TCC_ArqUrb_O SISTEMA LSF COMO SOLUÇÃO SUSTENTÁVEL E TECNOLÓGICA PARA CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÃO DE INTE

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UNIVERSIDADE VILA VELHA

VERA LUCIA GONÇALVES SERRÃO

O SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING COMO SOLUÇÃO TECNOLÓGICA E SUSTENTÁVEL PARA CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL

VILA VELHA 2020


VERA LUCIA GONÇALVES SERRÃO

O SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING COMO SOLUÇÃO TECNOLÓGICA E SUSTENTÁVEL PARA CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Prof. Me. Augusto Cezar Gomes Braga.

VILA VELHA 2020



Dedico este estudo:

A memória dos meus pais Azamor e Innocência;

Aos meus filhos, Renato, Luana e Bruna;

Ao meu querido João.


Agradecimentos

Agradeço a Deus que me deu força e saúde para vencer meus limites.

Agradeço a João, meu amigo e companheiro de todas as horas, e aos meus filhos Renato, Luana e Bruna, que me apoiaram em todos os momentos ao longo desses 5 anos, me impulsionando a seguir em frente.

Agradeço as minhas amigas Micheli e Ana pelos momentos que passamos juntas ao longo do curso, cujas lembranças de amizade e solidariedade levarei em meu coração para o resto da vida.

Agradeço ao meu orientador Professor Augusto e a todos os professores, por acreditar no potencial humano, na capacidade de vencer obstáculos, superar deficiências e ajudar-nos a descobrir o caminho de nossa autorrealização.


“A arquitetura ĂŠ a arte que determina a identidade do nosso tempo e melhora a vida das pessoas.â€? Santiago Calatrava


Resumo

O atual cenário das condições habitacionais no Brasil é um problema longe de ser superado, causando um grande impacto na configuração urbana e consequentemente, gerando demanda por habitações. A partir de então, constata-se um constante aumento do déficit habitacional, cujas políticas públicas governamentais não conseguem suprir essa demanda. Nesse contexto, o sistema Light Steel Framing é apresentado nesse estudo como uma alternativa tecnológica, sustentável e economicamente viável para a produção de moradias populares em virtude de ser um sistema industrializado e racionalizado que permite produção em larga escala, com rapidez e baixo impacto ao meio ambiente. Ao final do presente estudo são apresentadas referências projetuais que serviram de base para a elaboração do ensaio projetual de uma residência popular em Light Steel Framing.

Palavras-Chave: Habitação social. Sistema industrializado. Construção sustentável.


Abstract

The current scenario of housing conditions in Brazil is a problem far from being overcome, causing a great impact on the urban configuration and, consequently, generating demand for housing. Since then, there has been a constant increase in the housing deficit, whose governamental public policies are unable to meet this demand. In this context, the Light Steel Framing system is presented in the study as a technological, sustainble and economically viable alternative for the production of low-cost housing due to its being an industrialized and rationalized system that allows large-scale production, with speed and low impact on the environment. At the end of the present study, design references are presented that will serve as a basis for the elaboration of the design essay of a popular residence in Light Steel Framing.

Keywords: Social housing. Industrialized system. Susteinable construction.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Wood Frame

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Figura 2 – Estrutura em LSF para uma residência

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Figura 3 – Estrutura em LSF para uma residência

24

Figura 4 – Painel estrutural em LSF

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Figura 5 – Montagem do painel em LSF no canteiro de obras

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Figura 6 – Painéis em LSF produzidos em fábrica

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Figura 7 – Painéis em LSF produzidos em fábrica

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Figura 8 – Módulo de banheiro na fábrica

31

Figura 9 – Módulo de banheiro sendo transportado

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Figura 10 – Desenho esquemático do sistema LSF

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Figura 11 – Designações dos perfis formados a frio

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Figura 12 – Transmissão de carga vertical a fundação

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Figura 13 – Distribuição dos esforços

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Figura 14 – Parafuso lentilha, sextavado e panela

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Figura 15 – Distribuição dos esforços através da verga

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Figura 16 – Vergas

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Figura 17 – Vergas estruturadas por meio de treliças

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Figura 18 – Fechamento externo em OSB

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Figura 19 – Composição de placa cimentícia

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Figura 20 – Aplicação de placa cimentícia numa edificação

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Figura 21 – Compartimentação e separação de ambientes com Drywall

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Figura 22 – Placas de gesso acartonado

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Figura 23 – Lã mineral entre os painéis para isolamento termoacústico

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Figura 25 – Enrijecedor de alma nas vigas

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Figura 26 – Flambagem da alma

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Figura 27 – Desenho esquemático da laje úmida

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Figura 28 – Desenho esquemático da laje seca

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Figura 29 – Laje radier

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Figura 30 – Detalhe esquemático de ancoragem de painel estrutural

49

Figura 31 – Estrutura de telhado em LSF

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Figura 32 – Tesouras de telhado

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Figura 33 – Planta baixa da residência unifamiliar

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Figura 34 – Planta baixa da residência unifamiliar em LSF

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Figura 35 – Localização da cidade das residências do estudo de caso

55

Figura 36 – Residência Unifamiliar (R1-B) e (R1-N)

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Figura 37 – Materiais do painel de vedação da residência R1-B

56

Figura 38 – Materiais do painel de vedação da residência R1-N

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Figura 39 – Composição das telhas Shingles

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Figura 40 – Layout da residência proposta

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Figura 41 – Estrutura montada para residência popular

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Figura 42 – Montagem da estrutura (painéis pré-montados)

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Figura 43 – Layout da residência

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Figura 44 – Planta Baixa do projeto em LSF

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Figura 45 – Detalhe da peça de ancoragem

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Figura 46 – Tipo de verga adotada no projeto

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Figura 47 – Painel com aberturas com perfil U em caixa

65

Figura 48 – Exemplo de fechamento em placa OSB e gesso acartonado

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Figura 49 – Corte Esquemático AB

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Figura 50 – Planta Estrutural em LSF

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Figura 51 – Painéis modulares

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Figura 52 – Residência popular pronta e acabada

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SUMÁRIO

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– INTRODUÇÃO

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1.1 – Contexto e justificativa

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1.2 – OBJETIVOS

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1.2.1 – Objetivo geral

13

1.2.2 – Objetivos específicos

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1.3 – METODOLOGIA

14

1.4 – ESTRUTURA DO TRABALHO

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2 – HABITAÇÃO SOCIAL E O LIGHT STEEL FRAMING

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2.1 – Construções sustentáveis

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3 – O SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING

19

3.1 – A origem do sistema Light Steel Framing

19

3.2 – O sistema Light Steel Framing no mercado brasileiro

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3.3 – Características gerais do sistema Light Steel Framing

22

3.4 – Fundamentos do sistema Light Steel Framing

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3.5 – Vantagens e Desvantagens

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3.6 – Viabilidade econômica

28

3.7 – Métodos construtivos

29

3.7.1 – Método Stick

29

3.7.2 – Método por painéis

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3.7.3 – Construção modular

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3.8 – Características específicas do sistema e perfis formados a frio

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3.9 – Painéis estruturais

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3.10 – Sistema de vedação vertical

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3.11 – Lajes e pisos

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3.12 – Fundação

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3.13 – Cobertura

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4 – REFERÊNCIAS PROJETUAIS

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5 – ENSAIO PROJETUAL

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6 – CONCLUSÃO

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS


1 – INTRODUÇÃO 1.1 – Contexto e justificativa O setor da construção civil busca atualmente aplicar a sustentabilidade com ações que tenham um menor impacto ao meio ambiente, inclusive com o controle maior da poluição causada por resíduos provenientes da obra e da execução da obra, em razão de um novo mercado consumidor mais exigente e preocupado com os aspectos econômicos, sociais e ambientais diretamente relacionados ao conceito da sustentabilidade. A construção civil no Brasil ainda utiliza métodos arcaicos de produção associado a um sistema construtivo tradicional que favorece ao desperdício de materiais e uma baixa eficiência na produção. O momento da construção civil aliado ao momento das condições habitacionais no Brasil determina um problema econômico e social longe de ser superado e com um impacto urbano desastroso gerado pela demanda de novas habitações, o que leva a população de baixa renda a adotar formas alternativas para construção de moradia causando um grande impacto na configuração urbana. Nesse cenário, o sistema Light Steel Framing é uma importante alternativa tecnológica para construção de residências populares por diversas vantagens, como por exemplo o tempo de obra, conforto térmico e acústico, durabilidade, resistência estrutural, manutenções, sustentabilidade, sendo mais econômico a longo prazo, possibilitando construção a seco com menor desperdício de materiais e precisão de montagem e alta eficiência na produção. As vantagens são diversas tanto para quem executa a construção quanto para o consumidor.

1.2– OBJETIVOS 1.2.1– Objetivo geral O trabalho tem como objetivo principal desenvolver um ensaio projetual de uma residência popular mínima unifamiliar demonstrando como o sistema Light

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Steel Framing pode ser uma alternativa sustentável e tecnológica criando condições mais favoráveis para a construção de habitação de interesse social.

1.2.2 – Objetivos específicos  Analisar as vantagens e desvantagens da utilização do sistema LSF na produção de habitação de interesse social no Brasil;  Analisar detalhes construtivos, descrever as características gerais e os fundamentos do sistema LSF;  Avaliar a viabilidade econômica para construção de casas populares com o sistema LSF;  Colaborar com a faculdade de avaliar o potencial construtivo do sistema LSF e como sua aplicação na construção de casas populares pode significar um avanço na indústria da construção civil para diminuição do déficit habitacional.

