FOI POR AMOR | Otávio Couto

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Copyright©2020 por Otavio Couto Todos os direitos reservados por: A. D. Santos Editora Al. Júlia da Costa, 215 80410-070 – Curitiba – Paraná – Brasil +55(41)3207-8585 www.adsantos.com.br editora@adsantos.com.br

Editor-geral: André Portes Santos Coordenação Editorial: Jennyfer Calado Barcelos Diagramação: Manoel Menezes Impressão: Gráfica Optagraf

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) COUTO, Otavio

Foi por amor – um panorama teológico, histórico e científico das doze últimas horas da vida de Jesus, sua ressurreição e ascensão / Curitiba: A.D. SANTOS EDITORA, 2020. 168 p.

ISBN – 978.85.7459-538-2

1. 1. Vida Cristã 2. Cristologia 3.História da Igreja 1ª Edição: Novembro / 2020 Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:

CDD – 242

Dedicatória

A Jesus, por ter suportado a cruz, por amor. À minha esposa Roberta Couto, que foi, e é incansável em me ajudar em nosso ministério Luz Nas Trevas, sem ela, não estaria apresentando mais essa obra, para a Glória de Deus. À AD Santos Editora, por ter me acolhido como filho e ter deixado Deus abençoar minha vida através de sua porta editorial. À Trindade Santa, seja dada a Honra, a Glória e o Louvor.

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“O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13.7)

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Agradecimentos

A Deus Pai, Filho e Espírito Santo, pela Graça, pela vida e pela promessa de Isaías 41.10;13 e I Samuel 7.12b em minha vida e de minha família. À minha esposa amada e abençoada, mulher virtuosa, mulher valorosa, que tanto amo, e glorifico a Deus pela misericórdia de ter a onze anos me abençoado com esse matrimônio. Às minhas duas heranças, Maria Eduarda Couto e Rayssa Couto, que são o amor de Deus refletindo em minha vida, dia pós dia.

Ao meu pai e minha mãe, Otavio e Telma. Glórias a Deus pela vida deles!

Ao Pastor Adelson Santos, homem de Deus, valoroso na obra de Jesus, por ter aceitado com muito amor e carinho fazer o prefácio desse livro. Uma referência a está geração.

Ao meu nobre diretor e amigo, André Santos, por sempre, com muita cordialidade e confiança abrir as portas dessa tão renomada e qualificada Editora, que é a AD Santos, para apreciação dos projetos de meus livros, sinto-me em casa. À família AD Santos, profissionais honrados e dedicados a obra de Jesus, que são também minha família.

Ao meu Pastor querido, Cesar Barros, Presidente da Assembléia de Deus Serra dos Carajás-Pá, por seu pastoreio, apoio, amizade, carinho e amor em Cristo que sempre teve comigo.

Aos meus leitores. Aos meus alunos. Aos meus clientes.

Ao povo de Deus.

Meu muito Obrigado!

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“Fixando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual, pelo gozo que lhe está proposto, suportou a cruz, desprezando a ignominia, e está assentado à direita do Trono de Deus”.

(Hebreus 12.2)

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Prefácio

Quando indagado por um especialista da Lei sobre qual seria o mais importante mandamento, o Mestre Jesus foi enfático respondendo não somente sobre o mais importante, como também o segundo mais importante, dizendo: “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua mente.

Este é o primeiro e maior mandamento.

O segundo é igualmente importante: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’.” (Mateus 22.37-39) E continuou afirmando que TODA a Lei e TODAS as exigências dos profetas se baseiam nesses dois mandamentos.

Por amor, Jesus embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que devesse se apegar. Mas assumiu a posição de escravo e nasceu como ser humano. Humilhou-se e foi obediente até a morte.

O amor é a base do cristianismo. O apostolo João, no Novo Testamento, diz claramente que Deus é amor (1 João 4.8).

