Voxel 0

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Edição Especial Zupi Arquitetura . Cenografia Interiores . Mobiliário . Design de Produto . Vitrine . 3D

Arne Quinze . Fernando Brandão Gringo Cardia . Jaime Hayon M’Baraka . Marcelo Rosenbaum Marcelo Teixeira . Ricardo Ohtake Roberto Loeb . Triptyque

ANO 0 . EDIÇÃO 00

ISSN 1809-5534

VOXEL . R$ 14,00


Padrão Marcelo Rosenbaum Coleção Grafismo


VOXEL: A primeira revista brasileira que vai aliar Arquitetura, Design, Produto, Cenografia, 3D e Arte com uma visĂŁo mais experimental e inovadora! Vire as pĂĄginas e construa novos conceitos.



EDITORIAL

» by Allan Szacher

Podemos dizer que nossa paixão por beleza, praticidade, decoração, design e arquitetura nos leva a acreditar que é possível investir e criar a verdadeira qualidade de vida que realmente merecemos e devemos ter nesse país. Essa revista é o sonho, a imaginação e a inspiração que precisamos para criar, registrar e fomentar idéias criadas no Brasil e no mundo.

Quem disse que Arquitetura não é arte? E que design de produto não transmite idéias? Aproveite as proximas páginas e se inspire, depois entre no site e faça seus comentários. E se você gostou mesmo do conteúdo, mande um email e colabore com suas idéias, fazendo a Voxel virar tendência...


www.voxelshow.com.br Revista Zupi . Especial VOXEL #00 > abril 2009

tripulação

conteúdo TRIPTYQUE Arquitetura autoral e multidisciplinar em temáticas contemporâneas

pág 08

JAIME HAYON A transgressão dos limites entre a arte e o design

ALLAN SZACHER editor / idealizador

JULIA BOLLIGER > MTB 49351-SP jornalista responsável

pág 12

SÍMON SZACHER diretor executivo

JULIA CAROL estagiária de redação

MARCELO TEIXEIRA Inovação, sofisticação e tecnologia no design da aviação executiva brasileira

pág 24

ALEXANDRE SOMA diagramação

DINA ROZENBOJM revisão

M´BARAKA Cultura e design - conteúdos e estéticas - em projetos de cenografia e instalações

pág 32

CONSELHO EDITORIAL Glauco Diógenes, Mário Fontes e Tatiana Sakurai

ARNE QUINZE Caos, audácia e paixão em madeiras sobrepostas

pág 36

FERNANDO BRANDÃO Um iconoclasta em busca de espaços menos limitantes

pág 50

COLABORADORES Arne Quinze, Daniela Ktenas, Evelyn Tannus, Fernando Brandão, Jaime Hayon, Lucas Isawa, Marcelo Teixeira, M’Baraká, Mesosfera Design, Notus Design, Ricardo Ohtake, Roberto Loeb, Rute Reitzfeld, Sandra Martinelli, Triptyque e Vazu

GRINGO CARDIA Quebrando barreiras na cenografia da cultura brasileira

pág 54

MARCELO ROSENBAUM Um criativo e um cachorro muito especial

pág 66

ROBERTO LOEB Um homem reservado e suas obras imponentes

pág. 72

RICARDO OHTAKE A mente a frente do Instituto Tomie Ohtake

pág. 78

ZUPI distribuição Brasil

PRODUTOS Novos objetos para decorar e viver

pág. 82

INTERGRAF gráfica

LIVROS Duas publicações imperdíveis

pág. 86

> abril 2009

TOP SITES

pág. 90

> 3.000 exemplares > issn: 1809-5534

AGRADECIMENTOS Claudia Oliva, Diogo Rezende, Lilian De Munno, Rodrigo Braga e Sieghild Lacoere VISITE NOSSO PORTAL Encontre mais conteúdo em www.voxelshow.com.br Mande para a Voxel suas críticas e sugestões: info@zupi.org ASSINE A REVISTA www.zupi.com.br/revista +55 11 3926-0174 PUBLICIDADE simon@zupi.com.br +55 11 3926-0174 ENDEREÇO Rua Conde de Irajá 208 VIla Mariana - 04119-010 São Paulo - SP - Brasil

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização dos artistas ou do editor da revista.

CAPA Jaime Hayon

A VOXEL é um espaço aberto para novas idéias e tendências. Para colaborar envie seu material por correio ou no e-mail submit@zupi.org Zupi e Voxel são Marca Registrada ® Todos os direitos reservados.



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» Acima: Pipe Light » Ao lado: Sócios Triptyque


Foi h谩 dez anos, ap贸s se formarem na conceituada Escola de Belas Artes de Paris, que quatro jovens decidiram unir seus conceitos e ideais. O quarteto reuniu a brasileira Carolina Bueno e os franceses Greg Bousquet, Olivier Raffaelli e Guillaume Sibaud, dando in铆cio ao escrit贸rio franco-brasileiro Triptyque.

TRIPTYQUE


R e v i s t a Vo x e l . Tr i p t y q u e

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» Esquerda: Loducca » Acima: Harmonia 57


O grupo se conheceu ainda na Universidade, onde começaram as discussões sobre as possibilidades de trabalhar o espaço com a junção da arquitetura, design e arte. Depois de formados, vieram para o país natal de Carolina, o Brasil. Ficaram um breve período no Rio de Janeiro, antes de vir para São Paulo, onde se estabeleceram em 2000. A Triptyque atua nos mais diversos segmentos da arquitetura, com uma atuação global e uma equipe multicultural de arquitetos que trabalha em conjunto desenvolvendo os projetos. A produção da Triptyque é marcada por trabalhos autorais e multidisciplinares, em torno de temas contemporâneos de criação. “Acreditamos na prática da dissolução autoral, onde os diferentes repertórios, culturas e referências de cada um dos participantes se misturam, encontram e debatem para obter como resultante um só trabalho. A atuação dessas forças em conjunto resulta na arquitetura do Triptyque”, conta Carolina Bueno. Este ano, a Triptyque foi responsável pelo projeto da casa noturna “Sonique” (2009), localizada na agitada região da Augusta, em São Paulo. Luzes e fiações se misturam com as paredes de concreto e as molduras de neon monocromático. A convergência dos estilos presentes na casa caracterizam o estúdio. Em 2008 , o escritório foi responsável pelo projeto “Harmonia 57” (2008), um edifício sustentável, todo coberto por plantas. O edifício chama atenção, mas cria um diálogo interessante com os edifícios ao redor. Também são de sua autoria os projetos da loja de design de luxo “Micasa” (2004), que conquistou uma menção honrosa na Bienal de Arquitetura de São Paulo, em 2005, e a agência “Loducca” (2007). Os arquitetos ainda receberam menção honrosa em inovação, no Prêmio Abril “O melhor da arquitetura”, em 2008. E mais recentemente, foi premiado no Prêmio do Ministério de Cultura da França, o NAJA 2008, que revela jovens talentos da arquitetura.


