O Evangelho Segundo Lucas | Antônio Renato Gusso

Copyright©2022 por Antônio Renato Gusso Todos os direitos reservados por: A. D. Santos Editora Al. Júlia da Costa, 215 80410-070 Curitiba – Paraná – Brasil +55(41)3207-8585 www.adsantos.com.br editora@adsantos.com.br

Capa: APS Diagramação: Manoel Menezes Revisão: Eliane C. do R. S. de Sousa Coordenação editorial: Jennyfer Calado Barcelos Impressão e acabamento: Gráfica Optagraf

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GUSSO, Antônio Renato.

O Evangelho segundo Lucas – Introdução fundamental e auxílios para a interpretação / Antônio Renato Gusso – A.D. Santos Editora, Curitiba, 2022. 192 páginas.

ISBN – 978-65-89636-18-2 1. Bíblia - Novo Testamento 2. Evangelho de Lucas 1ª edição – abril de 2022.

Proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:

CDD 226.4

Dedicatória Pela graça de nosso Deus completei mais este livro. Assim, nada mais justo do que dedicar a Ele mesmo o resultado de meu trabalho. Recebe esta obra, Senhor, como uma simples amostra da gratidão de minha parte por tudo o que tens feito por mim.

Muito, muito obrigado. Louvado sejas Tu, ó Deus Todo-poderoso: Pai, Filho e Espírito Santo!

Dedico ainda à minha querida família: Sandra de Fátima Krüger Gusso (esposa); Francisco Benvenuto Gusso (filho); Ana Cláudia Gusso (filha) e seu esposo Lachlan Stain (genro e filho), que no ano de 2020 me abençoaram com a primeira neta: Clara Gusso Stain, linda e graciosa, presentão de Deus.

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Eu não entendia...

Moído pelos açoites, pendurado na cruz, Jesus olhava os circunstantes, aguardava a morte amarga que logo haveria de chegar.

Muitos eram os seus executores, mais ainda os zombadores, que o desafiavam com gritos de horrores: Se tu és o Filho de Deus, desce da cruz!

Enquanto isso eu, pobre de mim, aterrorizado, de longe tudo via, mas nada entendia...

Eu não entendia a razão pela qual Ele, o grande Senhor, não reagia, não rogava por anjos, não mandava raios para com tudo acabar.

Com a mente confusa, olhos embaçados em meio às lágrimas, com o coro dos aflitos eu também clamava: Tu és o Filho de Deus, desce da cruz!

Que cena cruel e absurda! Ele podia descer, não descia, eu tudo via, mas não entendia...

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Ele pregou às multidões, ressuscitou mortos, deu-nos da sua luz, fez tantas maravilhas que mostravam o seu poder e que aquele não era o seu lugar.

Não havia dúvidas, ele era o Rei dos reis, o Senhor dos senhores.

Mas parece que não ouvia o pedido dos malfeitores: Se tu és o Filho de Deus, desça da cruz!

Diante do horror, eu aguardava reação que não vinha. De mim mesmo, nada entendia...

Só três dias depois foi que entendi. Ele ali ficou por amor a mim e a você, morreu para nos dar a vida eterna, para nossos pecados e nossas dívidas pagar.

Ainda atônito, agora o contemplo crendo, quase incrédulo, sem entender tamanho amor, gritando de alegria em meu interior: Tu és o Filho de Deus, que não desceu da cruz!

Sim, hoje sei que Ele fez isso por amor, só não entendo como é que eu não entendia...

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Prefácio

H

á momentos e momentos na nossa breve, mas intensa passagem por este mundo.

O momento atual é de aflição e incertezas. Escrevo este prefácio em tempos estranhos e angustiantes: a pandemia causada pelo coronavírus, que assolou praticamente todos os países e povos do mundo, está atingindo o seu pico neste mês aqui no Brasil. A crise econômica causada pelo vírus, sem precedentes no Brasil, também é, provavelmente, a maior de todas as crises mensuráveis na história da humanidade.

As notícias na área da saúde são tão desencorajadoras que um dos ministros do atual governo chegou a suplicar em uma coletiva de imprensa que os meios de comunicação não publiquem somente “caixões e corpos” no jornal da manhã, “caixões e corpos” no jornal do meio dia”, “caixões e corpos” no jornal da noite, mas noticiem também os milhares de recuperados da doença.

E como se essas duas crises tão graves somadas não bastassem, ainda se criou, em hora absolutamente inoportuna (e oportunista), uma grave crise política. Clamamos a Deus para que ela não desemboque em uma crise institucional e nem, o que seria muito pior, em convulsão social.

É momento de desejo ansioso e ardente por notícias boas, encorajadoras, que gerem esperança por dias melhores.

O fato é que há boas notícias. A maior delas, a própria boa-notícia, o evangelho, é tema central deste livro. Noticiar o evangelho, realçar a boa-notícia e, especialmente, explicar 7

a ótima nova é o que Renato Gusso se propõe a fazer nesta Introdução Fundamental e Auxílios para a Interpretação.

Para milhares de pessoas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, o renomado professor, doutor e pastor Renato Gusso dispensa apresentações. Muitíssimas pessoas já foram abençoadas como seus alunos, como participantes de suas palestras em inúmeras conferências nas suas décadas de atuação no ministério da Palavra, e também como ovelhas dos rebanhos que pastoreou — e continua pastoreando. E estão entre os abençoados por suas palavras também, evidentemente, os tantos leitores dos muitos livros que escreveu, sobre diversos temas, sempre associados à Bíblia e à Teologia.

