A Salvação em 3 Tempos | Iury Guilherme

Copyright©2022 por Iury Guilherme Todos os direitos reservados por: A. D. Santos Editora Al. Júlia da Costa, 215 80410-070 Curitiba – Paraná – Brasil +55(41)3207-8585 www.adsantos.com.br editora@adsantos.com.br

Capa: Hands Diagramação: Manoel Menezes Revisão: Eliane C. do R. S. de Sousa Coordenação editorial: Jennyfer Calado Barcelos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GUILHERME, Iury.

A salvação em 3 tempos / Iury Guilherme – A.D. Santos Editora, Curitiba, 2022. 144 páginas.

ISBN – 978-65-89636-26-7 1. Teologia moral

CDD 241

1ª edição – junho de 2022.

Proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios, a não ser em citações breves, com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:

Agradecimentos

Em primeiro lugar, preciso louvar e honrar a Deus, o Criador, pela oportunidade de vida e saúde.

Quero também agradecer aos meus pais, Osmar Jr. e Lurdes Santos. Agradeço aos amigos Rodrigo e Ana Sampaio, Ricardo Oliveira, Flavio Marion, Flavio Mendes e à Editora AD Santos que juntos, e em momentos diferentes, leram algumas vezes esta obra, corrigiram e participaram com inúmeras sugestões e ideias relevantes.

Vocês são incríveis!

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Dedicatória

Aos meus pais, irmãos e sobrinhos. E, em especial, às minhas vovós que tanto amo.

Minha família, minha base.

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“Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.”

1 Timóteo 2.3-4

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Apresentação

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sta obra é fruto de muitos cotejos e de, no mínimo, cinco anos de estudos. Não se trata de um acordo teológico, mas de uma exposição totalmente bíblica e neutra sobre um dos assuntos mais polemizados e discutidos em igrejas e em campos acadêmicos, ou seja, o desejo do meu coração é expor o conteúdo sem nenhuma intervenção de dogmas, doutrinas ou crenças de denominações, me abstendo sempre da religiosidade, com objetivos claros e específicos: levar o leitor ao entendimento e experiência com a Palavra de Deus e com sua própria salvação, isto é, a convicção de estar salvo, aquilo que o apóstolo Paulo denomina estar revestido com o capacete da salvação (Efésios 6.17).

Neste livro, você poderá fazer comparações de traduções e versões bíblicas. Busquei escrever de forma simples e de fácil compreensão, propositalmente, usei poucas vezes palavras técnicas da Teologia, fiz questão de usar, em quase todas as afirmações, bases bíblicas para que suas conotações e anotações se tornem possíveis.

Vivemos em um tempo de buscas incansáveis para obter respostas plausíveis de muitas questões e, por não as obtermos, acabamos tirando nossas próprias conclusões. Desejo, com este livro, gerar em você as respostas para suas perguntas e que, de fato, tire conclusões com base nas Escrituras. Essa é a ideia central do livro: você realmente ficar apto para dar a qualquer um, até a você mesmo, a razão de sua fé. Acredito que, muitas 11

vezes, nos faltam respostas fundamentadas nas Escrituras para dúvidas externas e internas sobre o assunto aqui proposto. Dar a nós mesmos a razão do que cremos, sem dúvida, é algo que precisamos para vivermos uma vida abundante em todas as áreas.

Lembre-se de que as coisas de Deus só podem ser aprendidas pela luz do Espírito em nosso espírito humano. Por isso, deixe de lado todas as especulações humanas e religiosas e abra-se para receber as revelações de Deus e ter a sua vida transformada pela Palavra, isto é, existe um vinho novo para odres novos.

Use uma Bíblia, canetas, marcador de texto e venha comigo mergulhar nas águas profundas de Deus. Iremos estudar sobre a ideia central de tudo o que acreditamos e nos movemos: a salvação, a economia de Deus, uma das matérias mais fantásticas da Teologia Sistemática.

A salvação de Deus não é um fim em si mesma.

Prepare-se!

Boa leitura!

O Autor.

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Prefácio

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into-me imensamente honrado por ter sido escolhido para prefaciar esta obra do meu querido irmão em Cristo, Iury Guilherme, um jovem mestre que levanta um tema muito discutido na Teologia bíblica sobre a logística da salvação completa de Deus.