1.3 – METODOLOGIA O método de aquisição das informações foi através de pesquisa bibliográfica desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído de livros, artigos científicos, manuais e estudos de caso.

1.4 – ESTRUTURA DO TRABALHO O capítulo um traz a introdução com a apresentação do tema do trabalho, justificativa, objetivos, metodologia de pesquisa e estrutura do trabalho. O capítulo dois é apresentada a pesquisa bibliográfica desenvolvida sobre a habitação social e o Light Steel Framing e construção sustentável no Brasil. O capítulo três traz a pesquisa bibliográfica desenvolvida sobre o sistema Light Steel Framing, com um breve histórico da sua origem e condição atual no 14


mercado brasileiro, características gerais e específicas, vantagens e viabilidade econômica, fundamentos e métodos de construção. No capítulo quatro são apresentadas referências projetuais que serviram de base para elaboração do ensaio projetual de uma residência popular em LSF. No capítulo cinco é apresentado o ensaio projetual baseado nos estudos de casos. O capitulo seis traz a conclusão acerca da pesquisa apresentada e ensaio projetual, seguido das referências bibliográficas.

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2 – HABITAÇÃO SOCIAL E O LIGHT STEEL FRAMING A habitação social no Brasil, ao longo das décadas, vem sendo marcada por programas de políticas habitacionais que quando não são descontinuadas por mudança de governos, são ineficientes. Isso gera uma demanda crescente, aumentando dessa forma o déficit habitacional. Segundo a Fundação João Pinheiro (2018), o ano de 2015 apresentou um déficit habitacional de 6.355 milhões de unidades e que em 2019 chega a 7.780 milhões de acordo com a pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). É um aumento significativo, principalmente se for levado em conta que desde 2014 são crescentes os cortes de recursos em programas de governo, como por exemplo, Minha Casa Minha Vida (MCMV), que no atual governo teve o nome mudado para Casa Verde e Amarela. As metas estipuladas no Plano Nacional de Habitação (PLANHAB), estabelece uma necessidade de produção de aproximadamente 28 milhões de unidades nos próximos 13 anos para atender à demanda futura e eliminar o atual déficit habitacional até 2023 (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009). Atualmente, essa demanda continua crescente e longe de se alcançar essa meta. Para diminuir esse déficit, a utilização do sistema LSF pode contribuir para a execução de moradias sociais, cujo sistema construtivo industrializado pode garantir uma produção em larga escala, com mão de obra produtiva e especializada em menor tempo. E ainda, aliado a questão do déficit habitacional, há o problema relacionado a falta de qualidade e versatilidade nos projetos de arquitetura de moradias sociais. Segundo Meirelles (2012), os processos construtivos aplicados as habitações sociais no Brasil apresentam falta de flexibilidade no projeto de arquitetura, uma baixa qualidade e durabilidade na construção, a falta de um conforto térmico, entre outros fatores. O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) apresenta características e necessidades favoráveis aos novos métodos construtivos industrializados,

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devido à grande demanda de unidades habitacionais e o curto prazo de tempo estipulado pelo Governo Federal (SBEGHAM, 2018). E complementando com o que disse Yamashiro (2011), a utilização do sistema LSF se mostra uma alternativa viável justamente por ser um sistema industrializado e racionalizado aumentando a produtividade e diminuindo o desperdício de tempo e insumos, pois apesar do custo dos materiais empregados no sistema ser mais elevado, o uso desse sistema permite a produção em larga escala com rapidez, o que é fundamental para atingir metas de construção de moradias planejadas pelos órgãos governamentais. Portanto, o sistema LSF pode significar avanços para o setor de construção sendo uma solução eficiente para a produção de moradias populares no Brasil.

2.1 – Construções Sustentáveis De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, construção sustentável é um conceito que denomina um conjunto de medidas adotadas durante todas as etapas da obra que visam a sustentabilidade da edificação. Através da adoção dessas medidas é possível minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente além de promover a economia dos recursos naturais e a melhoria na qualidade de vida dos seus ocupantes (A3P, 2020). Uma obra sustentável leva em consideração todo o projeto da obra desde a sua pré-construção onde devem ser analisados o ciclo de vida do empreendimento

e

dos

materiais

que

serão

usados,

passando

por cuidados com a geração de resíduos e minimização do uso de matériasprimas com reaproveitamento de materiais durante a execução da obra até o tempo de vida útil da obra e a sustentabilidade da sua manutenção (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2020). O Light Steel Frame é uma excelente alternativa para a construção que agrega benefícios de economia e sustentabilidade. Muito utilizado em países como 17


Japão, Estados Unidos, e Argentina e em grande parte do continente Europeu, ele vem ganhando espaço devido às vantagens que possui se comparado a construções convencionais de alvenaria (BENVENUTTI, 2018). Ainda de acordo com Benvenutti (2018), o sistema consiste em uma construção de estrutura mais leve, com perfis de aço galvanizado, formando um molde com painéis, vigas e outros elementos preparados para suportar as cargas da edificação. Esta estrutura recebe placas de fechamento internas e externas, além de isolamentos térmicos e acústicos, o que gera um resultado final muito próximo ao da construção convencional, mas com qualidade infinitamente superior. Apesar de a sustentabilidade ser o carro chefe deste tipo de construção, o Steel Frame ainda garante outras vantagens que podem poupar não só o meio ambiente, mas também o bolso do consumidor. Ao utilizar material reciclável, o modelo reduz a quantidade de resíduos, assim como o descarte, e mantém o canteiro de obras mais organizado, tornando a obra mais fácil de ser executada. Também garante manutenções mais práticas (BENVENUTTI, 2018). Os isolamentos térmicos e acústicos do Steel Frame oferecem um desempenho melhor do que os convencionais de alvenaria; já as instalações elétricas e hidráulicas, apesar de seguirem métodos de instalação convencionais, tornam a manutenção mais fácil e sem a necessidade de quebrar paredes e encarecer o reparo. A finalização da obra fica a cargo do cliente – mesmo com o estilo de construção diferente, o acabamento pode ser realizado da mesma forma que o convencional (BENVENUTTI, 2018).

Conforme o CBCA (Centro Brasileiro de construção em Aço), o aço é material 100% reciclável podendo, esgotada a vida útil da edificação, retornar aos fornos sob forma de sucata e se tornar um novo aço, sem perda de qualidade. A construção com estruturas em aço utiliza tecnologia limpa, reduz sensivelmente os impactos ambientais na etapa de construção e, concluída a obra, garante segurança e conforto aos ocupantes da edificação. As construções em aço aportam benefícios para o meio ambiente atendendo às expectativas presentes do consumidor em relação à qualidade de vida de futuras gerações (CBCA, 2020) e acrescentando, a escolha do Steel Frame é a 18


ideal integração de resistência, sustentabilidade, praticidade e agilidade. Ganha espaço a cada dia, uma vez que a preservação do meio ambiente deixou de ser uma obrigação e se tornou tendência (BENVENUTTI, 2018).

3 – O SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING 3.1 – A Origem do Light Steel Framing A origem do Light Steel Framing, também conhecido como steel frame é uma evolução do Light Wood Framing (Fig. 1), sistema construtivo autoportante em madeira. Sua história remonta do início do século XIX, no território Norte Americano (Estados Unidos e Canadá) com habitações construídas pelos colonizadores quando foi necessário encontrar métodos rápidos e produtivos com materiais disponíveis na região em virtude do grande crescimento populacional e expansão das cidades. Figura 1 – Wood Frame

Fonte: https://docplayer.com.br/149919298-O-sistema-light-steel-framing-rosane-bevilaqua-msccolaboradora-cbca.html > Acesso em 15 abr. 2020.

Esse sistema de construção em madeira que ainda hoje é utilizado na América do Norte apresenta uma fragilidade que é a sua fácil combustão. Devido a grandes incêndios, que consumiram grande parte de cidades, como por exemplo o incêndio do ano de 1871 em Chicago e 1906 em São Francisco que deixaram mais de 250 mil desabrigados, foi necessário encontrar uma solução que diminuísse o uso da madeira nas edificações. Em 1933, na Feira Mundial 19


de Chicago, foi lançado o protótipo para uma residência em Light Steel Framing. A concepção estrutural era a mesma do sistema com madeira, porém com os perfis de aço galvanizado formados a frio. Somente na última década do século XX esse sistema em aço passou a ter uma maior aceitação para as construções americanas. Atualmente é um sistema

mundialmente

consolidado

onde

a

construção

civil

é

predominantemente industrializada. Amplamente utilizado em países como o Japão, Argentina, Chile, Austrália e no continente Europeu. Nos Estados Unidos e Canadá, mais de 90% das residências são construídas nesse sistema.

