A Indústria do Holocausto - Norman G. Finkelstein.

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O famoso historiador e jornalista israelense Tom Segev observou em Haaretz que a campanha convergiu para um “terrorismo cultural”. Como historiadora-chefe da seção canadense do Departamento de Justiça dos Crimes de Guerra e Crimes Contra a Humanidade, Birn em seguida esteve sob ataque das organizações judaicas canadenses. Reclamando que eu fui um “anátema para a vasta maioria dos judeus deste continente”, o Canadian Jewish Congress (CJC) (Congresso Judaico Canadense) denunciou a colaboração de Birn no livro. Exercendo pressão sobre seu empregador, o CJC enviou um protesto junto ao Departamento de Justiça. Esta queixa, anexada a um relatório anterior do CJC chamando Birn de “membro da estirpe de assassinos” (ela nasceu na Alemanha), sugeria uma investigação oficial sobre ela. Mesmo após a publicação do livro, não cessaram os ataques ignominiosos. Goldhagen alegou que Birn, cuja vida profissional foi dedicada à perseguição dos criminosos de guerra nazistas, era uma alimentadora do anti-semitismo, e que eu era de opinião que as vítimas do nazismo, incluindo meus pais, mereciam morrer.48 Os colegas de Goldhagen no Centro de Estudos Europeus na Universidade de Harvard, Stanley Hoffmann e Charles Maier, seguiram pelo mesmo caminho.49

Daniel Jonah Goldhagen, “Daniel Jonah Goldhagen Comments on Birn”, em German Politics and Societ y (verão de 1998), 88,91n2. Daniel Jonah Goldhagen,”The New Discourse of Avoidance”, n° 25 (www.Goldhagen.com/nda2html) 48

Hoffman foi supervisor de Goldhagen na tese que se transformou em Hitler’s Willing Executioners. E, quebrando um sagrado protocolo acadêmico, ele não só escreveu uma entusiasmada resenha sobre o livro de Goldhagen para o Foreign Affairs, como denunciou A Nation on Trial como “chocante” numa segunda resenha para o mesmo jornal. (Foreign Affairs, maio/ junho de 1996 e julho/agosto de 1998.) Maier incluiu uma longa intervenção no web sit e H-German (www2.h-net.msu.edu). Por último, os únicos “aspectos dos desdobramentos desta situação” que Maier achou “realmente detestáveis e repreensíveis” foram as críticas a Goldhagen. Assim, emprestou “apoio a um subseqüente veredicto de maldade” no processo de Goldhagen contra Birn e deplorou minha argumentação como “uma especulação fantasiosa e inflamada” (23 de novembro de 1997). 49

Ao dizer que as acusações de censura não passavam de “boatos”, The New Republic alegou haver “diferença entre censura e um texto fora dos padrões”. A Nat ion on Trial foi endossado pelos melhores historiadores do holocausto nazista, incluindo Raul Hilberg, Christopher Browning e Ian Kershaw. Estes mesmos acadêmicos desmistificaram o livro de Goldhagen; Hilberg chamou-o de “inútil”. Padrões, na verdade. Considerem, finalmente, o padrão: Wiesel e Gutman apoiaram Goldhagen; Wiesel apoiou Kosinski; Gutman e Goldhagen apoiaram Wilkomirski. Conectem os participantes: esta é a literatura do Holocausto.


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