Livro Ortopé Eco

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Índice O Caminho ........................................................................................................................................................ 2 Plantação de Galinhas .................................................................................................................... 5 Menina Verde ................................................................................................................................................8 Riacho de Concreto .........................................................................................................................11 Mágicas de Boa Vista ..................................................................................................................16 Uma Saudade que ficou ..........................................................................................................19 A minha casa e a do João de Barro .........................................................................22 As Flores da Infância .....................................................................................................................25 Lembranças que o tempo não apaga ................................................................. 28 A Faca de Prata ..................................................................................................................................... 31 Vencedores - Fotos Natureza .......................................................................................35 Vencedores - Fotos Filhos ..................................................................................................40


O caminho Lembro-me com saudade das tardes nas ruas de terra no bairro onde eu morava. Ainda existiam muitas árvores por lá e os pássaros ainda cantavam nas manhãs. Sonhar com coisas tão distantes da minha realidade às vezes me fazia triste, mas a esperança sempre me colocava um sorriso no rosto e me renascia a certeza de que dias melhores viriam enquanto limpava as mãos de barro na roupa, depois de fazer um “bolinho”. Aos poucos fui descobrindo que tudo o que eu precisava estava bem ali, nas brincadeiras de pique-esconde, nos banhos de chuva, nos carrinhos de rolimã, no abraço dos amigos quando eu chorava, na tubaína dividida e até nas reconciliações das briguinhas por figurinhas... Era na mesa, com todos juntos no jantar, nos cuidados dos meus pais, na família que estava minha felicidade, nas coisas que ninguém pode comprar... Assim, fui crescendo, ganhando pessoas que guardo até hoje em meu coração, verdadeiros tesouros! Foram essas pessoas que me ensinaram a amar os corações, não as coisas. Quando adolescente, algumas árvores já não existiam, e as manhãs já estavam mais silenciosas. Mas minha alma tinha revoadas de pássaros, que buscavam um pouso seguro. O futuro já não me parecia tão longe assim, e eu sabia que o progresso que silenciou pássaros e asfaltou as ruas do meu bairro, veio para ficar, e era necessário que eu crescesse. Ah! Como doeu essa transição... Aqui dentro de mim se estabeleceu a guerra entre o “ser” e o “possuir”, e algumas vezes o “ser” perdeu a batalha. Algumas vezes, deixei coisas serem mais importantes que pessoas e sofri quando ambas foram embora. E doeu-me mais o vazio que ficou na alma... Aprendi que sobrevivência é diferente de existência, e que eu existiria enquanto pudesse deixar boas lembranças. Já quase entrando para o colegial, ainda no ginásio, ouvi um professor dizer que “uma vida só é plena depois de se


plantar uma árvore, criar filhos e escrever um livro”. Guardei aquelas palavras e nunca me esqueci. Ainda guardo o amor e cuidados com a natureza. Criei meus filhos e escrevi um livro para crianças com o mesmo carinho que lhes ensinei tudo o que aprendi no caminho até aqui, que a felicidade sempre estará na simplicidade dos bons sentimentos. Nem no passado, nem no futuro... nesse momento! (Leila Dohoczki)


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Plantação de galinhas Depois de ler algumas notícias que me fizeram voltar no tempo, comecei a lembrar daqueles momentos de quando era menina e que hoje são histórias para contar para netos ou para relembrar com meus irmãos e dar boas risadas. Em casa havia um quintal onde junto com nossa mãe plantávamos flores, diferentes verduras e temperos para usar no preparo das comidas. Sempre tínhamos que plantar algo novo e colher folhas para uma salada, um refogado, cebolinha, salsa e tantas outras espécies que nos fazia participar daquele prato que mamãe levava à mesa na hora do almoço. Nós éramos três: eu, meu irmão maior e minha irmã menor, que tinha na época em torno de três anos. Era nossa diversão brincar no quintal. Criávamos nosso mundo encantado, onde até alguma onça costumava aparecer no meio de uma brincadeira. Virava floresta, fazenda, praça, parque de diversão e até lugar de debates em cima do muro com as crianças do vizinho do lado. Num destes dias de trabalho na horta, antes do almoço, em meio a nossas andanças por ali, aparece uma ou duas penas de galinha. Naquele tempo a mãe ia à feira para comprar galinha e o feirante a matava na hora. Restava depená-la em casa. Minha irmã, na sua sapiência, juntava terra de um lado, plantava uma folha em outro, guardava pedrinha numa caixinha, catava caracol de lesma, vazio é claro. Numa destas nos demos conta de que ela estava muito quietinha e fomos ver o que aprontava. Vá que fosse comer algo que não devia! Pé ante pé fomos, meu irmão e eu, até ela, que estava de cócoras e muito ocupada. As alpargatas cheias de terra, as mãos nem se fala, cabelo, olho, tudo daquele jeito que criança adora. Com uma pá cavava um buraco no canteiro das hortaliças com uma compenetração de agricultor experiente. Ao seu lado, duas penas esperavam. Quando sentiu que estávamos ali admirando seu trabalho, nos olhou e disse:


- Vou plantar galinha! Duas! Olhamo-nos e rimos a não mais poder! Esta seria umas das invenções que daria ótimo resultado para a economia da casa. Esta, entre outras, são coisas que as crianças de hoje não vivem mais e que gostaria imensamente que voltassem à nossa forma de vida. (Isiara Mieres Caruso)


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Menina verde Era uma vez uma família muito feliz. Nesta família, tinha um pai, uma mãe e uma menina. A menina chamava-se Vitória. Vitória tinha 6 anos. Ela era uma menina querida, gentil, um doce... Era o maior orgulho dos pais. Vitória, quando entrou para a escola, fez muitos amigos. Era uma aluna dedicada, fazia os deveres e era muito boa em todas as matérias. A escola oferecia muitas oficinas: teatro, aulas de instrumentos musicais, pintura, culinária, coral... Todas tinham um professor especializado. As oficinas tinham três grupos cada uma: o Grupo A, Grupo B e Grupo C. Todos começavam no C, que era o principiante. Teatro, por exemplo, no Grupo C, quando já conseguisse interpretar um personagem e não tivesse medo do público, subiria para o Grupo B. No B a criança já poderia apresentar uma peça, mas só na escola. Se apresentasse talento, e com permissão dos pais, subiria para o A, onde faria apresentações dentro e fora da escola. Uma oficina que chamou a atenção de Vitória foi de Aprender Cultivar Plantas. Os Grupos A, B e C funcionavam assim: no Grupo C, aprenderia plantas que não tivessem espinhos, flores e plantas simples. O B já aprenderia plantas com espinhos, de chá e pequenas árvores. No Grupo A, por sua vez, aprendia-se como cultivar árvores e frutas como uva e melancia, que exigem cuidados especiais, mais complicados. No Grupo C, onde Vitória ficou por ser principiante, a primeira aula era com margaridas. Vitória aprendeu como não confundir uma mudinha com outra, como saber qual mudinha era de margarida ou não... Após, como cultivar na terra e qual quantidade de água e quantas vezes por dia. A menina ficou cada vez mais feliz na oficina. Tinha talento, afinal, após pouco tempo, a mudinha de margarida já apresentava um brotinho verde na terra. A professora Aline viu que a menina tinha esse talento e perguntou se ela gostaria


de entrar no Grupo B. Vitória aceitou e, na aula seguinte, aprendeu a cultivar rosas. A de Vitória novamente se destacou, mas ela ficou por mais tempo, porque no B deveria aprender todo o conteúdo. Assim, nossa menina ampliou seu conhecimento e começou a plantar plantas em seu jardim. Depois de um ano, o jardim estava cheio de flores: margaridas brancas, rosas vermelhas, girassóis bem amarelados, tulipas perfumadas... Parecia encantado. Já se pode imaginar o que aconteceu à pequenina criadora de flores! Vitória cresceu e virou ecologista. Ela passou da escola, casou-se, teve filhos e hoje cuida da natureza. É claro que, toda vez que ela vê a poluição, fica muito chateada... Afinal, ela procura ajudar a natureza, enquanto outras pessoas ficam por aí destruindo seu tesouro. Após algum tempo, nossa ecologista optou pelas coisas novas que as pessoas estavam investindo: as campanhas. Ela resolveu criar uma a favor da natureza. Pensou muito, mas no final ficou como Pro-CEP (Projeto Contra Extinção das Plantas). Pro-CEP fez sucesso: as pessoas estavam se conscientizando que precisamos proteger o nosso verde, Vitória viajava muito para fazer palestras. Com o Pro-CEP viajava muito para a Amazônia, por exemplo, para plantar árvores... A ecologista ficou felicíssima. Hoje os descendentes de Vitória continuam seguindo em frente a campanha, e quem não leva jeito ajuda o Pro-CEP doando sementes, que vão para lugares que precisam. (Joana Soares)