3.2 – O sistema Light Steel Framing no mercado brasileiro Apesar de, no Brasil, a construção civil ainda ser predominantemente artesanal, caracterizada pela baixa produtividade e principalmente pelo grande desperdício, o mercado tem sinalizado mudanças nessa situação, mas ainda de forma lenta se comparada a outros setores da economia. Dentro dessa realidade, os construtores têm buscado investir em processos construtivos mais eficientes que resultem em produtos de melhor qualidade sem aumentos significativos dos custos, a fim de se tornarem mais competitivos, como forma de garantir a presença de suas empresas no mercado (JUNIOR, 2006). O Light Steel Frame chegou ao mercado brasileiro na década de 1990. Ainda hoje passa por aceitação, apesar da iniciativa de grandes empresas querendo expandir o sistema no mercado. Um exemplo é a Framecad, indústria neozelandesa, que está há mais de 29 anos no mercado, possui um faturamento de 75 milhões de dólares anualmente, vê o Brasil como um mercado em potencial. A Votoratim apoia o desenvolvimento do setor e dissemina informações para capacitação de profissionais envolvidos com o LSF. A LP Building Products é uma empresa americana que chegou ao Brasil em 2008 e está presente em mais de 800 cidades brasileiras. 20


A AD Barbieri, tem sua sede na Argentina, chegou ao Brasil em 2011 e tem crescido muito no mercado brasileiro. Apesar do investimento e crescimentos dessas empresas, menos de 3% das construções no país, é feita pelo sistema LSF. É pouco se pensarmos no tamanho do território brasileiro. O Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) – entidade gerida pelo Instituto Aço Brasil - finalizou as novas edições das pesquisas anuais feitas com fabricantes de estruturas de aço, de telhas de aço & steel deck e de perfis galvanizados para drywall e light steel frame. Os números evidenciam novamente mercados com grande potencial de crescimento, mas que lutam contra a fraca demanda diante da atual situação político-econômica do Brasil. O estudo feito com os fabricantes de estruturas de aço mostra que o setor apresentou queda de 13% na sua produção em 2017 na comparação com 2016, atingindo o nível mais baixo desde a primeira edição da pesquisa, em 2011, o que significou fechamento de empresas e baixo volume de obras. Destaca-se ainda que desde 2015 o setor vem sofrendo sucessivas quedas em seu volume de produção. Quando comparada a produção de 2014 (pico) com a de 2017, observa-se uma redução de quase 50%. Somente em 2017 a pesquisa identificou a paralização das atividades de 15 empresas (SEGS, 2020). A pesquisa "Cenário dos Fabricantes de Perfis Galvanizados para Light Steel Frame e Drywall" voltou a apontar índices otimistas, reforçando a premissa de que em tempos de crise novos sistemas surgem como solucionadores de problemas. Em sua 5ª edição, a pesquisa aponta que cerca de 75% das empresas pesquisadas esperam crescimento em 2018. 20% é a utilização da capacidade instalada de perfis para light steel frame (esqueleto estrutural que suporta a edificação) e 29% é a utilização da capacidade instalada de perfis para drywall (sistema de vedação não estrutural). Considerando a capacidade produtiva existente - 69 mil toneladas/ano de perfis para light steel frame e 156 mil toneladas/ano de perfis para drywall – todo o setor está preparado para atender a um crescimento da demanda, cenário similar aos setores analisados nas outras duas pesquisas. Destaca-se ainda que quase 60% dos perfis para 21


LSF foram destinados às obras residenciais. Já 44% dos perfis para drywall foram destinados às obras comerciais (SEGS, 2020). Os resultados obtidos nas pesquisas de 2018 servem para subsidiar o CBCA no direcionamento de suas ações, com contribuição direta no desenvolvimento e fortalecimento do setor da construção industrializada em aço. O conteúdo completo das pesquisas está publicado no site do CBCA (SEGS, 2020). O uso do aço na construção civil vem aparecendo como uma das alternativas para mudar o panorama do setor. A construção em aço requer conhecimento das potencialidades e limitações de seu uso e de todos os subsistemas que compõem a edificação, incluindo sua compatibilização e, além disso, exige uma grande atenção ao planejamento e interação de cada uma de suas etapas, desde a concepção de projeto até a montagem e finalização da edificação (JUNIOR, 2006).

3.3 – Características Gerais do sistema Light Steel Framing Interpretando a expressão “Steel Framing”, do inglês “steel = aço” e “framing” que deriva de “frame=estrutura, esqueleto, disposição, construção” (Dicionário Michaelis, 1987), pode ser definida por: Processo pelo qual compõe-se um esqueleto estrutural em aço formado por diversos elementos individuais ligados entre si, passando estes a funcionar em conjunto para resistir às cargas que solicitam a edificação e dando forma a mesma (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012 p.12). É um sistema construtivo que faz parte do Sistema CES – Construção Energitérmica Sustentável, cuja denominação utilizada internacionalmente para designar um material construtivo que utiliza o aço galvanizado como principal elemento estrutural de baixo peso (PEDROSO et al. 2014). Dentre suas características, a que deve ser ressaltada é a viabilidade nos cálculos, gerando uma maior precisão na quantidade de material a ser aplicado, bem como mão de obra a ser utilizada e tempo de execução, consequentemente a redução nos custos da obra. É produzido a partir de 22


chapa de aço com espessura reduzida, gerando rapidez na execução da obra, redução no peso do edifício, redução de custos e desperdícios. A influência do aço neste tipo de sistema, mantém a 18 estrutura leve, sendo destaque para edifícios com determinado número de pavimentos, além de sua resistência a determinados tipos de agentes externos. Sua fabricação não necessita de maquinaria

pesada.

Possui

flexibilidade,

permitindo

qualquer

tipo

de

acabamento exterior e interior (PEDROSO, FRANCO, BASSO, BOMBONATO, 2014). É um sistema industrializado que possibilita construção a seco e rapidez na execução, constituído de perfis metálicos leves de aço galvanizado, os quais tornam-se a estrutura da edificação. Esses perfis recebem painéis de fechamento formando paredes que podem ser estruturais e não estruturais. Os perfis são constituídos de guias, montantes, cantoneiras, fitas e chapas metálicas. Esse sistema está diretamente relacionado a mão de obra especializada, otimização de custos e prazos, baixo desperdício, padronização, flexibilidade, resistência a alguns agentes externos (permitindo qualquer tipo de acabamento exterior e interior), racionalização e produção seriada. O Light Steel Frame pode ser definido como um sistema construtivo estruturado em perfis de aço galvanizado formados a frio (Fig. 2 e 3), projetados para suportar às cargas da edificação e trabalhar em conjunto com outros subsistemas industrializados, de forma a garantir os requisitos de funcionamento da edificação (CAMPOS, 2018). A utilização é o aço galvanizado ZAR230 – de até 3 mm de espessura zincado de alta resistência, com 230 MPa, com 180 g/m² de liga de zinco para ambientes não marinhos e com 275 g/m² de liga de zinco para ambientes marinhos, garante um ótimo desempenho contra corrosão (FERNANDES, 2017). Os subsistemas citados acima juntam-se a estrutura do LSF (painéis estruturais ou autoportantes), garantindo a exatidão da edificação, resistindo

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aos esforços que a estrutura solicita. Esses painéis autoportantes são responsáveis por distribuir de forma linear as cargas até a fundação. Figura 2 – Estrutura em LSF para uma residência

Fonte: http://www.rcpisos.com.br/blog/casas-em-light-steel-frame-sao-seguras/ >Acesso em 15 abr. 2020.

Figura 3 – Estrutura em LSF para uma residência

Fonte: https://www.sulmodulos.com.br/produtos/steel-frame/ >Acesso em 15 abr. 2020.

Figura 4 – Painel estrutural em LSF

Fonte: https://diariodocomercio.com.br/negocios/lafaete-aposta-no-sistema-steel-frame/ >Acesso em 15 abr. 2020.

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Complementando de acordo com a fala de Santiago, Freitas e Crasto, as paredes que constituem a estrutura são denominadas de painéis estruturais (Fig. 4) ou autoportantes e são compostos por grande quantidade de perfis galvanizados muito leves denominados montantes, que são separados entre si de 400 ou 600 mm. Esta dimensão é definida de acordo com o cálculo estrutural, e determina a modulação do projeto. A modulação otimiza custos e mão-de-obra na medida que se padronizam os componentes estruturais, os de fechamento e de revestimento. Os painéis (fig.3) têm a função de distribuir uniformemente as cargas e encaminhá-las até o solo (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012 p.15).

3.4 – Fundamentos do sistema Light Steel Framing De acordo com Santiago, Freitas e Crasto (2012, p.16), os fundamentos podem ser definidos como:  Estrutura “painelizada”  Modulação (elementos estruturais, componentes de fechamento e de revestimento e outros)  Estrutura alinhada (in line framing) É importante o detalhamento dos projetos de arquitetura, estrutural e complementares no sistema LSF para descartar as eventuais patologias e se obter um melhor desempenho. Outro ponto importante a destacar é que a estrutura nunca ficará aparente, pois os elementos de fechamento (paredes, pisos, tetos) serão encobertos por materiais adequados. A parte principal do sistema é a estrutura de perfis de aço galvanizado composto por um conjunto autoportante que seja capaz de resistir aos esforços solicitados pela edificação. Para tanto é de suma importância que o dimensionamento e execução sejam feitos por profissional especializado, cujo projeto estrutural para LSF deve atender as normas brasileiras para perfis formados a frio. 25


O sistema é aplicado em diversos tipos de edificações, como residências unifamiliares, edifícios residenciais e comerciais até quatro pavimentos, unidades modulares, hotéis, hospitais, clínicas, escolas e retrofit de edificações (reforma de fachadas, telhados).

