Jardim de Inverno (Poesias do Isolamento)

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Poesias

Páginas

Colaborações

01. Desenho

07

08

01. Gabriella Kallas

02. Distância

09

10

02. Jorge Guilherme

03. Mudanças

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12

03. Letícia Katlen

04. Eu não Acredito na Primavera

13

14

04. Bárbara Penaforte

05. Círculo Vicioso

16-17

19

05. Léo Castro

06. Floroj Estas Belaj

20-21

22

06. Lorrany

23

07. Paula Alencar

30

08. Nathan Bellieny

07. Vaticínios Remotos

25-26

08. Nota de Repúdio

28-29

09. Carta Vazia ao Abismo

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10. (Poema) Nulo

33

11. Vivo ou Morto

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09. Diego de Deus

12. Nota de Lamento

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10. Thales Maurício

13. Chá de Hibisco

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14. Decepção/Silêncio

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11. João Paulo Maia

15. Camadas de um Dia

47

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12. Ana Clara de Barcelos

16. Poesias do Isolamento

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17. Créditos e Agradecimentos

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Editorial O que você vai encontrar aqui, leitor(a), não são poesias sobre a pandemia ou o distanciamento social em si. Elas podem, claro, estar afetadas por essas circunstâncias, porém, seus pontos de origem são múltiplos. Mas não deveriam ser definidas somente por isso. Tudo aqui é apenas o recorte de um momento, de uma realidade. Ou a busca disso. O que você vai encontrar aqui (ou assim espero) é amor e carinho. Um pouco de angústia e indignação também, mas que considero igualmente necessários, uma vez que nos tira da comodidade e, indiretamente, nos liga uns aos outros. Por fim, nossas emoções continuam vivas e em movimento, flutuando entre estímulos, então se deixe sentir. Leia no seu próprio tempo.

Aviso Importante Os temas tratados, as visões de mundo das poesias aqui presentes são de inteira responsabilidade do autor. As pessoas que colaboraram com textos, fotos ou ilustrações não necessariamente endossam as mensagens delas. Sua participação, através do compartilhamento de um "estado de espírito" durante o período de distanciamento social, se dá com o intuito de criar aqui um ponto de encontro entre vivências. Cores, formas, olhares... os pequenos mundos de cada um. Uma rede colaborativa que agrega à publicação um toque de beleza, força, união e amizade. Agradeço imensamente a todas as pessoas que contribuíram!

04


Autorretrato minimalista do autor. (Conteúdo: 70% pelo, 30% osso.)

Esta publicação conta com colaborações de terceiros. Pessoas amigas e amigáveis. Algumas até mesmo "interessantes e interessadas"... (piada interna)

Algumas poesias foram musicadas, por isso, são acompanhadas de um QR Code que redireciona para uma plataforma de streaming (Sound Cloud), onde podem ser ouvidas. :)

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Desenho Tenho muito medo de poemas me acabar Cada vez que a tinha, desejo te combinar Peça por peça sempre volta sem caber Tinta mais tirana… quero ficar com você Próprio à toda pinta, dançam mudas de uma cor Sacrifício e dívidas não fazem nosso amor Fuga de nós dois seremos zona de confronto Sei do teu sorriso, ele sempre me quis pronto Tenho muito medo de pessoas me acabar Ponto sem palavras porque sei me copiar Traço-companhia, carinhos não são poder Boca, pernas, cílios… posso ficar em você? Amo… amo… amo… eu te amo

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Gabriella Kallas @gabriellakallas


Distância O que é menos real pela distância Se torna mais sonho na presença Dos desejos nem se fala Sem liberdade não há escolha Porque suspenso fica o tempo Ausência de verdade Envolve união e compromisso Ainda espero impaciente Meu pensamento, pelo menos Vai passar.