Renato, meu colega, amigo e “vizinho” em Curitiba, já tem larga experiência nessa empreitada de escrever Introduções Fundamentais para livros da Bíblia. Já estão nas estantes e mesas dos estudiosos da Palavra cinco volumes com esse título, correspondentes às cinco partes do Antigo Testamento.

Bendita hora que agora dá início à série com o mesmo título associado aos livros da Nova Aliança, a começar por um dos primeiros escritos do Novo Testamento: O Evangelho Segundo Lucas — Introdução Fundamental e Auxílios de Interpretação.

Se estamos precisando — nesta época tenebrosa e sempre — de boas notícias, da sabedoria e do poder do evangelho, do conforto e encorajamento da Palavra, o Evangelho Segundo Lucas seguramente traz tudo isso. E, neste livro, o autor nos coloca óculos para que de maneira mais eficaz e restauradora essa boa notícia nos invada e tome conta de nós.

O professor Renato faz isso com uma abordagem singular, diferente do que é costumeiro em obras que levam o título de Introdução.

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O leitor fará um bem enorme a si mesmo e às pessoas que vai abençoar com o estudo da Palavra com o uso deste manual, se ler com atenção a Introdução. Nela, o autor explica a sua metodologia e dá as pistas principais para o melhor aproveitamento do seu conteúdo.

O livro “não é uma introdução propriamente dita” na primeira parte, “e nem um comentário bíblico” na segunda. Para começar, a primeira parte é muito sucinta e objetiva nas informações sobre autor, fontes utilizadas, local e data da escrita e destaques teológicos, dando valor especial aqui, no caso de Lucas, à descrição que faz do “autor e consumador da nossa fé” na seção: “Quem é Jesus no evangelho Segundo Lucas”.

Na parte que trata do texto do Evangelho propriamente, que o autor intitula com muita propriedade como “auxílios de interpretação”, o propósito não é comentar em detalhes todo o texto de Lucas, mas somente “os textos que apresentem certo grau de dificuldade para a compreensão atual”, ou seja, “aquelas porções que apresentam real necessidade de esclarecimento”.

Que sábio método, aprendido, segundo o autor, com “a experiência adquirida em muitos anos de sala de aula ensinando a respeito de Lucas”. E certamente também nas décadas de pastoreio, como é fácil perceber no texto.

E basta começar a folhear o livro para descobrir que é exatamente isso que o autor faz. Logo no início do Evangelho, em Lucas 1.27, o Evangelista nos traz uma informação de um costume da época e daquela cultura que não encontra correspondente no mundo atual em que vivemos: diz o texto que Maria está “prometida em casamento a José”. E o leitor terá o prazer de descobrir que isso (ops, aí vai, mas o spoiler para por aqui) não é o equivalente ao nosso noivado, e também vai aprender detalhes muito úteis e interessantes sobre esse costume da época.

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Há mais orientações interessantes e importantes na Introdução, assim que o leitor vai querer dedicar alguns minutos a essa parte do livro antes de mergulhar no corpo do texto.

Dá gosto de ler a explicação da boa notícia por meio de óculos, digo, de uma abordagem tão singular, em que o material é apresentado de forma muito didática e de fácil compreensão, sem perder em profundidade e consistência.

Esse cuidado e zelo pelo texto e pela prática da Palavra certamente caracterizam não somente sua escrita e ministério de ensino e pastoreio, mas também sua vida de marido, pai de dois filhos e agora também avô da neta mais linda do mundo (ele, obviamente, tem certeza disso), mesmo que, até agora, só tenha visto essa fantástica boa notícia em fotos e vídeos. É com muita satisfação — e gratidão pela honra do espaço destas linhas — que recomendo o estudo deste livro.

Valdemar Kroker

Um dos editores de Edições Vida Nova Pastor na Primeira Igreja Irmãos Menonitas do Boqueirão – Curitiba

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Sumário Dedicatória......................................................................................3 Prefácio............................................................................................7 Sumário.........................................................................................11 Introdução.....................................................................................17 1. Primeira Parte: Introdução Fundamental.............................. 21 1.1. A Autoria do Evangelho Segundo Lucas..........................21 1.2. As Fontes Utilizadas no Evangelho Segundo Lucas.........23 1.3. O Local e a Data de Escrita do Evangelho Segundo Lucas.........................................................................24 1.4. Alguns Destaques Teológicos do Evangelho Segundo Lucas.........................................................................25 1.5. Quem é Jesus no Evangelho Segundo Lucas....................26 1.6. O Esboço Geral do Evangelho Segundo Lucas ...............29 2. Segunda Parte: Auxílios para a Interpretação........................ 35 2.1. A Introdução ao Livro (1.1-4)..........................................36 2.2. As Narrativas da Época da Infância de Jesus (1.5-2.52)...37 2.2.1. Predito o nascimento de João Batista (1.5-25) .........37 2.2.2. Predito o nascimento de Jesus (1.26-38) .................39 2.2.3. Maria visita Isabel (1.39-45).....................................41 2.2.4. O cântico de Maria (1.46-55)...................................42 2.2.5. O nascimento de João Batista e sua nomeação (1.57-66)..............................................................................43 11

2.2.6. O Cântico de Zacarias (1.67-80)..............................43 2.2.7. O nascimento de Jesus (2.1-7)..................................44 2.2.8. Os anjos e os pastores (2.8-20)..................................46 2.2.9. O menino Jesus (2.21-40).........................................47 2.2.10. O menino Jesus no Templo (2.41-52).....................48

2.3. O Ministério de João Batista (3.1-22)..............................49 2.3.1. A pregação de João Batista (3.1-14)..........................49 2.3.2. João Batista afirma que não é o Cristo (3.15-17)......50 2.3.3. João Batista adverte a todos (3.18-20).......................51 2.3.4. João Batista batiza Jesus (3.21-22)............................51