Neste livro, o pastor Otávio Couto descreve os últimos dias de Jesus na terra e com detalhes explica os diversos simbolismos atrelados à crucificação do nosso Senhor. Você entenderá, por exemplo, sobre a lei Mishná. E poderá se aprofundar no conhecimento do “azorrague”, arma com a qual Jesus foi açoitado.

Aconselho-te a não somente ler, mas a estudar cada capítulo com olhar atento, pois ao final desta obra poderá compreender de manei•

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ra detalhada que todo o plano de redenção, todo ensinamento e todo sofrimento de Cristo não tiveram outra motivação, se não o mais puro e mais sublime amor.

Pr. Adelson Damasceno Santos

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Sumário

Dedicatória...........................................................................................3 Agradecimentos...................................................................................5 Prefácio.................................................................................................7 Introdução..........................................................................................13 O GETSÊMANI: UM PANORAMA SEGUNDO OS EVANGELHOS.................................................................................17 O SUOR DE SANGUE: ENTRE A AGONIA E O AMOR...........25 O BEIJO DA TRAIÇÃO.................................................................28 ENTREGUE AOS OFICIAIS.......................................................34 AS DOZE LEGIÕES DE ANJOS................................................37 PERANTE ANÁS: 1ª AUDIÊNCIA JUDAICA.............................39 PERANTE O SINÉDRIO: 2ª AUDIÊNCIA JUDAICA................41 LEI MISHNÁ..................................................................................47 A SENTENÇA DO SINÉDRIO....................................................50 PEDRO, ENTRE O AMOR, O MEDO E O DESCONTROLE, NEGOU A JESUS..........................................52 PERANTE PILATOS: 1ª AUDIÊNCIA ROMANA......................56 •

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NA PRESENÇA DE HERODES: 1ª AUDIÊNCIA NO GORVERNO DA GALILEIA...........................................................64 PERANTE PILATOS: 2ª AUDIÊNCIA ROMANA. 1º SENTENÇA, SOLTEM BARRABÁS...........................................66 2º E 3ª SENTENÇAS ROMANA: DO FLAGELO A CRUCIFICAÇÃO..............................................................................70 AZORRAGUE.................................................................................72 A LEI MOSAICA SOBRE O AÇOITE........................................74 COMO FICOU O CORPO DE JESUS APÓS O AÇOITAMENTO?..........................................................................75 OS TOUROS DE BASÃ.................................................................81 LEÃO DEVORADOR....................................................................82 OS CÃES RAIVOSOS....................................................................83 A COROA DE ESPINHOS...........................................................84 O MANTO ESCARLATE.............................................................86 A EXIBIÇÃO TEATRAL DE PILATOS.....................................87 A CRUCIFICAÇÃO. A CAMINHADA PENOSA ATÉ O GÓLGOTA.........................................................................................89 SIMÃO CIRINEU...........................................................................95 O GÓLGOTA..................................................................................97 OS PREGOS....................................................................................99 A BEBIDA AMARGA..................................................................104 •

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UM PANORAMA DAS PALAVRAS DA CRUCIFICAÇÃO.........................................................................106 LANÇANDO SORTE SOBRE AS SUAS VESTES.................109 A HORA DE TREVAS.................................................................110 O RESGATE DO CORPO..........................................................113 A LANÇA.......................................................................................117 O VÉU DO TEMPLO..................................................................120 O TREMOR DE TERRA E A RESSURREIÇÃO DE INÚMEROS MORTOS...............................................................122 ENTRE OS ESPÍRITOS APRISIONADOS.............................127 O CORDEIRO DE DEUS: UMA TIPOLOGIA DA LIBERTAÇÃO DE ISRAEL...........................................................129 A RESSUREIÇÃO DE JESUS: O MOMENTO GLORIOSO.....................................................................................136 O REI VOLTA AO SEU TRONO...............................................144 ANEXO 1........................................................................................147 ANEXO 2........................................................................................155 Bibliografia.......................................................................................159

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Introdução

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o princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus, e o verbo era Deus ( Jo 1.1). O termo verbo é uma qualificação de extraordinária beleza e profundidade, que indica Jesus Cristo como a Palavra interior e substancial de Deus Pai. João nos faz uma montagem acerca da eternidade passada e não meramente ao primeiro instante da criação, pois há uma alusão óbvia nos trechos de (Gênesis 1.1) com ( João 1.1). João nos mostra que o Verbo de Deus já era a mensagem de Deus antes da Criação.

