Selfie: em meu autorretrato, a microcefalia é diferença e motivação

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que fez um curso de enfermagem para lidar com as infecções que a fístula causava. Sua vida passou ser única e exclusivamente dedicada à menina de vinte e três anos e trinta e seis quilos que só dorme com um rádio ligado perto. E ai de quem desligá-lo. O choro é certo. E ainda assim ela acorda várias vezes durante à noite, enquanto que Fátima para cuidar dela acorda às cinco horas da manhã. Aos 21 anos, Fátima teve que lidar com o preconceito em relação à sua filha. Ao se mudar para Manaus a aceitação se tornou mais fácil. Hoje se orgulha da jovem e como toda mãe coruja, até compra briga quando há algum tipo de olhar diferente ou comentário de cunho preconceituoso com relação à Sarah. A família não tem convênio de saúde, vive do benefício pago e às vezes que já tentou usar do SUS nunca conseguiu, mesmo com a lei de prioridade. Devido a situação da filha, Fátima contou ainda que sempre passa datas especiais como Natal e Ano Novo sozinha com ela e que não são convidadas para aniversários. Na opinião dela, por parte das pessoas, ainda falta amor. Com o marido alcoólatra, Fátima cuida da menina sozinha e no dia em que me contou sua história estava pensando em como a levaria para o médico já que o transporte público é inviável e não tem condições de pagar um táxi para levá-las. Fátima não sofreu ao saber da situação da filha. Deram à Sarah sete anos de vida. Hoje ela está com 23 anos e freqüenta a fisioterapia duas vezes por semana. Enquanto que Fátima, com 42 anos lida com a filha com mãos de ferro e uma dedicação ímpar.

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