TCC arqurb Arquitetura de Interiores Residencial Inclusiva para Crianças com TEA

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Trabalho de Conclusão de Curso elaborado por Yasmin Franco Lopes

Arquitetura de Interiores Residencial Inclusiva Para Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)


Universidade Vila Velha, ES Arquitetura e Urbanismo Yasmin Franco Lopes

Arquitetura de Interiores Residencial Inclusiva Para Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Vila Velha-ES, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Vila Velha, 2021


Yasmin Franco Lopes

Arquitetura de Interiores Residencial Inclusiva Para Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Vila Velha-ES, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Aprovado em: 23 de Novembro de 2021. COMISSÃO EXAMINADORA

Prof.ª Larissa Letícia Andara Ramos. Universidade Vila Velha Orientadora

Prof.ª Melissa Ramos da Silva Oliveira Universidade Vila Velha Avaliador Interno

Patrícia Scarpelli Avaliador Externo


Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, que me dá todos os dias a vida, permitiu-me ter todos ao meu redor e me concedeu força e sabedoria. Agradeço à minha mãe que sempre me apoiou e me apoia em todos os meus projetos, e incansavelmente fez o possível e o impossível para realizar o sonho de me formar em Arquitetura e Urbanismo. Estendo o agradecimento à minha família e ao meu noivo Lucas, que estiveram presentes, dando-me força e estando em oração por minha vida em toda a caminhada. Vocês são a minha base para estar constantemente no caminho seguindo os meus sonhos. Aos meus professores, que durante todos esses anos se esforçaram para me ensinar, da melhor forma, o conhecimento necessário, particularmente neste período tão difícil que foi para todos devido à pandemia. Eles conseguiram se adaptar às novas formas de ensino e não deixaram a qualidade cair. Em especial, agradeço à minha orientadora Prof.ª Larissa Letícia Andara Ramos, por todo o auxílio e orientação durante esse processo, mergulhando de cabeça e aprendendo comigo sobre o meu tema.

Agradeço às minhas amigas Clara Sorrentino e Thaís de Oliveira Gabrieli pelo apoio nas horas de desespero e pela nossa trajetória durante o curso; à minha amiga e estudante de psicologia, Luana Bassani, que me ajudou em pesquisas e em dúvidas relacionadas às áreas específicas. Estendo também meu agradecimento ao meu amigo Victor Herique que tirou um tempo da sua semana corrida para me auxiliar na renderização das imagens que estão presentes nesse projeto. E, por fim, agradeço a todos que de alguma forma, sendo direta ou indiretamente, contribuíram para o meu crescimento como profissional e, principalmente, como pessoal.


Dedicatória Acessibilidade e inclusão sempre foram assuntos presentes na minha vida devido ao meu primo e ao meu avô. Desde pequena percebi que os dois, por serem mais próximos a mim, tinham dificuldade de se adaptarem a alguns lugares. Meu primo, por ser cadeirante e ter tido problema em seu desenvolvimento mental, e meu avô, que ao passar do tempo, com a idade e com o agravamento da diabetes, precisou se adaptar ao uso de bengalas graças à dificuldade de enxergar e de andar. Esse contexto familiar me fez perceber a dificuldade de locomoção de cada um. Há algum tempo, durante uma ida ao shopping com meu primo e família, percebi que os elevadores para cadeirantes só levam em consideração às cadeiras de rodas mais comuns no mercado. A cadeira de meu primo, por ser diferente e maior, não coube no elevador sem que tirássemos uma parte dela. Além disso, tivemos dificuldade para transitar pelos pavimentos do shopping, o que foi despertando em mim um olhar voltado para a acessibilidade e a importância da arquitetura inclusiva.

Por isso, dedico este trabalho de conclusão de curso a todos que necessitam de inclusão em todos os lugares; a todos os cadeirantes, os idosos e as pessoas com algum tipo de limitação, assim como os autistas. As pessoas com TEA podem não ter limitação física aparente, tais como meu primo e meu avô, porém, como veremos neste trabalho, aspectos mais sutis são tão relevantes para elas como os acessos infraestruturais para as limitações físicas.


Resumo

Abstract

A arquitetura interfere no modo de viver e sentir o ambiente, construído ou não. É um fator que influência direta ou indiretamente o indivíduo, incluindo suas emoções. Pensando nisso, compreender as necessidades da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas percepções sensoriais é importante para entender a influência que um ambiente, em especial aquele residencial, possa ter sobre ela e como fazer com que essa influência seja positiva, tornando a arquitetura de interiores inclusiva e amigável para a criança com TEA. Sendo assim, o presente Trabalho de Conclusão de Curso objetiva desenvolver uma proposta de arquitetura de interiores residencial inclusiva, a partir da adequação de uma unidade habitacional multifamiliar direcionada a uma família composta por um casal e um filho com diagnostico de Transtorno do Espectro Autista, buscando promover conforto, segurança, autonomia bem como auxiliar no desenvolvimento da criança. Para isso, considera-se a bibliografia existente sobre o tema e uma ampla análise da produção dos projetos habitacionais atuais, e como estes estão incluindo crianças com TEA, para assim, prezar por um projeto que atenda às necessidades vigentes desse público. Os resultados encontrados demonstraram que nem todos os elementos necessários estão presentes nas plantas analisadas dos apartamentos. Após análise do apartamento, realizou-se uma entrevista com a família de uma criança com TEA, onde foi possível perceber as necessidades dela e o que seria preciso na residência para melhor atender e ajudar no desenvolvimento dela, sendo com texturas, mobiliários, cores e iluminação.

Architecture interferes with the way you live and feel the environment, being it built or not. It is a factor that directly or indirectly influences the individual, including his emotions. With this in mind, realizing the needs of children in the Autism Spectrum Disorder (ASD) and their sensory perceptions is important to understand the influence that an environment can have on them and how to make this influence positive, making the interior architecture inclusive and friendly for the child with ASD. Thus, the present Course Conclusion Work aims to develop a proposal for an inclusive residential interior architecture, based on the adequacy of a multifamily housing unit aimed at a family consisting of a couple and a child diagnosed with Autistic Spectrum Disorder, seeking to promote comfort, safety and autonomy, in addition to stimulating the development of the child. Accordingly, we consider the existing bibliography on the subject and a broad analysis of the production of current housing projects and how these are incorporating children with ASD, so that we can appreciate a project that meets the current needs of this public. The results showed that not all the necessary elements are present in the analyzed plans for the apartments. After analyzing the apartment plans, an interview was carried out with the family of a child with ASD, where it was possible to understand the child needs and what would be needed in the residence to better serve and help the child’s development, with textures, furniture, colors and lighting.

Palavras-Chave: Arquitetura Inclusiva. Ambiente Construído. Transtorno do Espectro Autista. Arquitetura de interiores. Reforma.

Keywords: Inclusive Architecture. Built Environment. Autism Spectrum Disorder. Development. Remodel.


Curiosidade

Símbolo do Autismo: O quebra-cabeça representa a complexidade do autismo. As cores diferentes representam a diversidade de pessoas e famílias que convivem com o transtorno.

A cor Azul: A cor azul simboliza a maior incidência de casos no sexo masculino. Por isso, as crianças com TEA são chamadas carinhosamente de Anjos Azuis.


Sumário

1. INTRODUAÇÃO.........................................................................................................................................................................................................................................................12 1.1. Contextualização da pesquisa.................................................................................................................................................................................................................................12 1.2. Objetivos...........................................................................................................................................................................................................................................................13 1.3. Justificativa.......................................................................................................................................................................................................................................................14 1.4. Metodologia e Estruturação dos capítulos.................................................................................................................................................................................................................15 2. AUTISMO................................................................................................................................................................................................................................................................18 2.1. O Transtorno do Espectro Autista (TEA)...................................................................................................................................................................................................................18 2.1.1. Dados do Autismo, no Brasil e no Espírito Santo................................................................................................................................................................................................20 2.2. Percepção dos Sentidos....................................................................................................................................................................................................................................... 21 2.3. Arquitetura Sensorial e o Autismo..........................................................................................................................................................................................................................24 3. O AUTISMO E A ARQUITETURA DE INTERIORES...........................................................................................................................................................................................................26 3.1. Interação Social e Ambiência.................................................................................................................................................................................................................................26 3.2. Autismo e Ambiente Construído.............................................................................................................................................................................................................................28 3.3. Elementos que Estimulam os Sentidos.....................................................................................................................................................................................................................32 3.4. Materiais e Texturas............................................................................................................................................................................................................................................33 3.5. Conforto e Segurança para a Criança.......................................................................................................................................................................................................................34 3.6. Diretrizes de Projeto............................................................................................................................................................................................................................................35 4. ANÁLISE DA UNIDADE HABITACIONAL SELECIONADA..................................................................................................................................................................................................42 4.1. Unidade Habitacional selecionada............................................................................................................................................................................................................................43 5. PROPOSTA PROJETUAL.............................................................................................................................................................................................................................................48 5.1. Perfil Familiar..................................................................................................................................................................................................................................................... 48 5.2. Conceito e Partido...............................................................................................................................................................................................................................................50 5.3. Apresentação da Proposta.....................................................................................................................................................................................................................................50 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................................................................................................................................................70 REFERÊNCIAS...............................................................................................................................................................................................................................................................71


Lista de Figuras Figura 1 - Níveis do TEA .......................................................................................................... 19 Figura 2 - Luz brilhante e cintilante ......................................................................................... 27 Figura 3 - Quadros sensoriais ..................................................................................................27 Figura 4 – Compartimentação ..................................................................................................29 Figura 5 - Zona de Transição....................................................................................................30 Figura 6 - Espaço de Fuga .......................................................................................................31 Figura 7 - Diretrizes Básicas ...................................................................................................36 Figura 8 - Diretrizes Básicas para quarto de criança com TEA .......................................................37 Figura 9 - Diretrizes Básicas para sala de residência com criança com TEA .......................................38 Figura 10 - Diretrizes Básicas para banheiro de residência com criança com TEA ...............................39 Figura 11 - Diretrizes Básicas para varanda de residência com criança com TEA .................................40 Figura 12 - Planta Baixa do Apartamento ...................................................................................43 Figura 13 – Varanda ..............................................................................................................44 Figura 14 - Sala de Estar e Jantar .............................................................................................45 Figura 15 – Lucas Faustino Vieira .............................................................................................49 Figura 16 – Família Vieira ......................................................................................................49 Figura 17 - Planta de demolição/construção ...............................................................................50 Figura 18 - Planta de paginação de piso .....................................................................................52 Figura 19 - Planta de forro e iluminação ....................................................................................53 Figura 20 - Planta de Proposta de Layout ..................................................................................54 Figura 21 - Planta de Proposta de Layout Humanizado...................................................................55 Figura 22 – Perspectiva Sala ..................................................................................................56 Figura 23 – Perspectiva Sala ..................................................................................................57

