Health Techs – As startups de Saúde

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REALIZAÇÃO:

PATROCÍNIO:

APOIO:

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MAIO 2018 ÍNDICE A Liga Ventures ………………………………..…………. 04 Metodologia …………………………………………………. 07 Entrevistados ……………………………………………..... 08 Health Techs ………………………………………...……… 09 Categorias ……………………………………………………… 12 Mapa de Startups ……………………………………….. 14 Lista de Startups …………………………………………. 16 Demographics ………………..…………………………… 25 Entrevista - Gabriel Chalita .……………………. 26 Os usuários da saúde …………..….………………… 27 Os intermediadores da cadeia …….……….. 32 Entrevista - Joffre Morais ………………….…….. 37 Operadores e Servidores ……………………...…. 38 Distribuidores .…………………………………………..… 44 Hard Sciences …………………………...……..…………. 49 Fabricantes …………………………………………………… 50 Invest Talks - Astella Investimentos .…… 56 Conclusão ………………………………………………....…… 57 Referências …………………………………………………… 60

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A LIGA VENTURES A Aceleradora e o Liga Insights Através de programas de aceleração em diferentes verticais de mercado, eventos e inteligência setorial, a Liga Ventures é a primeira aceleradora do Brasil totalmente focada em conectar startups e grandes corporações, gerando inovação e oportunidades de negócios para ambos os lados. Grandes players já estão com a gente, fazendo da inovação aberta uma realidade! Entre eles, a Porto Seguro (Oxigênio Aceleradora), AES Brasil, EMBRAER, Cisco, Intel, TIVIT, Mercedes-Benz, Eaton, Sascar, Ticket Log, Repom, Webmotors, Brink’s, GPA, Edenred e Unilever. Também somos parceiros no Brasil da Plug and Play Tech Center, uma das maiores aceleradoras do Vale do Silício. As startups conseguem maior alcance no mercado, mais recursos e aumentam sua rede de contatos. As corporações inovam mais rápido, acessam novas tecnologias e se aproximam da cultura empreendedora das startups. O Liga Insights é uma plataforma de inteligência que tem como objetivo analisar o ecossistema brasileiro de startups e trazer para o público - sejam empresas, startups ou pesquisadores - visões de como o ecossistema está mudando os diversos mercados do país. Além deste estudo sobre Health Techs, já mapeamos e estudamos também os mercados de Varejo, AutoTech, Tecnologias Emergentes e HR Techs. Quer conhecer gratuitamente estes outros materiais? Acesse: https://insights.liga.ventures Tem uma startup e gostaria de estar nesta e em outras listas, aparecendo para empresas que têm interesse no seu segmento de atuação? Cadastre-se em: https://insights.liga.ventures/novas-startups

Boa Leitura!

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PROGRAMAS:

NOSSOS EVENTOS:

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Saiba mais em: https://liga.ventures/ligawtcclub/

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Metodologia O estudo tem como objetivo compreender como a área de saúde está inovando e de que forma as Health Techs estão sendo desenvolvidas e aplicadas no Brasil. Após entendimento da cadeia e dos temas que envolvem a área, foi iniciada uma pesquisa para determinar quais são as inovações tecnológicas disponíveis atualmente e de que forma elas podem impactar os processos da cadeia de saúde. Aqui foram considerados relatórios e estudos de fontes como Nielsen, Google Trends, Pew Research, Organização Mundial da Saúde (OMS), Goldman Sachs, R2G, Celent, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Aruba, CB Insights, Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados), Accenture, Samsung, KPMG, Verizon, DHL, Deloitte, IBOPE Inteligência, Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados), Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), ANVISA, entre outros.

10.085 Base total de startups

Para entendermos melhor o cenário e importância das inovações na área de saúde, tanto no mercado brasileiro quanto internacionalmente, entrevistamos mais de 20 empreendedores, profissionais e pesquisadores da área. Entre outras questões, buscamos entender como eles interpretam as Health Techs, as oportunidades geradas, de que forma estão afetando a área e os principais desafios para o futuro. O estudo analisou 10.085 startups brasileiras e, dessas, 263 foram consideradas para a construção do landscape presente neste estudo. Para a seleção das startups, utilizamos como critério incluir aquelas que apresentam algum tipo de atividade, serviço e/ou produto relacionados às áreas das seguintes categorias: Bem-estar físico e mental, BI & AI, Buscadores e Agendamentos, Espaços, Glicemia, Hard Sciences, Informação / Treinamento / Aprendizado, IoT, Marketplaces de Medicamentos, Nutrição, Planos, Prontuários e Prescrições, Próteses, Saúde On Demand, Sistemas de Gestão, Sistemas de Imagem / Laudos / Exames e Telemedicina. A análise das informações também resultou em um aprofundamento em cinco atores que compõem a cadeia, sendo eles: Usuários, Intermediadores, Operadores, Distribuidores e Fornecedores. O mapeamento das startups foi realizado a partir de diversas fontes, como inscrições para os programas de aceleração e eventos da Liga Ventures, a plataforma DisruptBox, recomendações, notícias em portais de negócios, bases abertas e busca ativa. Por se tratar de um mercado com mudanças constantes, este estudo é dinâmico e terá atualizações periódicas para contemplar esses movimentos e expor aquelas novas startups que até então não apareceram nesta versão.

263

Startups de Health Techs

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ENTREVISTADOS Danilo Weiner Head of Design Research do Samsung Design Team Latin America

Gabriela Amâncio Balazini CEO da RemédioCerto

Heiti Tomita Advisory Services StartupMentor

Gabriela de Salles Van Der Linden Fundraising and Investor Relations no IDOR

Erika Monteiro Silva Co-fundadora e COO do Carefy

Gabriel Chalita Filosofia e Educação no Ibmec-SP

Luiz Fernando Borges Marcelo Caldeira CEO e Fundador da Coord. do Núcleo de Hermes Braindeck Estudos de Saúde (FEA-USP)

Michele Fanti Especialista em Assuntos Regulatórios

Paulo Pinheiro CEO e fundador da HOOBOX

Onício Neto CEO e Co-fundador da Epitrack

Rodrigo Moraes Co-founder da Livetrack

Fábio Tiepolo CEO e fundador da Docway-Co

Fernando Wagner da Silva Head de Venture Capital na Bozano Investimentos

Gabriel Soares Costa Head do Sabin Ventures, Grupo Sabin

Joffre Morais Juliano G. Arnais Regulatory affairs Strategy Head of Multichannel Manager na ABIMO Marketing na Sanofi

Luiz Felipe Bay Diretor de vendas corporativas na Univers (PBM da Raiadrogasil)

Marcelo Zorzo Diretor de Saúde na Porto Seguro

Elton Silva IT Latam Digital Head da Roche

Gustavo Silva Fundador da Nutrisoft

Livia Cunha CEO da CUCOHealth

Luis Lopes CEO da Botfy

Marcelo Hideo Sato Partner na Astella Investimentos

Marcelo Pena Art Director McCann New York

Paulo Braga Paulo Banevicius Líder de Healthcare Digital Corporate Venture na Eurofarma GE Healthcare - LatAm

Sergio Bergmann CIO da Qual Farmacia

Thiago Amaral VP Comercial na RV ÍMOLA

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Health Techs As tecnologias que estão ajudando a Saúde a inovar nos seus processos Em 2015, o consumo de bens e serviços no setor de saúde atingiu R$ 546 bilhões, valor que representa 9,1% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, segundo informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) contidas na Conta-Satélite de Saúde Brasil e publicadas no portal Agência Brasil. Do montante, R$ 231 bilhões foram referentes às despesas governamentais, enquanto que R$ 315 bilhões corresponderam a despesas familiares e de instituições prestadoras de serviço. Ainda de acordo com a pesquisa, a participação do setor no PIB aumentou entre 2010 e 2015: de 6,1% de participação para 7,3%, respectivamente. De acordo com um estudo publicado no The Lancet, importante periódico científico - no qual foram feitas projeções de gastos em saúde para 2040, em mais de 180 países -, as despesas brasileiras no setor representarão 11% do PIB. Dentro do setor, a tecnologia e modelos digitais têm sido adotados no mercado ao redor do mundo, com os focos de reduzir os custos da área da saúde e ajudar na construção do futuro deste mercado. Simultaneamente aos esforços feitos pelos players deste mercado, os custos continuam crescendo: conforme relatório da PwC (PricewaterhouseCoopers’), os custos para tratar um paciente aumentariam 6,5% em 2017 em relação ao ano anterior. As oportunidades de avanços tecnológicos na saúde são imensas. Uma reportagem do Wall Street.com, por exemplo, aponta que a tecnologia é, provavelmente, o maior mercado a seguir na indústria de Saúde. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), as tecnologias de saúde podem ser definidas como o conjunto de conhecimentos e competências em formato de dispositivos, procedimentos e sistemas, desenvolvidos para solucionar problemas de saúde e prover melhorias na qualidade de vida. As healthtechs, que são startups e negócios que apresentam inovações tecnológicas para o setor, têm um papel importante no surgimento dessas tecnologias voltadas para a área de saúde. De acordo com o CB Insights, foram investidos aproximadamente 29 bilhões de dólares em mais de 4.412 contratos fechados desde 2013. Elas disponibilizam ao mercado soluções que podem tanto solucionar problemas já existentes no setor quanto abrirem janelas de oportunidade para novos hábitos de consumo, como é o caso do uso de mídias sociais para obtenção de conteúdo relacionado à saúde. Segundo pesquisa divulgada pela AKW Medical, mais de 60

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milhões de pessoas fazem uso de mídias sociais para atividades relacionadas a saúde; existem, além disso, mais de 9000 aplicativos referentes a questões médicas e de saúde. No Brasil, a população também tem se interessado por novas alternativas no acesso à saúde. Com a crise econômico-financeira que obrigou os brasileiros a cortarem gastos, passaram a ser consideradas outras opções para o plano de saúde. De acordo com Heiti Tomita, mentor de startups, a crise dos planos de saúde abriu espaço para o surgimento de inovações pontuais. Isso, pois o modelo, que normalmente é atrelado aos vínculos empregatícios com a empresa gera ondas de estresse aos indivíduos quando se desligam das corporações. “Várias startups estão apresentando soluções mais dirigidas, atacando os flancos abertos pela dificuldade do modelo dos planos de saúde. Um bom exemplo são as que focaram em atendimento para classe baixa-renda, como o Dr. Consulta, que possui clientes que muitas vezes não têm condições de serem amparadas por planos de saúde ou não estão satisfeitas e acabam indo para uma alternativa que o mercado começou a disponibilizar”, afirma Tomita. Os novos negócios apresentam soluções para o mercado de saúde como um todo, atingindo não só os usuários dos serviços e produtos da área e os intermediadores, mas também os outros atores, que são essenciais para o funcionamento da cadeia. Os operadores de saúde, como as clínicas médicas e os profissionais atuantes do setor, passaram a ter o desafio de estudar novas maneiras para reverter a situação de altos gastos e diminuição das receitas. Isso, pois a crise nos convênios de saúde os afetaram diretamente por serem a principal fonte pagadora dos hospitais, clínicas de medicina diagnóstica, ambulatórios, etc. Assim, inovações como a inteligência artificial se tornaram cada vez mais essenciais e usadas pelos operadores. De acordo com o relatório Digital Health Technology Vision 2017, realizado pela Accenture, 84% dos executivos da área de saúde entrevistados acreditam que IA poderá revolucionar a maneira que eles obtêm informações e a maneira como irão interagir com seus pacientes. Além disso, os distribuidores e fornecedores de recursos da área de saúde também passaram a investir e apostar em inovações e novas tecnologias com o propósito de deixarem seus processos mais otimizados. As transportadoras e distribuidoras, por exemplo, passaram a ter de conciliar as pressões de regulamentação, preço e de qualidade e buscaram alternativas para se adaptarem aos novos modelos comerciais e de serviço. Dessa forma, introduziram análises de base de dados por meio de softwares e plataformas de gestão de processos, apostaram em novas formas de entregas e investiram em dispositivos para certificar que os recursos chegassem ao destino final sem serem danificados ou extraviados. E, as empresas responsáveis por fornecer tais produtos, além de também usarem análises automáticas de dados, também vêm cada vez mais prestando atenção em robotizações e tecnologias de pontas aplicadas nos equipamentos. No entanto, apesar de estarem surgindo oportunidades de crescimento para as startups de healthcare, a falta de base científica e de maturidade do mercado dificultam maiores investimentos na área. Marcelo Caldeira, Coordenador do Programa de Mestrado Profissional em Empreendedorismo e do Núcleo de Estudos Estratégicos no Setor de Saúde (FEA-USP), acredita que o mercado hospitalar brasileiro ainda não é maduro, se comparado com outros setores, por conta da relativa fraca competição existente. “Apesar de estar mudando o cenário em empresas de ponta, o setor de saúde ainda possui um corporativismo muito grande. É preciso incorporar mais instrumentos de gestão”, diz. Segundo Marcelo, por conta de investimentos de capital estrangeiro no Brasil, está caminhando gradualmente para o amadurecimento. Para isso, ele diz ser essencial a relação entre governo, startups e grandes corporações. E, apesar de o país apresentar iniciativas embrionárias, estamos ainda aprendendo a investir em novos modelos de negócios e inovações para a área. “O alinhamento desses três elos é o que favorece a inovação”, diz. Segundo Marcelo, há poucas iniciativas estruturadas e muitas ações pontuais. “É preciso que as corporações criem uma relação ampla e concreta com as startups. Somente assim que serão trazidas as inovações”, afirma.