Qual o conceito mais importante que encontramos no relato da criação? Não é a descriminação no processo de criar, nem a dos detalhes acerca do homem, por mais interessantes que sejam. Tal conceito é: Há um Deus, e por Ele foram feitas todas as coisas. A expressão no princípio Deus, é a respostas aos erros do politeísmo, do materialismo, do panteísmo e do dualismo. Além do universo, há um ser eterno que é superior à sua Criação.

Um Deus que estava em seu alto e sublime Trono, vestido de Majestade e de Glórias, sentado à Destra do Pai Todo Poderoso, triunfando na eternidade cercado por numerosos anjos, que entoam em melodiosos cânticos: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos!

Jesus olhou do céu de glória e majestade onde estava e avistou o ser humano na terra, no mesmo instante, observou a eternidade futura, viu as desgraças que a criação enfrentaria, vivendo a morte eterna, o domínio absoluto do pecado, a separação total do criador, as mazelas do inferno e prisões de Satanás dominando toda a humanidade

Contemplou dentro do ser humano, na alma, não viu força, apenas fragilidade em meio às guerras espirituais, pessoais e mundanas, •

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viu apenas temor, dor e humilhação. Seres humanos sendo fantoches de Satanás.

Jesus teve intima compaixão desse mundo, dos seus habitantes, pois sabia que o pecado cobraria um valor muito alto do homem, e o ser humano jamais poderia pagar por sua liberdade, que foi tomada pela serpente no jardim do Éden. Ora, o salário do pecado é a morte (Rm 6.23), isso significa que após o pecado inicial todo o homem morreria, e mesmo estando vivo, seu espírito estaria morto, pois estaria definitivamente afastado de Deus, que o criou. Portanto, Deus em resposta, por meio do amor da vida e obra de seu Filho Jesus, o Messias, promete vitória contra o inimigo, para os que creem (Gn 3.15).

Então, Ele se levantou de seu Trono Poderoso, e nesse momento seus numerosos anjos se ajoelharam em Adoração, e rogou ao Pai que Lhe enviasse a este mundo.

Dentro do projeto de Deus, Jesus sabia que iria nascer em uma família humilde, e que como homem, teria pais judeus, tementes a Jeová. Ele cresceria em estatura e graça, buscaria o conhecimento, e aos 30 anos, apresentaria sua missão ao mundo, a missão da Salvação.

Sabia também que o apogeu de seu ministério seria o momento de pagar a dívida que o homem adquiriu pecando, sim, Ele sabia que passaria pela morte, sabia que para a sua morte ter o valor da expiação dos pecados de toda a humanidade Ele precisaria viver uma vida sem pecados, mesmo sendo homem, e sofrendo as mais implacáveis tentações do maligno.

A caminhada de Jesus foi cercada de opositores, os religiosos do sinédrio, os incrédulos e os oportunistas, cruzaram o seu caminho. Ele viveu em uma Jerusalém corrompida, e nada disso foi escondido Dele quando, por amor, Jesus escolheu suportar em um jardim a agonia, o medo, pavor, ser traído e entregue, por trinta moedas de prata à morte de cruz, para nos salvar.

O julgamento que condenou Jesus Cristo estava, simplesmente, fora dos contextos de honestidades, passou por cima de toda a lei esta•

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belecida no sinédrio, testemunharam mentiras sobre Ele, e fizeram as piores arbitrariedades para condená-lo.

Jesus sabia que encararia a Roma de César, na pessoa de Pilatos, o qual era governador. Jesus veria seu próprio povo lhe entregar para ser julgado e moído no açoite do flagelo, e sentenciado a uma das mais horrendas mortes, a morte de cruz. Jesus veria seu povo gritar desvairadamente para que soltassem um assassino, e que o colocassem em seu lugar.