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“A perda da minha liberdade pelo isolamento não se compara à dor daqueles que se isolaram permanentemente dos que amam.” Jorge Guilherme (@jorgeguilhermevieira)

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Mudanças Estive assistindo aos seus traços Passarem de pouca luz a grandes esperanças Por mais breve que fossem, ainda me lembro… Carregavam tanta força e consciência

Estive pensando em me acabar

Que de uma sóbria anarquia me

Como quem acaba um diário

convenceram

Comecei então a decorar Com pisca-piscas a estante Dos meus aborrecimentos

Estive contando palavras; insignificâncias Perto de onde deixei de melhorar

Não me arrisco a ser cínico No inverno; porque o inverno É a estação do desapego

Estive… estive aqui, sim Onde nasci e me deixei morar...

Estou arrumando as malas... Tantas malas de memória no meu corpo... Dobrei cada segundo como um lençol... Calma e lentamente...

Soltei minha vida toda nela

Falam sem parar, com as preocupações da sala...

e, agora, talvez... O último apego, um novo sorriso...

Com velhas histórias a contar...

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LetĂ­cia Katlen (@ag.singular)


Eu Não Acredito na Primavera A primeira coisa que vão fazer É te enrolar em trapos que você nunca quis usar Te roubar do seu direito de chorar Te jogar na prateleira Competindo com outras tantas doses de insegurança E te julgar eternamente pela primeira crise de consciência Vão te obrigar a gastar a vida toda Numa corrida para se vender com a maior vantagem No formato de uma marca registrada pelos outros E ser o servidor mais funcional E depois ainda vão te pedir, com lágrimas nos olhos Para mudar um mundo Que não tem mais camada de ozônio Ou baleias no oceano Mas não vá pelo caminho mais fácil Não abandone o que já foi feito Assim que possível, limpe as janelas de esperança Costure as dores do passado E amarre os nós mal resolvidos... Limpe E as coisas serão vistas de forma mais clara E a espera será menos indiferença e mais coragem E saiba que você vai conhecer o amor da sua vida E ser feliz com tanta vontade e franqueza que... Ele pode te abraçar num dia E ir embora no outro E tudo bem Se ele tiver mesmo que ir Ficará sendo o grande abraço do amor da sua vida Eu não acredito na primavera Eu acredito em você O maior dos meus medos O melhor dos meus sonhos

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Bรกrbara Penaforte (@penafortetattoo)


O tempo são só números que se repetem

m te pe re se e qu os er m ros nú me só nú o só sã ão poo s mp teem O O tempo são só números que se repetem

O tempo são só números que se repetem

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O tempo são só números que se repetem


Se um dia eu realmente me quebrar Se o caos passar pano para a violência Se me fantasiarem de esquecimento Ainda assim serei o mesmo

Se eu perder a chance de ficar calado Se eu tiver opiniões obscenas Se eu for vítima do espelho Ainda assim não serei especial

Espero ficar longe o bastante Para olhar pra trás e enxergar O amanhã se remendando Com o que será feito Dando voltas em si mesmo

Círculo Vicioso Círculo Vicioso Círculo Vicioso Se vierem me dizer que vale a pena Se o esforço pra se defender só gerar tristeza Se sofrer por sofrer for a melhor desculpa para ser indiferente Ainda assim estarei

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soulo Vicioso ioVicioso lo VicCírc CírcuCírculo Círculo Círculo Círculo Vicioso Vicioso oVicioso os Círculo ci ViVicioso lo Vicioso cu írculoVicioso Cír CCírculo

Círculo Vicioso Círculo Vicioso Vicioso Círculo Círculo Vicioso Vicioso Círculo

Círculo Vicioso Círculo Vicioso Círculo Vicioso E planejando tudo o que eu já fiz Espero chegar longe o bastante Para olhar pra frente e ver a mim mesmo Me quebrando... me obrigando A varrer os cacos para o canto

Ainda assim serei o erro Se ser sincero for dar um tiro na própria cabeça e sentir... Sentir que o ideal é uma jaula que compensa a falta do real Se quiserem me virar do avesso... Se amassarem meu coração com uma chave

sozinho

Haveria um QR Code aqui, porém a edição da música ainda está em andamento. (Infinitamente em andamento) 17


são números

números

são

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Números são invenções humanas

invenções

humanas

humanas

invenções


"Deixe tudo acontecer a você: beleza e terror. Apenas continue. Nenhum sentimento é final."

