me partir todo, quase que requer a montagem de uma escada de bombeiros. Optei por um poleiro alternativo, abraço-me agora a um candeeiro. Abraçado ao meu candeeiro lá vi passar o Batalhão e vi uma menina da 1ª Companhia que escorregou e se ia estatelando, mas que se levantou imediatamente, puxou a arma para si e conseguiu retomar logo o seu lugar na sua fileira, com toda a gente a dar-lhe um forte aplauso. Valente miúda! Do alto do meu poleiro vi também uma grande mulher. A Isabel Boavida, mulher do meu camarada de curso Francisco Bastos Moreira (185/1955), muito diminuído pela doença de Alzheimer, que ela leva em cadeira de rodas a ver o desfile. Apesar de diminuído, vê-se que ele ainda consegue

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apreciar o espectáculo. Mais tarde, ainda o consegui fazer sorrir, ao convidá-lo para bebermos uns copos de ginjinha. A terminar o desfile, fiquei como sempre entusiasmado ao ver passar a Escolta, onde já se nota uma significativa presença feminina. Não devo andar longe da verdade se disser que dentro de poucos anos poderemos ter uma Aluna como comandante da Escolta. Vejam nesta revista o artigo intitulado «A Paixão pelos Cavalos». A Escolta apresentou-se este ano com dois conjuntos de cavalos com pelagens de cor distinta. O conjunto da frente com cavalos ruços e o conjunto de trás com cavalos com pelagem castanha, do que resultou uma combinação feliz. Como de costume, o cerra fila lá fez o seu numero de circo, empinando o seu cavalo, acicatado por um conjunto de jovens Antigos Alunos, que ano após ano insistem neste procedimento. Temo, também ano após ano, que aquilo um dia dê para o torto. Mas isto é um velho membro da Escolta a falar. Vão lá convencer aquela malta e o cerra fila, que aquele número, feito em cima de um pavimento alcatroado ou de uma calçada de paralelepípedos, pode não ser uma ideia muito feliz! Descido do meu candeeiro segui até ao Rossio, onde se acumulou uma pequena multidão e onde não tardou a dar-se um ataque ao botequim das ginjinhas. Este é sempre o dia em que o dono do estabelecimento deve bater, em anos sucessivos, os seus «records» de vendas.


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Os Autores, o CM e a AAACM

Este ano a missa em S. Domingos teve início mais tarde do que aquilo que é habitual. Foi às 11H30, para dar um pouco mais de tempo de descanso aos Alunos, antes de tomarem os seus lugares no interior da igreja. A missa foi celebrada pelo Capelão do Colégio, acompanhado pelo pároco local. Como não podia deixar de ser, ao entrar no templo, veio-me à mente o Capelão da minha geração, o Padre Braula Reis e as suas memoráveis prelecções. Em nome da malta daquele tempo, daqui lhe envio as nossas saudações. Como disse na introdução, este ano houve um acontecimento extra no Colégio, antes do jantar,

que foi o lançamento do livro «Graduados e Graduações na República», da autoria de Bernardo Diniz de Ayala (171/1953) e de Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958), tal como de início referi, uma parceria de peso, ambos de uma dedicação sem limites ao Colégio e à Associação, ambos já contemplados com Prémios Barretina. A abertura e encerramento desta sessão de lançamento do livro, esteve a cargo do Presidente da Direcção das AAACM, José Cordeiro de Araújo (591/1973) que, em palavras simples e concisas, enalteceu o valor dos Autores e do seu permanente espírito de SERVIR, de que o livro agora editado é o último exemplo. A apresentação do livro foi feita por José Garcia Leandro (94/1950), antigo Presidente da Direcção da Associação, antigo Presidente da Mesa da Assembleia Geral e actual membro do Conselho Supremo, que disse: “Estou aqui hoje com muito gosto e honra para dizer algumas palavras no lançamento deste livro muito simbólico e importante da responsabilidade de Bernardo Diniz de Ayala (171/1953) e de Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958). Há muito poucas instituições que poderiam ter um livro com estas características e isso faz logo a diferença relativamente ao nosso Colégio, bem como com este tipo de Autores. Porquê então? Deixem-me abordar o livro em três pontos.

Vou falar primeiros dos Autores para que os possam conhecer, para além que está escrito nas badanas do livro. Têm uma longa ligação à AAACM, não falando já dos seus tempos do CM. O Bernardo Ayala foi Secretário Geral em duas Direcções (de 2002 a 2005 e de 2005 a 2008, primeiro com o Tavares da Silva e depois comigo) com a particularidade de estar todos os dias na Associação, na altura com instalações muito más e falando diariamente com o Subdirector do CM. Entre 2008 e 2011 foi Vice-Presidente da Assembleia Geral da AAACM, período em que se fez uma muito especial revisão dos Estatutos da nossa Associação. Actualmente é Vice-Presidente do Conselho Supremo. Foi Prémio Barretina em 2008. O Martiniano Gonçalves esteve na Direcção de 2005/2008 comigo, tendo sido entre 2008 e 2011 Presidente da Direcção, depois Presidente do Conselho de Delegados de Curso (2012/2014) e é actualmente Presidente do Conselho Supremo. Foi o principal responsável pelo livro “Meninos da Luz- Quem é Quem” editado pela AAACM em 2006 e novamente em 2008, trabalho essencial para sabermos quem somos e onde estamos. Foi Prémio Barretina em 2011. Isto fala por ambos e podia ter passado por uma simples consulta no livro; mas o que lhes dá mais relevo não são apenas as funções que desempenharam e desempenham (pode-se estar em funções e fazer muito pouco), os trabalhos que fizeram e o tempo a que estão ligados aos Órgãos mais importantes da AAACM; neste conjunto de actividades, o mais importante é o modo como tudo fizeram, com entusiasmo, dedicação e imaginação, sem qualquer quebra ou desfalecimento, com permanente disponibilidade, enorme honestidade e frontalidade nas suas posições. E posso dizer isto com segurança porque com ambos trabalhei ao longo dos últimos 12 anos na AAACM.

O Espírito O Espírito que passa para o livro vem nesta linha de coerência; é uma obra de paixão pelo CM, pela Comunidade Colegial, procurando aprofundar o seu conhecimento, é um trabalho de grande de-


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talhe que teve apoio nas investigações históricas de José da Costa Matos (96/1950) neste livro citado e transcrito, e também nos “Meninos da LuzQuem é Quem”, como primeira obra de suporte informático sobre os Antigos Alunos. Este trabalho não se faz por nomeação ou por imposição; é algo que brota de dentro da alma com a vontade de deixar mais um serviço feito para os Antigos Alunos e para os vindouros. Duvido que outro Estabelecimento de Ensino produza este tipo de Autores para este tipo de finalidade.

A Metodologia Se os Autores e o seu Espírito tinham de corresponder ao que já disse, o método e a organização do volume tinham de lhe poder dar concretização de modo eficaz, útil e fácil de consultar. Assim o livro segue o seguinte percurso: - Uma Introdução em que os Autores explicam o que consideraram essencial abordar e o modo como o fizeram; esta Introdução é o repositório do pensamento dos Autores sobre todo o mecanismo e processo das graduações, das dificuldades que surgiram, das conclusões que tiraram e dos casos atípicos, por vezes extraordinários e desconhecidos, que encontraram. Em minha opinião, merece ser lida; - Uma Introdução Histórica sobre o conceito e evolução das Graduações desde o início até hoje, apoiada nos trabalhos do Costa Matos, já citados; - Extractos do actual Regulamento Interno/Guia do Aluno onde vem explicado tudo quanto se relaciona com o sistema das Graduações e outras responsabilidades de Chefia que podem ser atribuídas aos Alunos; - Depois aparecem vários Capítulos com a lista dos Graduados desde o ano lectivo 1910/1911 de acordo com a estrutura do Batalhão Colegial, com a lista cronológica dos Alunos Graduados de acordo com a função atribuída (Companhias e Estrelas), com a Lista dos Alunos Graduados por números do Batalhão, terminando com uma síntese quantitativa das Graduações atribuídas desde esse longínquo ano de 1910. Tudo isto feito de modo exaustivo e completo. Trata-se de um trabalho de detalhe, investigação, compilação, arrumação e apresentação (impressão e fotos) notáveis em que muitos documentos tiveram de ser consultados, tendo sido encontrados

alguns vazios de informação, lacunas, documentos mal-arrumados, outros desparecidos, o que aparece explicado pelos Autores na sua Introdução. Vale ainda a pena salientar as opiniões dos Graduados mais recentes espalhadas ao longo do texto, em que estes muitos valorizam, como todos os seus antecessores, o sistema das Graduações pelas responsabilidades que, ainda muito novos, lhes foram atribuídas. O livro ainda tem uma componente sociológica em dois campos; no organizacional podem ser retiradas conclusões de como o CM foi evoluindo de acordo com os conceitos e convulsões de cada época, sem nunca perder a sua matriz e valores estruturantes; no individual, se houver para tal interesse podem ser tiradas conclusões sobe a evolução de vida de todos os Antigos Alunos, tendo como base as primeiras responsabilidades que ainda sendo jovens lhes foram atribuídas, mas também poder tirar conclusões sobre o seu futuro. Abre-se, assim, um mundo de hipóteses que apenas depende do talento e interesse de quem quiser investigar. Creio que os primeiros dados com vista a esta obra terão começado a ser recolhidos há cerca de quatro anos com base nos cursos dos próprios autores. Dito isto, compete-me felicitar os Autores, mas também a actual Direcção da AAACM por ter editado mais este trabalho sobre a Família Colegial colocando mais um tijolo neste antigo e forte edifício que, no interesse nacional, não podemos deixar enfraquecer.

Uma palavra final para o Senhor Director, também AA desta Casa, e aqui presente. Estando há poucos meses nas actuais funções, as celebrações dos 214 anos do CM neste fim de semana e as suas palavras de ontem nos Claustros ligam o passado ao futuro desejável. E concordo com o que foi então dito, mas que tem de ser concretizado; terá de haver exigência com todos os que aqui servem e estudam. O futuro da AAACM depende dos actuais Alunos; e estes dependem para a sua vida dos valores, da segurança e da qualidade de ensino que aqui devem existir, mas estes factores também dependem de estabilidade directiva. Faço votos para que o Senhor Director aqui possa ficar muitos anos para que possa deixar obra sólida. Creio que contará com o apoio certo da AAACM, da APEECM e do EME, aqui representado pelo General Vice-CEME, a quem cumprimento com amizade. O CM tem sofrido de alguma instabilidade directiva, facto mais notório quando comparado a outros Estabelecimentos do mesmo grau de ensino. Creio que agora estão criadas as condições para podermos entrar numa longa fase de estabilidade. Muito obrigado pela vossa atenção e agora a palavra é dos Autores.” Primeiro Bernardo de Ayala, que disse: “Boa noite, Agradeço a todos os que compareceram à apresentação do livro, em particular à família do Mar-


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tiniano Gonçalves, com especial deferência para a sua Mãe e à minha mulher Rosário, ao meu Filho Bernardo (171/1980), à minha Filha Sofia e ao seu marido Afonso e aos meus netos Madalena, Constança, Clara, Bernardo e Teresa. Agradeço, igualmente, ao Director do Colégio Militar, Coronel António Salgueiro, por nos ter proporcionado este anfiteatro e permitido que nos fosse dado todo o apoio de que necessitámos para o lançamento do livro. Bem-haja por isso. Finalmente, ao Garcia Leandro que aceitou sem hesitação fazer a apresentação desta obra, o que muito nos honrou, e que mais uma vez nos deu provas da sua amizade, estima e camaradagem. As motivações que nos levaram à execução deste livro são provavelmente as mesmas de todos aqueles que têm escrito livros sobre o Colégio. Porque a ligação afectiva com que ficámos ao Colégio, bem expressa na apresentação do Garcia Leandro quando diz que esta, “é uma obra realizada com paixão” e “com vontade de deixar mais um contributo feito para os Antigos Alunos e para os vindouros”. Frequentemente têm-me perguntado como chegámos a esta parceria. A explicação é simples. O Martiniano, ainda Presidente do Conselho de Delegados de Curso pretendia, depois de ter publicado o “Meninos da Luz Quem é Quem II”, efectuar o enriquecimento da Base de Dados da AAACM com dados biográficos, eventualmente com alcunhas, etc. de todos os Antigos Alunos. Apesar

da boa vontade de muitos dos Delegados, não foi possível atingir os objectivos a que se propunha. Pelo meu lado, simultaneamente, comecei sem objectivo nenhum definido, a compilar dados das graduações do meu curso de saída, 1960/1961, e fui prosseguindo esta pesquisas para os anos anteriores. Finalmente, do frequente contacto entre os dois, desde 2005, na Direcção da Associação, no Conselho de Delegados de Curso e mais recentemente no Conselho Supremo, resultou uma confiança e amizade consolidada que permitiu juntar os nossos esforços que acabaram por redundar nesta obra. Para a concretização do livro utilizámos seis fontes de informação: as Ordens de Serviço (O.S.), os Anuários; as pastas individuais dos Alunos; a História do Colégio Militar Vol. I e II; Revistas da AAACM e o contacto telefónico e directo com muitos Antigos Alunos. Quanto às O.S, confesso que com alguma admiração as encontrei guardadas no Arquivo Histórico do Colégio, as mais antigas, em relativo bom estado de conservação e as mais recentes encadernadas e de mais fácil leitura. As Ordens de Serviço de 1910 a 1918 são manuscritas e a partir daí são dactilografadas. Lamentavelmente faltam as O.S. de 1923, e ainda não estão disponíveis as de 2009 a 2015. Relativamente a estas últimas foi possível conseguir obter os dados referentes às graduações. Infelizmente quanto aos dados de 1923 não tivemos como obtê-los pelo que apenas nomeamos o Comandante

do Batalhão, Carlos Silva Freire (246/1917), que, tendo seguido a carreira das armas como engenheiro militar, teve um percurso de vida impar. Infelizmente acabou por morrer muito cedo, no posto de General, como Comandante da 3ª Região Militar no teatro de Operações de Angola, num acidente de aviação no Sul daquela província ultramarina, a 10 de Novembro de 1961, com grande parte do seu Estado-Maior. O General Silva Freire foi o último General português morto no comando de tropas em campanha. Também nos socorremos dos Anuários do Colégio Militar que sendo embora uma ajuda útil apresentam alguns erros e imprecisões que tivemos que colmatar com outras fontes de informação. As pastas individuais dos actuais Alunos e dos Antigos Alunos, arquivadas no Serviço Escolar, também foram de extrema utilidade, particularmente quando surgiam dúvidas quanto à veracidade de certas informações. A História do Colégio Militar Vol. I e II, de José Alberto da Costa Matos (96/1950), foi, é e será sempre uma ferramenta de trabalho imprescindível quando se quiser concretizar qualquer obra do tipo da que aqui estamos a falar. Dela retirámos muita informação e transcrevemos, em capítulo próprio, a evolução dos Graduados e Graduações desde que o Colégio foi fundado. Das Revistas da AAACM também retirámos informação referente às graduações e a alguns depoimentos de jovens graduados que deram testemunho do seu espírito, convicções e sentido de missão. Finalmente, o contacto pessoal com alguns Antigos Alunos foi fundamental para esclarecer dúvidas e clarificar situações cujas explicações nos ajudaram a esclarecer algumas situações atípicas descritas no livro. Abordando agora a evolução das Graduações no período de 1910 a 2017, constatámos que 15 dias após a revolução de 5 de Outubro de 1910, implantação da República, foram nomeados os novos graduados. Apesar de toda a natural convulsão criada pela mudança do regime, a única alteração que aconteceu nas graduações dos Alunos do Colégio Militar, foi a substituição das insígnias - coroas por estrelas. Dois anos passados, em 11 de Setembro de 1912 foi determinado em Ordem do Exército que: nas fardas de serviço interno as graduações, galões e estrelas,


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eram aplicadas na gola de veludo verde do dólman ou numa carcela escura do gilet de cotim. Em 1948, com a introdução do blusão como peça do uniforme de serviço interno, as graduações passaram a ser como as actuais: a passadeira de pano azul ferrete introduzida na platina do blusão. No entanto, não havia determinação nenhuma sobre as diferentes cores do Comando e das Companhias. Dois anos depois o curso do 7.º ano de 1950/1951, tomou a decisão de atribuir cores às graduações do Comando e às quatro Companhias. Este episódio vem referido na Revista da AAACM n.º 99 de 1990, num artigo escrito pelo Eduardo Martins Zúquete (20/1945), e transcrito para este livro. Por curiosidade refiro agora uma conversa que tive há uns meses como o Aluno Comandante da 4.ª Companhia, José Gamelas Alves (189/2009), ao qual perguntei se ele sabia porque razão a cor da sua Companhia era a vermelha. De imediato o jovem graduado respondeu-me que sabia perfeitamente e logo me explicou que a 1.ª e a 2.ª Companhias eram azul e branco, respectivamente, fazendo referência à Bandeira da Monarquia e que a 3.ª e 4.ª Companhias eram verde e vermelho como referência à actual Bandeira Nacional. Fiquei um pouco perplexo e disse-lhe que a explicação tinha a sua lógica mas que de facto a razão não era aquela e sugeri-lhe que fosse ler o capítulo do livro da História do Colégio Militar Vol. II, de José Alberto da Costa Matos (94/1950), no capítulo so-

bre as graduações. Mudando agora das Graduações para os Graduados verificamos que até 1939 houve sete Companhias. No entanto, por vezes tão magras que de 1910 a 1917 apenas houve graduados até à 6.ª Companhia. A partir de 1939 o Colégio Militar passou a ter apenas as 4 que se mantêm em vigor até à data. A existência de graduados de outros anos que não do 7.º ou mais recentemente do 8.º, foi uma constante. Aproveito para salientar apenas três casos que têm o seu quê de sui generis: O Aluno que exerceu as funções de graduado por mais tempo, do 3.º ao 7.º ano, foi Luís Valentim Deslandes (98/1915). Como General do Exército, Luís Valentim Deslandes exerceu as funções de Director do Colégio Militar de 1966 a 1968. Há um ano lectivo muito atípico no que aos Graduados diz respeito. Com efeito, no ano lectivo de 1940/1941, houve 18 graduados do 4.º, 5.º e 6.º anos e 35 Furriéis. Por entender que seria interessante saber a razão daquelas nomeações socorri-me do Antigo Aluno Joaquim Lopes Cavalheiro (131/1935), que embora com idade avançada era um grande conversador e que com grande lucidez me esclareceu todo o assunto referido com algum pormenor neste livro. Por fim, o ano lectivo de 1980/1981, mudança do curso liceal de 7 para 8 anos, em que cerca de metade dos Alunos graduados do ano lectivo anterior resolveram sair do Colégio, o que resultou na ne-

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cessidade de graduar um número significativo de Alunos do 7.º ano. Por fim uma referência aos Alunos que foram Furriéis. Quer nas Ordens de Serviço quer nos Anuários não há qualquer alusão aos Furriéis, Alunos que na vida do dia-a-dia do Colégio, têm sido elementos de referência dos cursos. 
Porque as nossas pesquisas nem sempre foram fáceis, por falta de informação, na listagem dos Furriéis há algumas lacunas. A todos os visados apresentamos as nossas desculpas. Não posso terminar esta minha intervenção sem me referir às duas pessoas que tornaram possível a concretização deste trabalho: À Drª. Alina Nogueira, que muito facilitou a nossa tarefa ao ter programado, com os dados por nós fornecidos, um suporte informático envolvendo a sua organização, tratamento e compatibilização. Com elevado sentido crítico dos resultados das pesquisas nas diferentes fontes de informação, detectou erros e omissões que permitiram minimizar falhas nas 4820 graduações apresentadas neste livro. Ao Martiniano Gonçalves, camarada e Amigo, possuidor de uma mente lúcida e inteligente, bom senso, de carácter íntegro e, ainda, dotado de invulgares qualidades de trabalho, tornou fácil a realização desta obra a 4 mãos, ao procurar acomodar as suas ideias às minhas sugestões e tendo sido incansável na procura das melhores soluções para o enriquecimento deste livro. O contributo, de-