Jesus tinha o conhecimento de que iria carregar a cruz até o Calvário, passaria pelas três horas de agonia, e tudo isso sofrendo como qualquer ser humano sofreria, não teria facilidades por ser o Filho amado de Deus, mas também sabia que triunfaria sobre o sistema judaico, sobre o sistema romano e sobre os homens, seu triunfo derrubaria Satanás e seus asseclas, e arrancaria da morte o domínio sobre os homens. Aleluias, Hosanas nas alturas!

Disse Deus, setecentos anos antes de enviar seu Filho, por intermédio do profeta Isaias dizendo: “Por tanto o Senhor mesmo vos dará um sinal; eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será seu nome Emanuel. Porque Ele, Jesus, salvará o seu povo dos seus pecados.

Portanto, Ele se fez carne e habitou entre nós, cheio de Graça e de Verdade; e vimos a sua Glória, como a Glória do unigênito do Pai”. (Is 7.14; Mt 7.21-22; Jo 1-14) “E Deus amou o mundo de tal maneira, que enviou seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crer, não pereça, mais tenha a vida eterna” ( Jo 3.16).

Cristo, o filho do Deus vivo, escolheu sofrer por todos nós, Ele poderia a qualquer momento desistir de morrer na cruz e deixar que o preço do pecado continuasse precisando ser pago por cada homem individualmente, mas seu amor por nós é tão grande que Ele se entregou na cruz, pagando toda a dívida que tínhamos, fazendo-nos livres pelo seu Sangue, e nos dando a chance de aceitar, ou não, o sacrifício que Ele fez. Aos que aceitam e o reconhecem como único Senhor e •

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Salvador de suas vidas, Jesus dá o direito de serem chamados Filhos de Deus, e vida em abundância.

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O GETSÊMANI: UM PANORAMA SEGUNDO OS EVANGELHOS. “Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam. Abriram contra mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge. Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera e derreteu-se dentro de mim. A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar; e me puseste no pó da morte. Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou; traspassaram-me as mãos e os pés. Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam. Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica.” (Sl 22.12-18).

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rataremos sobre um pequeno bosque situado na vertente do monte das Oliveiras, de frente para Jerusalém, próximo a estrada a caminho de Betânia. Uma pequena área coberta e fechada com uma mureta de pedras secas, situada também na estrada de Betfagé. Esse jardim ficava do lado ocidental do ribeiro de Cédron, defronte do monte Moriá.

Gr. Gethsemanei, do aramaico, gath shemadni, “lugar de azeite”, o que se refere a produção local de óleo de oliva, era um lugar onde as •

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azeitonas eram esmigalhadas, para que sua substância valiosa pudesse ser obtida. Passou a ser considerado um lugar sagrado, por ser associado à vida de Jesus. ( Jesus, em seu sofrimento, também foi esmigalhado, a fim de que pudéssemos tirar benefícios de sua vida e de sua morte).

Neste lugar Jesus ia frequentemente com seus discípulos para buscar o Pai em oração, esse Jardim era um lugar seu e deles. Todas as etapas da caminhada de Jesus do Getsêmani ao Calvário foram profetizadas séculos antes de Jesus vir ao mundo (Sl 22; Is 53).

A palavra discípulo, significa aluno, aprendiz. A palavra grega adequada é mathetés, que traz a definição aprender. O termo hebraico Talmidin que vem de talmad, também traz o significado de aprender, como podemos observar em (1 Cr 25.8). No Novo Testamento, entre os Evangelhos e Atos, a palavra discípulo ocorre mais de duzentas e cinquenta vezes.