- Rainer Maria Rilke

colaboração de Léo Castro

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Floroj Estas Belaj Kiel malgrande forto Petaloj dispelas larmoj de la malplena maro… Cxiuj kune em la malvarma tago Cxiam suno cxi tie Ecx en la malgxentila vintro Neniam mankas nokto kaj vorto Ne nur momenton… la vivon Nenio mi ne suferos Ne pensu… Ne suferu… Ekzistu por la bono ke la mondo ne montras Estu la printempo vintre

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(Tradução do Esperanto:)

Flores são Belas Como pequena força Pétalas dissipam lágrimas do mar vazio… Todos juntos no dia frio Sempre sol aqui Mesmo no indelicado inverno Nunca falta noite e palavra Não só um momento… a vida Nada sofrerei Não pense… Não sofra… Exista para o bem que o mundo não demonstra Seja a primavera no inverno

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Lorrany Brenda (@ilustraloh)


Paula Alencar (@sem.base)



Vaticínios Remotos

(ou "Deslize" do do Sufrágio Sufrágio Moderno) Moderno) (ou O O Pequeno Infausto "Deslize" Tenho tanta fome, tanta fome Que me engasgo com minha própria saliva Amarga Hoje Perdi um prematuro Sobreviver é um hobby como nenhum outro Para poucos Que herdam a conveniência De possuir o mérito Escorrendo pelas fezes Desaparecerão as promessas Porque ficaram agarradas no gargalo do veneno Sabotagens de terceiro mundo Na direção do caos, os pesadelos Se enfileiram Às portas do castelo de cartas mofadas Pelo fosso sobem larvas Refestelando-se em conversas tétricas As pessoas se amagotam Espirrando coalhado sangue Mergulhado sempre em um pútrido Elogio assassino Desconheço a boa fé Por falta de algum modelo No qual me inspirar Apenas trocam o sagrado pelo mais vendável E logo se obtém a miséria… Já ouvi falar, mas nunca assisti Teria algum teaser, por acaso? 25


Ninguém jamais deve parar para refletir A máquina não aguenta a inanição Uma pessoa, sim É a engrenagem Que cultiva Paradoxos E contradições E se mata Por pensar E querer trabalhar Em um plano eterno Para conquistar A felicidade Que eclode em um segundo E se esmigalha sempre no outro O sistema de boas aparências Pra inglês ver e plastificar E assim segue a incapacidade de reconhecer valor Naquilo que não é dinheiro Amadores do desamor Que se amem e que se fodam Ninguém é obrigado a concordar Com o descaso em vigência E carteira assinada; Sinto dizer Por essas bandas A educação ainda não foi inventada Se o Brasil de verdade está na Constituição E a Constituição é um papel higiênico sem textura Então o “brasileiro-médio” é uma série de inconstitucionalidades “médias” Contestadas por boçais de merda Que não sabem limpar a própria bunda 26

e ex xpe prx r ep esr ssee e sãsx x ãosp p o ãr e r poee e pr s p s r epspx r s esr ã e ã sseoer e s o sãs psp ãosps px r ãr peo ãr s r eo r x o ã s se ep seo se s e sr e ã xãs se x ãsp ãs opo ãs p or o r os r e ee ã e s p x s os s popx s ã er r pã o s er r o