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Riacho de Concreto Hoje, em vida adulta cheio de afazeres e tarefas atribuladas, ainda encontro tempo para relembrar de momentos, acontecimentos e ambientes dos tempos de infância. Relembrar das brincadeiras, do primeiro dia de aula, dos eternos amigos, dos lugares preferidos onde passávamos horas à toa, das namoradinhas por desejos. Relembrar onde morávamos; na Vila Schultz, num beco sem saída, costeado por uma sanga. Era conhecida como “A Sanga”, e antigamente, nos tempos em que minha avó se preocupava com minha mãe e tios para não caírem na sanga, ela era conhecida como o “Riacho da Vila”. Claro que nos documentos oficiais da prefeitura tinha outro nome, que até hoje não conheço e não quero procurar saber, talvez porque estragaria parte dessa linda memória. Lindas eram as histórias que minha avó contava, dos acontecimentos em volta do Riacho da Vila, como da vez em que meu avô, inacreditavelmente, pescou um lambari de dois quilos. Lambari de dois quilos, acredite quem quiser, pois eu acreditei tal a convicção com que minha avó contava. Dizia ela também que o Riacho da Vila era maravilhoso, de águas cristalinas, tão transparente quanto vidro que se viam os cardumes de lambaris coreografando no ritmo da correnteza; via-se a fina areia, as pedras, os musgos ao fundo; via-se também as ostras, as tocas dos caranguejos e a dos muçuns. Uma natureza perfeita do elemento que rege a vida, que cultiva o alimento, que sacia a sede dos seres, que nutre as exuberantes florestas. Outra vez, estávamos todos sentados à volta de minha avó: parte dos meus amigos, minha mãe com as gêmeas no colo, minha tia caçula – que não passava de uma adolescente – e, ao fundo, meu avô, sentado na sua poltrona de patriarca bebericando uma água que, toda vez que colocava nos lábios, fazia sempre a mesma careta. Como era inverno, meados de 11


julho, o fogão à lenha afagava a todos que ali estavam reunidos na cozinha de madeira de sete e meio metros quadrados. Eu e meus amigos esperávamos minha avó começar outra história dos acontecimentos que ocorriam na vila. Adorávamos essas histórias, sendo verdade, ou meia verdade, ou até mentira, nós adorávamos. E naquela sexta-feira minha avó dizia estar inspirada, com a lembrança aguçada, e que queria contar o dia em que o Riacho da Vila botou suas águas para fora de seu leito. Sentada de lado para frente do fogão à lenha, iniciou a história olhando a lenha crepitar no fogo recém renovado: “Olha, meninos, naquela época nenhum de vocês era nascido, mas sua mãe – olhou-me – já se engraçava com seu pai, filho”. Deu de olho para minha mãe, que estava à sua esquerda. “E eu estava uns cinco meses grávida de você, neguinha” – disse, fitando a caçula, que deu um leve sorriso. “O dia já havia amanhecido carregado, as nuvens davam a impressão que iriam desabar sobre as nossas cabeças, o céu se partia em fachos de luz que caíam sobre os eucaliptos partindo-os ao meio como se fosse um machado bem afiado. Poucos se arriscavam a sair para rua, mesmo os que tinham como obrigação chegar ao trabalho. Era questão de minutos para começar a chover. Eu preparava o café matinal, enquanto que o seu avô – olhando-me, pois minha avó sempre contava as histórias como se tivesse as contando somente para mim – vestia seus tios menores para irem à escola. Então, de repente a chuva caiu como se despejassem um balde de água sobre a terra. Era tão forte que dava a impressão de que o telhado não resistiria. Isso era umas oito e meia da manhã e, quando se aproximava da hora de me preparar para ir pegar o ônibus, nove e quinze, a água do riacho não aguentou mais seguir no seu leito normal. A água, que era cristalina e transparente, estava turva e insalubre, e os insetos peçonhentos desesperados começavam a se refugiar da água, entrando pelas frestas da porta e do assoalho. O jeito foi se defender daquela invasão, nos atracamos de vassoura, chinelos e toras de lenha. Uma correria: eram baratas, aranhas, traças, centopeias e até caranguejos. 12


Não sabia que existia tanto inseto assim, ainda mais sob meu assoalho. Lá fora, a chuva continuava intensa, eu e vosso avô nos olhávamos sem saber o que fazer. Nunca antes havíamos enfrentado tal dificuldade, apesar de já termos passado por várias outras. O jeito foi pensar no pior, e o pior era se a água entrasse dentro de casa. O que fazer? Erguer as coisas o mais alto possível e retirar as crianças de casa. Então foi o que fizemos, ou o que tentamos fazer, pois a correnteza estava tão forte que seu avô teve que retornar, havia conseguido ir apenas até o portão, ir além era impossível. “Já passava das dez quando a água inundou a cozinha e minutos depois a casa inteira. Fiquei desesperada, a chuva não parava, a água continuava subindo, as crianças com os olhos marejados olhavam assustadas, e teu avô também me olhava tentando não demonstrar seu desespero. ‘Temos que tirar as crianças daqui... ’, pensei eu, ‘mas como?’. Na sala onde todos nós estávamos o nível da água atingia o joelho e cobria os calços que apoiavam os móveis. Da cozinha só se via a chapa do fogão à lenha. Então eu disse: ‘temos que tiras as crianças. Adão! Vai até o quartinho dos fundos e pega aquela boia que a gente sempre leva para o rio, vamos tirar as crianças pelos fundos até o terreno do compadre Arlindo. Lá a água ainda não chegou’. Desasado, seu avô entrou na cozinha, com a água nas coxas, foi ao quartinho e encontrou a tal boia boiando entre outras coisas. Na verdade, não era bem uma boia mas uma câmera de pneu de caminhão. Como foi, voltou desasado, pronto para o desafio. E o desafio era enorme, atravessar dois terrenos inundados de água, com duas crianças numa boia meio murcha sem saber se dava pé e sem saber se a correnteza era forte. Mas uma coisa seu avô era: corajoso. E não tinha nada que ele não fazia por seus filhos e – agora – netos. “Primeiro foram os garotos, pois o Rogério já sabia nadar. A chuva continuava forte e aterrorizante, a cada segundo reverberava raios e estrondosos trovões. Enfim, saíram porta afora. Adão media cada passo que dava, quando a correnteza 13