2.4. O Começo do Ministério de Jesus (3.21-4.13).................52 2.4.1. A genealogia de Jesus (3.21-38)................................52 2.4.2. As tentações de Jesus (4.1-13)...................................55

2.5. Jesus na Galileia (4.14-9.62).............................................56 2.5.1. Jesus é rejeitado em Nazaré (4.14-30).......................56 2.5.2. Jesus curando (4.31-41).............................................58 2.5.3. Um circuito de pregação (4.42-44)............................59 2.5.4. Os milagres de Jesus (5.1-26)....................................59 2.5.5. O chamado de Levi (5.27-32)...................................62 2.5.6. A religião de Jesus é diferente (5.33-39)...................62 2.5.7. O emprego certo do sábado (6.1-11)........................64 2.5.8. A escolha dos doze (6.12-16)....................................65 2.5.9. O sermão na planície (6.17-49).................................67 2.5.10. A cura do escravo de um centurião (7.1-10)...........70 2.5.11. Jesus ressuscita o filho de uma viúva moradora em Naim (7.11-17).............................................................71 2.5.12. As perguntas de João Batista (7.18-23)...................73 2.5.13. Jesus dá testemunho de João Batista (7.24-35).......73 12

2.5.14. Jesus perdoa os pecados da mulher que ungiu os pés dEle (7.36-50)...........................................................74 2.5.15. As mulheres que serviam a Jesus (8.1-3).................76 2.5.16. Como ouvir a Palavra (8.4-21)................................77 2.5.16.1. Formas de ouvir (A parábola do semeador) – (8.4-15)...........................................................................77 2.5.16.2. A avaliação de como se ouve (A parábola da candeia) – (8.16-18).......................................................79 2.5.16.3. Ouvir e obedecer (A família de Jesus) – (8.19-21).........................................................................79 2.5.17. Jesus acalma uma tempestade (8.22-25)..................80 2.5.18. O endemoninhado geraseno (8.26-39)...................81 2.5.19. A cura de uma enferma e a ressurreição da filha de Jairo (8.40-56)................................................................82 2.5.20. O poder e a autoridade de Jesus (9.1-17)................84 2.5.20.1. Poder e autoridade (Uma missão dos doze) – (9.1-6).............................................................................85 2.5.20.2. Poder e autoridade (Herodes perplexo) – (9.7-9).............................................................................85 2.5.20.3. Poder e autoridade (A multiplicação de pães) – (9.10-17) ............................................................86 2.5.21. Pelo que o Cristo teria que passar (9.18-22)...........87 2.5.22. O discipulado (9.23-27)..........................................88 2.5.23. A transfiguração (9.28-36)......................................89 2.5.24. Jesus e os discípulos (9.37-62).................................90

2.6. Da Galileia para Jerusalém (10.1-19.44)...........................93 2.6.1. A missão dos setenta (ou setenta e dois) – (10.1-24)..............................................................................93 2.6.2. A parábola do samaritano (10.25-37).......................96 2.6.3. Marta e Maria (10.38-42).........................................97 13

2.6.4. A oração (11.1-13)....................................................98 2.6.5. O Reino de Deus já chegou (11.14-36)..................101 2.6.6. Jesus ensina o povo (11.37-12.59)...........................103 2.6.7. O arrependimento (13.1-9).....................................109 2.6.8. A cura da mulher encurvada e o reino de Deus (13.10-21)..........................................................................110 2.6.9. A porta estreita para o reino de Deus (13.22-30)....112 2.6.10. Os profetas perecem em Jerusalém (13.31-35).....113

2.6.11. Jesus come na casa de um fariseu (14.1-24)..........115 2.6.12. O discipulado (14.25-35)......................................116 2.6.13. Três parábolas dos perdidos (15.1-32)...................117 2.6.14. A Parábola do Administrador Desonesto (16.1-15)............................................................................119 2.6.15. A Parábola do Rico e Lázaro.......................................

(16.14-31) .........................................................................120 2.6.16. Ensinos acerca do perdão (17.1-10)......................123 2.6.17. A cura de dez leprosos (17.11-19).........................125 2.6.18. A vinda do reino de Deus e a Volta de Cristo (17.20-37)..........................................................................126

2.6.19. Duas parábolas envolvendo oração (18.1-14).......127 2.6.20. Jesus e as crianças (18.15-17)................................130 2.6.21. Um rico pergunta sobre vida eterna (18.18-30)....130

2.6.22. Jesus prediz Sua morte e ressurreição (18.31-34).. 132 2.6.23. A cura de um cego em Jericó (18.35-43)...............132 2.6.24. O encontro de Jesus com Zaqueu (19.1-10).........133 2.6.25. A parábola do capital a ser administrado (19.11-27)..........................................................................135 2.6.26. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (19.28-44)..........................................................................136 14

2.7. Jesus em Jerusalém (19.45-21.38)...................................137 2.7.1. A purificação do Templo (19.45-46).......................137 2.7.2. Jesus ensina no Templo (19.47-48).........................138 2.7.3. A autoridade de Jesus (20.1-8)................................139 2.7.4. A parábola dos lavradores maus (20.9-18)..............140 2.7.5. Jesus não se deixa enganar (20.19-47) ....................142 2.7.6. A grande oferta de uma viúva pobre (21.1-4).........145 2.7.7. Profecia sobre a destruição de Jerusalém e o fim dos tempos (21.5-38)........................................................147