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Ao mesmo tempo, “as startups precisam identificar as oportunidades que são interessantes e adequadas às competências delas, avaliando o tamanho e a viabilidade da solução. Hoje não faltam aberturas para inovação em saúde”, diz Marcelo. Heiti Tomita também aconselha os empreendedores que têm a intenção de criar novos negócios na área a entender os problemas que o setor possui. “Além de ser necessário entender o segmento, é preciso apostar no que o mercado precisa. Independentemente de se se sentir confortável ou não, é preciso investir em tecnologias e soluções que têm escala, tenha quem use e quem pague. Os empreendedores precisam ir atrás da melhor configuração, equipe, recursos e conhecimento para conseguir desenhar uma solução para aquele mercado específico”, diz. Além disso, Heiti chama a atenção para a diferença entre os mercados de saúde brasileiro e internacionais. Segundo ele, não basta identificar uma oportunidade fora do país e querer aplicá-la de forma igual no Brasil. De acordo com o Prof. Marcelo, os fatores que dificultam são principalmente a falta de uma cultura de inovação, com estruturas organizacionais preparadas para se relacionarem com as startups, de forma que incentivem a escalabilidade e crescimento delas, a disponibilidade de recursos para capital de risco e gestão do tempo para essas inovações. Entretanto, ele acredita que a partir do momento em que as empresas e os governos começarem a perceber que as inovações trazem desenvolvimento econômico, naturalmente as coisas vão ficar cada vez mais fortes. É uma questão dos elos perceberem os resultados e colocarem iniciativas, concretas, estruturadas e não pontuais.

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Para conduzirmos este estudo, dividimos o setor de saúde em cinco grandes atores, que, individualmente, permitem que os processos da área sejam integrados. São eles: usuários, intermediadores, operadores, distribuidores e fornecedores.

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CATEGORIAS As 18 áreas de soluções Após pesquisarmos a cadeia de processos que envolvem as áreas de Health Techs, o próximo passo na confecção do material foi buscar e fazer a curadoria das startups brasileiras que estão oferecendo algum tipo de solução no setor, resolvendo problemas, facilitando processos ou inovando entregas. Para isso, agrupamos as 263 startups encontradas em 18 categorias explicadas a seguir:

Autismo Startups com soluções aplicadas ao acompanhamento, pesquisa, informação e desenvolvimento do Transtorno do Espectro do Autismo.

Bem-estar físico e mental Soluções que oferecem algum tipo de ferramenta, canal ou plataforma para estimular, tratar ou acompanhar o desenvolvimento físico e mental dos usuários.

BI / AI / Big Data / Analytics Startups que trabalham o uso de tecnologias como BI, AI, Big Data e Analytics para aplicação no segmento da saúde, seja em predições, análises, atendimento e acompanhamentos.

Buscadores e Agendamentos Buscadores de clínicas, hospitais e profissionais, além de agendadores automáticos de consultas e disponibilidades futuras.

Espaços Startups que estão atuando diretamente com os espaços físicos de saúde, sejam eles compartilhados ou montados sob demanda.

Glicemia Soluções que oferecem formatos e modelos de acompanhamento da glicemia, conectados ou não à dispositivos externos, trazendo suporte ao paciente.

Hard Sciences Empresas que desenvolvem soluções com alto nível de complexidade, risco e envolvimento de pesquisas e testes para as regulamentações necessárias.

Informação / Treinamento / Aprendizado Startups que disponibilizam bases de informações e consultas, soluções para treinamento e aprendizado relacionados aos temas da saúde.

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IoT para monitoramento de Locais / Medicamentos / Produtos / Pacientes Soluções IoT aplicadas à saúde, seja para o acompanhamento, rastreamento monitoramento de locais, medicamentos, produtos e pacientes.

e/ou

Marketplaces de Medicamentos e Equipamentos Startups que construíram marketplaces de medicamentos e equipamentos, facilitando a busca, comparação de preços e disponibilidade dos remédios e equipamentos necessários.

Nutrição Soluções que oferecem algum tipo de ferramenta ou plataforma para fornecer dicas e acompanhamentos nutricionais dos seus usuários.

Planos Plataformas que auxiliam na busca e monitoramento de uso de planos de saúde, oferecendo maior comodidade, opções e clareza aos usuários.

Prontuários e Prescrições Soluções que oferecem algum tipo de ferramenta ou plataforma para prescrições e prontuários eletrônicos, auxiliando os seus usuários com praticidade e inteligência.

Próteses e 3D Startups que trabalham soluções para o desenho, projeto e impressão de próteses e modelos 3D, se utilizando de tecnologia para ter uma maior acuracidade na confecção.

Saúde On Demand Ferramentas e plataformas que oferecem a possibilidade de acesso à saúde conforme a necessidade de uso, no momento necessário e de maneira direcionada.

Sistemas de Gestão para Consultórios / Clínicas / Hospitais / Laboratórios Soluções que oferecem algum tipo de ferramenta ou plataforma para auxiliar na gestão de operações de saúde, como consultórios, clínicas, laboratórios e hospitais.

Sistemas de Imagem / Laudos / Exames Startups que oferecem soluções de gestão para a guarda e armazenamento de imagens, laudos e exames, com tecnologia aplicada para facilitar o acesso e inteligência nas informações geradas.

Telemedicina Plataformas e soluções para o acesso a oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde, nos casos em que a distância é um fator crítico, ampliando a assistência e reduzindo custos.

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LIGA INSIGHTS HEALTH TECHS

263 STARTUPS

MAI | 2018

BI / AI / Big Data / Analytics | 18 empresas

Bem-estar físico e mental | 26 empresas

Buscadores e Agendamentos | 27 empresas

Autismo

Glicemia 5 empresas

Informação / Treinamento / Aprendizado

Hard Science | 40 empresas

Planos

6 empresas

14 empresas

Prontuários e Prescrições | 8 empresas

Próteses e 3D 7 empresas

Saúde On Demand 10 empresas

IoT para monitoramento de Locais / Produtos / Pacientes | 16 empresas

Sistemas de Gestão para Consultórios / Clínicas / Hospitais / Laboratórios | 44 empresas

Mobictor

Marketplaces de Medicamentos e Equipamentos | 12 empresas

Espaços | 3 empresas

Telemedicina | 7 empresas

Nutrição 7 empresas

Sistemas de Imagem / Laudos / Exames | 11 empresas


contato@disruptbox.io

www.disruptbox.io

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BI | AI | Big Data | Analytics (18)

Autismo (2)

LISTA DAS STARTUPS POR CATEGORIA STARTUPS

SITE

Can Game

http://cangame.lifeupbrasil.com.br/

Tismoo

http://tismoo.com.br

STARTUPS

SITE

2im

http://www.2im.com.br

Anestech

http://anestech.com.br/

Carenet

http://www.carenet.com.br

Cloudia

https://www.cloudia.com.br

Data Genno

https://www.datagenno.com

Epitrack

https://www.epitrack.tech

HealthBit

http://www.healthbit.com.br

Hoobox

http://www.hoo-box.com/

LifeLab

https://www.lifelab.med.br

Medical Harbour

https://medicalharbour.com

Meplis

https://www.meplis.com/

PEBMED

https://pebmed.com.br/

Pickcells

http://pickcells.bio/

Piron Health

https://piron.co

Predict Vision

http://predict.vision

Robô Laura

http://www.lauranetworks.com

TNH Health

http://tnh.health

W Bio

https://www.wbio.co/

+informações

+informações

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Bem-estar físico e mental (26)

STARTUPS

SITE

Canguru Gravidez

http://www.canguru.life/

CardioEmotion

https://www.cardioemotion.com.br/

Cíngulo

https://www.cingulo.com/

Cori Saúde

http://corisaude.com.br

CUCOhealth

http://cucohealth.com

Eleve Saúde

http://elevesaude.com/

FalaFreud

http://www.falafreud.com

Flowing

http://flowing.com.br

GoGood

http://www.gogood.social

Gympass

https://www.gympass.com/

Healfies

https://healfies.com

Kimeo

http://www.kimeo.com.br

Minha Vida

http://www.minhavida.com.br/

Oriente Me

https://www.orienteme.com.br/

Psicologia Viva

http://www.psicologiaviva.com.br/

Radarfit

http://radarfit.com.br/

Remédio Certo

http://remediocerto.com

Runs

https://www.runs.site/

SuperAção

https://www.portalsuperacao.org.br/

TelaVita

https://www.telavita.com.br

Vittude

http://vittude.com

VivaBem

http://www.vivabem.com

We Cancer

http://wecancer.com.br

Yogist

http://yogist.com.br/

Zenklub

https://www.zenklub.com.br

Zero Cigarro

http://zerocigarro.com.br/

+informações

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Buscadores e Agendamento (27) Espaços (3)