o levou na direção da cerca que dividia os terrenos, o impacto fora tão forte que deu para ver o sangue do braço macular a turva água. Mesmo assim conseguiu transpassar a cerca, porém o que ele não esperava era que a correnteza o levaria em direção ao galinheiro do vizinho. Ali, com toda certeza ele se machucaria muito, o galinheiro era todo revestido por folhas de zinco e tramado por fios de arame. Uma armadilha. O jeito era lutar, lutar muito contra a correnteza para pelo menos desviar. Olhando da janela visualizei seu avô se estatelar naquele galinheiro. Eu não tinha o que fazer a não ser rezar e pedir à Virgem que olhasse por meu marido e meus filhos. E, no que juntei as mãos, dois anjos surgiram navegando. Envoltos em manto vermelho resgataram o Adão e nossos filhos. Eram dois anjos bombeiros. Caí em lágrimas de alegria. Minha Virgem nunca falhava quando eu me agarrava a Ela.” Devia de ser linda “A Sanga” nos tempo de “Riacho da Vila”, se na minha infância a sanga já era uma grande atração, não havia o dia em que não brincávamos à sua volta. Claro que, banhar-se, nem pensar, pois o homem já a havia transformado em depósito de esgoto. No entanto, hoje, quando visito minha avó, que continua morando no mesmo beco de frente para a sanga, olho para o concreto cinzento direcionando um leito reto e objetivo, sinto uma enorme melancolia, um saudosismo incondicional, pois sei que meus filhos e netos jamais verão e viverão os momentos felizes que passei naquele Riacho de Concreto. (Cristiano Faleiro)

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Mágicas de Boa Vista Nasci no interior da Bahia e fui criada numa cidadezinha encantada, com ruas de paralelepípedo e árvores, muitas árvores, nas calçadas. Entre a casa dos meus pais e a casa do meu avô, tinham vários quintais repletos de árvores frutíferas. Uma das brincadeiras que animavam a mim, meus irmãos e a “primarada” era passar em todos os quintais colhendo frutas e enchendo uma cesta de mangas, pitangas, siriguelas, umbu e tantas outras frutas nordestinas. O engraçado era pular os muros com todo esse carregamento de fruta, mas aqui estava a maior diversão. Quando chegávamos à casa do meu avô, invariavelmente recebíamos broncas pela peraltice, mas ele também não resistia, e quando nos dávamos conta do tempo (se é que contagem de tempo existe na infância) estávamos há horas devorando as frutas na varanda, deliciados com as histórias que o meu avô contava da sua infância: o medo de abrir a porteira para o bando de Lampião; os dias passados no lombo do cavalo, acompanhando o seu avô na condução do gado; as traquinagens de comer rapadura quente no engenho de cana da fazenda do seu pai. Ah, esta fazenda! Fazenda Boa Vista, hoje propriedade do meu pai. Neste lugar passei, também, uma grande parte da minha infância, e hoje faço questão que os meus filhos vivam ali o que vivi quando era pequena. O lugar mais bonito desse mundão de meu Deus. O lugar mais encantador. Lá a natureza é viva, é poesia pura. O céu tem mais estrelas, e são as estrelas mais brilhantes desta galáxia. Quando a noite chega, a gente apaga todas as luzes da casa e deitamos na grama para ver o céu. A escuridão total revela cada pontinho de luz como um tapete de cristais. E têm as cachoeiras, com suas águas geladas e encantadas. E têm as flores silvestres, que colhemos para enfeitar a casa. E têm as montanhas da Chapada Diamantina, cada uma com um formato diferente, que a criatividade da infância faz a gente interpretar como 16


“o leão que protege a fazenda”, “o rei que coloca ordem na natureza”, “a águia que leva no bico o alimento para todos os animais que habitam aqueles campos”. Sempre que olhávamos essas formações rochosas e suas figuras imaginárias, sentíamo-nos protegidos. E devem ser mesmo protegidas as crianças que têm com a natureza contato tão forte. A mãenatureza. A mãe que ensina, protege e faz sonhar. Sonhar com um mundo mais divertido e mais justo. Sonhar com um mundo melhor. E um mundo melhor está nas nossas mãos, nas mãos que cuidam e preservam! (Luciana de Lima)