Nesta obra, Iury Guilherme vai suscitar um assunto que trará muita clareza e conhecimento ao leitor, ao explicar como ocorrerá a salvação em três tempos e a responsabilidade do homem em viver na graça.

A Bíblia diz que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” ( Jo 3.16). Essa passagem se tornou o texto áureo de toda a Bíblia, Deus revelou o seu insuperável amor pela raça humana como um todo e por cada pessoa individualmente. Assim a Bíblia nos apresenta a grande boa nova de que o plano de salvação se concretizou na morte de Cristo, salvação essa que foi arquitetada detalhadamente pelo Deus trino antes da fundação do mundo. Portanto, temos nitidamente revelado nas escrituras o papel de cada pessoa da trindade na redenção da humanidade.

O Pai planejou a salvação, o Filho consumou a salvação e o Espírito Santo aplicou a salvação que o Pai planejou e o Filho consumou. Somente um Deus como o nosso poderia resgatar a humanidade sem entrar em contradição com a Sua própria justiça divina. A salvação é um Dom de Deus (Soteriologia), 15

Ele decidiu livrar a humanidade da condenação. Ela é um dom gratuito, portanto a única coisa que o homem precisa fazer para ser salvo é crer permanentemente em Jesus.

Segundo as Escrituras, na criação, formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida e o homem passou a ser alma vivente (Gn 2.7). O homem recebeu um corpo formado do pó da terra e o sopro divino.

Como resultado da combinação criativa desses dois elementos, um terreno e outro celestial, o homem se tornou um ser vivo à imagem de Deus. Portanto, é fato pacífico que temos um corpo físico.

A maioria das pessoas, tanto cristãos quanto não cristãos, sente que também possuem uma parte imaterial, uma alma que sobreviverá após a morte do corpo.

Nesta obra, Iury Guilherme traz uma questão que tem dividido muitos estudiosos há longas datas: de que o homem é um ser tricotômico, ou seja, ele é composto por espírito, alma e corpo, e tem responsabilidade direta na salvação dos três, mesmo vivendo na graça.

Com gratidão, Ricardo Oliveira.

Pastor e Atleta profissional de futebol

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Sumário

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Agradecimentos.....................................................................3 Dedicatória............................................................................5 Apresentação..........................................................................9 Prefácio................................................................................ 13 Introdução........................................................................... 21 A TRICOTOMIA E O PLANO DE DEUS........................ 29 A SALVAÇÃO E A GRAÇA................................................. 43 A CONDIÇÃO PARA A SALVAÇÃO.........................................48 A FÉ SEM OBRAS ........................................................................52 A FÉ SEM OBRAS É MORTA.....................................................53 A SALVAÇÃO NÃO É PELO BATISMO...................................55

A SALVAÇÃO DO ESPÍRITO........................................... 59 AS FUNÇÕES DO ESPÍRITO.....................................................62 A REGENERAÇÃO.......................................................................64 DOIS ELEMENTOS IMPORTANTES......................................68

A SALVAÇÃO É ETERNA................................................. 73 ARGUMENTOS POSITIVOS......................................................76 ARGUMENTOS CONTRÁRIOS................................................83

A SALVAÇÃO E O REINO................................................. 91 A RECOMPENSA..........................................................................93 O OBJETIVO DA DISCIPLINA..................................................97

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A SALVAÇÃO DA ALMA................................................... 99 O PROCESSO DA SALVAÇÃO.................................................103 A SALVAÇÃO DA ALMA E O REINO....................................110 DIFERENÇAS NOTÁVEIS.........................................................113 RESPONSABILIDADE E A GRAÇA.......................................114

A QUESTÃO DO PECADO............................................ 117 A DIFERENÇA ENTRE PECADO E PECADOS..................121 CARACTERÍSTICAS NOTÁVEIS............................................123

A SALVAÇÃO DO CORPO.............................................. 127 A INCORRUPTIBILIDADE......................................................131

TRÊS GRUPOS DE PESSOAS........................................ 133 O HOMEM NATURAL .............................................................135 O HOMEM CARNAL.................................................................138 O HOMEM ESPIRITUAL .........................................................140

Bibliografia ........................................................................ 143

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Introdução

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m Efésios 1.4, um dos textos mais esclarecedores sobre a origem do homem, diz:

“Como também nos escolheu nele, antes da fundação do mundo para que fossemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor.”