Uma pessoa, parar sim Que cultiva Ninguém jamais deve para refleti Que cultiva É Paradoxos A máquina nãoa aguenta a engrenagem inanição Paradoxos Que cultiva E contradições Uma pessoa, sim E contradições Paradoxos E mata É a se engrenagem E se mata corrompem Invenções às vezes corrompem a natureza E contradições Por pensa corrompem Que cultiva Por pensa E se mata querer trabalha Paradoxos E querer trabalha Por pensa Em um plano eterno E contradições Em um plano eterno E querer trabalha Para conquista se mata Para conquista Em um plano eterno A felicidade Por pensa A felicidade Para conquista Que eclode em um segundo E querer trabalha Que eclode em um segundo A felicidade E se esmigalha sempre no outro Em um plano eterno E se esmigalha sempre no outro Que eclode em um segundo Para conquista corrompem Invenções às sempre vezesboas E se sistemaesmigalha noa natureza outro corrompem O de aparências A felicidade O sistema de boas aparências Pra inglês ver e plastifica Que eclode em um segundo Pra inglês ver e plastifica O boas E se sistemaesmigalha de sempre no aparências outro Pra assim segue inglês ver e plastifica E E assim segue aa incapacidade incapacidade de de reconhecer reconhecer valo valo Naquilo que dinheiro O sistema de não boas é aparências Naquilo que não é dinheiro E de e reconhecer valo Pra assim segue inglês a incapacidade ver plastifica Naquilo que não é dinheiro Amadores do desamo Amadores do desamo Que e que se fodam E a incapacidade de reconhecer valo Queassim se sesegue amem amem e que se fodam Amadores do desamo Ninguém é obrigado aaé concorda Naquilo que não dinheiro Ninguém é obrigado concorda Que se o amemdescaso e que em se fodam Com vigência Com o descaso em vigência corrompem vezes corrompem corrompem Ninguém éa natureza obrigado a concorda E carteira assinada Amadores desamo E carteirado assinada Com vigência Sinto dize Que se o amemdescaso e que em se fodam Sinto dize E carteira assinada Por essas bandas Ninguém é obrigado a concorda Por essas bandas Sinto dize A educação ainda inventada Com o descaso não emfoi vigência A educação ainda não foi inventada Por essas bandas E carteira assinada A educação ainda não foi inventada Se o Brasil de verdade está na Constituição Sinto dize Se o Brasil de verdade está na Constituição e aa Constituição papel textura xE Por essas Constituição é é um um papel higiênico higiênico sem sem bandas textura pE Se o Brasil de ainda verdade não está é foi na uma Constituição o “brasileiro-médio” série A eEntão Então educação o “brasileiro-médio” é uma inventada série E a Constituição é um papel higiênico sem textura de inconstitucionalidades “médias” de inconstitucionalidades “médias” Então o “brasileiro-médio” é na uma série Contestadas por boçais de merda Se o Brasil de Contestadas por verdade boçaisestá de Constituição merda de inconstitucionalidades “médias” Que não sabem aa própria bunda E é um limpar papel higiênico sem textura Quea Constituição não sabem limpar própria bunda Invenções às ve Contestadas por boçais de merda


Nota de Repúdio “Comecemos com as culpas”, disse o funcionário Pizzanula Todos da família Bananinha estavam nos sofás de suas casas Assistindo à falta de vida inteligente na Terra Cada qual se lambuzando com a mancha em seus bigodes criada por um leite azedo da marca "Genocida" Seus tronos seguindo incólumes com a ruptura do mundo Tão quadrado que o sol, girando ao seu redor, lhe tomou O diâmetro e lhe fez redondamente plano Bem de acordo com o surto de elogio à hipocrisia “O útero é quadrado! É, porque eu acho que é, então é!” Articulistas de todos os lados e todas as ironias argumentavam Fazendo uso da jurisprudência do caso: “Paz pede arrego ao Cinismo” Citando máximas Do livro-base “Toda Vergonha Será Negada” Mas ninguém ouvia o que tanto se dizia Por isso, todos repetiam seus mantras de bucho cheio “Muito pouco espaço para algo como o escracho” Dizia o Bom Alvitre, inenarrável conhecedor de parábolas e indecências “Fascinante não saber escrever… podemos pedir que esses asnos assinem O nosso atestado mundial de pouca vergonha?” Postulava um tal de Quindim Quadradim Porém, nenhuma interpretação havia da lei em caso de culpados Apenas de suspeitos, até que se prove o contrário Entre os Bananinhas, muitas festas e contatos Um contrato havia sido firmado Na tomada de posse da indiferença Mas nem todos se lembravam da cor vermelha Desbotada de sangue e vergonha Naquele dia de tantas bandeiras, tantos cadáveres Um silêncio unânime invadiu o salão Enquanto alguém ainda se suicidava Pizzanula, portanto, titubeou sua preleção: “Por muitos poucos acasos 28