3.5 – Vantagens e desvantagens Para um melhor entendimento é importante analisar as vantagens e desvantagens do sistema LSF. Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012, p.17), são inúmeros benefícios e vantagens no uso do sistema LSF.  Produtos produzidos industrialmente, padronizados de tecnologia avançada, que passam por rigorosos controles de qualidade;  O aço é um material de resistência comprovada e o alto controle de qualidade tanto na produção da matéria-prima quanto de seus produtos, permite maior precisão dimensional e melhor desempenho da estrutura;  Facilidade de obtenção dos perfis formados a frio (largamente utilizados pela indústria);  Durabilidade e longevidade da estrutura, proporcionada pelo processo de galvanização das chapas de fabricação dos perfis;  Facilidade de montagem, manuseio e transporte devido a leveza dos elementos;  Construção a seco, o que minora o uso de recursos naturais e desperdício;  Os perfis perfurados previamente e a utilização dos painéis de gesso acartonado facilitam as instalações elétricas e hidráulicas; 26


 Melhores níveis de desempenho termoacústico, que podem ser alcançados através da combinação de materiais de fechamento e isolamento;  Facilidade na execução das ligações;  Rapidez de construção, pois o canteiro se transforma em local de montagem;  O aço é um material incombustível;  O aço é reciclável e pode ser reciclado diversas vezes sem perder suas propriedades;  Grande flexibilidade no projeto arquitetônico, não limitando a criatividade do arquiteto. Além dessas vantagens e benefícios descritos acima, o sistema apresenta outros benefícios de acordo com alguns fabricantes, como por exemplo o fabricante DryLevis que em sua página na Internet acrescenta que o sistema LSF tem um menor custo de manutenção, permite uma melhor fidelidade estética nos acabamentos e uma maior área útil devida as seções das paredes mais esbeltas, fácil limpeza e conservação, melhor controle da umidade no ambiente interno, não prolifera fungos, mofo ou bolor, imune a ação de insetos e contribui para a preservação do meio ambiente (emite cinco vezes menos CO² quando comparado com o sistema convencional). Porém, como qualquer outro sistema, o LSF possui algumas desvantagens como a necessidade de mão de obra qualificada, o que pode elevar o preço da construção. Outra desvantagem que pode ser citada é que sendo um sistema leve, passa a ser um fator que limita o número de pavimentos da edificação em média quatro a cinco pavimentos dependendo da carga e da dimensão dos vãos. Além disso, o fechamento da estrutura pode ser danificado devido a sua fragilidade, caso os revestimentos não sejam de boa qualidade. Essa afirmação pode ser confirmada na citação adiante. 27


A falta de mão de obra qualificada e capacitada para executar as manutenções preventivas e corretivas no sistema faz com que o Light Steel Framing não seja aceito pelos usuários finais. Além da mão de obra, a ausência de conhecimento dos proprietários sobre o funcionamento do sistema impossibilita a manutenção correta da edificação construída em LSF. (CAMPOS, 2014, p.105). Portanto, o sistema LSF possui mais vantagens do que desvantagens, onde resumidamente

pode-se

afirmar

que

é

um

sistema

de

construção

industrializado que minimiza o tempo, desperdício, possibilita obras com bons desempenhos termoacústicos, racionalidade e fácil manutenção.

3.6 – Viabilidade econômica Quanto a viabilidade econômica o sistema Light Steel Framing se diferencia dos outros sistemas convencionais principalmente por não ter quebras e perdas de blocos, tijolos e materiais em geral. As perdas e retrabalhos oneram significativamente o valor da obra. A mão de obra do LSF torna o serviço mais caro e esse seria um aspecto negativo, porém de acordo com Penna (2009), essa mão de obra representa 25% do custo total do sistema, ou seja, os materiais representam 75% dos custos o que causa uma menor dependência do sistema em relação a mão de obra quando comparado com sistemas convencionais. Dessa forma, mesmo sendo a mão de obra um aspecto negativo, acaba compensando economicamente, inclusive pela facilidade de manutenção posteriormente. Outro fator importante é que o tempo de construção influencia diretamente no orçamento da obra e em se tratando do sistema LSF em comparação com os sistemas convencionais, o tempo de construção torna-se uma grande vantagem na viabilidade econômica, pois é erguido de forma mais rápida aumentando a produtividade para a construção de novas habitações. 28


3.7 – Métodos Construtivos De acordo com Santiago, Freitas e Crasto (2012, p.24), são três os métodos de construção utilizando o sistema Light Steel Framing, descritos a seguir: 3.7.1 – Método Stick É o método mais antigo existente no mercado. Os perfis são cortados no canteiro da obra, e painéis, lajes, colunas, contraventamentos e tesouras de telhados são montados no local (Fig. 5). Os perfis podem vir perfurados para a passagem das instalações elétricas e hidráulicas e os demais subsistemas são instalados posteriormente à montagem da estrutura. Essa técnica pode ser usada em locais onde a pré-fabricação não é viável.

As vantagens desse

método construtivo são:  O construtor não necessita possuir um local para pré-fabricação do sistema;  Facilidade de transporte das peças até o canteiro de obras;  As ligações dos elementos são de fácil execução, mesmo com o aumento de atividades na obra.

Figura 5 – Montagem do painel em LSF no canteiro de obras

Fonte: SANTIAGO, 2008

29


3.7.2 – Método por Painéis Nesse método, os painéis (estruturais ou não estruturais), contraventamentos, lajes e tesouras de telhado vem prontos de fábrica e montados no local (fig. 6 e 7). Na fábrica também podem ser aplicados os materiais de acabamento, o que diminui o tempo de execução no local da obra. As principais vantagens desse método são:  Velocidade de montagem;  Alto controle de qualidade na produção dos sistemas;  Minimização do trabalho na obra;  Aumento da precisão dimensional devido as condições mais propícias de montagens dos sistemas nas fábricas.

Figura 6 – Painéis em LSF produzidos em fábrica e levados a obra para montagem da estrutura.

Fonte: https://aegismetalframing.com/wall/ >Acesso em 16 abr. 2020.

30


Figura 7 – Painéis em LSF produzidos em fábrica e sendo montados na obra.

Fonte: https://www.sulmodulos.com.br/como-trabalhar-com-steel-frame/ >Acesso em 18 abr. 2020.

3.7.3 – Construção modular Construções modulares são unidades completamente pré-fabricadas e podem ser entregues no local da obra com todos os acabamentos internos como revestimentos,

louças

sanitárias,

bancadas,

mobiliários

fixos,

metais,

instalações elétricas e hidráulicas, etc. As unidades podem ser estocadas lado a lado, ou uma sobre as outras já na forma da construção final. Exemplo muito comum desse tipo de construção são os módulos de banheiros para obras comerciais ou residenciais de grande porte (Fig. 8 e 9). Figura 8 – Módulos de banheiro na fábrica

Fonte: Oldcastle Modular, 2020

31


Figura 9 – Módulo de banheiro sendo transportado para o local da obra.

Fonte: Oldcastle Modular, 2020.

Ainda segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012 p.25), construção tipo Stick ou por painéis podem ser montadas na forma “Balloon Framing” e “Platform Framing”. Na construção “Balloon” a estrutura do piso é fixada nas laterais dos montantes e os painéis são geralmente muito grandes e vão além de um pavimento.

Na construção “Platform”, pisos e paredes são construídos

sequencialmente um pavimento a cada vez, e os painéis não são estruturalmente contínuos. As cargas de piso são descarregadas axialmente aos montantes.

3.8 – Características Específicas do sistema LSF e perfis formados a frio O sistema Light Steel Framing é composto por paredes, pisos e cobertura que formam o esqueleto estrutural da edificação. O principal material estrutural é o perfil de aço galvanizado. Os perfis típicos para o uso em LSF geralmente são obtidos por perfilagem a partir de bobinas de aço revestidas com zinco ou liga alumínio-zinco pelo processo contínuo de imersão a quente ou por eletrodeposição, conhecido como aço galvanizado (JUNIOR, 2006). As massas mínimas de revestimento são apresentadas na tabela 1.

32


Tabela 1 – Revestimento mínimo (massas) dos perfis estruturais e não estruturais. Fonte: NBR 15253:2005

Tipo de revestimento

Perfis estruturais Designação do Massa mínima revestimento de revestimento conforme g/m² (1) normas

Perfis não estruturais Designação do Massa mínima revestimento do revestimento conforme g/m² (1) normas

Zincado por Z100 imersão a 180 Z180 (NBR7008) 100 (NBR 7008) quente Zincado por 90/90 50/50 180 100 eletrodeposição (NBR14964) (NBR 14964) Alumínio – zinco AZ150 por imersão a 150 100 AZ100 (NM 86) (NM 86) quente (1) A massa mínima refere-se ao total nas duas faces (média de ensaio triplo) e sua determinação deve ser conforme a NM278

Fonte: NBR 15253:2005 A galvanização ocorre por meio de uma interação metalúrgica entre o aço e o zinco, no qual uma camada especial de zinco é formada sobre o aço, impedindo o contato do material com o ambiente. Após essa técnica, o aço fica mais protegido da corrosão e consegue aguentar com mais facilidade adversidades relacionadas a mudanças climáticas ou à ação do tempo (TUBONASA AÇOS, 2020). Figura 10 – Desenho esquemático do sistema LSF

Fonte:https://www.cbcaacobrasil.org.br/site/biblioteca.php?codProdCategoria=2,3&exibeLoginBiblioteca= S&et=0&emsg=E0010&ecmp=&bsc=&e=1 >Acesso em 20 abr. 2020.