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» Esquerda:

Linha “AQ Hayon” (2005), criada para a Artquitect


Cada projeto de Jaime Hayon é uma busca pela transgressão dos limites entre a arte e o design. A característica peculiar do artista é possuir uma enorme habilidade em transitar e dominar diversas áreas: toys, ambientes, interiores; nada escapa ao artista espanhol. Com um estilo auto proclamado como “barroco mediterrâneo digitalizado”, Hayon é, antes de tudo, um artista experimental.

Jaime

HAYON


R e v i s t a Vo x e l . J a i m e H a y o n

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É uma estrela em ascensão no cenário internacional desde que passou a se dedicar somente a seu próprio estúdio em 2004. A rápida ascensão e seu respeitado currículo, já lhe rendeu inclusive o titulo de possível sucessor de Philippe Starck. Nascido em Madri, em 1974, estudou design no Istituto Europeo Di Design, depois ganhou uma bolsa para estudar em Paris. Após sua graduação, foi convidado para trabalhar na Benetton’s Fabrica, o concorrido centro de pesquisas montado pela Benetton, em Treviso, Itália. Um ano depois, no campo das pesquisas, foi apontado como responsável pelo setor de design. Os projetos dirigidos por Hayon foram exibidos em galerias por toda a Europa. Ele cita que esta época foi marcante em sua carreira, pois os projetos ecléticos realizados no centro marcaram sua trajetória conceitual e multidisciplinar. A experiência e nome adquiridos na Benetton’s Fabrica foram suficientes para que Hayon se dedicasse ao seu próprio trabalho. Mudou-se para Barcelona, onde criou produtos que inclui uma linha para a indústria japonesa de brinquedos Toy2R. Mas foi no ano anterior que abriu espaço e ganhou muitos de seus admiradores.


Âť Linha para a indĂşstria japonesa de brinquedos Toy2R


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» Linha “AQ Hayon” (2005), criada para a Artquitect


A exposição “Mediterranean Digital Baroque”

o agrade começa uma árdua e minuciosa

(2003) mostrou sua famosa série de cactos

pesquisa, procurando materiais, formas, cores,

coloridos

para assim deixar-se envolver em sua fantasia.

feitos

em

cerâmica

e

desenhos

exuberantes na parede, caracterizando o estilo inovador do artista.

Seu lançamento no circuito comercial aconteceu com a linha “AQ Hayon” (2005), criada para a

Hayon não se prende a convenções, mas nem

Artquitect. A idéia foi transformar o ambiente

por isso abre mão de um toque clássico em suas

branco e sem-graça do banheiro em uma

criações. A apreciação do passado é algo crucial

explosão de formas assimétricas.

em seu trabalho. Acredita que manter um olho no passado é revelador, assim como é necessário

No mesmo ano, fez uma exposição sobre o

pensar no futuro. É esse o balanço que busca para

mundo perdido do circo, com personagens

representar o “agora”.

intensos e fronteiras distantes. Para ele, esse projeto, muito mais que a exposição,

Consegue criar obras que nos transportam para

é

o século passado e ao mesmo tempo envolver-

sua liberdade artística. No projeto, tudo

nos em um ambiente futurista. Para criar suas

se conecta aos personagens do circo; a

obras temáticas, passa por um longo processo

explosão de cores circense são substituídas

de criação. Desenha constantemente e mantém

pelo elegante contraste entre o preto, branco

diários de tudo que o rodeia sendo estes o seu

e dourado, dando início ao novo mundo de

ponto de partida. Após selecionar um tema que

Hayon, o “Mon Cirque” (2005).

também uma metáfora que simboliza


18

» “Mediterranean Digital Baroque”



20


» Esquerda: Instalações extravagantes para a célebre fabricante italiana “Bisazza” » Superior Direita: “Green chicken” » Acima: “Crystal Candy” para “Baccarat”


22

1

2

1

3


No ano seguinte, lançou a coleção “BD

Para ela, realizou há pouco uma sofisticada

Showtime” (2006), inspirada nos musicais

série de objetos, como vasos, pequenas

clássicos da MGM. Mostra como formas que

esculturas e espelhos.

supostamente não deveriam combinar coexistem com elegância. De lá para cá, realizou vários

Também tem criado para a célebre fabricante

outros trabalhos, sendo o mais recente uma

italiana

série de vasos de metal e cerâmica para a Gaia

extravagantes, com objetos e personagens

& Gino, da Turquia.

gigantes e abuso das cores pretas, brancas e

Bisazza,

apresentando

instalações

douradas. Outra instalação onde a realidade é Desde 2006, Hayon é também diretor de arte da

alterada e o ambiente fica longe do convencional,

Lladró, fabricante de porcelanas de Valência.

ao melhor estilo de Jaime Hayon.

3

(1) Exposição sobre o mundo perdido do circo, “Mon Cirque” (2005) (2) Vasos gradeados para Gaia e Gino (3) Coleção “BD Showtime” (2006), inspirada nos musicais clássicos da MGM


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Neto de um escultor e filho de um desenhista, não havia muitos meios de Marcelo Teixeira esquivar-se do mundo das artes. “Sou fruto de uma família mineira maravilhosa, muito religiosa a qual devo tudo que tenho e sou. Desde pequeno me envolvi muito com arte, desenhando em um caderninho tudo o que me rodeava”, conta.

Marcelo

TEIXEIRA


Âť Acima: Interior do jato executivo Phenom 300, foto: Embraer (2005)


26 R e v i s t a Vo x e l . M a r c e l o Te i x e i r a


» Esquerda: Interior do Loft de HSA Foto : Rodrigo Albano (2009)

» Topo: Ilustração conceito do exterior de aeronave (2008)

» Acima: Interior do Jato Executivo Lineage 1000 Foto : Acervo Embraer (2006)

» Páginas 28 e 29: Interior do Jato Executivo Legacy 500 Foto: Acervo Embraer (2007)

Por estar envolto nesse ambiente artístico desde pequeno, com apenas 15 anos, Marcelo participou de um concurso de ilustração a giz pastel e foi selecionado para estudar artes no Japão, onde representou o Brasil em uma exposição em Tóquio. Após esse período, montou sua primeira empresa, a NativoSilk, onde trabalhou criando estampas e ilustrações para empresas de renome no país, iniciando um trabalho conceitual e experimental no desenvolvimento de produtos. Resolveu, então, cursar Arquitetura “Foi uma decisão super acertada em minha vida, pois além de tratar de uma ciência apaixonante abriu-me um leque de opções inimagináveis”, diz.


28



30

Em 1999, fez sua primeira exposição individual.