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Uma saudade que ficou Quando tinha uns 10 anos de idade, eu morava em um sítio onde minha mãe e meu pai criavam cavalos. Lá havia 5 cavalos: uma égua de nome Alteza (raça manga-larga), um cavalo de nome Sassá (alazão branco), um quarto de milha chamado Presidente, um pangaré chamado Ventania e um potro filho da égua Alteza. Como os cavalos eram grandes eu não conseguia montá-los, sempre precisava de ajuda porque minhas perninhas eram curtas. Gostava de andar no Ventania, porque ele me obedecia e já estava acostumado comigo. Um certo dia, resolvi ir à praia de cavalo, com mais duas pessoas, apenas para passear. O sítio que eu morava ficava localizado a uns 15 quilômetros da praia, então fomos pela manhã, o sol ainda estava frio e cidade ainda era um matagal. Não havia asfalto, as ruas eram uma mistura de piçarra com areal, os terrenos ainda não eram cercados, as árvores ainda existiam e ainda frutificavam. Pelo caminho nós tínhamos que atravessar um rio nadando. Bom, os cavalos sabiam, eu não. Agarrei no pescoço do meu cavalo Ventania, fechei os olhos, e em poucos minutos já estava na outra margem do rio, sã e salva. Prosseguimos viagem ora galopando, ora correndo mesmo nos cavalos para que eles secassem. Paramos num lugar onde havia uns coqueiros e um pé de mangueira, atamos os cavalos, que ficaram comendo umas gramíneas e nós paramos para beber água de coco. Eu não sabia subir em coqueiros, mas graças a Deus os coqueiros eram anões e bastava só pegar no coco e rodá-los para pode tirá-los, e usar uma ferramenta chamada abridor de cocos, muito comum aqui no litoral do Ceará. Prosseguimos viagem. O sol já estava de rachar o cano, mas o chapéu era sempre nosso companheiro de viagem, às vezes na cabeça, às vezes pendurado no pescoço, galopando no cavalo, o vento batendo no rosto, os cabelos voando e o chapéu voando pendurado pelo cordão no pescoço. Enfim, 19


chegamos à praia, a vista maravilhosa, sempre renovada, por mais que estejamos acostumados, ela é sempre nova e bonita e sempre nos causa boa impressão, mesmo para quem mora nela. O mar tão azul brilhava refletindo o céu azul. O mar ainda era azul e ainda cheirava como mar. As ondas do mar ainda traziam búzios e a praia ainda era limpa, ainda virgem. Passamos lá poucas horas, colhendo búzios, banhando-se com a ainda limpa água do mar. Bebendo água de coco e comendo psica assada (um peixinho assado que vende na região). Montamos em nossos cavalos para voltar, o nível do rio já havia subido e inundou um pouco o mangue que não estava tão lamacento quando passamos. Passamos novamente pelo rio. Eu, novamente com os olhos fechados. Passamos pelo mangue, nos sujamos completamente de lama, uma lama completamente natural isenta de qualquer poluição, os cavalos ficaram sujos, meus cabelos ficaram duros. Cheguei em casa, tirei as botas, tomei aquele banho, já era quase noite e minha mãe me chamava para comer aquele pão de milho com leite de coco. (Sarah Holanda Uchôa)

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A minha casa e a do João de Barro Deveria estar com 11 para 12 anos e já me sentia o “sabe tudo”, com aquela vivacidade da “aborrecência” e a veia da curiosidade apurada. Tudo em mim era permitido. Foi nesta época que uma passagem marcou profundamente a minha vida e serviu como lição eterna. O saudoso tio Albino Nunes, o Bininho, morador da pacata cidade fronteiriça de Uruguaiana, Rio Grande do Sul, era um sujeito forte, de personalidade campeira, domador de cavalos, tratador de porcos, galinhas, pôneis e gado. Minha alegria quando o visitava em sua fazenda era tomar leite, tirado na hora. Bebia o leite puro, em canecões de alumínio, enquanto assistia ele ordenhar vacas. Muitas vezes, ganhava carona em seu veiculo (carroça com tambos de leite) distribuidor até a cidade, onde passava férias colegiais com mamãe. Era inverno e, apesar do frio intenso na região, nada detinha a mim e a meu irmão menor de irmos até a fazendo do tio Bininho e lá iniciarmos o dia. Olhando a lida dos homens no campo, comíamos os quitutes da tia Nadir e fazíamos fuzarca com cachorros, vacas e demais animais. Para minha mãe, aquilo era uma alegria, ainda mais que éramos paparicados pelos tios, peões e demais trabalhadores. Isso mais a felicidade de poder andar a cavalo, por campos sem fim, caçar e conhecer a natureza in loco e natura. Uma outra alegria, que para uma criança como eu fazia bater forte o coração, era a de ser proprietário de um galinho garnisé e de um pônei, os quais viviam sempre em liberdade. Este último, no campo, e o outro, livre na cozinha, na varanda, no estábulo e onde bem desse na sua imperiosa vontade galinácea. Minha mãe demonstrava total apreço por esse pequeno personagem da fauna local. Primeiro porque ele me pertencia – foi-me presenteado pelo tio querido – e, depois, pelo seu lindo visual. Ele pertencia a uma casta de galos, que embora pequena no seu porte, era, ao contrário, 22