STARTUPS

SITE

Beep Saúde

https://www.beepsaude.com.br

BoaConsulta

https://www.boaconsulta.com/

Consulta Click

http://consultaclick.com.br

Consulta do Bem

https://consultadobem.com.br

Convênio Social

https://www.conveniosocial.com.br

DocSaúde

https://docsaude.com/

Doctor Talk

http://www.doctortalkonline.com/

Doctorama

https://doctorama.com.br/

Doutor Já

https://www.doutorja.com.br/

Doutor123

https://doutor123.com.br

EncontreMed

http://www.encontremed.com.br

EveryCare

http://www.everycare.com.br/

ExamineJá

https://examineja.com.br

Fácil Consulta

https://facilconsulta.com.br

Filóo

https://www.filoo.com.br/

FitFly

https://fitfly.com.br/

HelpIdoso

http://www.helpidoso.com.br/

HelpSaúde

https://www.helpsaude.com

Naora

https://naora.com.br/

Portal Medic

http://portalmedic.com.br

Quem Cuida

https://quemcuida.com.br/

Rapidoc

http://www.rapidocbrasil.com.br

Salus

https://www.salusapp.com

Saútil

http://www.sautil.com.br

Seu Cuidador

http://www.seucuidador.com.br/

VidaClass

https://www.vidaclass.com.br

Zoom Dentistas

http://www.zoomdentistas.com.br/

STARTUPS

SITE

Fleximedical

http://fleximedical.net/

Livance

http://www.livance.com.br

TV Doutor

http://tvdoutor.com.br/

+informações

+informações

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Hard Science (40)

STARTUPS

SITE

Alchemy

http://alchemydrugs.com.br/

Alpha BR

http://www.apq.com.br/

Braincare

http://www.braincare.com.br

Beone

http://beonetech.com/

BGE

http://www.bge.com.br

BHS

http://www.bhsbrasil.com.br

Biomimetic Solutions

http://www.biomimeticsolutions.com.br

Bionica

http://bionica.com.br/

Biopólis

http://www.biopolis.com.br/

Biosintesis

http://biosintesis.com.br/

Bonavision

http://www.bonavision.com.br/

Celer

http://www.celer.ind.br

Celluris

https://www.celluris.com.br

chem4u

http://chem4u.com.br/

Compass 3d

https://compass3d.com.br/

Confiance Medical

http://www.confiancemedical.com.br/

Cycor

http://www.cycor.com.br/

Física Médica

http://www.fisicamedica.com

Fumajet

http://www.fumajet.com.br/

Genera

https://www.genera.com.br/

Genomika

http://www.genomika.com.br

Genotyping

http://www.genotypingsaude.com.br/

GnTech

https://gntech.med.br/

Hermes Braindeck

http://www.hermesbraindeck.com/

Hi Technologies

http://hitechnologies.com.br/

Immunogenic

http://www.immunogenic.com.br/

Labfar

http://labfar.com.br/

Magnamed

https://www.inovacoesmagnamed.com.br

Nanomark

http://www.nanomark.com.br/

Nanovetores

http://nanovetores.com.br/

Nanox

http://www.nanox.com.br/

Neoprospecta

http://neoprospecta.com

Neurobots

http://www.neurobots.com.br

Pluricell

http://www.pluricellbiotech.com.br/

Progenes

http://www.progenes.com.br

Safetest

http://www.safetest.com.br/

Tmed

http://www.tmed.com.br/site/

V Company

http://vcompanydobrasil.com.br/

Vida Biotecnologia

http://www.vidabiotecnologia.com.br/

Yller

http://www.yller.com.br/

+informações

19


Informação | Treinamento | Aprendizado (14) IoT para monitoramento de Locais | Produtos | Pacientes (16)

STARTUPS

SITE

Consulta Remédios

http://www.consultaremedios.com.br

Dr. Sintomas

https://drsintomas.com.br/

DW - Doctorsway

http://www.doctorsway.com.br/

Hefesto

http://hefesto.one

iDent

https://www.ident.com.br/

Jaleko

https://www.jaleko.com.br

LucernaEdu

https://lucerna.digital/

Medphone

http://www.medphone.com.br

Medportal

https://www.medportal.com.br/

Medroom

http://www.medroom.com.br/

Mundo dos Exames

https://www.mundodosexames.com.br

Nexo

http://nexo.art.br/

Qualis

http://www.portalqualis.com.br

Rais

https://raislife.com/consultas/

STARTUPS

SITE

Termoweb

http://www.termoweb.com.br/

Audio Alerta

http://www.audioalerta.com.br

Botfy

https://www.botfy.it/

Bright

http://www.brightmed.com.br

Dev Tecnologia

http://devbeacon.com.br/

Livetrack

www.livetrack.com.br

NeuroUP

https://neuroup.com.br/

Nexxto

https://nexxto.com/

Oxiot

http://www.oxiot.com.br/

PackID

http://www.packid.com.br/

Phelcom

https://www.phelcom.com.br/

Pocket Health Lab

www.pockethealthlab.com.br

Salvus

http://www.salvus.me/

Senfio

http://www.senfio.com/

Sensorweb

http://www.sensorweb.com.br/

Smart Pills

http://www.smartpills.com.br

+informações

+informações

20


Glicemia (5) Marketplaces de Medicamentos e Equipamentos (12) Nutrição (7) Planos (6)

STARTUPS

SITE

Easyglic

https://www.easyglic.com/

Glic

http://gliconline.net/

Gluco Gear

http://glucogear.io

GlucoTrends

http://www.glucotrends.com

InsulinApp

http://www.insulinapp.com.br/hotsite/

STARTUPS

SITE

Cliquefarma

http://www.cliquefarma.com.br/

Farmácia do Bem

http://www.farmaciadobem.com.br

FarmáciasApp

https://www.farmaciasapp.com.br/

FarmaAgora

https://www.farmagora.com.br/

Farmazap

http://www.farmazap.com.br/

GoPharma

http://www.gopharma.com.br/

ipharma

https://www.ipharma.mobi

Manipulaê

https://www.manipulae.com.br/

Pedido Bom

https://www.pedidobom.com

Portal do Médico

https://www.portaldomedico.com/

Qual Farmácia

https://www.qualfarmacia.com.br/

Vital Care

https://vitalcareapp.com.br

STARTUPS

SITE

Dr. Recomenda

http://doutorrecomenda.com.br

My Diet Web

http://www.mydietweb.com.br

n2b

https://n2bbrasil.com

Nutrieduc

https://nutrieduc.com.br/

NutriOnline

https://nutri.online/

Nutripad

https://www.nutripad.com.br

Nutrisoft

https://nutrisoft.com.br/

STARTUPS

SITE

Axei Saúde

https://www.axeisaude.com.br

Cuida Mais

https://www.cuidamais.com.br

Gesto

http://www.gestosaude.com.br

M2G

http://www.m2g.com.br/

Rhases

https://www.rhases.com.br/

Tem.

https://www.meutem.com.br/

+informações

+informações

+informações

+informações

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Prontuários e Prescrições (8) Próteses e 3D (7) Saúde on demand (10)

STARTUPS

SITE

ADVMED

http://www.advmed.com.br

Clínica nas Nuvens

https://clinicanasnuvens.com.br

Int Med

http://intmed.com.br/

Memed

https://www.memed.com.br

Nexo Data

nexodata.com.br/

Prontmed

http://www.prontmed.com

SaudeControle

http://www.saudecontrole.com.br

Sollis

http://www.sollisinovacao.com.br/

STARTUPS

SITE

3D Protos

http://www.3dprotos.com.br

Bio Architechts

https://bioarchitects.com/

Fix It

https://www.usefix.it/

P3Dmed

http://p3dmed.com/

PrintDreams3D

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ProtMat

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Revo Foot

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Bellamaterna

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Doctor Prime

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Docway

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Doutor Agora

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Dokter

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Dr. Consulta

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Dr. Sem Filas

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GlobalMed

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+informações

+informações

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Sistemas de Gestão para Consultórios / Clínicas / Hospitais / Laboratórios (44)

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Sistemas de Imagem | Laudos | Exames (11) Telemedicina (7)

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Telelaudo

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Ventrix Health

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+informações

+informações

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DEMOGRAPHICS Entre as 18 categorias das 263 startups mapeadas dentro do contexto de Health Techs, a categoria de Sistemas de Gestão (17%) e Hard Sciences (15%) são as com maior número de startups, seguidas pelas soluções de Bem-estar Físico e Mental e Buscadores e Agendamentos de consultas (10%), e BI / AI / Big Data / Analytics para saúde (7%). As categorias com o menor número de startups são as de soluções relacionadas a Glicemia (2%), Espaços (1%) e Autismo (1%).

São Paulo é a cidade com o maior número de startups no mapeamento, com 39%, seguido por Belo Horizonte, com 9% e Recife, com 7%. Seguindo a lista dos dez maiores berços de Health Techs, temos Rio de Janeiro (6%), Florianópolis (4%), Porto Alegre (3%), Curitiba (3%), Ribeirão Preto (2%), Campinas (2%) e Brasília (2%). No total, 48 cidades brasileiras diferentes apareceram no mapeamento como sedes de startups relacionadas a saúde. No ranking de estados, temos como destaques SP com 48%, seguido pelo MG com 11% e PE com (7%).

Analisando a data de nascimento das startups mapeadas, vemos que 56% delas nasceram a partir de 2014, com números expressivos nos anos de 2015 e 2016 (20% e 19%). Quando olhamos para até 2010, 21% das startups mapeadas nasceram neste período. Como observação deste ponto, nesta faixa estão concentradas algumas das startups de saúde com um viés forte de tecnologia e/ou de pesquisa.

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ENTRE_ VISTA Podemos pautar o tema saúde como um dos mais oportunos para inovações? Qualquer pesquisa que você faça no Brasil, sobre o que a população espera do país e de seus governantes, a maior demanda sempre será a saúde. Em época de eleições municipais, estaduais ou nacionais, quando se pergunta qual o maior problema do povo brasileiro, antes de educação, de segurança e de trabalho, aparece a saúde. Se essa é a maior necessidade da população, está aí uma grande oportunidade de desenvolvimento.

Qual a principal dificuldade ou desafio que as tecnologias enfrentam no setor público? O Brasil fez uma opção por um sistema universal de saúde, que é revolucionário, mas gera uma complexidade imensa, que é atender toda a população. Esse é um elemento democrático e correto, de uma política social absolutamente clara, mas é profundamente complexo. Na minha visão, a questão tecnológica pode ajudar a romper uma série de barreiras que são muito intrincadas hoje. Se conseguíssemos digitalizar os exames, por exemplo, e ter um acesso tecnológico, facilitaria muito a vida dos médicos e dos pacientes. Na área pública, poucas cidades no Brasil conseguiram desenvolver isso. Um investimento nessa área facilitaria o resultado final. O Brasil é um dos países mais sofisticados em termos de tecnologias, como robótica e inteligência artificial, sendo usadas em nossos hospitais, como o Hospital Israelita Albert Einstein e o Oswaldo Cruz. Mesmo entre os hospitais públicos, a Santa Casa, por exemplo, tem uma qualidade internacional. As tecnologias poderiam ajudar muito na distribuição de remédios e no mapeamento de pacientes. Por que não podemos ter isso na área pública?

Qual desafio você enxerga para planejamento de ações de saúde?

um

Gabriel Chalita, Responsável pela Cátedra de Filosofia e Educação no Ibmec-SP

Quando prometemos a toda população um Sistema Único de Saúde (SUS), temos um fator complicador, pois o planejamento estrutural se torna mais dificultoso. Falta visão de gestão nos governantes em termos de continuidade de políticas públicas. Cada governo que chega quer deixar uma marca. Na área pública, quem chega quer revolucionar. Isso dificulta uma gestão mais eficiente, com resultados, sabendo que não tem milagre. Tem um governo que dá certo, aí vem o outro e interrompe. Saúde deveria se preocupar com saúde; hoje, ela se preocupa com doença. Não tem o aspecto preventivo que deveria ter. Como você vê as startups que atuam para trazer a eficiência nos processos de saúde? Eu vejo com bons olhos na parte tecnológica. Mas, se você transforma isso em uma busca de resultados quantitativos sem qualidade, não resolve. A história do prontuário eletrônico é tão importante, pois a qualquer médico que o paciente vá, o prontuário o acompanha. E isso é desafiador! Outro exemplo é o surgimento de muitos planos de saúde e clínicas populares. Precisamos ver o que está dando certo, replicar e criar políticas para a continuidade. Existem oportunidades para isso? Eu acho que é o momento para isso. Porque é quando a população quer. As pessoas olham para qualquer inovação na área da saúde com bons olhos, pois quer resolutividade. Existem oportunidades em atendimento, medicamentos, assistência etc. Há oportunidades de negócios tanto para a área pública quanto privada.