No ano de 2008, Marcelo foi responsável

Meses depois ingressou na Embraer - Empresa

pela criação do Advanced Design Studio, um

Brasileira de Aeronáutica S.A. Em 2003, foi

departamento focado em Design Estratégico

convidado a liderar o time de Design da Aviação

e inovação na concepção de novos produtos

Executiva, sendo responsável pelo redesenho

da Embraer.

do interior da primeira aeronave executiva da empresa, o Legacy 600, e o primeiro conceito do

Este ano, Marcelo pretende prosseguir com

“VLJ - Very Light Jet”.

os seus projetos de design e de arquitetura, além de continuar ministrando palestras e

Nos anos de 2005 e 2007, Marcelo gerenciou cinco

novos

projetos:

“Phenom

100”

cursos. Também está reunindo diversas peças,

e

juntamente com as suas filhas (Mel de dois

“Phenom 300”, na Califórnia, junto ao escritório

anos e a Heloá de quatro anos, que quer ser

de design BMW DesignworksUsa; “Lineage

além de bailarina, designer da Hello Kitt),

1000”, em Londres, junto ao escritório de Design

para comemorar os dez anos da sua primeira

“Legacy 450” e “Legacy

exposição “Trata-se de uma big exposição cuja

500”, novamente na Califórnia, junto ao escritório

temática é A Luz. Uma série que questiona

de Design BMW DesignworksUsa. De volta ao

de forma divertida e bem humorada a luz que

Brasil, foi responsável pela criação do Embraer

projeta ou é projetada de objetos do cotidiano.

Design Studio, um grupo multidisciplinar cuja

Aguardem”. Com certeza, aguardaremos.

Priestman Goode;

responsabilidade é de conceber, desenvolver e especificar todos os produtos das unidades e de negócio da Embraer.


» Superior Esquerda: Tamanco “Não me A Mola!” Foto: Veriano Miura (1995)

» Centro: Sandália “Casulo” Foto: Veriano Miura (1998)

» Superior Direita: “Punk Rock Shoes” Foto: Veriano Miura (1998)

» Ao Lado “Urban Chair” Foto: Demétrio Campos (2003)


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» Acima: Série de espetáculos “Contos Clássicos“

» Página 34: Cenografia para o projeto da “Roda Skol” (2008) Série de espetáculos “Contos Clássicos“ Comunicação para o projeto Nokia Trends “Mob Jam” (2008)


M’BARAKÁ É uma palavra de origem Tupi que significa o som que emana do maracá. Em seu conceito a palavra representa a gênese. Assim, a filosofia do grupo multidisciplinar M’Baraká - Experiências Relevante consiste em misturar sementes, que no pulsar do maracá geram novas idéias e novas experiências.


34 R e v i s t a Vo x e l . M ´ B a r a k a


Criada por Diogo Rezende, designer, e Isabel

baseadas no que hoje se convencionou de

Seixas, produtora cultural, a empresa foi

marketing de experiência. Atuamos em duas

responsável, entre outros, pelo projeto da Roda

grandes áreas isoladamente e/ou em conjunto,

Skol 2008 e pela Instalação Touch para o projeto

são elas: Planejamento de Experiências e Design

Nokia Trends Mob Jam, também em 2008.

de Experiências. Dividindo-se, respectivamente,

Confira entrevista com Diogo Rezende.

nos seguintes serviços: criação de projetos culturais (com foco na renovação / interação

[Voxel]

Quando

e

como

começou

a

entre linguagens); consultoria em marketing

empresa?

cultural e planejamento de comunicação /

Conceitualmente, a empresa foi se moldando de

instalações (com ênfase digital), cenografia e

maneira informal, através de projetos e trocas de

motion graphics.

experiências dos sócios (Diogo Rezende e Isabel Seixas), que se conhecem desde os tempos de

[Voxel] Quais foram os trabalhos mais

escola. Há cerca de três anos, formalizamos

importantes realizados pela M’Baraká?

a empresa. Isso quando percebemos que

Até o momento, em termos de aprendizado e

nossa visão sobre a união de Cultura e

relevância para o portfólio foram: Expo Seliga

Design - conteúdos e estéticas - poderia nos

(mostra científico cultural sobre a energia);

diferenciar num mercado onde há formatos

Vending Machine do Futuro para a Tetra Pak

muito padronizadas. Além disso, poderíamos

(instalação digital), em 2006; cenografia para o

implementar nossa filosofia sobre questões

projeto da Roda Skol 2008; Instalação Touch

como

diversidade,

para o projeto Nokia Trends Mob Jam, em 2008;

estética, etc. No caminho, tivemos padrinhos,

e a série de espetáculos Contos Clássicos (hoje

fadas, parceiros.

em sua terceira temporada).

[Voxel] Qual foi a trajetória da M’Baraká?

[Voxel] Há algum novo projeto que você

Já tínhamos projetos em comum, nossos e

queira nos contar?

de parceiros, quando criamos a empresa. O

O ano de 2009 promete na área cultural. O

primeiro ano da M’Baraká foi o ano do Design de

projeto Contos Clássicos realiza sua terceira

Instalações Interativas. Em cultura, estávamos

temporada. Como desdobramento do seu

apenas planejando projetos. No ano seguinte, as

sucesso, temos um novo espetáculo de literatura

áreas se nivelaram, tendo contratos de consultoria

+ musica + artes cênicas, uma versão brasileira

em cultura e diversas experiências vindas da

da série chamada Contos Clássicos Brasileiros.

área de design. O portfólio de design cresceu

Temos uma instalação em parceira com artistas

muito com clientes como AMBEV, NOKIA, FIAT,

plásticos no Rio, misturas com moda, música e

PETROBRAS, etc. Atualmente, as duas áreas se

arte digital em uma instalação itinerante. Projeto

complementam e estão equiparadas em termos

de música instrumental no Copacabana Palace.

de demandas e resultados.

No mais, seguem as consultorias em mkt cultural,

experiência,

conteúdos,

um esforço direcionado para a realização de

[Voxel] Em que áreas a empresa atua?

nova edição do projeto SeLiga!, novas idéias e

Todos os nossos “serviços” e “produtos”

projetos. Estamos em busca de novas parcerias

resumem-se no desenvolvimento de estratégias

para criação de experiências de marca.


36

» Acima: Série “StiltHouse”


Teias de madeiras sobrepostas formam instalações, pontes, esculturas e como veias irrigadas por força e impacto, fizeram a história de Arne Quinze. Cada sobreposição de peças sobrepõe também as duas características marcantes e assumidas da personalidade do arquiteto belga: caos e paixão.