altivo, impávido e possuía em suas pequenas pernas uma boa quantidade de penas, a parecer polainas. Esse universo todo foi muito importante na minha formação ecológica e humana. Um ritual de férias que perdurou até a idade de adolescente, quando visitava tios e primos, como o Dr. Aurélio Nunes Galino, o Lelinho, um dos primeiros formandos em Zootecnia, que arrendava uma chácara e dividia seu tempo em cuidar da família e dos seus bichos. Por lá continuei meu aprendizado sobre natureza, passeios a cavalo e trato com animais. Tenho até hoje bonitas fotos, produzidas por mim, de nossas planícies e campos. Porém, de toda essa vivência, o fato que mais me marcou foi o que recebi de meu tio Bininho, ainda guri. Numa bela e fria manhã, eu estava chegando com ele em seu veículo (carroça leiteira) quando avistei na parte de cima da cancela da fazenda uma enorme casa de João de Barro. Rapidamente, apanhei minha funda, bodoque, e comecei a atirar pedras na tal moradia, tentando derrubá-la. Foi quando meu tio viu e, num tom de voz muito forte, ordenou para eu parar e perguntou-me: “gostaria que alguém apedrejasse a minha casa?”. Naquele exato momento, surpreso e com uma grande vergonha estampada na cara, percebi o valor de uma casa, de uma família. Tive a primeira lição de preservação da natureza e o respeito com o meio ambiente, iniciando, assim, uma nova fase no meu viver. Hoje, passados anos, meu querido tio Bino não está mais entre nós, mas sua lição passo para amigos, parentes, sobrinhos, sobrinhas, e passarei a meus filhos e netos. O respeito ao próximo e ao meio ambiente em que vivemos é o maior legado que quero deixar neste mundo. (Castro Pereira)

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As flores da Infância Quando era criança, eu me lembro, dobrava-me sobre os canteiros dos jardins da casa de minha avó, a observar as flores nas primeiras horas da manhã. Havia um verdadeiro tapete de flores pequeninas chamadas “nove horas”, ou “onze horas”, algo assim. Lindas, pequeninas e tão delicadas, elas amanheciam fechadas, aguardando o beijo macio e quente do sol enamorado. Eram brancas, lilases e amarelas também. Eu me debruçava sobre suas corolas mágicas, com meus olhinhos brilhantes e minha boquinha formava um quase sorriso. Em poucos momentos que pareciam custar a passar, as meninasflores iniciavam seu balé harmonioso, enquanto eu, aos berros, puxava o avental de minha avó tentando lhe mostrar esta ou aquela florzinha se abrindo. Era ainda nova a minha nonna, erguia com grande força um regador pesado e grande, cheio d’água. Uma chuva fininha caía mansinha sobre as roseiras e sempre-vivas. O sol dourava os fios de cabelo que se soltavam do coque de minha avó. Enquanto isso o espetáculo se seguia, as pequenas flores se abriam, umas mais apressadas, outras preguiçosas, e minha boca de fantasia agora ilustrava um sorriso e mais um pouquinho. É bem verdade que algumas se demoravam demais em seus bocejos, no que minha ansiedade me permitia imprimir meu dedinho acusador para abri-las, o dia estava tão lindo. Porém, a pressa de vê-las lindas a mostrar suas cores aos ventos, magoava-lhes as pétalas, então enchia os pulmões de ar e com biquinho de beija-flor soprava sobre elas o ar da vida, talvez o mesmo que trouxe luz a Adão, quem sabe? Pobres florzinhas. Como devia ser difícil surgir sobre os tufos de grama, sob os bafejos ansiosos de uma guria de chiquinhas. Hoje, sentada no banco do jardim da casa, remoia lembranças de um amor quase sincero, quando uma – sua avó, quem sabe? –, segundo as palavras de meu avô, mostrou suas cores brilhantes, sem pressa e em seu tempo. Lembrei25


me dos dias em que não suportava a espera e notei que os centímetros que me faltavam na altura sobravam na alma apaixonada e cheia de sonhos. As pequeninas flores duram pouco, só um dia, quase como nós. O que nos resta no final são lembranças boas, envolvidas pela chuva fina do regador da vovó. As flores da infância não são diferentes das de hoje. Mudaram os olhos e a forma como nos encantamos delas. (Dianni de Oliveira)