33


As estruturas de aço são compostas por duas “famílias” de elementos estruturais. Uma composta pelos perfis laminados e soldados ou eletrofundidos e a outra composta por perfis formados a frio (Fig. 11). Os perfis estruturais de aço formados a frio são obtidos a partir do dobramento, em prensa dobradeira, ou por perfilagem em conjunto de matrizes rotativas, de tiras de aço cortadas de chapas ou bobinas laminadas a frio ou à quente, revestidas ou não. (NBR 6355: 2003) E possibilitam a formação de seções variadas na sua forma e/ou dimensão. Por essas operações ocorrerem com o aço na temperatura ambiente, advém o termo “formado a frio” (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012, p.21). As seções mais comuns na construção civil são as com formato em "C" ou "U" enrijecido (Ue) para montantes e vigas e o "U" simples que é usado como guia na base e no topo dos painéis. As guias geralmente não transmitem nem absorvem os esforços, sendo isso feito pelos montantes, vigas e eventualmente pilares presentes na estrutura (JUNIOR, 2006).

Figura 11 – Designações dos perfis de aço formados a frio para uso em Light Steel Framing e suas respectivas aplicações.

(Fonte: NBR 15253:2005) 34


Esses perfis são utilizados na composição de painéis estruturais e não estruturais, vigas, tesouras de telhado e outros componentes em conjunto com subsistemas como fechamentos interno e externo, fundação, instalações elétricas e hidráulicas, isolamento termoacústico, formando assim a edificação no como um todo.

3.9 – Painéis estruturais

As paredes que constituem a estrutura são denominadas de painéis estruturais ou autoportantes e são compostas por determinada quantidade de elementos verticais de seção transversal tipo Ue conhecidos como montantes, e elementos horizontais de seção transversal tipo U, denominados guias (JUNIOR, 2006).

Os painéis estruturais estão sujeitos a cargas horizontais de vento ou de abalos sísmicos, assim como a cargas verticais praticadas por pisos, telhados e outros painéis. Essas cargas verticais são originadas do peso próprio da estrutura e de componentes construtivos e da sobrecarga devido à utilização (pessoas, móveis, máquinas, águas pluviais, etc).

Portanto, a função dos painéis é

absorver esses esforços e transmiti-los à fundação (SANTIAGO, FREITAS, E CRASTO, 2012 p.32).

De maneira geral, os montantes que compõem os painéis transferem as cargas verticais por contato direto através de suas almas, estando suas seções coincidentes de um nível a outro, dando origem a uma estrutura alinhada (Fig. 12). Vigas de piso, tesouras de telhado ou treliças também devem estar alinhadas aos montantes. Quando não é possível conseguir esse alinhamento deverá ser colocada sob o painel uma viga capaz de distribuir uniformemente as cargas excêntricas aos montantes inferiores. A distância entre os montantes ou modulação, geralmente de 400 ou 600 mm, é determinada pelas solicitações dos mesmos. A modulação otimiza custos e mão-de-obra à medida que padronizam e permitem a multiplicidade dos componentes estruturais, de 35


fechamento e de revestimento. Os montantes são unidos em seus extremos inferiores e superiores pelas guias, que não absorvem os esforços aos quais os painéis estão sujeitos, e cuja função é fixar os montantes a fim de constituir um quadro estrutural (JUNIOR, 2006).

Figura 12 – Transmissão da carga vertical a fundação – alinhamento da estrutura.

Fonte: (JUNIOR, 2006).

Aberturas para portas e janelas em um painel portante necessitam de elementos estruturais como vergas a fim de redistribuir o carregamento dos montantes interrompidos aos montantes que delimitam lateralmente o vão, denominados de ombreiras (Fig. 12). A verga pode ter várias combinações, mas basicamente é composta de dois perfis "Ue" conectados por meio de uma peça aparafusada em cada extremidade, geralmente um perfil U (JUNIOR, 2006). 36


Figura 13 – Distribuição dos esforços através da verga para as ombreiras.

Fonte: JUNIOR, 2006

A união dos montantes e guias é executada com parafusos autoperfurantes e autoatarraxantes com diversas formas de cabeça (lentilha, sextavada e panela), empregadas de acordo com o local de uso e função estrutural do parafuso (Fig. 13). O comprimento e o diâmetro, bem como a quantidade de parafusos (Fig. 14), são estabelecidos pelo projetista de acordo com as considerações do dimensionamento da união (TERNI, SANTIAGO, PIANHERI, 2008). Figura 14 – Parafuso lentilha, sextavado e panela.

Fonte: (TERNI, 2008).

37


Aberturas para portas e janelas em um painel portante necessitam de elementos estruturais como vergas a fim de redistribuir o carregamento dos montantes interrompidos aos montantes que delimitam lateralmente o vão, denominados de ombreiras. A figura 14 ilustra estes elementos bem como a distribuição do carregamento no painel (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012 p.34). Figura 15 – Distribuição dos esforços através da verga para as ombreiras.

Fonte: (SANTIAGO, 2012)

Como afirma Terni, Santiago e Pianheri (2008), a verga é obtida com a composição de dois ou mais perfis conectados ou, ainda, utilizando-se perfis cantoneiras. As ombreiras, que são os perfis que delimitam o vão, são montadas em mesmo número de cada lado da abertura, tomando-se, aproximadamente, o correspondente à quantidade de montantes interrompidos 38


dividido por dois (Fig. 15). Já como o sistema Light Steel Frame permite aberturas de grandes vãos e, nesse caso, as vergas devem ser compostas por vigas treliçadas, como expõem os autores. Existem várias opções de vedação para o fechamento muitas delas combináveis (Fig. 16 e 17).

Figura – 16 – Vergas.

Fonte: (CBCA, 2020)

Figura 17 – Vergas estruturadas por meio de treliças.

Fonte: (CBCA, 2020) 39


3.10 – Sistema de vedação vertical

Para Santiago, Feitas e Crasto (2012 p.78), o sistema de fechamento vertical é composto pelas paredes externas e internas de uma edificação. Os componentes de fechamento devem ser constituídos por elementos leves, compatíveis com o dimensionamento da estrutura a fim de suportarem o peso das vedações.

Os materiais mais adequados são fornecidos em placas ou chapas, com várias espessuras, dimensionadas com largura de 1,20m, múltiplo da modulação estrutural, sendo os mais utilizados o OSB (Oriented Strand Board), a placa cimentícia para fechamentos externos e o gesso acartonado para fechamentos internos. As placas de fechamento externo também podem atuar como diafragma rígido, possibilitando um aumento da resistência do painel. Porém, nem todas as placas apresentam características estruturais para resistir à ação das cargas horizontais. Portanto, nos casos em que são utilizadas placas de fechamento

que

não

sejam

estruturais,

é

necessário

o

uso

do

contraventamento com fitas metálicas (JUNIOR, 2006).

As placas de OSB (Oriented Strand Board) (Fig. 18), além de poderem ser utilizadas para fechamentos verticais, são também utilizadas para forros, pisos e como substrato para cobertura do telhado.

Figura 18 - Fechamento externo em OSB.

Fonte: (CBCA, 2020).

40


De acordo com Junior (2006), as placas de OSB quando utilizadas como fechamento externo, necessitam de revestimentos e impermeabilização que garantam a estanqueidade dos painéis. A impermeabilização das placas é feita por uma membrana de polietileno de alta densidade, que reveste toda a área externa das placas evitando a entrada da água, porém permitindo a passagem da umidade da parte interna dos painéis para o exterior, evitando a condensação dentro dos mesmos. Para o revestimento das placas de OSB podem ser adotados o siding vinílico e a argamassa, sendo que esse último, por se tratar de uma etapa úmida, influi no nível de industrialização da obra (JUNIOR, 2006).

As placas cimentícias são indicadas para áreas externas e molháveis, expostas as intempéries. É possível utilizá-as para pisos, porém segundo Freitas e Crasto (2006), devido a sua baixa resistência à flexão, necessita de um substrato para as mesmas.

De acordo com a empresa Brasilit, como as placas são compostas por cimento Portland, fios sintéticos e fibras celulósicas, possui alta resistência a impactos, cupins e micro-organismos, são incombustíveis, possuem boa resistência térmoacústica, além de poderem ser utilizadas para superfícies flexíveis (são flexíveis) (Fig. 19). Figura 19 – Composição de placa cimentícia

Fonte: http://www.bricka.com.br/produtos/placas-cimenticias/placas-cimenticias-brickawall/ >Acesso em 26 abr. 2020.

41


Segundo a arquiteta Heloisa Pomaro (AECWEB, 2020), os principais requisitos para a escolha das chapas cimentícias: resistência à flexão e à compressão, densidade (seca e úmida), transmissão de calor, coeficiente térmico de expansão e expansão higrométrica, comportamento perante o fogo, resistência à tração do prego, variação dimensional e módulo de elasticidade (Fig. 20). Figura 20 – Aplicação de placa cimentícia numa edificação

Fonte: https://www.f3construcoes.com.br/instalacao/placa-cimenticia.html >Acesso em: 26 abr. 2020.

Segundo Alexandre Santiago, professor no Centro Universitário Uni-BH, a norma brasileira que aborda as chapas cimentícias é bastante permissiva, lembrando que, quanto menor o grau de absorção de água, menores serão as movimentações higroscópicas e, consequentemente, menores serão os riscos de patologias. “Nesse sentido, as placas que apresentam o melhor desempenho e são mais estáveis são as armadas com telas de fibra de vidro e as autoclavadas” (AECWEB, 2020).

As placas cimentícias utilizadas no sistema LSF normalmente possuem dimensão fixa de 1,20m de largura e espessura de acordo com a função e aplicação (Tabela 2). 42


Tabela 2 – Relação entre espessura e aplicação da placa cimentícia. Espessura da placa

Aplicação usual Podem ser aplicadas em divisórias leves e paredes secas internas,

6 mm

onde não existam aplicações de cargas suportadas diretamente pela placa. Podem ser aplicadas em divisórias leves e paredes internas e

8 mm

externas, em áreas secas e úmidas, podendo existir aplicações de cargas suportadas pela placa. Utilizadas para áreas secas e molhadas, internas ou externas. Ideal

10 mm

para paredes estruturais, melhorando a resistência contra impactos, aplicações de carga e isolamentos termo-acústicos.