Arne

QUINZE


38 R e v i s t a Vo x e l . A r n e Q u i n z e


» Páginas 38, 39, 40 e 41: Construção “Unichronia” (2006), gigantesca escultura desenvolvida para o “Burning Man Festival”, deserto de Nevada (EUA)

Um estranho no ninho dos arquitetos clássicos, Arne veio do universo do graffiti, das ruas cujas estruturas mal elaboradas e a desigualdade social latente foram primordiais para desenvolver o pensamento que tem hoje. Este pensamento é o que faz a crítica mundial tomá-lo por um questionador contemporâneo, ao passo que alia arquitetura e design, criando a ideologia que dá vida a seus projetos. “Quando tenho uma nova idéia ou plano, preciso realizá-los. Caso contrário, sinto-me estressado e insatisfeito. É quase como se houvesse um furacão queimando dentro de mim e que precisa sair”. Dessa forma, Arne Quinze tornou-se o criativo à frente do Studio Arne Quinze e da agência Quinze & Milan, localizados em Kortrijk (Bélgica), empregando 80 funcionários em um complexo de 10 mil metros quadrados. O furacão de Arne queimou logo de início, a partir do sucesso obtido na queima da construção “Unichronia” (2006) – em que o belga construiu e queimou uma gigantesca escultura para o “Burning Man Festival”, no deserto de Nevada (EUA). Apesar de toda a ousadia de seu talento, restam aqueles lampejos livres e autênticos do homem que afirma estar “apenas seguindo seus impulsos artísticos”. Arte e Arquitetura estão em paixão fulminante nas obras de Arne Quinze. Tanto é o seu conceito, tanta é a ideologia, que se faz mais cabível chamar de obra-de-arte quaisquer de seus


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projetos, até mesmo a recente escultura realizada

Muito de sua revolução e colaboração para o

para a loja Louis Vuitton, em Munique (Alemanha),

pensamento moderno foi deixado na história

em que 12 metros de arte cobriam as cabeças dos

com a exposição realizada com o fotógrafo David

passantes, vendedores ou consumidores. Esse

LaChapelle, em Miami, onde apresentou seu

experimentalismo está nítido em seu estudo de

“Stilthouses & Bidonvilles” (2008) ao público

referências, em que consta, principalmente, o grupo

americano. As favelas e bidonvilles [favelas na

de artistas contemporâneos do qual participam

periferia das cidades, especialmente na França

Miró, Picasso, Giacometti e Calder. Segundo Arne,

e África] são temáticas que captam grande parte

estes artistas também lutaram contra poderes mais

da atenção do arquiteto. Para Arne, estes dois

conservadores a fim de expressar-se livremente por

conjuntos habitacionais seriam uma espécie de

meio de seus processos criativos. “Ainda assim,

“casas arquetípicas”, por meio das quais se faz

esforçaram-se para criar algo polêmico, quebrar

uma paródia de nossa realidade cotidiana e a

barreiras, e foram além, criando uma arte que era

forma como estamos vivendo. “As cidades estão

necessária e não poderia ser ignorada em suas vidas.

se desenvolvendo com um fluxo interminável de

É exatamente assim que me sinto” – completa.

velocidade. Sem pensar, casas são construídas

» Páginas 42,43,44 e 45: Escultura realizada para a loja Louis Vuitton, em Munique (Alemanha)


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46


em um ritmo rápido e próximas às outras. Falta visão de sustentabilidade, funcionalidade dos edifícios, ruas, parques e cenários urbanos. Favelas e bidonvilles tranquilizam ou aceleram este processo intencionalmente provocando a comunicação aberta em uma sociedade de interação humana. Elas também simbolizam recortes de Beijing, Nova Iorque ou São Paulo. A única diferença entre as pessoas que vivem nessas capitais povoadas é a cultura e o cheque que recebem a cada mês”. Arquiteto ou artista, para ele, esta é uma separação desconhecida. O campo onde houver paixão e idéias verá Arne Quinze alimentando-se de processos, habitações, organizações de vida e da maneira como vislumbra que devamos viver no futuro. A peça chave de sua filosofia, bastante clara em projetos como “Cityscape” (2007), já trouxe uma interação dinâmica em um bairro negligenciado e tem como base a comunicação. É claro que existe uma grande quantidade de discursos de arquitetos sobre “antecipar o futuro” e “quebrar barreiras” com seus projetos. Entretanto, a originalidade de Arne não está nisso, mas na projeção de uma sociedade idealista onde todos os indivíduos estão se comunicando e interagindo. “Meu objetivo é o de reunir pessoas e empurrá-los para um diálogo vigoroso. Minhas instalações são construídas para provocar reações e intervir na vida diária dos habitantes em confronto com a atração das esculturas”. Sem olhar para trás e procurando um futuro melhor para todas as sociedades, consta nos futuros projetos de Arne uma das grandes sacadas arquitetônicas que deve entrar para a história. Arne está projetando, nos Estados » Esquerda e acima: “The sequence”


» Série “StiltHouse”

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Unidos, “The Big Four Brige” instalada em uma antiga estrada de ferro ligando o sul de Louisville, Kentucky, com Jeffersonville, Indiana. Não apenas um elemento de ligação entre dois Estados, o projeto também funciona como um museu onde os jovens artistas poderão expressar-se. “A ideia é criar um espaço público onde todos possam obter novos impulsos de cada um dos outros. Mas isso é apenas um projeto, se eu tiver que escolher um projeto”. Apenas mais um projeto de Arne Quinze que certamente não será “apenas mais um projeto”.



50

Fernando Brandão diz que gosta de pensar que é um iconoclasta. Olha ao redor e busca maneiras de usufruir dos espaços para que se tornem menos medíocres e limitantes. Nas mãos de Brandão, a arquitetura serve não apenas para projetar os ambientes mas também a identidade de todos, pois ela pertence a todos.

Fernando

BRANDÃO

» Páginas 50, 51,52 e 53: Projeto premiado da Livraria Cultura Conjunto Nacional, São Paulo (2007)



52 R e v i s t a Vo x e l . F e r n a n d o B r a n d 達 o


Formado pela Faculdade de Arquitetura e

“A arte, a arquitetura, o humor, o amor, a

Urbanismo de Santos, em 1985, Fernando possui

compaixão, a generosidade e a realidade

uma vasta experiência no mercado corporativo.

medíocre que nos envolve também é uma fonte

“Orgulho-me do conjunto de meus trabalhos e da

de energia para reação e criação”. Criação que

trajetória de descobertas”, conta. Durante essa

recebe influências das obras grandiosas de Oscar

trajetória de descobertas tem recebido prêmios

Niemeyer e da modernista Lina Bo Bardi e que é

desde 1992. Carrega o título de responsável por

pensada em ambientes leves, muitas vezes com

filiais da Livraria Cultura, criando em cada uma

a companhia de Beethoven ou de muito Jazz.

delas ambientes que quebram o estigma da livraria comercial e se transformam em ambientes

A arquitetura de Brandão não é tradicional, ela

intimistas, lúdicos e um tanto caóticos.

tem em suas veias pura criatividade e ousadia, características do homem que afirma não

Pelo projeto da “Livraria Cultura Conjunto

temer o erro. Em seus projetos é perceptível

Nacional“

premiado

seu senso plástico. A permeação das cores

com o americano IDEABrasil2008, o europeu

é uma característica forte em sua obra e que

RedDot2008 e o brasileiro AsBEA 2008. Além

muito representa a identidade brasileira. “Minha

desses, o arquiteto recebeu o que chamou

originalidade

de “prêmio inusitado e muito especial” do

solidário com minha época, com as pessoas de

escritor português José Saramago. Em seu

minha época, minha cidade, meu país”, diz.