Figura 24 – Perspectiva Varanda – Horta e Jardim Vertical.................................................58 Figura 25 – Perspectiva Sala de Atividades..................................................................... 59 Figura 26 – Perspectiva Sala de Atividades ....................................................................60 Figura 27 – Perspectiva Sala de Atividades .....................................................................61 Figura 28 – Perspectiva quarto casal – cabeceira e cama acolchoadas .................................62 Figura 29 – Perspectiva Quarto Casal – Painel Ripado..................................................... 62 Figura 30 – Perspectiva Quarto Casal – Espaço de Home Office .........................................63 Figura 31 – Perspectiva Quarto Lucas ............................................................................64 Figura 32 – Perspectiva Quarto Lucas............................................................................65 Figura 33 – Perspectiva Cozinha ..................................................................................66 Figura 34 – Perspectiva Cozinha ..................................................................................67 Figura 35 - Perspectiva da Cozinha - Permeabilidade Visual ...............................................68 Figura 36 – Perspectiva Cozinha – Permeabilidade Visual..................................................68 Figura 37 – Perspectiva Banheiro .................................................................................69


Lista de Tabelas Tabela 1 - Sentidos Humanos .................................................................................................. 22 Tabela 2 - Percepção dos Sentidos em Crianças com TEA: Hipersensibilidade e Hipossensibilidade ........23 Tabela 3 - Critérios do Autism Aspectss Design Index ..................................................................28 Tabela 4 - Elementos para Estimulação Sensorial..........................................................................32 Tabela 5 - Atividade para Integração Sensorial e Ambiência ...........................................................34 Tabela 6 - Situação de Risco Ambiental .....................................................................................35 Tabela 7- Critérios para Análise ..............................................................................................42 Tabela 8 – Análise dos Critérios .............................................................................................46


1. Introdução


1. Introdução 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA O presente trabalho visa compreender as necessidades de um ambiente residencial para uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) para que este permita um melhor desenvolvimento social e psicológico, e auxilie na promoção de aspectos sensoriais e de percepção, a partir da interação com o meio no qual está inserida. Como produto deste trabalho, será elaborado um material de referencial teórico e gráfico para um bom desenvolvimento de projetos de reforma de arquitetura de residencial para famílias de crianças com TEA.

É devido ao estudo das características mais evidentes do TEA que se percebe que grande parte dos projetos de unidades habitacionais não atendem as necessidades deste público, pois não foram pensados adequadamente para suprir as necessidades dessas crianças. Sabendo da influência que a arquitetura tem sobre seus usuários, foi possível unir conceitos da arquitetura dentro do campo de estudo visando a melhoria e o bem-estar das crianças com autismo. Com a união do estudo desse transtorno, será possível criar um projeto de interiores que contribua no desenvolvimento dessa criança, ajudando-a e estimulando seu desenvolvimento.

O TEA é um distúrbio neurológico que afeta o cérebro do indivíduo, sendo uma deficiência de desenvolvimento que pode acarretar outros problemas tais como dificuldades de relacionamentos sociais e diferenças comportamentais. Entretanto, pessoas com TEA podem se comunicar e interagir, porém, de forma diferente da maioria da população (CENTER FOR DESEASE CONTROL, 2020). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2017) e a Associação dos Amigos do Autistas do Espírito Santo (AMAES, 2017), os indivíduos com TEA são pessoas que se encaixam em grupo de condições caracterizadas por algum grau de alteração no comportamento social.

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1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral

1.2.2 Objetivos Específicos

Desenvolver um projeto de arquitetura de interiores para adequação de uma unidade habitacional que atenda às necessidades de uma criança com Transtorno do Espectro Autista, de modo a proporcionar espaços que estimulem seus aspectos físicos, sensoriais e perceptivos.

a) Compreender as principais características dos indivíduos com TEA e suas relações com o ambiente construído, a partir de suas características; b) Elencar aspectos sensoriais presentes na arquitetura de interiores que possam auxiliar no desenvolvimento da criança com TEA; c) Compilar critérios da arquitetura de interiores residencial que visam a qualidade de habitações multifamiliares para o público infantil com TEA; d) Propor estratégias projetuais para adequação de apartamentos visando a inclusão de crianças com TEA.

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1.3 JUSTIFICATIVA

Percebe-se a carência de pesquisas envolvendo planejamento e projetos de arquitetura de interiores residencial com vistas a projetar ambientes amigáveis aos autistas. Tal fato ocorre principalmente pela falta de diagnósticos precisos e pelo pouco esclarecimento desse transtorno. No decorrer da pesquisa, foi possível perceber que pouco se fala e se sabe sobre esse universo, em especial no âmbito da arquitetura e urbanismo. O universo dos indivíduos com TEA é amplo, porém ainda desconhecido e as pessoas com desenvolvimento atípico precisam de um olhar atento também do profissional arquiteto urbanista para que ambientes construídos possam ser inclusivos a todos. No Brasil, em 2019, foi sancionada a Lei 13.861/2019, que determina a inclusão de dados com informação sobre pessoas com TEA no Censo de 2020. A Lei 13.977/20, mais conhecida como Lei Romeo Mion - que institui a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, são as principais legislações sobre o tema.

O desejo de uma cidade e sociedade inclusiva sempre esteve presente na vida desta pesquisadora, especialmente reforçada pelo contato familiar com o seu primo, que possui um desenvolvimento atípico, não necessariamente o TEA. Entretanto, desde criança, sempre se percebeu que nem todos os locais que a família frequentava estavam preparados para receber pessoas com algum transtorno de desenvolvimento. Devido a isso, o tema sempre foi sensível à autora, e quanto mais se estuda e se sabe que existem leis que resguardam essas pessoas, mais se torna necessário esse tipo de estudo, os quais devem ser aplicados em projetos arquitetônicos, considerando as normas que precisam ser seguidas para que todos tenham uma melhor qualidade de vida.

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1.4 METODOLOGIA E ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS

Neste Trabalho de Conclusão de Curso (doravante TCC), foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica para criar uma base de referencial teórico com a finalidade de melhor compreender as principais características da pessoa com TEA. Para isso, a pesquisa foi baseada em estudos de autores como Juliana Duarte Neves, autora do livro Arquitetura Sensorial: A arte de projetar para todos os sentidos; o autor Julian Pallasmaa, com o livro Os olhos da Pele: A arquitetura e os Sentidos; e também algumas dissertações de TCC, como o de Aline Garavelo, com a monografia Autismo e Arquitetura – sede para a Associação Aquarela Pró-Autista, entre outros autores e canais especializados para o assunto. Para melhor compreender as características do indivíduo com o desenvolvimento normativo e com o desenvolvimento atípico, foram elaboradas tabelas descrevendo cada um dos sentidos humanos, com base em estudos dos livros e autores citados anteriormente e de outros referendados no decorrer do projeto. Para ilustrar e demonstrar algumas dessas características, como parte do processo de compreender o indivíduo, foi descrito e demonstrado com imagens ilustrativas as formas de estímulos de cada um. Para realizar análise de residência para que sejam amigáveis às crianças com TEA, foi criado um método de

análise da qualidade de unidades habitacionais para essas crianças, que foi aplicado na verificação do apartamento a ser reformado. Por fim, para realizar a reforma no apartamento escolhido, foi realizado um bate-papo com uma mãe de uma criança com TEA, onde foi possível perceber as necessidades dessa criança, o que seria ideal em uma residência pra ela, o que foi preciso reformar em sua casa e por que e também quais as alterações necessárias que ela acha necessárias mais que ainda não realizou, e saber das características principais da criança para melhor desenvolver um projeto para ela. Para desenvolver este TCC, à luz da Arquitetura Sensorial, os capítulos foram organizados da seguinte forma: No primeiro capítulo, apresenta-se a introdução, constando a contextualização da pesquisa, bem como os objetivos, a justificativa e a metodologia de análise. O segundo capítulo traz uma revisão bibliográfica do tema e divide-se em duas partes. A primeira aborda especificamente sobre o TEA, delineando suas características, seus níveis e graus de severidade; os dados do autismo no Brasil, no estado do Espírito Santo e mundialmente; e a percepção sensorial de pessoas com desenvolvimento normativo e as de desenvolvimento atípico.

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A segunda parte aborda a arquitetura sensorial em conjunto com o autismo, fazendo análises da arquitetura e entendendo como ela pode auxiliar na melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento da criança com TEA.

da unidade habitacional, criando a possibilidade de criar a amplitude necessária em cada ambiente e a possibilidade de criar novas funções e trazer pra dentro da residência segurança, conforto e a dinamicidade necessária para a melhoria na qualidade de vida dessa criança.

No terceiro capítulo, os temas abordados são o autismo e a arquitetura de interiores, a fim de analisar a integração sensorial que é possível fazer com materiais, texturas e a própria arquitetura construída. A reflexão permitiu visualizar as melhores formas de arquitetura sensorial e de interiores e de como a articulação dessas podem auxiliar no desenvolvimento da criança. É nesse capítulo também que são abordados materiais e texturas como elementos estimulantes para a percepção sensorial comprometida dessas crianças, prezando sempre pelo conforto e segurança dos indivíduos. O estudo se coloca em prática no quarto capítulo, ao ser feita análise de apartamento residencial de três quartos, com características similares àqueles lançados, nos últimos anos na Grande Vitória, pelo mercado imobiliário. Tal análise teve como base a tabela de critérios compilada pela autora para facilitar a verificação e, assim, propor a criação de uma residência confortável e segura para a crianças com TEA, prezando sempre pelo seu melhor desenvolvimento. E, por fim, no quinto capítulo, após conversa com a mãe de uma criança com TEA para melhor compreendê-los e conhecer o funcionamento da rotina da casa, da família e da criança. Entendendo e conhecendo o perfil da família, foi realizado o projeto em cima dos estudos e da entrevista com os pedidos da mãe levados em consideração, se fez necessário a realização de algumas mudanças no interior

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2. Autismo


2. AUTISMO 2.1 O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) Este capítulo apresenta dados e características do TEA, além de possibilitar a análise de comportamento e diferença da percepção dos sentidos nos indivíduos com desenvolvimento normativo - capacidade para compreender e atribuir estados mentais - e com desenvolvimento atípico - deficiência intelectual e transtornos na aprendizagem – no caso, crianças com TEA. Pessoas com o TEA possuem algumas características específicas que as definem, dentre elas, muitas estão relacionadas à percepção sensorial, e para essa especificidade a arquitetura sensorial vem contribuir para seu desenvolvimento. Diante disso, é preciso, primeiramente, lançar um olhar sensível às características do TEA para, assim, propor um Projeto de Interiores Inclusivo com foco em crianças com esse espectro.

O TEA é um distúrbio neurológico que afeta o cérebro do indivíduo, sendo uma deficiência de desenvolvimento que acarreta outros problemas, tais como dificuldades de relacionamentos sociais, comunicação e diferenças comportamentais. Entretanto, conforme afirma o Center for Disease Control (2017), as pessoas com TEA podem se comunicar, interagir e aprender, mas de maneira diferente da maioria da população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2017) e a Associação dos Amigos do Autistas do Espírito Santo (AMAES, 2017), os indivíduos com TEA são pessoas que se encaixam em grupo de condições caracterizadas por algum grau de alteração no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por um repertório restrito, estereotipado e repetitivo de interesses e atividades. Os sinais do transtorno começam a aparecer no início da vida do indivíduo, sendo mais perceptível na primeira infância, em crianças a partir dos 5 anos de idade e, normalmente, duram a vida toda. Em alguns casos, pode ser diagnosticado aos 18 meses de vida, porém, há outros casos que podem demorar até a adolescência para serem diagnosticados (OMS, 2017; AMAES, 2017).

