EsTMA - Escola Técnica de Música de Araraquara

Page 1

EsTMA Escola Técnica de Música de Araraquara

TFG FEC- AU . UNICAMP Walter Gagliardi Neto



Walter Gagliardi Neto orientação: Profa. Mariana R. R. dos Santos TFG semestre 2 - 2019

Trabalho Final de Graduação Universidade Estadual de Campinas

UNICAMP Faculdade de Engenharia Civil,

Arquitetura e Urbanismo - FEC


AGRADECIMENTOS Agradeço a todos aqueles que ajudaram, direta ou indiretamente, durante a realização deste trabalho: meus colegas da Faculdade de Arquitetura, meus pais, minha namorada, além dos professores e funcionários da FEC, por todo apoio. E, em especial, agradeço: à minha orientadora, professora Mariana Santos, por todas as suas contribuições indispensáveis e pela confiança em meu trabalho; aos professores Rafael Urano, Evandro Ziggiatti e Claudio Lima, pelas assessorias; à arquiteta Alessandra Lima e ao engenheiro Marcos Bianchi, ambos da Prefeitura de Araraquara, e ao professor José Eduardo Oliveira (Vermelho), pela disponibilidade e informações compartilhadas; e ao arquiteto Tuco, da CPROJ UNICAMP, pelo incentivo.

índice


06 08 18 22 26 30 36 38 44 64

Introdução Aspectos do local Entre a Matriz e a Estação Ferroviária Universidade de Música e Artes Cênicas Dr. Daisaku Ikeda Cultura e Sociedade

Intervenções Urbanas Referências Projetuais

Ações Preliminares

EsTMA

Bibliografia


introdução


A proposta de uma escola técnica de música no centro da cidade de Araraquara surge a partir de uma análise crítica dos arredores do lote escolhido para implantação do projeto. A escola de música como alternativa à situação presente não atua, somente, na diminuição dos problemas levantados, como também, considera as potencialidades da área com um olhar mais atualizado sobre entorno e as demandas existentes. O equipamento urbano que ocupa esse terreno atualmente é um terminal de integração de linhas de ônibus locais (TCI) e seu entorno é predominantemente ocupado por comércios e prestação de serviços, mas, também é evidente a quantidade de edifícios desocupados ou abandonados. O que no começo do século XX era uma área nobre da cidade, hoje mostra sinais de precariedade e subutilização. Isso de deve porque, naquele momento, a estação ferroviária era o portal de entrada para a cidade, o que fez o eixo Igreja Matriz- Estação Ferroviária ser muito cuidado pelas políticas públicas e reformas urbanas. Com a expansão da cidade, a dinâmica dos eixos e polaridades foram alteradas, principalmente quando o transporte ferroviário passa a ser de carga, exclusivamente. Nesse mesmo sentido, a instalação de uma rodoviária, hoje terminal de integração, sobre o fundo de vale fez com que o

valor imobiliário dos terrenos dessa área caísse mais ainda. Essas transformações tiveram impacto direto na morfologia local e fizeram com que ele ficasse vulnerável a alagamentos, inseguro para pedestres e, como uma estrutura pesada foi construída sobre um solo mole, hoje há laudos que apontam risco estrutural do terminal. Tendo esse panorama, optou-se, como primeiro passo, a mudança de local do terminal para uma localização adjacente a rodoviária atual. Essa mudança, aliada a locação de pequenas piscinas de retenção de água pluvial em locais estratégicos, anula as mazelas diretamente ligadas à presença do terminal. Já o programa arquitetônico escolhido, justifica-se por outras três razões. A primeira delas é que Plano Diretor de 2014 aponta a transposição dos trem de carga para a periferia da cidade e transforma esse leito ferroviário em um parque linear. Esse parque é dividido em setores e o setor que coincide com a posição do local do antigo terminal é o voltado para cultura e educação. A segunda justificativa é a demanda por ensino de música na cidade levantada pelo sindicato dos músicos de Araraquara e pela Anmusc (associação de músicos da cidade). Eles afirmam que existe uma demanda por uma universidade de música defasada em, pelo menos, dez

anos. A necessidade desse equipamento, segundo eles, seria a falta de conservatórios e universidades de música na região. Por esse motivo, após a doação de um terreno da prefeitura para essa universidade, esses grupos encomendaram um projeto ao escritório de Oscar Niemeyer. A prefeitura doou um terreno em 2009. A ocupação dessa área, no limite da malha urbana, é questionável. Isso porque, ao contrário da área doada, as áreas consolidadas apresentam muitas vantagens e economia de recursos públicos. Áreas centrais já têm alguns serviços convenientes tanto para os usuários da escola de música e o tempo e o gasto com transporte é menor. A falta de divulgação de dados que demonstrem a necessidade desse projeto e os benefícios dele é prejudicial não só à população, pois enfraquece o apoio da sociedade na construção da universidade. O que leva a terceira justificativa: a importância do ensino e prática em uma sociedade começando primeiramente de forma mais ampla e o papel da cultura na sociedade. Em contrapartida ao projeto da Universidade de Música e Artes Cênicas Dr. Daisaku Ikeda propõe-se uma Escola Técnica de Música que abrange quatro cursos presentes no catálogo do MEC de cursos técnicos..

7


aspectos do local


Via

res s

Exp a

Av. Portugal

Av. São Paulo

Av. Brasil

9

Via E

xpre ssa

Rua 0

Rua 1

Rua 2


a cidade no estado

O município de Araraquara localiza-se no interior do estado de São Paulo. Sua população estimada é de pouco mais de 230 mil habitantes (IBGE). Além da sede, a cidade é formada por mais dois distritos, sendo um deles a Vila Xavier. A área de estudo está localizada próximo ao limite entre o centro da cidade e a Vila Xavier, essa fronteira é marcada pelo leito ferroviário. Segundo o Plano Diretor de 2014, o recorte urbano delimitado para esse projeto encontra-se em uma Zona de Estruturação Urbana Sustentável (ZEUS). As diretrizes da política urbana nessas áreas procuram estimular uma cidade mais compacta com controle de densidades residenciais, incentivar o uso misto do solo e promover novas acessibilidades e centralidades urbanas, As ZEUS são subdivididas entre outras regiões menores nesse programa de planejamento. A área de projeto está em uma Zona Especial Miscigenada (ZOEMI) que, por sua vez, é subdivididas em outras áreas especiais. A que interessa ao propósito deste trabalho ZOEMI - Área Central de Interesse Cultural e Histórico. 10

a área na cidade


terreno escolhido

11


Figura 1. Relevo, entorno imediato e cheios e vazios. Produção do autor.

O destaque em azul na Figura 1 refere-se ao entorno imediato do TCI, representado em preto na Figura 5. É uma área situada em um fundo de vale e cada parte dela, no sentido Leste - Oeste, se encontra de um lado do talvegue. O vale é atravessado por três pontes que fazem parte das três vias que cortam a Av. Maria Antonia Camargo de Oliveira, a via arterial na Figura 2.