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sinteressado, que tem dado Associação e ao Colégio Militar, desde 2005 até hoje, é dificilmente igualável.” Seguindo-se Martiniano Gonçalves com as seguintes palavras: “Senhor Tenente-General Vice-Chefe do Estado Maior do Exército, Caro 64 Senhor Director do Colégio Militar, Caro 461 Senhor Subdirector do Colégio Militar, Caro 1 Alunos e Antigos Alunos Família do Bernardo Ayala Minha Mãe, esta senhora bonita com 97 anos que está ali sentada meus Filhos e Netos Tenho que começar por dizer-vos a minha grande satisfação por estar aqui hoje - dentro do Colégio, neste Auditório, neste ambiente colegial, no dia em que comemoramos o aniversário do Colégio - a participar no lançamento do Livro que acabou de ser apresentado pelo Garcia Leandro a quem agradeço tê-lo feito. Obrigado! … e Obrigado pelas referências elogiosas que me fizeste! Em 1960 – já lá vão quase 60 anos - estava eu no meu 3º ano – éramos meninos - e ele era um dos meus heróis: era o Comandante da 4ª e um perigosíssimo e destemido avançado da equipa de futebol do Colégio. É assim que, frequentemente, os Alunos mais novos vêm os seus Graduados. Quero em primeiro lugar dirigir-lhe um cumprimento muito especial: ao meu camarada e Amigo Bernardo Ayala de quem fui parceiro na feitura do Livro. Após um pequeno intervalo de 45 anos, voltámos a encontrar-nos em 2005 na Direcção da Associação presidida pelo Garcia Leandro: ficará na minha memória o seu exemplo de bem SERVIR, o seu RIGÔR nas tarefas que empreende e a sua GENEROSIDADE entregando-se intensamente em tudo o que se envolve. Foi enorme o prazer de com ele colaborar nestes últimos 13 anos da vida da Associação e, em particular, neste trabalho. Obrigado! Em segundo lugar, um acto de justiça a quem sem limitação de horas, de dia ou de noite, em dia de semana ou fim de semana, connosco colaborou intensamente: a Drª. Alina Nogueira, que não pôde, hoje, estar aqui presente. À Drª. Alina Nogueira devemos para além da pagi-

nação final e do desenho gráfico, a programação dos diferentes layouts e as suas sucessivas correcções, a organização informática da base de dados que suportou os 4820 registos de Graduações e os 4140 Alunos e Antigos Alunos que são referidos. Foi uma tarefa que iniciou há cerca de 3 anos com o registo e a compatibilização dos dados que se iam obtendo, em que muito frequentemente detectava erros e incoerências, obrigando-nos a voltar a novas pesquisas às - malfadadas, por um lado, mas preciosas, por outro - Ordens de Serviço, aos Anuários e aos contactos telefónicos e pessoais com Antigos Alunos. Não teria sido possível fazer o que foi feito, em particular, nos últimos 8 meses sem a sua intensa e generosa colaboração, sendo justo dizer que sendo os autores apenas o Bernardo Ayala e eu, o trabalho foi feito, de facto, a três. Obrigado! Em terceiro lugar, um agradecimento à Direcção da Associação, na pessoa do seu Presidente - José Cordeiro de Araújo (591/1973), entre nós “o Peixinho” - por, desde que tomou posse, ter dado o seu apoio e estímulo à execução do Livro assumindo a AAACM a sua edição, suportando os seus custos e beneficiando das suas vendas. Obrigado! Gostava agora de fazer uma curta referência à forma como senti e vivi uma parte da minha participação no Livro. Foi muito bom ter feito este trabalho: revivi partes da minha passagem pelo Colégio e percebi que aquela chama que está hoje – por ser dia de festa - ali acesa no “Monumento dos 175 anos”, mesmo quando está apagada nos restantes dias do ano, de facto continua acesa e bem acesa. Eu vou explicar. Após uma primeira fase do trabalho em que a pesquisa ia, sucessivamente, progredindo para anos anteriores, sem sabermos bem até onde seria possível chegar, começámos por querer listar as Graduações que ocorreram desde a implantação da República até ao corrente ano. Pareceu-nos, no entanto, que a compilação de informação apresentada apenas como um conjunto de listas, resultaria enfadonha, monótona e redutora da verdadeira dimensão do contributo das Graduações para a formação dos Alunos. As Graduações dos finalistas são, de facto, um

importante factor da formação para a liderança: são a pedra de fecho de todo o Projecto Educativo do Colégio. Não vou dizer nada de novo; todos sabemos. Não foi agora inventado: trata-se de um conceito herdado, cuja paternidade, devemos, desde há mais de 200 anos, ao Marechal Teixeira Rebello, o Fundador do Colégio que teve a visão e o sentido pedagógico do seu contributo para a formação da personalidade dos Alunos. É deste modo que a interpenetração do património físico do Colégio - as suas instalações centenárias – e do seu património moral – a forma como, ao longo de gerações, têm sido postos em prática o espírito e a visão do Marechal – constitui a essência da educação aqui ministrada, o que contribui para este nosso comportamento enquanto grupo social, em que a devoção, a saudade, o sentido de pertença, este nosso amor à Casa que nos educou e que hoje festejamos, estão sempre presentes. Mas as nossas Graduações têm frequentemente uma outra função. Leio-vos o princípio do capítulo a que chamámos “Nota dos Autores”. Dois Antigos Alunos que não se conhecem cruzam-se na rua e ao aperceberem-se das Barretinas que cada um tem na lapela do casaco, cumprimentam-se: Olá estás bom? Qual o teu número? De que ano és? Sou o 409 de 1940, e tu? Como te chamas?


214º Aniversário do Colégio 3 de Março de 2017

Sou o 384 de 75, Silva e Costa Silva e Costa? És filho do 439 do meu curso que foi 3 estrelas da 3ª, no ano em que fui Comandante da 2ª? Que Graduação tiveste? Fui Porta-Guião, mas depois fiz lá umas coisas… e fui desgraduado… Gostei de te conhecer, dá lá um abraço ao teu Pai! Assim ocorrem muitos dos encontros de rua entre Antigos Alunos que nunca se viram, não se conhecem, são de gerações diferentes, e em que a menção à Graduação tem, frequentemente, lugar. De facto, o Número, o Ano de Entrada, a Alcunha e a Graduação fazem parte da nossa identidade colegial. Pareceu-nos, então, que o Livro deveria incluir a presença, ainda que de forma limitada, dos dois patrimónios referidos: o físico e o moral. O Livro apresenta 2 grupos de conteúdos bem distintos: - As listas de Graduações organizadas segundo 3 critérios de abordagem, resultantes da pesquisa e do trabalho de sistematização, que estão enquadradas, por uma lado, por extractos da “História do Colégio Militar” da autoria do Antigo Aluno Costa Matos com a visão institucional das Graduações desde 1809 até meados do século passado e, por outro, pelo Regulamento Interno / Guia do Aluno em vigor no corrente ano lectivo no capítulo relativo às Graduações; tendo sido, deste modo, balizado no tempo, em termos históricos e regulamen-

tares, o período tratado: a República, e, (o segundo grupo de conteúdos) - Um conjunto de testemunhos de Graduados e diversas fotografias - algumas delas de enorme beleza - como forma de introduzir outro tipo de património moral envolvendo aspectos mais emocionais e conteúdo humano em que enquadram os dados compilados e as referências históricas. A escolha dos 18 testemunhos de 6 Graduados de um dos últimos Cursos de finalistas obrigou-me a ler e reler as respostas que deram nas entrevistas publicadas no recente número especial da ZacatraZ - a Revista da Associação, para quem não sabe - dedicado às Mães e aos Graduados. É fantástico ver como jovens de 17/18 anos manifestam não só um sentido de dever e de solidariedade para com os mais novos no desempenho das suas funções, como – manifestam igualmente – o seu sentimento de agradecimento ao Colégio por serem hoje homens diferentes depois do seu desempenho como Graduados. O Colégio é de facto uma grande casa de educação! Relativamente às 83 fotografias, das quais 44 são institucionais e 39 relativas à função de Graduado, a sua selecção resultou de um universo de alguns milhares que retractam, por um lado, a essência do Colégio, e por outro, sentimentos e dedicação dos Graduados no exercício das suas responsabilidades: - as institucionais aproximam-nos do que vivemos quando fomos alunos, reforçando ainda hoje, entre outros sentimentos, o de pertença, a emoção, a saudade e o orgulho da Barretina; - aquelas em que se vêem caras de alunos mostram-nos, pelas suas expressões e atitudes, a força das suas convicções nesse espaço de criatividade e liberdade em que o sonho se inicia logo aos 10 anos – todos começam a sonhar com a Graduação que um dia vão ter (são eles que o dizem!) - o sonho que comanda a vida no dizer de António Gedeão - espaço que é o Colégio, onde, com naturalidade, se formam personalidades caracterizadas pela imaginação e pela determinação. Foi muito difícil escolher as fotografias devido à enorme dificuldade em hierarquizar o simbolismo de cada uma. Confesso a emoção - e por vezes comoção - quando observei algumas das fotografias e parei momentaneamente dentro delas, em particular naquelas – no 3 de Março - em que Graduados

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e restantes Alunos do Batalhão convivem no interior e no exterior do Palácio da Independência no intervalo entre o fim do desfile na Avenida e a entrada na Igreja de S. Domingos: - os abraços dos Graduados aos Ratas - os abraços entre Ratas – rapazes e raparigas que pela 1ª vez fizeram a Avenida - os abraços entre Graduados que fizeram o seu último 3 de Março São abraços muito sentidos: as lágrimas de alegria estão presentes em todos eles. Uns foram capazes de descer a Avenida com aquela dor no ombro da espingarda que massacra o osso: venceram aquela dúvida que tinham. Superaram-se! Outros fizeram o seu último 3 de Março e já sentem a saudade, e choram por isso. Infelizmente apenas foi possível incluir no Livro uma destas fotografias: a de um Graduado a abraçar um Rata. É fantástico como miúdos dos 9 aos 18 anos, logo desde muito novos, adquirem convicções, acreditam em valores, estabelecem objectivos pessoais e se superam! Grande Colégio a servir Portugal!” Os autores fizeram-se acompanhar pelas suas famílias, incluindo filhos e netos, e no caso do Martiniano incluindo a sua própria mãe, nos seus radiosos 97 anos, que ali esteve lúcida, atenta e sorridente. Foi bonito de se ver. O lançamento do livro terminou com umas palavras de improviso do Director do Colégio, que dia a dia vem confirmando, que se trata do «homem certo, no lugar certo». Seguiu-se o jantar no refeitório dos Alunos, tendo uma ementa que a todos não surpreendeu, ou seja, os clássicos caldo verde, amarelo e arroz doce. Em relação ao amarelo, que tem sempre de ser objecto de um comentário particular, considero que este ano não estava tão bom como de costume, estava demasiado seco, mas quero crer que para o ano estará melhor. Cerca das 10 da noite, os festejos foram encerrados com o apagar da chama na Parada Teixeira Rebelo, na certeza de que continuará bem viva nos nossos corações, até ser de novo acesa no próximo ano na Feitoria. Até lá, fiquem todos bem.


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Curso de 1966/1973 Romagem dos 50 Anos de Entrada

Curso de 1966/1973 Romagem dos 50 Anos de Entrada 25 de Novembro de 2016

Curso 1966/1973 – 50 Anos de Entrada – 25 de Novembro de 2016 ©Fotos Leonel Tomaz

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ecorridos cinquenta anos da entrada no Colégio, nesta Romagem de Saudade estiveram presentes os Antigos Alunos António Manuel Pacheco Neves (10/1965), António Augusto Correia Barrento Sabbo (11/1966), Luís Filipe da Cunha Pimentel Lopes dos Santos (21/1966), José António Carneiro Rodrigues da Costa (64/1966), José Fernando Belo da Costa Cascais (80/1965), Miguel Bacelar de Sousa Carneiro (102/1966), João Pedro Dias Chaves Ramos (106/1996), Luís Manuel Duarte Vilhena de Mendonça (117/1965), António Manuel da Fonseca Osório Nunes (141/1966), António José Serôdio Fernandes (162/1965), Pedro José de Mello e Motta Barata (170/1966), Adelino Augusto Reis da Fonseca Lage (176/1966/, Pedro Jorge de Azevedo Mafra Guerra (185/1966), José Manuel Silva da Graça Monteiro (192/1966), José Manuel Machado dos Santos (200/1965), José Alberto Fonseca Moutinho (208/1966), Eduardo José Torres Salles Henriques (231/1966), Nuno João Francisco Soares de Oliveira Silvério Marques (236/1966), António Manuel Couto do Espírito Santo (239/1966), Pedro Eduardo

Reynolds Telles Pereira (246/1966), Joaquim António Medeiros Rodeia (257/1966), António José Tolentino de Almeida Ferreira Novo (273/1965), Pedro Rui Bastos Teixeira Chaves (277/1966), Joaquim Manuel Almada de Oliveira (278/1965), Luís Manuel dos Santos Fernandes (282/1965), Mário Alexandre Pousão da Costa Gata (287/1966), José António de Magalhães Araújo Pinheiro (290/1966) Vasco Júlio Morão Teixeira Lino (300/1966), José Augusto Castelhano Nunes Egreja (305/1965), António Manuel de Seabra e Melo Rodrigues (319/1966), José Alberto de Barros Lopes Coelho Casquilho (322/1966), Hélder Duarte de Barros e Brito (324/1966), Luís Manuel Batista de Madureira Pires (336/1966), Nuno Gonçalo Madeira de Athayde Banazol (341/1966), Fernando José Pina Taborda e Silva (354/1966), Luís Augusto Severo Teixeira Pinto (359/1965), António Pedro de Almeida Marques Mieiro (375/1966), João Manuel Costa Casqueiro de Sampaio (377/1966), José Luís Ferreira Milheiriço Marques (381/1966), Joaquim Rui Loução Moura Velez (388/1966), António Manuel do Nascimento Mendes Abóbora (409/1966), João

Jorge Marques de Oliveira Dores (418/1965), António José de Sousa Correia de Mendonça (422/1966), José António Breda Marques da Costa (445/1965), Fernando Jorge Loureiro de Reboredo Seara (453/1966), Jorge Manuel Afonso dos Santos Pato (484/1966), Paulo Manuel Ferreira Lobo Fernandes (487/1966), Eduardo Augusto Damas Cavaco (489/1966), José Pedro Duarte Lupi Fialho (515/1967), José Paulo da França Sousa Ferro (528/1965), Hugo Martins Gonçalves Ferrão (572/1966), Rui Fernando do Vale Caseiro (578/1966), Luís Filipe Madeira Branco Severino (581/1966), António Miguel de Sousa Ferreira da Silva (605/1967), Luís Alberto das Neves Braz Fernandes (609/1966) e Rui Manuel Albuquerque Soares (615/1966).


Curso de 1986/1994 Romagem dos 30 Anos de Entrada

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Curso de 1986/1994 Romagem dos 30 Anos de Entrada 27 de Janeiro de 2017

Curso 1986/1994 – 30 Anos de Entrada – 27 de Janeiro de 2017 ©Fotos Leonel Tomaz

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ecorridos trinta anos da entrada do Colégio, nesta Romagem de Saudade estiveram presentes os Antigos Alunos Pedro Manuel Cabral da Costa Maurício Gomes (23/1986), Diogo Almeida e Brito Moreira Dores (44/1986), Luís Miguel Gomes Ferreira (52/1985), Carlos Daniel Fernandes da Silva (62/1986), Nuno Filipe de Almeida Borges Isaías (68/1986), Hugo Manuel dos Santos Roma (69/1986), João Miguel Nunes Ferreira (71/1986), Jorge Manuel Barroso Patrão (79/1986), Emanuel António Roque Ventura Gomes (122/1985), Sérgio Dino Neves de Melo Cunha (148/1988), Manuel Mário de Araújo Pequito (159/1986), Dário Alexandre Nunes de Sá Guerreiro (207/1986), Bruno Miguel da Silva Couto Ferreira Quaresma (214/1986), Rui Miguel da Fonseca

Margarido (235/1986), Nuno João Martins dos Santos Ribeiro (248/1986), Luís Miguel Santos Pacheco (276/1986), Pedro Manuel da Silva Marques (309/1985), José Nuno de Almeida Garcia Lopes de Oliveira (350/1985), João Alberto da Silva Canas Madeira (362/1986), Nuno Pedro Cristóvão Martins Mendonça (373/1986), Pedro Pinho Veloso (429/1986), Rodrigo Marrecas de Abreu (432/1986), José Luís dos Santos Costa e Sousa (486/1986), Alexandre Miguel Rebelo Teixeira Cardoso (492/1985), João Nunes Pereira David

Pereira (494/1986), Diogo Rodrigues da Cruz (504/1986), Frederico Mendes Macias (505/1986) e Miguel Ângelo Baptista Reis Martins (508/1986),


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Jantar de Natal no Porto

Jantar de Natal no Porto

©Foto Artur Manuel Spínola e Santos Pardal

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ais uma vez por iniciativa de Bruno Pinto Basto Soares Franco (281/1970), Delegado da AAACM no Grande Porto, abriram-se as portas do Oporto Cricket and Lawn Tennis Club para, a 15 de Dezembro de 2016, receber os Antigos Alunos no seu tradicional Jantar de Natal. Da excelente organização do nosso Delegado e do ambiente acolhedor do Club, resultou uma magnífica jornada de confraternização de Antigos Alunos na época natalícia. Antes mesmo de nos sentarmos à mesa, Bruno Soares Franco referiu que haviam sido feitas referências negativas e, até mesmo reclamações, relacionadas com os “amarelos” servidos nas vezes anteriores, situação que tinha sido muito ponderada com inúmeras diligências para que o problema fosse ultrapassado.

Neste sentido, este jantar seria ... “amarelo”. Desta vez o “amarelo” estava francamente melhor do que das vezes anteriores, foi bem apreciado e no final não houve reclamações. O segredo está na batata bem frita com a espessura adequada, na abundância dos ovos e sem excesso de carne. Foram as características do “amarelo” deste Natal. No final do jantar e no uso da palavra, Bruno Soares Franco agradeceu a presença de José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973), Presidente da AAACM, de Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958), Presidente do Conselho Supremo, de Artur Manuel de Spínola e Santos Pardal (587/1961), Vice-Presidente da AAACM, de Gonçalo Salema Leal Matos (371/1949), Director da Zaca-

traZ e de Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa (71/1957), Chefe de Redacção da ZacatraZ, vindos de Lisboa para participarem neste convívio natalício, bem como a presença dos Antigos Alunos (AA) do norte que são a essência desta Delegação da AAACM. Referiu que “o Colégio tem valores inacreditáveis, valores morais, académicos e culturais. É muito bom juntar tanta gente irmanada dos mesmos princípios”. O José Ramos de Campos (319/1950), “grande homem e excelente profissional, este ano Prémio Barretina, congregou durante anos os AA da região do Porto e arredores”. Dissertando em seguida sobre o “Uso da Barretina”, considerou esta prática o melhor


Jantar de Natal no Porto

veículo para promover a imagem do Colégio. Ao longo da vida foi encontrando comentários do género “conheço imensa gente que andou no Colégio”, o “meu Tio também lá andou”, “grande Colégio”, “a Malta do Colégio é muito unida”, “vocês têm muito orgulho de ter andado no Colégio”. O “Colégio transmite Profissionalismo, Competência, Ética e Valores” e todos, subconscientemente, “temos essa postura nos diversos caminhos da vida que cada um enfrenta”. “O uso da Barretina transmite esses valores”. Em variadas situações pensamos ou dizemos: “é desempenhado por um AA, o lugar é de responsabilidade”; “o lugar é importante, não espanta que seja gerido por um AA”; “todos ficamos orgulhosos de ter alguém da Família Colegial no desempenho de cargos de importância e notoriedade”. O uso da Barretina é um factor de entreajuda no dia-a-dia dos AA, seja no que for. Em qualquer lugar e nas mais diversas situações, num encontro de dois AA que usam a Barretina, o diálogo fica logo facilitado e é meio caminho andado para o sucesso do assunto. “Num aeroporto encontrei o Luís Miguel da Silva Esteves (453/1983) – CEO Amorim & Irmãos. No Jantar de Natal do Pestana, na minha mesa está o João Perry da Câmara (270/1971), advogado, sócio de Rogério Alves, o Diogo Oliveira e Carmo (69/1971), top Otorrino e Cirurgião, o Paulo Beckert (157/1971), Médico da Selecção Nacional Campeã da Europa, gente muito boa como tantos outros que o Colégio gerou. Este é o nosso Colégio e há-de continuar a ser”. Bruno Soares Franco comunicou ser sua intenção convidar para cada jantar alguém que não sendo do Colégio o tenha na mais alta consideração. “É um nosso Convidado que não aparece por acaso, sendo sempre seleccionado tendo em conta a sua relação e a sua opinião em relação ao Colégio”. No seguimento desta intenção, confraternizou connosco o Senhor Coronel José Manuel da Glória Belchior, actualmente Presidente

da Direcção do Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes, que nos honrou com a sua presença. Desde os tempos da então Escola do Exército, primeiro no grupo do Porto e depois no grupo do Colégio fez grande amizade com AA desse tempo, cultivando a camaradagem própria do espírito colegial. Em Angola fez uma comissão e o Curso de Comandos, em Moçambique, onde foi ferido em combate, comandou a 4ª e a 23ª Companhias de Comandos e o Batalhão de Comandos. Na Metrópole comandou o Batalhão 2 da GNR e prestou serviço na Cruz Vermelha Portuguesa. Seguiu-se no uso da palavra, o nosso Presidente da Direcção, José Cordeiro de Araújo dizendo que o código genético do Colégio não vai mudar. O “amarelo” não é o mesmo, mas é “amarelo”, referindo que os Pais muitas vezes não olham para o “ranking”, que é importante mas, por outros motivos relevantes nos dias que correm, anseiam que os Filhos façam parte desta Família Colegial. O jantar, no decorrer do qual houve um “PG”, terminou com um forte Zacatraz pelo Colégio. Participaram neste Jantar de Natal os seguintes Antigos Alunos: António Rui Prazeres de Castilho (147/1948), José António Campos Resende Santos (23/1949), Gonçalo Salema Leal de Matos (371/1949), José Alberto da Costa Matos (96/1950), José Manuel Simões Ramos de Campos (319/1950), Jorge Manuel Morais Silva Duarte (153/1951), Luís Manuel Ferraz Pinto de Oliveira (138/1954), Jorge Veiga Torres (317/1956), Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa (71/1957), Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958), António Norton de Matos Carmo Pereira (522/1959), Nuno Carrelhas (591/1959), Alfredo Figueiras Resende (313/1961), Albino Manuel Pereira de Sousa Botelho (342/1961), Artur Manuel de Spínola e Santos Pardal (587/1961), José Júlio Costa da Moura Borges (74/1962), Carlos Pimenta Machado (83/1963), José António Marques Salgueiro Lameiras (281/1963), José Manuel Duarte Presa Fernandes (403/1963), Manuel Maria de Castro e Lemos (423/1963), António José Monteiro Afonso (479/1964), António José Mesquita da Cruz (329/1965), Paulo Manuel