Fonte: Manual Steel Framing: Arquitetura (2012, p.85)

Uma outra opção de fechamento é o gesso acartonado (Drywall), é uma placa produzida a partir do gesso e do papel cartão. Possui resistência à compressão e à maleabilidade, oferecendo também, praticidade, rapidez e versatilidade na elaboração e execução de projetos, deixando poucos resíduos ao final da instalação (FERNANDES, 2017).

É utilizada na compartimentação e separação dos espaços internos, não possui função estrutural e são caracterizadas por serem vedações leves, cuja densidade superficial varia de 6,5 kg/m² a 14 kg/m² dependendo da sua espessura (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012 p.87) (Fig. 21). Figura 21 – Compartimentação e separação de ambientes com Drywall

Fonte: https://gruengenharia.com.br/aplicacao-de-drywall-facil-e-barato/ >Acesso em: 26 abr. 2020.

43


As placas possuem largura de 1,20m, e espessuras de 9,5mm, 12,5mm e 15mm, sendo comercializadas em três tipos: As placas Standard (ST) para uso geral, utilizada em paredes, tetos e revestimentos de áreas secas; as placas resistentes à umidade (RU) utilizadas em áreas molhadas como banheiros, cozinhas, áreas de serviço, etc., apresentam resistência a umidade devido a apresentar silicone na composição, porém não podem entrar em contato com a água, pois infiltrações podem danificar o gesso; e as placas resistentes ao fogo (RF) são utilizadas em saídas de emergência e em áreas enclausuradas, como escadas e corredores (FERNANDES, 2017) (Fig. 22). Figura 22 – Placas de gesso acartonado

Fonte: https://blogdogesseiro.com/construcao-a-seco-com-drywall-e-gesso-como-funciona/ >Acesso em: 28 abr. 2020.

De acordo com Santiago, Freitas e Castro (2012, p. 89), entre o sistema de fechamento dos painéis pode ser instalado isolantes, no intuito de obter conforto termoacústico como forma de controlar a qualidade do ambiente interno, impedindo a propagação de sons, evitando perdas e ganhos de calor para o meio externo ou contíguo.

Os princípios de isolamento termoacústico em LSF baseiam-se em conceitos atuais de isolação multicamada, que consiste em combinar placas leves de 44


fechamento afastadas, formando um espaço entre os mesmos, preenchido por material isolante (lã mineral) (Fig. 23). Dessa forma, diversas combinações podem ser feitas a fim de aumentar o desempenho do sistema, através da colocação de mais camadas de placas ou aumentando a espessura da lã mineral (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012 p.89). Figura 23 – Lã mineral entre os painéis para o isolamento termoacústico

Fonte: https://www.aecweb.com.br/emp/cont/m/placoglass_268_1532 >Acesso em: 28 abr. 2020.

3.11 – Lajes e Pisos

As lajes assim como os painéis utilizam perfis galvanizados dispostos na horizontal com modulação dos montantes, os quais são as vigas de piso que servem de estrutura de apoio aos materiais do contrapiso. As vigas de piso estão apoiadas nos montantes de forma que suas almas coincidam com as almas dos montantes de forma alinhada (Fig. 24). Dessa forma os esforços axiais predominam nos elementos da estrutura. Os perfis devem ser suficientemente resistentes e enrijecidos para suportar as cargas e evitar deformações acima das permitidas por norma. (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012 p. 52). 45


Figura 24 – Estrutura de piso em LSF

Fonte: (JUNIOR, 2006)

No encontro entre painéis de piso e parede deve-se adicionar um enrijecedor de alma nas vigas de piso para combater a flambagem local da alma do perfil da viga (Fig. 25). Figura 25 – Enrijecedor de alma nas vigas

Fonte: (CBCA. 2020)

Figura 26 – Flambagem da alma

46


Fonte: (CBCA, 2020)

De acordo com a natureza do contrapiso, a laje pode ser do tipo steel deck, onde se utiliza uma chapa metálica ondulada aparafusada às vigas e preenchida com concreto que serve de base para o contrapiso (Fig. 26). Ou pode ser do tipo seca quando placas rígidas de OSB, cimentícias ou outras são aparafusadas à estrutura do piso (Fig. 27). Alguns construtores acham mais produtivo montar os painéis estruturais do pavimento superior sobre o contrapiso da laje, seja ela seca ou úmida (Fig. 27 e 28). Porém a bibliografia recomenda que os painéis portantes sejam montados diretamente sobre a estrutura do piso, onde os montantes do painel superior façam contato direto com as vigas de piso como forma de garantir a transmissão axial dos esforços entre os componentes da estrutura e evitar deformações relativas à falta de nivelamento ou precisão dimensional dos elementos que formam o contrapiso (JUNIOR, 2006). Figura 27 – Desenho esquemático da laje úmida.

Fonte: (JUNIOR, 2006). Figura 28 – Desenho esquemático da laje seca.

Fonte: (JUNIOR, 2006). 47


3.12 – Fundação

Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012 p. 26), a estrutura de LSF é bem leve e os componentes de fechamento exigem bem menos do que outros tipos de construção. Porém, a carga da estrutura é distribuída uniformemente ao longo dos painéis estruturais, a fundação deve ser contínua para suportar os painéis em toda a sua extensão. A escolha do tipo de fundação vai depender além da topografia, do tipo de solo, do nível do lençol freático e da profundidade de solo firme e essas informações são obtidas através da sondagem do terreno. Como em qualquer outra construção é importante observar o isolamento contra a umidade, pois um bom projeto e execução da fundação depende de eficiência estrutural. Portanto, a qualidade final da fundação está diretamente ligada ao correto funcionamento dos subsistemas que formam a edificação (ConsulSteel, 2002). Desse modo, uma base bem nivelada em esquadro permite precisão de montagem da estrutura e os demais componentes do sistema. Os autores ainda destacam que o radier e a sapata corrida são opções mais adequadas de fundação.

O radier é um tipo de fundação rasa que funciona como uma laje e transmite as cargas da estrutura para o terreno. Os componentes estruturais fundamentais do radier são a laje contínua de concreto, e as vigas no perímetro da laje e sob as paredes estruturais ou colunas, e onde mais for necessário para fornecer rigidez no plano da fundação (figura 28). Sempre que o tipo de terreno permite, a laje radier é a fundação mais comumente utilizada para construções em Light Steel framing (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012 p.26). As figuras 29 e 30 mostram o detalhe de ancoragem de um painel estrutural a uma laje radier.

A sapata corrida é um tipo de fundação indicada para construções com paredes portantes, onde a distribuição da carga é contínua ao longo das paredes. Constitui-se de vigas que podem ser de concreto armado, de blocos de concreto ou alvenaria que são locados sob os painéis estruturais. O contrapiso do pavimento térreo para esse tipo de fundação pode ser em concreto, ou construído com perfis galvanizados que apoiados sobre a 48


fundação constituem uma estrutura de suporte aos materiais que formam a superfície do contrapiso (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, 2012 p.27). Figura 29 – Laje radier

Fonte: https://upperconstrutora.com/servicos/light-steel-frame/fundacao-radier-light-steel-frame/ >Acesso em: 30 abr. 2020.

Figura 30 – Detalhe esquemático de ancoragem de painel estrutural ao radier

Fonte: (ConsulSteel, 2020)

49


3.13 – Cobertura

A cobertura tem a função de proteger o edifício da ação das intempéries, podendo desempenhar também uma função estética, dar privacidade e conforto térmico e acústico.

Existe uma grande diversidade de formas para a cobertura de edificações. Independente da tipologia adotada, desde coberta plana até telhados mais elaborados, a versatilidade do steel frame possibilita ao arquiteto liberdade de expressão. Quando se trata de coberturas inclinadas, a solução se assemelha muito à da construção convencional com o uso de tesouras ou caibros, porém substituindo o madeiramento por perfis galvanizados (Fig. 31). As telhas utilizadas para a cobertura podem ser cerâmicas, metálicas, de cimento reforçado por fios sintéticos ou de concreto. Também é comum o uso de telhas shingles, que são compostas de material asfáltico. A telhas cerâmicas e shingles necessitam de um substrato de apoio, geralmente placas de OSB protegidas por mantas de impermeabilização (JUNIOR, 2006). Figura 31 – Estrutura de telhado em LSF

Fonte: (CBCA, 2020)

De acordo com Santiago, Freitas e Castro (2012, p. 70), as treliças podem vir pré-fabricadas ou serem montadas no canteiro de obras. A tesoura é 50


constituída a partir de membros estruturais, geralmente perfis Ue, que conectados constituem uma estrutura estável (Fig. 32). Figura 32 – Tesouras de telhado

Fonte: https://www.casadatelha.com.br/produtos/estrutura-de-telhado/ >Acesso em: 28 abr. 2020.