O apóstolo João nos fornece em seu Evangelho uma descrição única deste lugar, como o propósito de João era apresentar Jesus como o Messias, Filho de Deus, ele forneceu evidências neste sentido através de todo o seu relato acerca da Paixão de Cristo. A palavra Messias vem do termo hebraico mashlah que traz o significado ungido e vem de uma raiz hebraica que significa untar. A Septuaginta traduz essa palavra pelo vocábulo grego christós, ungido, essa palavra grega teve um processo de mapeamento de um sistema de escrita em outro, ou seja, foi transliterada para o português, como Cristo.

No seu Evangelho observamos que o monte das Oliveiras ficava separado de Jerusalém por um estreito vale, e era exatamente pelo meio desse vale que corria o ribeiro de Cédron, que ficava seco durante a maior parte do ano, mas se transformava em uma corrente durante as estações chuvosas. O significado de Cédron vem, provavelmente, de um vocábulo hebraico que significa escuro, melancólico, turvo. É interessante observar o fator histórico. Davi, ao ser traído por Aitofel, elemento de sua guarda pessoal, partiu pela mesma rota, atra•

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vés do Cédron, em sua fuga do rebelde Absalão, conforme lemos no registro bíblico de 2 Sm 15.23.

Aqui se dará início à grande e determinante batalha, é chegado o tempo da provação final. O Getsêmani, o encontro entre a agonia e Jesus.

Estamos no dia 14 do mês de Nisã de 33 d.C, primeiro mês do calendário hebreu, manhã do início da festividade da Páscoa, que começava com a lua nova de março e terminava com a lua nova de abril. Durante oito dias inteiros, até a tarde do dia 22. Sorko, diz que a Bíblia menciona “Nisã como o primeiro mês pelo significado do início da vida de Israel como povo livre”. Agora, entre as ramagens soturnas das Oliveiras, sob o manto da noite trevosa, Jesus e seus discípulos ficaram acordados até tarde, pois era costume fazer isso na Páscoa, ficaram conversando sobre a redenção de Deus. Isso se deu até o momento que Jesus chamou Pedro, Tiago e João para ter um particular, um íntimo, deixando os oitos a uma certa distância.

Jesus amava todos os seus discípulos, entretanto, naquele momento, falou respirando profundamente o que realmente estava sentindo, apenas para aqueles três, dizendo: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte, fiquem aqui vigiando comigo”. Era por volta de vinte e duas horas de uma noite diferente, sombria, ameaçadora. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres. E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. E, indo à segunda vez, orou, dizendo: Pai Meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade. E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam pesados. E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. (Mt 26.44).

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A definição feita por Jesus da sua própria aflição usa a linguagem do Antigo Testamento (Sl 42.5), que diz “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus.

O Salmista estava dialogando com ele mesmo, exortando sua alma a encontrar descanso e esperança na presença de Deus. No hebraico do Antigo Testamento, a palavra traduzida como “alma” é nephesh, referese ao “eu” ou ao “ser vivente”. Jesus, estava agoniado, aflito, expressando simultaneamente o desejo que a provação termine, pois Ele, como Deus, sabia o que lhe esperava. O Salmos 42, é um longo lamento da criatura persuadida que foi abandonada. Fillion destaca que muitos de seus discípulos logo se apartariam decididamente Dele, e já não andariam mais em sua presença, abandonando-O, no momento que Ele mais precisava.

Lopes, traz Fritz Rienecker, o qual faz menção a Granfiehfuld: A expressão, agonia de Jesus, denota que Ele estava dominado por um horror que o fazia tremer diante da terrível perspectiva à sua frente.

Ninguém jamais passou pelo que Jesus experimentou no Getsêmani, Ele estava aflito, com dor na alma, o gosto da tristeza era um fel naquele momento entre as Oliveiras, o sofrimento, a apreensão, são sentimentos que Ele nunca havia sentido antes. Foi no Getsêmani, que Jesus, o bendito Filho de Deus rendeu-se incondicionalmente à vontade do Pai.

Segundo Champlin, (profundamente triste até a morte...) esta expressão “até a morte” era uma idiomática comum com o sentido de “no mais extremo grau”. Estava a ponto de morre por causa da tristeza; sua alma estava partida, seu espírito quebrantado, sua mente agitada no mais alto grau”.