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Ferreira Lobo Fernandes (487/1966), Álvaro Manuel Cruz Cordeiro (48/1967), José Manuel da Silva Pinto dos Reis (100/1967), Gilberto Castelo Branco (154/1967), Gualter Manuel da Mota Santos (229/1969), Herlander José Resende Marques (260/1969), João Manuel Sanches Roma Moreira Lobo (572/1969), Bruno Pinto Basto Soares Franco (281/1970), António Jaime Tavares Coutinho Lanhoso (176/1971), Paulo Manuel Santos Lestro Henriques (200/1973), José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973), Agenor Guerreiro Ranhada Rolo (199/1974), José Eduardo da Costa Silva Pereira (391/1974), Augusto José Ferreira de Matos (688/1974), João Francisco de Olim Marote Marques Guimarães (229/1975), Rui Costa Branco (37/1978), Alfredo Andersen Guimarães (518/1978), Jorge Gustavo Rocha (25/1979) João José Pacheco de Almeida Tété (383/1984), Marcos Faceira Teixeira (232/1985), Manuel Nuno Direito de Morais Guerreiro (176/1989), Amândio Emanuel Lopes Ribeiro (368/1993), Francisco José Castro Martins (409/1993), Luís Filipe Pinto Leite (384/1994). Gonçalo Salema Leal de Matos

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Reunidos num jantar em Bruxelas Antigos Alunos do Colégio, Instituto de Odivelas e Pupilos do Exército

Reunidos num jantar em Bruxelas

Antigos Alunos do Colégio, Instituto de Odivelas e Pupilos do Exército

1º Plano Anabela Pereira, João da Silva Santos, Maria Margarida Caixeiro, Ana Teresa Caetano, Ana Henriques, Ângela Marques de Athaíde, Lucinda Afreixo e Vera Reis 2º Plano Pedro Chaves, João Delgado, Isabel Pratt, Teresa Henriques, Paulo Conde, Paulo Antunes e Rodrigo Ataíde Dias

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o seguimento da integração das Alunas de Odivelas no Colégio Militar, as Antigas Alunas de Odivelas em Bruxelas tomaram a iniciativa de organizar um jantar com os Antigos Alunos do Colégio Militar, que teve lugar no dia 19 de Novembro de 2016 na casa do João António Eduardo da Silva Santos (358/1970) e da Isabel Pratt (Antiga Aluna IO).

Além dos anfitriões, participaram as Antigas Alunas de Odivelas Anabela Pereira, Maria Margarida Caixeiro, Ana Teresa Caetano, Teresa Henriques, Ana Henriques, Ângela Marques de Athaíde, Lucinda Afreixo e Vera Reis e os Antigos Alunos do Colégio Militar Pedro Rui Bas-

tos Teixeira Chaves (277/1966), João Francisco Ramalho Ortigão Delgado (531/1969), Paulo Sérgio da Silva Sándor Antunes (405/1982) e Rodrigo Filipe de Oliveira de Ataíde Rodrigues Dias (473/1985). Os Antigos Alunos dos Pupilos do Exército também foram convidados e fizeram-se representar pelo Paulo Conde. Noite de alto nível gastronómico e musical, com a presença de um dueto arménio que permitiu numa noite fria na capital da Europa, um agradável convívio, demonstrando quanto a nossa educação em três diferentes estabelecimentos de ensino militares nos educou em valores comuns.

Ficou desde logo apalavrado novo evento na Primavera de 2017, desta vez a organizar pelos Antigos Alunos do Colégio.

João Francisco Ramalho Ortigão Delgado (531/1969) - Delegado da AAACM em Bruxelas


Almoço de Antigos Comandantes da 3ª Companhia

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Almoço de Antigos

Comandantes da 3ª Companhia

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o Restaurante Jardim da Luz realizou-se, no passado dia 28 de Dezembro de 2016, o 1º Almoço-Convívio de Antigos Comandantes da 3ª Companhia, que contou com a presença de 17 Camaradas que exerceram esse comando. Outros que “responderam à chamada” e não puderam comparecer por motivo de força maior, enviaram um abraço para os presentes no espírito solidário que nos irmana. À volta da mesa juntaram-se gerações separadas por mais de 60 anos de entrada no Colégio, surgindo conversas e partilhas que puseram lado a lado diferentes épocas da vida colegial – as histórias de aventuras dos mais antigos deliciando os mais novos, e as dos mais novos suscitando o interesse dos mais antigos em saber da evolução que o Colégio tem seguido – serviram de testemunho à matriz comum que continua a existir

na nossa vivência, mesmo que separada por todos estes anos. O almoço foi um momento de alegre convívio e camaradagem, apesar de não ter sido possível comunicar com todos os que comandaram a 3ª Companhia por falta dos seus contactos actualizados. A actualização desses elementos é um objectivo que irá permitir, no futuro, a presença de todos – que foi e continua a ser o propósito destas reuniões fraternas de Antigos Alunos. No final deste encontro, com o manifesto agrado dos que nele participaram, ficou o desejo de em breve nos reunirmos de novo com participação mais alargada. Estiveram presentes João Almeida Bruno (230/1945), Francisco Augusto Ortigão de Mello Sampayo (148/1948), Luís José Passanha Braamcamp Sobral (34/1948), José Manuel Esteves de Carvalho (368/1957),

Luís Alexandre de Oliveira Mateus de Magalhães (146/1961), Rui Alexandre da Costa Soares (398/1970), Rui Eduardo Martinez Sellés de Oliveira Soares (8/1979), Rui Gonçalo Pires Pintado (245/1987), Nuno Miguel Alves Mansilha (254/1990), Filipe Miguel Nascimento Pinto Teixeira (185/1995), Manuel Maria Teixeira d’ Aguiar Norton Brandão (220/1997), João Miguel Roque Amado (297/2001), José Gonzaga Corrêa Guedes Fragoso Duro (373/2003), Ricardo de Sousa Macedo Esteves Mendes (190/2006), Miguel Santos e Silva Hilário (62/2005), Francisco Peças Pereira Gambôa Vicente (415/2010), Francisco Godinho Correia Vallejo de Carvalho (208/2009) José Gonzaga Corrêa Guedes Fragoso Duro

373/2003


Uma Década de Imagens por Sérgio Garcia

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o longo dos anos fui vendo Sérgio de Deus da Silva Garcia (326/1985), o Sérgio Garcia, em todas as festividades e acontecimentos importantes da vida do Colégio, executando com mestria a profissão que abraçou e que tão bem tem exercido e dignificado. No seu estúdio Your Image impera o bom gosto onde, ao mesmo tempo, se revela um grande profissionalismo, constituindo o espelho da sua personalidade para alcançar a excelência na difícil arte da fotografia. O Sérgio personifica também o elevado espírito de Antigo Aluno, estando sempre disponível e pronto para apoiar a Associação e a ZacatraZ. Quando do 3 de Março de 2016, no Velho Edifício dos Claustros, fez uma interessante exposição da sua fototeca, oferecendo ao Colégio, para seu uso, os trabalhos expostos. É essa exposição que aqui se regista para memória futura, com o maior apreço, augurando-lhe os maiores êxitos no seguimento da sua carreira. Gonçalo Salema Leal de Matos 371/1949 – Director da ZacatraZ

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gora que está a passar um ano da realização do evento, em consciência não podia permitir que pudesse cair no esquecimento a exposição “Uma Década de Imagens” com que o Sérgio Garcia (326/1985), o “Manga”, nos agraciou, a acompanhar o período das festividades do aniversário do Colégio Militar, nos dias 5 e 6 de Março de 2016.

Com a eventual parcialidade que possa ser entendida nas minhas palavras, a qual deriva do respeito e admiração que nutro por este meu irmão de curso, tanto a nível pessoal como profissional, creio que a exposição “Uma Década de Imagens” complementou na perfeição o sempre magnífico ambiente das cerimónias nos Claustros. Estou convencido de que tal exposição só poderia mesmo ser preparada por um Antigo Aluno que sentisse uma verdadeira ligação ao Colégio Militar e que continuasse a acompanhar o seu quotidiano, tal como o “Manga” faz! A e B - Imagens e frases do autor da exposição com composição gráfica da Your Image. Estas imagens, no seu grande formato, reflectem a grandeza colegial com todos os seus Valores vividos pelos Antigos e actuais Alunos.

Na minha opinião, além da qualidade técnica que lhe é reconhecida bem como à sua equipa da Your Image, o Sérgio Garcia expôs também a sua vertente artística ao seleccionar e apresentar imagens onde parece ter “capturado” os momentos perfeitos para traduzir sentimentos e/ou valores associados ao nosso Colégio.

Passarei agora a descrever o propósito e a organização da referida exposição e a apresentar o que realmente interessa: as fotografias! O objectivo do Autor era celebrar os 10 de anos de presença oficial e permanente nos eventos do Colégio Militar, no âmbito da sua actividade profissional. Em termos de organização programática, a exposição estava distribuída em 7 áreas em função dos temas que o próprio autor explicou nos folhetos que apresentavam o evento. O primeiro contacto com a exposição acontecia, quase de forma inesperada, assim que se começava a subir qualquer dos lanços de escadas de acesso ao piso superior dos Claustros. Aí deparávamo-nos com uma imagem imponente, no paredão ao cimo de cada escadaria!


“O bom filho à casa torna” e a proximidade que sempre teve com a Instituição e os seus valores.

Em Setembro de 1985, o Antigo Aluno 326 Sérgio Garcia, o “Manga”, entrou pela primeira vez no Colégio Militar. Em Março de 1986 celebrou o seu primeiro “3 de Março”. Também em Março, mas de 2006, o “Manga” regressou ao Colégio como fotógrafo, função que tem desempenhado até à data. Desde então cimentou a sua carreira de fotógrafo profissional e criou uma agência de imagem, a Your Image, que trabalha a nível social, familiar e corporativo. A localização do estúdio da Your Image, na Estrada da Luz mesmo em frente ao Colégio Militar, reflete o ditado

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Imagens e frases do autor da exposição com composição gráfica da Your Image. Estas imagens, no seu grande formato, refletem a grandeza colegial com todos os seus Valores vividos pelos seus Antigos e atuais Alunos

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Honra - 11 Imagens que espelham a Honra que é envergar e dignificar a farda cor de pinhão nas mais diversas formaturas e cerimónias.

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Dedicação - 6 imagens que mostram o empenho e o esforço dos Alunos nas mais diversas atividades desportivas

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Camaradagem - 7 Imagens que traduzem a camaradagem existente entre as várias famílias colegiais

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Gratidão - 10 Imagens que representam a Gratidão e o marco pessoal de 10 anos como fotógrafo do Colégio Militar

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Lealdade - 7 Imagens que ilustram a Lealdade entre as diversas gerações

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Compromisso - 6 Imagens que retratam o compromisso com as regras e os Valores colegiais

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Tradição - 8 Imagens que documentam diversas tradições Colegiais herdadas dos antepassados

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A exposição “Uma Década de Imagens”, criada pelo Sérgio Garcia, é composta por 57 imagens que representam todas as experiências relacionadas com o Colégio Militar, nas suas diversas vertentes, durante os 10 anos como fotógrafo. Compromisso, Honra, Tradição, Dedicação, Gratidão, Camaradagem e Lealdade são os temas abordados nesta exposição organizada em 7 áreas.

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Sérgio Garcia Uma Década de Imagens

HONRA Subindo pela escadaria do lado direito quando se está de frente para a entrada principal, íamos ao encontro da imagem da esquerda e acedíamos à Área 1 – Honra, à direita, localizada no geral das salas dos Alunos mais novos do Batalhão. Segundo o autor, 11 Imagens que espelham a Honra que é envergar e dignificar a farda cor de pinhão nas mais diversas formaturas e cerimónias.

DEDICAÇÃO Saindo da Área 1 para o corredor em frente, entrávamos na Área 2 – Dedicação, não sem antes nos depararmos com uma banca com o novo merchandising com temas colegiais, idealizado e produzido também pelo Sérgio Garcia. Continuando então para a Área 2 onde, segundo o autor, “Na Dedicação à aprendizagem 6 imagens que mostram o empenho e o esforço dos Alunos nas mais diversas atividades desportivas”.


Sérgio Garcia Uma Década de Imagens

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CAMARADAGEM Na varanda dos Claustros, do lado esquerdo quando se está de frente para a Capela, situava-se a Área 3 – Camaradagem onde estavam, nas palavras do autor, “7 Imagens que traduzem a camaradagem existente entre as várias famílias colegiais”.


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Sérgio Garcia Uma Década de Imagens

GRATIDÃO A Área 4 – Gratidão, era a que se encontrava mesmo junto à entrada da Capela e aí o Sérgio apresentou “10 Imagens que representam o orgulho e o marco pessoal de 10 anos como fotógrafo do Colégio Militar”.

LEALDADE A Área 5 – Lealdade entre gerações, era contígua à Área 4 e encontrava-se no lado oposto ao da Área 3, ou seja, na varanda dos Claustros do lado direito quando se enfrenta a Capela. Aí encontravam-se 7 imagens.


Sérgio Garcia Uma Década de Imagens

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COMPROMISSO Seguindo por uma das portas para o corredor interior paralelo à área anterior, encontrava-se a Área 6 – Compromisso, onde “6 Imagens retratam o compromisso com as regras e os Valores colegiais”.


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Sérgio Garcia Uma Década de Imagens

TRADIÇÃO Por último, na Área 7 – Tradição, localizada no geral das salas dos Alunos mais velhos e contígua à área 6, o Sérgio apresentou-nos “8 Imagens que documentam diversas tradições Colegiais herdadas dos antepassados”.


Sérgio Garcia Uma Década de Imagens

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Para terminar gostaria ainda de realçar que o Sérgio Garcia ofereceu as obras da Exposição ao Colégio Militar e que algumas delas continuam a poder ser admiradas nos espaços onde foram exibidas.

Nuno Miguel Benevenuto Falcão Correia Gonçalves

©Foto Sérgio Garcia (326/1985)

66/1985

ANTIGO ALUNO USA A BARRETINA


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Antigos Alunos nas Artes e nas Letras

Nuno António Bravo Mira Vaz 277/1950

Antigos Alunos

nas Artes e nas Letras António Eduardo Queiroz Martins Barrento (40/1948) Reflexões sobre temas militares, vol. II Edição do Instituto de Atos Estudos Milutares, Lisboa, 1999.

O

livro cobre uma gama diversificada de assuntos arrumados em cinco capítulos: Do sentimento da defesa e da guerra; Da doutrina e da estratégia; Da organização militar; Da História; Diversos. António Barrento explica ao que vem no primeiro de 18 artigos: à valorização informada e inteligente dos valores identitários de Portugal, num mundo onde “as ameaças não só não desapareceram como ganharam novas frentes e novos contornos”. E logo aí remete o leitor para a correcta compreensão do «sentido de defesa» como a “referência fundamental do desejo de individualidade dos povos”, um conceito que engloba quatro factores: o dever, o poder, o saber e o querer. E sendo o sentido de defesa um bem patrimonial, é ele próprio o maior garante da preservação do património nacional. O segundo artigo constitui uma judiciosa crítica à conhecida obra de Alexis de Tocqueville, De la democratie en Amérique.

Neste livro publicado em 1835, o aristocrata francês serve-se das impressões colhidas no jovem país para discorrer sobre a transição, ali operada, de uma ordem aristocrática para uma ordem democrática, e para as suas consequências. Tocqueville dedica especial atenção ao que designa por paradoxo criado pela democracia relativamente aos fenómenos da guerra e da paz: a igualdade própria das sociedades democráticas faz com que os exércitos das democracias sejam os mais ardorosos adeptos da guerra, enquanto as nações democráticas, pelo contrário, são as que mais almejam a paz. António Barrento critica algumas das conclusões de De la democratie en Amérique, e designadamente a de que a democracia acarreta o desaparecimento do «espírito militar» – seja isso o que for para o aristocrata francês – porque Tocqueville, ao confundir “o que podem ser aspirações do homem democrático com a lassidão produzida pelo «mal-estar» da guerra, não se


Antigos Alunos nas Artes e nas Letras

apercebe do perigo que ronda a liberdade e a democracia se o «espírito militar» desaparecer”. No capítulo Da doutrina e da estratégia, o primeiro artigo ocupa-se da evolução da doutrina estratégica em Portugal, na perspectiva dos factores que podem influenciá-la: um novo conceito de ameaça, caracterizado por um aumento da respectiva gama mas também pela diminuição da violência armada; o alargamento da intervenção a outros espaços geográficos e a formas inéditas de intervenção não militar; a reformulação dos arranjos estratégicos, decorrente do desaparecimento do Pacto de Varsóvia, da emergência de novos polos de poder e da disseminação pelo mundo dos focos de tensão; a alteração da percepção do «santuário», a que o autor concede uma relevância muito especial, explicando que a tendência para alargar o conceito de santuário a espaços de soberania duvidosa como a ZEE, pode levar os responsáveis políticos a perder de vista o essencial, desviando recursos para áreas secundárias e enfraquecendo a capacidade de defesa do verdadeiro «santuário» – tradicionalmente o «solo Pátrio»; a profissionalização das Forças Armadas, uma opção feita em função de fundamentações discutíveis e que, sem prejuízo dos aspectos positivos, que os tem, “pode esvaziar de significado e conteúdo os elos Defesa-Nação e FA-Sociedade, isolando os militares do todo nacional, criando duas formas de viver, de sentir, e até de morrer”; por fim, o realce, inegavelmente credível, do «irregular» nos pressupostos das novas ameaças ao Território Nacional, que não deve ser exagerado e que, conforme o autor explica, se torna mesmo desnecessário caso exista um forte sentimento nacional e espírito de defesa. O essencial dos três artigos seguintes (Alguns comentários sobre forças multinacionais, A direcção superior das operações militares e Lições de conflitos recentes), consiste na abordagem das novas modalidades de emprego das Forças Armadas Portuguesas no quadro das alianças tradicionais. Como fecho da reflexão, António Barrento lembra o ocorrido em dois conflitos recentes1 - Golfo e Bósnia-Herzegovina - para extrair conclusões pertinentes para Portugal. O artigo final do capítulo é dedicado a analisar a velha e sempre nova questão de O dissuasor mínimo credível, um conceito para cujo cálculo não existe 1

O livro foi publicado em 1999

fórmula matemática e que, provavelmente por isso mesmo, permanece controverso. Dada a sua relevância, aconselha-se a leitura atenta das seis páginas para se ficar com uma ideia do enquadramento teórico. No terceiro capítulo (Da organização militar), o autor começa por recuperar boa parte da reflexão feita no capítulo anterior sobre novas modalidades de emprego das Forças Armadas numa perspectiva de evolução da doutrina estratégica, para cotejar as vantagens e inconvenientes dos dois modelos de serviço militar – o obrigatório e o voluntário – face ao interesse nacional. Nos restantes artigos do capítulo, António Barrento aborda as questões eternamente pertinentes da racionalização e do redimensionamento das Forças Armadas, para concluir, de uma forma muito esquemática, que em Portugal tem prevalecido a opção – que ele considera inadequada e incorrecta – por «uma defesa com base numa aliança, através da oferta de contrapartidas», em prejuízo doutra opção que melhor defende o interesse nacional e que designa por «uma capacidade mínima de defesa com demonstração de solidariedade com uma aliança». O capítulo quarto (Da História) é a oportunidade para António Barrento dar lustro à sua costela de historiador, relembrando como era O Exército Português antes e depois do Conde de Lippe, a Campanha do Rossilhão e Uma acção militar no Oriente, esta última consistindo numa evocação da reconquista de Goa por Afonso de Albuquerque, em Dezembro de 1510. O quinto e último capítulo é preenchido com reflexões relacionadas com o desempenho, pelo autor, de funções de elevada responsabilidade, como foram as de Executive Assistant of Chief of Staff no SHAPE e as de Chefe de Estado-Maior do Exército. O primeiro sentimento que ocorre ao terminar a leitura destas Reflexões é o de que o título não faz inteira justiça ao conteúdo do livro. Na realidade, ao abordar questões como A defesa do património e o sentido de defesa, Tocqueville: democracia e guerra ou A restruturação da Nato, para dar alguns exemplos, o autor chama a atenção para conceitos, estruturas e valores que, interessando à totalidade dos cidadãos, extravasam em muito o mero âmbito militar.