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Lembranças que o tempo não apaga Era criança, mas lembro-me bem daquele tempo em que tudo era fantasia. Tudo natural, tão simples. Mas muito especial. Lembro-me que morávamos em uma casa de barro coberta de capim. Nosso fogão também era feito de barro com uma chapa em cima. Não tínhamos mobília comprada em loja, pois eu nem sabia que existiam lojas naquele tempo. Por isso, nossos móveis eram rústicos, de madeira. Recordo que os colchões eram feitos de palha de arroz, que era trocada todos os anos, na época de safra. A cama era cheirosa e macia. Em frente à nossa casa havia um jardim e, aos fundos, um pequeno açude onde nós brincávamos de viajar de barco em uma gamela. A gamela era usada para dar água aos animais. Era pequena e comportava só um de cada vez, mas era uma festa. Não tínhamos água encanada nem luz elétrica. A luz vinha de um lampião a querosene ou candeeiro que era feito com um pouco de gordura animal e um pedaço de pano que era o pavio. A água era trazida da cacimba e as roupas eram lavadas no açude. Meu pai plantava quase tudo o que precisávamos para comer. Tínhamos verduras, frutas, legumes além de chás, caso alguém ficasse doente. Criávamos galinhas, porcos e o que não produzíamos era costume da época trocar com os vizinhos ou presentear aquilo que era produzido. Em nossas brincadeiras de criança costumávamos ir para o meio da plantação e lá, escondidas, fazer um fogo, arrancar batatas e fritá-las em uma panelinha velha. Outras vezes, tinha as brincadeiras na casa da árvore, uma grande pitangueira. À noite, a família se reunia juntamente com algum vizinho para contar casos de assombração, tomar mate e comer bolinhos fritos. Não havia televisão. Poucas eram as pessoas que possuíam um rádio. Eu tinha um tio que não possuía muito estudo, mas era curioso, feito o Professor Pardal, e inventou uma espécie de rádio: a galena. Lembro que os vizinhos vinham ouvir as notícias e minha avó escu28


tava as novelas. Tinha também o cinema feito por meu tio, que recortava as gravuras de gibis e fazia com elas um rolo. Depois, colocava uma caixa de papelão e uma vela atrás e ia rodando o filme. Os vizinhos ficavam encantados, e eu gostava era do filme da bruxa. Naquele tempo os temporais eram fortes, as geadas eram enormes e as águas do açude ficavam como se fossem de vidro. Os ventos também eram muito fortes e lembrome de meu avô e meu tio segurando portas e janelas para o vento não abrir. As portas e janelas eram fechadas por uma tramela de madeira. Quando a chuva passava, eu corria para o corredor para juntar peixinhos coloridos que caiam com a chuva. Até hoje não encontro explicação de onde vinham aqueles peixinhos iguais aos que compramos hoje para colocar em aquários. Mas é verdade, e esta lembrança está muito viva em minha memória. Hoje, tenho três filhos e três netos e sempre conto a eles estas histórias de um tempo tão especial, tão saudável quando vivíamos em comunhão com a natureza e éramos tão felizes. Não existia riqueza de bens materiais, mas existia amizade, respeito pela natureza, religiosidade e valores na família e que, até hoje, procuro transmiti-los aos meus netos, pois educamos pelo exemplo. Eu, como educadora, acredito que nem tudo está perdido, basta acreditarmos. (Zelia S. Cunha)

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A Faca de Prata Era agosto de 1957, inverno rigoroso, frio e chuvoso. Na época, eu tinha oito anos, morávamos numa casa de material com quatro quartos, a sala era enorme com uma mesa de jantar que acomodava dez pessoas, mobiliário estilo colonial. Tudo muito simples, mas confortável. Na frente da casa, duas figueiras, quase centenárias, cobriam com suas sobras quase todo o pátio, onde todas as tardes meu pai e minha mãe tomavam chimarrão, acompanhados do meu avô e empregados da casa. Distante uns 50 metros havia um açude muito grande, cuja água era usada para irrigar as plantações. Eu, minha irmã, meus primos e amigos costumávamos pescar e tomar banho nos dias quentes de verão, pois a extensão de areia era larga, formando uma praia muito gostosa. A fazenda chamava-se Paradouro, de propriedade do meu avô Dom Armando, como era chamado por todos, e administrada pelo meu pai. Localizava-se a uns 35 km da cidade de Camaquã e a uns 20 km do distrito de Arambaré, hoje município. Cultivavam arroz e alguns tipos de plantas do seco, tais como: milho, moranga, batata, mandioca, feijão e outras, mas a atividade principal era a criação de gado, ovelhas e cavalos. Foi nesta área que eu mais me identifiquei, pois gostava de cavalgar pelos campos, arrebanhando as ovelhas e o gado, às vezes para trocar de pastagem, outras para fazer a marcação e vacinação. Meu avô usava com muito carinho e cuidado uma faca de prata, já na época muito antiga, pois lhe foi dada como recordação pelo seu pai, meu bisavô, e era de grande valor sentimental para ele. Em um dos rodeios para fazer a marcação e vacinação dos animais, Dom Armando, que montava muito bem e conhecia toda a lida do campo, foi obrigado a entrar no açude para retirar um novilho que lá teria se embrenhado e atolado 31