O apóstolo Paulo faz declarações sobre a origem do ser, deixando claro que o homem, antes da fundação do mundo, foi gerado nas entranhas de Deus e por Ele escolhido. Como se o homem existisse antes mesmo de existir.

E como isso é possível? Em espírito, Deus é espírito ( João 4.24), sendo assim, não existe nEle matéria. No princípio, sendo impossível haver matéria, Deus formou o espírito humano dentro dEle, e é possível ter essa clareza com base no texto de Zacarias 12.1:

“Peso da palavra do Senhor sobre Israel: Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele”.

A ideia central dessa explicação é que Deus é o Pai de todos os espíritos (Hebreus 12.9), ou seja, quem gera os espíritos.

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A Salvação em 3 Tempos

É importante você entender que Ele é quem gera os espíritos e forma a matéria. E, exatamente no princípio, sendo os homens um espírito dentro de Deus (Efésios 1.4 / Zacarias 12.1), é que o Senhor estabeleceu planos e propósitos para os seres humanos.

Antes de nascermos Deus estabeleceu planos para nós, escreveu os nossos dias e nos separou para um propósito. Vejamos essa doutrina perfeita no texto abaixo: “Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim; Ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado. E lhe veio também nos dias de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, até ao fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês. Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te separei; às nações te dei por profeta.” ( Jeremias 1.1-5) Declarações como a do versículo cinco, nos faz entender que o nosso propósito de vida e o objetivo pelo qual nascemos foi estabelecido por Deus antes mesmo de sermos formados no ventre materno.

Deus está declarando que, antes de formar Jeremias, havia tido um relacionamento prévio com ele, certamente em um tempo que Jeremias era um espírito nas entranhas do próprio Criador.

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Introdução

Podemos ler, também, em Salmos 139.16: “Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro foram escritos todos os meus dias; quando ainda nenhum deles existia”.

O salmista nos faz entender que nossos dias foram escritos em um livro, que denominamos aqui de “o livro do propósito”, quando ainda nenhum deles existia. E isso não significa que estamos vivendo os nossos dias de acordo com tudo aquilo que por Ele foi escrito. É indiscutível a ideia de que nossos dias foram escritos, porém, também é provável que vivemos de acordo com o que desejamos viver. É importante entender que Deus não vai nos obrigar a fazer aquilo que Ele deseja que seja feito. Essa nunca foi a intenção dEle.

E, por outro lado, é importante guardar no coração a ideia de que não fazemos nada a Deus por sermos obrigados, fazemos o que fazemos por gratidão. Em nossa fé nada é por obrigação, tudo é por gratidão. Como autor dessa obra, desejo levar você a refletir sobre qual o verdadeiro motivo de estar sendo feito tudo aquilo que está fazendo, e que se está sendo feito por obrigação, pare de fazer, pois, Deus não precisa disso.

Vejamos Gênesis 25.19-23:

“E estas são as gerações de Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou a Isaque; E era Isaque da idade de quarenta anos, quando tomou por mulher a Rebeca, filha de Betuel, arameu de Padã-Arã, irmã de Labão, arameu. E Isaque orou insistentemente ao Senhor por 25

A Salvação em 3 Tempos

sua mulher, porquanto era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu. E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar ao Senhor.

E o Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor.”

A resposta de Deus a Rebeca revela o propósito para o qual os meninos estão prestes a nascer. Não haviam nascido ainda, porém, já havia propósito de existência.

Esse foi o plano estabelecido por Deus a Jacó e Esaú.

Quando os meninos nasceram, cresceram, resolveram não cumprir o propósito estabelecido pelo Senhor, desencadeando uma guerra familiar.

Levando em consideração esses textos, quando ainda éramos um espírito dentro de Deus, Ele estabeleceu propósitos, planos para que andássemos e vivêssemos, porém, nós escolhemos cumpri-los e vivê-los ou não.

Em Gênesis 2.7, já em outro tempo, após a criação dos céus e terra, o Senhor deu forma física ao homem gerado por Ele: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.”

O autor de Gênesis deixa claro a tricotomia do ser desde a formação.