Antigos Alunos sob o lema SERVIR No passado dia 2 de Fevereiro, João Paulo de Castro e Silva Bessa (200/1957), Mandatário da Candidatura aos Órgãos Sociais do Comité Olímpico de Portugal, presidida por José Manuel Constantino, entregou ao Presidente da Comissão Eleitoral do COP, Vasco Paulo Lynce de Faria (21/1960), a documentação exigível para oficialização da candidatura. A candidatura foi oficialmente aceite, tendo o apoio de 27 das 33 Federações Desportivas Olímpicas, sendo a única que concorreu ao acto eleitoral realizado em 23 de Fevereiro passado.

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Chá Dançante

João Nuno Ribeiro Ferreira Barbosa 16/1956

Chá Dançante

N

o fim da década de cinquenta, princípios de sessenta, ocorriam com frequência chás dançantes aos domingos à tarde no velho refeitório, hoje museu colegial. Talvez por mero acaso, havia no Colégio quem tocasse vários instrumentos, o que permitiu a formação de conjuntos musicais, a que hoje se chamariam bandas. Nesse tempo chamar banda a um conjunto seria um insulto, pois o termo estava conectado com as bandas marciais e o fungagá. Há memórias de outros chás dançantes em épocas anteriores, mas de certeza que eram realizados com grafonola e discos de baquelite, já que o aparecimento da microgravação e do vinil é contemporâneo dos nossos conjuntos. A razão destas matinés dançantes radica no facto de haver muitos alunos que não saíam e também não haver assim muitos bailes e festas em que a juventude pudesse conviver com o sexo oposto. Havia que criar essas oportunidades. Tudo se passava mais ou menos entre as quatro e as seis e meia da tarde de domingo, em que chegavam as famílias com meninas e amigas, tomavam lugar nas mesas da sala organizada para a função e seguia-se a dança, que era o principal.


Chá Dançante

O Colégio oferecia chá, servido pelos fâmulos, mas, se bem me lembro, a bolama era trazida pela família. O ambiente era alegre. Os alunos que não saíam estavam ansiosos por ver quem chegava, se lá vinha alguma miúda que já tivessem debaixo de olho ou alguma nova beldade com quem dançar. Outros vinham de casa passar a tarde, muitos acompanhados de irmãs e amigas, raramente amigos. Aos primeiros acordes de cada música a malta disparava para as mesas onde já tinha seleccionado um alvo e convidava a menina para dançar. Com o decorrer da dança começava a haver pares que já não se desfaziam, outros que estavam sempre a variar. O género de música da época era variado, porque estava ainda muito em voga a música francesa, italiana e sul-americana, não havendo a prevalência da música anglo-saxónica de hoje. O rock and roll já fizera a sua aparição, mas a malta não aderia a cem por cento. Na verdade estava tudo mortinho por um bom slow onde pudesse pôr à prova a sua

capacidade de sedução. Neste sentido, a música moderna era uma perda de tempo. A formação dos conjuntos foi sempre a mesma, isto é, havia um piano, guitarra eléctrica, bateria e contrabaixo. Cantores eram vários, conforme o género, mas em geral eram os do conjunto que cantavam. Aconteceu que em três ou quatro Cursos seguidos se conseguiram arranjar os executantes necessários para constituir um conjunto, por isso julgo não errar se disser que entre 1958 e 1962 houve sempre chás dançantes quanto baste. Correndo o risco de omitir alguém, quero deixar aqui os nomes dos executantes de quem me lembro. Pianistas foram Luís Miguel Alcide de Oliveira (163/1952), Duarte Nuno Pinto Soares (44/1953), Jorge Manuel Figueiredo Cardoso (53/1954), José António Balula Cid (152/1957). Na guitarra eléctrica brilharam António José Vasques Osório (257/1953), Manuel António Campos Ghira (139/1953), José Humberto Marinho

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Falcão (334/1954). Na bateria estiveram António Manuel Brito Subtil (134/1952), José Manuel Santos Ferreira (342/1955), João Manuel Silva Ruivo (293/1954), João Manuel Silva Frazão (76/1956). No contrabaixo, tocado de ouvido, havia muitos voluntários, entre os quais, João Nuno Ferreira Barbosa (16/1956), Luís Filipe Ferreira Barbosa (71/1957). Havia também crooners como Bernardo Manuel Diniz de Ayala (171/1953) e outros. Já perto da hora de jantar acabava a festa. Os que não saíam voltavam ao internato, os outros ainda iam a casa jantar para regressar ao Colégio logo a seguir. Eram umas tardes bem passadas em que se fomentou um convívio com um conjunto alargado de raparigas tão interessadas nos bailes quanto nós e onde de certeza começou muito namoro e, quem sabe, casamentos.

Em tempo «Foi bom relembrar os chás dançantes que o meu irmão aqui relata. Eu era um frequentador assíduo dos mesmos, procurando não falhar uma dança. As meninas naqueles tempos eram educadas e só davam “tampas” quando já tinham algum de nós debaixo de olho e se queriam reservar para dançar com ele. As poucas “tampas” que levei não me perturbavam, seguia de sorriso nos lábios para a “tampa” seguinte. Lembro-me de um chá dançante em que não dancei uma única vez. Tinha resolvido fazer «dois em um», indo antes do chá assistir a um Benfica-Porto, no velho estádio da Luz. Assisti ao jogo, o meu glorioso Benfica ganhou, mas apanhei uma carga de água monumental. Quando cheguei ao Colégio até a roupa interior estava encharcada, não dava mesmo para dançar. Ainda hoje não me recompus desse trauma. Como o meu irmão diz, também andei lá pela orquestra, agarrado ao contrabaixo, facto que pode ser comprovado através da caricatura aqui apresentada, da autoria do «Simpático» (334/1954), que era no meu ano de orquestra o homem da guitarra eléctrica. Digo «agarrado ao contrabaixo», por ser essa de facto a minha função. Não fazia a mais pequena ideia da forma de tocar o instrumento. Estava lá só para fazer número, evitando que o quarteto passasse a trio. Para disfarçar, o José António Balula Cid (152/1957), que era o homem do piano e o único entendido em música, ainda me ensinou a alinhavar três notas seguidas. Daqui lhe envio um grande abraço e os meus agradecimentos, com mais de cinquenta anos de atraso.» Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa 71/1957


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A paixão pelos cavalos Alexandra Valentina Frolova Pereira Bernardino (565/2014)

A paixão pelos cavalos Alexandra Valentina Frolova Pereira Bernardino (565/2014) A “565” e os cavalos O interesse da Alexandra (565/2014) pelos cavalos existe desde sempre, uma vez que ainda nem andava muito bem e já queria montar. Quando tinha três anos, o pai para ver se acabava com os pedidos incessantes, comprou-lhe cinco lições de equitação, mas o “feitiço voltou-se contra o feiticeiro” uma vez que a partir daí nunca mais parou - “as pernas não passavam do suadouro mas ela não gostava de montar póneis”, lembra o pai. A sua primeira escola foi o Centro Hípico de Oeiras e os seus instrutores eram dois militares da GNR (“infelizmente não me recordo dos nomes mas a Alexandra lembra-se dos nomes dos cavalos que montava”, diz o pai), nessa escola aprende o volteio em dois andamentos e as noções básicas do controlo do cavalo, bem como a montar a passo e a trote. Quando tinha cinco anos e perante os insistentes pedidos para montar mais vezes, passou a ter aulas na Sociedade Hípica Portuguesa (SHP), mais próxima de casa, com um instrutor que se chama José Guerra. Desde esse momento foi como se um mundo novo se abrisse para a Alexandra, ela passava semanas de férias na SHP e montava sempre que podia, no mínimo três vezes por semana. Com o José Guerra e na SHP faz todo o ensino de base, sempre no plano, tendo realizado as provas de Sela 4 em ensino, com a idade de oito anos, participando depois em algumas poules de ensino “o que ela desejava, já nessa altura eram os saltos”, diz o pai, acrescentando, “mas primeiro gatinha-se, - depois anda-se, a seguir corre-se e só depois é que salta”. Pela SHP se mantém com cada vez mais horas de treino, até entrar para o Colégio Militar.

A Decisão de entrar para o Colégio Militar A Alexandra sempre foi muito organizada e metódica, de forma que os pais durante o ano em que frequentava a 4ª classe, decidiram seleccionar um conjunto de escolas que mais se adaptavam ás suas características, o Colégio foi uma dessas escolas. Por um acaso das circunstâncias o Colégio foi a primeira das escolas a ser visitada e a Alexandra ficou logo maravilhada com os “meninos que vestem de igual e estavam em fila á espera da professora” mas o melhor, para ela, estava para vir, foi quando se apercebeu que o Colégio tinha cavalos, aí o deslumbre foi total e foi ainda ampliado quando o Major Carlos Marques (88/1984) e Mestre de Equitação a convidou a visitar as instalações estando bastante tempo á conversa com ela, quando finalmente terminou a visita ao picadeiro, no topo da rampa, a Alexandra parou, olhou os pais e disse de uma forma perfeitamente decidida “escusamos de procurar mais, esta é a minha escola”, recorda o pai.

O conhecimento com o Fernando (118/1993) Fernando Jorge Paulo Lobo Santos Costa (118/1993) começou entretanto a trabalhar na empresa do pai da Alexandra e a pouco e pouco tem vindo cada vez mais á baila o Colégio, os cavalos, o desejo que ela tinha de saltar e desta convivência no local de trabalho e de se ir falando cada vez mais nestes assuntos resultou que o Fernando, quase que por acaso, e a pouco e pouco se foi tornando cada vez mais o professor da Alexandra e simultaneamente sócio do pai da Alexandra num projecto de produção e treino de cavalos de despor-

to em que depositam grandes esperanças. Com o início do relacionamento da “Mouzinho”1 com o Fernando, esta tem a oportunidade de conhecer alguém que tem um papel fundamental na atitude da Alexandra, o General Lobo da Costa (160/1943) que além de ser pai do Fernando é mestre de equitação e cavaleiro internacional tendo representado Portugal por diversas vezes na modalidade de saltos de obstáculos, pessoa por quem a “Mouzinho” tem uma enorme amizade e ainda um maior respeito (é muito engraçado ouvir a Alexandra falar do General, nem parece que têm setenta anos de diferença na idade), foi ele o principal responsável por uma mudança subtil na atitude da “Mouzinho” que deixa de querer apenas fazer saltos de obstáculos para passar a querer ser Cavaleira de Obstáculos (“pai tenho tanta pena de só poder ver em foto-

“Mouzinho” é uma designação muito recente que os Alunos inventaram para apelidar o Aluno mais pequeno da escolta, uma espécie de “Batalhãozinho”.

1


A paixão pelos cavalos Alexandra Valentina Frolova Pereira Bernardino (565/2014)

grafias aqueles militares do tempo do General a saltarem, é que eles eram mesmo bons”) disse ela referindo-se á geração do General.

A sua evolução nos saltos de obstáculos Toda a aprendizagem na disciplina se faz enquanto aluna do Colégio, onde a Alexandra chega já com uma boa escola de ensino e de trabalho no plano, isto para a sua idade, mas é aí que se inicia nos saltos. Na sua fase inicial tem extrema importância o Major Carlos Marques que a ensina a saltar e a motiva bastante, dando-lhe muita confiança e também muita responsabilidade. O Major vai ser o responsável por um dos episódios que mais ajuda a Alexandra a perceber aquilo que quer e se tem ou não vontade de o conseguir. Como aluna do 1º Ano e com 10 anos, o Major decide levá-la ao estágio que teve lugar durante a semana equestre e dá-lhe a honra de poder participar nas provas. Foi aqui, na prova de Sábado que ela recebe uma das maiores lições da sua vida, estava bastante nervosa e depois de saltar o primeiro obstáculo cai do cavalo, levanta-se, monta novamente e sai da pista a chorar. Pela primeira vez a Alexandra depara-se com um insucesso e logo nos cavalos, sentindo que o erro tinha sido dela, passa o resto do Sábado a chorar e a

rever vezes sem conta o vídeo da queda, como que para assimilar o erro, digerir o insucesso e arranjar maneiras de dar a volta por cima. Antes de dormir disse, “amanhã vou fazer uma boa prova, porque não vou cometer o mesmo erro e tenho que agradecer ao Major Marques”. “Ficou em sexto lugar e não derrubou nenhum obstáculo”, relembra o pai. Durante o terceiro período do seu primeiro ano e com o finalizar das aulas, a Alexandra passa gradualmente a montar mais com o Fernando Santos Costa, o que se acentua durante as férias de Verão. Foi durante estas férias que a Alexandra assume que quer ser Cavaleira de Obstáculos. Durante o segundo ano a evolução da Alexandra

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foi enorme, uma vez que, apesar das inúmeras quedas, começa a competir de forma regular e com isso começa a “empistar”, tem o privilégio de treinar com o Fernando quatro vezes por semana, para além das aulas e ACC de equitação no Colégio, com o General Lobo da Costa uma vez por semana e, a pouco e pouco, os resultados foram aparecendo a par da sua transformação em “projecto de cavaleira de obstáculos”. No final do ano lectivo começa a colher os frutos do seu trabalho com resultados de relevo a nível militar (ver quadro anexo). Nas competições civis, apesar de montar bastante bem, o seu cavalo “civil” não lhe permite ter resultados muito relevantes, mas deu-lhe uma enorme experiência e desembaraço. Só o Fernando e o General é que percebiam o quanto aquele cavalo, o Leonardo, cujo dono é o Joaquim Duarte Silva (8/1970), era útil á Alexandra e quanto lhe permitiu ganhar em termos de experiência e desembaraço. Estavam sempre a dizer “este cavalo é o melhor que podia ter acontecido á Alexandra, ainda não é tempo de mudar”, recorda o pai. Durante o Verão de 2016 e no final do seu segundo ano no Colégio, o pai recebe “ordens” do Fernando e do General que agora sim era tempo de a Alexandra ter um bom cavalo - “a miúda só montava cavalos que não eram dela e muitos sem jeito nenhum para os saltos, já estava a merecer um que tivesse aptidão saltadora” - diz o pai. O Fernando passa então bastante tempo à procura de cavalos e após várias experiências com a ajuda do António Matos Almeida (campeão nacional


66

A paixão pelos cavalos Alexandra Valentina Frolova Pereira Bernardino (565/2014)

em 2015) é escolhida a Queenie du Beaufour, posteriormente aprovado pelo General. Assim é comprada a Queenie du Beaufour que passa a ser a montada da 565. Com o entrosamento que desde o início se observa da Alexandra com a égua, sentem-se imediatamente estarem reunidas condições para uma enorme evolução que, mais tarde ou mais cedo, fariam surgir os bons resultados. Após um período de adaptação que foi mais prolongado devido a uma queda, de que resultou ter a Alexandra passado duas noites no hospital, ficando condicionada em termos de treino durante dois meses, os bons resultados começam a aparecer (ver quadro anexo). Com esta égua vêm também novas responsabilidades, uma nova ambição e auto-exigência, a Alexandra passa a treinar cinco vezes por semana com o Fernando, para além das aulas de equitação no CM, passa a ter cuidados especiais com a alimentação (como ela é rapariga isso até nem foi difícil) e a trabalhar a postura (que como se sabe tem implicações ao nível do equilíbrio e percepção espacial.

O Futuro Falar do futuro da Alexandra é falar de uma vida toda por fazer, mas segundo ela: “Quero continuar a montar, gostava de ser comandante da Escolta, ir para a Academia Militar e seguir Administração Militar, ser colocada em unidades onde existam cavalos e ir aos Jogos Olímpicos em saltos de obstáculos”. Se falarmos com o pai: “quero que a Alexandra seja feliz e que consiga atingir os seus objectivos, sejam eles os que forem e que eu na medida do possível a ajude na sua concretização, se o seu futuro passar pelos cavalos fico muito feliz com isso”. Se ouvirmos o treinador: ”quero que conclua os estudos e continue a ser uma aluna exemplar; que continue a ouvir o que lhe ensinam e de quem sabe ensinar; que se mantenha humilde, sabendo ultrapassar as dificuldades de cabeça erguida e de sorriso no rosto; por fim que tenha sorte em todas as montadas que venha a ter”. No imediato o seu futuro passa por continuar no Colégio Militar, por lutar para continuar no Quadro de Honra, por merecer pertencer á Escolta a Cavalo e por continuar a evoluir gradual e paulatina-

mente como cavaleira, sem pressas nem “atalhos”. A “Mouzinho” está neste momento a fazer a sua transição suave para a altura de 1,10 metros, altura em que fará o resto da época e lá para o final do ano e já com treze anos e no quarto ano do CM iniciará a transição para 1,20 metros. No imediato e até Março vai tentar fazer o exame de sela 7. O que todos desejamos é que ela usufrua destes maravilhosos anos que vai passar no Colégio e que daqui a muitos anos tenha o mesmo orgulho que todos os Antigos Alunos têm em

um dia terem sido “Meninos da Luz” e que recorde com enorme prazer e ternura esses anos.

O gosto em representar o Colégio Militar “Penso que é transversal a todos os Alunos e Antigos Alunos do CM o orgulho e honra que sentem em representar fardados o Colégio. Para quem não foi Aluno do CM, como eu, é simultaneamente surpreendente e quase que enternecedor, o carinho e orgulho que todos os Alunos e Antigos

Fernando Santos Costa (118/1993) e Alexandra Bernardino (565/2014), parelha classificada em 1º na Poule Colégio Militar 2016, disputada na SHP


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A paixão pelos cavalos Alexandra Valentina Frolova Pereira Bernardino (565/2014)

Fernando Jorge Paulo Lobo Santos Costa 118/1993

Militares

Civis

Provas

Próximas Provas

Alunos têm no CM e o quanto querem dignificá-lo, é um exemplo para todos nós” diz o pai. Este orgulho em representar o CM foi adquirido no próprio Colégio e depois muito estimulado pelos dois orgulhosos Antigos Alunos que a treinam e que lhe servem de exemplo. Com o orgulho de representar o Colégio vem a responsabilidade e o nervoso de “deixar o Colégio ficar mal”, mas ao mesmo tempo, quando as coisas correm bem, uma enorme vaidade em tê-lo feito. Depois existem os Antigos Alunos que ficam felizes, imensamente felizes quando a vêm montar fardada, sobretudo os Antigos Alunos mais antigos, o carinho com que a tratam, a forma como a incentivam, os conselhos que lhe dão, deixam a “Mouzinho” com uma enorme motivação extra e com muita vontade de fazer bem, é muito frequente no final das provas ouvi-la perguntar - “Achas que eles gostaram, achas que representei bem o Colégio?” Se tudo continuar a acontecer como até aqui e se não existirem impedimentos por parte do Colégio (que é sempre soberano na decisão da participação fardada), é bem provável que a Alexandra continue a participar fardada nas provas onde vai. Por ultimo, convém referir que a Alexandra não é o único Aluno que tem condições para representar o Colégio, existem mais Alunos que estão a montar bastante bem, que bom seria vê-los fardados a participar regularmente em provas para que acontecesse novamente aquilo que já aconteceu anteriormente em que os Alunos do Colégio, como dizia o Luís Sabino Gonçalves ao Fernando, enquanto assistiam juntos a uma prova da Alexandra, eram os grandes adversários nas provas de juvenis e juniores.