áreas edificadas edifícios notáveis Terminal Central via arterial via coletora via local

A relação entre cheios e vazios mostra que, quanto mais perto do leito ferroviário, mais dispersa a ocupação do solo por edificações.

curva de nível 5 em 5 m limite do entorno vias (fig. 3)

0

12

50

100

200m

As vias do entorno da área se encaixam em três categorias: arterial, coletora e local. A área da proposta apresenta apenas arterial coletoras. Há também a via que a gestão da cidade chama de Boulevard no corredor comercial e a ferrovia que futuramente será desativada segundo o plano diretor da cidade.

Figura 2. Edifícios notáveis e hierarquia de vias.


Figura 3. Gabarito dos edifícios próximos. 0

25

50

100m

térreos 2 pavimentos 3 a 7 pavimentos 7 a 12 pavimentos

0

25

50

100m

av. portugal

av. são paulo

comércio / serviços instituicional / admin. habitação desocupado

av. brasil

Figura 4. Uso do solo

Os edifícios em amarelo são aqueles que tem valor paisagístico e/ou são responsáveis por atrair uma massa de pessoas diariamente. No extremo Oeste da Figura 2 está a Igreja Matriz, que será muito citada na seção da contextualização histórica da área. A relação da igreja com a Estação Ferroviária foi fundamental para a consolidação nessa área no início do século XX. Nota-se

que a maioria deles abriga uso comercial ou prestação de serviços. Principalmente entre as avenidas Brasil e São Paulo estão destacados os edifícios não ocupados. Eles se distribuem entre edifícios para vender, alugar ou com caráter de abandono. Isso é curioso pelo fato de milhares de pessoas transitarem por essas avenidas todos os dias. O menor tipo de uso encon-

trado é o de habitação nos edifícios mas, mesmo assim, a densidade demográfica, 30 hab/ha, desse setor censitário não destoa dos vizinhos. São apenas três residências unifamiliares e uma torre residencial. Em azul, destaca-se os edifícios institucionais como a Diretoria Regional de Ensino, o Mercado Municipal, a estação ferroviária e o próprio TCI. 13


O cortra transvessal demonstra de maneira mais legível a relação de altura entre o TCI e os edifícios de seu entorno. É notável como só foi possível a via arterial passar por baixo do terminal com a retirada de muito solo. Essa mudança no terreno aliado a crescente impermeabilização do solo agrava o problema das enchentes, já que as águas pluviais escoam para essa parte baixa da cidade. 14


Figura 6. alagamento sob o terminal. foto: ID NEWS.

terminal

1 : 500 Figura 5. corte transversal da situação da área. Figura 7. TCI face Norte (Av. Portugal). foto: acervo pessoal

15


Figura 9. plataforma da Av. SĂŁo Paulo (Sul). foto: acervo pessoal.

Figura 8. passarela entre a Av. Brasil e Av. SĂŁo Paulo. Ao fundo, a face Sul do TCI. foto: acervo pessoal.

16


Figura 11. mercado municipal no centro da imagem. vista a partir do viaduto da Av. Duque de Caxias. ao fundo, nota-se o terminal à esquerda do mercado e a igreja Matriz à diretia. foto: acervo pessoal.

Figura 12. corte longitudinal

Figura 10. os vazios onde a área suspensa do terminal não toca o terreno vizinho. foto: acervo pessoal.

17


entre a matriz e a estação ferroviária contextualização histórica da área


Figura 13. foto aérea da cidade de Araraquara no ano 1968. retirada da coleção "100 anos de fotografia: a história fotográfica de Araraquara." - Prefeitura de Araraquara. Destaque (feito pelo autor) indica a área de intervenção.

19


A área da proposta para esse projeto foi no passado uma passagem. O caminho entre dois pontos de atração da cidade: a Igreja Matriz e a Estação Ferroviária. O crescimento da cidade durante o século XX fez com que novos polos surgissem e alterasse a dinâmica e importância dos fluxos naquela área, sobretudo, com a construção da antiga rodoviária onde hoje opera o Terminal Central de Integração (TCI). Isso fez com que a até então passagem se tornasse um forte pólo de atração, pois todas as linhas de ônibus faziam parada ali. A seguir, apresenta-se um breve resumo sobre as causas dessas transformações e os efeitos gerados por elas. O desenvolvimento da produção cafeeira em meio às novas condições dadas pelo regime

republicano foi um acelerador da urbanização no interior paulista. Assim, a relação da cidade de Araraquara com a região e o estado muda, tendo esta que se moldar às novas demandas de fluxo de produção e capital. Diferente de outras cidades, Araraquara teve uma expansão cafeeira tardia. Em 1850, a cultura predominante era a da cana-de-açúcar e o café crescia timidamente. Só em 1885, a cultura do café superou a da cana-de -açúcar devido à chegada da estrada de ferro (OTHAKE, 1982). Nesse contexto de mudanças e crescimento rápido da cidade, houve ainda acontecimentos que trouxeram uma má fama para a cidade. A má reputação da cidade surgiu de uma disputa entre as facções monarquistas e republicanas pelo poder resultaram em linchamentos em praça pública -

Figura 14. Av. Brasil em 1985. Retirada da coleção "100 anos de fotografia: a história fotográfica de Araraquara." Recorte feito pelo autor.

1895

na atual praça da Igreja Matriz - dando o apelido de “Linchaquara” à cidade. Importante nesse ponto ressaltar a força de centralidade que a praça da Matriz teve no desenvolvimento urbano da cidade. O primeiro monumento público da cidade foi erguido nela, bem como, a inauguração da energia elétrica foi feita na praça. Aliada à Praça da Matriz, a Estrada de Ferro era o portal de entrada de pessoas e mercadorias na cidade (CORRÊA, 2008) . Portanto, o eixo criado entre esses dois marcos na cidade, e onde se localiza a área de intervenção proposta para este trabalho, foi de grande importância histórica e é uma peça chave na formação de Araraquara. Não diferente de São Paulo, Rio de Janeiro e Paris, essas mudanças na dinâmica da

Figura 15. Av Brasil em 1913. Retirada da coleção "100 anos de fotografia: a história fotográfica de Araraquara." Recorte feito pelo autor.

1913

20


cidade levaram a uma política higienista de reforma urbana nas duas primeiras décadas do século XX. A consequência disso, infelizmente, também não foi diferente daqueles casos. A especulação imobiliária consequente dos espaços novos ou renovados expulsou os populares para a periferia. Na época, viajantes e até o Diretor do Serviço Sanitário do Estado relatavam que nunca viram cidade tão limpa e organizada como essa. O ápice dessa postura de esconder a pobreza e a sujeira foi, aliado à proibição de esmolar e à criação de um ‘asilo’ para onde todo morador de rua era enviado. Novamente, como nas capitais citadas, as intervenções eram reflexo da postura política daqueles que as concebiam. No caso de Araraquara, essa figura era Bento de Abreu. O Haussmann, ou Barata Ribeiro de