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As características mais evidentes do TEA são as dificuldades com as habilidades sociais, o contato e o convívio com pessoas fora do seu vínculo familiar; as de ordem emocional, manifestadas em crises marcantes devido a fatores externos como agitação, barulho e nervosismo; e as de comunicação. Pessoas com TEA são bem reservadas e têm dificuldades de se socializar. Esses indivíduos com desenvolvimento atípico frequentemente podem ter condições comórbidas, como depressão, ansiedade, epilepsia e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e possuem níveis de intelectualidade variando de deterioração profunda a até casos com altas habilidades cognitivas. Segundo Garavelo (2018), o TEA possui três graus básicos fundamentados no nível de dependência do indivíduo (Nível 01- Leve; Nível 2- Moderado e Nível 3- Severo), conforme representados na figura 1.

Figura 1 - Níveis do TEA

Com esses dados, é possível perceber que crianças com desenvolvimento atípico precisam de um diagnóstico rápido e preciso para que possam receber acompanhamento necessário desde o início, visando melhorar sua qualidade de vida.

Fonte: Elaborado pela autora com base em GARAVELO, 2018

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2.1.1 Dados do autismo, no mundo, no Brasil e no Espírito Santo

Visto que o diagnóstico nem sempre é preciso, e por ainda não possuir testes clínicos e exames para a análise da criança e do transtorno, os dados são de difícil acesso e, muitas vezes, inexistentes devido a diagnósticos equivocados ou até mesmo pela falta deles. A ausência de diagnóstico exato acaba por inviabilizar uma estatística irrefutável. Entretanto, alguns dados coletados por órgãos especializados em estatística são apresentados a seguir por nível mundial, nacional e regional.

Mundial

Nacional

Regional

Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (2017), 1 a cada 160 crianças possui TEA. Já de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC – sigla em Inglês para Center for Disease Control - 2017) esse diagnóstico é de 1 a cada 68 crianças. Outro dado apresentado é da Faculdade Inspira (2019), a qual estima que existam 70 milhões de pessoas com TEA no mundo.

No Brasil, não há ainda dados oficiais censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Contudo, segundo o estudo Relatos do Autismo no Brasil (2013) e a Faculdade Inspira (2019), estima-se que existam 2 milhões de brasileiros com TEA.

No Brasil, foi sancionada a Lei 13.861/2019, pelo presidente Jair Bolsonaro, que determina a inclusão de dados com informações sobre pessoas com TEA no Censo de 2020, realizado pelo IBGE. Entretanto, esses dados ainda não foram coletados pelo Espírito Santo, devido à circunstância de Pandemia do Coronavírus, que dificulta o acesso às pessoas de forma presencial.

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A Autism Speaks¹, uma organização filantrópica que visa apoiar pesquisas a respeito do tema e famílias de pessoas com TEA, afirma que os meninos são quatro vezes mais diagnosticados com autismo do que as meninas. Ou seja, a cada quatro (4) meninos, uma (1) menina é autista. O TEA atinge a todos os grupos étnicos e socioeconômicos, porém, os grupos minoritários – classe média baixa ou média – tendem a ter diagnóstico mais tardio e de menor frequência.

2.2 A PERCEPÇÃO DOS SENTIDOS O ser humano possui diversos sentidos, entre eles, os mais conhecidos são o paladar, o olfato, o tato, a visão e a audição; os de menor conhecimento, porém muito importantes para o ser humano, são o sistema vestibular (movimentos) e o sistema proprioceptivo (senso do corpo no espaço) (PINHEIRO, 2020). Enquanto as pessoas com desenvolvimento normativo crescem com esses sistemas perceptivos considerados como graus normais, os indivíduos com TEA acabam por se diferenciar de outros indivíduos devido à sua forma de percepção sensorial, já que os neurotípicos - pessoas que não estão encaixadas no TEA – têm como base a percepção do espaço como um todo, enquanto a base de percepção das pessoas com TEA é fragmentada (NEVES, 2017; MOSTARDEIRO, 2019).

A cada 4 meninos, 1 menina é autista.

Com base em Pallasma (2011), Neves (2017) e Pinheiro (2020), foi elaborada a Tabela 1 com os principais sentidos da pessoa humana e suas características. A tabela, além de evidenciar os sentidos naturais do ser humano, explica cada um deles, mostrando a importância para o indivíduo, como eles funcionam separadamente e como se interligam.

¹ Site: https://www.autismspeak.org/about-us

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Tabela 1 - Sentidos Humanos SENTIDO

DEFINIÇÃO

REFERÊNCIA

Paladar

É o sentido de caráter mais social, pois as pessoas se reúnem para apreciar seu prazer coletivamente, que é se encontrar para refeições.

NEVES (2017)

Olfato

É possível que, só de sentir um cheiro, distinguem- se lugares, pessoas e comidas. Além disso, diversas lembranças são acionadas, já que o olfato é um sentido ligado à memória.

NEVES (2017)

Tato

Por meio de um toque, pode-se decifrar e sentir texturas, temperaturas e sensações, percebendo, ainda, se uma superfície está quente ou fria.

NEVES (2017)

Visão Audição Vestibular

Articuladas aos sentidos descritos na Tabela 1 e, segundo Gaines et al (2016, apud GARAVELO, 2018), as pessoas com TEA possuem suas percepções sensoriais divididas em duas: a primeira é a hipossensível, na qual a percepção sensorial do indivíduo é mais amena, e a segunda é a hipersensível, cuja percepção é muito apurada e intensa, conforme detalhes na Tabela 2. Vale enfatizar que a tabela 2 mostra os mesmos sentidos humanos representados na Tabela 1, porém abordando-os nas percepções sensoriais dos indivíduos com TEA, mostrando como eles se comportam no indivíduo com hipersensibilidade e com hipossensibilidade, e como as crianças reagem aos estímulos desses sentidos.

É o sentido mais relevante e confiável para o indivíduo, que também NEVES (2017) tem ligação com a memória. É pela visão que a pessoa consegue memorizar o que está vendo e manter como memória. É ela que nos conecta ao mundo exterior e interior. A audição permite que o ser humano seja capaz de se localizar e se direcionar PALLASMAA (2011) através dos sons que detecta no ambiente. É responsável pelo equilíbrio e postura da pessoa, permitindo ainda entendimento da escala e das proporções do ambiente, bem como da percepção do local.

É a capacidade que o corpo tem de avaliar a sua posição e de manter Proprioceptivo o perfeito equilíbrio quando parado, em movimento ou durante a realização de esforços.

NEVES (2017)

PINHEIRO (2020)

Fonte: Elaborada pela autora baseada nos autores citados na tabela.

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Tabela 2 - Percepção dos Sentidos em Crianças com TEA: Hipersensibilidade e Hipossensibilidade SENTIDOS

HIPERSENSIBILIDADE

HIPOSSENSIBILIDADE

Paladar

Alta seletividade quanto a alimentos que lhes são oferecidos, ingerindo somente alimentos com texturas, cheiros e temperaturas que são agradáveis para eles.

Olfato

· Através do cheiro, pode não querer sequer · Busca cheiros fortes, e pode se isentar chegar perto do que está com o odor. de algumas fragrâncias. · Alta sensibilidade a cheiros. · Não é sensível a cheiros.

Tato

· Sensibilidade a alguns tipos de tecidos. · Não gosta de ser tocado.

Visão

· Incômodos com luz intensa (sol) e cores · Gosta de cores brilhantes e luzes fortes. brilhantes. ·Não olha diretamente para pessoas e · Alto nível de distração. Mantém olhos fixos objetos; desvia o olhar. em algo ou alguém.

Audição

· Sensível a ruídos. · Identifica sons com mais facilidade. · Não gosta de ruído de fundo.

Possível dificuldade de alimentação ou ingestão de coisas que não são comestíveis, como terra, panos e pequenos objetos.

· Sente a necessidade de tocar as pessoas e objetos; toque excessivo. · Alta resistência à dor e a temperaturas extremas.

· Tende a não responder aos chamados. · Gosta e reproduz sons e ruídos altos.

Vestibular · Apresenta desequilíbrio. · Movimenta-se de forma excessiva e · Sente incômodo quando os pés não tocam o desnecessária. chão ou fica de cabeça para baixo. · Se anima com tarefas de movimento. Proprioceptivo · Postura corporal diferente e, na maioria das · Não consegue localizar a posição do corpo vezes, é desconfortável. no espaço. ·Dificuldade em manusear objetos pequenos. · Confunde as sensações, como a de fome. Fonte: GAINES, Kristi et al. Desingning for autism spectrum disorders. Routledge, New York. p.12005,2016. Apud GARAVELO, 2018

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2.3 ARQUITETURA SENSORIAL E O AUTISMO Neves (2017) defende que o arquiteto tem como objetivo a criação de um ambiente capaz de transportar, sensorialmente, o visitante ao mundo projetado para ele e conectá-lo aos valores subjacentes ao designer. A autora afirma também que o ambiente pode transmitir sensações, estimular os sentidos e trazer emoções.

Nessa perspectiva, outra contribuição vem da psicologia ambiental, cujo objeto de estudo é o comportamento humano em sua interrelação com o meio ambiente, contribui para pôr em relevo a relação entre os fatores e os elementos do ambiente como forma de influência sobre os sentidos. Tal concepção revela que a percepção e as ações da criança em relação ao meio a que está inserida é o que lhe permite a apropriação do espaço. Contudo, a ambiência é necessária, pois possibilita a materialização dessas características, já que são elas que expressam os sentidos humanos através das texturas, dos sons e das cores (GARAVELO, 2018).

Para Neves (2017), arquitetura sensorial é caracterizada por um ambiente cuja experiência envolve todos os sentidos humanos e a natureza, isto é, abarca o tato, a visão, o paladar, o olfato, a audição e o seu entorno. Assim, com esse tipo de arquitetura, pode-se exercer todos os sentidos, pois com um só ambiente é possível estabelecer uma conexão entre a pessoa e o espaço físico, trazendo memórias, sensações, segurança e conforto. A arquitetura sensorial, portanto, em muito pode contribuir para a elaboração de projetos voltados a uma criança com TEA, haja vista que esta precisa de estímulos gerados pelo ambiente, ou seja, é necessário que a criança se sinta conectada ao ambiente em que vive, sinta-se segura para que possa se desenvolver mental e socialmente. Com a integração sensorial, busca-se propor uma organização das informações que essa criança recebe pelos seus diversos sentidos, relacionando-os, a fim de serem utilizados nos exercícios para desenvolvimento de habilidades que essas crianças necessitam desenvolver, como a comunicação, a audição e o equilíbrio (GARAVELO, 2018).

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3. O Autismo e a Arquitetura de Interiores


3. O AUTISMO E ARQUITETURA DE INTERIORES 3.1 INTEGRAÇÃO SENSORIAL E AMBIÊNCIA Este capítulo trata da integração do autismo com a arquitetura de interiores e também mostra como a arquitetura influencia na estimulação sensorial dessas crianças, abordando aspectos que são possíveis para promoção desses estímulos.

Integração sensorial diz respeito a trazer a ambiência necessária para o local de modo que o indivíduo possa desenvolver e aprimorar seus sentidos (tato, olfato, visão, paladar, audição, sistema vestibular e proprioceptivo).

De acordo com a escritora Ellen Notbohm (2005, apud ANDRADE, 2012), a dificuldade de perceber os estímulos ambientais é um dos fatores mais relevantes para a inclusão social do autista. Essa característica o impede de dar uma resposta eficiente, o que configura um problema com a integração sensorial.