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Aprofundamento Os usuários da Saúde A cadeia da saúde é composta por vários elos, que envolvem desde os indivíduos e suas necessidades de consulta, diagnóstico, prevenção e tratamento, até o agentes intermediadores, realizadores e fabricantes. Com uma convergência de preocupações do setor sobre o equilíbrio futuro das operações, os atores de cada elo vêm atuando cada vez mais ativamente na busca de soluções para os desafios atuais e na construção das oportunidades futuras, se apoiando principalmente na exponencialidade e na descentralização propiciadas pelo mundo digital. Um exemplo importante de relacionamento digital com a área, principalmente na saúde pública, é a questão crítica sobre a obesidade e o sobrepeso. A Organização Mundial da Saúde prevê que, até 2025, mais de 2,3 bilhões de pessoas estarão com sobrepeso, representando mais de 30% da população mundial. No Brasil, o relatório Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2017, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), aponta que esses índices também vêm aumentando no país - o sobrepeso passou de 51,1% em 2010, para 54,1% em 2014, e a obesidade, em 2010, tinha uma taxa de 17,8% e, em 2014, chegou a 20%. Como uma tentativa de atuar ativamente no problema, o Governo brasileiro lançou, em novembro de 2015, o Pacto Nacional para Alimentação Saudável, que tinha como principal objetivo ofertar e incentivar a disponibilização de alimentos orgânicos, agroecológicos e provenientes de agricultura familiar. Campanhas de conscientização sobre essas e outras questões relacionadas à saúde podem fazer com que haja mudanças no comportamento das pessoas, como aponta o estudo desenvolvido pela Nielsen, Global Health and Wellness Report,apontando que há uma tendência na percepção da importância das atividades físicas e alimentação natural, com o mínimo de processamento industrial possível. Segundo o relatório, 50% dos entrevistados afirmaram estar se exercitando com o objetivo de perda de peso para se tornarem mais saudáveis. Além disso, 94% dos entrevistados da América Latina afirmaram estar dispostos a pagar a mais por produtos naturais. A consolidação dos meios digitais como formas de comunicação torna esse processo de disseminação sobre a seriedade dessas temáticas muito mais preciso, pois permite >

35% dos americanos fazem buscas online com o objetivo de identificar as possíveis doenças para seus sintomas.

+350 mil

Aplicativos de saúde em 2017

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que os indivíduos tenham mais acesso às informações e recursos. A ampla disponibilidade de informações pode, muitas vezes, ser um dos impulsionadores das mudanças de comportamento. E foi justamente pensando nessa oportunidade que a Nutrisoft foi fundada em 2013. Utilizando-se de crowdsourcing e inteligência artificial para coletar dados e transformar em informações, a startup entrega conteúdos ricos sobre reeducação alimentar e vida saudável aos usuários, que podem ser conectado com nutricionistas. Com a solução, o usuário aprende a como cuidar da sua própria saúde, analisar seus hábitos e a perceber detalhes pequenos que o corpo mostra e como ele reage por meio de informações personalizadas baseadas em localização e comportamentos dos usuários. Aos profissionais da saúde parceiros, entregam um software de gestão, que trabalha em conjunto com o programa educacional sobre saúde. Tendo a vantagem da portabilidade e a possibilidade de embarcar inteligência artificial, Gustavo Silva, fundador da Nutrisoft, afirma que o surgimento de novos meios, como os aplicativos, foi essencial para a área de saúde. “Os aplicativos são uma solução barata, rápida e muito prática para tentar atingir esses objetivos. Nós procuramos engajar nossos usuários a longo prazo, criando um vínculo de aprendizado sobre a importância da saúde”, diz. Além disso, esse movimento de digitalização como um todo foi importante para o movimento de vida saudável. “Esse é um movimento natural baseado em políticas públicas de saúde, em propagandas e na relação que as pessoas têm uma com as outras. Os aplicativos se integram nesse crescimento e, de alguma forma, estimulam isso que vem acontecendo e nós vemos isso na Nutrisoft. Cerca de 32% dos downloads é por indicação boca a boca. As pessoas que passam a ter uma vida mais saudável acabam influenciando as outras do convívio”. Gustavo também conta que vê as redes sociais como importantes influenciadores desse movimento. Outro exemplo de startup que ganhou espaço nesse meio foi a MyFitnessPal, criada em 2005 nos Estados Unidos. Também com a proposta de disponibilizar aplicativo e site para monitorar e melhorar a saúde e bem-estar, foi adquirida em 2015 pela Under Armour por US$ 475 milhões. Com mais de 80 milhões de usuários, a compra fora feita para formar a maior comunidade fitness do mundo. A MyFitnessPal havia recebido um investimento de US$ 18 milhões de um fundo liderado por Kleiner Perkins em 2013. Além da MyFitnessPal, a Under Armour foi responsável pela aquisição de outras duas startups de saúde: MapMyFitness e Endomondo.

Mercado de wearables médicos

US$6.2

US$14.4

Hoje

Previsão para 2022

bilhões

bilhões

levantamento realizado pela ReportsnReports

A mudança também pode ser percebida em relação às buscas por informações relacionadas à saúde como no próprio Google. Após a divulgação na mídia sobre casos confirmados e mortes por conta da febre amarela, o número de pesquisas pelo termo e por postos de vacinação aumentaram 100 vezes entre a primeira (31 de dezembro de 2017 a 6 de janeiro de 2018) e a terceira (14 de janeiro de 2018 a 20 de janeiro de 2018) semana de 2018, segundo pesquisa feita no Google Trends. Os estados que mais realizaram as buscas foram Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, que, segundo o boletim epidemiológico da febre amarela, também foram os que tiveram as maiores quantidades de casos e mortes confirmados pela doença. As buscas online também permitem que os usuários tenham conhecimento de patologias comuns, como gripe, dengue e colesterol, por exemplo, e seus sintomas e tratamentos. E, por 5% do volume das buscas no Google serem relacionadas à saúde, a empresa lançou, em 2016, uma parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein para a oferecer um quadro de informações de doenças quando algum termo é buscado no Google, com o objetivo expandir esse tipo de conhecimento com garantia de credibilidade e qualidade de conteúdo.

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Com o objetivo de conectar médicos e pacientes, a Docway usa a tecnologia para tornar as integrações mais simples e descomplicadas para os profissionais e entregar facilidade e comodidade aos usuários. Nossos prontuários próprios, que armazenam informações dos pacientes e os quais outros médicos (de outros hospitais, por exemplo) podem ter acesso aos diagnósticos e tratamentos anteriores, também agregam valor às operadoras de saúde, pois, com eles, é possível um controle maior no sinistro do pronto atendimento. Hoje, tendo 3.600 médicos e 90 mil usuários cadastrados em nossa plataforma, que já tem mais de 150 mil downloads, queremos resgatar os atendimentos pessoais e personalizados. Acreditamos que as tecnologias tornam o setor de saúde sustentável. Com elas é possível fazer projeções de custo, tendo mais controle por meio de armazenagem de dados, trabalhar predições e trazer mais rigor aos custos e às fraudes.

Fábio Tiepolo CEO da Docway

Entretanto, apesar de ser levantado como uma problemática alarmante pelos profissionais da área, o autodiagnóstico por meio de buscadores, como o Google, está cada vez mais se tornando um hábito. Um levantamento realizado pela Pew Research em 2013, indicou que 35% dos americanos fazem buscas online com o objetivo de identificar as possíveis doenças para seus sintomas. Assim como é apontado pela reportagem da Business Insider, a vasta disponibilidade de informações pode ter um efeito negativo: a geração de uma possível ciberhipocondria. O termo foi utilizado pela primeira vez em 2000 por pesquisadores britânicos e consiste na busca online excessiva e compulsiva de diagnósticos pessoais. Pesquisadores da Imperial College London estimaram que visitas médicas realizadas por conta de ansiedades induzidas pelas buscas online custaram ao Instituto Nacional de Saúde britânico mais de 420 milhões de libras por ano. Além disso, a possibilidade de estar em contato com diversos tipos de informações permite que recursos digitais, como as redes sociais, tenham um resultado de causa-efeito quanto ao progresso do movimento de cuidados individuais. Podem fazer com que haja um movimento de descentralização da responsabilidade da saúde, que antes era concentrada somente nos profissionais da área e, atualmente com o maior acesso às informações, passa a ser também uma tarefa do indivíduo. As novas gerações, por exemplo, por estarem inseridas de forma quase que natural no ambiente digital, acabam sendo influenciadas a terem vidas mais saudáveis e a cuidarem da saúde de forma preventiva. A Goldman Sachs, por meio do levantamento Data Story Millennials, identificou que a saúde e bem-estar para os millennials (também conhecidos como a Geração Y e consideradas por este estudo como as pessoas nascidas entre 1982 e 1996) é uma busca ativa diária. Para eles, ser saudável não significa somente não estar doente; ser saudável é ter o comprometimento com alimentação boa e exercícios regulares. Segundo o estudo, os millennials estão se exercitando mais, se alimentando melhor e aderindo ao autocuidado e tendo menos à hábitos não saudáveis, como fumar, do que as gerações passadas. Uma das razões apontadas pelo estudo foi justamente a conectividade entre eles. A união desses novos comportamentos e o crescimento de inovações impacta também na geração de novos negócios. Os aplicativos de saúde são um exemplo. De acordo com o relatório mHealth App Economics 2017/2018, desenvolvido pela R2G em parceria com a Roche e a Daman, foram registrados mais de 350 mil aplicativos de saúde em 2017, 45% a mais do que no ano anterior. Em 2016, US$5.4 bilhões foram investidos em digital health e o estudo estima que o mercado chegará a US$ 90.4 bilhões até 2022. O estudo ainda mostra que as seguradoras poderão ser o principal canal de distribuição, com o maior potencial de mercado. Essa questão será trabalhada de forma mais aprofundada no próximo capítulo, mas para se ter uma noção, está se tornando cada vez mais comum as operadoras de saúde investirem em aplicativos como forma de estratégia de >