Ainda segundo os autores, as ligações entre os membros de uma tesoura podem ser executadas no mesmo plano através de chapas de Gusset, ou camada sobre camada, onde os perfis que formam pendurais e diagonais são aparafusados ao banzo superior e inferior por suas almas. O plano definido pela alma dos perfis que formam a tesoura deve coincidir com as almas dos montantes e isso ocorre nos dois métodos citados acima. Para os autores, a estabilização da estrutura da cobertura é dada pelo contraventamento lateral e vertical, sendo que o lateral é composto por perfis U e Ue fixados de forma perpendicular às tesouras. Esse contraventamento lateral reduz o comprimento de flambagem dos banzos inferiores e superiores, e o contraventamento vertical com função de impedir o deslocamento da tesoura é realizado através de perfis Ue cruzados e colocados também de forma perpendicular ao plano da tesoura (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, p.74).

51


4 – REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Nesse capítulo são apresentados três exemplos de projetos para melhor entendimento e compreensão do estudo bibliográfico apresentado nos capítulos anteriores. O primeiro é uma residência unifamiliar popular feita com o sistema LSF comparada a mesma construção em sistema convencional de alvenaria; o segundo, são duas unidades de padrões diferentes, onde é feito um comparativo das contruções em LSF para o padrão baixo e para o padrão normal; e o terceiro exemplo é uma residência popular mínima que atende ao padrão da CEF, do programa Minha Casa Minha Vida, onde se destaca a otimização de tempo e recursos numa construção modular em LSF. Esses estudos além de ilustrarem o tema abordado, são referências para o ensaio projetual que se pretende realizar.  Residência unifamiliar Os autores Karine Crozeta Frasson e Marcos Bitencourt tiveram como objetivo nesse estudo apresentar os principais diferenciais do sistema construtivo LSF em relação ao sistema construtivo convencional de alvenaria, levando-se em consideração uma residência unifamiliar medindo 55m² de área construída, composta por dois dormitórios, um banheiro, cozinha, sala de jantar e sala de estar conjugadas, varanda na parte externa e hall de entrada (Fig. 33). Figura 33 – Planta baixa da residência unifamiliar

Fonte: Frasson e Bitencourt, 2017.

52


Para a construção em LSF e alvenaria convencional utilizou-se a fundação do tipo Radier, com 20cm de espessura, pois sendo uma fundação em concreto armado, feita de forma rápida e econômica, a própria laje pode ter função de contrapiso. Nas paredes foram adotados perfis metálicos tipo montante “Ue” 90mm x40mm x12mm com espessura de 0,95 mm e espaçamento entre os montantes de 40 cm. Para o fechamento externo, placa cimentícias com dimensões de 1200 x 2400 x 8mm, revestimento base coat, membrana hidrófuga, Placa OSB Home Plus MDI com dimensões de 1200 x 2400 x 11,1 mm e, lã vidro com 90mm de espessura. Para o fechamento interno foi utilizado placa de gesso Standard com dimensões de 1200 X 1800 X 12,5 mm, fita Walpaper, Massa Drywall, Placa OSB Home Plus com dimensões de 1200 x 2400 x 9,5mm e, lã de vidro com 90mm de espessura. A membrana hidrófuga parafusada entre a estrutura metálica e as placas cimentícias com função de impedir a penetração da umidade, vapor d’água e poeira externa e, a lã de vidro instalada tem a função de isolante térmico e acústico. Para o nivelamento e revestimento das fachadas, paredes e teto foi utilizada a argamassa base coat. Para a cobertura foram utilizadas telhas cerâmicas numa estrutura de tesouras de treliça e o forro de PVC. Para

essa

construção

utilizou-se

um

kit

LSF,

composto

por

perfis

“engenheirados”, cujos perfis são moldados de acordo com as especificações do projeto (fig. 34), chegando ao canteiro de obras pronto para a montagem com sistema parafusado.

53


Figura 34 – Planta baixa da residência unifamiliar em LSF.

Fonte: Frasson e Bitencourt, 2017.

Pelo fato de as paredes do sistema LSF terem peso inferior a alvenaria convencional decorrente do material utilizado, faz com que o sistema LSF tenha uma leve vantagem em relação a fundação. Durante o processo construtivo não é necessário à quebra de parede para passagem de tubulação, aumentando assim a produtividade. Para a fabricação de uma residência medindo 55m² em ambos os sistemas, o sistema LSF apresenta custo 5% superior ao sistema de alvenaria convencional, o que pode ser justificado pelo fato de o LSF exigir mão de obra qualificada e especializada. Em relação ao prazo de conclusão da obra, o sistema LSF é satisfatoriamente mais vantajoso que o sistema de alvenaria convencional, porque ao comparar os

resultados,

observa-se

que

a

produtividade

do

sistema

LSF

é

aproximadamente 80% maior que o sistema convencional. O LSF é um sistema eficiente, leve, rápido e sustentável, uma excelente solução para construção de casas populares. 54


 Residências R1-B e R1-N

Os autores Matheus da Silva Miranda e Monica Elizabeth Daré analisaram nesse estudo duas residências unifamiliares de padrões diferentes. Uma de padrão baixo (R1-B) e outra de padrão normal (R1-N) executadas no município de Braço do Norte, no estado de Santa Catarina (Fig. 35 e 36). A empresa construtora responsável pela a execução destas obras tem sede no mesmo município.

Figura 35: Localização da cidade das residências do estudo de caso.

Fonte: Matheus da Silva Miranda / Google

Figura 36: Residência Unifamiliar Padrão Baixo (R1-B) Padrão Normal (R1-N).

Fonte: Matheus da Silva Miranda

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A residência R1-B medindo 59,25m², com um pavimento, utilizou-se a fundação tipo Radier. Para as paredes foram adotados perfis metálicos tipo montante PGC 90mm x 0,95mm e guia PGU 92mm x 0,95mm (Fig. 37). Para fechamento externo foi usado placa OSB, Membrana Tyvek e Siding Vinílico e fechamento interno Dry Wall 1,25cm e pintura. Na cobertura, foi utilizado estrutura metálica e telhado com OSB, subcobertura e telhas Shingles. Revestimentos cerâmico na cozinha e banheiro e a pavimentação com piso cerâmico.

Figura 37 – materiais do painel de vedação da residência R1-B (composição parede)

Fonte: Matheus da Silva Miranda

A residência R1-N medindo 110,00m², com um pavimento, utilizou-se a fundação tipo Radier. As paredes foram adotados perfis metálicos tipo montante PGC 90mm x 0,95mm e guia PGU 92mm x 0,95mm (Fig. 38). Para fechamento externo foi usado placa OSB, Membrana Tyvek, Smart Side e pintura. Para o fechamento interno, foi utilizado placa OSB, Dry Wall, massa corrida e pintura. Na cobertura, foi utilizado estrutura metálica e telhado com OSB, subcobertura e telhas Shingles. Revestimentos cerâmico na cozinha e banheiro, massa corrida nos demais ambientes e a pavimentação com piso porcelanato.

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Figura 38 – Materiais do painel de vedação da residência R1-N (composição parede)

Fonte: Matheus da Silva Miranda

Abaixo um exemplo da composição da telha Shingles que foi usada na cobertura das duas residências (Fig. 39). Figura 39 – Composição das telhas Shingles (exemplo)

Fonte: Matheus da Silva Miranda, site LP Brasil.

Para as duas residências estudadas e construídas em LSF chegou-se a um custo direto 7,84% superior na tipologia R1-B e 16,91% superior na tipologia R1-N. Quando comparados os custos dos grupos de insumos de mão de obra e de materiais separadamente, obtém-se para a tipologia R1-B uma participação no custo de mão de obra 20,03% menor para a tecnologia LSF em 57


relação ao sistema convencional. Para os custos de material o LSF fica 18,82% maior que o sistema construtivo convencional. Enquanto que para a tipologia R1-N temos uma participação 1,23% menor para o custo de material na obra construída em LSF e 1,37% maior nos insumos de mão de obra para esta tecnologia em relação ao sistema construtivo convencional.

 Residência popular mínima

Os autores Alexandre Kokke Santiago, Maíra Neves Rodrigues e Márcio Sequeira de Oliveira analisaram nesse estudo uma residência popular mínima em LSF indicada pela CEF, na cartilha do programa de incentivo ao desenvolvimento da habitação de interesse social Minha Casa Minha Vida. Esta residência, atendendo ao documento indicativo da Caixa, (CEF, 2009) possui uma sala, um dormitório para casal, um dormitório secundário para duas pessoas, uma cozinha, circulação e um banheiro. A área interna total dessa construção é de 37,7 m² (Fig. 40). Figura 40 – Layout da residência proposta

Fonte: Santiago, Rodrigues, Oliveira (2010)

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Para o desenvolvimento da residência em LSF guiou-se pelo atendimento aos pré-requisitos dos documentos indicativos da CEF, à norma de desempenho para construções habitacionais (ABNT NBR 15575:2008) e às normas específicas para o sistema construtivo e seus subsistemas. Para a estrutura em LSF, foram utilizados painéis compostos por perfis de aço galvanizado Ue, com 90 mm de largura e espessura de chapa de 0,80 mm, espaçados em 600 mm, de modo a atender aos requisitos de dimensionamento da ABNT NBR 14762:2003. Todas as paredes, tanto internas quanto externas, fazem parte da sustentação estrutural e contraventamento da residência. As paredes e a cobertura foram concebidas para serem executadas com painéis pré-montados em fábrica e transportados prontos para a obra, de modo a diminuir o prazo de execução, facilitar a montagem em campo e reduzir a área necessária de canteiro de obras (Fig. 41).

