Exposição | Ler e Reler | Jorge Leal

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Jorge Leal LER E RELER


EXPOSIÇÃO

LER e RELER BIBLIOTECA FCT NOVA 21 de fevereiro - 29 de março de 2019 ARTISTA Jorge Leal BIBLIOTECA FCT NOVA José Moura, diretor Ana Alves Pereira, coordenação Ana Roxo, coordenação Luisa Jacinto, colaboração Isabel Pereira, colaboração Ricardo Almeida, design TEXTOS Jorge Leal Jose Moura IMPRESSÃO DE CATÁLOGO E VINIL EXTERIOR Puck Produções

Livros, 2018, 100x70 cm, acrílico e tinta da China sobre papel


LER E RELER A minha relação com os livros vem de longe. Gosto deles como objetos e como concentradores de inteligência e informação. A minha biblioteca não é a mesma de há 20 anos, muitos livros desapareceram, alguns vão ainda desaparecer substituídos por outros. Os meus interesses mudaram e mudam ao longo do tempo. É pouco sensato manter coisas que ocupam espaço quando já não são úteis. O espaço de um livro inútil pode ser ocupado por um livro maravilhoso que ainda não li. Vejo a biblioteca como um organismo vivo, útil e em mutação constante. Os livros que se mantêm são os por ler ou aqueles que pretendo reler num prolongamento do prazer da primeira leitura (ou na descoberta de que afinal já não os considero tão bons). Esta relação com os livros é semelhante à que tenho com os meus desenhos. Os cadernos e os desenhos em folhas independentes estão permanentemente sujeitos ao escrutínio do meu olhar e confirmação da sua pertinência visual. A higienização que aplico à biblioteca é semelhante à que pratico com a minha produção. A observação continuada dos desenhos é semelhante à releitura de um texto, procuro sempre entender se tem qualidade e se faz sentido que continue a existir. No quotidiano do trabalho, no ateliê, desenhos que não me interessam são cobertos com uma camada de tinta que permite sobrepor um novo desenho. Esta operação repete-se as vezes necessárias até que consiga fazer um desenho que me satisfaz.

Existe uma lógica semelhante no meu relacionamento com o trabalho dos outros. Estou constantemente a analisar visualmente e graficamente o trabalho dos artistas que considero desafiantes visualmente e intelectualmente estimulantes. O desenho permite-me uma aproximação através de uma análise gráfica que se traduz numa apropriação do trabalho de outro, como a interpretação de um texto por cada leitor que o lê. Este processo é análogo quando revisito o trabalho de outro artista, mas aqui a minha intenção é mais lúdica uma vez que vou fazer um desenho assumindo, de um modo muitas vezes humorístico, as características gráficas desse artista.Normalmente este processo acontece com artistas com quem tenho uma afinidade estética ou com quem partilho preocupações visuais, mesmo que seja apenas com uma série ou um único trabalho da sua obra. Ao contrário de ser uma atitude arrogante de me colocar a par com os mestres, ela reveste-se antes da humildade de quem admira e quer conversar não podendo, uma vez que a maioria dos mestres que me interessam estão mortos. Lisboa, 2019 Jorge Leal


Uma exposição à medida… De uma Biblioteca que se diz “para lá dos livros” e acedeu ao desafio do Artista, encontrando ecos de existência nas suas próprias palavras (...) a biblioteca como um organismo vivo, útil e em mutação constante (...) Jorge Leal desenha uma exposição onde livros, arte e pessoas se entrecruzam e dialogam. Livros de culto, fontes de saber. Livros que fazem chorar. Livros que fazem pensar. Livros que fazem sonhar. Livros que evitam a solidão. Livros que se guardam, ou não. Livros que envolvem e transportam. Livros que preenchem, fontes de prazer. Livros que guardam segredos, mistérios, memórias. Livros que amamos, repletos de (hi)estórias. Livros que interrogam, sem compreendermos. Livros que, abertos numa página ao acaso, tanto confrontam, como confortam. Livros que passeamos na mão. Livros que iluminam, ou trazem escuridão. Livros de autores, depois nossos, partilhados e apossados. Livros que nos marcam, nos deixam… e regressam. Livros... só livros...

José Moura, 2019

Cézanne, 2018, 42x29,7 cm, acrílico e tinta da China sobre papel


Livro, 2018, 56x76 cm, acrĂ­lico e tinta da China sobre papel

Livros, 2018, 56x76 cm, acrĂ­lico e tinta da China sobre papel


Lapa a Olhar um Pássaro, 2018, 50x65 cm, acrílico e tinta da China sobre papel

Lapa a Trabalhar, 2018, 29,7x42 cm, acrílico e tinta da China sobre papel


CĂŠzanne, 2018, 42x29,7 cm, tinta da China sobre papel

CĂŠzanne, 2018, 42x29,7 cm, tinta da China sobre papel


JORGE LEAL

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS (seleção)

Lisboa, 1975 Investigador de Desenho no CIEBA, FBAUL Doutorado em Desenho, FBAUL jrgleal@gmail.com www.instagram.com/jorgelealartist 969 016 407

2018, CARDUME 2, Galeria Municipal de Montemor-o-Novo 2018, OSSOS MOLES, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Lisboa 2018, CARDUME, Galeria Municipal do Montijo 2017, LIBERDADE, Museu das Artes de Sintra 2017, O PINCEL QUE RI, Galeria Águas Livres 8, Lisboa 2017, ESPERANTO, Museu Municipal de Faro 2017, D DE DESENHO, Centro Cultural de Lagos 2017, CASA, Galeria da Faculdade de Belas Artes de Lisboa 2016, É TUDO DESENHO, Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, Póvoa de Varzim 2016, DESENHO, Edge Arts - Espaço Amoreiras, Lisboa 2015, WITHOUT DRAWING A DAY IS LOST, Galeria Mute, Lisboa 2015, DESCASCAR, Centro de Artes e Cultura, Ponte de Sor 2014, P=D, Galeria Bangbang, Lisboa 2014, DOC, Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada 2012, AR, Centro Cultural do Cartaxo, Cartaxo 2011, JUMPSTART, Galeria Má Arte, Aveiro 2010, APPROXIMATELY EIGHTY KILOS OF MATTER IN THE UNIVERSE, Galeria Sopro, Lisboa 2010, SACHSENHAUSEN, UM DOMINGO (curadoria de João Pinharanda), MAAT, Lisboa 2008, CALL CENTER, Galeria Sopro, Lisboa 2007, LA BOCA PLENA DE POLS, Distrito Quinto, Barcelona, Espanha 2006, AUTOBAHN, Quarteirão das Artes, Montemor-oVelho 2005, AO FUNDO DAS ESCADAS, CEJ – Centro de Estudos Judiciários, Lisboa

COLEÇÕES Fundação EDP/MAAT, Coleção Fernando Figueiredo Ribeiro, coleções particulares (Portugal, Espanha, França, Bélgica, Inglaterra, Alemanha, Brasil)



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