(2007),

Fernando

foi

blog Saramago escreveu uma crônica em que a Livraria Cultura é citada como uma obra de arte.

esta

em

ser

profundamente


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Gringo

CARDIA


» Esquerda: Cenografia do espetáculo “Nó”, Déborah Colker

Gringo Cardia é designer, artista gráfico, cenógrafo, arquiteto, diretor de arte, diretor de videoclipes, teatro, ópera e desfile de moda. Com a sua irmã, Gringa Cardia, ele comanda o escritório Mesosfera, no Rio de Janeiro.


56 R e v i s t a Vo x e l . G r i n g o C a r d i a


» Esquerda: Cenografia do espetáculo “Nó”, Déborah Colker » Acima: Cenografia para Show de Chico Buarque

[Voxel] Quem são os criadores do Mesosfera Design? Conte um pouco sobre a trajetória pessoal de cada um. Eu e minha irmã criamos a MESOSFERA DESIGN há uns 15 anos. Eu sou arquiteto, designer e diretor de arte e trabalho em várias áreas artísticas como diretor de arte e na criação da imagem de shows, peças de teatro, espetáculos de dança, capas de disco, vídeos, computação gráfica, desfile de modas e eventos e espaços especiais em geral. Atualmente tenho sido curador e feito projetos de museografia de alguns museus pelo Brasil. Em maio de 2009, também estréio o visual do novo espetáculo do Cirque du Soleil, no Canadá. Minha irmã vem da área de produção e educação artística, tendo trabalhado na escola de vanguarda Aldeia Curumim, em Niterói, e em produção de moda. [Voxel] Como foi o começo do escritório Mesosfera Design? Nosso escritório começou na cobertura de minha casa por alguns anos e depois nos mudamos para uma casa em Copacabana, onde estamos até hoje. Sempre escolhemos os oásis calmos da agitada Copacabana. No início fazíamos muitos trabalhos ligados a música e teatro, mas o campo aumentou devido a grande demanda da área visual em muitos segmentos. Sempre tivemos uma estrutura enxuta, pois gostamos de controlar a qualidade de nossos trabalhos nos


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mínimos detalhes. Temos muitos assistentes que trabalham conosco em várias áreas, desde arquitetura, cenografia, produção, design gráfico, computação gráfica e figurino. Ao total temos em média 30 assistentes colaboradores que são profissionais free lancers, que podem chegar a 50. Alguns são nossos funcionários efetivos. [Voxel] Qual foi a trajetória do escritório? A trajetória do nosso escritório foi sempre ascendente, mas sempre tivemos o cuidado de aumentar somente nas grandes produções e depois voltar a um quadro mínimo de empregados para termos um controle maior e menos gastos com nossa estrutura. Nossa equipe sempre está crescendo de acordo com a demanda dos trabalhos que atuamos. [Voxel] Em quais áreas ele atua? Atuamos em muitas áreas, desde a criação visual de capas de disco, cenários de shows, cenografia e programação visual de peças de teatro, espetáculos de dança, desfiles de moda, eventos e prêmios, vídeos e filmagens, filmes, exposições e atualmente na área de museografia e curadoria.


» Esquerda no topo: Cenografia do espetáculo “4X4 Vasos”, Déborah Colker » Esquerda e acima: Cenografia do espetáculo “Cruel”, Déborah Colker » Páginas 60 e 61: Exposição Hannover

Fizemos dois Museus de Telecomunicações, um no Rio e outro em Belo Horizonte. O “Espaço OI FUTURO”, no Rio de Janeiro, tem minha concepção geral no espaço interno e visual do edifício. Tenho um trabalho visual também com vários grupos da periferia do Rio de Janeiro, como o Afroreggae e a Cufa – Central Única das Favelas entre outros.


60



62 » Esquerda: Cenografia para o Prêmio Brasileirão de Futebol » Acima: Cenografia para Show da banda Skank » Páginas 64 e 65:Museugrafia para o Museu das Telecomunicações


[Voxel] Quais são os conceitos aplicados

Cidade Negra, entre outros; Cenários para shows

em seus projetos?

da Roberta Sá, Ana Carolina, Lulu Santos, Maria

Os principais conceitos que coloco em meus

Bethânia, Margareth Menezes, Paralamas do

trabalhos têm a ver com o cliente que estou

Sucesso, Sandy e Junior, e outros; direção Geral

trabalhando. Procuro ser o tradutor visual do

para os shows Sandy e Junior, Xuxa, Leonardo;

meu cliente e dar um ar contemporâneo à

curadoria do “Museu das telecomunicações

imagem do que quero transmitir. Assim respeito

RIO E BH - OI FUTURO” (2006), “Exposição

os pontos de vista das pessoas que trabalho,

Estética

mas procuro sempre buscar um caminho visual

(2005/2007); “prêmios de música TIM” (2004/

diferente e que traga sempre a novidade para o

2005/2006/2007/2008); “Prêmio Brasileirão de

que estamos mostrando. Cada trabalho tem a

Futebol” (2005/2006/2007/2008).

da

Periferia

Rio

e

Recife”

sua característica e assim não posso generalizar. Quando faço a imagem de um disco ou cenário

[Voxel] Muitos falam sobre “quebrar barreiras”

de Maria Bethânia, por exemplo, tenho dentro

com os seus projetos. Como o seu trabalho

da minha concepção vários parâmetros que

continua se mantendo original?

vem dela. Com Marcelo D2, por exemplo, os

Meu trabalho sempre tenta buscar um pouco

parâmetros são outros, e por ai vai.

de estranhamento para fazer uma imagem mais interessante. Muitas vezes temos que

[Voxel]

Quais

foram

os

projetos

lutar para impor estas idéias, pois sempre

realizados pelo escritório?

são diferentes do que as pessoas estão

São muitos trabalhos, a lista é enorme.