Montada

Altura (m)

Tipo de Concurso

Local

Leonardo

0,90

Camp. Juventude

SHP - Lisboa

23-06-2016

13º

Leonardo

0,90

Camp. Juventude

SHP - Lisboa

24-06-2016

13º

Leonardo

0,95

Camp. Juventude

SHP - Lisboa

25-06-2016

10º

Leonardo

1,05

Camp. Juventude

SHP - Lisboa

26-06-2016

10º

Leonardo

0,90

Iniciados

SHP - Lisboa

09-07-2016

Leonardo

0,90

Iniciados

SHP - Lisboa

10-07-2016

Queenie de Beaufour

0,90

Poule

SHP - Lisboa

24-09-2016

Queenie de Beaufour

0,90

Poule

SHP - Lisboa

25-09-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

SHP - Lisboa

01-10-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

SHP - Lisboa

02-10-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN B

SHP - Lisboa

15-10-2016

12º

Queenie de Beaufour

1,00

CSN B

SHP - Lisboa

15-10-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

SHP - Lisboa

05-11-2016

16º

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

SHP - Lisboa

06-11-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

CEIA - Alfeizerão

19-11-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

CEIA - Alfeizerão

20-11-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

SHP - Lisboa

10-12-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

SHP - Lisboa

11-12-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

CEIA - Alfeizerão

16-12-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

CEIA - Alfeizerão

17-12-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

CEIA - Alfeizerão

18-12-2016

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

CEIA - Alfeizerão

14-01-2017

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

CEIA - Alfeizerão

15-01-2017

Queenie de Beaufour

1,00

CSN C

SHP - Lisboa

12-02-2017

Together

0,80

Poule PE

Escola Armas

01-04-2015

eliminada

Together

0,80

Poule CM

Escola Armas

01-04-2015

Leonardo

0,80

Poule PE

Escola Armas

01-04-2016

Leonardo

0,80

Poule CM

Escola Armas

01-04-2016

Binster

0,90

RC 3

Estremoz

01-05-2016

Leonardo

0,80

Jumping CM

SHP - Lisboa

01-06-2016

Queenie de Beaufour

1,10

RL 2

Amadora

01-09-2016

Queenie de Beaufour

1,10

CSI 1*

Vilamoura

17-02-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

CSI 1*

Vilamoura

18-02-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

CSI 1*

Vilamoura

18-02-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

CSN C

SHP - Lisboa

18-03-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

CSN C

SHP - Lisboa

19-03-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

CSI 1*

Vilamoura

24-03-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

CSI 1*

Vilamoura

25-03-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

CSI 1*

Vilamoura

26-03-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

CSI 1*

EA - Mafra

29-03-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

CSI 1*

EA - Mafra

30-03-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

Poule PE

EA - Mafra

01-04-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

Poule CM

EA - Mafra

02-04-2017

-

Queenie de Beaufour

1,10

Poule CM

EA - Mafra

02-04-2017

-

Data

Posição


68

Torneio de Espada para Veteranos AAACM 2016

Torneio de Espada para Veteranos AAACM 2016

R

ealizou-se no passado dia 1 de Dezembro, na Sala de Armas do Colégio Militar, a 12ª edição do Torneio de Espada para Veteranos AAACM 2016.

Numa prova que contou com 10 atiradores, o pódio ficou assim constituído: 1º Alfredo Alves - AAACM 2º Carlos Francisco da Silva do Rio de Carvalho (307/1971) - AAACM 3º Diogo Ravara (GCP - Ginásio Clube Português) e José Guedes (SCP – Sporting Clube de Portugal), ex-aequo.

Alfredo Alves foi o grande vencedor da jornada Concorreram ainda os seguintes atiradores: Carlos Carrera – CESA (Círculo de Esgrima da Secundária da Amadora); Edgar Oliveira – IPE (Instituto Pupilos do Exército); Frederico Fonseca Santos – CDUL (Centro Desportivo Universitário de Lisboa); João Pedro Faria – CAE (Clube Atlântico de Esgrima); João Eduardo Castro e Campos de Brito Subtil (45/1983) AAACM; José Nuno Castilho Ribeiro Pereira (233/1973) AAACM; Roberto Pedro Peig Dória Durão (37/1970) AAACM.


O Batalhão à lupa

69

Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa 71/1957

O Batalhão à lupa N

os anos anteriores temos feito uma análise da composição do Batalhão e sua evolução, sob o título «O Batalhão em Números». Como imaginamos que os leitores já estarão fartos desse título, resolvemos mudá-lo para o que acima apresentamos, mais chamativo e que prenuncia algo relacionado com uma pesquisa de detective, à cata de impressões digitais ou de outras provas de crimes. Indo directamente ao assunto, passamos a apresentar no Quadro 1 como evoluiu a composição do Batalhão desde o ano do início da admissão de Alunas, ou seja, desde o ano lectivo de 2013/14.

A nossa análise sumária destes números é a seguinte:

do internato, que já albergou mais do dobro daquele número. Os número de Alunos masculinos externos, que se pensou que não iria ser significativo, por se admitir que teriam tendência, com o tempo, a passar a internos, já vai em quase uma centena. As Alunas internas surgiram em 2015/2016, com a inauguração do edifício do internato feminino, preenchendo-o imediatamente (a sua capacidade era de 100 Alunas). Neste ano de 2016/2017 o edifício já ficou sobrelotado. As Alunas externam rondam a centena e em conjunto com as internas, já desde o ano passado, constituem cerca de 40% da população colegial.

Alunos/Anos

2013/2014

2014/2015

2015/2016

2016/2017

Masculinos Internos

313 (86%)

286 (58%)

275 (49%)

274 (48%)

Masculinos Externos

16 (4%)

38 (8%)

63 (11%)

85 (15%)

Femininos Internos

-

-

99 (18%)

116 (20%)

Femininos Externos

36 (10%)

170 (34%)

112 (22%)

99 (17%)

365

494

559

574

TOTAIS

Quadro 1 - Evolução da composição do Batalhão Colegial

Os Alunos masculinos internos, que se considerou que constituiriam o «núcleo duro» que poderia contribuir decisivamente para a manutenção da mística colegial, está reduzido a menos de metade do Batalhão. São apenas 274. Devem andar a «nadar» nas 8 camaratas

Quanto ao total de Alunos de ambos os sexos, o mesmo aumentou cerca de 60% em 4 anos, o que representou um enorme desafio à Direcção do Colégio e a toda a sua estrutura de ensino e enquadramento de Alunos. Pensamos que o número total actual de Alunos não deve

ser ultrapassado, para que o Batalhão não se transforme numa multidão, deixando os Alunos de se conhecer uns aos outros. Feitas estas considerações sumárias, passamos a apresentar no Quadro 2 a actual constituição do Batalhão. Em relação a estes números há que assinalar que o número total de Alunos do 5º ano é algo reduzido, situação que poderá vir a alterar-se nos próximos anos, com admissões para este curso nos 6º e 7º anos. Há ainda que assinalar a redução do número de Alunos na transição do 9º para o 10º ano e seguintes. Esta redução é parcialmente explicada, pelo facto de o enorme aumento do número de Alunos nos últimos anos se processar com entradas de Alunos para os primeiros anos do curso. Por último, apresentamos no Quadro 3 o que ocorreu a nível de admissões nos últimos dois anos, em que já coexistiram no Colégio Alunos e Alunas internos e externos. Verifica-se que houve um decréscimo de admissões este ano em relação ao ano passado, o que não representa qualquer problema, pois, como já afirmámos, o número total de Alunos já atingiu um valor que, a nosso ver, não deve ser ultrapassado. As admissões normais dão-se, há muitos anos, para os 5º, 6º e 7º ano. São aceites agora, a título excepcional, admissões para os 3 anos seguintes. Este ano houve 18 excepções, o que consideramos demasiado e que esperamos não se repita.


70

Ano

FCT Coding Fest “Hora de Código” na FCT Nova

Alunos Internos

Alunos Externos

Alunas Internas

Alunas Externas

TOTAIS

21

34

6

14

75

34

23

3

26

86

43

15

20

17

95

41

12

22

21

96

44

1

26

14

85

9

3

49

14

4

41

10º

37

-

11º

23

-

12º

31

-

11

-

42

274

85

111

99

569

Alunas Internas

Alunas Externas

TOTAIS

Quadro 2 - Batalhão no início do Ano Lectivo 2016/2017

Ano

Alunos Internos

Alunos Externos

TOTAIS

21 (26)

34 (29)

6 (7)

14 (27)

75 (89)

2 (6)

4 (1)

0 (3)

4 (1)

10 (11)

8 (7)

4 (5)

0 (3)

5 (7)

17 (22)

4 (3)

5 (2)

1 (2)

0 (0)

10 (7)

5 (0)

1 (1)

2 (0)

0 (1)

8 (2)

10º

0 (0)

0 (0)

0 (16)

0 (5)

0 (21)

TOTAIS

10 (42)

48 (38)

9 (31)

23 (41)

120 (152)

Quadro 3 - Admissões no Batalhão - Anos 2016/2017 e (2015/2016)

Como nota final assinalamos que este ano, pela primeira vez, houve admissões para o 5º ano, de Alunos que fizeram o 1º ciclo de escolaridade (Escola Primária) no Colégio. Foram 16 Alunos que ingressaram no Batalhão nas seguintes situações: 7 Alunos internos, 6 Alunos externos e 3 Alunas externas. Cá estaremos para ver os resultados desta nova situação, em que se depositaram grandes esperanças.

FCT Coding Fest “Hora de Código” na FCT Nova

P

edro e Leonor, sentados lado a lado em frente a um computador discutem sobre como compor alguns coloridos blocos de código de forma a comandar um pequeno monstro faminto num labirinto e ajudá-lo a encontrar as suas bolachas preferidas. Tudo isto se passou nos laboratórios da FCT NOVA onde cerca de 250 alunos de 10 escolas do ensino básico, acompanhados pelos seus professores e alguns pais, participaram no FCT Coding Fest 2016, iniciativa da FCT NOVA através do seu Departamento de Informática e NOVA LINCS. Todos os alunos interagiram numa divertida actividade “A Hora de Código”, seguida de um concurso inter-escolas, tendo sido os vencedores, por ciclo, as escolas Escola Básica n.º 1 de Telheiras (1.º ciclo), o Colégio Militar (2.º ciclo) e o Colégio Campo de Flores (3.º ciclo). No fim da actividade foram utilizados nada mais que 9839 blocos na resolução de 1471 desafios por 243 alunos de 10 escolas! Durante a actividade e concurso, mais de 160 professores, responsáveis educativos, pais e outros convidados, assistiram à palestra “Computing Science for Every Child: England’s experience” apresentada por Duncan Maidens, Birmingham University e membro da organização Computing at School. Como referiu Duncan Maidens, o pensamento computacional é algo que as pessoas (não computadores) podem fazer, uma competência ubíqua, útil em todas as profissões e no dia a dia de todos, uma nova literacia para o século XXI que fomenta a empregabilidade na sociedade do conhecimento e da inovação. O FCT Coding Fest 2016 integra o “Movimento Código Portugal” e serviu de palco ao lançamento oficial desta grande iniciativa nacional pela Senhora Secretária de Estado da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, Fernanda Rollo, pelo Senhor Secretário de Estado da Educação, João Costa, e pelo Senhor Secretário de Estado, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Miguel Cabrita.


80º Aniversário da Revista de Marinha

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80º Aniversário da Revista de Marinha ©Foto Luís Miguel Correia

A excelente qualidade dos artigos publicados e o notável conjunto de colaboradores que fazem parte do seu Corpo Redactorial, aliada a uma qualidade gráfica apelativa, tornam esta publicação muito atractiva e cuja leitura se faz com grande aprazimento. O Dr. Ribeiro e Castro dissertou sobre o tema “Sem Mar, não há Portugal”, num improviso bem estruturado que prendeu a atenção da assistência, a que se seguiu a entrega do prémio literário “Maurício de Oliveira” destinado a premiar o melhor artigo original publicado na revista no ano de 2016. Foi premiado o artigo “O novo Canal do Panamá” da autoria de Engº Jorge d’Almeida, sendo ainda atribuídas Cte. Themes de Oliveira, Dr Ribeiro e Castro, Cte. Miguel Picoito, ALM Vieira Matias, VALM Henrique da Fonseca duas Menções Honrosas aos artigos Revista de Marinha que tem ao leme o nha festejar o seu aniversário nesta Instituição, “A Marinha de Comércio e a sua importância nosso Camarada Antigo Aluno Henrique fazendo votos para que assim continue. para a Economia” (Comandante João Soares) Alexandre Machado da Silva da Fonseca e “Marítimos somos todos!” (Comandante (47/1956), Vice-Almirante, comemorou no pas- O Editor/Director da Revista de Marinha, Luís Pereira da Costa). sado dia 31 de Janeiro o seu 80º aniversário cuja Vice-Almirante Henrique da Fonseca, fez publicação se iniciou, nesse mesmo dia do ano uma breve descrição da situação actual A ZacatraZ saúda o nosso Camarada Antigo de 1937, pela mão do insigne jornalista Maurício desta publicação, do desenvolvimento con- Aluno Editor/Director da Revista de Marinha Oliveira, seu fundador e primeiro Director. seguido desde que se encontra à frente e todos os que nela colaboram, augurando dos seus destinos, publicando actualmente os maiores êxitos futuros e uma longa vida A sessão teve lugar no Clube Militar Naval sendo seis exemplares por ano que abordam os na defesa e divulgação de tudo o que se relaa mesa constituída pelo Presidente da Direcção grandes temas Marinha de Guerra, Mari- ciona com o MAR. do Clube, Comandante Miguel Picoito, Dr. José nha Mercante, Marinha de Pesca, Portos e Ribeiro e Castro, Almirante Nuno Vieira Matias, Actividades Portuárias, Mergulho e Náutica Gonçalo Salema Leal de Matos Comandante Orlando Themes de Oliveira e Vi- de Recreio, Ambiente, Ciência e Tecnologia, 371/1949 com uma divulgação mais abrangente atrace-Almirante Henrique Alexandre da Fonseca. vés da venda directa em mais de quatrocenO Presidente da Direcção do Clube usou da pa- tos locais e com um número crescente de lavra para saudar todos os presentes e congra- assinantes, havendo também assinaturas tular-se por, mais uma vez, a Revista de Mari- em formato digital.

A


72

Duraglit

“Duraglit” P

ara muitos é apenas uma marca de um produto para limpar metais, para outros será porventura, um artigo desconhecido, mas no imaginário de muitos Meninos da Luz é um símbolo que encerra muitas recordações, de ambientes vividos e de rituais que nos ajudaram a apurar o detalhe. Sim porque é nos detalhes em que muitos de nós fazemos a diferença. Foi há dias, após uma publicação do nosso Leonel sobre o duraglit que pensei um pouco sobre o desaparecimento deste produto de limpeza que se tornou tão familiar entre nós. Parece estranho, parece que falamos sobre um defunto, como se de uma pessoa se tivesse tratado. Este desaparecimento do quotidiano colegial, aparentemente insignificante, tem repercussões de uma dimensão que provavelmente muitos de nós não nos apercebemos, por distracção ou pelo medo de pensar no que esta mudança implica e no que ela significa, que confesso que foi este o meu caso. Eu não pensei nisto há mais tempo porque o meu subconsciente me fez retrair, como se me quisesse proteger. Quando em 2013 o meu filho Zé entrou para o Colégio, soube que os velhos botões da farda de pano teriam sido substituídos por outros, gravados com as iniciais CM, e que já não precisavam de ser limpos. Nunca fui esclarecido sobre qual o motivo desta mudança, mas imagino que a ideia fosse facilitar a vida aos Alunos (permitam-me que não escreva alunas e alunos, mas não embarco nessa balsa do ridículo). Aquele brilho cintilante dos botões amarelos até estava em harmonia com o cintilante brilho dos olhos dos Meninos da Luz, que todas as quartas-feiras ao fim do dia, e sábados antes do almoço (só mais tarde sextas feiras à tarde) rumavam aos claustros para ir ao encontro dos seus familiares. De igual modo, os botões eram esmeradamente limpos, para as cerimónias, sendo a do 3 de Março a que implicava o maior rigor. A operação de limpeza era extensí-

vel às botas de desfile, aos dourados da barretina, ao cinto de cerimónia, que aliás tinha uma enorme superfície metálica para limpar. Por estes dias, as camaratas tresandavam a duraglit mas não dávamos por isso porque fazia parte do quotidiano. Desse quotidiano, fazia parte também um apurado empenho em ter tudo impecável para as saídas ou cerimónias. Criava-se assim, num simples exercício, o treino para o detalhe que faz a diferença. Os Alunos interiorizavam, através de um ginásio mental, que quando vão ao encontro dos outros se devem preparar, que quando recebem alguém, devem receber com garbo. É o treino, a rotina, a quebra da rotina estudada e a repetição de tudo isto, que formam e estruturam a educação de um jovem em crescimento. A limpeza dos botões é um exemplo de uma rotina, que por mais simples que seja tem uma importância intrínseca muito grande. O duraglit também tinha outras utilizações tais como o reforço, com carga incendiária, das tochas no Speliking. O duraglit até tinha um predador: o Senhor Ralo, equipado com a sua mega tala e com a bomba atómica dos produtos de limpar metais - o temível “coração”. Era com o coração que ele ajudava os Alunos, a troco de muito pouco dinheiro para fazer face à vida dura que tinha. É com o coração nas mãos que me encontro agora, por ver o caminho que leva o nosso Colégio. Seria importante que os jovens directores e subdirectores, reféns dos seus galões e das suas próprias promoções, entendessem que não é obrigatório inovar, fazer coisas, mudar o que já está, sobretudo se está bem feito. O que é importante, é dar condições de estudo aos Alunos porque o modelo educativo, esse já deu provas. O Colégio não pode ser o laboratório de direcções criativas e coniventes com o sistema, porque o actual sistema não gosta do Colégio. O actual sistema não é o governo, são os poderes ocultos e os lobbies que consideram a nossa for-

ma de pensar e de estar uma ameaça. Quem for director do Colégio, não pode ter nada a perder, não pode estar à espera de promoção ou de uma forma qualquer de ascensão. O Director do Colégio deve ser um General na Reserva que, encerre em si toda uma vida de experiência e de comando, que seja um pedagogo e acima de tudo um exemplo. Quando era preciso fornecer duraglit a um “crava” no fundo da camarata, este era sempre rolado pelo chão e nunca arremessado pelo ar. Não pelo risco de partir uma cabeça, mas pelo facto de ao cair, poder a estrutura da lata ser amolgada e isso afectar o sistema de fecho e como consequência o duraglit secar. O som da lata a rolar e o cheiro das camaratas nas vésperas do 3 de Março, perdurarão para sempre no meu imaginário. No meu espírito estão bem presentes as consequências negativas da criatividade de uma direcção. ZACATRAZ José Ricardo Nazareth de Carvalho Figueira

17/1981


O Colégio e a Mocidade Portuguesa

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Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa 71/1957

O Colégio e a

Mocidade Portuguesa É

provável que aos Antigos Alunos mais recentes a designação Mocidade Portuguesa nada ou pouco lhes diga. Os Antigos Alunos da minha geração tiveram em geral um primeiro contacto com a Mocidade Portuguesa nas escolas primárias oficiais que terão frequentado, que eram centros da mesma e com números atribuídos, e um segundo contacto no Colégio, em que foram assistentes ou participantes nos campeonatos escolares por ela organizados.