Segundo Mostafa (2013), em entrevista ao site ArchDaily, a independência precisa ser a palavra norteadora de todo projeto de acessibilidade e inclusão. Mostafa (2013) afirma que “a arquitetura tem um tremendo poder para ajudar indivíduos com autismo [...] ganha[re]m independência...”

Com isso, pode-se perceber que a criança com TEA precisa de estímulos para que desenvolva uma integração com o ambiente em que ela está inserida, a fim de se desenvolver social e mentalmente.

Por isso, ressalta-se que os aspectos ambientais, ignorados por pessoas com desenvolvimento normativo, como ruídos de fundo, luzes intensas e cores brilhantes, são elementos que podem causar grande desconforto para pessoas com desenvolvimento atípico. Essa dificuldade de integração sensorial pode impedir a percepção do ambiente e desencadear uma série de crises na criança com TEA, como ansiedade, agressividade, frustração, entre outros (MOSTARDEIRO, 2019).

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A figura 2, a seguir, é um ambiente conceitual da Sala Snoezelen, que cria ambientes para a estimulação sensorial, a fim de ajudar pessoas com desenvolvimento atípico. A imagem mostra uma criança em um ambiente desse projeto onde são estimulados os sentidos tátil e visual. A estimulação representada na imagem é preposta pela presença de linhas de luzes bem brilhantes e cintilantes. Já na figura 3, é possível ver quadros na parede que apresentam diferentes texturas, com diversos materiais, assim estimulando o tato para que o indivíduo possa sentir várias texturas e temperaturas. Figura 2 - Luz brilhante e cintilante

Fonte: Disponível em: <http://www.forbrain.pt/salasnoezelen/descricao/> Acesso em 12 abr 2021.

A Sala é um ambiente preparado com vários objetos para proporcionar às pessoas estímulos diferentes, com vários efeitos de som, de iluminação, de texturas, de cores e de cheiros. O principal objetivo desse projeto é a estimulação sensorial das pessoas, a saber visual, tátil, auditiva, olfativa, vestibular e proprioceptivas. A Sala é aberta ao público, e como a estimulação sensorial é para todos, não possui faixa etária indicativa e nem deficiências específicas.

Figura 3 - Quadros sensoriais

Fonte: Disponível em: <http://www.forbrain.pt/salasnoezelen/descricao/> Acesso em 12 abr 2021.

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Tabela 3 - Critérios do Autism Aspectss Design Index CRITÉRIO

3.2 AUTISMO E AMBIENTE CONSTRUÍDO

Mostafa (2008) é a arquiteta pioneira no desenvolvimento do primeiro conjunto de diretrizes pensado para a criação de design de ambientes para pessoas com autismo, baseando-se no tempo que a criança com TEA leva para desenvolver determinada tarefa que lhe é dada. O objetivo da criação desse conjunto de diretrizes é o melhor planejamento de projetos voltados para essas crianças. Mostafa (2008), após pesquisas, criou o “Autism ASPECTSS™ Design Index”, um índice dotado de sete critérios que podem ser usados como ferramenta de avaliação e desenvolvimento de design voltados aos indivíduos com TEA. São eles: o cuidado com a acústica, o sequenciamento espacial, o espaço de fuga, a compartimentação, os espaços de transição, o zoneamento sensorial e a segurança dessa pessoa. O detalhamento de cada critério é apresentado na tabela 3 a seguir.

Acústica

DESCRIÇÃO Propõe o controle do ambiente acústico visando minimizar o ruído de fundo, o eco e a reverberação nos espaços em que está a criança com TEA. O nível do controle acústico deve variar conforme o nível de habilidade e consequentemente a severidade do autismo de seus usuários.

É o conceito de perceber a afinidade das crianças com TEA à rotina e à Sequenciamento previsibilidade. Permite criar uma organização dos ambientes tendo uma ordem lógica, baseado no uso típico programado desses espaços. Os espaços devem, sempre Espacial que possível, fluir com facilidade de uma atividade para a outra através de circulação unidirecional, com o mínimo de interrupção e distração, usando Zonas de Transição. Zonas de Transição

Permite ao indivíduo forçar seus sentidos à medida que ele se mexe de um nível de estímulo para o outro. As zonas devem indicar a transição de uma área de alto estímulo para uma de baixo estímulo.

Espaço para incluir uma pequena área fracionada, ou um segmento dela, em uma Espaço de Fuga microárea silenciosa de uma sala, na forma de cantos silenciosos. Nesse espaço é aconselhável que haja um ambiente sensorial neutro, com estimulação mínima, podendo ser modificada pelo usuário para fornecer a entrada sensorial necessária. Prevê que as características sensoriais de cada espaço devem ser utilizadas para Compartimentação definir uma função e criar uma separação do ambiente vizinho. Cada um deve conter uma função única e definida de forma clara e de uma coerente qualidade sensorial. Zoneamento Sensorial

É a qualidade sensorial dos espaços que define como devem ser organizados, ao invés de serem orientados pelo típico zoneamento funcional. Reúne-se os espaços de acordo com seu nível de estímulo, organizando-os em zonas de “alto estímulo” e “baixo estímulo”.

Segurança

Critério que não deve nunca ser descuidado quando se trata de ambientes de aprendizagem. O critério da segurança é ainda mais importante e preocupante para as crianças com TEA, pois elas podem ter um senso alterado no ambiente. Exemplos de algumas dessas considerações é evitar cantos e bordas afiadas em móveis e objetos. Fonte: Elaborada pela autora.

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A Tabela 3, baseada nos estudos de Mostafa (2008), evidencia elementos que são importantes quando se trata de projetar para pessoas com desenvolvimento atípico ou até mesmo segurança de crianças, já que ela cita critérios de conforto e segurança, devido aos mobiliários e elementos que possam constituir um ambiente, e traz também elementos que ajudam a estimular essas crianças dentro dos ambientes. A figura 4 ilustra um exemplo de compartimentação de um ambiente amplo que traz em sua linearidade espaços com suas devidas funções. É possível ver, na figura, um espaço para contemplação e interação com a natureza externa - relação interior e exterior - deixando o ambiente mais amplo por meio do uso de janelas com aberturas na altura da criança, permitindo a visibilidade e promovendo a independência do menor. Traz também a natureza para o interior, em forma de materiais e texturas como a madeira e vasos com plantas. Existe ainda a divisão feita com a mesa com cadeiras compartilhada para atividades em grupo e o tapete no chão, delimitando o espaço de brincadeiras, com objetos para estímulo de sentidos e organização.

Figura 4 - Compartimentação

Fonte: Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/554505772870455176/> Acesso em 03 mai 2021.

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Na figura 5, destaca-se a zona de transição, que foi proposta no projeto da Sala de Aula Montessori, da Escola Infantil Montessori. No lugar da parede para divisão de ambientes, foi proposta uma divisória vazada de madeira, criando diversos nichos, e entre eles foi possível disfarçar um vão, possibilitando a transição do corredor para a sala de aula. Este elemento de transição em forma de divisória na sala propicia prateleiras para que crianças e adultos possam utilizar de apoio e até mesmo como forma de decoração do espaço. Porém, a sua forma também possui a função de dividir o corredor e a sala, criando um espaço acolhedor que prepara a criança para entrar na sala. O corredor tem a função de encaminhar as pessoas até outros ambientes, como a sala, na qual o indivíduo desfruta do ambiente, cuja função definida é de aprendizado / socialização.

Figura 5 - Zona de Transição

Fonte: Disponível em <https://escolainfantilmontessori.com.br/blog/sala-de-aula-montessori/> Acesso em 03 mai 2021.

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O espaço de fuga é um “ cantinho” onde a criança com TEA se sente protegida e segura quando algo a incomoda, ou até mesmo é o lugar onde ela gosta de ir para ficar em silêncio, ou para ler e se isolar em situações de extremo estresse, ou após suas crises. Na figura 6, é possível perceber esse espaço de fuga em um ambiente coletivo, que também tem a função de um local destinado à leitura, podendo ser sozinho ou em dupla, como a imagem mostra.

Figura 6 - Espaço de Fuga

Na arquitetura de interiores, é possível criar esses espaços de fuga, por exemplo, propondo nas marcenarias, como armários, nichos em paredes e mobiliários, criando nesses espaços a possibilidade de uma criança se acomodar de forma confortável a fim de que ela tenha um local em casa que sirva como um refúgio.

Fonte: Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/398357529523079622/> Acesso em 03 mai 2021.

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Tabela 4 - Elementos para Estimulação Sensorial.

3.3 ELEMENTOS QUE ESTIMULAM OS SENTIDOS

É possível perceber que as crianças com TEA precisam de estímulos sensoriais para seu desenvolvimento social e mental. Com isso, de acordo com Garavelo (2018), existem elementos que proporcionam a estimulação sensorial, podendo ser elementos construtivos e/ou elementos de exercício social e mental da criança com TEA. A tabela 4, a seguir, evidencia cada um desses elementos e sua principal função.

ELEMENTOS

PRINCIPAIS FUNÇÕES Ambiente para promover exercícios intelectuais e incentivar a criança a Multifuncionalidade relaxar com estímulos que possam ser controlados. Layout

Disposição dos ambientes para estabelecer um lugar seguro e funcional.

Amplidão

Dar ao local a possibilidade de adaptação do ambiente permitindo também ajustar as distâncias interpessoais (distância adequada para o contato ou o não-contato).

Mobiliário

Juntamente com a ergonomia, podem ser utilizados para a criação de nichos / prateleiras e/ou barreiras, demarcando o espaço pessoal.

Identidade Visual

Importante na composição do espaço para que a criança com TEA seja estimulada a ter sua independência.

Texturas

Texturas e cores para desenvolver um exercício dos sentidos tátil e visual, a fim de ampliar a consciência corporal e cognitiva da criança com TEA.

Iluminação

Criar a integração física e lúdica, possibilitando também os exercícios de mais concentração e os mais descontraídos.

Conforto Acústico

Motiva a criação de recursos para absorver os ruídos do ambiente, tendo em vista a melhoria da qualidade acústica do espaço para a criança.

Volumetria

Construção livre, mas preservando a funcionalidade e acessibilidade do espaço.

Dinamicidade

Criar a multifuncionalidade do espaço tornando-o mais dinâmico e proveitoso para a criança em fase de desenvolvimento social e mental. Fonte: Elaborada pela autora.

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A tabela 4 aborda elementos de projeto que ajudam e facilitam a integração da criança com TEA no ambiente em que está inserida, desde elementos construtivos até a dinâmica do local para o melhor desenvolvimento dessa criança.

3.4 MATERIAIS E TEXTURAS A revista Crescer Online revela um estudo, editado pela autora Bruna Menegueço (2013), de experiências terapêuticas feitas com meninos autistas, pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. O estudo mostrou que andar em superfícies texturizadas e sentir aromas, como os de óleos essenciais, são ótimos estímulos para essas crianças. Depois de várias experiências com esses meninos com TEA, os resultados apresentaram melhoras expressivas em relação às terapias comportamentais. Os pesquisadores dividiram os 28 meninos em dois grupos, sendo que um grupo receberia o tratamento padrão e o outro grupo, as experiências terapêuticas propostas pelos pesquisadores.