Cristo orou para que Deus pudesse aceitar sua morte como pagamento total pelos pecados dos pecadores. A evidência de que Deus respondeu à oração de Jesus é vista, no fato de que Cristo ressuscitou dos mortos no terceiro dia e recebeu um corpo glorificado.

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Neste momento de oração, Jesus clama dizendo: Aba; Aba é a palavra aramaica para “papai”, um termo de grande intimidade e afeição respeitosa, é um modo familiar de se dirigir ao seu Pai. É o equivalente de Pai ou Paizinho. Lopes, cita Joaquim Jeremias, que diz que “Jesus falava a Deus confiantemente e com firmeza, e ainda, ao mesmo tempo, reverente e obedientemente.

O artigo sobre “Aba” no Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário teológico do Novo Testamento), de Gerhard Kittel, diz “No que se refere à utilização por Jesus, a probabilidade é que Ele tenha usado a palavra “Aba” não apenas onde isso fica expressamente revelado, mas em todos os casos, em que se dirigia a Deus, mesmo onde os evangelistas registram os vocábulos patêr, patêr (Pai) patêr mou, patêr mou (meu Pai)”.

É interessante mencionar que os judeus que viviam no império Romano conviviam com três ou quatro idiomas básicos: grego, latim, aramaico e hebraico, e os documentos do Novo Testamento foram escritos no grego Koiné, que era a linguagem popular falada na época de Cristo, ao contrário do Antigo Testamento, que foi constituído fundamentalmente pela escrita em hebraico, e teve sua tradução para o grego entre os séculos III e I a.C., após isso tornaram-se conhecidos como a versão da Septuaginta, variante usada pela igreja primitiva enquanto ela se ampliava para o mundo não judaico.

Entre as orações e a agonia, houve uma ordenança de Jesus aos discípulos, Ele disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41). Lopes, cita Robertson que diz: “Aqui, trata-se de uma tentação real, e não apenas de uma provação. Jesus conhecia o poder da tentação e a necessidade da oração”. Os discípulos deveriam “vigiar” isso é, manter vigilância. Jesus fez um apelo carinhoso aos discípulos, que em sua fraqueza lhe desobedeceram em um momento crítico. Carson acrescenta que essa vigilância tem conotação tanto no âmbito espiritual quanto na interseção.

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A ternura desse pedido é comovente. Já que os espíritos dispostos ainda estão ligados a carne não resgatada. Os três discípulos permaneceram indiferentes, não só em relação as necessidades de Cristo naquele momento, mas também à sua própria necessidade de força e vigilância. Os discípulos precisavam aprender que a vitória espiritual pertence àqueles que permanecem atentos em oração.

Devido ao uso comum da palavra religiosa por partes dos judeus, Jesus estaria dizendo: Para que não caiam vítimas da tentação que vocês estão na iminência de enfrentar. Entretanto, era nítido o cansaço e o estresse de todos, devido ao horário, mas era altamente necessário que tivessem cumprido tal ordem do Mestre.

Lopes, cita Warren Wiersbe que diz: “o ministério particular de Jesus com seus discípulos havia chegado ao fim e o drama da redenção estava preste a começar”.

Nesse episódio, Jesus está pelejando em oração nos campos de batalhas, seus discípulos dormem, apesar das advertências Dele. Jesus buscou esse lugar de oração, não apenas na hora da agonia, mais era seu lugar de costume. Champlin alude que Jesus viu a grande nuvem negra da impiedade que se abatia sobre Ele, foi imerso em um diluvio negro, sendo uma experiência nova para o Mestre. Jamais conhecera a contaminação desse diluvio negro, sua alma estava perplexa, sua natureza humana se encurvava sob a carga imensa, essa agonia era até a morte e havia toda uma orquestração das forças das trevas contra Jesus. A oração é um antídoto contra o medo e uma armadura contra as investidas do mal. O inferno, como ele é, veio até Jesus no Getsêmani. Moises Ribeiro, refere que, aquela era a batalha decisiva de Jesus.