Os Antigos Alunos da geração anterior à minha tiveram um papel fundamental na não integração do Colégio nesta organização do Estado Novo, quando a mesma teve a veleidade de estender os seus tentáculos até à Luz. Não sabiam com quem se metiam, num tempo em que a obediência cega aos ditames do referido Estado Novo não sofria praticamente contestação, tanto no meio militar como no meio civil. Os contestatários ficavam marcados, constituíam o então designado «reviralho» e a sua vida era seguida, de forma mais ou menos «discreta», pela Policia Internacional de Defesa do Estado, conhecida pela sigla PIDE. Aos opositores mais activos,

por palavras ou actos, e que pretendiam efectivamente derrubar o regime, eram-lhes por vezes proporcionados períodos de «férias», mais ou menos prolongados, nas «estâncias de vilegiatura» de Caxias e de Peniche, para os civis, e da Trafaria para os militares. Tinham como ponto comum, vistas para o mar ou para o rio. Não é obra do acaso sermos um país de marinheiros. Para informação dos mais novos, posso dizer que a Mocidade Portuguesa era uma organização do regime, que abrangia todos os alunos desde o ensino primário até à universidade. Era uma organização inspirada em alguns aspectos, sobretudo de forma, na Juventude Hitleriana, criada na Alemanha no tempo do ditador Hitler, antes da II Guerra Mundial. Era uma organização decalcada das organizações militares, com farda, com uma hierarquia própria, encabeçada por um Comissário Nacional, e com um hino próprio, que todos os estudantes tinham de cantar nas suas escolas e liceus, nas datas festivas da organização, treinando para tal ao longo do ano. Todos os que por lá passaram ainda hoje sabem de cor a parte inicial do hino:

Lá vamos cantando e rindo Levados, levados sim Pela voz do som tremendo Das tubas, clamor sem fim. Refiro, como curiosidade, que o Professor Marcelo Caetano, que sucedeu na chefia do Governo a Salazar, foi ele próprio Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa. No meu tempo no Colégio tivemos um Director que também tinha sido Comissário Nacional da Mocidade, mas que não tentou alterar o «status quo» que vinha do antecedente. As «unidades» em que se baseava a organização da Mocidade em cada escola eram as quinas, os castelos e as bandeiras, cada uma com o seu respectivo chefe. As quinas eram compostas por seis elementos, os castelos por um certo número de quinas e as bandeiras por um certo número de castelos. Os componentes da organização eram designados de acordo com a sua faixa etária. Os alunos das escolas primárias eram os lusitos,


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O Colégio e a Mocidade Portuguesa

sendo os das escolas secundárias os infantes e os vanguardistas, havendo ainda, para os mais velhos, a milícia, onde já tinham instrução militar com armas. A farda era obrigatória, com meias altas da cor dos calções, que eram de caqui, e camisa verde, sendo o bivaque de cor castanho escura. A farda tinha um cinto próprio, com uma letra S cobrindo a fivela, que se dizia ser a inicial do nome Salazar. As datas festivas da organização eram o 1º de Dezembro, Dia da Independência, e o 10 de Junho, Dia de Portugal. No 1º de Dezembro faziam-se grandes paradas nos Restauradores, em Lisboa, e no 10 de Junho faziam-se grandes espectáculos desportivos no Estado Nacional, que se enchia com as famílias dos meninos e das meninas que apresentavam os seus esquemas de ginástica. Como convidadas exibiam-se, por vezes, classes de ginástica de clubes da capital. A actividade que os componentes da Mocidade menos apreciavam, em geral, era a instrução militar, que se resumia a maioria das

vezes a exercícios intermináveis de ordem unida e de canto dos hinos Nacional, da Restauração e da Mocidade. Esta actividade era por vezes complementada por acampamentos, nas férias ou aos fins de semana, que o pessoal aceitava bem, pelo contacto com a natureza e pela liberdade que aí desfrutava. A actividade desportiva era o que a rapaziada mais apreciava. Neste capítulo a actividade da Mocidade era boa. Para além dos desportos mais comuns, como o futebol, o vólei, o basquete, o handebol e o atletismo, havia ainda centros de aprendizagem de remo e vela, de hipismo (em geral em quarteis de cavalaria da GNR) e até de aprendizagem para pilotos de voo sem motor (planadores) e de voo com motor, com a atribuição dos correspondentes «brevets». O Colégio apenas participava nos campeonatos organizados pela Mocidade. Tal como o nosso camarada Antigo Aluno António Brotas (30/1940), de seu nome completo António de Morais Sarmento dos Santos Lucas e Costa Brotas, nos recordou, quando há anos atrás foi agraciado com um prémio Barretina pela Associação, a bandeira da Mocidade

Portuguesa nunca foi hasteada no Colégio Militar. A forma como se conseguiu esta notável excepção, fui encontra-la num escrito, de Maio de 2016, intitulado «Reflexões», do nosso camarada Antigo Aluno Ricardo Fernando Ferreira Durão (17/1938). Na parte final do seu texto, relata-nos este nosso camarada o seguinte: «Eu era miúdo, 10/11 anos e iniciava-se a institucionalização da Mocidade Portuguesa. Todos os estabelecimentos de ensino secundário seriam centros da Mocidade Portuguesa. Tal facto seria extensivo aos estabelecimentos Militares de Ensino secundário, nós não o poderíamos tolerar. Não por razões políticas, não sabíamos bem o que isso era. A reacção que se desencadeou não foi induzida por ninguém nem conduzida por alguém, foi absolutamente espontânea desde o mais novo ao mais velho. Porquê? Por amor próprio, pois na Mocidade Portuguesa ia haver instrução militar elementar, formaturas, marcha, manejo de arma, quiçá a constituição de uma milícia. Não poderíamos aceitar tal situação em consequência da nossa tradicional condição


O Colégio e a Mocidade Portuguesa

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Equipa de Futebol do Colégio, Campeã Provincial da Estremadura em 1956 (*) 1º Plano António de Serpa Soares (189/1949), José Correia Branco (232/1948), Vasco Rocha Vieira (127/1950), Guilherme Câncio Martins (126/1948), João do Canto Lagido (299/1948), Francisco Ramos Rasteiro (152/1949), José de Santana Pereira (8/1949), Arlindo Falco Pereira (162/1950) 2º Plano João Mendes Araújo (84/1950), Vasco Rosado Durão (364/1949), Rui Fonseca e Silva (369/1949), Major António Coelho Sampaio (205/1912), Capitão Nuno Cordeiro Simões (42/1935), Ruben Mendes Domingues (196/1948), José Roquette Morujão (349/1948), José Vasconcelos Caeiro (41/1949), Arcelino Mirandela da Costa (244/1949), António da Cunha Nogueira «Manolo» (262/1948), Porfírio Rodrigues de Oliveira (376/1949).

militar que era irrefutável e secular. Considerávamos que a Mocidade, militarmente, não podia passar, neste aspecto, de uma fantochada. Como poderíamos pertencer a tal coisa; o nosso amor próprio impedia-o e a resistência seria implacável e definitiva. Mas a razão não era só essa. Aquelas paredes têm feitiço e nós, desde o início, sabíamos que o Colégio que frequentávamos, era uma instituição secular, verdadeiro Património Nacional, do mais elevado valor na sua função de ensino e formação. Revíamo-nos nos nossos anteriores camaradas que tinham anteriormente constituído um escol da mais elevada qualidade nos mais diversos ramos de actividade e merecendo uma adequada referência histórica. (*) Foto cedida por José Alberto da Costa Matos (96/1950)

Era impensável sermos integrados nessa nova organização. Recordo que a minha turma, alunos de 10/11 anos, numa aula de canto-coral, quando o professor tencionava ensinar o hino da Mocidade, começou: «Atenção, lá lá lá, lá vamos, cantando e rindo, 1,2,3»……Seguiu-se silêncio absoluto e semblantes esfíngicos. «Então?» O professor tentou nova iniciação e obteve resultado idêntico. Todas as futuras tentativas obtiveram a mesma atitude. Completamente desautorizado, chamou o Oficial de Dia que chegou, ameaçou e não conseguiu alterar a situação. Passaram a desenrolar-se inúmeras situações de tenaz resistência,

bem como as respectivas punições. Privados de recreio e de saídas que chegou a cerca de um mês. A Direcção exasperava-se cada vez mais e não conseguia nenhum resultado positivo. Chegou-se ao ponto de em determinada noite terem sido colocados escritos em todas as janelas viradas para o exterior. Na manhã seguinte o Colégio Militar estava para alugar……. Este motim não podia deixar de chegar ao conhecimento do Ministro do Exército, talvez da Guerra nesse tempo, até por as famílias começarem a protestar por os seus filhos não virem a casa há cerca de um mês. O Director do Colégio foi convocado pelo Ministro e lá foi à rasca. «Então o que se passa lá no Colégio? Consta-me que há por lá um verdadeiro motim – De modo nenhum, vamos resolver o assunto – Resolver? Se não o conseguiram até


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O Colégio e a Mocidade Portuguesa

Estádio Nacional, Campeonatos da Mocidade Portuguesa (*) Salto em altura de António de Serpa Soares (189/1949)

aqui, diga-me concretamente qual é o problema?» O Director muito atrapalhado, ganhou coragem e quase murmurou: «É que eles não querem ser da Mocidade Portuguesa». O Ministro era uma das figuras mais destacadas do regime politico, exigente, rigoroso, duro, convicto do seu poder, autoritário e nada indeciso. Havia quem o julgasse temível. Mas, naquele tempo, o Ministro era competente e inteligente e logo vislumbrou o que poderia acontecer numa luta com aquela gesta já consciente de que representava uma tradição secular, e procedia em nome de um passado heróico, indiferente a qualquer risco. Foi rápida a sua decisão: «Se não querem, não o vão ser». E assim aconteceu. O Colégio Militar foi o único estabelecimento de ensino nacional que não foi nº…. qualquer da Mocidade Portuguesa». O meu primeiro contacto pessoal com a Mocidade Portuguesa deu-se quando eu tinha 6 (*) Foto cedida por José Alberto da Costa Matos (96/1950)

anos e fui frequentar a 1ª classe na escola primária oficial «Dionísio dos Santos Matias», em Paço de Arcos, onde a minha família vivia. As actividades da Mocidade desenrolavam-se ao Sábado de manhã, consistiam em marchas à roda do pátio do recreio, dirigidas pelo velho professor que então tinha (temível pelas suas reguadas quando alguém pisava o risco) seguindo-se uma sessão de canto, onde aprendíamos os hinos Nacional e da Mocidade, e terminando tudo com umas correrias no recreio, com ou sem bola. Ninguém tinha farda naquela escola, isso era reservado para os meninos do liceu.

cabo da Roca, em condições indescritíveis de total improviso com duas únicas tendas com um número de ocupantes igual ao dobro da sua capacidade normal. Como refeições roíamos umas carcaças de pão ressequidas, acompanhadas de sardinhas de conserva. O percurso de e para Cascais foi feito caminhando pela berma da estrada e à boleia de automobilistas que por nós passavam. Sem eles não teríamos atingido o nosso local de destino. No meu percurso de «mocidaico» nunca consegui obter qualquer graduação, nem a de simples chefe de quina, não passando de «mocidaico raso».

Como só entrei para o Colégio no 3º ano, fui fazer os 1º e 2º ano num colégio na Parede. Aí as actividades da Mocidade eram só desportivas, pois o nosso jovem instrutor não era dado a «militarices», pondo-nos a jogar vólei e futebol, as instalações não davam para mais. Fizemos, no entanto, um acampamento de fim de semana, na praia da Ursa, perto do

Quando entrei para o Colégio, todo um novo mundo se abriu perante mim. A primeira coisa que tive de aprender era que a designação Mocidade Portuguesa dentro daqueles muros nunca era pronunciada. A designação a usar, de acordo com o léxico colegial, era a «Bufa». Por esta razão, será esta a designação que usarei na continuação deste escrito.


O Colégio e a Mocidade Portuguesa

As únicas actividades da «Bufa» em que o Colégio participava eram os campeonatos das diversas modalidades desportivas. Como não havia campeonatos para miúdos de 12/13 anos, limitei-me, na altura, a ser desportista de bancada ou de peão, sendo obrigado pelos graduados, inclusive ao domingo, a assistir aos jogos de futebol, subtraindo-me ao convívio familiar de fim de semana, o que deixava o meu pai altamente aborrecido, considerando aquela imposição, a que tínhamos de obedecer, uma verdadeira prepotência. De facto assim era, mas achava-se na altura, no Colégio, ser aquela uma forma de desenvolver o «Espirito Colegial». Nos 4º e 5º anos fiz parte das equipes de vólei do Colégio nos campeonatos da «Bufa». Nos 6º e 7º anos deixei o vólei e dediquei-me aos cavalos. Nos jogos de vólei que então fazíamos, as equipas com que jogávamos começavam por nos saudar com o grito da «Bufa», ao que nós respondíamos com um «Zacatraz», o que deixava com azia os seus dirigentes que assistiam aos jogos. A cena mais cómica a que assisti nos campeonatos da «Bufa» passou-se no Estádio Nacional, onde fomos em grande número representar o Colégio no chamado «campeonato dos mínimos» de atletismo, destinado a verificar quantos alunos apresentava cada escola capazes de cumprir as marcas mínimas de cada especialidade, estabelecidas para as diferentes idades. Esses campeonatos eram para nós uma paródia, pois conseguíamos superar aquelas marcas quase ao «pé coxinho». Os «estilos» a que recorríamos nos saltos em altura e comprimento, quando eramos chamados a saltar, eram para rir. Pena foi não terem sido objecto de fotografias. Os incitamentos que dávamos aos «saltadores», não sei bem porquê, deixavam os juízes com cara de pau. Lembro-me bem da cerimónia de abertura desse campeonato, realizada à entrada do estádio. Os «bufos» formados a um dos la-

dos do mastro da bandeira, em equipamento de ginástica, ao frio (o dia estava agreste). A representação do Colégio formada do outro lado do mastro e de capote, para nos protegermos. Frente ao mastro perfilava-se um chefe de castelo da «Bufa», que era suposto dar ordens às duas formações. O indivíduo dá ordem de sentido, os «bufos» obedecem, a formação do Colégio ficou queda na posição de descansar. Seguem-se uns momentos de suspense, embaraçosos, com toda a gente a olhar para nós, até que o nosso Aluno mais antigo, que estava à frente da nossa formatura, faz meia volta, com lentidão deliberada, passeia olimpicamente o seu olhar pelas nossas fileiras e acaba por ordenar sentido, com voz cavernosa. Aí sim, nós obedecemos com todo o aprumo. Recordo vagamente que foi hasteada de seguida a bandeira da «Bufa», com os «bufos» a cantar o seu hino e a formação colegial no mais completo silêncio. Até final foi sempre a mesma tónica, vozes de comando da «Bufa» para um lado, vozes de comando do Colégio para o outro. Enfim, estragámos a festa aos homens. Nos campeonatos de atletismo a sério, que nós designávamos por «campeonatos dos máximos», por antinomia com os «campeonatos dos mínimos», representei o Colégio nos saltos em altura e comprimento, onde conseguia fazer umas marcas que não me envergonhavam. Também representei o Colégio, «por engano», numa prova de 700m, com um resultado que tenho que admitir não ter sido brilhante, embora compreensível para um «atleta» como eu que detestava tudo o que fosse correr mais do que 70m. A selecção para a prova foi feita no Colégio. Meti na cabeça que não havia de ficar atrás dos gémeos do meu curso, Francisco José Ferreira de Bastos Moreira (185/1955) e Pedro Manuel Ferreira de Bastos Moreira (186/1955), a quem daqui saúdo, que se fartavam de treinar aquela distância e me gozavam pensando que me iam «dar um bigode». Desde o início da corrida fui a morder-lhes os calcanhares e nos últimos

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metros fui buscar forças não sei onde, dei um arranque, ultrapassei-os por uma cabeça sobre a meta e fui automaticamente seleccionado para o campeonato da «Bufa», o que não era de modo algum o meu objectivo. Não podendo recusar a selecção, lá tive de me resignar a participar na prova, que se realizaria no fim de semana seguinte. Chegada a hora da prova decidi dar o melhor de mim, para não deixar mal o Colégio. O nosso mestre da ginástica, o exigente Tenente Sequeira1, deu-nos a táctica a usar. Não nos podíamos deixar atrasar na primeira volta e na segunda volta era a «rasgar», dando tudo o que tínhamos cá dentro. A táctica não me pareceu complexa, pelo que decidi segui-la à risca, não me tendo apercebido da qualidade do grupo de «cavalões» em que estava metido. Dado o tiro de partida pus-me logo na cabeça do pelotão, passando nessa situação em frente da tribuna principal, de onde fui aplaudido delirantemente pela claque colegial. A corrida teria sido perfeita se não houvesse uma segunda volta, em que eu já não tinha nada para dar, já estava todo «rasgado». A situação tornou-se de repente dramática, as pernas ficaram pesadas como chumbo e comecei a ser ultrapassado por todo o pessoal, que passava por mim como flechas. Foi então que vislumbrei a minha salvação, ao chegar junto à entrada do túnel de acesso aos balneários, a cerca de 200m da meta. Não pensei duas vezes, enfiei-me pelo túnel dentro, saindo assim de cena de forma sub-reptícia. Mais tarde, aleguei que tinha sido acometido por uma indisposição súbita, o que não andava muito longe da verdade. Assim acabou aquela minha incursão no domínio da velocidade prolongada, ou do meio fundo, que é sem dúvida uma especialidade muito exigente. Por ironia do destino, 20 anos mais tarde comecei a correr meias maratonas, acabando por me retirar das mini maratonas há alguns anos atrás. Nunca consegui resultados notáveis, mas chegava ao fim das corridas, em contraste com o sucedido naquela manhã no Estádio Nacional. Infelizmente já cá não estava o Tenente Sequeira para me ver.

1 O Tenente Sequeira, um magnífico professor de educação física, era o 5/1938, de seu nome completo Luiz Manuel Bilstein de Menezes Luiz de Sequeira. Era membro de uma família distinta de Antigos Alunos. O mais antigo frequentou o Colégio no seu início, ainda na Feitoria.


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Os que nos deixaram Luciano Ferreira Bastos Costa e Silva (121/1923) Oficial de Marinha - Vice-Almirante Nasceu a 24 de Outubro de 1913 Faleceu a 20 de Janeiro de 2017

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o passado dia 20 de Janeiro faleceu o nosso Camarada Decano dos Antigos Alunos, Luciano Ferreira Bastos Costa e Silva (121/1923) e igualmente Decano dos Engenheiros Hidrógrafos Portugueses. Tendo sido admitido no Colégio em 1923, aí concluiu o respectivo curso liceal, ingressando na Escola Naval em 1931, onde foi o número 1 do seu Curso que lhe valeu a distinção do prémio “Fiel Stockler”, prémio entregue pelo Presidente da República Marechal Carmona (24/1882). Especializado em Comunicações, toma parte na Viagem Presidencial a Angola e São Tomé (1938), participa nas manobras da Esquadra Britânica (1939) e na Missão Hidrográfica de Angola a bordo do “NH Carvalho de Araújo”. Na 2ª Grande Guerra, frequenta o Centro de Luta Anti-Submarina na Escócia e comanda no Mar dos Açores um Navio Patrulha equipado para este tipo de missão. Em 1950 conclui com muito elevada classificação o Curso de Engenheiro Hidrógrafo na Faculdade de Ciências, no Instituto Superior

Técnico e no Observatório Astronómico da Ajuda, completando uma pós-graduação nos Estados Unidos no Hydrographic Office Coast and Geodetic Survey Scripps Institution of Oceanography. De 1941 a 1942 prestou serviço na Missão Hidrográfica de Angola e São Tomé (MHAST), com o posto de 1º Tenente, onde voltou mais tarde, em 1953, como Chefe de Missão, desempenhando este cargo até à sua promoção a Capitão-de-mar-e-guerra. Em 1959 apresentou uma proposta de criação do Instituto Hidrográfico, que seguiu os seus trâmites, sem nunca deixar de a acompanhar. A determinação manifestada em todo este processo, culminou com a sua comparência junto do CEMA, Almirante Armando Reboredo, que lhe disse: “Luciano Bastos, chamei-o aqui para o informar que amanhã será publicado, no Diário do Governo, o Decreto-Lei que cria O SEU INSTITUTO. Para Director, uma só pessoa tem direito a esse cargo: é o Bastos. Mas não faria sentido iniciar o seu funcionamento cometendo uma ilegalidade, pois o cargo de Director é destinado a um Capitão-de-Mar-e-Guerra ou a um Oficial General e o Bastos é, apenas, Capitão-de-Fragata. Assim, é o Bastos nomeado, desde hoje, Subdirector e vai convidar para Director um oficial da sua escolha”.