2.8. Os Últimos Momentos de Jesus e Sua Crucificação (22-23)...................................................................................152 2.8.1. A traição (22.1-6)....................................................152 2.8.2. No último jantar antes da crucificação (22.7-38)....154 2.8.3. Jesus luta em oração no jardim chamado Getsêmani (22.39-46).......................................................159 2.8.4. Jesus é preso (22.47-54a).........................................159 2.8.5. Pedro nega conhecer Jesus (22.54b-62)...................160 2.8.6. Os guardas zombam de Jesus (22.63-65)................161 2.8.7. Jesus perante o Tribunal Judaico (22.66-71)...........161 2.8.8. Jesus perante Pilatos (23.1-5)..................................162 2.8.9. Jesus perante Herodes (23.6-12).............................164 2.8.10. Jesus é sentenciado (23.13-25)..............................164 2.8.11. Jesus é crucificado (23.26-49)................................166 2.8.12. O sepultamento de Jesus (23.50-56).....................171

2.9. A Ressurreição e a Ascensão de Jesus (24)......................172 2.9.1. Algumas mulheres vão ao túmulo e recebem uma visão de anjos (24.1-11).....................................................173 2.9.2. Pedro vai ao túmulo de Jesus (24.12).......................174 15

2.9.3. O encontro de Jesus com discípulos no caminho de Emaús (24.13-35).........................................................174 2.9.4. Jesus aparece aos apóstolos (24.36-43)....................176 2.9.5. O cumprimento das Escrituras (24.44-49).............177 2.9.6. A ascensão de Jesus (24.50-53)...............................177 Referências..................................................................................178 Índice de Nomes e Temas...........................................................181 Índice de Palavras e Expressões Gregas......................................187 Índice de Referências Bíblicas.....................................................191

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Introdução

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eus, pela Sua bondade, tem nos dado a graça de escrever vários livros e, em 2011, lançamos um que levou o subtítulo de “Introdução Fundamental e Auxílios para a Interpretação”. Tratava-se de “O Pentateuco”. Ele foi o primeiro de uma série de cinco que cobriram todos os livros do Antigo Testamento, seguindo a divisão natural em suas cinco partes do Cânon Protestante/Evangélico. A coleção foi muito bem aceita e tem servido como instrumento de ensino, como base para preparação de aulas, e aprendizado particular para estudantes da Bíblia em vários níveis, pois foram escritos de forma simples, mesmo tratando de assuntos profundos ou difíceis.

O Antigo Testamento foi concluído e está à disposição dos interessados, mas falta o Novo Testamento, parte de extrema importância das Escrituras Sagradas. Assim, para cobrir esta lacuna, foi iniciada a produção das obras que tratarão dessa porção da Palavra de Deus. Não seguiremos a ordem bíblica no preparo das obras, mas temos como intenção providenciar material que trate de todos os seus livros. O primeiro já está aqui: “O Evangelho Segundo Lucas: Introdução Fundamental e Auxílios para a Interpretação”. Os demais, pela graça de Deus, também esperamos que venham em breve. Já estamos trabalhando para isso. É sempre bom explicar que este livro, assim como os publicados anteriormente utilizando-se da mesma metodologia aqui utilizada, não é uma obra de introdução propriamente dita, nem um comentário bíblico. Ela é aquilo que o seu sub17

título diz: uma introdução fundamental, que procura prover ao estudante o indispensável para entender o livro bíblico, e auxílios para a interpretação, ou seja, esclarecimentos para porções de textos que apresentem certo grau de dificuldade para a compreensão atual. Sendo assim, naturalmente, muitos textos bíblicos, que podem ser compreendidos com facilidade pelos leitores, não serão comentados em seus detalhes, ou nem serão mencionados, mas serão tratados apenas aqueles que necessitam de explicações.

O livro divide-se em duas partes: uma breve introdução à obra e os auxílios para a interpretação. É um livro mais para se estudar, ou utilizar como base para preparação de estudos, do que para leitura propriamente dita. Desta forma, aquele que o ler, seja em sua íntegra e sequência, seja apenas como base para consulta, fará bem se acompanhar a leitura com uma boa versão bíblica. Na verdade, nossa opinião é que, antes de ler a parte chamada de “Auxílios para a Interpretação”, a leitura da porção deste livro seja antecipada pela leitura bíblica. Ou seja, o leitor lê em sua Bíblia a porção indicada e, na sequência, lê os auxílios apresentados neste livro.

Como originalmente o Novo Testamento foi escrito em grego, é esperado que um livro como este se utilize várias vezes deste idioma para esclarecer determinadas passagens. Assim, muitas palavras e expressões gregas são apresentadas no decorrer da obra. Todas estas palavras e expressões aparecem escritas com os caracteres gregos mesmo, para que o estudante que possui o domínio da leitura do grego bíblico não tenha dificuldades em procurá-las em outras fontes de auxílio para estudos.

Contudo, sempre que aparecer uma palavra grega, ela também estará acompanhada da devida transliteração, a representação de sua pronúncia em nossa língua. Na verdade, em primeiro lugar ela aparece escrita com os caracteres do nosso alfabeto, para não atrapalhar a leitura por parte dos que não conhecem 18

o grego e, na sequência, aparecerá na forma original grega. Ao final do livro encontra-se uma relação das palavras gregas utilizadas nele, para uma consulta rápida e ajuda nas pesquisas.

As transliterações do grego seguem a proposta apresentada em nosso livro “Gramática Instrumental do Grego: do alfabeto à tradução a partir do Novo Testamento”1, e os textos bíblicos que aparecem citados de forma direta, quando não identificada a fonte, foram retirados da versão chamada “Almeida Século 21”2, obras publicadas por Edições Vida Nova.

Desejamos a todos os leitores um ótimo estudo!