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negócios. Segundo levantamento feito pela Celent em 2016, 39% das seguradoras já possuíam aplicativos. Entre 2013 e 2016, o número de empresas que ofereciam aplicativos havia dobrado. Isso, pois perceberam a oportunidade de aproximação dos clientes, ajudando-os a encontrar redes franqueadas, por exemplo, podendo evitar possíveis sinistros. Aplicativos voltados para a saúde mental são alguns exemplos. A Headspace, fundada em 2010 em Santa Monica, na Califórnia, é uma das startups que atuam neste mercado. A ideia surgiu em eventos corporativos, nos quais os fundadores perceberam que poderiam levar a experiência de meditação para todos por meio de tecnologias. Hoje, com milhões de usuários em 190 países, tem parcerias com outras grandes empresas, como Spotify, Unilever, GE, empresas aéreas, como Delta Air Lines, Virgin Atlantic e British Airways. Alguns dos problemas que a startup ataca são o estresse e o burnout. Essas duas condições podem causar um crescimento no número de afastamentos nas empresas. As consequências disso? Prejuízos de grandes escalas. De acordo com os cálculos realizados pelo ISMA, a falta de produtividade causada pela exaustão pode gerar um prejuízo de 3,5% do PIB. No Brasil, temos como exemplo a Psicologia Viva, que trata a conexão com psicólogos de maneira remota para atacar esse problema. Assim, soluções como essas podem reduzir o ambiente de estresse e melhorar a resiliência dos funcionários. Além dos aplicativos, os gadgets que captam informações, como batimentos cardíacos, passos e calorias também estão se tornando ferramentas importantes na área de saúde. Em 2017, o mercado de wearables médicos alcançou US$ 6.2 bilhões e, segundo levantamento feito pela ReportsnReports, até 2022 pode alcançar US$ 14.4 bilhões. A grande razão para esse crescimento se dá pelos aplicativos serem compatíveis com eles. Os wearables voltados para diagnóstico, monitoramento, esporte e fitness dominarão o mercado e, assim como foi apontado pelo estudo, se tornarão ainda mais competitivos com o tempo. Gigantes da tecnologia, como a Apple e a Samsung, participam desse mercado comercializando seus próprios wearables. Danilo Weiner, Head de Design Research da Samsung, acredita que os smartphones terão um papel importante no futuro da área de saúde. Segundo ele, pelo smartphone ter se tornado o hub de atenção das pessoas atualmente, eles passaram a ser um facilitador de diagnósticos, conhecimento sobre questões da área e atendimento. Assim, “entendendo que a relação entre a área de saúde e as tecnologias faz com que a gente caminhe para algo mais inclusivo e democrático, queremos alavancar o Samsung Health não só para ser um aplicativo de saúde, mas também de bem-estar”, afirma. Entretanto, não são apenas os grandes players que estão atuando neste mercado. A FitBit é uma das startups que desenvolvem sensores wearables compactos para acompanhar as atividades diárias dos usuários para promoção da vida saudável. Fundada em 2007, já recebeu mais de US$ 60 milhões de fundos de investimento, tais como a Qualcomm Ventures, a True Ventures e o Foundry>

AUTO-SAÚDE

mHEALTH CIBERHIPOCONDRIA

DIGITAL HEALTH

WEARABLES BEHAVIOUR

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Temos investido na área de saúde em produtos como o Samsung Health com o objetivo de empoderar as pessoas a entenderem mais sobre suas próprias saúdes e dar mais acessibilidade aos diagnósticos. Por meio das tecnologias, caminhamos para um futuro em que a saúde se torna mais inclusiva, democrática e com mais equilíbrio de poder entre os médicos e pacientes. Nós, como líderes em fabricação e vendas de smartphones, vemos que poderemos dar às pessoas ferramentas que poderão ser o suporte de informações reais para tratamentos personalizados, além de permitirem que elas tenham autodiagnósticos mais embasados. A relação entre as empresas e as startups é essencial para a construção de uma área de saúde melhor, de forma que possam, em conjunto, criar novos modelos de negócio que beneficiam toda a cadeia por conseguirem entregar soluções escaláveis.

Danilo Weiner Head of Design Research na Samsung Latin America

Os wearables também podem ser usados para detecção de doenças crônicas, como a epilepsia, que atinge mais de 65 milhões de pessoas e, segundo a Sociedade de Epilepsia do Reino Unido, um em cada 10 britânicos possuem a doença e uma em cada 50 pessoas no mundo poderão ter. Startups, como a Empatica, trabalham com soluções para esses tipos de problemas. A Empatica disponibiliza uma smartband, que é uma pulseira inteligente, capaz de identificar convulsões, ataques epilépticos, monitorar o sono e atividades físicas e enviar essas informações aos cuidadores. Com grandes clientes, como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o Boston Children’s Hospital, a NASA e a Fundação Epilepsia, a startup, que foi fundada em 2011, tem aprovação do FDA nos Estados Unidos e já recebeu aproximadamente US$ 8 milhões de investimento. No Brasil, vemos startups desenvolvendo soluções com foco em crônicos, como a Glucogear para diabéticos. Assim como também será tratado de forma mais aprofundada nos próximos capítulos, as inovações, como esses dispositivos de monitoramento de paciente, podem ter um impacto direto em diversos outros atores da cadeia de saúde. A Empatica é uma startup americana que acompanha e monitora por meio de um wearable as atividades cerebrais do usuário, alertando a rede de cuidadores cadastrado pelo mesmo quando o usuário está em convulsão. A startup já levantou cerca de US$ 8 milhões em investimentos. A startup sueca Lifesum ajuda os usuários a terem uma vida saudável usando de tecnologia para sugestões de hábitos e dietas conforme o seu perfil. Com mais de 10 milhões de downloads na Google Play, a startups já levantou mais de US$16 milhões em investimentos. A Docway, startup brasileira, conecta médicos e pacientes para consultas em casa. A startup conta com mais de 3.600 médicos e 90 mil usuários cadastrados em nossa plataforma, que já tem mais de 150 mil downloads. A startup já recebeu investimento do Grupo Garantia e adquiriu a startup Dr. Vem. Como uma junção de interesses em saúde alimentar das pessoas e gestão remota para acompanhamento nutricional, a startup brasileira Nutrisoft surgiu em 2013 e já acumula hoje mais de 1,8 milhões de downloads, expandindo sua atuação para mais 5 países.

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Aprofundamento Os intermediadores da cadeia Na cadeia da Saúde, os intermediadores representam o elo que conecta os usuários ao restante da cadeia. Representado em sua maior parte pelas operadoras de saúde, os intermediadores vêm encarando desafios ligados diretamente às suas eficiências de custos e resultados, além de terem que acompanhar as mudanças que vêm acontecendo nos modelos de negócios tradicionais, muitas vezes motivados pelo surgimento de startups. Em 2015, de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram gastos pelos brasileiros R$ 204,4 bilhões com saúde privada, o que compreende, principalmente, os planos particulares de saúde. O número absoluto de beneficiários, por sua vez, tem registrado queda nos últimos anos, de acordo com dados da ANS, seguido também da taxa de cobertura dos planos de saúde em território nacional que caiu de 25,8% em 2014 para 24,5% no 3º trimestre de 2017. A queda registrada entre 2015 e 2016, a mais acentuada do período, coincidiu com um período de alta da taxa de desemprego no país e com um momento em que o governo brasileiro passava por problemas em relação às contas públicas. Segundo dados da ANS publicados em matéria do Nexo Jornal, os planos coletivos empresariais são os mais comuns no País e com o fechamento de 1,3 milhão de vagas de emprego formal (Min. do Trabalho), estes planos se tornam inativos. Dessa forma, o desemprego afeta o número de beneficiários não só na diminuição de renda, que restringe ainda mais ao acesso às necessidades de saúde, mas também na perda do plano vinculado à empresa. Em nota publicada no Nexo, o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Complementar) afirma que “enquanto a economia do país não reagir e o saldo de empregos voltar a crescer, o setor de saúde suplementar, provavelmente, continuará a ver beneficiários, infelizmente, optando por romper vínculos com as operadoras de planos de saúde”. Como uma reação ao cenário de saúde que vem se desenhando nos últimos anos, o Dr. Consulta, que se define como “uma rede de centros médicos que deixa simples cuidar da saúde” surgiu em 2011, com um conceito inovador de driblar as burocracias de consultas e exames médicos. A partir de 2016, registrou um relevante crescimento no mercado brasileiro, com 33 centros >

Os planos coletivos empresariais são os mais comuns no País e com o fechamento de

1,3 milhão de vagas

de emprego formal*, estes planos se tornam inativos

R$22 bilhões desperdiçados

Montante dos gastos de operadoras de planos de saúde perdidos por consequência de fraudes e procedimentos desnecessários. Isso representa 19% do total de despesas.

*(Min. do Trabalho)

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médicos espalhados por São Paulo – em 2014 eram apenas três. Em 2018, iniciou o ano com 45 centros, atendendo mais de 50 especialidades, 1000 tipos diferentes de exames e um milhão de pacientes. A rede conta com profissionais – constantemente avaliados pelos pacientes - dos principais hospitais de São Paulo, como o Albert Einstein e Sírio Libanês. O Dr. Consulta busca atrair novos usuários por meio de três frentes atrativas: facilidade no agendamento, feito por internet; facilidade no pagamento, sem preços abusivos e proximidade do usuário com o local de consulta. Assim, surge como uma alternativa aos brasileiros que deixaram de ser beneficiários de planos de saúde nos últimos anos. Uma outra razão para o encarecimento dos planos são as fraudes no setor de saúde. De acordo com Rosa Antunes, presidente da Associação dos Corretores de Planos de Saúde (Acoplan), em coluna publicada na revista Apólice, a má gestão e o alto número de fraudes têm fechado as portas de muitas operadoras. Esses problemas, inclusive, têm grandes impactos econômico-financeiros no setor. “Segundo um cálculo do IESS, R$ 22,5 bilhões dos gastos de operadoras de planos de saúde no País em 2015 foram desperdiçados por consequência de fraudes e procedimentos desnecessários. Isso representa 19% do total de despesas das operadoras, que somaram R$ 117,24 bilhões. No fim alguém acaba pagando pela ineficiência e desonestidade, pois tudo isso acarreta no encarecimento de planos de saúdes e tratamentos”, afirma Rosa. Tais fatos, além de tudo, comprometem a imagem dos operadores de planos e a confiança da população, que precisa recorrer ao sistema público de saúde, já extremamente saturado. A partir de problemáticas como essa, surgiram startups como a Carefy, uma plataforma para gestão e monitoramento de pacientes internados para operadoras de saúde, que visa à redução de custos de internação, otimização de processos e melhoria no atendimento ao paciente. “Para uma operadora de saúde no Brasil, ter controle e acesso a informações sobre internações hospitalares é uma tarefa desafiadora. O Carefy atua na central de internação da operadora que é composta por uma equipe multidisciplinar e seus gestores responsáveis. Essas centrais são responsáveis pelo monitoramento dos pacientes internados. Pela auditoria de leitos, enfermeiras auditoras realizavam o procedimento de coleta de informações de forma manual e descentralizada, o que dava origem a muitos erros, ausência e atraso nas informações, que são fundamentais para a tomada de decisão dos gestores. Com o Carefy, as enfermeiras contam com um aplicativo mobile para captação dessas informações e os gestores com um sistema web para análise e tomada de decisão. Dessa forma as enfermeiras, adicionam as informações no aplicativo e a central de internados tem os dados necessários para tomada de decisão em tempo real. No caso dos gestores, eles contam com indicadores estratégicos e gráficos com dados de internação e custo da operadora. Ainda, o Carefy gera alertas específicos para equipe, os quais auxiliam na tomada de decisão para que seja otimizada e mais assertiva”, conta Erika, cofundadora e COO da startup.

Montante transacionado em negócios de private equity na área de healthcare (Estados Unidos)

US$277 milhões Em 2012

US$2,7 bilhões Nos 11 primeiros meses de 2017

Com 10 das maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos envolvidas

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Hoje em dia vemos cada vez mais a necessidade da área de saúde se adequar às novas tecnologias. As inovações em si ajudam a otimizar os processos. O Carefy nasceu de uma problemática de gestão e monitoramento de pacientes internados. Oferecemos, então, uma solução que facilita a obtenção a respeito da internação de pacientes para operadoras de saúde e a otimização do processo de gestão por meio de indicadores gráficos e alertas. Um trabalho que era feito até então em papel e planilhas pela equipe, passou a ser feito via Carefy e em tempo real. Ainda, a partir da grande obtenção de dados, vamos ser capazes de aprimorar ainda mais plataforma com o uso de inteligência artificial.