Elas também passavam a mergulhar as mãos e pés em águas de diferentes temperaturas para estimular o toque da pele. Os resultados, após 6 meses de tratamento, mostraram que as crianças obtiveram uma melhora significativa na função cognitiva. Com isso, é possível perceber que as crianças expostas a tratamentos com estimulação e integração sensorial obtêm uma melhora significativa no seu transtorno. A diversidade de elementos nos designers, observando-se textura, cores e acústica, é um recurso potente para essa melhora e, portanto, deve ser introduzida nos projetos e ter a aceitação pelas crianças estimulada. Na tabela a seguir, é possível perceber alguns objetivos que devem ser seguidos ao se projetar um ambiente para crianças com TEA. São evidenciados os 3 tipos de atividades que estimulam a criança para que tenha a integração necessária com o ambiente e que ajude a apurar os sentidos dela com brincadeiras e com estímulos no dia a dia. Os objetivos de cada atividade e como fazer para inserir cada uma delas compõem a tabela.

Os pais das crianças voluntários da pesquisa receberam uma caixa contendo óleos essenciais aromáticos, para estimular o olfato, e quadrados de capachos de plástico, espuma, tapete de pia de borracha, alumínio, lixa fina, feltros e esponjas; pedaços de carpetes, pisos duros, travesseiros, papelão e plástico bolha, com o plano de projetar caminhos para a criança andar por todas essas texturas visando à estimulação do tato da criança. Também continha um cofrinho com moedas, frutas em miniatura de plástico e uma vara de pescar magnética para ensinar a criança a manipular esses objetos.

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Tabela 5 - Atividade para Integração Sensorial e Ambiência ATIVIDADE Texturas e Cores

INSTRUÇÃO for textura e cor que desagradem à criança, Inserir texturas e cores no Se inserir em pequenas quantidades até que ela se convívio da criança. adapte e se familiarize. OBJETIVO

Toque Sensorial

de tapete, quadro e caixa sensorial, Estimular os sentidos táteis Criação fornecendo várias texturas e temperaturas para da criança. a criança em forma de brincadeira.

Obstáculos

obstáculos com móveis e objetos para que Estimular a mente da criança Criar a criança se planeje e se organize pensando em a planejar estratégias. como atravessar tais obstáculos. Fonte: Elaborada pela autora.

3.5 CONFORTO E SEGURANÇA PARA A CRIANÇA

É de grande importância, em qualquer projeto arquitetônico e/ou de interiores, a segurança e o conforto dos usuários do local. No entanto, quando se trata de crianças, e mais ainda, de crianças autistas, esses cuidados precisam ser bem mais evidentes e pensados com muita cautela. Segundo o site Neurosaber (2016), os indivíduos com TEA precisam estar em constante observação e cuidado, pois, devido ao seu desenvolvimento atípico, não têm a noção necessária para determinadas situações de risco que podem ocorrer. Esses cuidados e atenção, por parte dos responsáveis, devem ser redobrados em casos de nível 3 de autismo, aquele de nível mais severo do transtorno. A seguir, na tabela 6, é possível compreender melhor quais são os perigos que essas crianças podem enfrentar, tanto dentro quanto fora de sua residência. A tabela cita as situações de perigo que a criança pode vivenciar dentro do ambiente, detalhando cada um desses riscos.

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Tabela 6 - Situação de Risco Ambiental PERIGOS Perigos Ambientais

DESCRIÇÃO Lugares com pouca ou nenhuma iluminação prejudicam a orientação desse indivíduo, levando-o a ter dificuldade de percepção de direita/esquerda, perto/longe.

Direção / Espaço

Em um momento, a percepção do espaço pode ser confusa. Por exemplo, no primeiro momento, a sala pode parecer pequena e apertada; em outro, o mesmo ambiente pode ser tão grande que a criança se perde dentro dele.

Utilidades das coisas

Não percebem os ricos provocados por objetos e temperaturas. Por exemplo: objetos pontiagudos, objetos cortantes, água fervendo e tomadas.

Acabamento dos mobiliários

É importante que os móveis sejam feitos com o máximo de cuidado possível para preservar a criança. É necessário que os móveis sejam projetados sem as pontas em 90º, pois, devido às crises que a criança possa vir a ter, ela pode se ferir. As pontas devem ser arredondadas, para evitar que, ao bater no móvel, se machuque. Fonte: Elaborada pela autora.

3.6 DIRETRIZES DE PROJETO

De acordo com o que foi discutido nos tópicos anteriores, é possível perceber que, para a criação de um projeto residencial de interiores pensado para uma família de criança com o TEA, esse projeto precisa prever e levar em consideração algumas particularidades e características específicas dessa criança. Como citado no capítulo 2, o TEA possui três níveis (Leve, Médio e Severo) e duas características de sensibilidade (Hipersensibilidade e Hipossensibilidade). Logo, para que o projeto específico a essa família seja executado perfeitamente, é preciso fazer um estudo do perfil desse núcleo familiar com a finalidade de traçar uma linha dominante do projeto. Com base em Mutafa (2014), foram traçadas diretrizes básicas, no diagrama a seguir (Figura 7), foram sintetizadas algumas diretrizes básicas, como base do projeto de uma unidade habitacional para uma criança com TEA, de modo que ela consiga ter um bom desenvolvimento social, físico e psíquico, com efeitos positivos na sua qualidade de vida.

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Figura 7 - Diretrizes Básicas

Layout – organizar de forma funcional e didática os mobiliários e móveis no ambiente. Mobiliários – utilizar mobiliários para compor o espaço e exercitar o intelecto da criança.

Multifuncionalidade Textura

Dinamicidade

Iluminação

Cor

Toque Sensorial

Conforto Acústico

Obstáculos

Perigos ambientais

Identidade Visual Mobiliários

Layout

Fonte: Elaborada pela autora. Multifuncionalidade – criar ambientes com várias funções, tanto para relaxamento quanto para realização de atividades. Toque sensorial – propor experiências táteis através de caixas surpresas, paredes e tapetes com diversos materiais para que a criança possa tocar, de todas as formas, brincando.

Identidade visual – criar conexão do ambiente com a criança, fazendo com que ela identifique o local devido à disposição e à função dos móveis. Texturas e cores – trazer cores e texturas de formas variadas para que a criança consiga se adaptar a várias delas, até mesmo as que ela não gosta, usando de texturas neutras em partes fixas e abusando das texturas em partes que podem ser facilmente modificadas. Iluminação – prezar pela iluminação natural, porém prevendo formas de minimizá-la de acordo com a sensibilidade da criança, e também usar iluminação artificial. Dinamicidade – deixar o ambiente mais dinâmico propondo várias atividades em um mesmo local. Perigos ambientais – prever o cuidado necessário para que a criança não se machuque, tanto nos móveis, quanto em tomadas e janelas. Obstáculos – criar, com mobiliários e objetos, obstáculos para que a criança tenha planejamento e se movimente mais. Conforto acústico – primar pelo conforto da criança minimizando os ruídos de fundo.

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As diretrizes acima são necessárias visando a busca na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, principalmente nas crianças com TEA devido à grande necessidade de melhoria nos seus sentidos e na qualidade de vida. Abaixo pode-se perceber algumas diferentes formas de propor essas diretrizes em ambientes voltados para essas crianças.

Figura 8 - Diretrizes Básicas para quarto de criança com TEA

A figura 8, traz as diretrizes representadas no quarto de uma criança com TEA, nela podemos perceber a forma com que são abordadas as texturas nesse quarto, como o piso vinílico que é um revestimento indicado por ser um revestimento com conforto acústico e térmico, os tons neutros nas paredes, a proteção das tomadas, que podem ser escondidas na marcenaria e também com a tampa de tomadas que é um mecanismo barato e prático e a proteção dos mobiliários, colocando eles sempre com quinas arredondadas e a cama montessoriana que é proposta para criar mais independência na criança. O quarto precisa ser um local neutro, seguro e confortável para essa criança, na tentativa de criar um ambiente tranquilo para ela.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Na figura 9, podemos ver as diretrizes representadas no ambiente comum da residência, na sala, nela está exposto a proteção dos mobiliários sempre trazendo quinas arredondadas, a criação de espaços de fuga para essa criança, e a interação com texturas, na sala também podemos criar atividades diferentes, pode ser um ambiente de distração e de brincadeiras.

Figura 9 - Diretrizes Básicas para sala de residência com criança com TEA

Fonte: Elaborado pela autora.

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Já na figura representada abaixo (figura 10), podemos ver algumas dessas diretrizes no banheiro dessa residência, como disse anteriormente, nesse ambiente propõe-se a inserção de um piso estrado antiderrapante no box, e um nicho vertical mais baixo para que a criança também possa ter acesso, e no ambiente também se faz necessário um banquinho ou escada para que a criança consiga ter acesso ao lavatório, para lavar as mãos, escovar os dentes e se ver no espelho, visando sempre criar a independência dessa criança. Figura 10 - Diretrizes Básicas para banheiro de residência com criança com TEA

Fonte: Elaborado pela autora.

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E por fim, foi criado também um esquema para a varanda mostrando ser possível a implementação de várias diretrizes para o projeto, na varanda podemos criar a conexão com a natureza, por meio de jardim vertical, a criação de uma horta para a criança e relacionar ela com o exterior, por meio da varanda com vidro, e presando pela segurança, a instalação de telas de proteção em toda o comprimento da varanda. É proposto também o tapete sensorial com elementos externos, como pedra, areia, grama e madeira, para estimular os sentidos da criança. Figura 11 - Diretrizes Básicas para varanda de residência com criança com TEA

Fonte: Elaborado pela autora.

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4. Análise da Unidade Habitacional


4. ANÁLISE DA UNIDADE HABITACIONAL A SER REFORMADA DESCRIÇÃO

ITEM INDICADOR Para a adequação proposta, foi identificado um apartamento com características similares àquelas incorporadas pelo mercado imobiliário capixaba. O critério de seleção da unidade teve como base: a) apartamento residencial recentemente lançado pelo mercado imobiliário da Grande Vitória; b) apartamento com três quartos, varanda, cozinha, banheiro e sala de estar/jantar; e c) área construída entre 80 e 100m².

CONFORTO / SEGURANÇA 06 07 08

Baseado no referencial teórico exposto, foi desenvolvida a Tabela 7 com critérios fundamentais para que o apartamento seja inclusivo para crianças com TEA, considerando a importância do seu desenvolvimento intelectual e social. Tabela 7- Critérios para Análise ITEM INDICADOR

DESCRIÇÃO

Conforto natural Controle na iluminação artificial Proteção de aberturas

01 02 03

Mobiliários Elementos com cores e texturas que sejam estimulantes sensoriais e que estimulantes contrastam com as cores neutras. Dinamismo e Mobiliários interativos, dispostos de forma mais espaçada, para forçar a espacialidade criança a se movimentar e transitar por diversas atividades.

04

Adequação à Ambientes adaptáveis de acordo com a faixa etária da criança. faixa etária

05

Piso e parede Cores claras nas paredes e pisos para neutralizar o ambiente. neutros

Iluminação artificial com a possibilidade de controle de intensidade para adaptação da criança a luzes fortes. Proteção em tomadas e interruptores, a fim de evitar acidentes como choque.

