Descrição do terreno em redor de Lamego duas léguas

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Descrição do terreno ao redor de Lamego duas léguas [ 1531-1532 ]

Apoios

Amândio Jorge Morais Barros Edição, Estudo Introdutório e Apêndice Documental

Jorge Fernandes

Descrição do terreno ao redor de Lamego duas léguas [ 1531-1532 ]

Quando em 1532 Rui Fernandes acaba de escrever a sua «Descripção do Terreno em roda da cidade de Lamego duas léguas», apresentando-se então como «Cidadão da mesma Cidade, e Tratador das lonas e bordatas de El Rei», estaria longe de imaginar a importância que, cinco séculos mais tarde, o seu registo teria para o conhecimento da região duriense. Escrevendo num momento de viragem histórica, entrevemos na sua descrição a transição da lógica de produção vinícola Medieval, local, de baixa qualidade e de autoconsumo, para uma lógica Moderna, de produção em quantidade, qualidade e fortemente vocacionada para a «carregação» para os mercados externos. Única descrição pormenorizada do Douro anterior à reforma pombalina, dá-nos uma imagem cheia de pormenor e cor das gentes, costumes, economia e paisagem. Referindo-se demoradamente aos mosteiros cistercienses de São João de Tarouca e de Santa Maria de Salzedas, deixa claro o papel que estas abadias tiveram no desenvolvimento agrícola e, especialmente, vinícola do Douro, mormente através das inúmeras granjas monásticas que estiveram na base do sucesso económico da Ordem de Cister, perdurando muitas até hoje como grandes quintas vinhateiras. Apenas publicado pela primeira vez em 1824, pela Academia Real das Ciências, e contando com segunda edição em 1947 pela mão de Augusto Dias, somente em 2001 o manuscrito de Rui Fernandes é alvo da publicação transcrita e comentada que merece, numa iniciativa da Associação Beira-Douro, cabendo então ao historiador Amândio Barros a responsabilidade científica da mesma. Inserido no projeto turístico-patrimonial Vale do Varosa, esta nova reedição do manuscrito de Rui Fernandes pretende contribuir de forma renovada para a sua maior divulgação e acessibilidade, destacando o papel dos mosteiros cistercienses da sub-região do rio Varosa para a construção do Douro como hoje o conhecemos.

© Paulo

Rui Fernandes

Rui Fernandes

Amândio Jorge Morais Barros nasceu no Porto. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras do Porto, onde tem feito toda a sua carreira de investigador. Especializou-se nas áreas da História Social e Económica e na História Marítima (área do seu doutoramento: Porto: a construção de um espaço marítimo nos alvores da Época Moderna, prémio Almirante Sarmento Rodrigues da Academia de Marinha e Prémio Artur de Magalhães Basto de História da Cidade do Porto). As suas publicações têm incidido nestes domínios, assim como nos da História da Cidade do Porto e Douro e História da Expansão, aos quais tem dedicado diversos trabalhos. Professor da Escola Superior de Educação do Porto é pós-doutorado pelas universidades do Porto e de Valladolid, investigador do CITCEM-UP (Centro de Investigação Transdisciplinar. Cultura, Espaço e Memória – Universidade do Porto) e membro da Academia de Marinha.


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