Erika Monteiro Cofundadora e COO da Carefy

Atualmente, 100% dos pacientes internados em hospitais credenciados do grupo São Francisco possuem seus dados na base da startup, onde os resultados obtidos até o momento foram a diminuição do tempo médio e redução dos custos relacionados à internação, além da diminuição de 24h no tempo de resposta da equipe. Para Erika, os investimentos em inovação e tecnologia em busca da eficiência operacional no setor de saúde podem ser fundamentais para auxiliar nos desafios enfrentados hoje pelas operadoras de saúde do Brasil. No estudo Building the Hospital of 2030, publicado pela Aruba, são apontadas 5 previsões que, até 2030, poderão transformar a indústria da saúde. Além de inteligência artificial, aparecem também o autodiagnóstico de pacientes, hospitais automatizados, os profissionais de saúde poderem dedicar menos tempo às atividades administrativas por conseguirem analisar exames e registros por meio de dispositivos móveis e a tendência de integração de dados digitais deve facilitar a vida tanto de pacientes quanto dos demais atores dessa cadeia. Alinhado às tendências e atuando naquela que talvez seja uma das maiores apostas para levar a saúde para um outro patamar - o big data da saúde, a Epitrack, startup brasileira fundada em 2013, no Recife, surgiu com a proposta de detecção digital de doenças. Em 2018, com a ideia de “deshospitalizar” atendimentos de baixa complexidade, lançou a plataforma Clinio. Nela, realiza-se a conexão entre médicos e pacientes de uma mesma localidade que necessitem de atendimento, feito de forma domiciliar. De acordo com Onício Neto, CEO da Epitrack, “os dados levantados dessas consultas incorporam um fluxo interno de extração de conhecimento, de maneira que se torna possível visualizar como a saúde se comporta em um território. Torna-se possível saber como é o consumo de um medicamento específico num determinado período do ano, em determinada região. E isso é um dado valioso, e a partir dele se faz o contato com a indústria farmacêutica e a rede de drogarias”. Para Onício, a interpretação dos dados que coleta é o diferencial da plataforma, enquanto que outros agentes do mercado ainda lidam com isso de forma muito atrasada. “Se você olhar no sistema de informação público, do SUS, é muito obsoleto, tem problemas grandes de consistência de informações. Em relação à informação privada, não estamos bem à frente também. Hoje, a saúde privada infelizmente, olha para os dados com um olhar puramente contábil. Há um registro do caso e pronto. Acaba por aí. Não há uma análise de contexto, não há um aprofundamento daquilo que o caso representa”, afirma ele. Além da Clinio, a Epitrack ainda possui outros três produtos ligados à tecnologia na área de health care. A primeira delas, a plataforma Guardiões da Saúde surgiu com propósitos de prevenção de doenças e vigilância ativa da saúde no Brasil, onde o usuário pode dar informações sobre suas >

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condições de saúde e os sintomas que sente e, a partir disso, o sistema realiza uma coleta de dados e informa regiões que eventualmente tenham registrado ocorrência dos casos com sintomas similares ou já diagnosticados. Na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, a Epitrack lançou o aplicativo Saúde na Copa, com o objetivo de mapear e identificar epidemias e surtos durante o evento esportivo. Seguindo a mesma linha, a startup desenvolveu também a Flu Near You, plataforma que opera em terras americanas para detectar possíveis casos do vírus influenza, monitoramento que é feito da própria sede, localizada em Recife. Para o CEO da startup pernambucana, a análise e o processamento de dados são também os maiores aliados no desafio de inovar na área da saúde. “Os dados são o oxigênio que a gente precisa hoje. Já fui visitar cliente que não tinha conhecimento nenhum sobre os dados que possuíam. Saúde é um problema complexo, não é fácil de resolver. São necessárias ferramentas de inovação com uma visão holística e integrada do problema, seja a visão tecnológica, de saúde, social, econômica. Não podemos resolver problemas do presente com estratégias do passado”, declara. As grandes empresas americanas, pioneiras em grande parte dos setores do mercado, também têm percebido a importância das inovações tecnológicas no setor da saúde. De acordo com dados da CB Insights publicados no New York Times, nos primeiros 11 meses de 2017, dez das maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos estiveram envolvidas em negócios de private equity na área de healthcare que chegaram a 2,7 bilhões de dólares. O montante foi dez vezes maior em relação ao de 2012, que alcançou 277 milhões de dólares. Em dezembro de 2015, o grupo financeiro multinacional Goldman Sachs liderou uma rodada de investimentos da startup americana Vitals, negócio que envolveu 41 milhões de dólares, segundo informações do CrunchBase. A startup, que captou investimentos superiores a 85 milhões de dólares, foi fundada em 2007, em Nova Jersey, nos EUA e oferece 3 plataformas tecnológicas e inovadoras a seus usuários: a Vitals.com, a VitalsChoice e a Vitals SmartShopper. A primeira é uma ferramenta online de pesquisa que auxilia consumidores a encontrarem o “médico perfeito”, a partir de aspectos como planos de saúde aceitos, educação, especialização, linguagens faladas, entre outros. Além disso, os profissionais da saúde estão sempre sob avaliação a respeito das condições da consulta, como limpeza do local e qualidade do atendimento. Assim, após as análises feitas pelo paciente, a consulta pode ser marcada de forma online. São mais de 1,5 milhão de perfis de médicos e 9 milhões de avaliações. A VitalsChoice, por sua vez, é uma plataforma integrada que reúne ferramentas intuitivas e transparentes, de forma que o usuário tenha informações suficientes para escolher o melhor plano de saúde de acordo com suas necessidades. São fornecidos os custos e uma interpretação deles e >

DESINTERMEDIAÇÃO

DATA-DRIVEN EFICIÊNCIA NOVOS MODELOS REMOTOS

AUDITORIA INTELIGENTE EXPERIÊNCIA DO SEGURADO

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A área de saúde é um setor com diversos desafios e entendemos que tecnologia e processos inteligentes podem nos ajudam a aprimorar, buscar eficiência e produtividade, além de abrir novas frentes de negócios. Startups que buscam trazer soluções que atuem nas linhas de custos, facilidade e experiência de uso dos nossos produtos e na disponibilidade da rede e serviços, são consideradas prioridades para inovarmos em conjunto. Estamos buscando e acreditamos em soluções de prontuário eletrônico, simplificação dos processos de agendamento e soluções de auxílio nos diagnósticos. Elas precisam estar alinhadas com as necessidades das empresas e dos clientes finais, com custos diferenciados para serem atrativas na sua adoção. Precisamos agir em conjunto para buscarmos essa equação ideal. Para nos aproximar das inovações temos iniciativas internas, além dos programas da Oxigênio Aceleradora - por onde já nos relacionamos com startups como Qual Farmácia, Psicologia Viva e Go Good. Estamos sempre abertos a conhecer mais startups nesse setor.

Marcelo Zorzo Diretor de Saúde da Porto Seguro

avaliações dos planos, feitas por usuários. A Vitals SmartShopper segue a mesma linha, mas em relação a serviços como procedimentos rotineiros, exames preventivos e digitalização de imagens. A ferramenta oferece diferentes opções de maneira a incentivar o usuário a ser um comprador consciente, que busca qualidade a preços baixos. Pensando em acompanhar as inovações e fomentar o empreendedorismo nas suas diversas áreas de atuação, em 2015, a Porto Seguro criou a Oxigênio Aceleradora. A aceleradora, que possui parceria com a Plug and Play Tech Center, aceleradora do Vale do Silício, já acumula mais de 5.000 inscrições recebidas desde sua criação. Nesse período, a Oxigênio já acelerou 29 startups, com investimentos que chegam a aproximadamente 4,5 milhão de reais. Interessada em entender os processos de inovação no setor de healthcare, relacionou-se com startups da área, como Qual Farmácia, Psicologia Viva e GoGood. Portanto, as inovações tecnológicas que surgem neste elo da cadeia aumentam a possibilidade de facilitar e melhorar a relação triangular entre intermediadores, usuários e operadores, podendo otimizar grande parte dos processos de toda a cadeia do setor. A Livongo, startup americana que já levantou mais de US$ 200 milhões em investimentos, oferece uma solução para acompanhamento e direcionamento remoto de crônicos. Hoje, 4 das 7 maiores planos de saúde americanos oferecem a Livongo para os seus membros. A startup americana Vitals criou uma subdivisão do seu negócio focado em facilitar e tornar mais inteligente as escolhas dos usuários relacionadas a saúde, otimizando os custos envolvidos e opções disponíveis para a rede de usuários de empresas. A startup já captou mais de US$90 milhões. Para auxiliar nos processos de auditoria e controle entre planos de saúde e hospitais, a startup Carefy criou uma solução para que as informações captadas durante a internação fossem compartilhadas em tempo real entre esses atores. A startup opera hoje na rede São Francisco com mais de 200 hospitais. Um dos casos de mais destaque de startups de Health Techs no Brasil, o Dr. Consulta surgiu para suprir uma demanda por consultas e exames não atendida pelos modelos tradicionais existentes. A startup já captou mais de US$90 milhões em investimentos e tem mais de 40 centros médicos instalados.

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ENTRE_ VISTA Quais são os desafios para a implantação novas tecnologias no setor da saúde? Quando falamos de produto para saúde, a primeira coisa que precisamos ter em mente é que temos uma regulação gigantesca em torno do produto. Estamos falando de adequações, retificações da própria planta, do próprio profissional para fabricar ou conceber o produto, certificações, validações da linha de produção até o produto final. Esse contexto torna o setor muito amarrado em termos de usar a tecnologia inovadora para vender a ideia ou solução que você imagina que vai conseguir. Nesse contexto, no ambiente de criação com as startups, esse processo é muito custoso e demorado. Tem todo um bloqueio da dinâmica de uma inovação. O empreendedor tem essa noção, do quanto é difícil e burocrático. Isso tem o seu lado ruim porque você tem que gastar o seu recurso, mas, tem o lado bom também, que é o padrão de qualidade. Um outro desafio que o mercado passa hoje é regulamentar o próprio software médico. A regulamentação traz um grau de confiança quando você coloca no mercado, mas por outro lado, você perde a mobilidade de alterar o produto a hora que quiser. O ambiente de uso dos equipamentos e produtos de saúde ele traz uma tensão por lidar com vidas Qual o papel desses órgãos neste contexto? O papel do regulamentador não é de instruir ou ensinar a fazer. Sua função é regular, inspecionar e punir em casos de não adequação às normas. É um fiscal que diz o que precisa fazer, dar as orientações para que seja feito e depois irá verificar se está correto. Coisas pontuais podem ser respondidas. Na nossa área, dependendo do produto, precisa entrar com um processo formalizado na ANVISA, esperar ser analisado, e dependendo do nível de risco, tem que passar por uma inspeção e receber certificado específico. Tem uma série de ações que precisam ser desenhadas por alguém. Não é tão simples quanto pensar algo totalmente disruptivo e começar a vender.