‘Linchaquara’, remodelou a cidade sem levar em conta o modo de viver dos populares e suas necessidades, foi uma intervenção de interesse econômico. Civilizar essa cidade era, para seus gestores, perder a má fama criada a partir das disputas políticas do final do século XIX. Bento de Abreu, quando presidente da Câmara Municipal, dizia que ‘o conforto prende o homem à terra’ e através desse jogo de mostrar o que a cidade tinha de bom e esconder o que ela tinha de ruim, mão-de-obra imigrante e investimentos seriam atraídos e os negócios locais seriam valorizados (VARGAS, 2000). Em meio a essas ‘melhorias’, destaca-se uma questão da estrada de ferro que interfere diretamente no local onde a proposta de projeto deste

trabalho será feita. A estação ferroviária foi construída em um local de difícil acesso devido à topografia, exigindo manutenções constantes. O problema do acesso à estação era devido à inclinação do relevo e, enquanto a estação estava de um lado do córrego da servidão, a cidade estava do outro. Então, os pedestres desciam e depois subiam uma ladeira para chegar ao seu destino. Era pelas avenidas Brasil e São Paulo (chamadas 1 e 2 na época) que esse trajeto era feito e, para superar esse empecilho, foi construída uma ponte em cada avenida, criando ligações existentes até hoje. Com o embelezamento e arborização dessas avenidas, o eixo estação-Matriz foi tomado por uma atmosfera Belle Époque, sobretudo no comércio do entorno da praça da igreja (VARGAS, 2000).

Essas três imagens tiradas do mesmo ponto, e 124 anos de diferença entre a primeira e a última, mostram a evolução da cidade em três momentos.

As fotografias mostram a Av. Brasil (antiga Avenida 1) e é possível observar as mudanças na Igreja Matriz (torra á direita na linha do horizonte).

Figura 16. Av. Brasil em 2019. Acervo pessoal.

2019

21


Universidade de MĂşsica e Artes CĂŞnicas Dr. Daisaku Ikeda


Em agosto de 2009, a pedra fundamental da Universidade de Música e Artes Cênicas Dr. Daisaku Ikeda era lançada em Araraquara. Primordialmente, a necessidade identificada pelo sindicato dos músicos da cidade e pela Associação de Amigos do Núcleo de Música de Araraquara (Anmusic) foi a de um conservatório. Não se tinha, porém, um terreno para esse conservatório ser implantado. Entretanto,posteriormente, uma doação feita pela prefeitura de um grande terreno possibilitou a encomenda de um projeto. Devido às dimensões do terreno, os interessados viram ali a oportunidade de uma universidade em substituição a proposta original da universidade. Quase um ano depois, 28 de maio de 2010, o projeto era apresentado em um ato solene na prefeitura da cidade. O projeto, um dos últimos da vida de Oscar Niemeyer, foi apresentado por Jair Rojas Va-

lera, arquiteto que trabalha juntamente com Niemeyer há mais de 30 anos. No projeto, a área construída é de 9.000 m² em um terreno de 30.000 m² na periferia da cidade. Segundo as informações apresentadas nesta reunião, essa universidade teria capacidade de três mil alunos e um teatro para 600 pessoas. Composto por duas cúpulas e um bloco de três pavimentos, os volumes conectados por uma rampa. As atividades de ensino e administração pertencerem ao bloco enquanto o teatro é locado na cúpula de 60 metros de diâmetro; já a cúpula de 40 metros de diâmetro abrigaria uma área de conveniência. O representante do escritório se referiu a uma técnica construtiva de cúpulas usada no projeto do centro cultural de Avilés, na Espanha, para dizer que o projeto de Araraquara seria uma ótima oportunidade

para trazer essa técnica que diminuiria o tempo de construção de uma cúpula de sete meses para um mês (ROSATO, 2010). O otimismo estava presente nas falas do prefeito, dos vereadores que ali estavam e do, então, presidente do sindicato dos músicos. Este último acreditava que até novembro de 2011 as obras estariam concluídas (ROSATO, 2010). Com a morte de Oscar Niemeyer em 2012, esse assunto voltou à tona e, em reportagem para um jornal de grande impacto na região, Tunori (2012) questionou a prefeitura. Na reportagem, o jornalista relata que, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, as obras não começaram devido a não liberação de verbas. Orçado em quarenta milhões de reais, o projeto seria pago por meio do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (Proac) e incentivos da Lei Rouanet. A

Figura 17. Desenho do projeto da Universidade apresentado pelo escritório de Oscar Niemeyer

23


Universidade de Música e Artes Cênicas Dr. Daisaku Ikeda não teve as obras começadas até a data desta publicação, uma década após o lançamento da pedra fundamental. Segundo o sindicato dos músicos de Araraquara e a Anmusic, existe uma demanda por essa universidade defasada em, pelo menos, dez anos. A necessidade desse equipamento, segundo eles, seria a falta de conservatórios e universidades de música na região. Tem-se, agora, três pontos interessantes para discussão: o local do terreno, o uso previsto e a dimensão desse equipamento. A área doada caracteriza-se por ser prioritariamente residencial e adjacente a uma área de proteção permanente e maciços de vegetação (ARARAQUARA, 2005). A ocupação dessa área, no limite da malha urbana, é questionável. Isso porque, ao contrário dessa, as áreas consolidadas apresentam muitas vantagens e economia de recursos públicos. Elas já têm alguns serviços convenientes tanto para os alunos quanto para a universidade e diminuem o tempo e o gasto com transporte dos usuários. Além disso, uma área da cidade já existente passa a ter um novo ganho econômico por conta do aumento do número de transeuntes (KRIKEN, 2006). Entretanto, os fatores que podem ser 24

limitantes nessa opção são: o tamanho das áreas disponíveis e, normalmente, alto custo da terra. Na proposta deste trabalho, não existe oposição ao projeto existente, mas sim ao local de implantação e suas dimensões. São nove mil metros quadrados de uma universidade com dois cursos (música e artes cênicas, com graduação e pós graduação) em um terreno de 30 mil metros quadrados em uma das áreas mais pobres e violentas da cidade. Perde-se, assim a oportunidade de aproveitar não só a infra-estrutura mais consolidada do centro da cidade, como também a oportunidade de integrar equipamentos culturais já existentes ou planejados. Em contrapartida ao projeto da Universidade de Música e Artes Cênicas Dr. Daisaku Ikeda, propõe-se uma Escola Técnica de Música que abrange quatro cursos presentes no catálogo do MEC de cursos técnicos. A falta de divulgação de dados que demonstrem a necessidade desse projeto e os benefícios dele é prejudicial não só à população, pois enfraquece o apoio da sociedade na construção da universidade. Entretanto, é possível justificar a importância do ensino e prática em uma sociedade começando primeiramente de forma mais ampla: o papel da cultura na sociedade.


