idanca.txt .. vol1

Page 17

os termos factivos “não são apenas fatos sobre o mundo armazenados na cabeça de uma pessoa, mas estão entrelaçados no tecido causal do próprio mundo” (Pinker, 2007, p. 22). O nome não define, ele indica uma conexão das palavras com as coisas do mundo via informações sobre essas coisas. Além disso, as palavras pertencem a uma comunidade, e não ao indivíduo. Sendo uma companhia de dança uma minicomunidade, nela se identificam traços do que sucede na moldura macro na qual habita. É nesse sentido também que o trânsito entre a cultura hip-hop e a dança coreografada para teatro escancara o fluxo rua / palco. Não à toa, pipocam exemplos nas duas direções. Tanto vale atentar para a produção da Membros, de Macaé (RJ), ou de Bruno Beltrão, em Niterói (RJ), quanto para a de Frank Ejara / Discípulos do Ritmo, em São Paulo. Investigando o que lá se passa, e lembrando o que ocorre também com o Grupo Corpo — aqui tomado como indicador de uma situação geral —, talvez seja mesmo possível propor que toda coreografia é social.

BIBLIOGRAFIA

periferia grita. São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2001.

ARAÚJO, Marianna e Eduardo Granja Coutinho. “Hip-hop: uma batida contra-hegemônica na periferia da sociedade global”, in Silvia H.S. Borelli e João Freire Filho (orgs.). Culturas juvenis no século XXI. São Paulo, Educ, 2008, pp. 211–27.

PINKER, Steven. Do que é feito o pensamento. A língua como janela para o pensamento humano. São Paulo, Companhia das Letras, 2007.

CALVO, Enrique Gil. Los depredadores audiovisuales. Juventud y cultura de massas. Madri, Tecnos, 1985. GUARATO, Rafael. Dança de rua, corpos para além do movimento, Uberlândia (1970–2007). Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia, 2008. HEWITT, Andrew. Social choreography. Duke University Press, 2005. KATZ, Helena. “Leituras do corpo”, in Christine Greiner e Cláudia Amorim (orgs.). Leituras do corpo. São Paulo, Annablume, vol. 1, 2003, pp. 79–88. _______. “Por uma teoria do corpomídia”, in Christine Greiner. O corpo: pistas para estudos indisciplinares. São Paulo, Annablume, 2005. _______ e Christine Greiner. Corpo e processo de comunicação. Revista Fronteira, São Leopoldo, vol. 3, n. 2, 2001, pp. 65–76. MARTIN-BARBERO, Jesus. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro, UFRJ, 5a ed., 2008. ROCHA, Janaína, Mirella Domenich e Patrícia Casseano. Hip-hop: a

idança.txt Vol. 1 – Set 2010

O TRÂNSITO RUA-PALCO NA DANÇA BRASILEIRA: HIP-HOP, MÍDIA, COMPORTAMENTO, por Helena Katz

17

verbs in English such as learn (in the sense of seeking true goes on with Grupo Corpo — taken as an indicator information) and remember that “imply something the of a general situation — maybe it is actually possible to speaker sees as indisputable truth, not something he propose that every choreography is social. believes in very much”. Pinker names these factive verbs and warns they are somewhat paradoxical, because even BIBLIOGRAPHY MARTIN-BARBERO, Jesus. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e without being sure about their truth, most people keep ARAÚJO, Marianna e Eduardo Granja hegemonia. Rio de Janeiro, UFRJ, 5 on using them as if they were. Coutinho. “Hip-hop: uma batida ed., 2008. contra-hegemônica na periferia da Even if it is not a verb, in some discourses, ‘body’ still ROCHA, Janaína, Mirella Domenich e sociedade global”, in Silvia H.S. appears in the role of a word attached to reality — after Patrícia Casseano. Hip-hop: a Borelli e João Freire Filho (orgs.). periferia grita. São Paulo, Fundação Culturas juvenis no século XXI. São all, the body is out there, fully available for contact. Perseu Abramo, 2001. Paulo, Educ, 2008, pp. 211–27. And it seems to carry the commitment of factive verbs, PINKER, Steven. Do que é feito o CALVO, Enrique Gil. Los depredadores namely, a connection with the truth. However, factive pensamento. A língua como janela para audiovisuales. Juventud y cultura de terms “are not just facts about the world stored in a o pensamento humano. São Paulo, massas. Madri, Tecnos, 1985. Companhia das Letras, 2007.lo, person’s head, they are rather intertwined in the causal GUARATO, Rafael. Dança de rua, corpos Companhia das Letras, 2007. tissue of the world itself” para além do movimento, Uberlândia (1970–2007). Uberlândia, UniversiThe name doesn´t define, it indicates a connection dade Federal de Uberlândia, 2008. between words and things of world through information HEWITT, Andrew. Social choreography. about these things. Besides, words belong to a commuDuke University Press, 2005. nity, not to an individual. Considering a dance company KATZ, Helena. “Leituras do corpo”, is a mini-community, traces of what happens in the in Christine Greiner e Cláudia macro framework in which it inhabits are identified in it. Amorim (orgs.). Leituras do corpo. São Paulo, Annablume, vol. 1, 2003, It is also in this sense that the transit between hip hop pp. 79–88. culture and dance choreographed for the stage widely _______. “Por uma teoria do corpomídia”, in Christine Greiner. O corpo: opens the street/stage flow. pistas para estudos indisciplinares. Not for nothing, examples pop up in both directions. It São Paulo, Annablume, 2005. is worth paying attention to the production of Membros, _______ e Christine Greiner. Corpo e processo de comunicação. Revista from Macaé or Bruno Beltrão, from Niterói and to Frank Fronteira, São Leopoldo, vol. 3, n. 2, 2001, pp. 65–76. Ejara / Discípulos do Ritmo, in São Paulo. Investigating what goes on there and also remembering what what a

idança.txt Vol. 1 – Sept 2010

THE STREET-STAGE TRANSIT IN BRAZILIAN DANCE: HIP-HOP, MEDIA AND BEHAVIOR, by Helena Katz

17


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.