Figura 41 – Estrutura montada para a residência popular

Fonte: Flasan (2009)

Para o fechamento externo foi utilizado como revestimento placas cimentícias com espessura de 10 mm, fabricadas com a tecnologia CRFS (Cimento Reforçado com Fios Sintéticos), sem amianto. As juntas entre as placas são tratadas com massas e fitas específicos, de modo a serem invisíveis e garantir a estanqueidade do revestimento. A superfície da placa cimentícia está apta a

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receber qualquer tipo de pintura, necessitando apenas de uma camada de proteção com selador acrílico. Para o fechamento interno foi utilizado placas de gesso acartonado em ambas as faces das divisórias internas. As placas de gesso são do tipo ST (standard) para as áreas secas (quartos, sala e circulação) e para os forros e do tipo RU (resistente a umidade) para as áreas molhadas (banheiro e cozinha), de acordo com as indicações da norma ABNT NBR 15758:2009. Para isolamento termoacústico foi utilizado lã de PET, que é um material de desempenho similar às lãs de vidro ou de rocha, mas fabricado a partir de materiais reciclados e com manuseio mais fácil e não agressivo ao instalador. Esse isolamento foi empregado nas paredes externas e no forro, atendendo aos requisitos da ABNT NBR 15575:2008 para níveis de isolamento térmico e acústico. A execução da estrutura de toda a casa (paredes e cobertura), desde sua prémontagem em fábrica, foi realizada em apenas um turno de trabalho, em virtude da fabricação dos perfis já com tamanhos específicos para cada painel, evitando a necessidade de cortes e medições na montagem dos painéis e a consequente perda de material (Fig. 42).

Figura 42 - Montagem da estrutura - painéis pré-montados

Fonte: Flasan, 2009

A instalação do revestimento externo com as placas cimentícias levou dois dias de trabalho, deixando as paredes acabadas pelo lado de fora. A execução das instalações elétricas e hidráulicas também foi mais rápida no sistema 60


industrializado, pois as paredes estão abertas como shafts, podendo receber os conduítes elétricos e tubos hidráulicos em qualquer direção, sem interferências. Somadas todas as diferentes etapas de execução, o estudo indica um prazo de seis

dias

trabalhados

para

a

conclusão

da

residência em

sistema

industrializado LSF.

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5 – ENSAIO PROJETUAL

Para o ensaio projetual, tomou-se por base os estudos de casos demonstrados no capítulo 4 deste trabalho e os conceitos apresentados nos Manuais de Arquitetura e Engenharia do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA). Trata-se de um ensaio de uma moradia popular que se encaixa nos padrões do antigo Programa de incentivo ao desenvolvimento da habitação de interesse social Minha Casa Minha Vida, que teve o nome mudado para Casa Verde e Amarela no atual governo. A residência possui uma sala, um dormitório para casal, um dormitório secundário para duas pessoas, uma cozinha integrada à sala, circulação e um banheiro. A área interna total é de 39,55m² (Fig. 43 e 44). Figura 43 – Layout da residência

Fonte: Ensaio projetual da autora 62


Figura 44 – Planta baixa do projeto em LSF

Fonte: Ensaio projetual da autora.

É importante salientar a necessidade de um espaço para a montagem dos painéis no canteiro de obras. A estrutura em LSF e seus componentes de fechamento, por serem muito leves, exigem bem menos do que em outros tipos de construção. E a estrutura em LSF distribui a carga uniformemente ao longo dos painéis estruturais e por isso a fundação deverá ser contínua para suportar os painéis em toda a sua extensão, no caso deste ensaio projetual, o tipo de fundação adotada foi a radier. Para a fixação dos painéis e evitar o movimento da edificação devido à pressão dos ventos é necessário que a superestrutura esteja firmemente ancorada na fundação. O tipo de ancoragem, suas dimensões e espaçamento são definidos segundo o cálculo estrutural. Para o suporte de ancoragem neste 63


ensaio projetual, foi definido a ancoragem química com barra roscada e colocada depois da concretagem da fundação. Esse tipo de ancoragem consiste em uma barra roscada com arruela e porca, que é fixada no concreto por meio de perfuração preenchida com uma resina química formando uma interface resistente com o concreto. A fixação à estrutura (fig. 45) se dá por meio de uma peça em aço que é conectada à barra roscada e à guia e aparafusada ao montante geralmente duplo (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO, p.28). Figura 45 – Detalhe da peça de reforço na ancoragem da estrutura à fundação por meio de barra roscada.

Fonte: Manual Steel Framing: Arquitetura (2012, p. 28)

O contraventamento das paredes se dá através das placas de fechamento considerando a formação de um diafragma rígido de forma a simplificar o processo construtivo e reduzir custos com outros materiais, pois segundo Santiago, Freitas e Crasto, é possível utilizar os materiais de fechamento externo dos painéis estruturais como parede diafragma ou como parede de cisalhamento. Para a estrutura em LSF foram adotados perfis de aço galvanizado Ue, com 140mm de largura com espessura de chapa de 0,95mm, espaçados em 600mm. As paredes internas e externas são estruturais e foram dimensionadas para serem produzidas em fábrica, em módulos que deverão ser transportados e montados no canteiro de obras, diminuindo assim o prazo de execução. As vergas utilizadas nas paredes são posicionadas sobre as aberturas, formadas 64


por 2 perfis U142x40x0,95mm, cuja fixação deve ser feita por parafusos tipo ponta e broca (Fig. 46). Figura 46 – Tipo de verga adotada no projeto

Fonte: Manual Steel Framing: Arquitetura (2012, p. 35)

A fixação das esquadrias pode variar de acordo com o número de perfis podendo ser acrescentado um perfil U, formando uma seção caixa junto com a ombreira, a fim de dar acabamento na abertura e para a fixação de portas e janelas, de acordo como demonstrado na figura 47 abaixo: Figura 47 – Painel com aberturas com perfil U em caixa conforme detalhe da Fig. 46.

Fonte: Ensaio projetual em LSF da autora. 65


O fechamento dos painéis foi pensado com dois tipos de materiais: no fechamento externo placas OSB (Oriented Strand Board), espessura de 12mm, com função de diafragma rígido vertical e horizontal e no fechamento interno, placas de gesso acartonado ST, além da utilização de isolantes térmicoacústicos no interior da estrutura (Fig.48). As juntas entre as placas são tratadas com massas e fitas específicos, garantindo a estanqueidade do revestimento. Dessa forma pode receber a pintura. As faces internas das paredes das áreas secas serão fechadas por placas de gesso acartonado e as das áreas molhadas, cozinha e banheiro, o fechamento será com as placas OSB utilizadas no fechamento externo e aplicação de revestimento cerâmico. Figura 48 – Exemplo de fechamento em placa OSB e gesso acartonado

Fonte: http://www.flasan.com.br/site/sistema-light-steel-framing

Para o isolamento foi pensado a aplicação de lã de vidro em todas as paredes externas da edificação. Para as instalações hidráulicas e elétricas, a passagem é feita por furos nas almas dos perfis Ue, cujos furos são executados conforme os parâmetros da NBR 15.253, que estabelece que os furos podem existir nos perfis, desde que devidamente considerados no dimensionamento estrutural. As coberturas em LSF podem ser de diversos tipos, no caso foi escolhida uma cobertura comum com tesouras e treliças pré-montados em fabrica e telhas de fibrocimento ondulada (Fig. 49).

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Figura 49 – Corte esquemático AB

Nas figuras 50 e 51 pode-se observar a planta estrutural do projeto em LSF com a marcação dos perfis e os seus respectivos módulos demonstrados por cores e cotas diferentes. Figura 50 – Planta Estrutural em LSF

Fonte: Ensaio projetual da autora.

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Figura 51 – Paineis modulares com os perfis em LSF

Fonte: Ensaio projetual da autora

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Na figura 52 pode-se observar a residência popular pronta e acabada.

Figura 52 – Residência popular em LSF com 39,55m²

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6 – CONCLUSÃO

O LSF tem grande vantagem em relação a alvenaria estrutural em virtude do seu alto grau de industrialização, que leva ao processo de execução mais rápido, desempenho otimizado aos tipos de fechamento e isolamento, além dos benefícios relacionados ao meio ambiente, gerando menos resíduos, sem necessidade do uso de água na etapa de construção (exceto na etapa da fundação). Por isso, o LSF é um diferencial interessante na construção civil, onde o processo de execução pode-se resumir na montagem dos componentes pré-fabricados, os quais com a padronização e melhor acabamento, dispensam os serviços tradicionais como por exemplo, chapisco, emboço e reboco, que além de causarem desperdício, demandam tempo de obra, impactando diretamente no tempo e custo finais da obra. Percebe-se ainda uma certa resistência do mercado da construção civil a utilização em larga escala do sistema LSF e essa resistência se dá principalmente pela falta de informação e pela cultura popular do concreto armado que vem desde o século passado. Para que o LSF se torne mais competitivo no mercado, é de suma importância incentivos por parte do próprio mercado e também do governo no intuito de promover soluções sustentáveis, dessa forma havendo uma melhor divulgação, aumentando consequentemente a demanda pelo uso do sistema e fazendo-o com isso, ser mais competitivo no mercado. O sistema LSF para produção de habitações de interesse social é uma solução alternativa e inovadora, que aliada ao uso da modulação apresenta grandes vantagens técnicas e construtivas. A questão da habitação social no Brasil vai além do aspecto da qualidade arquitetônica, pois mais do que habitação, os projetos arquitetônico e urbanístico devem contribuir com uma melhor urbanidade dentro de um contexto de políticas públicas de habitação, onde a produção com celeridade e redução de custos podem ser geradoras de oportunidades contribuindo com o cumprimento de metas de políticas públicas e diminuição do déficit habitacional.

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ANEXOS - 2

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