na lama, não conseguindo sair. O cavalo estava com a água na metade da barriga e o novilho teimava em ficar ali parado, já cansado pelo esforço que fazia. Meu avô usava o laço para tirar o animal que se debatia, dificultando a tarefa. Foi num daqueles movimentos que se faz com o braço erguido, o laço alçado, dando voltas sobre a sua cabeça, que Dom Armando percebeu quando a faca, que costumava usar presa à borda do colete por uma corrente de prata, despendeuse e saltou, mergulhando na água do açude. De imediato pediu a um dos empregados que o acompanhava na difícil missão que lhe trouxesse uma vara de bambu de no mínimo cinco metros de comprimento; de pronto, foi atendido pelo vaqueiro que, curioso, perguntou o que ele pretendia fazer. Cravando a vara no local onde a faca havia caído, meu avô respondeu que as águas do açude costumavam baixar em épocas de verão e, por consequência, bem ali onde eles estavam ficaria completamente seco, então voltaria lá e recuperaria a faca de prata. Depois de muito esforço, conseguiram livrar o animal do atoleiro, voltaram para o galpão, onde os outros empregados estavam reunidos, bebericando uma boa pinga enquanto aguardavam a hora do almoço. Com muito espanto o ajudante contou o que havia ocorrido lá no meio do açude, meu pai soltou uma boa gargalhada e até fez uma promessa: se seu pai conseguisse realizar aquele feito, ele mandaria matar uma novilha e faria um grande churrasco para todos os trabalhadores, amigos e vizinhos da fazenda. Passado o inverno, chegou o verão e, como Dom Armando havia previsto, as águas começaram a baixar e, por meados de fevereiro, a vara de bambu aparecia toda descoberta, o solo estava seco com uma camada de barro maciço todo trincado pelo sol. Meu avô chamou meu pai e todos os peões para irem juntos fazer a recuperação da faca de prata, munidos de pás de corte e outras ferramentas. Dirigiram-se até o local onde a vara estava cravada. Foram conversando, contando piadas e até fazendo graça da atitude do velho fazendeiro, mas ao mesmo tempo 32


torcendo para que atingisse o seu objetivo, pois só assim iriam saborear um suculento churrasco gordo. Meu avô solicitou a um dos peões que começasse a escavação, que ele iria orientar a direção a ser seguida e assim foi feito. Cavaram por mais de duas horas sem obter sucesso, volta e meia trocavam de cavador, pois o cansaço era grande. Em um determinado momento, Dom Armando mandou que parassem a escavação. Voltou à fazenda, pegou um cavalo que estava preso ao palanque que ficava à sombra da velha figueira e voltou. Analisou o local, fez mentalmente algumas medições e mandou que cavassem dois metros à sua direita. Quando a cova chegou a uns 60 centímetros de profundidade do solo barrento, um brilho reluziu ao sol. Foi uma alegria geral, todos se abraçaram e cumprimentaram o velho pelo feito realizado Embarrada e um pouco enferrujada pelo tempo em que ficou enterrada, ali estava a faca nas mãos do meu avô, que a limpou bem, poliu e até fez alguns consertos, pois com lama o parafuso que prende o cabo à lâmina havia apodrecido, tendo inclusive que colocar um pedaço de madeira para poder fixá-lo. O churrasco foi um dos melhores já realizados na estância. Apareceram por lá uns vizinhos que tocavam gaita e violão, houve uma grande festa e até baile rolou, numa confraternização de pais, filhos, amigos e empregados imbuídos num espírito de amizade e admiração pelo velho fazendeiro. Meu avô, em seu discurso de agradecimento aos colaboradores, decidiu presentear meu pai, dando-lhe a faca como recordação e que a repassasse ao seu filho, no caso, eu, quando chegasse à sua velhice. E para que ninguém diga que isto é uma invenção minha, guardo com muito carinho, até hoje, a velha faca prateada. (José Carlos de Souza Filho)

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Vencedores - Fotos

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Rosineide Costa

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Isabeli Laurido Migliante

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bel da Silva

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Neusa Yamada

Mariana Hessel Facco

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Angela Satiko Med

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Roberto Winkel

Schneider

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Vencedores - Fotos

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Leonardo do

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Filhos

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Victor Kren

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Lucena

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Kamila Dorne

Gisele

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