Não somos como eles Não tratamos a vida como eles Despejando ideias odientas Nas bocas dos nossos filhos Porque, se eles veem uma flor, não enxergam nada além da flor Se eles veem uma arma, querem logo experimentá-la Contra a boca dos 'costumes desprezíveis' Como eles mesmo acusam e fingem não ser Por falta de diálogo Nada se entende Tudo por aqui se confunde Leva a fama e corre o risco Não para si mesmo, mas com o terror dos outros… Dentro dos outros não há salvação, eu sei disso Mas quem de nós não tem medo de se lavar e parecer limpo demais? O nosso clima não suporta ver pessoas com apego à higiene O desapego vem forçado, em forma de abandono e perversão Mediocridade passa por atavismo E isso é triste A negação executa o poder… No melhor interesse de quem? Quais demandas seguem sendo debatidas? Quantos óbitos em vida são rejeitados? Quando veremos mais claras as intenções? Que orgulho é esse que idolatra a mesquinharia e a violência? Nós não sabemos nos representar, por isso Devemos nos sentir representados pela família? ‘Toda vergonha será negada…’ A família do presidente Bananinha é digna de escárnio Mas eles riem mais do que nós… Nós somos o escárnio.” Alguém no meio do salão exasperou: “Imbecil de merda… qual a novidade?” Tendo ouvido isso, Pizzanula abaixou sua cabeça

e deu as costas para as telas

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“Hoje eu acordei pensando que o isolamento era um sonho. Um confinamento dentro da minha própria cabeça.” Nathan Bellieny (@nathanbellieny)

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Carta Vazia ao Abismo Entre a tristeza e o cansaço Se esculpe o mundo Me desculpe por ser texto Que ignora a esperança Estando preso em mim mesmo Sou a ansiedade do estúpido A maior luz de quem se engana Não faz nada pelo atraso Não sou mundo, não sou nada Sou a carcaça disso tudo

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(Poema) Nulo Automático. As telas são Ao mesmo tempo Pornográficas e constrangedoras Voluntária a invasão Que ritualiza todo o corpo e espaço Nesses dias, comer vetores Dormir vetores Ser peso-morto; esperar mais de alguém Tantas telas Tentar tê-las Produzir com tão pouca perspectiva Rabiscar o rosto de cansaço Ser tudo Dar espaço Desaparecer Dessa vez Se destruir (Não deixar de lado nem para lá Mas terminar antes da hora Que o céu caia podre e dilacerado Mas não morra)

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Vivo ou Morto 12/06/2020

Aprendi a me alimentar do seu desprezo Mas sem me contaminar por ele… sou forte E sei vencer Porque… Entrar no ringue já perdedor Não é para qualquer um Meus inimigos me lincham E me beijam na boca Para demonstrar poder Você não percebe, mas não sou vítima Não sou esquecimento Sou a dor que você me determinou Desde o nascimento E sou grande por isto Eu não te entendo Mas te agradeço, meu algoz prateado Porque… Posso não sentir a guerra em mim Mas sinto a vontade de lutar E isso basta para legitimar minha rexistência

Eu te condeno Te tenho onde quero... Você é fraco Eu só te quero bem Eu te conheço Você não vai longe Você quem pediu Você quem merece Isso é o certo Eu estou certo! Eu te conheço Você é um lixo É descartável Daria um morto perfeito Eu te ponho no seu lugar Deveria me agradecer Você não existiria Sem o medo que te presenteio. Hoje eu te deixo vivo Mas amanhã... amanhã eu te condeno

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life ain't all white




Vida perversa Prega peças Um livre-arbítrio Carregado de regras Secretas Sob 7 chaves Que buscamos decifrar Num jogo de erra e nunca acerta A certa resposta Inexiste É uma mera quimera Onde fazemos nossa aposta Como numa disputa Sem ganhadores Uns na fé, outros na sorte Ambos no mesmo caminho Morte

