A Indústria do Holocausto - Norman G. Finkelstein.

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exclusiva dos judeus no Holocausto, com uma considerável perda do “capital moral” judaico. Terceiro: se os nazistas perseguiram tanto ciganos quanto judeus, ficava insustentável o dogma de que O Holocausto marcou o clímax do ódio milenar dos não-judeus pelos judeus. Da mesma forma, se a inveja dos não-judeus estimulou o genocídio judaico, não teria ela igualmente incitado o genocídio cigano? Na exposição permanente do museu, as vítimas não-judaicas do nazismo recebem apenas um tostão de reconhecimento.71 Finalmente, a agenda política do Museu do Holocausto foi também marcada pelo conflito árabe-israelense.

Linenthal, Preserving Memory, 241-6, 315.

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Apesar da “particular tendência judaica” (Saidel) do Museu do Holocausto da cidade de Nova York ter sido amplamente anunciada — as vítimas não-judaicas do nazismo desde o inicio foram informadas de que ele era “só para judeus” —, Yehuda Bauer fez um violento protesto sobre os limites da comissão, alegando que o Holocausto englobou mais do que as perdas unicamente judaicas. “A menos que isso mude imediata e radicalmente”, Bauer ameaçou numa carta enviada aos membros da comissão, “eu usarei todas as oportunidades que tiver para (...) atacar esta ultrajante decisão junto a todas as plataformas públicas ao meu alcance”. (Saidel, Never Too Late, 125-6, 129, 212, 221, 224-5). 71

Antes de servir como diretor do museu, Walter Reich escreveu um hino de louvor ao fraudulento Fr om Tim e I m m em orial, de Joan Peters, no qual afirmava que a Palestina estava literalmente vazia antes da colonização sionista.72 Sob pressão do Departamento de Estado, Reich foi forçado a se demitir depois de se recusar a convidar Yasser Arafat, agora aliado americano, para visitar o museu. Ao receber a oferta do cargo de vice-diretor, o teólogo do Holocausto John Roth foi convidado a renunciar em função de seu passado contrário a Israel. Repudiando um livro, originalmente endossado pelo museu, por incluir um capítulo sobre Benny Morris, o destacado historiador crítico de Israel, Miles Lerman, presidente do museu, confessou: “Pôr este museu em oposição a Israel — é inconcebível.”73 No rastro dos pavorosos ataques de Israel contra o Líbano em 1996, que culminou no massacre de mais de uma centena de civis em Qana, o colunista do Haaretz, Ari Sahvit, observou que Israel podia agir com impunidade porque “nós temos a Anti-Defamation League (...) o Yad Vashem e o Museu do Holocausto”.74 Para fontes, ver Finkelstein, Image and Reality, cap. 2.

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”ZOA Criticizes Holocaust Museum’s Hiring of Professor Who Compared Israel to Nazis”, em I srael Wire (5 de junho de 1998). Neal M. Sher, “Sweep the Holocaust Museum Clean”, na Jewish World Review (22 de junho de 1998). “Scoundrel Time”, no PS— The I ntelligent Guide t o Jewish Affair (21 de agosto de 1998). Daniel Kurtman, “Holocaust Museum Taps One of Its Own Top Spot”, na Jewish Telegraphic Agency (5 de março de 1999). Ira Stoll, “Holocaust Museum Acknowledges a Mistake”, em Forward (13 73


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