Foi escolhido e nomeado o Capitão-de-Mar-e-Guerra Pereira Parreira. Foi Director Técnico do Instituto Hidrográfico, comandou o Grupo Nº 2 de Escolas da Armada, foi Presidente do Tribunal Militar de Marinha, comandou a Defesa Marítima da Guiné tendo sido Comandante-Chefe Interino das Forças Armadas da Guiné. Foi Subdirector do Instituto Naval de Guerra, professor no Instituto de Altos Estudos Militares e Comandante Naval do Continente, funções que exerceu até 1971. A sua última ligação ao estudo do mar e ao Instituto Hidrográfico teve lugar quando dirigiu o Seminário de Oceanografia Física realizado em Maio de 1972, em Lisboa, e que contou com a participação dos Estados-Unidos e de mais de uma dezena de países europeus. A história da sua longa carreira relacionada com a Hidrografia, dos muitos estudos, levantamentos e outros trabalhos que foram desenvolvidos com o seu grande envolvimento, constam no livro “A Marinha na Investigação do Mar 1800-1999”, editado pelo Instituto Hidrográfico em 2001. Foi agraciado com a Medalha de Prata de Socorros a Náufragos, pelo Generalíssimo Franco com a Medalha de Mérito Militar 1ª classe, com a Medalha de Mérito Naval de Espanha e com a Medalha Militar de Ouro de Serviços Distintos, com Palma. A Todos os seus Familiares apresentamos as mais sentidas condolências pelo triste acontecimento da perda de alguém que deixa marca muito positiva e profunda da sua passagem por este Mundo. A Direcção e a Redacção da ZacatraZ


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Eduardo Matos Guerra (89/1941) Oficial do Exército - Coronel de Cavalaria Nasceu a 16 de Outubro de 1931 Faleceu a 13 de Dezembro de 2016

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lferes de cavalaria em 1957, é colocado em Luanda, para em 1959, como Tenente frequentar na EPC de Santarém o curso para Capitão, sendo depois colocado no Grupo Divisionário de Carros de Combate, do Regimento de Lanceiros 2 (RL2), onde em 1960 frequenta o curso de Polícia Militar. Por antecipação, em 1961, frequenta o curso de promoção a oficial superior. Em 1962 é mobilizado pelo RL2 e embarca para Angola, onde lhe é conferido o seguinte louvor do comandante da Região Militar de Angola: – «Pela firmeza, competência e inexcedível aprumo como tem exercido o comando da companhia de polícia militar nº 314. Oficial de forte personalidade e carácter firme, destemido, disciplinado e disciplinador, soube estruturar a sua unidade por forma a manter um muito elevado nível de eficiência em todas as circunstâncias em que tem actuado. Graças à sua acção de comando, ao carácter que tem sabido imprimir nos seus homens, ao seu espírito de missão, ao procedimento imposto à companhia de polícia militar nº 314 se fica devendo o grande prestígio alcançado pela polícia militar, tanto no

meio militar como no civil. Mas nem só nas funções inerentes ao tipo da sua unidade o capitão Matos Guerra se tem distinguido. Também na realização de numerosas escoltas para zonas onde o terrorismo é mais activo, soube este oficial dar provas da sua capacidade de organização, completa subordinação às ordens recebidas, prontidão operacional e coragem. A forma completa e eficiente como o capitão Matos Guerra tem desempenhado as missões que lhe são atribuídas, faz com que a sua actividade seja citada como padrão de comando das unidades de polícia militar e lhe mereça a mais completa confiança do comando pela região militar de Angola, sendo de toda a justiça assinalar os serviços prestados à região militar de Angola.». Em 1964 é agraciado com a Medalha de Mérito Militar de 3ª classe, sendo colocado no EME. Em 1965 é louvado «porque, no desempenho das funções de adjunto da Chefia do Serviço de Preboste, mais uma vez demonstrou ser dotado de grande flexibilidade intelectual e possuir sólidos conhecimentos profissionais, que, aliados a uma intransigente firmeza de opinião e a uma exemplar lealdade posta no cumprimento das suas funções, confirmam o alto conceito em que é tido de oficial distinto, pundonoroso, disciplinado e disciplinador, possuidor de forte personalidade, definida por vincadas qualidades de carácter, de lealdade e de inteligência, qualidades estas que lhe granjearam a estima e a admiração dos seus superiores e camaradas, e o creditam como

um muito bom oficial, que merece ser apontado como exemplo.». Novamente mobilizado pelo RL2, desta vez para a Guiné, é agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Avis. Já Major, é-lhe concedida a Medalha de Prata de Serviços Distintos com palma. Em 1971 parte novamente para a Guiné onde é empossado no cargo de Presidente do Município de Bissau, regressando à Metrópole em 1973 após ter cessado funções. Aos seus Familiares apresentamos as nossas sentidas condolências. A Direcção e a Redacção da ZacatraZ

Durval Serrano de Almeida (214/1938) Coronel Piloto Aviador Nasceu a 18 de Junho de 1926 Faleceu a 6 de Dezembro de 2016

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hegou à ZacatraZ a notícia do falecimento deste nosso Camarada, ocorrência que muito lamentamos. A Todos os seus Familiares apresentamos as nossas mais sentidas condolências. Que descanse em paz.


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Os que nos deixaram

Fernando António Martins Salvador

Máximo António Coelho de Moura

(217/1939)

(306/1941)

Oficial de Marinha Engenheiro - Capitão-de-Mar-e-Guerra Nasceu a 31 de Agosto de 1929 Faleceu a 19 de Dezembro de 2016

Piloto Aviador - Funcionário Bancário Nasceu a 1 de Novembro de 1930 Faleceu a 18 de Dezembro de 2016

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pós ter completado o curso de Marinha da Escola Naval, onde pertenceu ao Curso “Salvador Correia de Sá e Benevides”, especializou-se em Electrotecnia e frequentou o Instituto Superior Técnico. Optou mais tarde por ingressar na classe dos Engenheiros do Material Naval, da qual foi o primeiro oficial a pertencer ao respectivo quadro. Figura muito popular e estimada na Marinha, foi professor da Escola Naval durante vários anos, sendo sempre, dado o seu carácter jovial e amigo, muito apreciado pelos cadetes seus alunos que, seguramente, o recordarão com saudade. Acabou a sua carreira como Chefe do Gabinete de Estudos da DGMN (Direcção Geral de Material Naval) até 1986. Foi também o primeiro Presidente da Direcção da Associação para as Comunicações, Electrónica, Informações e Sistemas de Informação (AFCEA Portugal), organização que lhe atribuiu o título honorífico de Presidente Fundador, cargo que exerceu de Janeiro de 1988 a Julho de 2000. A todos os seus Familiares apresentamos as mais sentidas condolências.

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ste final de ano de 2016 trouxe-nos a triste notícia de mais uma baixa no nosso curso. É a 13.ª dos 35 finalistas de 1949-1950, é a 40.ª dos 73 que passaram pelo curso. O Máximo, o 306 que entrara em 1941 e veio parar ao nosso curso no 6.º ano e connosco saiu no 7.º, em 1950, morreu no passado dia 18 de Dezembro em Ílhavo onde, desde que enviuvara da sua companheira de sempre e mãe do seu único filho, a Solange, vivia quase em permanência. Para todos nós e para os nossos contemporâneos daquela geração era o “Saloio”, alcunha que herdara do seu irmão Francisco, o 263 de 1935. O Máximo foi sempre, em termos físicos, precocemente desenvolvido, era um “matulão”, ecléctico desportista, mas também um “bonzão”, incapaz de fazer mal a uma mosca. No 7.º ano foi tenente (três estrelas) da 4.ª e todos guardam dele boa memória. Era o “galã” do curso, um namoradeiro insaciável e, por alguma razão, na peça teatral da nossa récita de finalistas, coube-lhe precisamente o papel do “galã”. Onde, aliás, demonstrou que o seu futuro não estava nas artes cénicas. Outra característica do Máximo – era um resistente. Numa interpretação um tanto figurada do termo e não com o conteúdo cívico que é usual conferir-lhe. Lembramo-nos bem como, no 6.º ano, resistiu a um espectacular “estoiro” do cavalo numa aula de equitação no campo

de obstáculos, por detrás do ginásio, donde saiu para o hospital com a cara toda alanhada e sangrando abundantemente. Receámos que dali resultasse uma deformação permanente que lhe afectasse as suas feições que tanto prezava. Qual quê! Recuperou inteiramente a sua imagem e o seu charme visual. Anos mais tarde, na Beira, Moçambique, foi piloto da companhia de táxis aéreos, a TAM. Era um excelente piloto de quem o Guerra, o patrão, muito gostava, pois estava sempre disponível para todas as missões, em qualquer dia, a qualquer hora, para qualquer destino. Só que… teve três acidentes graves. De todos saiu ileso e em nenhum deles transportava passageiros – só quando viajava sozinho se permitia correr alguns riscos –, pelo que nunca houve vítimas… para além dos aviões que foram parar à sucata. Alguns de nós viajámos com ele em Moçambique. Recordamos como, junto ao painel dos instrumentos, tinha uma pequena lista de números de telefones, a Mary em Joanesburgo, a Jane em Blantyre, a Betty em Salisbury, a Joana em Lourenço Marques, etc. etc. (os nomes são, obviamente, fictícios) e, quando entrava em contacto com a torre de controlo do destino, pedia para que ligassem e avisassem: “Maximo is coming”.


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Os acidentes aéreos puseram fim à sua carreira de piloto de que tanto gostava. Tornou-se funcionário bancário e, regressado a Portugal em 1975, terminou a sua actividade numa agência bancária ali para os lados de Santa Apolónia, onde por vezes o encontrávamos. Ainda nos fez companhia na nossa última romagem ao Colégio, em Maio de 2014, quando assinalámos os 70 anos de entrada. Enfim, o nosso “Saloio” viu chegada a sua hora, ao fim de uma vida longa de 86 anos, com os seus êxitos e os seus insucessos, como todos nós. Deixa, nos que ainda lhe sobrevivem, uma enorme saudade. Honra-nos tê-lo tido como um de nós. O Curso de 1943-1950

João António Duarte Pina da Silva Ramos (9/1942) Oficial do Exército - Coronel de Engenharia/Transmissões Nasceu a 26 de Abril de 1932 Faleceu a 2 de Fevereiro de 2017

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ue poderei dizer quando perdi um dos meus amigos de sempre, desde os bons e inesquecíveis tempos do nosso Colégio da Luz onde fomos educados nos mesmos princípios e Valores. Era como um irmão. Ambos fomos “ratas” no mesmo ano (1942). Ele era o 9 e eu o 15. Frequentámos as mesmas aulas, comemos no mesmo refeitório, dormimos na mesma camarata, partilhámos os efeitos da 2ª guerra mundial. Cruzámos os claustros, marchando com orgulho e alegria, olhando com amor aquelas colunas sagradas,

mais que centenárias, brincámos livremente, como “polícias e ladrões”, ou mesmo “piratas ou corsários”, em aventuras que só nós imaginávamos, no Jardim da Enferma e naquilo a que então chamávamos o “Alto da Quinta”. Eu era mais irrequieto e até um pouco rebelde, ele mais assente, sóbrio, disciplinado, dotado de uma grande inteligência e bom senso, sem deixar de partilhar as nossas brincadeiras e, acompanhando-me sempre como um verdadeiro camarada, nas minhas tantas vezes quase loucas, diabruras e desafios. Belos momentos passámos, que jamais esquecemos, como autênticos “Meninos da Luz” e que como irmãos continuámos a ser sempre pela vida fora, (ele o Blê, eu, o Macaco). Não vou falar aqui do seu currículo, altamente

brilhante, Coronel de Engenharia e Transmissões, tendo chegado a ser digno Presidente da Câmara de Oeiras, etc. Disso poderá falar mais em detalhe outro, ou outros camaradas do Curso que, como eu, sempre tiveram por ele, enorme amizade e admiração. Foi sempre um homem de grande carácter, generosidade e grandeza, sobretudo pela sua simplicidade e modéstia, nunca ostentando os títulos, que o seu Valor, sempre assumido com Humildade, Dignidade e Coerência, bem merecia. Alguém, que ficará sempre na minha memória, como um alto exemplo de Militar, Homem e Cidadão. Vivemos no Colégio Militar bons tempos e, ao longo da vida, sempre os recordámos, com grande amor e orgulho, (7 anos que nunca se apagaram na nossa memória). Por isso, escrevo isto “ad coeur” e bem mais poderia dizer dele, que está bem guardado na nossa alma. Termino apenas com dois gritos: Zacatraz e Aleluia! Estou bem certo amigo Blê, creio firmemente que Deus, te recebeu em Paz e Glória por tudo


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o que, desinteressadamente, fizeste nesta vida. Eu cá fico à espera de voltar a ver-te e abraçar-te para revivermos as alegrias, aventuras e sonhos que com fraternidade e grande solidariedade, partilhámos no nosso Colégio. Obrigado Blê, pela tua infinda paciência, bondade, compreensão que me ofertaste e a todos os teus amigos e camaradas e que jamais olvidarei. Bem Hajas e até sempre, pois tu não morreste, somente partiste e sei bem que todos os que verdadeiramente te conheceram guardarão em si próprios, (tal como eu sempre guardei e guardarei) um estímulo paradigmático, um exemplo daquilo que sempre foste: - Um ser humano de rara autenticidade e espiritualidade. Até sempre! Até breve! Até logo, irmão BLÊ! Um eterno abraço do teu irmão Macaco, 15 de 1942 Roberto Ferreira Durão 15/1942

O João António nasceu a 26 de Abril de 1932 em Alpedrinha (Fundão) e, filho de Oficial, entrou em Outubro de 1942 para o 1º ano do Colégio Militar onde completou o curso liceal em 1950. Foi uma criança muito alegre e divertida que adorava brincar e fazer partidas; inteligente, bom aluno e aplicado nos estudos, mas não perdia a oportunidade duma brincadeira onde muitas vezes assumia com gosto o papel do “gozado”, pois inteligência, humor e simplicidade, não lhe faltavam, o que fazia dele um excelente camarada. Pertenceu durante sete anos ao curso de 1942/49 com excelentes notas, mas uma prolongada doença fê-lo perder o último ano por faltas, acabando por o repetir já no nosso curso, saindo em 1950 com o prémio Coronel Brandeiro, destinado ao melhor aluno. No Colégio era mais conhecido pela sua alcunha de “Blê” cuja origem teve a ver com o pitoresco da sua pronúncia que o tornava mais engraçado e singular, mas que contribuiu certamente para uma certa subestimação da parte de alguns oficiais e professores, que o terão considerado infantil. Não tinha grande aptidão para as discipli-

nas ligadas à actividade física, mas superava esse constrangimento com uma indomável vontade de fazer tudo o que os outros faziam, o que lhe custou grandes tombos e pequenos acidentes. A sua coragem era notória permitindo-o ultrapassar dificuldades que muitos outros, mais dotados fisicamente, não conseguiam. A homenagem póstuma que aqui lhe prestamos deve-se às suas excelentes qualidades de homem, militar, engenheiro, gestor público e privado, mas também à forma como o nosso curso o admirava e a saudade que nos deixou após o seu falecimento. Vinha como graduado de uma estrela (sorja) da 4ª Companhia, graduação e Companhia que manteve no seu segundo 7º ano, o nosso. Na sua adolescência manteve o feitio brincalhão, mas tornou-se mais notado porque, num curso caracteristicamente atilado e circunspecto como era o seu de entrada, fez grupo com mais três foliões, o 15- Roberto Durão, o 310- Nuno Cepeda e o 32- Vilhena Roque (que eram as excepções daquela sossegada compostura) e as partidas triplicaram de vigor e projecção: recordamos a cena dum copo de alumínio com água em equilíbrio instável no cimo duma das portas do “geral” da 4ª Companhia, destinado ao primeiro distraído que por ali passasse. Aconteceu que a “vítima” foi o Capitão Comandante da Companhia. O “Blê”, com a candura habitual dos seus 15 anos, não esperando que o visado poderia ser um oficial, ainda por cima o Comandante da Companhia, deixou-se ficar por perto para disfrutar a “ocorrência”. Quando esta aconteceu, não conseguiu segurar nem disfarçar o riso, “pecado” que lhe custou um duro castigo. Para seu azar o tal Capitão não era, na nossa opinião, “flor que se cheirasse” e este episódio somado com outros, relacionados com o seu imenso sentido de humor, não o livrou dum estigma que o prejudicou na sua graduação no 7º ano. No segundo 7º ano, sem perder a sua jovialidade e alegria, era um dos mais ajuizados e melhores alunos do nosso curso, provando a injustiça de que fora alvo nos anos anteriores. Frequentou o 1º ano do Curso Geral Preparatório na Escola do Exército em Gomes Freire (actual Academia Militar) e, escolhendo a

Arma de Engenharia, fez mais dois anos de Preparatórios na Faculdade de Ciências de Lisboa, seguidos de mais três no Instituto Superior Técnico. Voltou à Escola do Exército no último ano do curso de Engenharia Militar já no posto de Aspirante a Oficial para frequentar o sétimo ano de formação, sendo promovido a Alferes, posto em que completou, com alta classificação, o curso de Engenharia frequentando em 1957/58 o Tirocínio na Escola Prática de Engenharia, em Tancos. A sua primeira colocação, já Tenente, foi no Batalhão de Telegrafistas, facto que determinou decisivamente a sua carreira pois colaborou activamente na criação do Serviço de Telecomunicações Militares, não só no Continente como nas ligações aos Açores e Madeira, estendendo-se também a Angola e Guiné. O João António esteve, deste modo, ligado à criação da nova Arma de Transmissões, sendo nesse âmbito que desempenhou, de 1966 a 1968, uma comissão de serviço na região Militar de Angola, partindo em 1969 para comandar as Transmissões na Guiné. Da sua actuação nestes dois teatros de guerra resultaram duas honrosas condecorações com duas medalhas de prata de “Serviços Distintos com Palma” a somar a muitas outras condecorações que lhe foram atribuídas ao longo da sua carreira militar. Em 1973 regressou à Metrópole como Oficial Superior para prestar serviço na Direcção da Arma de Transmissões. Após o 25 de Abril de 1974 foi nomeado Director do Depósito Geral de Material de Transmissões. Em 1975, mercê de problemas relacionadas com o PREC, pediu a sua passagem à Situação de Reserva. Já na Reserva, devido às suas qualidades pessoais e técnicas, foi colocado pelo Ministro da Defesa de então, no Serviço Nacional de Ambulâncias (percursor do actual INEM), com o objectivo de organizar e dirigir a respectiva Direcção das Comunicações, onde fez valer a sua indiscutível competência. Em 1979 foi convidado pela então Aliança Democrática para concorrer, como cabeça de lista, à presidência da Câmara Municipal de Oeiras, eleição que venceu por duas vezes, cumprindo desse modo dois mandatos como Presidente, durante os quais prestou notáveis serviços com


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grande projecção nos mandatos seguintes. No fim do ano de 1985 foi convidado para integrar em Vilamoura o Conselho de Administração da Sociedade Marinotel, superintendendo no pelouro das obras e manutenção das instalações. O Vilamoura Marinotel foi acabado de construir sob a sua direcção. Com a mudança de proprietários desta Sociedade retirou-se da actividade empresarial, regressando à Câmara Municipal de Oeiras como deputado da respectiva Assembleia, onde cumpriu mais um mandato. O Curso de 1942/1950

Luís Lince Núncio (362/1949) Faleceu a 21 de Dezembro de 2016

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hegou à ZacatraZ a notícia do falecimento deste nosso Camarada, ocorrência que muito lamentamos. A Todos os seus Familiares apresentamos as nossas mais sentidas condolências. Que descanse em paz.

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Rui Jorge Chagas Junqueira dos Reis (179/1951) Oficial do Exército - Coronel de Infantaria Nasceu a 7 de Junho de 1941 Faleceu a 7 de Dezembro de 2016

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m pouco mais de uma semana e sem que a sua saúde o fizesse prever, o Rui Jorge Junqueira dos Reis deixou-nos definitivamente no dia 7 de Dezembro 2016. Conheci o Rui no início da década de 80, já lá vão mais de 30 anos, pouco depois de eu chegar ao Algarve para uma missão profissional e logo após o saudoso Rui Coles (267/1945) me ter passado a lista dos Antigos Alunos residentes no Sotavento Algarvio para eu organizar os nossos jantares mensais a que o Rui não faltava. Iniciamos uma amizade que se foi cimentando ao longo dos anos fruto das suas qualidades pessoais e profissionais. O Rui entrou no Colégio em 1951 tendo-lhe sido atribuído o nº 179 e saiu no 5º ano, em 1957, para seguir o curso de direito, contudo concluído o 7º ano do ensino liceal no Liceu de Faro, ingressou na Academia Militar. Terminado o curso com aprovação foi destacado para o Regimento de Tavira. Dez meses depois iniciou uma primeira comissão em vila General Machado, no leste de Angola, durante 18 meses e em Nova Lisboa os seis restantes. Depois de uma permanência de um ano na metrópole, regressou a Angola para uma segunda comissão de dois anos já como capitão e desta vez colocado em Maquela do Zombo junto à fronteira com o Congo. Regressa à metrópole e frequenta em Lisboa o curso para major e o de Altos Estudos Militares que lhe dá a nomeação para o cargo de Comandante da Guarda Fiscal do Algarve. Matricula-se no curso de direito que frequentou, mas a dedicação às funções que desempenhava dificultou-lhe a conclusão. Após novas missões em Beja e Évora onde permaneceu durante 4 anos com funções na justiça militar, regressa ao Algarve graduado em tenente-coronel para coman-

dar os Regimentos de Infantaria de Faro e de Tavira. Com o posto de Coronel passa à reserva e é convidado para Presidente da Cruz Vermelha do Algarve, cargo que desempenhou com distinção durante dez anos até à reforma para então se dedicar à administração do património rural familiar. Durante a sua carreira militar foi distinguido com diversas condecorações que atestam a forma distinta com que desempenhou as suas funções. O Rui, na administração do património rural, teve papel relevante, quer na parte agrícola, onde demonstrou um desempenho notável, quer na parte turística, tendo sabido aproveitar o antigo imobiliário de apoio rural para esse fim, sem o desvirtuar, antes mantendo todas as suas características e tendo até criado um museu particular. Participou com interesse na vida colectiva local, tendo, entre outros, exercido o cargo de Presidente do Júri Avindouro da Associação dos Beneficiários do Plano Rega do Sotavento Algarvio. O Rui foi um homem que, para além da elevada capacidade de liderança e de gestor, destacou-se pela imaginação, engenho, gosto e bom senso com que abordou todas as iniciativas profissionais e de lazer que resolveu levar a cabo. Era casado com a Senhora Dona Maria Luísa Uva Junqueira dos Reis e deixa dois filhos. À Família enlutada transmitimos o nosso sentimento de pesar pela perda de um companheiro e amigo solidário, sempre presente nos nossos tradicionais encontros da Família Colegial. João Henriques de Bivar Melo e Sabbo, 301/1953