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Introdução

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra”; Corpo.

“Soprou em suas narinas o fôlego da vida”; Espírito.

“Se tornou alma vivente”; Alma.

Deus sopra o fôlego de vida (espírito), porque estava dentro dEle (Efésios 1.4 / Zacarias 12.1), dentro de um boneco sem vida (corpo), pois, com base no que foi escrito pelo apóstolo Tiago, o corpo sem o espírito é morto. Na junção do espírito com o corpo, o homem deixa de ser um espírito e se torna alma vivente.

A alma é quem guia o ser humano, quem dá as direções.

A equação correta é: somos uma alma, temos um espírito e habitamos em um corpo.

Jó 32.8 diz:

“Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do TodoPoderoso o faz entendido”.

Começaremos, a partir de agora, uma jornada de estudos para que você possa compreender mais sobre a sua origem e destino. Não faça com pressa. Leia quantas vezes for necessário, estude de maneira neutra, sem religiosidade ou bandeiras.

E, à medida em que for lendo, o Espírito Santo lhe trará a revelação.

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A TRICOTOMIA E O PLANO DE DEUS

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lgo fundamental para o estudo da palavra de Deus é compreender o assunto sobre a tricotomia humana, ou seja, entender que o ser humano é dividido em três partes. A ideia que temos sobre este assunto se faz necessário para entendermos muitas outras questões que ainda é, para muitos, motivo de dúvidas e até polêmicas.

Se você deseja desfrutar de uma vida cristã vitoriosa, é importante assimilar, antes de tudo, que o homem é composto de três partes: espírito, alma e corpo.

Muitos acreditam que o espírito e a alma são a mesma coisa, ideia que atrapalha grandemente o amadurecimento e a experiência de algumas revelações da Palavra.

Quando o Senhor criou o homem e a mulher, os criou tendo o foco em Seu próprio Filho e em Sua Igreja.

Gênesis 2.18 diz:

“Não é bom que homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora idônea.”

Deus fez o homem para que pudesse ter uma família, e que essa família se tornasse sua própria habitação eternamente.

Todos nós precisamos entender que na criação do homem 31

A Salvação em 3 Tempos

houve um propósito definido. Deus o criou dotado de partes convenientes para que pudesse cumprir Seu plano.

E qual é esse plano? É que o homem se torne semelhante ao Seu Filho Jesus. Portanto, Deus deseja obter uma grande família de muitos filhos conformados à imagem do Seu Filho e que esses filhos expressem Seu caráter.

Gênesis 2.7 diz assim:

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.”

Observamos que o pó da terra foi o elemento do qual Deus formou o homem; e depois nas narinas soprou o fôlego de vida. O termo original é “ruach” que significa espírito/sopro/ vento.

Quando Deus sopra vida dentro do homem, o espírito e a alma passam a fazer parte do seu homem interior. Por isso, o homem passou a se chamar alma vivente. Não apenas espírito ou alma, mas duas coisas passaram a fazer também parte do corpo criado do pó da terra. A alma que é a vida psíquica e o espírito, a parte onde a realidade espiritual e a comunhão do homem com Deus são desfrutadas.

Mas, quando o homem pecou, o seu espírito se apagou, morreu. Por isso, perdeu completamente sua comunhão com Deus.

Portanto, é interessante você notar que, quando recebemos a Cristo como nosso Salvador e passamos pela regeneração, passamos a ter várias classes de vida: a vida biológica (vida do corpo), a psíquica (vida da alma) e a zoe (vida pneumá32

A Tricotomia e o Plano De Deus

tica), que é a vida no espírito, a vida divina, a vida eterna que Deus nos deu, que nós recebemos através da regeneração no momento de nossa conversão.

“Estávamos mortos em nossos delitos e pecados, mas Deus nos deu vida juntamente com Cristo.” (Efésios 2.5) Vejamos dois textos: “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vida de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Tessalonicenses 5.23) “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” (Hebreus 4.12)

O Criador nos fez seres dotados de três partes: espírito, alma e corpo. Deus nos deu essas faculdades para que sejamos capazes de nos relacionarmos em diferentes esferas ao mesmo tempo: com Ele, com seres humanos e com a nossa própria consciência. É necessário compreendermos a existência de dois mundos paralelos, os quais somos os únicos seres capazes de interagir simultaneamente nesses mundos, de maneira real e verdadeira, através do corpo físico e do corpo espiritual. É possível verificarmos isso em Hebreus.