Joffre Morais, Regulatory affairs Strategy Manager na ABIMO

Os órgãos veem a inovação como positiva? Sim. Existe, sem dúvida, essa tratativa. A ANVISA possui uma regulamentação específica que fala que, quando o seu produto é inovador, precisa ter uma maturidade para a análise. A ANVISA tanto vê como algo positivo que regulamentou uma prioridade para quando o produto é inovador. O que acontece, muitas vezes, é o empreendedor achar que é inovador, mas às vezes é cópia de alguém. Há alguns critérios para encaixar o produto como inovador. Esses critérios vão muito ao encontro das necessidades do próprio Governo de ter aquilo como uma tecnologia no Brasil. A linha é muito tênue entre inovação de fato ou inovação incremental. Dependendo do risco que está agregado ao produto, você terá que comprovar que a inovação é segura e eficaz. Hoje em dia, em torno de 2 ou 3 meses já há a análise do produto. Atualmente, existe implementado um sistema de envio eletrônico de arquivos. O que vê de desafio para o futuro na área de saúde junto às regulamentações? O maior desafio, quando cruzamos tecnologias e inovações, é fazer com que os dois andem lado a lado. Em outros setores, quando se fala em regulamentação, isso acaba sendo um pouco mais rápido. Em qualquer parte do mundo, a inovação sempre anda em um ritmo muito mais à frente em relação à velocidade das regulamentações. O timing de ter um regulamento adequado para determinadas tecnologias ainda não é o mais correto de todos. Ainda precisaremos trabalhar muito para vivenciar o timing adequado.

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Aprofundamento Os operadores e servidores Caminhando pelo próximo elo da cadeia, vamos discutir neste capítulo as possibilidades de inovações e tecnologias envolvendo os processos existentes e novos dos servidores de saúde. Os desafios dos demais atores da cadeia refletem também a necessidade de inovação neste elo, com um foco em especial nos hospitais. A dificuldade enfrentada pelas operadoras de plano de saúde por conta da diminuição no número de beneficiários, como vimos no capítulo anterior, também vem atingindo os hospitais. Segundo a Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados), apesar de a receita média por internação em 2017 ter atingido o valor de R$ 21,5 mil, 7,3% a mais do que no ano anterior, as despesas administrativas e médicas cresceram 8,1%, passando a ser R$ 18,7 mil. Os hospitais, portanto, passaram a ter o desafio de estudar novas maneiras para reverter a situação, sobretudo pelos convênios de saúde serem a principal fonte pagadora deles. De acordo com a Anahp, em 2014, os convênios eram responsáveis por 90.8% da receita. A busca por eficiência e inovações fez com que os hospitais vissem as tecnologias também como oportunidades de levarem seus negócios a outro patamar, além de fomentar o desenvolvimento do setor. Foi assim que nasceu a iniciativa Eretez.bio, lançada pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Criada em 2017, a incubadora apoia startups dando acesso aos Laboratórios de Pesquisa e Inovação, se conectando a mais de 20 startups em diversos assunto do tema.Também acompanhando a linha de inovação aberta, o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) iniciou o desenvolvimento do Open D’Or Healthcare Innovation Hub. Sua estrutura prevê um laboratório de simulação do ambiente hospitalar, que permitirá o desenvolvimento e a realização de testes e integração das soluções desenvolvidas pelas startups com os sistemas e equipamentos utilizados pela Rede D’Or São Luiz. “Sabemos que há um processo de transformação cultural e de comunicação do grupo com essas inovações que existem no mercado. Queremos que haja mais compartilhamento de inovações na área de saúde”, afirma Gabriela de Salles van der Linden, Fundraising and Investor Relations no IDOR. Inovações, como a inteligência artificial, que está se tornando cada vez mais sofisticada, é apontada como >

O setor de saúde é a segunda áreaque recebe mais ciberataques

Estima-se que mais de

161 milhões

de dispositivos de IoT serão instalados até 2020

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tendência de inovação para a área de saúde, principalmente por poder ser aplicada de diferentes maneiras com objetivos totalmente diversos. De acordo com o relatório Digital Health Technology Vision 2017, realizado pela Accenture em todo mundo, 72% das organizações de saúde já utilizam inteligência artificial em seus assistentes virtuais e 84% dos executivos da área de saúde entrevistados acreditam que IA poderá revolucionar a maneira que eles obtêm informações e a maneira como irão interagir com seus pacientes. Fundada em 2015, a CUCO Health é uma startup brasileira que possui em seu portfólio uma solução, chamada Enfermeira Digital, que utiliza inteligência artificial das APIs cognitivas do IBM Watson e pela qual beneficiários de operadoras ou Hospitais clientes da CUCO têm à disposição uma interface que poderá instruir o paciente e esclarecer possíveis dúvidas que surjam ao longo do tratamento. Segundo a CUCO, “esta interação evita que o paciente faça pesquisas em fontes que não sejam seguras, encontrando informações falsas sobre como realizar o tratamento da maneira correta”. A CUCO Health também trabalha a questão de monitoramento remoto de pacientes, fazendo o acompanhamento da adesão medicamentosa. A plataforma acompanha o histórico do tratamento de pacientes e envia mensagens com dicas e informações para ajudá-los a seguirem o tratamento de forma correta. O paciente também consegue cadastrar familiares, amigos, cuidadores e enfermeiros na funcionalidade “Cuidadores”, que envia notificações a eles quando um medicamentos for esquecido de tomar na hora certa. A startup, em parceria com o Hospital do Coração (HCor), conseguiu aumentar o nível de adesão medicamentosa de pacientes, que, em média é 40%, para 79% em crianças cardiopatas. Lívia Cunha, CEO e co-fundadora da startup, conta que a instituição tinha a preocupação de certificar que o pós operatório de pacientes infantis com cardiopatia congênita fosse cumprido rigorosamente. Após a implementação da CUCO, os pacientes passaram a ter alta no hospital e já logo ter acesso à plataforma, que servia como uma enfermeira que ia para casa com eles. Com isso, pôde-se ter uma conexão direta entre o paciente, a rede gestora do hospital e a equipe de enfermeiras, que conseguiam acompanhar a evolução do paciente. A startup, que já captou R$ 1 milhão de investidor anjo,com um aplicativo gratuito para o paciente e tendo como responsáveis pelo pagamento da mensalidade os planos de saúde, os hospitais e os laboratórios farmacêuticos, para quem fazem o projeto de monitoramento e relacionamento com o paciente. A CUCO Health estuda implementar o modelo B2C.

Em todo mundo, 72% das organizações de saúde já utilizam inteligência artificial em seus assistentes virtuais

Soluções como a da CUCO, que se propõem a aumentar a adesão medicamentosa, impactam não só os pacientes e os profissionais da área, mas também outras instituições, como as farmácias. Luiz Felipe Bay, Diretor de Vendas Corporativas da Univers (PBM da Raiadrogasil), afirma que, do ponto de vista do varejo, oportunidades de inovação e as startups envolvidas nos processos de atendimento nas lojas são interessantes, especialmente se estudarem e considerarem as necessidades reais de melhoria no dia a dias das drogarias. “As melhores oportunidades são aquelas que simplificam nossa operação de atendimento e que utilizam a informação a favor de um atendimento de qualidade, sem excesso de opções e nem etapas desnecessárias ou que descaracterizem nossa cultura de atendimento”, diz. Para Luiz, as inovações “são extremamente promissoras e potencialmente transformadoras, principalmente em relação a tudo passar a ter muito mais velocidade, e também por conta da ampliação do uso inteligente de informações entre a área e o varejo farmacêutico”. Para isso, ele destaca que é de extrema importância as startups >

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Nunca houve um tempo mais desafiante para os varejistas do que agora. Sobreviverão aqueles que reagirem e fizerem a transição para a era digital de forma rápida e efetiva. Esta reflexão foi o ponto de partida do Qual Farmácia. Desenvolvemos uma plataforma de vendas online capaz de levar milhares de consumidores para as lojas físicas, alavancando o faturamento das farmácias ao mesmo tempo em que ajudamos os consumidores a encontrar e comprar produtos farmacêuticos com toda comodidade e economia que a tecnologia pode oferecer. Estamos no mercado há pouco mais de 1 ano, fechamos parceria com 200 lojas no Distrito Federal e alcançamos mais de 30 mil usuários que já realizaram 36 mil pesquisas e obtiveram R$ 40 mil de economia. A grande estratégia é atuar com inteligência e tecnologia no momento exato em que os consumidores precisam articulando precisamente todos os elementos envolvidos no processo de venda para que a experiência de compra seja, em todos os aspectos, a melhor e mais perfeita possível, mostrando que o jeito de ir à farmácia mudou.

Sérgio Bergmann CIO do Qual Farmácia

que pretendem apresentar soluções para o varejo farmacêutico conhecerem as operações do dia a dia. Ao mesmo tempo, há o desafio de unir cultura e identidade de inovação. “É preciso ter uma estrutura de capacitação e de treinamento adequadas quando pensamos num negócio do tamanho do nosso, presente em 20 estados, com mais de 1.650 lojas e 32 mil funcionários. A aderência às novas tecnologias não ocorre se não houver um ambiente preparado e com pessoas envolvidas nas mudanças”, diz. Além dessas possíveis aplicações, a inteligência artificial também pode acelerar os processos de triagem dentro dos hospitais. A prática, que tem como objetivo priorizar os pacientes com base em narrativas sobre antecedentes e em análise de sintomas e de sinais vitais, é extremamente importante, pois é por meio dela que os médicos têm informações mais detalhadas sobre a situação de saúde dos pacientes, podendo entender o nível de criticidade deles. O tempo de triagem, principalmente em hospitais, é extremamente importante, pois ele define em quanto tempo o paciente deverá ser atendido. Uma das ferramentas que os hospitais passaram a adotar é a triagem computadorizada. Iniciativas como a da HealthTap, startup que no final de 2016 lançou o Doctor A.I., um assistente que indica aos pacientes cuidados médicos de forma automática, impulsionado por inteligência artificial, atacaram diretamente o processo de triagem. O sistema, utilizando machine learning para aprender sobre as respostas dadas pelos médicos durante os atendimentos na plataforma da HealthTap, faz questionamentos sobre os sintomas do paciente e faz recomendações sobre o que fazer em seguida. De acordo com Geoff Rutledge, Chief Medical Officer da startup, o conhecimento da plataforma equivale a centenas de milhares de anos de conhecimento em cursos médicos e mais um milhão de anos de experiência médica. Um dos maiores benefícios aos médicos, apontado no post publicado pela HealthTap no Medium, é o de realizar pré-triagens. Além disso, assim como foi apontado pelo relatório Medical Imaging in the Age of Artificial Intelligence, divulgado pela Samsung em 2017, nos próximos 10 anos a especialidade de radiologia, responsável por realizar exames radiográficos para identificação de diagnósticos, controle e tratamento de doenças, e a prática de análises de imagens para diagnósticos como um todo também serão cada vez mais suscetíveis a serem transformadas pela inteligência artificial. Com o objetivo de auxiliar os profissionais da área, as expectativas para os avanços de machine learning nesses processos é que acelere o fluxo de trabalho e torne os resultados ainda mais assertivos. Um estudo feito em 2017 demonstrou que, em radiografias de tórax, casos de tuberculose foram detectados com uma sensitividade de 97% e 100% de especificidade utilizando duas redes neurais profundas para análise de imagem, permitindo que os radiologistas avaliassem apenas casos ambíguos.