Proteção Ambientes adaptáveis de acordo com a faixa etária da criança. elétrica 10 Proteção dos Proteção em fogões e fornos, de modo a evitar queimaduras. eletrodomésticos

11 Espaço de fuga Habitação possui “cantinho”, espaços seguros que permitam a criança permanecer para se acalmar. 09

LAYOUT/MOBILIÁRIOS E REVESTIMENTOS com fechamento adequado, sem quinas, protegendo de ferimentos. Segurança dos Móveis materiais como vidros e acrílicos, que podem quebrar e provocar mobiliários Evitar acidentes.

Ambientes devem permitir a iluminação e ventilação natural.

ESPACIALIDADE 12

Ambientes amplos

Ambientes amplos e com várias funções visando a diversas atividades para a criança.

13

Espaço e função

Ambiente com espaço e função definida para que a criança saiba fazer a ligação de cada lugar com uma atividade.

Habitação precisa ter espaços de permanência e passagem que garanta a 14 Acessibilidade acessibilidade dos ambientes, auxiliando em especial a função proprioceptivo e vestibular dos usuários. Flexibilidade do Habitação com ambientes que possibilitam a adequação do espaço, com nova 15 ambiente a função para o ambiente. outras funções Fonte: Elaborada pela autora.

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A partir da planta baixa do apartamento tipo e das perspectivas, foi analisado, no apartamento selecionado, o quanto a unidade habitacional atende às necessidades dos autistas, demonstrando as interferências citadas na tabela 7. Para maior compreensão, cada aspecto da tabela que atende tais critérios está demonstrado na planta e/ou perspectiva relacionado com seu número.

Figura 12 - Planta Baixa do Apartamento

4.1 UNIDADE HABITACIONAL SELECIONADA A unidade habitacional analisada é o apartamento, da Grand Construtora, localizado no edifício Vivace, na Praia da Costa, Vila Velha – ES, que está com 100% da obra finalizada e já entregue aos moradores. Nessa unidade habitacional, com base na tabela 7 e, ao decorrer do estudo da planta e das perspectivas, é perceptível algumas fragilidades como a falta de elementos fundamentais para que uma residência atenda às necessidades de uma criança com TEA. Percebe-se a presença de mobiliários arredondados, como as mesas de cabeceira dos quartos. Entretanto, existem móveis, no interior da habitação, com quinas pontiagudas e mesas com tampos de vidro, que podem provocar acidentes. O apartamento possui paredes e pisos com cores claras e neutras e alguns poucos objetos pontuais de decoração, como almofadas e roupas de camas coloridas que contrastam no ambiente. Fonte: Disponível em: <https://grandconstrutora.com.br/empreendimentos/1/edvivace.html> Acesso em 07 jun 2021.

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Apesar de ser uma residência de três quartos e com grande área, a disposição de alguns mobiliários acaba não proporcionando um bom dinamismo nas atividades do ambiente, tornando o espaço pouco dinâmico para a criança, já que ela não precisa se movimentar muito entre as atividades que podem ser propostas para um mesmo ambiente, como a sala, por exemplo. Ainda sobre o setor de layout / mobiliário e revestimentos, devido à escala e à falta de algumas perspectivas, não é possível perceber, na planta e nem nas perspectivas, se há a possibilidade de adequação de mobiliários ao decorrer da vida da criança, tais como mobiliários que acompanhem o crescimento dela. Figura 13 - Varanda

Ao analisar a respeito de conforto e segurança da criança com TEA dentro da habitação, foi possível perceber que os ambientes foram pensados e dispostos da melhor forma considerando o melhor proveito para a entrada de iluminação e ventilação natural, por meio de janelas, portas e varandas. A iluminação artificial também se faz presente nos ambientes. Contudo, é possível perceber o uso de iluminação indireta em alguns mobiliários e alguns focos de luz pontuais em alguns ambientes. Todavia, se faz necessário o uso de controle de intensidade das luzes para melhor adaptação, conforme a necessidade da criança, porém não foi possível observar esse elemento em planta. Apesar de ser um elemento de fácil adaptação, como telas e fechamento de varanda em vidro, não foi encontrado proteção das aberturas. Assim como o item anterior, as proteções de tomadas também são de fácil adaptação, e devido à escala das imagens, não é possível analisar se a unidade habitacional possui essas proteções. A planta mostra que a cozinha é separada do restante dos ambientes por paredes e portas. Contudo, isso pode ser perigoso; o ideal seria que a cozinha fosse de fácil visibilidade, caso a criança entre na cozinha e se feche no ambiente. É de interesse da família que a cozinha possua visibilidade para os demais ambientes da casa.

Fonte: Disponível em: <https://grandconstrutora.com.br/empreendimentos/1/edvivace.html> Acesso em 07 jun 2021.

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Figura 14 - Sala de Estar e Jantar

tamanho mínimo, como 70cm em quartos e 60cm nos banheiros, e circulações mínimas entre móveis e corredores. Essa estratégia acarreta um ponto negativo, caso o morador venha a precisar de andar de muletas ou cadeiras de rodas pelo apartamento. O apartamento, por ter três quartos, possui ambientes que podem sofrer alterações de funções, possibilitando a criação de um outro espaço com outras atividades para a criança com TEA. Após realizar a análise do apartamento, foi possível sintetizar os aspectos, conforme representado na tabela 8.

Fonte: Disponível em: <https://grandconstrutora.com.br/empreendimentos/1/edvivace.html> Acesso em 07 jun 2021. Por fim, ao analisar o item espacialidade, é perceptível que o apartamento não abrange a todos os aspectos. Apesar de possuir grandes dimensões, a moradia possui seus ambientes muito definidos e com vários mobiliários e, com isso, não é possível ver mais de uma atividade em cada ambiente. Ou seja, cada local da casa conta com sua devida função e apenas uma em cada lugar. Infelizmente, as construtoras utilizam tamanhos mínimos para melhor aproveitamento do espaço e acabam usando portas com o

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ITEM

Tabela 8 – Análise dos Critérios ATENDE INDICADOR LAYOUT / MOBILIÁRIOS E REVESTIMENTOS

01 Segurança dos mobiliários 02 Mobiliários estimulantes 03 Dinamismo e espacialidade 04 Adequação à faixa etária 05 Piso e parede neutros SEGURANÇA / CONFORTO 06 Conforto natural 07 Controle na iluminação artificial 08 Proteção de aberturas 09 Proteção elétrica 10 Proteção dos eletrodomésticos 11

Posteriormente à análise da unidade habitacional, percebe-se que alguns critérios não foram atendidos e outros foram parcialmente atendidos, como a segurança dos mobiliários que é possível perceber que temos alguns com as pontas arredondadas, a proteção e controle da iluminação natural, devido a possibilidade de cortinas, os ambientes são amplos e permitem a alteração na sua funcionalidade. Além disso, ao analisar os textos e imagens referentes ao apartamento, nota-se que alguns itens foram atendidos somente em alguns ambientes. Com isso, o apartamento atende a 46,66% dos critérios de análises. Como visto, os itens 04 – Adequação à faixa etária, 08 – Proteção das aberturas, 09 – Proteção elétrica, 10 – Proteção dos eletrodomésticos e 11 – Espaço de fuga da tabela de critérios não foram atendidos no apartamento. Conforme citado nas análises, alguns desses itens não foram possíveis de serem observados devido à escala das imagens (itens Adequação a faixa etária, Proteção elétrica, Proteção dos eletrodomésticos e Espaço de fuga). Apesar de o item 8, Proteção de aberturas, não constar na planta, é de fácil adaptação.

Espaço de fuga ESPACIALIDADE

12

Ambientes amplos

13

Espaço e função

14

Acessibilidade

15

Flexibilidade do ambiente a outras funções Fonte: Elaborado pela autora.

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5.Proposta Projetual


5 PROPOSTA PROJETUAL Este capítulo apresenta a reforma de um apartamento para uma família com uma criança com TEA. A reforma traz embasamento teórico dos estudos acima e também tem como referência uma família real, com quem foi realizada uma entrevista virtual que auxiliou no desenvolvimento do projeto de reforma do apartamento previamente selecionado e analisado no capítulo 4. A reforma trata da integração da criança com TEA com a arquitetura de interiores, propondo sempre a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento dessa criança, buscando ao máximo a estimulação sensorial.

5.1 PERFIL FAMILIAR O apartamento será reformado a fim de atender as necessidades da criança e de sua família. Para desenvolver esse projeto de reforma, foi selecionada uma família com uma criança com TEA. Essa família, que é brasileira, mora nos Estados Unidos (EUA) e pretendem adaptar um apartamento no Brasil para uma futura moradia em seu país de origem. A família é composta pelo pai Shynaider Vieira, a mãe Bruna Faustino Vieira e o filho Lucas Faustino Vieira. Lucas tem 6 anos e foi diagnosticado com TEA aos 18 meses de idade, nos EUA, de acordo com relatos da mãe; ele é hipersensível, o que foi possível perceber devido à algumas características que

Bruna descreve, como, em suas refeições, ele costuma comer sempre os mesmo alimentos como no jantar que é arroz, feijão e carne moída, mostrando a seletividade no seu paladar, e o incômodo à luz do sol ao passear na rua, reflete a sensibilidade à luz intensa. Lucas, por ser uma criança americana, tem todos as terapias e custos médicos cobertos pelo governo americano. Ele estuda em escola de crianças com desenvolvimento normativo e atípico, durante o período de 7h30 às 14h, cujo tempo escolar é distribuído entre uma sala só para estudantes que precisam de atendimento especializado e uma sala para crianças que não necessitam desse tipo de atendimento, permitindo que Lucas se acostume e aprenda a rotina da turma regular. De acordo com Bruna, Lucas passa pelas metas e etapas estipuladas pelas terapeutas que o acompanham com muita facilidade, por ser uma criança com rápido desenvolvimento e facilidade de aprendizado. Bruna trabalha em home office, pois optou por um emprego com flexibilidade de horário para que Lucas tenha toda a atenção necessária ao chegar da escola e para que ela possa levá-lo a todos os médicos e terapias necessárias. Durante o dia, devido à sua carga horária intensa de terapias e estudos, Lucas, ao chegar em casa, é liberado para brincar no iPad e assistir a filmes e desenhos. Às 17 horas, Shynaider chega do trabalho e fica com Lucas, colaborando nas tarefas e cuidados com o filho, como dar banho e brincar com ele. Após o jantar, os pais ajudam Lucas com as atividades e exercícios que precisa cumprir. Na hora de dormir, sempre é feita uma leitura com ele. Devido à semana e rotina intensas, nos finais de semana, o dia da criança é livre; a família faz atividades e passeios juntos.

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Como dito anteriormente, Lucas foi diagnosticado com 1 ano e meio de idade, e, quando fez 2 anos, sua mãe Bruna pensou em como fazer tudo o que precisava ser feito. A maioria das terapias e médicos são e foram cobertos pelo governo, exceto a equoterapia – método terapêutico e educacional, no qual é utilizado o cavalo, ajudando no desenvolvimento da criança – que foi uma terapia selecionada por Bruna para ajudar no desenvolvimento proprioceptivo de Lucas. Ele fez essa terapia durante 2 anos, com o objetivo de estimular a coordenação e o equilíbrio. Bruna relata a importância do diagnóstico rápido e preciso da criança com TEA, pois ela consegue ver e acompanhar o desenvolvimento do filho e de outras crianças. Conforme a mãe, ela percebe a diferença entre as crianças que tiveram o diagnóstico rápido e as que não tiveram diagnóstico já nos anos iniciais. Também comenta sobre o prejuízo sofrido pelas famílias que não conseguem aceitar o diagnóstico, o que faz com que as crianças percam as oportunidades que lhe são oferecidas. A mãe de Lucas deixa claro também que conhece a importância de um projeto voltado para seu filho. Ao fim da entrevista, quando lhe foi perguntado sobre as mudanças que já foram realizadas em sua casa, quais ainda não foram feitas e quais ela faria, Bruna diz que retirou as bases de madeira das camas, colocando-as no chão, tanto a do quarto do casal quanto a do quarto de Lucas, pois, quando ele subia na cama correndo, se machucava batendo as pernas na base. Essa foi uma das únicas mudanças definitivas em sua casa, porque Bruna já ensinou Lucas a entender o que pode machucá-lo.