1 GUSSO, Antônio Renato. Gramática instrumental do grego: do alfabeto à tradução a partir do Novo Testamento. 1.ed. Revisada. São Paulo: Edições Vida Nova, 2013.

2 BÍBLIA. Português. Almeida Século 21. São Paulo: Edições Vida Nova, 2010.

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1.

Primeira Parte: Introdução Fundamental

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sta primeira parte, aqui chamada de “Introdução Fundamental”, procura abordar alguns temas gerais que ajudarão o leitor a entender melhor o Livro de Lucas como um todo. Nela serão tratadas as questões que envolvem a autoria do livro, as fontes utilizadas para a sua composição, o local e a data da escrita da obra, exemplos de temas teológicos que se espalham pelo Evangelho, quem é Jesus neste escrito específico e, ainda, uma proposta de esboço geral, o qual servirá como base para a apresentação da segunda parte, os auxílios para a interpretação.

1.1. A Autoria do Evangelho Segundo Lucas O Evangelho de Lucas ou, melhor dizendo, segundo Lucas, assim como os demais evangelhos que encontramos no conjunto neotestamentário, é anônimo. Não havia, na época, a preocupação de registrar a autoria. Contudo, desde o século II, ele vem sendo atribuído a Lucas, companheiro de Paulo em suas viagens. Lucas é citado em Colossenses 4.14, onde é chamado de médico amado, em 2 Timóteo 4.11, onde aparece como o único que permanecia ao lado de Paulo naquela ocasião, e em Filemon 2.4, onde, juntamente com Marcos (tam21

O Evangelho segundo Lucas

bém escritor de um dos evangelhos canônicos), Aristarco e Demas, é chamado de cooperador de Paulo.

Não há dúvidas que o autor do Evangelho Segundo Lucas também é o autor do Livro de Atos, o que se percebe claramente comparando as introduções das duas obras (Lucas 1.1-4 e Atos 1.1-2). As ligações são tão fortes que alguns autores, como Ivo Storniolo, por exemplo, chegam a defender que Lucas e Atos são partes de um mesmo escrito, que devem ser lidas em conjunto. Ou seja, Atos seria a continuação de Lucas.3

De acordo com Gundry, Lucas é o único companheiro de viagem de Paulo que pode ter escrito as seções de Atos que envolvem a identificação “nós”, pois todas as outras personagens estão excluídas por serem mencionadas na terceira pessoa ou por não ser possível harmonizar seus movimentos geográficos com estas partes do livro.4 As seções conhecidas como “nós” estão em Atos 16.10-18; 20.5-15; 21.1-18 e 27.1-28.15.

Alguns autores, como é o caso de Gordon Fee e Douglas Stuart, têm tomado como certo que Lucas é um gentio, ou seja, não judeu, neste caso, o único autor gentio que aparece na Bíblia.5 Parece que esta interpretação a respeito dele é inferida de Colossenses 4.10-14, onde Lucas é diferenciado daqueles que são identificados no texto como sendo “os da circuncisão” que estavam com Paulo na ocasião.6 Contudo, isto não está tão claro como eles supõem, em especial os aramaísmos, estilo de 3 STORNIOLO, Ivo. Como ler o Evangelho de Lucas: Os pobres constroem a nova história. 8.ed. São Paulo: Paulus, 2011, p.9-10.

4 GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1981, p.101.

5 FEE, Gordon; STUART, Douglas. Como ler a Bíblia livro por livro: Um guia de estudo panorâmico da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2013, p.338, 342.

6 ASH, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1980, p.9.

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1. Primeira Parte: Introdução Fundamental

escrita que lembra a estrutura do aramaico ou hebraico, que aparecem no texto, parecem ir contra essa hipótese.

1.2. As Fontes Utilizadas no Evangelho Segundo Lucas Uma das fontes de Lucas, com certeza, foi o Evangelho de Marcos. Cerca de 65 por cento do material de Marcos se encontra em Lucas, muitas vezes palavra por palavra. Isso, até certo ponto, parece muito natural, pois Marcos e Lucas foram companheiros no grupo de Paulo. Material que se encontra em Mateus, mas não em Marcos, também foi utilizado em Lucas, porém, ao que parece, tirado de uma fonte comum aos dois e não diretamente de Mateus. Esta possível fonte tem sido chamada no meio daqueles que estudam a questão como Documento Q, resultante da abreviação do termo alemão Quelle, que significa fonte.

Talvez mais importante do que as outras fontes escritas ainda seja a informação de Lucas, na introdução de seu escrito, a respeito da pesquisa que ele mesmo realizou junto às testemunhas oculares dos fatos ocorridos durante o ministério de Jesus. Ele escreveu: 1 Visto que muitos têm empreendido uma narração coordenada dos fatos que se realizaram entre nós, 2 transmitidos pelos que desde o princípio foram suas testemunhas oculares e ministros da palavra, 3 pareceu adequado também a mim, excelentíssimo Teófilo, depois de investigar tudo cuidadosamente desde o começo, escrever-te uma narrativa em ordem, 4 para que tenhas certeza da verdade das coisas em que foste instruído (Lc 1.1-4).

Fica muito claro, nesses versículos iniciais, que Lucas fez uma profunda pesquisa para escrever este Evangelho.

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O Evangelho segundo Lucas

1.3. O Local e a Data de Escrita do Evangelho Segundo Lucas As questões a respeito do local de escrita e da data de Lucas são um pouco mais problemáticas do que a da autoria.

