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Que Figura!
Despida de preconceitos
arina do povo
Conheça a sexy e exótica Luz Del Fuego, a bail
S
eminua, acompanhada de duas jiboias sobre o corpo, Luz Del Fuego dançava. Esse é o retrato mais comum da bailarina do povo que, contrapondo o nome de batismo Dora Vivacqua, “água viva”, adotou primeiro como nome artístico “Luz Divina”, e depois substituiu por “Luz del Fuego”, nome de um batom argentino, sugerido pelo seu amigo e palhaço Cascudo, com a justificativa de que o nome estrangeiro faria mais sucesso. Luz del Fuego, nasceu em 1917. Era 15ª filha de uma família tradicional de Cachoeira de Itapemirim (ES). Teve sua vida marcada por rebeldia. Em 1937, morando no Rio, se torna paraquedista, mas é proibida de continuar por causa do namorado Mariano. O romance acaba quando ela decide fazer o curso de dança na Academia Eros de Volúsia. Dora Vivacqua se torna Luz Divina em 1944, no picadeiro do Circo Pavilhão Azul e, em 1947, já famosa e tendo salvado inúmeros circos passa a adotar Luz del Fuego e se apresenta em Follies, um pequeno teatro em Copacabana, com o espetáculo Mulher de Todo Mundo. Artista sexy, exótica e corajosa, defendia ideias naturalistas, de vegetarianismo e nudismo. Fundou o Partido Naturalista Brasileiro (PNB), mas seu irmão político Attilio Vivacqua conseguiu que não fosse registrado. Luz del Fuego não desistiu, e foi mais longe. Em 1954, conseguiu da Marinha a concessão da ilha de Tapuama de Dentro, no Rio de Janeiro. Neste local, fundou a Ilha do Sol, o Clube Naturalista Brasileiro, o primeiro do País, construído à custa de seus espetáculos gratuitos, seminua, nas escadarias do Teatro Municipal. O Clube passou a ser uma das grandes atrações da cidade e recebeu estrelas do cinema americano, como Brigitte Bardot e Steve MacQueen. *Uma das virajovens presentes em 19 Estados do País e no Distrito Federal
Luz del Fuego passa a viver na Ilha e para a Ilha, já sem muitos recursos financeiros, começa a se envolver amorosamente com nativos da região, o que preocupava seus amigos mais próximos. Para acalmá-los, Luz afirmava: “Eu sou uma Luz que não se apaga”. No dia 19 de julho de 1967, Luz e seu caseiro Edgar morrem numa emboscada dos irmãos Alfredo Teixeira Dias e Mozart, que queriam se vingar dela. O crime só é descoberto duas semanas depois, a partir de um depoimento de um coveiro dado aos jornalistas Mauro Dias, do jornal O Dia e Mauro Costa, do jornal Última Hora. Na data do seu nascimento, 21 de fevereiro, é comemorado o Dia do Naturalismo. V
“Eu hoje represento o segredo Enrolado no papel Como Luz del Fuego Não tinha medo Ela também foi pro céu, cedo!” Cássia Eller
Saiba mais sobre Luz Del Fuego com o livro Luz del Fuego - A Bailarina do Povo, de Cristina Agostinho; com o filme Luz del Fuego (1982), direção de David Neves, com Lucélia Santos; e com a música Luz del Fuego, de Cássia Eller.