Ela relata que a casa dela pode ser toda protegida e voltada para ele, mas sabe que, na realidade, quando ele for à residência de outras pessoas, essa casa não vai ser toda adaptada a ele. Ao responder à pergunta sobre quais outras alterações faria em sua casa, Bruna diz que a alteração que gostaria que fosse feita de imediato é colocar um tapete sensorial, no qual Lucas pudesse sentir diversas texturas que ele pode, eventualmente, ter contato fora de casa.

Figura 15 – Lucas Faustino Vieira

Figura 16 – Família Vieira

Fonte: Acervo da entrevistada.

Fonte: Acervo da entrevistada.

A mãe também defende a importância de que seu filho aprenda a conviver em um mundo que nem sempre será voltado para ele.

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Figura 17 - Planta de demolição/construção

5.2 CONCEITO E PARTIDO O projeto de reforma para essa família tem como conceito a melhoria da qualidade de vida da criança e propor a melhora na estimulação sensorial. Desta forma, a proposta de reforma conta com diretrizes de projetos que foram seguidos e também os interesses da família, de acordo com a entrevista de briefing feita com a mãe. As diretrizes básicas utilizadas para atender às necessidades da família foram cores neutras e proposta de um ambiente direcionado à criança, como uma sala de atividades, onde nela se encontram espaços de fuga, texturas, brinquedos didáticos, painéis sensoriais e mesa de atividades.

5.3 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA Para realizar a proposta projetual de reforma do apartamento para a família Vieira, foram necessárias algumas mudanças na planta original para tornar o ambiente mais seguro para a criança com TEA. Na planta ao lado, será possível perceber algumas modificações necessárias nas alvenarias internas. Considerando que se trata de um apartamento residencial, não é possível realizar mudanças na fachada do imóvel. Com isso, foram propostas alterações na estrutura interna da unidade familiar escolhida.

Fonte: Elaborado pela autora.

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A premissa deste projeto é a segurança e o conforto, tanto de Lucas quanto dos pais. Diante disso e com base nos estudos, a proposta é deixar o apartamento mais amplo, onde Lucas possa ter mais liberdade para brincar, além de permitir que seus pais tenham acesso visual amplo das áreas comuns da residência. Um exemplo disso, foi a retirada da parede que divide a cozinha dos demais ambientes e cria uma barreira impedindo o responsável de conseguir visualizar a criança nas salas de estar e jantar. Pensando nisso, foi criada uma parede baixa, permitindo a visualização dos ambientes comuns e criando uma bancada para apoio na cozinha. Essa abertura ainda proporciona mais circulação de ar entre a área de serviço, a cozinha e as salas, promovendo assim o conforto e segurança na residência. Na reforma, também foi possível a retirada do banheiro de empregada da área de serviço, visto que não seria necessário, permitindo a ampliação da cozinha e a criação de uma área de serviço mais reservada. Na proposta de deixar o apartamento mais amplo, foi perceptível a necessidade de aumentar o corredor, fazendo-se necessária a retirada de uma parede e a construção de outra, deixando o corredor com 1,20m de largura. As portas de 70cm e 60cm foram trocadas por portas de 80cm, promovendo assim, uma melhoria na espacialidade do apartamento. Onde haviam dois banheiros, foi proposto um banheiro comum à família e um lavabo para as visitas. Para um dos quartos do apartamento, foi proposta a retirada das paredes e porta, criando um espaço de brincadeiras e aprendizado para Lucas, com layout, mobiliários e revestimentos que ajudem em seu desenvolvimento. Esse ambiente possui uma permeabilidade visual de vários ângulos do apartamento,

tornando um local mais seguro para a criança, enquanto os pais estiverem realizando atividades nas áreas comuns ao redor da sala de atividades. A porta de correr, em vidro, que separava a sala de estar da varanda, foi retirada possibilitando a integração desses ambientes visando à ampliação e permitindo a permeabilidade visual da varanda, onde será implantada uma horta para influenciar e estimular Lucas a cultivar. Essa alteração promove uma mudança na espacialidade e, além disso, traz mobiliários estimulantes, flexibilizando a funcionalidade do ambiente. A porta de correr do quarto do casal também foi retirada possibilitando a criação de um espaço de home office para os pais, visto que Bruna trabalha de casa e precisa de um espaço tranquilo para ela, enquanto Lucas está na escola. Seguindo as diretrizes de projeto, referente à paginação de revestimentos em pisos e paredes, foi planejado para esse apartamento paredes pintadas com tinta lavável, em cores claras, para propor ambientes calmos e neutros com toques de cor em mobiliários e decoração. Na sala de atividades e no quarto do Lucas, foi colocado papel de parede para deixar os ambientes mais lúdicos. No quarto do casal, acima da cabeceira, foi criado um papel de parede com formas mais lineares para trazer maior aconchego e intimidade para o ambiente. Para o piso, foi escolhido o vinílico por ser mais resistente, de fácil limpeza e proporcionar conforto acústico. É ideal para casa com crianças, pois também proporciona um melhor conforto térmico, tornando o andar pela casa mais confortável. No box do banheiro, foi proposto um revestimento do tipo estrado antiderrapante.

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Figura 18 - Planta de paginação de piso

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 19 - Planta de forro e iluminação A iluminação da moradia foi pensada para proporcionar melhor conforto visual, principalmente para Lucas que é um pouco sensível a luminosidade. Bruna relata que ele reclama na claridade do sol quando está na rua. Então, para dentro da residência, foram criados rasgos no gesso para obter a iluminação indireta, clareando o ambiente, porém não cai diretamente sobre os moradores. Em alguns pontos, foram utilizados pendentes e spots para iluminações pontuais; com eles também foram propostos mecanismos de controle de intensidade da iluminação, deixando esses spots e os pendentes mais fracos Prezando pelo conforto e segurança da residência, no gesso também foi proposto o cortineiro para a utilização de cortinas nas aberturas com o intuito de permitir o controle da luminosidade quando necessário.

Fonte: Elaborado pela autora.

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A proposta de layout para o novo apartamento é simples, usual e funcional, com algumas adequações voltadas para a criança, porém, como pedido, em entrevista, pela mãe da criança, as alterações não foram muitas, já que ela quer que Lucas aprenda a crescer e conviver no mundo onde está inserido.

Figura 20 - Planta de Proposta de Layout

O layout traz a proposta de mobiliários seguros, com pontas arredondadas, sem vidros ou materiais que possam ocasionar acidentes A disposição da mobília possibilita a transição entre espaços e torna o fluxo de passagem livre, tornando o espaço mais dinâmico.

Fonte: Elaborado pela autora.

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A proposta de layout para o novo apartamento é simples, usual e funcional, com algumas adequações voltadas para a criança, porém, como pedido, em entrevista, pela mãe da criança, as alterações não foram muitas, já que ela quer que Lucas aprenda a crescer e conviver no mundo onde está inserido.

Figura 21 - Planta de Proposta de Layout Humanizado

O layout traz a proposta de mobiliários seguros, com pontas arredondadas, sem vidros ou materiais que possam ocasionar acidentes A disposição da mobília possibilita a transição entre espaços e torna o fluxo de passagem livre, tornando o espaço mais dinâmico.

Fonte: Elaborado pela autora.

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A sala de estar e a varanda foram integradas. Nesse ambiente, foi planejado um painel de TV com um rack, com a utilização de materiais com textura buscando sempre proporcionar a integração de Lucas com elementos diferentes. No rack, por exemplo, foram utilizados dois MDF diferentes e um painel revestido em porcelanato.

Ainda no móvel do painel de TV, foi possível criar um nicho maior transformando em um novo espaço de fuga para a criança, tornando esse mobiliário estimulante para Lucas.

Figura 22 – Perspectiva Sala

Fonte: Elaborado pela autora.

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Na varanda, foi pensada a cadeira de balanço de chão, no intuito de estimular o sentido vestibular de Lucas de forma sutil e suave, já que o balanço não é muito livre e possui sua base no chão. Buscando trazer a sensação de pertencimento ao novo apartamento da família, foi colocado no projeto a mesa que Bruna confeccionou para Lucas, na qual ele faz diversas atividades.

Para tornar tudo mais dinâmico para Lucas, na divisória entre a sala de atividades e a sala de estar, foi pensado um nicho vazado que permite que a criança transite entre os dois ambientes de forma divertida, e ainda possibilita a criação de um novo espaço de fuga para ele.

Figura 23 – Perspectiva Sala

Fonte: Elaborado pela autora.

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Também foi planejada uma área de horta para estimular a criança na cultivação dos próprios alimentos, incentivando também o contato com texturas diferentes por meio da terra da horta e do tapete sensorial que também foi proposto trazendo texturas externas, como pedras, areia, grama, madeira, cimento e outros.

Ao final da varanda, como divisória também para o quarto do casal, foi prevista uma parede de jardim vertical para estimular também o contato com o verde.

Figura 24 – Perspectiva Varanda – Horta e Jardim Vertical

Fonte: Elaborado pela autora.

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Vale lembrar que para promover a segurança completa da residência pra Lucas, foi pensado na instalação de telas em toda a extensão da varanda, e a também como forma de proteger as tomadas, é aconselhável e proposto para a família para a proteção das tomadas, coloca-las atrás das marcenarias, como forma também de não deixar fios aparentes, e a implantação de protetor de tomadas, um mecanismo simples e barato, que são tampas de encaixe para colocar nas tomadas.

A sala de atividades é um espaço lúdico criado para que Lucas possa realizar suas atividades brincando; é um espaço para realizar as tarefas das terapias, como as com brinquedos didáticos cubos, caixas de encaixe de formas, ábaco, etc. -, quadro para prática de escrita, quadro sensorial, espaços de fuga para leitura, dentre outros.

Figura 25 – Perspectiva Sala de Atividades

Fonte: Elaborado pela autora.

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Nesse ambiente, também foi proposto um mobiliário multifuncional, que divide a sala de atividades da sala de estar. Nesse mobiliário, foi colocada uma mesa que acompanha o desenvolvimento e crescimento da criança, vários nichos para armazenamento dos brinquedos, um nicho maior e circular que serve como espaço de fuga e leitura e um outro espaço de fuga, que também é uma passagem que liga a sala de estar

à sala de atividades de Lucas, tornando esses ambientes sempre interligados e dinâmicos para a criança.

Figura 26 – Perspectiva Sala de Atividades

Fonte: Elaborado pela autora.

