A economia cafeeira paulista foi mais promissora que a dos demais estados cafeeiros - Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Guanabara: sua expansão
ferroviária possibilitava-lhe a incorporação de novas terras férteis e a utilização das máquinas de beneficiamento de café reduzindo os custos de produção, e ampliando as
margens de lucro e o potencial de acumulação. A ferrovia era duplamente lucrativa. primeiro porque reduzia os custos de transportes e segundo porque era um excelente investimento de capital fora da
atividade do café, com altas taxas de retorno. A rede ferroviána paulista, que em 1870 contava com apenas 139 quilômetros liganao Santos a Jundiaí, Já alcançava 2.425 quilômetros em 1890 (cerca de um quarto do total do país), 3.373 em 1890, 6.616 em
1920, 7.000 em 1928 e 7.540 em 1940. Assim. 88% dessa rede estava implantada em 192o54. Enquanto no Rio de Janeiro a crise do escravismo refletia-se na decadência da ferrovia, em São Paulo o problema obstaculizava a acumulação cafeeira, isto é. ameaçava cessar a abertura de novos plantios. As lideranças cafeeiras de São Paulo souberam articular seus interesses e financiar a imigração do trabalho ltvre proveniente da Europa, resolvendo, portanto. essa questão. A imtgração resolveu o problema da mão-de-obra em São Paulo, liberou capital, antes imobilizado na compra de escravos. criou mercado de trabalho com oferta abundante para o café e atividades urbanas da economia, com o que ampl1ou-se o mercado de bens de consumo leve. propiciando oportunidade de novos 1nvest1mentos. Nas palavras de Cano "libertava-se ass1m o capital, de 1nversões e custos fixos com
mão~de-obra,
convertendo-os em custos
variáveis, ainda, dada a superabundância da oferta de trabalhadores, permitiu
fiexibilidade na taxa de salános, tão importante em períodos de cnse"55 O café propiciava elevadas margens de lucros nos períodos de auge e margens moderadas nos períodos de crise, o que abria possibilidades de altas taxas de 1nvestimentos na indústria, através de transferência de recursos da economia cafeeira. 56
O desdobramento da acumulação cafeeira acabaria por resolver sénos
A respeitO do s1stema de tra11soones por ferrov1a no estado de São Paulo foram produzidos d1versos e tmportantes trabalnos entre
.
os qua1s destacamos MATOS. Odilon Nogueira de _Ǫfé e Ferrov1as, São Paulo. Alfa Omega, 1974
rr'
ed1çao1 e SAES Fláv1o
Azevedo Marques de. As Ferrov•as de Sao Paulo !1870-19401, Sao Paulo, HUCITEC-JNL-MEC, 1981 Conforme CANO. Wilson. !,&_segwlíbnçs Reg~ona1s e Concentraçao Industrial no Brasil: 19JÜ-1970. Sao Paulo. Global Editora· campinas. Editora da Umcamo. 1985. pag. 61 -' .,
N<'io devemos entender a economia cafeeira como as atividades. desenvolvidas na fazenda de café mas. um conJunto de atiVIdades, que se compõe, além do café. por sua comercml!zaçao. transportes, armazenamento, etc.