Diego de Deus @diegodedeus7 40


Nota de Lamento Só preciso continuar… O que ficou para trás é mais poesia do que poeira (Ou assim quer a minha ilusão) O sol é o futuro Mas não há nada de novo sob ele (Ou assim quer o meu apego) Acredito na desordem Da rotina A evolução é um quebra-cabeças Prescrito pelos micróbios Que estavam de saco cheio Da masturbação incoerente e tediosa Do dia-a-dia Pulo Em direção ao sol Porque ele é a cura Mas se vier a explodir Tudo pode voltar a ser carbono Puro Ninguém ganha Ninguém perde Só preciso de um abraço…

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Thales MaurĂ­cio @thalesm.designer


Chá de Hibisco No último dia, gostaríamos de ter vivido mais Cada um no seu tempo No seu próprio mundo Compartilhando a vida Por razões conhecidas Apenas pelo acaso (Apenas porque duas palavras se cruzaram… “tudo bem”?)

acontece...

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A natureza tem o seu próprio tempo

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Decepção/Silêncio Comece aos poucos Destrua tudo aquilo que te faz se sentir melhor Que os outros Tudo aquilo que já foi feito e não inclui Tudo aquilo que, sem intenção ou por defesa Magoa e diminui alguém E te fecha para a sinceridade Escoando cinismo num esgoto de exagero Seja grato e agradeça Não complique aquilo que te faz bem Aparência e vaidade são formas, não conteúdo As pessoas que são importantes fazem tudo ter algum sentido Informe-se de maneira saudável Relaxe no desconforto Liste seus inimigos E saiba não imitá-los Sabedoria é comunicação e acessibilidade Pertence ao coletivo Não a uma dose ridícula de soberba do indivíduo Uma experiência de vida ou cultural Vale mais do que toda a técnica e teoria do mundo; Sem deboche. O que parece pouco relevante para você Pode ser muito importante e valioso para alguém

po

m o te

Se precisar se desculpar, seja sincero E saiba que arrependimento nenhum compensa O erro sem algum tipo de reflexão E construção de consciência Sempre é possível aprender com os outros E lhes ensinar a sua vida Mudança é não ter apego com a mediocridade Todos têm a sua própria luta Tenha em mente os seus vínculos e as suas necessidades Respeite as dos outros Comunique as suas A arte, a contestação, a resistência… Mantenha a chama viva

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o seu próprio temp

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Repita até o fim do mundo 45


46

JoĂŁo Paulo Maia @maiafotografo


Informação Falsidade Informação Histeria InformaçãoIInformação nformação Resposta Inconsciente InformaçãoIInformação nformação PerguntasIncapacidade InformaçãoInformação Informação Contatos Medo InformaçãoInformação Informação Diálogo Buraco InformaçãoIInformação nformação Pessoas Doença InformaçãoIInformação nformação AprovaçãoSuspiro InformaçãoIInformação nformação Cinismo Febre InformaçãoIInformação nformação Falsidade Ansiedade InformaçãoIInformação nformação Histeria Negação InformaçãoIInformação nformação Inconsciente Realidade InformaçãoIInformação nformação Incapacidade Pesadelo InformaçãoIInformação nformação Medo Informação InformaçãoIInformação nformação Buraco Informação InformaçãoIInformação nformação Doença Informação Suspiro Informação Febre Informação Ansiedade Informação Negação Informação Realidade Informação Pesadelo Informação Informação Informação Informação Informação

Informação Resposta Informação Perguntas Informação Contatos Informação Diálogo Informação Pessoas Informação Aprovação Informação Cinismo Informação Falsidade Informação Histeria Informação Inconsciente Informação Incapacidade Informação Medo Informação Buraco Informação Doença Informação Suspiro Informação Febre Informação Ansiedade Informação Negação Informação Realidade Informação Pesadelo Informação Informação Informação Informação Informação 261.097.100.795 bytes e contando