Ivo Storniolo, sem entrar em detalhes a respeito de como se chegou a isso, simplesmente diz que alguns acham que ele era grego e que sua obra foi escrita em Antioquia da Síria, entre os anos 80 e 90.7 Contudo, não se pode esquecer que a data de Lucas está intimamente ligada à data de Atos, que foi escrito depois. Como Atos termina descrevendo a situação de Paulo na prisão, em Roma (At 28.16-31), vivendo e pregando em sua própria casa, supõem-se que a obra foi escrita antes da morte do apóstolo, que deve ter ocorrido, segundo Fritz Rienecker, entre 66 e 67 d.C.8 Parece que a maior objeção a uma data anterior ao ano 70 d.C., por parte de alguns estudiosos da questão, está relacionada à profecia de Jesus a respeito da invasão de Jerusalém e da destruição do Templo, registrada em Lucas 21. Para estes, essa passagem só pode ter sido escrita depois dos acontecimentos. Isto, evidentemente, não leva em conta a capacidade de Jesus ter previsto o ocorrido. Mas, se Lucas desejasse forjar esta profecia, escrevendo algo já acontecido como previsão do que aconteceria, não teria ele também registrado o seu cumprimento? Parece que a resposta óbvia seria sim.

Wilson Franklim escrevendo a respeito do local destaca que o mais sensato é dizer que foi fora da Palestina. Ele destaca que no prólogo da obra Contra Marcion existe uma afir-

7 STORNIOLO, Ivo. Como ler o Evangelho de Lucas: Os pobres constroem a nova história. 8.ed. São Paulo: Paulus, 2011, p.10.

8 RIENECKER, Fritz. Evangelho de Lucas: Comentário Esperança. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2005, p.12.

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1. Primeira Parte: Introdução Fundamental

mação a respeito da Acaia como local da escrita. Mas também poderia ter sido em Roma, conforme a tradição.9 Ou seja, não se tem certeza do local da escrita.

1.4. Alguns Destaques Teológicos do Evangelho Segundo Lucas Como se percebe em uma leitura atenta, o escritor de Lucas e Atos mostra que não é apenas um ótimo historiador, mas que também escreve como teólogo. Ou seja, além de procurar apresentar os fatos de forma precisa, ele também procura passar ensinos teológicos e religiosos a seus leitores. Assim, surgem na obra alguns temas teológicos que se espalham por todo o escrito. Na opinião de Morris, os seguintes temas teológicos aparecem na obra de Lucas: 1) A história da salvação; 2) A universalidade da salvação; 3) A escatologia; 4) O catolicismo primitivo; 5) O plano de Deus; 6) Os indivíduos; 7) A importância das mulheres; 8) A atenção com as crianças; 9) O cuidado para com os pobres; 10) O interesse em relação aos de má fama; 11) A Paixão de Cristo; 12) O Espírito Santo; 13) A ênfase na oração; e 14) O registro do louvor.10 Com certeza todos esses temas citados acima são importantes e devem ser observados com atenção por parte do leitor que deseja entender a obra.

9 FRANKLING, Wilson. O Evangelho de Lucas: A vida de Jesus. Rio de Janeiro: JUERP, 2007, p.19.

10 MORRIS, Leon L. Lucas: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1983, p.33-46.

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O Evangelho segundo Lucas

1.5. Quem é Jesus no Evangelho Segundo Lucas O autor deste Evangelho destaca, em especial entre os capítulos 4-9, uma revelação sistemática a respeito de quem é Jesus. Em 3.22, logo após ao batismo de Jesus, já havia aparecido a declaração divina a respeito de quem havia sido batizado, onde está registrada a manifestação de Deus, como uma voz vinda do céu e afirmando: “Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado”. Contudo, na continuação se percebe que essa revelação foi ficando clara aos poucos. O autor mostra o povo como que desconfiando de que se tratava de alguém fora dos padrões, mas sem saber exatamente de quem se tratava.

Em 4.22, depois de Jesus ter pregado na sinagoga de Nazaré, admirados, os Seus ouvintes perguntavam: “Este não é o filho de José?”. Estavam como que dizendo: “De onde vem a este nosso conterrâneo esta sabedoria?”.

Um pouco mais adiante, ainda no capítulo 4, Lucas apresenta Jesus ensinando em um sábado na cidade de Cafarnaum.

Os ouvintes se admiravam com a autoridade que Ele ensinava (4.22) e, como naquela ocasião Jesus expulsou um demônio que estava em um dos presentes, a admiração do povo se transformou em temor, pois perceberam que Jesus era diferente deles. Assim, perguntavam e diziam: “Que palavra é esta? Ele ordena com autoridade e poder aos espíritos impuros, e eles saem” (4.36).

Seguindo um pouco mais em seu escrito, Lucas apresenta os próprios discípulos inicialmente confusos diante de quem seria Jesus. No relato da chamada “pesca maravilhosa” (Lucas 5.1-11), ele mostra, principalmente, Pedro cheio de temor ao perceber que Jesus não era como ele. Em 5.8 está escrito: “Ao ver isso, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”. O 26

1. Primeira Parte: Introdução Fundamental

experiente pescador havia percebido que o ocorrido era algo sobrenatural. Foi tranquilizado por Jesus e chamado por Ele para ser Seu seguidor. Jesus lhe disse: “...Não temas; de agora em diante serás pescador de homens”.

Em Lucas 5.20, antes de curar um paralítico, o autor apresenta Jesus perdoando os pecados do paralítico, o que causou dúvidas entre os escribas e fariseus que pensavam: “...Quem é este que profere blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?” (Lucas 5.21). O autor não afirma que Jesus seja Deus, mas partindo desta pergunta e seguindo com o relato, no qual Jesus, para mostrar que tem autoridade para perdoar pecados, cura o paralítico diante de todos, revela a Sua divindade, o que encheu a todos de temor (vs.22-26). Mais adiante, em 7.49, Jesus é mostrado outra vez perdoando pecados, contudo sem apresentar mais nenhum sinal externo deste poder.

