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A superação da metafísica e o fim das verdades eternas Entrevista com Ernildo Stein

Munster e Wüppertal, todas na Alemanha. Atualmente, leciona no Departamento de Filosofia da PUCRS. Stein publicou dezenas de livros, entre eles Seminário sobre a verdade: lições introdutórias para a leitura do parágrafo 44 de Ser e tempo. Petrópolis: Vozes, 1993; A caminho de uma fundamentação pós-metafísica. Porto Alegre: Edipucrs, 1997; Diferença e metafísica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000; Compreensão e finitude. Ijuí: Unijuí, 2001; Introdução ao pensamento de Martin Heidegger. Porto Alegre: Edipucrs, 2002; Mundo Vivido: Das vicissitudes e dos usos de um conceito da fenomenologia. Porto Alegre: Edipucrs, 2004; Seis estudos sobre Ser e Tempo. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2005. Confira a seguir, na íntegra, a entrevista com o filósofo.

Há trinta anos morria o autor de Sein und Zeit (Ser e tempo), publicada em 1927, ou seja, há quase oitenta anos. Martin Heidegger foi, nas palavras do Prof. Dr. Ernildo Stein, “o pensador de vulto que, na filosofia, problematizou de modo mais profundo a modernidade", pois, segundo Ernildo Stein, “com a modernidade, surgiu a questão da subjetividade e com isso a questão do método. O ser humano está livre das amarras da tradição e da história passada, para traçar o seu caminho e os seus projetos". Assim, “passa a considerar a natureza e os recursos do Planeta como transformáveis e manipuláveis sem limite. Heidegger vê nisso o surgimento de uma espécie de compulsão para a transformação. Ele costuma chamar a irresistível tendência de o ser humano transformar tudo de dispositivo (Gestell)". Dessa forma, Heidegger, ainda na primeira metade do século XX, levanta “o problema daquilo que hoje denominamos globalização". Em entrevista exclusiva por e-mail para a IHU On-Line, em 19 de junho de 2006, o filósofo Ernildo Stein destacou que, já no final dos anos 1930, a filosofia de Heidegger problematizava o que hoje entendemos por globalização. Além disso, continua Stein, esse filósofo “libertou o ser humano como ser no mundo de qualquer amarra metafísica, deixando como tarefa sua, a instauração da verdade.” E completa: “Estamos sós no Planeta e nele somos um acontecimento que se espanta consigo mesmo.” Graduado em Filosofia e bacharel em Direito pela UFRGS, Stein é doutor em Filosofia pela mesma instituição com a tese Compreensão e finitude – estrutura e movimento da interrogação Heideggeriana. Cursou pós-doutorado nas universidades de Erlangen, Heidelberg, Freiburg, Frankfurt,

IHU On-Line – Quais são os aspectos mais

atuais na filosofia heideggeriana? Qual é a importância de Heidegger como um intérprete da pós-modernidade? Ernildo Stein – O filósofo é, sem dúvida, o pensador de vulto que, na filosofia, problematizou de modo mais profundo a modernidade. Até que ponto suas idéias sempre acertaram é uma outra questão. Não podemos, no entanto, negar a importância de sua teoria de que, com a modernidade, surgiu a questão da subjetividade e com isso a questão do método. O ser humano está livre das amarras da tradição e da história passada, para traçar o seu caminho e os seus projetos. Por isso, passa a considerar a natureza e os recursos do Planeta como transformáveis e manipuláveis sem limite. Heidegger vê nisso o surgimento de uma espécie de compulsão para a transforma4


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