437 - MANUAL DE ECONOMIA2

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Em primeiro lugar, é necessário que os preços utilizados na avaliação de todos os bens finais sejam, de alguma forma, indicadores de contribuição de um produto para o bem-estar. Se essa condição se verifica, o produto nacional, que é medido pelo produto de todos os bens finais pelos seus respectivos preços, poderia ser considerado como uma medida de bem-estar. Isso porque, nesse caso, o produto nacional poderia ser interpretado como o produto das quantidades de todos os bens finais produzidos pelas suas correspondentes contribuições para o bem-estar. Entretanto, ainda que em muitos casos essa condição se verifique, em muitos outros existem distorções no sistema econômico que levam a que os preços se afastem daquilo que seria uma medida de contribuição para o bem-estar. Assim, por exemplo, no caso de empresas monopolísticas que tenham controle sobre o preço de mercado praticado para o produto que produzem, é bastante provável que o preço seja fixado acima daquilo que seria seu custo de produção em termos de outros bens. Além disso, podem existir distorções; nos mercados de fatores de produção que levem a que os preços dos produtos não venham a refletir sua contribuição para o bem-estar, já que estão sendo produzidos por fatores cujo preço não reflete a contribuição do fator para o processo de produção. Esse fenômeno, por exemplo, pode ser resultado de segmentação no mercado de trabalho, discriminação etc. Um segundo tipo de problema, que pode levar a que a medida de produto nacional não seja um bom indicador de bem-estar, é o que costumamos chamar de externalidades. Um processo produtivo, além do(s) produto(s) tradicionalmente avaliado(s) na contabilidade nacional, produz uma quantidade quase infinita de subprodutos que, por falta de mercado, não são corretamente avaliados. Assim, por exemplo, não existe mercado para fumaça expelida pela chaminé de uma fábrica. Não existe também mercado para o "serviço" de mudar a temperatura da água de um rio, ou mesmo das vizinhanças de uma instalação industrial. Os ruídos produzidos juntamente com os demais produtos que saem de um processo industrial não são comercializados em mercados estabelecidos. Poluição visual, aglomeração excessiva etc. são muitas vezes resultados de atividades econômicas e não são convenientemente avaliados nas tentativas de se obter indicações de desempenho de uma economia em termos de bem-estar. Quando nos referimos à taxa de crescimento do PIB, por exemplo, estamos falando no acréscimo de bens e serviços gerados por uma economia num determinado período de tempo. A avaliação desse acréscimo de bens e serviços gerados é, em geral, considerada acréscimo de bem-estar. Entretanto, conforme já apontamos, juntamente com esses bens e serviços foi gerada uma série de subprodutos que não são transacionados em mercados estabelecidos. Alguns desses produtos se constituem em externalidades negativas, no sentido em que causam reduções de bem-estar. Assim sendo, para que tenhamos uma medida correta de bem-estar, é necessário que essas externalidades sejam abatidas dos cálculos de produto nacional. Entretanto, já apontamos o fato de que não existem mercados estabelecidos para transacionar esses "bens". Assim, é bastante difícil se obter uma avaliação monetária de sua "contribuição" para o bem-estar e, portanto, considerá-los explicitamente em nossas avaliações de desempenho do sistema econômico.

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