Figura 18. ao Leste, marcado o local do terreno doado pela prefeitura; no centro da imagem estรก localizado o local que o terminal estรก hoje

25


Cultura e sociedade


O significado de o que é cultura não é único nem permanente. Ela vem sempre sendo debatida e atualizada conforme os modos de viver se transformam ao longo do tempo (SANTOS, 2006). A primeira vez que cultura foi definida do ponto de vista antropológico, foi no primeiro parágrafo do livro Primitive Culture, de Edward B. Tylor (1871). O autor define cultura como algo complexo, que engloba o conhecimento, as crenças, a moral, a lei, a arte, os costumes e todos os outros hábitos e habilidades aprendidas pelo homem através da sociedade. A arte, sendo apenas parte da cultura de uma sociedade, também é um conceito de sentido abrangente e gerador de discussões sobre sua definição e função entre os teóricos. Sem se aprofundar nesse debate, a definição de arte é amplamente aceita e entendida como qualquer atividade humana geradora de obras de caráter estético com o objetivo de chegar em um ideal de beleza ou na expressão da subjetividade humana. É, também, a capacidade de um artista expressar e transmitir sensações (ARTE, 2015). Devido à dificuldade de entendimento da própria definição de cultura e arte e à abrangência dos termos, naturalmente surge a pergunta: para que serve a arte? Coelho (2006) afirma que sua primeira necessidade é a transcendência de que o ser humano precisa para viver, pois seria inviável existir motivado apenas pela própria sobrevivência, competição e poder. A transcendência é tão imprescindível para o humano que na ausência da arte as pessoas buscam outros artifícios para compensá-la (COELHO, 2006). Exemplo disso são atividades corriqueiras como compartilhar notícias, memórias, mitos, histórias e piadas. O sociólogo ainda continua em seu raciocínio abordando outra necessidade que o humano tem e que a arte pode suprir. Esta necessidade é a carência por compreensão do mundo e de si mesmo. É uma demanda cognitiva sanada quando, por exemplo, assiste-se a um filme no qual a complexidade dos sentimentos são abordados 27


e a inteligência emocional é estimulada. Conclui-se, portanto, que a arte tem um papel fundamental na vida das pessoas, seja pela necessidade de evasão da realidade ou o entendimento do mundo e de si mesmo. Entretanto, o acesso à cultura, que também pode ocorrer através da arte, não é garantido com a mesma facilidade a toda população. Segundo a ONG portuguesa Acesso Cultura (2019), o que impede o acesso democrático à cultura são três tipos de barreiras. Barreiras físicas são quaisquer espécies de obstáculos, naturais ou não, que impedem a aproximação ou circulação do indivíduo no espaço. Essa barreira não se limita apenas à escala do sistema viário ou acidentes geográficos, podendo também ser um lugar que não foi projetado para pessoas com mobilidade limitada. O segundo tipo, as barreiras sociais, são entendidas como situações sociais que tornam difícil o acesso à oferta cultural. Os exemplos mais recorrentes são decorrentes do nível de escolaridade, poder aquisitivo ou falta de investimento público na área de cultura em sua região. Finalmente, as barreiras intelectuais, que são o impedimento, ou limitação, do usufruto pleno da oferta cultural, devido à falta de conhecimento especializado, limitações sensoriais ou a dé28

ficits de desenvolvimento. Esse conceito das barreiras é complementar ao conceito de capital cultural, criado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu (2007). Ele usa este termo para explicar como, em uma sociedade estratificada, o acesso à cultura pode também representar poder e dominação entre as classes sociais. Assim como o capital econômico, o cultural se concentra também nas classes dominantes, já que o primeiro pode se transformar no segundo. Essa dominação pode ser ilustrada em situações comuns. Nas escolas, as crianças que trazem uma bagagem cultural do ambiente familiar já está em vantagem em relação às outras (BOURDIEU, 2007), ilustrando claramente o conceito de barreira social (ACESSO CULTURA, 2019). Esse mecanismo do falso ambiente democrático no ensino, portanto, mantém a classe dominante no poder que, por sua vez, é quem determina o que seria “cultura de qualidade”. Além da violência simbólica, a classe dominante perpetua o mito do “talento inato”, que desconsidera o contexto social e a dedicação ao estudo técnico. Na música brasileira, grandes expoentes surgiram de famílias abastadas em capital cultural mesmo que não necessariamente ricas (FUCCI AMATO, 2008). Exemplos na música erudita brasileira são Villa Lobos e Carlos Gomes e,

na popular, Chico Buarque e Milton Nascimento. Visto que o capital cultural não é igualitariamente distribuído, o governo brasileiro dedica Ministérios e recursos financeiros com a finalidade de garantir que o Estado “apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”(BRASIL, 2019). Em escala menor, os governos estaduais e municipais investem para garantir os direitos culturais a todos. Para a formulação de políticas públicas que garantam o acesso democrático à cultura, o Estado conta com indicadores, pois eles mensuram, quantificam e qualificam a produção cultural (NOLASCO, 2010). Porém, segundo a Coordenadora Geral de economia da Cultura e estudos Culturais Juliana Nolasco (2010), quando se trata de cultura, os indicadores encontram uma dificuldade. Muitas vezes as particularidades culturais não são tangíveis, o que pode distorcer os dados ou não trazer uma informação completa. Outra questão existente é a dificuldade dos órgãos culturais em persuadir tanto o poder público quanto a população. Não é possível afirmar que o investimento na cultura trará questões de segurança, saúde, educação ou qualidade de vida. Silva e Ramos (2018) afirmam que, pelos retornos do setor cultural não serem nem palpáveis nem diretos, só


através da conscientização do Poder Público, do setor privado e da sociedade sobre os benefícios da cultura na sociedade, os gastos públicos com cultura serão vistos como investimento. Os autores também afirmam que as expectativas por parte dessas entidades são muito altas quando se compara cultura com áreas de atuações muito mais intensas como educação e saúde. Além disso, falta de modelos teóricos e referências necessárias para gerar informações e indicadores culturais dificulta ainda mais a produção desses dados (SILVA; RAMOS, 2018). Mesmo que alguns pesquisadores tenham criado indicadores, como o Índice de Gestão Municipal da Cultura de autoria de Boueri (2009), eles são muito recentes. O que impossibilita uma leitura de desenvolvimento por comparação (SILVA; RAMOS, 2018). No estado de São Paulo, o principal parâmetro que direciona os rumos do investimento em cultura é o Plano Plurianual (PPA). Para o quadriênio 2016 - 2019, a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo determinou que seu objetivo na área da cultura é priorizar a formação e capacitação cultural de crianças, jovens e

adultos. Os indicadores que são usados para quantificar a meta são o número de pessoas atendidas pelos Programas de Formação do Estado e o percentual de municípios atendidos por ele. Entretanto, ao se fazer uma leitura crítica da lei que institui o PPA para o quadriênio 20162019 no Estado de São Paulo (2015), observa-se que dos seis serviços a serem melhorados pelo programa de Formação Cultural, apenas um é localizado no interior. Dentre os serviços a serem melhorados na capital, encontra-se a Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP - Tom Jobim). Os outros quatro são os projetos Oficinas Culturais, Fábricas de Cultura, o Projeto Guri e a Escola de Teatro SP. No interior do estado, o Conservatório de Tatuí é a única unidade de ensino que o PPA apoia no campo da formação. Para um planejamento denominado estadual, e não municipal, o único equipamento existente estar a menos de 150 quilômetros da capital é algo intrigante, considerando que existem cidades a 700 quilômetros da metrópole.


intervenções urbanas As intervenções que modificam a dinâmicas de áreas urbanas recebem vários nomes entre os arquitetos e urbanistas. Este capítulo não tem o objetivo de trazer uma discussão sobre nomenclaturas mas, sim, a forma que se pode reabilitar uma área urbana.