Informação Diálogo Informação Pessoas Informação Aprovação Informação Cinismo Informação Falsidade Informação Resposta Informação Histeria Informação Perguntas Informação Informação Inconsciente Contatos Informação Informação Incapacidade Diálogo Informação Informação Medo Pessoas Informação Buraco Informação Aprovação Informação Doença Informação Cinismo Informação Suspiro Informação Falsidade Informação Informação Febre Histeria Informação AnsiedadeInformação Inconsciente Informação Negação Informação Incapacidade Informação Realidade Informação Medo Informação Pesadelo Informação Buraco Informação Informação Informação Doença Informação Informação Informação Suspiro Informação Informação Febre Informação Ansiedade Informação Negação Informação Realidade Informação Pesadelo Informação Informação Informação Informação Informação

Informação Perguntas Informação Contatos Informação Diálogo Informação Pessoas Informação Aprovação Informação Cinismo Informação Falsidade Informação Histeria Informação Inconsciente Informação Incapacidade Informação Medo Informação Buraco Informação Doença Informação Suspiro Informação Febre Informação Ansiedade Informação Negação Informação Realidade Informação Pesadelo Informação Informação Informação Informação Informação

Camadas de um Dia

(es OuÉImpressãoMinha???

Tou

disperso)


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ana de barcelos @anapontojpg


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Créditos

(ou "a quebra da 4ª parede")

A culpa de toda a ideia, texto, poesias, diagramação, mau gosto, execução e existência relativas a esta zine devem ser direcionadas ao autor. De preferência neste instagram: @victor__tou (se quiser que sua mensagem seja lida, mande um ♥ primeiro)

SIGA estas pessoas incríveis, se possível: @ag.singular @anapontojpg @diegodedeus7 @gabriellakallas @ilustraloh @jorgeguilhermevieira @maiafotografo @nathanbellieny @penafortetattoo @sem.base @thalesm.designer

As colaborações na zine são delas. MUITO OBRIGADO!

porque elas são incríveis mesmo :)

Exceto onde indicado, todas as imagens e textos foram produzidos pelo autor.

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Fontes usadas: Univers Oswald


Agradecimentos (ou "questão de sobrevivência")

O autor deseja prestar uma menção honrosa à Ana de Barcelos, Barcelos, por ter sugerido inicialmente a ideia de uma zine com poesias minhas (tendo acreditado mais nisso do que eu mesmo) e por ter me dado indiretamente a ideia de buscar colaborações com amigos, através de um desenho seu muito bonito. E pela sua amizade e carinho, aos quais sou eternamente grato.

O autor agradece à professora Didi, de Tipografia Aplicada, por haver proposto um trabalho de criação de fonte que fosse agregado ao projeto de Design Editorial. Através desse trabalho, pude definir melhor o conceito por trás deste projeto de zine e, de quebra, pude criar do zero a fonte "Pertença" (parte dela, pelo menos), presente no título e subtítulo da capa.

A família do autor está sendo prestigiada neste espaço também, autor" não se preocupem, "família do autor". Agradeço minha mãe e minha tia. Minha tia, por me ensinar a cozinhar (quando eu demorava a chegar na cozinha, provavelmente é porque estava trabalhando na zine, minha tia) e ser bem sincera com o que gosta ou não. E minha mãe, por ser uma ótima mãe e pessoa e por apoiar minhas ideias diferentonas.

♥ O autor agradece também ao professor Rubens Rangel, da disciplina de Design Editorial, por haver proposto a produção de um projeto de peça gráfica que tivesse uma abordagem expressiva e por ter dado liberdade para que fizéssemos algo que satisfizesse nosso ímpeto criativo. E pelos seus inspiradores exemplos de material editorial durante as aulas.

Por último, o autor agradece a quem se dispôs a ler esta zine (mesmo que apenas este trecho). Saiba que ela foi feita com muita dedicação e carinho, para não desapontar ninguém, nem mesmo o próprio autor. O coração no centro desta página são vocês. Mantenham-no pulsando. Belo Horizonte, Junho de 2020.

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