Também no capítulo 7, Lucas mostra o próprio João Batista com certa dúvida, afinal Jesus era ou não o Messias. Ao mesmo tempo em que Jesus parecia ser um homem como outro qualquer, Ele ia revelando o Seu poder e a Sua natureza divina.

João Batista enviou emissários até Jesus, perguntando: “...Tu és aquele que deveria vir, ou devemos esperar outro?” (Lucas 7.19). Jesus respondeu com uma impressionante demonstração de autoridade e poder, realizando diversas curas e prodígios, como registrado em Lucas 7.20-23, que diz: 20 Quando os homens chegaram para falar com Jesus, disseram: João Batista enviou-nos para perguntar: Tu és aquele que deveria vir, ou devemos esperar outro?

21 Naquela mesma hora, Jesus curou muita gente de doenças, de enfermidades e de espíritos malignos; e deu visão a muitos cegos.

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O Evangelho segundo Lucas

22 Então lhes respondeu: Ide e contai a João o que tendes visto e ouvido: cegos veem, paralíticos andam, leprosos são purificados e surdos ouvem; mortos são ressuscitados, e o evangelho é anunciado aos pobres.

23 Bem-aventurado quem não se escandalizar por minha causa.

Seguindo um pouco mais, em Lucas 8.22-25, está registrado o milagre que Jesus fez ao acalmar uma tempestade.

Diante da maravilha os discípulos admirados e assustados “... diziam uns aos outros: Quem é este, que dá ordens até aos ventos e à água, e eles lhe obedecem?” (8.25).

Já no capítulo 9, Lucas mostra que a fama e a confusão causada na mente das pessoas a respeito de quem Jesus era havia chegado até o palácio. Herodes, ouvindo a respeito dos feitos dos discípulos de Jesus (9.6), perplexo com o que estava ocorrendo e com o que ouvia a respeito de Jesus, pois o povo em geral percebia que Ele não era simplesmente deste mundo, ligando-o a algum personagem do passado, como João Batista, que já havia sido morto, Elias ou outro dos profetas (9.7-8), também formula uma pergunta: “...quem é este sobre quem ouço essas coisas? E procurava vê-lo” (9.9).

Como já foi visto, Lucas apresenta Deus mesmo chamando Jesus de Seu filho em 3.22. Nos capítulos 4 e 8, o autor mostra que demônios, ao contrário dos humanos, sabiam muito bem quem era Jesus. Veja o que um diz em Lucas 4.34: “...Sei quem tu és: o Santo de Deus”, e outro em Lucas 8.28: “...Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Imploro-te que não me atormentes”. Também aos discípulos isso foi revelado, como se percebe nas perguntas que Jesus fez a eles em Lucas 9.18-22 e, principalmente na resposta de Pedro ao responder pelo grupo quem pensavam que Jesus era: “...O Cristo de 28

1. Primeira Parte: Introdução Fundamental

Deus” (Lucas 9.20). Mas, o auge da revelação registrada por Lucas a esse respeito está na narrativa a respeito da transfiguração, onde está escrito: “E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi” (9.35).

Depois deste episódio o autor não destaca mais as dúvidas e a confusão que o povo tinha a respeito de quem era Jesus, parece que se deu por satisfeito. Estava bem demonstrado que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, agora o importante era apresentar, entre mais alguns de seus milagres, principalmente o Seu ensino, pois a Ele é necessário ouvir.

1.6. O Esboço Geral do Evangelho Segundo Lucas Aproveitamos aqui o esboço geral do Evangelho Segundo Lucas preparado por Leon L. Morris, mas com algumas adaptações.11 Ele é base de parte do sumário deste livro e, também, servirá como roteiro para a segunda parte que tratará dos auxílios para a interpretação. Ele é bem detalhado e dá uma boa visão do conteúdo da obra. Vale a pena ser lido com atenção.

Fica assim: 1. INTRODUÇÃO

1.1-4

2. AS NARRATIVAS DA ÉPOCA DA INFÂNCIA DE JESUS 1.5-2.52 2.1. Predito o nascimento de João Batista 1.5-25 2.2. Predito o nascimento de Jesus 1.26-38 2.3. Maria visita Isabel 1.39-45 2.4. O Cântico de Maria 1.46-56 2.5. O nascimento de João Batista e sua nomeação 1.57-66 2.6. O Cântico de Zacarias 1.67-80 2.7. O nascimento de Jesus 2.1-7 11 MORRIS, Leon L. Lucas: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1983, p.60-62.

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O Evangelho segundo Lucas

2.8. Os anjos e os pastores 2.9. O menino Jesus 2.10. O menino Jesus no Templo 3. O MINISTÉRIO DE JOÃO BATISTA 3.1. A pregação de João Batista 3.2. João Batista afirma que não é o Cristo 3.3. João Batista adverte a todos 3.4. João Batista batiza Jesus 4. O COMEÇO DO MINISTÉRIO DE JESUS 4.1. A genealogia de Jesus 4.2. As tentações de Jesus

2.8-20 2.21-40 2.41-52 3.1-22 3.1-14 3.15-17 3.18-20 3.21-22 3.21-4.13 3.21-38 4.1-13