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O tapete no chão da sala de atividades proporciona a Lucas o incentivo das atividades em grupo e o encoraja a praticar as tarefas de forma mais descontraída. Na parede, foi criado um grande quadro branco para estimular a escrita e a prática de desenhos, e, de certa forma, impedir que Lucas risque as paredes da casa, visto que já foi criado um local para ele. Todas as paredes dessa sala possuem algum tipo de interação para Lucas, tanto na parede com nichos como na parede com o quadro branco e na parede lateral.

Nesta parede lateral, foi proposto um painel estofado, para a proteção de Lucas, e acoplado nele um painel sensorial trazendo texturas internas, como variação de tecidos, pelos, lâ, couro, camurça, entre outros, e um painel de atividades, em que ele pode rodas manivelas e encaixar peças. Na imagem, também é possível ver a parede do corredor com textura amadeirada na qual foram colocadas fotos da família em uma altura adequada a Lucas, de maneira que ele consiga ver as fotos.

Figura 27 – Perspectiva Sala de Atividades

Fonte: Elaborado pela autora.

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No quarto do casal, foi proposto uma marcenaria com pontas arredondadas, a parede da cama com cabeceira estofada a 1,10m de altura e a cama box acolchoada nas laterais para evitar acidentes com a madeira. Essa já foi uma mudança que Bruna fez em sua residência atual, pois, conforme relata, Lucas se machucou muito em sua cama de madeira e batia a cabeça na parede quando estava brincando. Figura 28 – Perspectiva quarto casal – cabeceira e cama acolchoadas

Fonte: Elaborado pela autora.

Como no quarto do casal existe um acesso ao banheiro, a solução escolhida para escondê-lo foi a proposta de um painel ripado mesclado com um painel liso para a televisão.

Figura 29 – Perspectiva Quarto Casal – Painel Ripado

Fonte: Elaborado pela autora.

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A fim de criar um local reservado para Bruna trabalhar, no projeto, como falado acima, foi proposta a retirada da porta do quarto, que dava acesso à varanda. Com isso, foi possível a criação de um espaço de Home Office para que ela possa trabalhar de casa durante o período em que Lucas está na escola. Figura 30 – Perspectiva Quarto Casal – Espaço de Home Office

Fonte: Elaborado pela autora.

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No quarto de Lucas, foi criado uma mesa de estudos e leitura com encaixes que acompanham seu crescimento, tornando possível a adequação à sua faixa etária. Também é proposto um nicho, ao lado da mesa, que serve tanto de aparador quanto de espaço de fuga, proporcionando conforto e segurança para ele - é um espaço em que Lucas pode entrar e ficar sentado, lendo, ou em momentos de crise. Ao lado do nicho, há um espelho embutido na marcenaria para estimular o contato visual. A marcenaria também conta com quinas arredondadas para a sua segurança, bem como a cabeceira estofada com apoio para livros. O projeto do quarto também propõe cortinas para conforto térmico e visual, sendo possível controlar a luz natural no ambiente, e proteção nas tomadas, mesmo que muitas delas fiquem escondidas na marcenaria.

Figura 31 – Perspectiva Quarto Lucas

Fonte: Elaborado pela autora.

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O quarto dele traz ainda a proposta de um quarto montessoriano, onde o ambiente possui muitos elementos à altura da criança, para auxiliar no desenvolvimento e possibilitar que ela tenha mais autonomia. Ainda assim, existem alguns elementos mais altos, como as prateleiras, que foram colocadas propositalmente para elementos decorativos aos quais ele só consegue ter acesso com a ajuda de seus pais.

Figura 32 – Perspectiva Quarto Lucas

No quarto de Lucas, por ser um quarto mais voltado para incentivar a independência dele, foi colocada uma cama montessoriana, que fica no chão, com proteções laterais além de base e cabeceira estofadas, visto que os pais relataram que ele se machucava muito nas camas convencionais. Como é nesse ambiente que os pais da criança se juntam para ler à noite, na hora de dormir, foi proposto, juntamente com a cabeceira, um aparador para os livros ficarem de fácil acesso até mesmo para Lucas. O cabideiro em forma de galhos de árvore também é de fácil e rápido acesso, proporcionando que ele mesmo coloque e pegue sua mochila, incentivando-o a arrumar o quarto.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Para a sala de jantar e a cozinha, integradas por um balcão e mesa de jantar, foi proposta uma grande Como a cozinha não deve ser um ambiente atrativo para a criança, foi pensado em uma marcenaria bancada de preparo dos alimentos e fogão cooktop por indução. mais limpa e em tons claros, com nichos altos e de difícil acesso. A escolha desse cooktop foi a mais segura encontrada para casas com crianças, principalmente crianças com TEA, devido à sua funcionalidade e acendimento que só funciona com panelas especificas de indução, tornando assim esse mecanismo uma proteção do eletrodoméstico e o mais seguro para essa residência. Figura 33 – Perspectiva Cozinha

Fonte: Elaborado pela autora.

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Ainda na cozinha foi criado um balcão de duas alturas, uma altura mais baixa para Lucas e uma mais alta para os pais, sendo que a parte baixa pode ser usada como apoio futuramente.

Ao fundo, é possível perceber a retirada do banheiro da área de serviço e separá-la da cozinha por divisória e portas de correr vazadas. Foi uma forma funcional para auxiliar na circulação de ar do apartamento e da cozinha.

A área de serviço é dividida da cozinha por porta de correr em marcenaria vazada para possibilitar a circulação de ar no local. Figura 34 – Perspectiva Cozinha

Fonte: Elaborado pela autora.

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A retira da porta e parede que separavam a cozinha dos demais cômodos da casa proporciona, para o apartamento, conforto e segurança, visto que possibilita melhor circulação de ar entre os ambientes e permite a permeabilidade visual entre salas, cozinha e quarto de atividade. Essa característica preza pela segurança da criança, pois previne que ele não entre na cozinha sem supervisão e não ocorra acidentes. Figura 35 - Perspectiva da Cozinha - Permeabilidade Visual

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 36 – Perspectiva Cozinha – Permeabilidade Visual

Fonte: Elaborado pela autora.

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No projeto do banheiro, foi proposto um ambiente simples e funcional trazendo características das diretrizes para bainheiros de residências com crianças com TEA. Esse ambiente é composto por revestimentos e pinturas claras, contando ainda com algumas pequenas texturas diferentes, como a parede da pia, que é texturizada com cimento queimado, e a parede de dentro do box, que é com revestimento marmorizado e pinturas claras nas demais partes.

Figura 37 – Perspectiva Banheiro

Para o lavatório, como dito nas diretrizes de projeto, colocou-se uma escadinha em marcenaria para que Lucas consiga ter autonomia na hora de escovar os dentes, se olhar no espelho e lavar as mãos. No box, foi colocado um piso estrado antiderrapante na busca de criar um espaço mais aconchegante para a hora do banho e possibilitar também que o piso nesse local não seja tão frio. Além disso, foi proposto um nicho na vertical para que a criança também tenha acesso a seus produtos de higiene pessoal. A porta do box traz a proposta de vidro, porém, para que seja o mais seguro possível, ela será envelopada com uma película de modo a proteger de pequenos impactos, e, caso o vidro venha a se quebrar, não se espalhe pelo chão. Esse envelopamento protege a família de acidentes.

Fonte: Elaborado pela autora.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Entendendo que a arquitetura de interiores está presente no cotidiano de todos e ser, por meio dela, possível promover a melhoria na qualidade de vida do ser humano, principalmente das crianças com TEA, buscou-se analisar um projeto padrão de residência multifamiliar a partir dos elementos necessários ao desenvolvimento físico e psicológico dessas crianças. Por meio de critérios de análise e com base no perfil desse público, a prioridade foi dada à promoção de espaços que estimulem seus aspectos físicos, sensoriais e perceptivos, para o melhor desenvolvimento social e psicológico dessa criança. À luz dos estudos já desenvolvidos por outros pesquisadores a respeito de crianças com TEA e com base nas análises do apartamento, foi percebida a necessidade de adequação nas moradias da Grande Vitória. No processo de escolha do apartamento para análise, ficou visível a preocupação da maioria das construtoras em maior aproveitamento de metro quadrado em detrimento da preocupação com as normas de acessibilidade. Foi possível perceber que utiliza-se tamanhos mínimos em várias situações, como portas com mínimo de 70cm nos quartos e 60cm nos banheiros, bem como circulações mínimas entre móveis e corredores que não permite a circulação de cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida.

Com isso, é visível a necessidade de serem aplicados critérios para construções futuras, cujos novos empreendimentos e moradias sejam projetados considerando critérios específicos a fim de abranger elementos imprescindíveis à qualidade de vida do público com TEA. Ou seja, é indispensável que sejam nulas ou poucas as necessidades de adequações e reformas. A fim de suprir as necessidades analisadas no apartamento, o projeto tem o intuito de propor adequações para a melhoria de vida dessa criança. Após entrevista com a mãe de uma criança com TEA, foi possível melhor compreender o perfil do filho e da família e, assim, colocar as necessidades e características dele no projeto, visando ao melhor aproveitamento do espaço para seu desenvolvimento, presando sempre pela sua segurança e conforto. Por fim, visto que o TEA possui vários níveis e que cada indivíduo é único e possui suas características e necessidades particulares, é importante e indispensável conversar com os familiares de modo a identificar os aspectos essenciais para a reforma da residência. Outro aspecto relevante é o trabalho em conjunto com o profissional que acompanha o desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança para saber até que ponto o projeto pode avançar. É importante que o projeto respeite cada etapa e nível alcançado pela criança evitando que a arquitetura da sua moradia atropele seu progresso.

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Figura 34 – Perspectiva Cozinha

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Figura 37 – Perspectiva Banheiro

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Figura 32 – Perspectiva Quarto Lucas

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Figura 30 – Perspectiva Quarto Casal – Espaço de Home Office

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Figura 31 – Perspectiva Quarto Lucas

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Figura 33 – Perspectiva Cozinha

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Figura 19 - Planta de forro e iluminação

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Figura 27 – Perspectiva Sala de Atividades

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Figura 21 - Planta de Proposta de Layout Humanizado

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Figura 20 - Planta de Proposta de Layout

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Tabela 8 – Análise dos Critérios

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Figura 17 - Planta de demolição/construção

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Figura 14 - Sala de Estar e Jantar

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Figura 13 – Varanda

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Figura 10 - Diretrizes Básicas para banheiro de residência com criança com TEA

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Tabela 7- Critérios para Análise

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Figura 12 - Planta Baixa do Apartamento

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Figura 11 - Diretrizes Básicas para varanda de residência com criança com TEA

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pages 40-41

Figura 8 - Diretrizes Básicas para quarto de criança com TEA

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Figura 7 - Diretrizes Básicas

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Figura 9 - Diretrizes Básicas para sala de residência com criança com TEA

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Tabela 6 - Situação de Risco Ambiental

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Figura 5 - Zona de Transição

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Figura 1 - Níveis do TEA

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Tabela 4 - Elementos para Estimulação Sensorial

3min
pages 32-33

Tabela 2 - Percepção dos Sentidos em Crianças com TEA: Hipersensibilidade e Hipossensibilidade

4min
pages 23-26

Tabela 3 - Critérios do Autism Aspectss Design Index

2min
page 28

Figura 4 – Compartimentação

1min
page 29

Tabela 5 - Atividade para Integração Sensorial e Ambiência

1min
page 34

Figura 6 - Espaço de Fuga

1min
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