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A Salvação em 3 Tempos

“Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.” (Hebreus 11.3) Mediante os sentidos do corpo biológico e suas operações vitais, nos comunicamos com as coisas físicas. Mediante a alma, temos consciência de nós mesmos, porque na alma estão as funções psíquicas, próprias do nosso eu, do nosso ego que determina a nossa personalidade, a mente que gera pensamentos, a vontade para tomar as nossas determinações e as emoções que estão relacionadas com o amor, ódio, tristeza, alegria, amargura, gozo, introspecção.

A mente determina o que penso, a emoção o que sinto e a vontade o que quero.

Porém, mediante o nosso espírito existe a possibilidade de reatarmos a comunhão com Deus. Fomos regenerados, nascemos de novo, pelo Espírito de Deus, por termos crido na obra redentora de Cristo na cruz. Através da regeneração, Deus nos fez participantes da Sua vida eterna, da Sua natureza divina.

O apóstolo Pedro deixou claro em 2 Pedro 1.4:

“Pelas quais nos tem sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo.”

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A Tricotomia e o Plano De Deus

Deus resolveu habitar em nosso espírito pelo Seu Espírito (1 Coríntios 6.16). Nosso espírito humano nos foi dado por Deus para que tenhamos uma relação íntima com Ele. E Deus o dotou de certas faculdades como intuição, consciência e comunhão. O Espírito Santo mora em nosso espírito. Essa parte do homem foi projetada divinamente para interação com o mundo dos espíritos e para que o Espírito de Deus pudesse habitá-lo.

Em Romanos 8.9-10, referindo-se a um cristão regenerado, nascido de novo, Paulo diz:

“Vós, porém, nãos estais na carne, mas no Espírito, se de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça”.

Que coisa maravilhosa é saber que o Espírito de Deus habita em você. Quando o Senhor Jesus subia para o monte Hermom em Mateus 16, disse: “... edificarei a minha igreja.”

Em 1 Coríntios, Paulo afirma: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Coríntios 3.16) 35

A Salvação em 3 Tempos

Essa Igreja, a qual o Senhor Jesus está edificando, através de ministros empenhados nessa obra, é o templo no qual o Espírito Santo habita! A Bíblia chama essa construção de o verdadeiro tabernáculo.

“Como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem.” (Hebreus 8.2) É interessante lermos o texto de Efésios para fundamentarmos esse assunto: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais edificados para habitação de Deus no Espírito.” (Efésios 2.20-22) Veja três palavras que não podem passar despercebidas neste texto: edifício, santuário e habitação. O edifício está relacionado com a obra de Cristo, pois Ele mesmo disse: “edificarei a minha igreja” (Mateus 16.18). O santuário é a habitação do Espírito Santo em nós. Em 1 Coríntios 6.19, Paulo diz: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é o santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tende por parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”.

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A Tricotomia e o Plano De Deus

O objetivo desse grande santuário é a habitação de Deus.

Podemos ver, nos capítulos 21 e 22 de Apocalipse, algo incrível. Nesses capítulos vemos a Nova Jerusalém, que será a eterna morada de Deus com Sua Igreja. Veja o que João escreveu: “Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.” (Apocalipse 21.3) Ainda o versículo 22: “Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo Poderoso, e o Cordeiro.”

No primeiro Testamento encontramos um tipo de figura do projeto original do templo do Senhor. Percebemos essa figura a partir do capítulo 25 do livro de Êxodo. Um templo portátil que Deus ordenou que Moisés fizesse no deserto. E, mais tarde, a partir de 1 Reis, capítulo 6, temos a figura da construção do templo de Salomão em Jerusalém.

Em Êxodo encontramos mais detalhes da descrição do tabernáculo de Moisés, o qual contava com três partes: átrio, lugar santo e santíssimo lugar. Nós, a Igreja, no segundo Testamento, na Nova Aliança, somos o verdadeiro tabernáculo de Deus.