5. JESUS NA GALILEIA 4.14-9.62 5.1. Jesus é rejeitado em Nazaré 4.14-30 5.2. Jesus curando 4.31-41 5.3. Um circuito de pregação 4.42-44 5.4. Os milagres de Jesus 5.1-26 5.5. O chamado de Levi 5.27-32 5.6. A religião de Jesus é diferente 5.33-39 5.7. O emprego certo do sábado 6.1-11 5.8. A escolha dos doze 6.12-16 5.9. O sermão na planície 6.17-49 5.10. A cura do escravo de um centurião 7.1-10 5.11. Jesus ressuscita o filho de uma viúva moradora em Naim 7.11-17 5.12. As perguntas de João Batista 7.18-23 5.13. Jesus dá testemunho de João Batista 7.24-35 5.14. Jesus perdoa os pecados da mulher que ungiu os pés dEle 7.36-50 5.15. As mulheres que serviam a Jesus 8.1-3 5.16. Como ouvir a Palavra 8.4-21 5.16.1. Formas de ouvir (A parábola do semeador) 8.4-15 5.16.2. A avaliação de como ouvir (A parábola da candeia) 8.16-18 30

1. Primeira Parte: Introdução Fundamental

5.16.3. Ouvir e obedecer (A família de Jesus) 5.17. Jesus acalma uma tempestade 5.18. O endemoninhado geraseno 5.19. A cura de uma enferma e a ressurreição da filha de Jairo 5.20. O poder e a autoridade de Jesus 5.20.1. Poder e autoridade (Uma missão dos doze) 5.20.2. Poder e autoridade (Herodes perplexo) 5.20.3. Poder e autoridade (A multiplicação de pães) 5.21. Pelo que o Cristo teria que passar 5.22. O discipulado 5.23. A transfiguração 5.24. Jesus e os discípulos

8.19-21 8.22-25 8.26-39 8.40-56 9.1-17 9.1-6 9.7-9 9.10-17 9.18-22 9.23-27 9.28-36 9.37-62

6. DA GALILEIA PARA JERUSALÉM 10.1-19.44 6.1. A missão dos setenta (Ou setenta e dois) 10.1-24 6.2. A parábola do samaritano 10.25-37 6.3. Marta e Maria 10.38-42 6.4. A oração 11.1-13 6.5. O Reino de Deus já chegou 11.14-36 6.6. Jesus ensina o povo 11.37-12.59 6.7. O arrependimento 13.1-9 6.8. A cura da mulher encurvada e o reino de Deus 13.10-21 6.9. A porta estreita para o reino de Deus 13.22-30 6.10. Os profetas perecem em Jerusalém 13.31-35 6.11. Jesus come na casa de um fariseu 14.1-24 6.12. O discipulado 14.25-35 6.13. Três parábolas dos perdidos 15.1-32 6.14. A parábola do administrador desonesto 16.1-15 6.15. A parábola do rico e Lázaro 16.14-31 6.16. Ensinos acerca do perdão 17.1-10 6.17. A cura de dez leprosos 17.11-19 6.18. A vinda do reino de Deus e a Volta de Cristo 17.20-37 6.19. Duas parábolas envolvendo oração 18.1-14 6.20. Jesus e as crianças 18.15-17 31

O Evangelho segundo Lucas

6.21. Um rico pergunta sobre vida eterna 6.22. Jesus prediz Sua morte e ressurreição 6.23. A cura de um cego em Jericó 6.24. O encontro de Jesus com Zaqueu 6.25. A parábola do capital a ser administrado 6.26. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém

18.18-30 18.31-34 18.35-43 19.1-10 19.11-27 19.28-44

7. JESUS EM JERUSALÉM 19.45-21.38 7.1. A purificação do Templo 19.45-46 7.2. Jesus ensina no Templo 19.47-48 7.3. A autoridade de Jesus 20.1-8 7.4. A parábola dos lavradores maus 20.9-18 7.5. Jesus não se deixa enganar 20.19-47 7.6. A grande oferta de uma viúva pobre 21.1-4 7.7. Profecia sobre a destruição de Jerusalém e o fim dos tempos 21.5-38 8. OS ÚLTIMOS MOMENTOS DE JESUS E SUA CRUCIFICAÇÃO 22-23 8.1. A traição 22.1-6 8.2. No último jantar antes da crucificação 22.7-38 8.3. Jesus luta em oração no jardim chamado Getsêmani 22.39-46 8.4. Jesus é preso 22.47-54a 8.5. Pedro nega conhecer Jesus 22.54b-62 8.6. Os guardas zombam de Jesus 22.63-65 8.7. Jesus perante o Tribunal Judaico 22.66-71 8.8. Jesus perante Pilatos 23.1-5 8.9. Jesus perante Herodes 23.6-12 8.10. Jesus é sentenciado 23.13-25 8.11. Jesus é crucificado 23.26-49 8.12. O sepultamento de Jesus 23.50-56 9. A RESSURREIÇÃO E A ASCENSÃO DE JESUS 9.1. Algumas mulheres vão ao túmulo e recebem uma visão de anjos 24.1-11 32

1. Primeira Parte: Introdução Fundamental

9.2. Pedro vai ao túmulo de Jesus 9.3. O encontro de Jesus com discípulos no caminho de Emaús 9.4. Jesus aparece aos apóstolos 9.5. O cumprimento das Escrituras 9.6. A ascensão de Jesus

24.12 24.13-35 24.36-43 24.44-49 24.50-53

Com este esboço do Evangelho de Lucas, encerramos a primeira parte desta apresentação, a denominada de “Introdução Fundamental”. A intenção foi apresentar, de forma geral, os temas que ajudarão o leitor a entender melhor a obra.

Agora, na sequência, passaremos para a segunda parte, com os auxílios para a interpretação, seguindo a ordem do esboço que aqui foi apresentado.

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Continua...

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