Amos e masmorras II

Page 70

Lena Valenti

Amos e Masmorras 2

Mas na prova das perguntas dessa noite, seus genes XY possessivos e sua mente cavernícola, a do homem que na realidade morreria pelos ossos de sua mulher, desejava que amos dividissem algo único. Claudia não significava nada. A submissa muito menos. Ela sim. Cleo tinha acertado sua pergunta. Mas ele não. E a pequena fada tinha razão. Fez isso conscientemente. E agora ambos tinham uma tatuagem que era uma pequena peça de quebra-cabeças com um coração e uma encaixava na outra com perfeição. Isso era algo que ninguém poderia apagar. Depois de concluírem a missão, Cleo teria algo em seu corpo que pertencia apenas a ele e que complementava sua peça. Uma tatuagem especial e preciosa entre casais. —Não me lembrei. Fiquei com a mente em branco. —Não é verdade! Fez isso porque queria me irritar! Merda, Lion! É uma maldita tatuagem! Não é um desenho de caneta. Sabe o quanto doeu? Sabe o medo que tenho de agulhas? —Já tem uma tatuagem no interior da coxa. Não é para tanto — respondeu um pouco arrependido. Cleo levantou os braços para o céu e levou as mãos à cabeça. Saiu na sacada. Precisava tomar ar fresco. A tatuagem ainda ardia. Haviam tampado com um plástico e agora tinha gotinhas de sangue que embaçavam o desenho. No horizonte, os cruzeiros atracados entre as ilhas dotavam o mar noturno de vida e de luz. O som das ondas caribenhas morrendo na orla e sal subiam até a suíte. Mas nada conseguia acalmá-la. Maldita seja. Tinha uma tatuagem de companheiro com Lion. Incrível. Se dessem as mãos e entrelaçassem esquerda com direita, as peças se sobrepunham e se encaixavam de um modo que eles não poderiam conseguir se encaixar nunca, e muito menos com o oceano que os separava, cheio de diferenças e rejeições. O som de seu iPhone a tirou de seus pensamentos. —É sua mãe —Lion saiu na sacada e lhe aproximou o telefone. Cleo pegou o celular imediatamente. —Oi, mamãe. —Querida! Como está sua viagem, céu? Lion está se comportando bem? —Sim. Lion é... um cavalheiro —grunhiu entre dentes. —Lembre-se de ficar bem e aproveitar as praias caribenhas. Estão passando protetor? Cleo sorriu com ternura. Sua mãe... sempre igual. —Sim, mamãe. Protetor 100. — Não existe desses. — Ah. — Bom, escute: Seu pequeno filhote de dinossauro... além de ser incapaz de olhar reto quando brigam com ele, deu para mudar de cores. Está indisposto? 70


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.