Nas últimas décadas, a reutilização de espaços urbanos tem sido uma pauta amplamente discutida tanto na esfera política das cidades como no planejamento urbano. Essas intervenções são aplicadas de formas diferentes em cada situação e, consequentemente, vários nomes surgiram para cada caso de reutilização dos espaços urbanos. Requalificação, reabilitação e revitalização são alguns dos mais usados. Para intervenções feitas dentro de uma estratégia coesa que pretendem reverter a situação de uma área decadente de uma cidade, usa-se o termo Requalificação Urbana (MOURA, et al. 2006). A requalificação urbana tem como principais objetivos a melhora da condição de vida das pessoas que ali frequentam e habitam a partir da criação ou recuperação de equipamentos urbanos, como também, o aumento da qualidade do espaço público através de intervenções físicas do espaço. Dentre as características de um recorte da cidade que pretende se requalificar, a melhora da acessibilidade e a característica de centralidade são algumas da principais qualidades urbanas que se procura melhorar (MOREIRA, 2007). A proposta de projeto que será apresentada adiante tem como local um ponto nodal da cidade de Araraquara. Foi constatado através dos levantamentos feitos que ele apresenta potencialidades não exploradas. Outro atributo dessa proposta de intervenção é que ela ocorre a partir da substituição de um equipamento urbano, o Terminal Central de Integração (TCI) pela escola técnica de música. As mudanças feitas no entorno como a prevenção de enchentes e a melhora da caminhabilidade corroboram para aumentar a qualidade de vida dos que frequentam essa área. Por esses motivos e pelos objetivos da intervenção, ela pode ser chamada de requalificação urbana. Outra característica marcante de uma requalificação urbana é ser feita visando atender quatro aspectos: econômico, social, ambiental e físico (MOURA, et al., 2006); (MOREIRA, 2007). 31


É recorrente que sistemas de transporte e comunicação mudem seus aspectos para se adaptar às exigências dos consumidores. O mesmo acontece com o setor terciário da economia. Essas adaptações, geralmente apoiadas em novas tecnologias, fazem com que áreas da cidade tornem-se obsoletas, criando-se a necessidade de novos espaços onde as atividades econômicas ocorram (MOREIRA, 2007). Os modos como os habitantes de Araraquara se comunicam hoje é claramente diferente de 30 ou 40 anos atrás. Principalmente com o advento da internet móvel e dos smartphones na década de 2010. A mudança também pode ser observada no uso dos serviços de transporte: enquanto 25 mil novos automóveis foram para ruas de 2010 para 2016 (DENATRAN, 2016), 10 milhões de viagens a menos foram feitas pelos passageiros de ônibus, queda de aproximadamente 80% (CTA, 2016). A requalificação urbana deve, portanto, criar condições espaciais e valorização dos serviços prestados para que atividades econômicas ocorram e assim empregos sejam criados e mantidos (MOREIRA, 2007). Quanto ao aspecto social da área, a requalificação deve prevenir que minorias não sejam marginalizadas, sejam elas pessoas das classes menos abastadas, jovens, idosos ou pessoas com baixa escolaridade que não são absorvidas pelo mercado de trabalho e acabam sendo excluídas. A requalificação pode fazer isso mudando a percepção social que se tem da área urbana. Assim, a área da cidade que antes parecia ser destinada à pobreza, perde esse 32

Figura 19. terminal visto por baixo


estigma ao se mudar a percepção social dela. Em outras palavras, o processo de gentrificação deve ser evitado a todo custo ao se propor uma requalificação urbana. Caso a proposta desencadeie um processo de gentrificação, trará mais malefícios que benefícios à cidade e à sociedade que nela habita (MOREIRA, 2007). O conceito de revitalização urbana tem sentidos diferentes dependendo da formação e do viés da equipe a elabora. Como apresentado até o momento, as abordagens podem ter um viés econômico, social e ambiental. O último aspecto, a imagem da cidade, pode ser alterado por qualquer um desses olhares. A imagem de uma área da cidade é criada a partir da percepção que as pessoas que ali frequentam têm. Essa percepção tem impacto direto no comportamento desse grupo de pessoas. Áreas mais agradáveis são mais frequentadas e mais bem cuidadas pela população, consequentemente elas passam a ser mais seguras e melhor preservadas. O contrário também é verídico: áreas não apreciadas pelas pessoas são menos frequentadas, mais hostis e menos preservadas. A qualidade de vida urbana é um dos objetivos finais de uma intervenção dessa natureza e é decorrente de uma interação de vários fatores que afetam o funcionamento das atividades humanas (MOREIRA, 2007). O conceito apresentado é, de certa forma, subjetivo, mas, segundo a OMS (1998), qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Portanto, como as atividades e relações 33


humanas se dão no ambiente construído, o lugar proposto tem impacto na qualidade de vida das pessoas e seu projeto deve levá-lo em conta. O aspectos físicos da cidade correspondem às formas tanto construídas quanto naturais e esses dois grupos unidos, num contexto de cidade, é chamado de paisagem urbana. A interpretação que o pós-modernismo faz da paisagem é contrapor-se aos valores modernistas e, consequentemente, muito interfere no modo como a requalificação urbana é entendida hoje. Enquanto o modernismo nega a reutilização dos edifícios, a multi-funcionalidade deles e despreza edifícios antigos, o pós-modernismo propõe exatamente o oposto. Assim, o reuso de áreas e edifícios antigos tem muita influência na morfologia da cidade e, consequentemente, na percepção da paisagem (MOREIRA, 2007). A paisagem que passa por uma intervenção criteriosa pode melhorar a condição de vida das pessoas que ali frequentam ou habitam através da criação e recuperação de equipamentos. As principais qualidades urbanas aprimoradas em uma requalificação são acessibilidade e centralidade, ou seja, a área pode vir a ter seu valor econômico, cultural, paisagístico e social aumentado. É importante 34

relembrar que essa abordagem para reutilização de um espaço da cidade tem como resultado um lugar com uma nova configuração espacial. Configuração esta que melhora a utilização desse recorte da cidade para um melhor desempenho econômico (MOREIRA, 2007). O reflexo na alteração da configuração espacial não deve ser visto como menos importante e foi o objeto de estudo de Kevin Lynch (1960). Lynch (1960) estabeleceu que a imagem da cidade é importante para seus habitantes transitarem com maior rapidez e conforto. Quando esta é de fácil leitura, as pessoas se sentem mais seguras devido à facilidade de se orientar no espaço urbano. Para o autor, a imagem da cidade é constituída por cinco elementos: caminhos, limites, bairros, nós e pontos de referência. Variações dentro desses cinco grupos formam paisagens que podem ser percebidas pelos usuários a partir de três aspectos: estrutura, identidade e significado. Ao identificar um objeto na paisagem, o observador o distingue do que existe no entorno do objeto. O reconhecimento da entidade separada do restante é a identificação pela sua identidade. Já a relação da entidade com o observador e o próprio entorno apresenta padrões espaciais. Essa relação foi nomeada pelo autor como es-