acostumadas a fazer. Muitas vezes não

Podemos colocar os principais. Em exposições

podemos radicalizar e temos que manter

internacionais: “Exposição Pavilhão Brasileiro

um pouco a linha tradicional da pessoa que

em Hannover”, Alemanha (2000); “Exposição

trabalhamos. Isto tudo depende muito de uma

Amazônia Brasil” (Paris 2005/ Suiça 2006/ Munik

vontade pessoal de mudar e arriscar. Tudo em

2007/ New York - Manhatan 2008); Desfiles Fórum

trabalho artístico tem a ver com o risco, e

e Triton - São Paulo Fashion Week (2005/2006);

isso é a chave principal para você manter sua

Capas de CDs para artistas como: Chico Buarque,

criatividade. Você tem que ser diferente em

Maria

Daniela

um mundo dominado por imagens de todos

Mercury, Skank, Rita Lee, Marcelo D2, Vanessa

os tipos possíveis. Ao mesmo tempo você

da Mata, Marina Lima, Marisa Monte, Xuxa,

tem que se manter sempre focado nas coisas

Bethânia,

Carlinhos

Brown,


64


que você gosta e que te ajudam a traduzir

estréia mundial com o Cirque du Soleil 2009, em

tantas outras. Para manter minha criatividade,

Montreal, e depois sua excursão mundial por

gosto muito de olhar tudo, observar, andar na

15 anos, além disso, o novo Museu de Minas

rua e viajar pelo mundo. Aí se aprende como

Gerais chamado “MEMO Memorial das Minas

as pessoas mais simples e comuns, são

de Cultura”. Vamos fazer a museografia de um

criativas. A criatividade está em todo lugar

palácio do século XIX na Praça da Liberdade, em

e isso é muito importante para desmistificar

Belo Horizonte, que conta a história e a cultura de

muitas coisas e surpreender sempre com o

Minas Gerais através de mais de 40 instalações

simples, ou com o inusitado.

cenográficas e de tecnologia interativa. Este espaço inaugura em março de 2010.

[Voxel] Algum plano futuro que gostaria de nos contar? Nossos planos imediatos de futuro são a nossa


66

O ícone da marca Rosenbaum começou com Xica: a cadela de estimação do arquiteto e designer Marcelo Rosenbaum. Desde que apareceu em sua vida, Xica frequentava diariamente o escritório de Marcelo, tomando uma cadeira própria para as reuniões no escritório. Diante daquele olhar de cão abandonado e o carisma latente da Bull Terrier, os clientes de Marcelo passaram a ligar para o escritório perguntando muito mais sobre a cadela do que sobre qualquer projeto. Assim, Xica conquistou seu lugar nas fotos dos projetos Rosenbaum em toda a mídia brasileira: lá estava ela nos sofás, nas poltronas de couro, rolando nas estampas dos lençóis... “Ela acabou se tornando mais famosa do que eu. Já me pararam na rua e disseram: ‘Nossa! Eu vi uma cachorra dessas em uma revista de decoração!’. E eu respondia: ‘É ela mesma!’”.

Marcelo

ROSENBAUM


» Acima: Bobinex, coleção: “grafismo”, linha: “mata”, tema: “peixes”


68 R e v i s t a Vo x e l . M a rc e l o R o s e n b a u m



70

Para Rosenbaum, o que significa ter uma cadelinha nessa estrutura? Exatamente o que está projetado e refletido em todo o pensamento de sua obra: trazer o conforto, o ar acolhedor e a personalidade da vida traduzida em um espaço. Essa é a alma e a verdade para tudo que desenvolve. E, em 2009, está pronto para uma nova fase… Mandalas,

artesanato

» Topo: Projeto Jatobá, pastilhas “Bico de Jáca”

» Acima: Sofá “Coroa” » Acima e direita: Projeto do restaurante Dalva e Dito

» Páginas 70 e 71: Bobinex, coleção: “grafismo”, linha: “mata”, tema: “cipó” e linha: “azulejo”, tema: “pipa”

visual,

córolas,

tribais,

retalhos

arquitetônicos e o resgate de estruturas calcadas nas raízes brasileiras são o que caracteriza o teor “brasileiro” no trabalho de Rosenbaum. Hoje, a aliança original entre design de interiores, cenografia, arquitetura residencial e comercial não é mais conhecida como Rosenbaum Design, mas apenas ROSENBAUM (da Xica). Desde 1992, o escritório tem uma visão dividida em


duas frentes (por vezes intercaladas): o design e

Cordel e o colorido da Rosenbaum; as flores e

o conteúdo. Mas o grande ideal por trás destes

a renda; a estampa “Palha” bem tropical com

anos - o pensamento que atingiu marcas como

as folhas do Pau Brasil e a profusão de cores

a TV Globo, Leroy Merlin, Suvinil, Tok & Stok –

das frutas. A partir do trabalho de licenciamento,

foi o foco na sensação do “morar”, diminuindo

o escritório ainda viu a possibilidade de criar a

a distância entre o público geral e os projetos

partir dessas estampas: potes de plástico, capas

do arquiteto: “Hoje sentimos mais segurança em

de caderno, louças, cerâmica, copos de vidro,

chegar mais próximo das pessoas a quem tanto

guarda-chuvas, cúpulas, cadeira de praia e

defendemos, por isso estamos criando uma nova

roupa de cama.

marca: a Rosenbaum De Coração”. Acompanhando esta criação, Marcelo deu um A Rosenbaum De Coração quer multiplicar

passo adiante. Além das toalhas de plástico,

os pensamentos de brasilidade, autoestima,

a parte de “conteúdo” também está latente no

cultura popular, inclusão e memória de Marcelo

projeto – em forma de um programa de rádio (na

Rosenbaum. Prova disso, é que a Rosenbaum

Rádio Globo AM), sendo transmitido para São

De Coração já nasceu com a criação das

Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Para um

famosas toalhas de plástico estampadas por

programa que informa dicas de decoração na

ele. “Sempre quis fazer essas toalhas que tem

rádio (logo após o programa do Padre Marcelo

na Teodoro Sampaio, Piraporinha, na esquina

Rossi), em apenas 2 minutos, a audiência de

da 25 de Março… e estão na mesa de todas

Rosenbaum De Coração bate todos os recordes:

as casas! Estamos em parceria com o Grupo

“É uma tentativa de misturar o meu universo

Cipatex - uma das melhores do mercado neste

com o das outras pessoas: um trabalho de

produto - e, para se ter uma idéia do volume,

“formiguinhas”... Isso, no final das contas, acaba

eles produzem 400 mil metros por estampa! É

trazendo resultado com certeza!”.

muito Brasil usando!”. Dando vasão ao que realmente acredita, Rosenbaum mesclou nas

Sejam

estampas alguns elementos que, afirma, “não

desenhos indígenas subindo pelas paredes,

formiguinhas

subindo

nas

toalhas,

economizam na alegria”: o xadrez, bastante em

certamente a cadelinha Xica deve estar abanando

voga na moda brasileira, incorpora o grafismo de

o rabo de orgulho de seu dono. Ou vice-versa.


72

» Acima: Projeto Complexo Natura (Foto: Lucia Loeb) » Páginas 74 e 75 Projeto Centro de Pesquisas e Tecnologia da Mahle Metal Leve (2008) (Fotos: Nelson Kon e Damiano Leite - foto maior)


O estilo reservado de Roberto Loeb contrasta com as suas obras. Sua arquitetura erguese imponente, quebrando a monotonia dos edifícios construídos em concreto. Não cita muitos que influenciaram sua carreira, mas diz que se inspira e busca construir espaços que, além de serem tecnicamente eficientes e sustentáveis, façam diferença na alma e no desenvolvimento humano, alimentando a imaginação e a esperança.