Salomão, quando construiu o templo, disse:

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A Salvação em 3 Tempos

“Mas, de fato habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até os céus dos céus não te podem conter, quanto menos casa que eu edifique.” (1 Reis 8.27) Salomão tinha consciência que aquele templo não era o lugar da habitação do Senhor. Veja o que Estevão disse: “Mas foi Salomão quem lhe edificou a casa. Entretanto, não habita o Altíssimo em casa feita por mãos humanas; como diz o profeta: o céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificará, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?”.

(Atos 7.47-48) Quando analisamos os textos de 1 Reis com o de Atos, temos um quadro, e conseguimos enxergar com nitidez a intenção perfeita de Deus, que é justamente fazer do Seu povo o lugar de Sua própria habitação.

Ao examinarmos o tabernáculo, vemos que o átrio era a parte mais externa, o local em que todas as tribos tinham acesso, todos os israelitas. Portanto, concluímos que o átrio corresponde ao nosso corpo, a parte mais externa do nosso ser, pelo qual nos comunicamos com tudo que nos rodeia por intermédio de cinco sentidos naturais: tato, olfato, paladar, audição e visão.

No lugar santo, somente os sacerdotes podiam entrar. E é comparado com a nossa alma, a qual já não pode ser penetrada por todos. A alma tem sua intimidade, a intimidade de 38

A Tricotomia e o Plano De Deus

nossa própria personalidade. No lugar santo estava o candeeiro de ouro, a mesa dos pães da proposição e o altar de ouro do incenso. Até ali os sacerdotes podiam entrar e ministrar ao Senhor, oferecer azeite, incenso, pão; mas os demais israelitas jamais podiam entrar.

Na alma reside a nossa vontade humana, nossa mente, nossas emoções que revelam a nossa personalidade, nossa individualidade; onde, em condições normais, não há acesso às demais pessoas.

No tabernáculo havia também uma terceira parte mais íntima que é o santíssimo lugar, onde estava a arca do pacto, de madeira de acácia coberta de ouro. Por cima havia o propiciatório, e dentro da arca havia o pote de maná, a vara de Arão que floresceu e as tábuas da aliança. Esse é o lugar mais íntimo, onde o sumo sacerdote entrava, e oferecia o sangue dos sacrifícios. Havia os querubins que eram os guardiões da glória e da justiça de Deus.

Em Hebreus 9.7-8 lemos:

“Mas, no segundo (isto é, se referindo ao lugar santíssimo), só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo; dando nisso a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santuário não estava descoberto, enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo.”

Só o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, uma vez por ano, no período do Yom Kippur, dia da expiação, que era o dia décimo do mês sete, do mês judeu. Então, o lugar santíssimo estava separado do lugar santo através de um véu.

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O tipo de véu que separa os homens de Deus. Enquanto não houver revelação, aquele véu continuará ali; isto quer dizer que o homem, em sua vida natural, não tem a capacidade para conhecer a Deus e nem ao Senhor Jesus. É no lugar santíssimo que a glória de Deus se manifesta na expressão de Sua justiça em nosso favor.

Enquanto o véu permanecer, o homem não pode penetrar para conhecer ao Senhor, o homem não pode experimentar a profundidade da vida de Deus. E aqui nós temos uma figura de nosso espírito que é prefigurado por esse lugar santíssimo. É possível visualizarmos algo grandioso: Hebreus 9.9-10 diz assim:

“É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante a consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os quais não passam de ordenanças da carne baseada somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma.”

Nesse texto, a Palavra de Deus afirma, vigorosamente, que chegaria o tempo da reforma das coisas, e que o antigo tabernáculo é apenas uma sombra para o tempo presente.

Para entender este tema delicado da doutrina bíblica da salvação, é necessário haver uma clara diferenciação entre corpo, alma e o espírito do homem.

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A Tricotomia e o Plano De Deus

Essa é uma revelação poderosa para nós acerca da Sua habitação no nosso espírito, da Sua edificação. Ele está nos revelando como viver uma vida cristã profunda, uma vida que verdadeiramente possa experimentar Deus em Sua intimidade.

Precisamos viver uma vida cristã madura. Isso só é possível se entendermos este assunto da tricotomia, do homem tripartido.

Visto que somos seres humanos compostos de espírito, alma e corpo, nossa salvação deve, por conseguinte, se estender a todas essas partes.

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Continua...

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