trutura. Por último, o significado dos elementos da cidade relaciona a identidade do indivíduo com seu existir dentro de uma sociedade complexa. Nasar (1998) é outro autor que deu continuidade à discussão sobre a imagem da cidade e seu impacto na vida dos cidadãos. Ele usa cinco principais elementos que remetem à probabilidade de uma cena urbana ser agradável (urban likability). O primeiro elemento, Distinctiveness, é a facilidade que uma pessoa tem de identificar uma forma, seu significado e até seu uso. O segundo elemento, Likable, é alcançado quando a paisagem é agradável. As pessoas tem essa sensação de bem estar ao encontrar uma paisagem com elementos naturais, vistas, valor histórico e civilidade. Para o autor, o terceiro elemento pode tornar a paisagem mais interessante, ou seja, a diversidade e variação das formas, os ornamentos são elementos que compõem uma paisagem complexa. O quarto e quinto termo são mais abrangentes: um se refere às relações entre paisagens, o contexto que cada uma se encontra e os contrastes que tem com seu entorno; o outro trata da estrutura urbana em si e a experiência que ela proporciona, ressaltando que a experiência do habitante é diferente da experiência do visitante. Conclui-se que as reformas urbanas são necessárias para evitar que a expansão urbana não ocupe novas áreas, mas sim, requalifique as existentes. Dessa forma, outros problemas que a cidade possa ter são resolvidos, como aqueles relacionados a infra estrutura, preservação de áreas históricas e equipamentos urbanos defasados. Outro ponto que merece atenção é a alteração da imagem da cidade. Os autores Lynch (1960) e Nasar (1998) mostram a complexidade e a importância dos elementos que compõem a imagem da cidade. Mostram, também, como as cenas urbanas influenciam nas vidas das pessoas tanto positivamente como negativamente. Levar em conta que requalificações urbanas não são meras obras de infra estrutura e engenharia, mas que de fato envolvem questões que afetam e muito a qualidade de vida das pessoas, é imprescindível. Figura 20. galerias no interior do terminal. Essa passagem da acesso entre as plataformas da Av. Portugal e São Paulo


referĂŞncias projetuais


Praça das Artes / Brasil Arquitetura A implantação desse projeto e o modo como ele integra o pedestre através da criação de praças foi determinante na concepção da Escola Técnica de música de Araraquara. Seu programa de necessidades também serviu como referência projetual.

Escola de Música Construída em 2014 em Chofu, Japão, essa escola de música Tohogakuen / Nikken Sekkei de 1943 m² serviu de referência projetual por mostrar uma disposição interessante das saletas de estudo que, geralmente, apresentam um desafio em projetos de escolas de música.

Conservatório de Tatuí / UNA Arquitetos A proposta de ampliação do Conservatório de Tatuí feita pelo UNA divide o programa da escola em dois blocos e cria uma praça entre eles. Essa mesma estratégia foi utilizada na consepção da EsTMA. 37


ações preliminares

A partir do diagnóstico da área, chega-se à conclusão que um grupo de ações precedem a o projeto. São elas: Mover o terminal central para próximo da rodoviária; Prever as piscina de contenção de águas pluviais; Indicar a escola de artes cênicas e o triângulo cênicas, dança, música; Retificação via expressa, aumentando calçadas; Alterar passarela entre Av. São Paulo e Brasil.


EsTMA

O Parque dos trilhos, como popularmente e chamado o Corredor Estrutural Urbano previsto no Plano Dirertor de 2014, reforça a implantação da Escola técnica de música, como também a indicação do local da escola de artes cênicas, tendo em vista uma alternativa a Universidade Daisaku Ikeda. 39


40


Com o advento de novas tecnologias, a integração de linhas de ônibus deixa de ser feita necessariamente em um terminal. Há várias cidades que utilizam de tíquetes com códigos QR ou cartões magnéticos para que o usuário do transporte público possa fazer integração em qualquer local. Outra tendência observada é que, agora, o terminal sendo uma convergência das linhas de ônibus, e não exclusivamente algo necessário para a integração, sua aproximação de terminais intermunicipais é benéfica aos usuários. Esse é um dos motivos que propõe-se a relocação do TCI. Os outros motivos, anteriormente discutidos, são seu impacto no seu entorno e a existência de laudos que apontam sua estrutura como perigosa aos usuários. Nota-se na imagem ao lado que o distrito da Vila Xavier tem grande contribuição na bacia a montante do terminal. Por isso, propõe-se que na área dos trilhos sejam dispostos tanques de 31 metros quadrados e um metro de altura no final da cada rua do distrito que termina nos trilhos. Dessa maneira, o tempo de escoamento é aumentado e previne-se as enchentes naquele ponto. 41



A Música, siM a Música… Piano banal do outro andar. A música em todo o caso, a música... Aquilo que vem buscar o choro imanente De toda a criatura humana Aquilo que vem torturar a calma Com o desejo duma calma melhor… A música… Um piano lá em cima Com alguém que o toca mal. Mas é música… Ah quantas infâncias tive! Quantas boas mágoas?, A música… Quantas mais boas mágoas! Sempre a música… O pobre piano tocado por quem não sabe tocar. Mas apesar de tudo é música. Ah, lá conseguiu uma música seguida — Uma melodia racional — Racional, meu Deus! Como se alguma coisa fosse racional! Que novas paisagens de um piano mal tocado? A música!… A música…!

19-7-1934 Álvaro de Campos – Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. – 190.


EsTMA

Escola Técnica de Música de Araraquara


Como através da arquitetura pode-se, então, contribuir para uma distribuição de capital cultural mais igualitária? Pensando nos três tipos de barreiras que podem limitar, ou até mesmo privar, o acesso à cultura por parte dos menos privilegiados, o mais intuitivo é abordar as barreiras físicas, por serem mais tangíveis. No planejamento urbano pode-se posicionar os equipamentos urbanos em uma área acessível a todos, de forma que a localização do equipamento e o deslocamento até ele sejam fáceis e intuitivos, diminuindo, assim, a barreira física. A barreira social pode ser diminuída pela arquitetura quando a proposta é inclusiva, considerando deficientes e integrando o projeto com a cidade, a fim de não gerar uma divisão público - não público. A barreira intelectual, por sua vez, pode ser rompida como consequência das diretrizes anteriores.