Aqui podemos tirar uma lição extraordinária dessa passagem, enquanto Jesus está pelejando por nós, muitas vezes Ele nos encontra dormindo e apáticos. É necessário despertar, para ver o milagre, pois “O Senhor peleja por vós” (Êx 14.14).

No Evangelho segundo escreveu Lucas, não é mencionado o jardim do Getsêmani, mas apenas o monte das Oliveiras, onde ele está •

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localizado. “E, saindo, foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; um percurso que durava aproximadamente quinze minutos, e os seus discípulos o seguiram. (Lc 22.39). Já no versículo 43, deste mesmo capítulo, Lucas relata o aparecimento de um anjo do céu, que confortava Jesus. Outro ponto importante referido no Evangelho de Lucas, se encontra no versículo 44, onde o evangelista descreve que o suor de Jesus, tornou-se como grandes gotas de sangue que caiam sobre o chão. (uma condição que ocorre sob pressão severa).

A autoria de Lucas é confirmada ainda pelos líderes da Igreja primitiva: Clemente, Tertuliano e Orígenes. Lucas é o único evangelista que se refere a dois episódios extraordinários, um de ordem sobrenatural, e o outro de ordem natural, que parece ter sido a conclusão da agonia do Getsêmani: a aparição do anjo, que foi consolar Jesus, e o suor de sangue, indicio extremo da violência do combate. Broocks cita F.F. Bruce, o qual afirma que “O relato de Lucas o capacita a ser considerado um escritor de precisão habitual”.

Alfeyev, cita Diodoro de Tarso e Teodoro de Mopsuéstia, representantes de uma corrente teológica da cristologia, ensinando: “Em Cristo existiam duas naturezas distintas: Deus verbo se estabeleceu no homem Jesus. Houve então a fusão, a união da divindade com a humanidade.

Jesus era cem por cento homem e cem por cento Deus”. Com muita coerência, o Apostolo João, defende uma cristologia que respeita a humanidade de Jesus em seu todo, mas também não deixa de citas sua divindade. João estava botando o machado da verdade na cara da heresia gnóstica, que negava tanto a divindade quanto a humanidade de Jesus.

Quando João menciona que todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e todas as coisas foram feitas por Ele, e que Ele estava no princípio com Deus, João está contemplando a criação de um modo extraordinário e Werner de Boou faz uma plausível observação ao mencionar a palavra grega (archer) “princípio”, “origem”, dizendo que não é apenas uma palavra cronológica, mas também aquilo que existia “antes •

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da fundação do mundo”, dando embasamento a toda existência, identificado na palavra inicial do Evangelho. O verbo grego (eimi), descreve a preexistência do Verbo, no princípio a Palavra já existia.

No momento que buscava a Deus em oração, o qual suplicou que afastasse Dele o “cálice da morte”. Jesus se referia do desligamento que estava acontecendo entre sua alma e o seu espírito. Ele orou como homem que estava enfrentando o ápice da agonia.

Entretanto, quando Ele viu a cruz, e tudo que já estava passando e passaria até chegar nela, viu algo, que só como Deus, poderia ver, Ele viu além da cruz, olhou, e viu há mim e a você, e disse como Deus de Amor: “Que seja feito a sua vontade, não a minha”. Essas palavras trazem angústia ao homem que a ora, mas transforma o deserto e um reino, trazendo o homem do Getsêmani para as portas da Glória. Foi com esse princípio, que Jesus derrotou Satanás. Kivitz, cita C.C. Lewis, o qual afirma: Deus é o combustível que o ser humano usa para prosseguir. Eu concordo!

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O SUOR DE SANGUE: ENTRE A AGONIA E O AMOR ‫רתוי הבר המצועב ללפתהו‬ “E, posto em agonia, orava mais intensamente; e seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíram sobre o chão” (Lc 22.44).

