O visconde partido ao Meio (Proj. Fantasma)

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CAPÍTULO III

Capítulo III : QUANDO MEU TIO RETORNOU

Quando meu tio retornou a Terralba, eu tinha sete ou oito anos. Foi ao anoitecer; era outubro; o céu estava nublado. Durante o dia havíamos feito a vindima e através das fileiras de vinhas vimos, no mar cinzento, as velas de um navio que se aproximava e portava o pavilhão imperial. Naquela ocasião, a cada navio que se avistava, comentava-se: – É o Mestre Medardo que está voltando – não porque estivéssemos ansiosos por sua volta, mas sim para termos alguma coisa por que esperar. Daquela vez não nos enganáramos: a certeza nos veio à noite, quando um jovem chamado Fiorfiero, esmagando a uva em cima da dorna, gritou: – Oh, lá embaixo. – Já estava quase escuro e avistamos no fim do vale uma fileira de tochas acesas rumando para a vereda; e depois, quando passou pela ponte, distinguimos a liteira que estava sendo carregada. Não havia dúvidas: era o visconde que voltava da guerra. A novidade se espalhou por toda a extensão do vale; o pátio do castelo ficou repleto de gente: famílias, criados, vindimadores, Aiolfo, meu avô, que há muito não descia mais, nem mesmo para o pátio. Cansado dos reveses da 21


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