45


Mercado Municipal

Av. Portugal

Av. São Paulo

46

0

5

10

25m

Implantação


O edifício da Escola Técnica de Música de Araraquara nasce do cruzamento de caminhos do passado, do presente e do futuro. O caminho do passado, entre a igreja e a estação, estabeleceu o papel de centralidade dessa área do centro da cidade. Esse nó foi reforçado e modificado pela via expressa e o terminal central de integração. A proposta deste projeto pretende que os caminhos que levarão à Escola Municipal de Dança, ao Corredor Estrutural Urbano, ao Mercado Municipal e à Própria EsTMA, também levem a cultura a população de forma mais igualitária. Sendo assim, no nível das avenidas São Paulo e Portugal, cria-se uma passagem que rompe com uma quadra que antes era um obstáculo. Outro obstáculo superado é o desnível de seis metros entre as avenidas e a via expressa. Isso é possível por uma praça em meio nível que oferece pontos de venda de comida de rua e um palco para artistas de rua. Chegando ao térreo (nível entre as avenidas) tem-se no sentido Norte-Sul um bloco administrativo. Esse bloco recebe os visitantes e usuários da escola e cria no seu lado Oeste uma calçada arborizada que pode estar aberta ou fechada por um portão tanto para a Avenida São Paulo quando para Portugal. No seu lado Leste, tem-se a calçada que está sempre livre para a pas-

sagem e de onde se observa o pequeno palco e os pontos de comida de rua. Sendo assim um atrativo para aqueles que passam por ali. O bloco administrativo não se prejudica em termos de insolação por sua implantação norte-sul. Isso porque logo acima, o edifício se divide em dois blocos de orientação Leste-Oeste que são conectados por dois eixos de circulação. Um na extremidade Oeste e outro na Leste. Isso permite a criação de um átrio de onde os usuários da escola podem observar o que acontece no térreo. O eixo de circulação vertical Oeste é formado por dois elevadores panorâmicos e uma escada com aberturas para o lado de fora. Pretende-se assim que a Igreja Matriz surja a medida que o usuário sobe. Essas aberturas e o elevador panorâmico são protegidos pelas chapas perfuradas, assim como as faces Norte e leste. Já o eixo de circulação Leste é composto por um elevador de carga e uma escada enclausurada para que a escola e a sala de apresentação esteja de acordo com a Instrução Técnica 11/2018 do Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo.

na sala de audição. Essa área é formada por um vestiário, um camarim, um lounge de espera e três green rooms, que são as salas onde os músicos aquecem, se concentram e fazem seus últimos ensaios antes de uma apresentação. Essas três salas de ensaio são usadas como sala de estudo quando a sala de audição não está sendo usada. No próximo pavimento, uma biblioteca e uma sala de informática se situam onde no piso abaixo existiam as salas de aulas teóricas e, onde eram localizadas as salas dos cursos de canto e teclas, tem-se as salas dos cursos de instrumentos de sopro (metais e madeiras). Neste mesmo andar andar existe o foyer da sala de apresentações e a própria sala. Nota-se que, diferentemente dos outros pavimentos, existe uma parede de vidro que isola o foyer do resto do prédio. Isso ocorre por ser um ambiente climatizado que prepara a platéia para a sala de apresentação. Finalmente, no último pavimento, são situados os laboratórios de acústica e os laboratórios do curso de processos fonográficos. As salas de instrumentos acolhem os cursos de percussão e cordas.

No primeiro andar, o bloco Sul contém as salas de aula teóricas e as salas dos cursos de canto e teclas. No bloco Norte, tem-se o bloco de sanitários e uma área destinada para os músicos que vão se apresentar 47


apoio ao ensino ciculação vertical ensino e prática de instrumentos

sanitários sala percussão estúdios

Av. São Paulo

apoio apresentação administração sala de apresentações ciculação vertical cargas e emergência

alimentação Av. Portugal

O edifício permite que o pedestrepasse do nível da Via Expressa para o nível das avenidas Portugal e São Paulo. Essa ligação coloca o transeunte no cruzamento de dois eixos: o Matriz-Estação e o Mercado-Av. Brasil, destacados em laranja. Esse prédio age como pivô nessas transições, dá a chance dos pedestres tomarem contato com a escola de música, a comunidade que a frequenta e sua produção.

48


Conceito estrutural A estrutura metálica composta por pilares e vigas contraventados está apoiada nas caixas de circulação vertical e no bloco administrativo do nível +6.00m. Na parte inferior desta página tem-se primeiramente a estrutura metálica isolada. Depois, os pontos de apoio da estrutura metálica seguido de como as alvenarias de fechamento se distribuem nessa estrutura

metálica. Por último, a pele de aço perfurada e sua posição no edifício. À esquerda, um esboço preliminar de como o o guarda-corpo, a estrutura e o forro metálico se relacionariam.

Forro metálico Este forro metálico que permite o fácil acesso a sistemas entre o forro e a laje. Ao mesmo tempo evita ofuscamento por protejer a iluminação com aletas parelelas nos dois sentidos. Abaixo, imagem de um forro metárlico no aeroporto de Paris Charles de Gaulle.

49


Planta nível 00.00 0 1

5

10m

4

1 2

3

5 6

7

1 - casa de máquinas; 2 - elevadores; 3 - vinte e uma vagas de estacionamento, sendo duas PNE; 50

4 - escada enclausurada de acordo com IT 11/2018; 5 - elevador leste; 6 - elevador de carga; 7 - acesso à Avenida São Paulo.


Planta nível +03.00 0 1

5

10m

2

2

1

3

4

2

2

1 - passarela que liga o andar dos comércios e palco externo aos elevadores; 2 - box de venda de alimentos; 3 - escada e plateia para o palco externo; 4 - palco externo para apropriação artistas de rua. 51


Planta nível +06.00 0 1

5

10m

1

2

3

4

5

6

7 13

8

14

9 10

11 12

1 - portão de entrada Avenida Portugal;

6 - sala dos professores;

2 - sanitário feminino dos funcionários;

7 - acesso à escada;

11 - setor administrativo;

3 - sanitário masculino dos funcionários;

8 - hall dos elevadores;

12 - portão de entrada Avenida São Paulo

4 - copa dos funcionários;

9 - sala de reuniões;

13 - calçada de ligação entre as duas avenidas;

5 - depósito; 52

10 - hall de entrada;

14 - escada e platéia para o palco externo.


Planta nível +10.00 0 1

5

10m

1 2 3

6

8 7

4

5 5 9

1 -camarim;

4 - sanitário masculino;

7 - concentração para apresentação / estudo;

2 - vestiário;

5 - sala de aulas teóricas;

8 - palco da sala de apresentações;

3 - sanitário feminino;

6 - lounge de espera e concentração para apresentações;

9 - salas de aula e prática dos cursos de piano e canto. 53


Planta nível +14.00 0 1

5

10m

1 6

9

10

11

2 3

4 5

7

8

1 -café do foyer; 2 - sanitário feminino;

6 -foyer;

3 - sanitário masculino;

7 - salas dos cursos de instrumentos de sopro (metais);

4 - biblioteca; 5 - sala de informática; 54

8 - salas dos cursos de instrumentos de sopro (madeiras);

9 - sala técnica; 10 - sala de apresentações com 192 lugares, sendo 4 para cadeirantes; 11 - palco da sala de apresentações.