Roberto

LOEB


74 R e v i s t a Vo x e l . R o b e r t o L o e b



76

Roberto formou-se pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie, em 1965. Durante o curso, estagiou no escritório Rino Levi, onde aprendeu a desenhar e observar a criação e desenvolvimento do pensamento arquitetônico. Após esse período estagiou no escritório do arquiteto Fábio Penteado, onde aprendeu a questionar e explorar conceitos e idéias de forma criativa e estimulante.

» Centro da Cultura Judaica (2003) (Fotos: Guinter Parschalk detalhe: Sofia Mattos)


Já no final do curso, foi recebido no escritório

Entre eles, possivelmente o mais comentado

do arquiteto Telesforo Cristofani.

Recebeu a

é o projeto e desenvolvimento do “Centro da

medalha de prata na Bienal de Arquitetura de São

Cultura Judaica” (2003), um edifício onde duas

Paulo, em 1963, com o projeto do “Restaurante

torres de concreto de nove metros se unem a um

Fasano”, no Centro de São Paulo.

corpo central de linhas sinuosas.

Formado em 1964, começa a desenvolver

Em 2002, Roberto foi premiado como Melhor

uma trajetória repleta de projetos e exposições

Arquiteto Estrangeiro no Concurso Internacional

grandiosas. No mesmo ano de sua formatura,

de Criatividade oferecido pela União Nacional

junta-se aos arquitetos Flávio Mindlin Guimarães

dos Arquitetos da Ucrânia.

e Marklem Siag Landa e abre seu primeiro escritório. Nos dez anos em que trabalharam

Na vida pessoal, Loeb conta que acredita na

juntos, fizeram os projetos e montagem de 40

amizade e no amor, tem seis filhos e cinco

exposições em pavilhões do Brasil na America

netos, gosta de ler, de escrever e de atuar

Latina, Europa, Estados Unidos e África, a

em projetos de natureza social, pois acredita

serviço do Itamaraty / Ministério das Relações

que pode contribuir para a construção de

Exteriores do Brasil.

um país mais justo e melhor para todos. Igualmente grandioso.

Em 1973 / 74 começa o projeto do seu escritório independente. Desenvolveu diversos trabalhos, que afirma ser igualmente importantes para a sua carreira, como o “Santander Cultural”, em Porto Alegre – RS (2002), o “Itaú Cultural”, em São Paulo – SP (2002), e “Centro de Pesquisas e Tecnologia da Mahle Metal Leve” (2008).


78

Durante sua trajetória, Ricardo Ohtake tornou-se (ou tornaram-no, como prefere dizer) um dirigente cultural. Designer, formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, Ohtake foi o primeiro diretor do Centro Cultural São Paulo, diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) e da Cinemateca Brasileira, Secretário de Estado da Cultura e Secretário Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Atualmente, é diretor do Instituto Tomie Ohtake.


» Ao lado e páginas 80 e 81: Intituto Tomie Ohtake

Ricardo

OHTAKE


R e v i s t a Vo x e l . R i c a r d o O h t a k e

80

Localizado na cidade de São Paulo, o Instituto

que a sustente, só o espaço que ocupa é um

Tomie Ohtake tem como objetivo fomentar

comodato do Laboratório Aché. Portanto, a cada

variadas formas de expressão cultural. A

cópia xerox que se vai tirar, ou a cada vez que

arquitetura do Instituto é caracterizada pelos

se acende a luz, é necessário que se vá buscar

traços de vanguarda, mas com formas futuristas,

o recurso para isso... Portanto, é uma instituição

marcas do arquiteto Ruy Ohtake, responsável

que tem que pensar na folha de pagamento,

pelo projeto.

Ao inserir o instituto em um

nas contas de telefone etc, e nas despesas de

complexo com dois prédios de escritórios e

todas as atividades que faz. Para isso, tem um

um centro de convenção, interligados por um

trabalho de prestação de serviço para gerar

hall, Ruy Ohtake foi inovador. O projeto reflete

recursos aos gastos fixos e outro, de captação

o conceito contemporâneo de cidade, onde

de recurso pela lei Rouanet, para o pagamento

trabalho, lazer e cultura estão integrados. Confira

das atividades. São dois trabalhos penosos. Só

entrevista com Ricardo Ohtake.

aí pode-se programar a atividade, e dentro de alguns princípios que o Instituto adotou: trabalhar

[Voxel] Como o senhor vê o Instituto Tomie

com o período da arte produzida entre 1950 e a

Ohtake em relação à cultura brasileira?

atualidade (vai além, quando serve para explicar

O Instituto Tomie Ohtake é muito novo, tem

o período); além de artes plásticas, desenvolver

sete anos, e ainda por cima, é uma instituição

projetos dentro de arquitetura e design; realizar

que não tem banco, empresa ou governo

exposições, pesquisa, publicações e vasta


atividade educacional. Hoje, o Instituto Tomie

formalização, como os caixotes, têm que ser

Ohtake tem uma intensa movimentação que

renovados.

se por um lado exige muito trabalho, permite uma extraordinária satisfação por ter resultados

[Voxel] Algum projeto futuro que gostaria de

consistentes

nos contar?

e

conquistas

surpreendentes.

Qualquer dia eu conto.

A minha atividade maior é no Instituto Tomie Ohtake, mesmo a de design gráfico que continuo

[Voxel] Como o senhor vê a relação entre arte

a desenvolver, mas para esta entidade. Então

e arquitetura?

algum projeto futuro tem a ver com a instituição

É tudo parecido, embora arquitetura contém a

e aí posso falar, numa revista de arquitetura e

idéia de uso que a limita.

design, que a uma exposição do designer francês Patrick Jouin, outro da coleção de cartazes

[Voxel] Qual a importância da aliança entre

da época do Toulouse-Lautrec e de 1980 para

arquitetura e design gráfico?

cá, do Museu de Chaumont, na França. E em

Quando design gráfico sabe conversar com

2010, uma exposição de dois arquitetos: o

a arquitetura, ele se torna mais amplo, muito

Jean Prouvé, importante nos anos 50 e Renzo

mais interessante. Porém, como em arquitetura,

Piano, numa mostra que o Centro Pompidou

existem os trabalhos com caráter autoral, e aí se

está fazendo especialmente para o Instituto,

dá a conversa dos princípios que é importante.

em que traça o paralelo dos dois arquitetos que gostam de usar metal, têm preocupação

[Voxel] Qual é a sua visão da arquitetura

engenheirística, mas trabalharam com diferença

brasileira atual?