Carlos Manuel Mendes Caramês, 41/1959


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Raúl Manuel Tamagnini Mendes de Carvalho (87/1953) Gestor de Empresas Nasceu a 13 de Março de 1943 Faleceu em Janeiro de 2017

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hegou à ZacatraZ a notícia do falecimento deste nosso Camarada, ocorrência que muito lamentamos. A Todos os seus Familiares apresentamos as nossas mais sentidas condolências. Que descanse em paz. A Direcção e a Redacção da ZacatraZ

José Joaquim Boaventura de Sousa Vahia da Cunha Lima (254/1954) Gerente Comercial Nasceu a 22 de Julho de 1944 Faleceu a 1 de Dezembro de 2016

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o mesmo dia 1 em que o país celebrava a independência ele venceu a dependência da matéria. O Zé Cunha Lima, o 254 que conhecíamos desde que nos conhecemos todos quando entrámos para o Colégio, morreu, não vítima, mas sim depois de ter serenamente acordado uma paz com o cancro a que resistiu durante três anos. Perdemo-lo de vista mas guardamo-lo na memória colectiva dos que ficam. A maior parte de nós, naturalmente, não terá acompanhado a sua vida pelo que faço aqui um brevíssimo resumo com a certeza de um dever e de um acto de camaradagem para com ele. O Zé foi toda a vida uma daquelas personagens paradigmáticas que se encontram nos livros de aventuras. Entre sucessos que partilhava com os amigos e revezes de fortuna de que nunca se queixou, o Zé andou pelos quatro cantos do mundo, conheceu reis e presidentes, sobreviveu a um naufrágio, foi por terra, ida e volta, de Lisboa a Katmandu atravessando por duas vezes o palco da guerra Irão/Iraque e muitos mais episódios que alongariam esta mensagem desnecessariamente. Como sabemos e naquilo que, em particular, se refere ao nosso Curso, um grupo com uma parte de história comum vivida de uma forma, ela própria, pouco comum, lembrar é mantermo-nos vivos até que o último de nós possa ainda recordar todos os outros. E essa é a maior singularidade do pensamento: sobrepor-se à matéria e dela guardar

apenas as referências de lugares que marcaram vivências de alguns percursos paralelos quando não o mesmo. Ainda bem que nos temos uns aos outros. 254 até sempre! Eduardo Luís de Arriaga Pinto Basto 318/1954

Foi um enorme choque a notícia que li há minutos sobre o fim do Zé Vehia da Cunha Lima, o 254/54. Fomos amigos desde os primeiros anos do Colégio porque, como os pais dele estavam em Angola na CADA (Gabela), passou várias férias em minha casa em Stª Margarida. Também fizemos parte da Classe Especial de Ginástica dos 14 anos e, muito mais tarde, em Luanda, privamos durante alguns anos, quando acompanhei algumas das suas aventuras. Recentemente íamos mantendo contacto e percebi, embora ele não dissesse, que algo de mal se passava com ele. Aliás recusava receber visitas dizendo que estava muito cansado e que tudo era um esforço enorme. Meu querido amigo. Nada posso escrever sobre a tristeza imensa que sinto pela tua partida porque não tenho palavras. Espero que, onde estiveres, saibas melhor interpretar o que não vai escrito. Um abraço muito saudoso e amigo do Mário Quintanilha de Sampaio Nunes 110/1954


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José da Silva Pracana Martins (80/1956) Músico, Compositor, Fadista, Caricaturista Nasceu a 18 de Março de 1946 Faleceu a 26 de Dezembro de 2016

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osé Pracana, sempre disponível e participativo em tudo o que se refere ao Colégio, foi condecorado com a Ordem do Infante Dom Henrique (Comendador), condecoração que se destina a distinguir quem tenha prestado serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores. Também foi distinguido com a Medalha de Mérito Municipal pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, concedida em reconhecimento do seu papel na dinamização do Fado, da sua investigação e divulgação cultural, designadamente em todos os que sentem a alma lusa e se encontram espalhados pelo Mundo. Esta homenagem fez-se não só por ser quem foi, um açoriano de corpo e alma, mas também porque difundiu, participou, aproximou e envolveu a comunidade local e além-fronteiras, através da melodia e dos seus acordes, numa dimensão expressiva e inspiradora. A sua obra falou por si. Como reputado especialista do fado e da guitarra, tornou-se símbolo da verdadeira expressão cultural de um povo. Como guitarrista, tocou vários anos com fadistas como Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro, tendo sido autor de programas para a RTP relacionados com o Fado, entre eles “Vamos aos Fados” (1976) e “Silêncio que se vai contar o Fado” (1992) Em 2005 recebeu o Prémio Amália Rodrigues na categoria de Fado Amador.

Carta de despedida Da ilha que era tua, partiste sem pré-aviso à beira desse Atlântico que adoravas. Mas nem eu nem nenhum dos que lá estavam em Alfama, na Igreja de Santo Estevão, te deixaremos morrer, José Pracana. Querido Zé, então que foi isso, partires assim sem nos avisares de que partirias de repente e de mansinho, fartei-me de chorar qualquer dia já não tenho lágrimas, tantas perdas. Mas a tua santo Deus quanta pena, quanta falta. Morreste em paz, saíste da tua casa, partiste da tua ilha. Não me deste tempo, mas eu tinha que me despedir, e agora essa ilha de S. Miguel que era a tua amada morada e onde eu queria ter estado hoje, transformou-se de súbito em algo de incrivelmente longínquo, intransponível, como se o Atlântico fosse ainda maior e mais forte a separar-nos. Queria ter-te lembrado como éramos antigos na amizade que começou entre nós com isto do fado, foi primeiro em Birre, lembras-te?, contigo agarrado à guitarra e eu (15, 16 anos?), com um pasmo deslumbrado, seguindo-te o bailado dos dedos. Já nessa altura, há tanto, tanto tempo, se começava a dizer que “ah, este José Pracana é um génio com a guitarra…”, e depois nunca mais ninguém deixou de dizer o mesmo, em todos os tons e todos os lugares. Eras o “melhor dos fadistas” e como me calha bem a palavra “fadista” posta em ti. Comecei cedo a

ver-te tocar, a ir aos sítios onde rodeado dos amantes do fado, fossem quem fossem, profissionais ou amadores, espontâneos ou “caturras”, talentosos ou jeitosos, os acompanhavas a todos, na mais fértil e luminosa das sintonias. Soltando-lhes a voz e ampliando-lhes o sentir, porque ao tocar para eles e com eles, não estava senão a ofereceres-lhe o teu génio. “Tornavas infinita a coisa finita”, como dizia hoje alguém, mas também oferecias a tua atenção e o teu carinho. Nunca se poderá falar de ti, evocar-te, matar saudades, sem de caminho lembrar como eras generoso e terno para com amigos, colegas, conhecidos, desconhecidos. Quem te batesse à porta, batia-te ao coração o que fazia de ti alguém sempre pronto a dar e a dar-se. Também podíamos agora falar os dois no teu incrível sentido de humor, um humor pronto, disparado, mais rápido que o som, mais rápido que tudo, verve e trocadilhos, graças e ditos, numa cintilação constante. E onde, de forma irresistível, se diluíam uma extrema observação, uma extrema graça. E sempre uma extrema elegância, o que é dizer muito sobre ti. Nos intervalos estudavas o fado com seriedade e rigor, dele sabendo tudo e coleccionando tudo: o que tinhas de investigação feita, papéis, trabalho de casa, registos, descobertas… Foste um precioso arquivo vivo que tão útil foi a tantas e tantos. E agora? Depois dos intensos anos do fado, de Birre ao “Embuçado”, estivemos muitos anos sem nos ver, que a vida separa as pessoas. Foi a tua ilha que nos rejuntou e com que alegria. Os jantares na tua casa de Ponta Delgada tão bem cozinhados pela Maria


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Natália, formidável companheira de todas as horas, e as surpresas que nos faziam, quando ao café, vindo não se sabe de onde , surgia uma “viola” e subitamente se passava do riso a um silêncio quieto: era a comunhão do fado saído da tua guitarra e por todos nós partilhada, nessa bendita mesa da “adega” da Rua de Lisboa. Também podia ser na nossa casa de Vila Franca do Campo, onde foste umas vezes com a Maria Natália para festejar a vida e o Verão e eram noites de risadas e conversa fiada naquele terraço “dentro” do mar. Mas se a “adega” de Ponta Delgada ou o terraço da Vila Franca falassem, que livro de histórias não se faria… Deves ter gostado de ver na terça-feira tantos dos “teus” na missa na Igreja de Santo Estevão celebrada para ti com fado puro e corações tristes, guitarras e violas. Foi a Sara Pereira do Museu do Fado que se lembrou, foi o João Braga que a “encenou”. Tantos amigos e tanta saudade, amparada pelo verbo inspirado de um sacerdote que nenhum de nós conhecia – o Padre Jorge, jovem pároco dali –, mas foi como se também ele fosse um dos teus, dando um espesso significado ao que ali estávamos a fazer. Conheço pouquíssimas pessoas que tenham amado – “servido” – a vida como tu a amaste e serviste. Pouquíssimas pessoas que tenham sido o alvo de um combate tão perfidamente desigual como o teu, pouquíssimas pessoas que com tantíssima dignidade tenham sido capazes de o travar até ao fim. Quase como se nada fosse. Da ilha que era tua, partiste ontem sem pré-aviso à beira desse Atlântico que adoravas. Mas nem eu, nem nenhum dos que lá estavam em Santo Estevão, te deixaremos morrer, José Pracana. Texto da autoria de Maria João Avillez, publicado no Observador de 28 de Dezembro de 2016. Transcrição por amável deferência da autora que, quando contactada para a autorizar, prontamente deu aquiescência para tal, tendo ainda a amabilidade de manifestar elogiosas referências ao Colégio.

Recordando o Óitenta, José Pracana de seu nome O Óitenta (era assim que ele pronunciava o seu número na sua pronúncia micaelense) era do curso a seguir ao meu no Colégio. Era uma figura marcante daquele pequeno mundo em que con-

vivíamos, como uma irmandade. Era uma figura engraçadíssima, com um humor verdadeiramente impar, que a todos cativava. Não era só aquilo que ele dizia e fazia, mas também a maneira como o dizia e fazia. Era como se costuma dizer, um «sempre em festa». Segundo me contava o meu irmão Carlos (16/1961), residente nos Açores, era o grande animador dos jantares do 3 de Março em Ponta Delgada. Mas não se limitava a dizer umas graças, contava episódios da sua vida colegial, com tal espírito e colorido, que levava os ouvintes a rirem-se até às lágrimas. Recordo, a título de exemplo, dois episódios de que foi protagonista e que ilustram bem a sua presença de espírito, a sua graça e a sua capacidade de resposta instantânea, própria de um repentista: Cruzando-se com o Subdirector Perto do picadeiro provisório, antiga camarata da 1ª Companhia, o Óitenta ia a correr e cruza-se com o Subdirector, cometendo a grave infracção disciplinar de não «meter a passo» e de não o cumprimentar, fazendo-lhe a continência que lhe era devida. O Subdirector, homem rigoroso e que fervia em pouca água, pára-o com um berro e pergunta-lhe porque é que ele não lhe tinha feito a continência. Resposta instantânea do Óitenta: - Desculpe, confundi-o com um sargento! Consta que o Subdirector ia tendo um ataque de apoplexia. Na aula de Química O professor, major de artilharia de alcunha o «Ervilha», ia dando a sua aula, enquanto o Óitenta ia fazendo as suas facécias e distraindo o pessoal. O professor, farto daquela situação, interpela-o e diz-lhe, na sua pronúncia algarvia: - Oitenta pá, tu és um sacana! Resposta imediata do Óitenta: - Pracana, meu major, Pracana! O «Ervilha» ficou sem saber se se devia rir ou se o devia pôr na rua. Descansa em paz «Óitenta», lembrar-teemos sempre com o teu inconfundível sorriso travesso nos lábios.

Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa 71/1957

José Carlos Tavares Cabral (156/1957) Professor de Educação Física Faleceu a 13 de Janeiro de 2017

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aleceu o Zé Carlos. O coração do “Suicida”, alcunha por que nós, seus contemporâneos, carinhosamente o tratávamos, pelo destemor com que executava alguns exercícios mais perigosos, desistiu de lutar pela vida no passado dia 13 de Janeiro. Entrámos juntos para o Colégio naquele distante Outubro de 1957 e fizemos parte da última geração de “ratas” que ainda viveu nas camaratas do “Colégio Velho”. Lembro-me dele como um puto rebelde, cheio de vida e de energia, com capacidades físicas superiores às da grande maioria de nós, que se vieram a traduzir nos múltiplos sucessos que obteve em todas as armas com que competiu no seu desporto de eleição: a esgrima, tendo sido campeão universitário de florete e campeão nacional de sabre. Não eramos propriamente íntimos, porque o Zé Carlos fazia parte do selecto grupo dos “meninos do Arco do Cego”, enquanto eu


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residia no mais “proletário” bairro de Alvalade, embora se esboçasse já uma amizade que muito mais tarde nos uniria e que me faria partilhar com ele e com o “Zequinha” (188/1957) muito do (pouco) tempo que passei em Lisboa nos últimos 27 anos, em almoços no Amazonas que se prolongavam por três ou quatro horas, até que o Zé Carlos saía a correr, para ir fazer companhia à mãe doente. Sempre empenhado em projectos diferentes, ultimamente andava muito atarefado a preparar um estudo sobre a guerra civil em Angola, o que o levava a pedir-me para lhe trazer livros da África do Sul sobre as operações do Exército Sul-Africano, Batalhão Búfalo e outros. Vária vezes me confidenciou, entretanto, que uma das suas maiores mágoas foi a separação de alguns dos seus amigos de infância, fruto da linha de fractura que dividiu a sociedade portuguesa nos anos que se seguiram ao 25 de Abril. O percurso de vida profissional do “Suicida”, foi rico e variado como ele gostava de viver. Começa com um curso de engenharia logo abandonado, a que se seguiu uma licenciatura em Educação Física, com a qual obteve os seus primeiros empregos, entre eles uma breve passagem pelo nosso Colégio, onde foi professor. Partiu mais tarde para França onde se licenciou e concluiu um mestrado em “Sciences d’Éducation” pela Universidade de Caen, tendo ainda obtido um “Diplôme d’Études Approfondies (D.E.A.) en Psychologie et Sciences de l’èducation”. Regressado a Portugal passa alguns anos como docente na Universidade de Évora tendo sobre ele escrito o respectivo reitor: “Intelectual brilhante, culto, muito bem informado e bem relacionado profissionalmente – privava, ou tinha privado, durante os seus estudos no estrangeiro, com muitos dos autores que estudávamos, proporcionando-nos contactos valiosos, do ponto de vista académico - o Zé Cabral trouxe uma lufada de ar fresco ao Departamento, não só do ponto de

vista científico, como cultural. Com grande espírito criativo, lançava em cada ano uma iniciativa científica, pedagógica ou didáctica, algumas das quais perduram na memória dos mais velhos, dinamizando o Departamento e a própria Associação de Estudantes”. Sempre foi muito reservado no que respeita à sua vida sentimental. No entanto, como conta a sua filha: “As suas paixões não tinham fim. Fotografia (mulheres, de preferência); Música (da clássica ao jazz, do rock às musicas do mundo); Gastronomia tradicional (a de Trás-os-Montes era especial); Vinhos (só do bom, porque dizia que o mau lhe fazia mal à saúde); Relógios (embora não fosse homem de horários rígidos); Automóveis (deu-se ao luxo de comprar o carro dos seus sonhos)”. Não posso ainda deixar de citar um texto escrito por uma das suas amigas de sempre, que capta a essência da alma do Zé Carlos: “Quando olho para trás e procuro descrever o Zé em meia dúzia de palavras, o que me vem sempre à memória são os seus olhos brilhantes, um ar malandro de criança apanhada em falta, uma festa no meu cabelo e aquele encolher de ombros com que dizia “não sou capaz de ser diferente, mas gosto muito de ti”. E nós, as mulheres pelo menos, acreditávamos que éramos, não digo únicas, mas especiais. Era assim o Zé, um sedutor, ave de liberdade, fugindo de mansinho, como se temesse que as asas se prendessem”. E termino fazendo minhas as palavras de outro seu grande amigo: “O seu conhecimento das coisas deste mundo fará as delícias de quem o encontrar lá por onde estiver. Haverá sempre uma história para contar, uma rábula para entreter, uma palavra para amparar. E eu fico com alguma inveja e seguramente desolado por o ter perdido para outra vida, que sei em que ele não acreditava”. Faleceu o Zé Carlos, paz à sua alma, onde quer que esteja. Luís Ernesto Albuquerque Ferreira de Macedo 8/1957

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Ricardo Manuel de Oliveira de Sousa Dias (339/1963) Nasceu a 18 de Outubro de 1953 Faleceu a 29 de Dezembro de 2016

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hegou à ZacatraZ a notícia do falecimento deste nosso Camarada, ocorrência que muito lamentamos. A sua Irmã Ana Sousa Dias e a Todos os seus Familiares apresentamos as nossas mais sentidas condolências. Que descanse em paz.

João Manuel Saturnino Balula Cid (595/1967) Pianista Nasceu a 28 de Abril de 1957 Faleceu a 17 de Janeiro de 2017

Ao João Balula, aos “meus” Ratas de 1967 (mais do Jorge Salavessa, o 14/1961, Comandante da 1ª – a quem telefonei - que “meus”… ) Adeus, João Balula (595/1967), João Manuel Saturnino Balula Cid.


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artiu um dos meus “ratas”, e um “muito cá de casa”. Eras do Curso de 1967: do meu irmão João, do Maná (Bernardo Dias Nunes, 78), do João Sabbo, do Zé Brito, do “padeiro” (154), etc., etc., etc… perdoem-me não mencionar todos. E “eras muito cá de casa”: a tua especial ligação ao meu irmão (juntavam-se de longe em quando e com 3 minutos de afinação deliciavam-nos com duetos musicais, ele aluno predilecto do Carioca e com Curso do Conservatório feito com ele, durante e depois de sair do Colégio). Também – já eu saído do Colégio e vocês com 14 ou 15 anos – acampavam na quinta da Meia Praia, uma das casas de família – e jantavam (mais de uma dúzia, às vezes) á volta da mesa presidida pelo Coronel Cardeira da Silva (o 26/1932) que fora meu (já no fim do ano lectivo) e vosso Comandante de Corpo de Alunos em 1968/1969/1970. E partiam depois para Lagos, para as mais diversas traquinices. Também mas fizeram: vim a saber, muitos anos mais tarde, que espiavam o meu quarto quando eu descansava com a minha já ida companheira, cúmplice amada e amiga ao longo de 7 anos, desde o tempo do Instituto Superior Técnico, ida parece que ontem. Claro que foi o Maná, possivelmente um dos instigadores, que mo contou muitos mais tarde. Não imaginava tal coisa. “Padeiro, padeiro…”. Inocentemente, eu não me lembrava sequer de tal coisa… Tínhamos falado há uns dias; passei o telefone ao meu irmão e ouvi-vos a fazerem planos, “mando-te a pauta”, “digitalizo isto…”, etc. Mas penso que adivinhámos os três (mais tu, decerto) que era conversa… Falei ontem e hoje com o teu irmão, o 152/1957, meu contemporâneo no Colégio, renascido - é o termo - de um AVC há 4 anos. Tentei também a tua companheira, a Suzana Lemos, cujo contacto me deste, como recurso, provavelmente já adivinhando ser aquela a nossa última conversa… Para ti, um abraço de despedida. Vou agora continuar a escrever-te deste país distante. Para todos vós, Ratas de 1967 e para os que te amavam, um abraço de imensa pena.

Joaquim Arnaldo Maltez Cardeira da Silva 133/1961

Luís Filipe Pinto Cavaleiro (445/1973) Militar - Batalhão de Pára-quedistas Nasceu a 18 de Fevereiro de 1963 Faleceu a 5 de Janeiro de 2017

“Jamais o esquecemos…”

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ia 13 de Janeiro de 2017, desceu à terra com muita dignidade o Luís Filipe Pinto Cavaleiro (445/1973). Cumpriu-se o inscrito no nosso lema “Um Por Todos Todos Por Um” e elevámos bem alto tudo o que aprendemos no “Código de Honra do Aluno do Colégio Militar”. A Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar (AAACM) foi inexcedível no cumprimento da sua missão. O Luís Filipe foi um Antigo Aluno e antigo Paraquedista que, pelas vicissitudes da vida teve, infelizmente, os seus últimos dias com muita solidão e com a dor da doença. Mesmo sem familiares próximos, não faltaram na despedida final os companheiros da Barretina, da Boina Verde e alguns Amigos que constituíram as dezenas que se despediram dele com um sentido “Brado dos Paraquedistas” e um enorme “Zacatraz”. Descansa em Paz! Carlos Alberto Grincho Cardoso Perestrelo (329/1972) Major General Paraquedista


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