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esus se afastou do grupo, por uma curta distância e foi orar ao Pai, seguindo as orientações das Escrituras que estão repletas de exortações para orar, muitas vezes em conexão com promessas de que o Senhor ouvirá e responderá as orações, o Mestre então obedeceu.

Neste momento Jesus viveu altíssimo nível de ansiedade, estresse extremo, pois conhecia o martírio que em pouco tempo estaria enfrentando. Lopes, cita Egidio Gioia, que exclama “Jesus viu a escura nuvem da tormenta que se aproximava, célebre, ao seu encontro”.

Uma violenta comoção mental causa um fenômeno conhecido pela ciência médica como Hematidrosis a efusão de sangue na transpiração. Ela pode ser causada pela angústia extrema. Capilares subcutâneo dilatam e explodem misturando o sangue com o suor. Apenas Lucas, que era médico, fornece em seu Evangelho este detalhe.

Esse suor profundo resultaria de grande agitação interior, aflição, e, sem dúvida, de profundo temor, situação em que se encontrava Jesus durante sua oração, conforme os textos dos Evangelhos descrevem claramente. D. A. Carson acrescenta que, um suor misturado com sangue •

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em momento de grande martírio físico e mental, é um acontecimento cientificamente comprovado, podendo atravessar as paredes das veias, sem rompê-las. A agonia de Jesus foi extremamente violenta.

Segundo o cirurgião, Dr. Barbet, correu uma vasodilatação intensa de capilares subcutâneos que se romperam em contato com os fundosde-sacos de milhões de glândulas sudoríparas, o sangue se misturou ao suor e coagulou na pele após exsudação, desta forma, essa hemorragia se produz em toda a pele, que fica, portanto, prejudicada em seu conjunto e, de algum modo, mais dolorida e mais sensível a todos os golpes futuros.

Sob a ação do medo, da ansiedade, da luta espiritual, os batimentos cardíacos do Mestre tornaram-se tão rápidos e intensos, que junto com a circulação sanguínea, de tal maneira, acelerada produziram um verdadeiro suor de sangue, que lhe cobriu todo o corpo e correram grandes gotas até o chão. Suas vestes estavam avermelhadas devido ao sangue que transpirava, e seu coração estava corroído por sentimentos que queriam devorar sua mente. Jesus estava encarando em oração uma tremenda pressão espiritual.

Lopes, cita William Hendriksen, o qual enfatiza que a angústia que levou Jesus a suar sangue foi “por nós”, pecadores subjugados nas garras do maligno. Era uma indicação do eterno amor do Salvador pelos pobres pecadores perdidos que viria a salvar.

Lucas 22.44 menciona: “E estando em agonia, orava mais intensamente e suou sangue”. Marcos usa o sinônimo “preocupado”, uma palavra grega (ανήσυχος) que se refere a um sentimento de espanto aterrorizado. Jesus estava tomado de terror. A tristeza de Jesus era tão grande que ameaçava causar a sua morte naquele momento. No grego podemos analisar duas palavras: O vocábulo Lupéo “entristecer-se e o substantivo lúpi, “tristeza”. Também é possível que uma pessoa venha a morrer de pura angústia (ademonein), palavra usada raramente no Novo Testamento.

O Dr. Barbet, afirma catedraticamente que, a Hematidrosis e um fenômeno muito raro, mas muito bem delineado, e cita, o Dr. Le Bec: •

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Otavio Couto

“Ocorre em condições completamente especiais: durante uma grande debilidade física, acompanhado de um abalo moral, seguindo de profunda emoção e de grande medo”. (“LeSupplice de la croix”. Paris, 1925, loc cit). É o que Lucas demonstra por agonia (aywvía) que em grego significa luta, ansiedade, angústia. Lopes, faz mensão de Fritz Rienecker, que cita Cranfield, o qual diz: “A expressão de Jesus denota que Ele está nesse momento travando uma batalha profunda, tanto no mental, quanto no espiritual. A luta era tão tremenda que um anjo veio confortá-lo, e só Lucas, nos fala desse visitante angelical”.

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