de meio século. Além de arquitetura e design,

O que prevalece e aparece mais nas revistas,

dois

nas aulas e nas palestras é uma lamentável volta

Dubuffet e Rauschenberg, e nacionais, Miguel

ao modernismo tal qual era em 40-50. A simples

Rio Branco, Saint Clair Cemin, e a dupla Dias-

retomada do racionalismo é um retrocesso. Acho

Riedweg, brasileiros com mais prestígio fora.

que é preciso ir para a frente, procurar outros caminhos e, embora uma série de princípios modernistas sejam fundamentais hoje, a sua

destaques

estrangeiros

futuros

serão


82

Lucas Isawa As luminárias-esculturas de Lucas Isawa foram criadas a partir da tradição japonesa koinobori (carpas coloridas de tecido ou papel, que quando vistas tremular contra o céu tem-se a impressão de estarem nadando contra a correnteza). A experiência de Isawa na área de design de interiores reforçou sua competência para a produção das luminárias-esculturas e a proposição dos diferentes efeitos de luz. Em seu trabalho, o artista transita com fluência pelas diversas manifestações das artes visuais. Luminárias-esculturas “Baiacu” – 70x140x20cm www.isawalucas.com

CUT!DESIGN Criada por Rute Reitzfeld, a CUT!DESIGN propõe criar em cada uma de suas peças algo inusitado, incorporando produtos de aço inox e prata com combinações em madeira, vidro, bambu, e design inovador. Pegador salada / gelo 24cm de comprimento www.cutdesign.com.br


PRODUTOS Evelyn Tannus Evelyn Tannus utiliza cerâmica porque é tridimensional e isso permite rodeá-la, pintá-la inteira, de revelar um lado e esconder o outro e, assim, fazer com que as pessoas tenham curiosidade em ver o que está atrás. Seu trabalho é autoral e é considerado pop, contemporâneo, punk, ilustrativo, delicado, ou seja, uma mistura que não pode ser bem definida. Mão - 23x10cm www.evelyntannus.com.br

Daniela Ktenas Os produtos de Daniela Ktenas sempre se relacionam com a natureza: vacas, cachorros, pingüins, nuvens ou árvores. O design é estilizado e possui poucos detalhes: linhas geométricas e curvas suaves, tudo bem minimalista. Daniela faz uso basicamente da resina e a fibra de vidro para executar suas peças. A resina é escolhida por seu brilho único, enquanto a fibra de vidro traz especial leveza ao material. Pingüim - 20x10cm daniela.ktenas@gmail.com


R e v i s t a Vo x e l . P r o d u t o s

84

Sandra Martinelli A peça “Poema Construído” faz parte da instalação “Paciência”, criada pela artista plástica Sandra Martinelli, em 2008. Composta em ferro e arame, “Poema Construído” celebra a existência de seu conceito: em um enorme elogio a Vinicius de Moraes e seu poema “O operário em construção”, que possui 200 linhas, Sandra reconstruiu o poema e o ilustrou textualmente em arame. A artista conseguiu unir definitivamente as artes plásticas à palavra, mostrando em linha e verso como ela é possível. “Poema Construído” - Sandra Martinelli - 0,63x2,54m sandraarte@gmail.com

VAZU O VAZU é um vaso de polietileno e poliéster,

totalmente

diferenciado,

extremamente moderno e sofisticado, cujo formato original é fino como uma folha de papel e com a adição da água se molda, transformando-se em um vaso para flores. Após o seu uso ele volta ao formato original podendo ser guardado. O Vazu é um produto criado e produzido observando-se princípios de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. Vazu - 24.5x14cm www.vazu.com.br


NOTUS Design A cadeira NOTUS retrata o conceito da simplificação da tecnologia. Seu processo de produção utiliza o corte a laser e dobras, resultando em uma cadeira composta por uma única peça, sem emendas e sem ferragens. Em seus aspectos formais traz como referência o código binário, ícone fundamental dos avanços tecnológicos. A diferencial do produto fica na curiosidade causada por seu visual moderno e diferenciado. Cadeira Notus - 43x81,5x42cm

A cadeira ELÍPTICA tem como referência o universo Pop Art. Ela reflete o humor e a irreverência típicos da nova geração, que cresceu em uma sociedade marcada pelas infinitas possibilidades. A cadeira Elíptica foi criada para as pessoas com esse espírito jovial, que buscam um estilo diferenciado, surpreendente e um tanto lúdico. Cadeira Elíptica - 101x80x45cm www.notusdesign.com


LIVROS 86

O livro Jean Nouvel by Jean Nouvel Complete Works 1970-2008 mostra uma coletânea dos trabalhos do artista, desde o início da sua carreira até 2008. Nouvel é um dos arquitetos contemporâneos mais importantes do mundo, responsável por obras como o “Museu do Quai Branly” (2006), em Paris. A capa do livro, feita de acrílico, foi desenhada pelo próprio Nouvel. De caráter exclusivo, apenas mil unidades da obra foram impressas. Editora Taschen 2 vol. / 898 páginas Autor: Philip Jodidio


Organizado

cronologicamente,

o

livro Architecture in the Twentieth Century reúne e coloca em perspectiva os trabalhos do século 20 que são referências para a arquitetura. A coletânea envolve os maiores arquitetos do século, incluindo os novos talentos. Ilustrado por centenas de fotografias, o livro mostra bem a plenitude dos projetos. A editora Taschen lançou uma edição expandida, com dois volumes, que traz mais fotos, mais arquitetos e muito mais sobre as tendências arquitetônicas. Editora Taschen 2 vol. / 608 páginas Peter Gössel / Gabriele Leuthäuser



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TOP SITES Olavo Tenório

90

“O seu estilo pode ser chamado de ‘musical’, uma vez que cada uma das suas figurações toca o espectador como se fosse um som” (A. H. Fuerstenthal). O site do artista Olavo Tenório hipnotiza logo de cara com as cores fortes utilizadas na arte que aparece na página de entrada. Além das pinturas, ilustrações e fotografias, podemos conferir a arte 3D, esculturas, luminárias, jóias e objetos. www.olavotenorio.com.br

Morphosis

Fundada em 1972, a Morphosis é uma prática interdisciplinar, que envolve a pesquisa e concepção de inovadoras residências, edifícios e ambientes urbanos. Dica: aguarde a tela inicial carregar por completo, ela demora um pouco. O site tem um visual bem simples e limpo, são os projetos que chamam atenção e fazem o acesso valer muito a pena. www.morphosis.com

Reac Japan

O visual moderno da loja online japonesa Reac Japan reflete bem os serviços que ele oferece. A navegação não é fácil, já que o site se divide entre a língua japonesa e o inglês. Entre os itens, vale a pena conferir as “Miniature Designer Chair Collection”, réplicas perfeitas de cadeiras criadas por designers e arquitetos famosos e que ficaram marcadas em nossa memória. www.reacjapan.com


Faro Design: FabrĂ­cio Pilar, 33 . 90450040 . Porto Alegre . Brasil F. 55 51 3333.1715 .

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