Planta nível +18.00 0 1

5

10m

1 1 2

1

6

8

3

4 5

7

1 -salas do curso de percussão;

5 - sala de grupos;

2 - sanitário feminino;

6 - salas de mixagem do curso de processos fonográficos;

3 - sanitário masculino;

7 - salas dos cursos de instrumentos de cordas;

4 - laboratório de acústica;

8 - estúdio de gravação. 55


Elevação Norte

0

1

5

10m

Elevação Sul

0

1

5

10m

56


Elevação Leste

0

1

5

10m

Elevação Oeste

0

1

5

10m

57


1

5

Corte BB 0

10m

B

B

58

A

A


1

5

Corte AA 0

10m

Padrão de cobogó em aço da divisória do launge do ambiente 6 no nível +10.00:

59



Perspectivas Nas perspectivas ao lado tem-se representados a fachada sul a partir da Avenida São Paulo e o palco externo de artistas de rua sendo observado por usuários da escola no pavimento dos camarins e cursos se instrumentos de teclas e canto. É possível ver na primeira imagem a calçada, o portão de acesso à escola na extrema esquerda, e uma entrada de vidro que se comunica com a passagem pública que corta o terreno do edifício. Vê-se também o mural de grafite que existe para manter a característica da área de abrigar arte de rua, principalmente nos muros de arrimo sob o terminal hoje. As mesas localizadas na direita desta perspectiva servem tanto para transeuntes, alunos em intervalo ou clientes do comércio de alimentos que se localiza exatamente abaixo dessas mesas.

Porta acústica Essa porta representada a direita, mostra a solução dada às salas de prática e ensino que não têm janelas. Ela mostra que é possível ter uma porta que, ao mesmo tempo que isola o ambiente acusticamente, pode-se ter a entrada de luz natural na sala. A porta na imagem é da marca IAC Acoustics, da linha noise-lock.

Acima um esboço preliminar que mostra a intenção do enquadramento do céu e a relação entre o pedestre que passa pelo edifício e os blocos.


Estudantes nos espaços de circulação da escola.

Vista a partir da Avenida Portugal. Nota-se a relação de níveis entre a Via Expressa e a passagem que liga a Avenida Purtugal até a São Paulo. 62



bibliografia ACESSO CULTURA. Missão e Objectivos. Portugal, 2019. Disponível em: https://acessocultura. org/quem-somos/missao-e-objectivos/. Acesso em: 11 ago. 2019. ARARAQUARA.Prefeitura Municipal de Araraquara.Plano Diretor de Política Urbana e Ambiental.Lei Complementar no 350 de 27 de dezembro de 2005. Araraquara, 2005, 168p ARTE. Michaelis, 2015. Disponível em <https://michaelis.uol.com.br>. Acesso em 8 ago. 2019 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2019]. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 14 ago. 2019. BOUERI, Rogério. Índice de Gestão Municipal em Cultura. Revista do Serviço Público, Brasília, ano 2009, v. 60, n. 3, p. 251-276, 24 jan. 2009. DOI https://doi.org/10.21874/rsp.v60i3. Disponível em: https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/issue/view/4/35. Acesso em: 14 ago. 2019. BOURDIEU, Pierre. Reprodução cultural e Reprodução social. In: BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007. COELHO, Marcelo. A Necessidade da Arte. Campinas: Instituto CPFL, 2006. (Comunicação oral). CORRÊA, Anna Maria Martinez. 2008. Araraquara 1720-1930: um capítulo da história do café em São Paulo. São Paulo: Cultura Acadêmica. DOS SANTOS, José Luiz. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2006. ESTADO DE SÃO PAULO. Lei nº 16.082, de 28 de dezembro de 2015. PL 1137/2015, Institui o Plano Plurianual - PPA para o quadriênio 2016-2019. São Paulo, 28 dez. 2015. Disponível em: al.sp.gov. br/norma/?id=176874. Acesso em: 14 ago. 2019. FALCOSKI, Luiz Antonio Nigro. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Araraquara: instrumentos urbanísticos inovadores e agenda para uma cidade sustentável. In:

64


BUENO, Laura M. de Mello et al. Planos Diretores Municipais: Novos Conceitos de Planejamento Territorial. São Paulo: ANNABLUME, 2007. FUCCI AMATO, Rita de Cássia. Capital cultural versus dom inato: questionando sociologicamente a trajetória musical de compositores e intérpretes brasileiros. Opus, Goiânia, v. 14, n. 1, p. 79-97, jun. 2008. KRIKEN, John Lund. Principles of Campus Master Planning: Principles of campus planning applied to UC Merced illustrate how much planning a new campus is similar to planning a complex city. Budget & Resource Planning: A collection of articles from SCUP’s peer-reviewed journal Planning for Higher Education, Michigan, p. 71-86, 2006. MOREIRA, M. da G. dos S. A. - Requalificação urbana : alguns conceitos básicos. Artitextos. n. 5, p. 117-129, 2007. MOURA, D. et al. A Revitalização Urbana: contributos para a Definição de um Conceito Operativo. Cidades - Comunidades e Territórios, Lisboa, n. 12, p. 15-34, 2006. LOPES, E. L. V. 100 anos de fotografia: Memória fotográfica de Araraquara. Realização: Prefeitura do município de Araraquara em comemoração aos 190 anos de Araraquara. Nasar, J. L. The Evaluative Image of the City. California: Sage Publications, 1998. NOLASCO, Juliana. Avanços, limites e desafios dos indicadores culturais. In: MINISTÉRIO DA CULTURA. Cultura em números: anuário de estatísticas culturais. 2. ed. Brasília: [s. n.], 2010. p. 30-31. OTHAKE, Maria Flora Gonçalves. O processo de urbanização no Estado de São Paulo - dois momentos, duas faces. São Paulo: (Dissertação de Mestrado - PUC), 1982. PARIZE, Leonardo; MANZOLI, Anderson; CABALLERO, Pedro Fernando Campos. Eventos climáticos de riscos hidrometeorológicos na cidade de Araraquara. HOLOS Environment, Rio Claro - SP, Brasil, ano 2011, v. 11, n. 2, p. 126-136, nov. 2011. DOI http://dx.doi.org/10.14295/holos.v11i2.5625. Disponível em: cea-unesp.org.br/holos/article/view/5625/4346. Acesso em: 16 ago. 2019. 65


ROSATO, Maria Luiza. Araraquara terá Universidade de Música projetada por Oscar Niemeyer: Filósofo, escritor, poeta e líder budista japonês dará nome à Universidade. Câmara Municipal de Araraquara, Araraquara, 28 maio 2010. Disponível em: camara-arq.sp.gov.br/publico/Noticia/ Noticia.aspx?IDNoticia=5913. Acesso em: 15 ago. 2019. SILVA , Liliana Sousa e; RAMOS, Claudinéli Moreira Ramos. Indicadores para políticas públicas de cultura: desafios e perspectivas em SP. 1. ed. São Paulo: [s. n.], 2018. SNYDER, James C.; CATANESE, Anthony. Introdução à Arquitetura. Rio de Janeiro: Campus Ltda, 1984. TUNORI, Felipe. Projeto para universidade de música de Oscar Niemeyer é desperdiçado. G1: Portal de notícias, São Carlos, 6 dez. 2012. São Carlos e Araraquara. Disponível em: http:// g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2012/12/projeto-para-universidade-de-musica-de-oscar-niemeyer-e-desperdicado.html. Acesso em: 15 ago. 2019. VARGAS, Cláudia Regina. As várias faces da cidade: Bento de Abreu e a modernização de Araraquara (1908-1916). 2000. 167 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de História, Direito e Serviço Social, 2000. Available at: <http://hdl.handle.net/11449/93287>.

66




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.