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O estudo da Samsung ainda ressalta que a introdução de IA não substituirá a função dos radiologistas - será uma ferramenta adicional para os profissionais, principalmente como uma forma de prevenção de erros. Os erros de interpretação acontecem em 4% dos diagnósticos feitos pelos profissionais, sendo que esse número pode ser maior ou menor dependendo do nível de complexidade do procedimento. Pesquisas mostram que a média de erros de interpretação podem aumentar quando os radiologistas são pressionados a trabalharem mais rápido. Um dos desafios indicados pela Samsung foi a falta de especialistas em radiologia e o aumento exponencial da demanda por diagnóstico de imagens. Na Inglaterra o número de de tomografias computadorizadas aumentou 29% entre 2012 e 2015. Nesse mesmo período, o número de especialistas cresceu apenas 5%. No Brasil, há aproximadamente 10 mil radiologistas registrados pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Dessa forma, a inteligência artificial pode ajudar a tornar o processo de identificação de possíveis doenças muito mais rápido e preciso. A Arterys foi fundada em 2011 justamente com o objetivo de acelerar o processo de diagnóstico por meio de imagens de exames. Com a missão de transformar radicalmente a medicina diagnóstica de imagens com alta performance de cloud computing, a startup participou de 8 rodadas de investimento nas quais, no total, captou U$43.7 milhões. Ela foi a primeira a receber a certificação do FDA, órgão regulador norte-americano, para aplicar machine learning em condições clínicas. Aprendendo com mais de mil casos complexos, por meio da plataforma, é possível indicar um diagnóstico em até 15 segundos, o que um profissional treinado demoraria entre 30 minutos e 1 hora. A Arterys foi fundada pelo Fabien Beckers, John Axerio-Cilies, Albert Hsiao e Shreyas Vasanawala quando ainda estudavam na Universidade de Stanford. Atualmente a plataforma é capaz de identificar doenças e problemas em exames radiológicos de coração, de pulmão e de fígado. No Brasil, grandes empresas que atuam na área, como a General Electric, por meio da GE Healthcare, vêm buscando inovar na saúde, trazendo ao mercado sistemas preditivos e inteligentes para que se possa antecipar possíveis problemas, evitando, assim, custos adicionais não esperados. Entretanto, Paulo Banevicius, Líder de Healthcare Digital da GE Healthcare América Latina, ressalta que, para isso, é preciso captar e coletar informações relevantes e de boa qualidade. “Hoje em dia, as ferramentas digitais tornam-se importantes aliadas dos gestores hospitalares, profissionais da saúde e pacientes. No entanto, embora tenha ocorrido uma verdadeira explosão de dados nos últimos 10 anos, não necessariamente eles geraram um aumento significativo em produtividade”,afirma. Segundo ele, a GE enxerga esse cenário e entende que é apenas por meio da digitalização que será possível impulsionar a tecnologia dentro do segmento de saúde. >

AI EM IMAGENS

DATA ANALYTICS IoT

CIBERATAQUES

ACOMPANHAMENTO DE CRÔNICOS

CIBERATAQUES TRIAGEM INTELIGENTE

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O setor de saúde sempre foi muito tradicional e um dos que se desenvolveu mais tardiamente no que diz respeito a gestão e administração e é por isso que tem dificuldades com inovação nesses aspectos. Apesar de ser muito dependente das inovações tecnológicas, estas estavam mais voltadas para desenvolvimento e aperfeiçoamento de equipamentos, sendo evidente que sem as incorporações tecnológicas não conseguiríamos ter os resultados que temos hoje. Criamos um comitê que busca parcerias na área de saúde para desenvolvermos tecnologia e inovação. Esperamos das startups propostas sólidas e de qualidade e não quantidade. O hospital pode ter ajuda de startups para trabalhar a questão de dados, histórico dos pacientes e protocolos assistenciais. O big data é importante pois a quantidade de dados gerada atualmente poderá ter desdobramentos muito grandes, mas para isso precisam ser transformadas em informações e conhecimento.

Fabio Yoshito Ajimura Diretor Executivo do HCFMUSP-HAS e Diretor do PROAHSA

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Hoje, focados em dados, os coletam, os analisam, extraem insights e os traduzem, transformando aprendizados em ações e resultados para as instituições e a própria indústria. É por essa razão que a empresa “vem buscando investir em equipamentos e softwares que trazem esses benefícios e que aumentem a eficiência dos exames e procedimentos”. Após o Hospital do Câncer III, parte do Instituto Nacional do Câncer (INCA), ter feito um levantamento que mostrava que 60% dos exames de mamografia chegavam às unidades apresentando falhas, a GE, em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos, desenvolveu um software para auxiliar os técnicos responsáveis durante o exame de mamografia. A solução, alocada em nuvem, usa algoritmos e parâmetros para avaliar, em tempo real, se o posicionamento da mama está correto. Caso não esteja, um alerta é emitido ao técnico de radiologia que pode, então, fazer as correções necessárias durante o exame evitando imagens com baixa qualidade e, consequentemente, danos às pacientes e às instituições. Dessa maneira, a ferramenta possibilita um diagnóstico mais assertivo reduzindo a incidência de >

A startup americana Arteys, que já levantou mais de US$40 milhões em investimentos com fundos como aa GE Ventures e Northwell, desenvolveu uma inteligência artificial para análises de exames radiológicos. A startup desenvolveu parcerias comerciais com a GE e Siemens para uso da tecnologia. A ClearDATA, startup americana que já levantou mais de US$ 50 milhões em investimentos, acompanhando as novas questões advindas do uso e integração de dados, é especialista em soluções de nuvem e compliance para segurança da informação no mercado da saúde. Com mais de 300 lojas cadastradas e mais de 30 mil usuários em sua base, a Qual Farmácia é uma startup que liga os estoques das farmácias com a busca das pessoas de maneira remota, incluindo o varejo de medicamentos no mundo digital. A startup foi investida pela Porto Seguro e Plug and Play Tech Center. A Pickcells é uma startup brasileira que tem por objetivo desenvolver uma plataforma baseada em visão computacional, que permite o diagnóstico automatizado, preciso e eficiente de doenças infecciosas, em tempo real e com baixo custo.

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resultados falso positivos ou falso negativos. Outro benefício trazido pela solução foi a diminuição da necessidade de reconvocar a paciente para refazer o exame, que podem gerar gastos para a instituição e desgastar emocionalmente a mulher. Para Paulo, a introdução das tecnologias na área de saúde traz benefícios que vão além da garantia de diagnósticos rápidos e precisos. As inovações permitem compartilhar risco, aumentar a qualidade e estabelecer padrões de procedimentos, melhorar a gestão dos fluxos de trabalho e operações, reduzir custos, aumentar a produtividade, facilitar a gestão financeira e muitos outros benefícios que a instituição necessite. Entretanto, para isso, é preciso que todos envolvidos na cadeia aceitem as inovações. “A aderência e adoção dessas tecnologias acontecerá cada vez mais quanto mais os provedores estejam abertos a compartilhar os riscos dessas soluções”, diz. Para Gabriel Soares Costa, Head de Corporate Venturing do Laboratório Sabin, ”acreditamos que a relação com a Pickcells gerará um aprendizado mútuo. Ao mesmo tempo que nós podemos oferecer a possibilidade de escala, eles podem gerar eficiência por trazerem automação para o setor da medicina diagnóstica, que ainda dependente do fator humano”. Atualmente, na iminência de implantar a soluuu a solução da startup no dia a dia do laboratório, Marcelo Pena Costa, Diretor de Criação, afirma que a abertura do edital foi o resultado de uma percepção de que é fundamental ter uma aproximação com startups de forma a entender as inovações no setor de saúde. Com a integração de dados, outra temática que vem preocupando as instituições de saúde é a segurança de dados dos pacientes. Segundo relatório divulgado pela Verizon, o setor de saúde é a segunda área que recebe mais ciberataques, perdendo somente para o de finanças, que tem o maior número de ocorridos anualmente, sendo que 80% dos casos de ciberataques na área de saúde acontecem aos provedores, de acordo com estudo realizado pela Protenus. A Cleardata, é uma startup que comercializa um provedor de serviços de computação em nuvem e segurança da informação para provedores de serviços de saúde, fornecedores de software e VARs. Fundada em 2011, a Cleardata já captou U$54.5 milhões em uma rodada de investimento Series D. A internet das coisas é outra inovação que vem ganhando espaço na área de saúde. De acordo com o relatório da Grand View Research, estima-se que mais de 161 milhões de dispositivos de IoT serão instalados até 2020. Atualmente as aplicações de IoT em saúde concentram-se em wearables, que são responsáveis por 60% dos equipamentos médicos, segundo o relatório. O relatório Building the Hospital of 2030, publicado pela Aruba, aponta que, até 2030, além da integração de dados digitais, os hospitais automatizados também poderão transformar a área de saúde. A automatização hospitalar poderá permitir que os pacientes, ao entrarem no hospital, possam, por exemplo, ser pré-triados por meio de sensores capazes de captar informações de temperatura, pressão arterial e realizar um eletrocardiograma em 10 segundos. Além disso, também podem ser aplicados para gestão de almoxarifados por meio de inventários automatizados e em tempo real. Assim como veremos no capítulo a seguir, a integração de sistemas que captam informações sobre itens nos estoques de e que enviam essas informações aos centros distribuidores e/ou fornecedores é importante principalmente por uma questão de logística e planejamento de recursos.

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Aprofundamento Distribuidores A chegada de novos métodos, práticas, medicamentos e equipamentos médicos, como vimos nos capítulos anteriores, alteram não só a maneira como eles serão consumidos e usados, mas também como serão entregues aos consumidores e aos profissionais da área. Assim como é apontado no estudo The Future of Life Sciences and Healthcare Logistics, publicado pela DHL em 2017, o aumento nos gastos em saúde podem trazer transformações da mesma forma para a cadeia de suprimentos e logística da área de saúde. As transportadoras e distribuidoras, principais responsáveis por essa atividade, passam a ter o desafio de conciliar as pressões de regulamentação, preço e de qualidade. Elas pensam em maneiras alternativas para se adaptarem aos novos modelos comerciais e de serviço, a fim de ter custos competitivos, considerando também as novas aplicações de canais online. Com a descentralização dos processos que faz com que os pacientes se tornem o centro da cadeia, as empresas passaram a ter a necessidade de se adaptar às tecnologias, pensando em novos jeitos de dar suporte à essas transformações. A distribuição dos medicamentos, vacinas e outros produtos relacionados à área de saúde não baseia-se somente no transporte deles até às farmácias, centros clínicos, hospitais, etc. Paulo Braga, Corporate Venture Capitalist da Eurofarma, acredita que há muita oportunidade de inovação no elo de distribuição na área de saúde. Segundo ele, há uma tendência de mercado em otimizar o processo de compras e gestão de estoque. E, identificados como uma das tendências no relatório Global Healthcare Outlook, publicado em 2016 pela Deloitte, os avanços em data analytics ajudam a tornar essas otimizações possíveis. De acordo com o estudo, o mercado de analytics na área de cuidados para saúde poderá gerar US$23.8 bilhões em 2020, 300% a mais do que em 2015, que gerou US$8.4 bilhões. A importância da análise de dados na área de saúde, observando especificamente a etapa em que os distribuidores atuam, se dá pelo poder de obter informações em tempo real de forma mais precisa e dar também a noção de previsibilidade, assim como é apontado pelo estudo desenvolvido pela DHL, o Big Data in Logistics. A partir dos dados, é possível identificar picos de demandas, permitindo que haja uma operação mais assertiva de envio dos produtos e seleção de rotas. Além disso, podem evitar que produtos faltem nos estoques das lojas, fator que impacta diretamente na satisfação dos clientes, além de dar mais transparência para toda a cadeia de suprimentos.

O uso de big data se tornará uma competência central de suas organizações da cadeia* *Third-Party Logistics Study, 2017

Entre

10% e 40% dos espaços de carga

são

perdidos por conta de ineficiência de planejamento na estufagem dos caminhões

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O estudo Third-Party Logistics Study, publicado em 2017, apontou que 98% dos entrevistados, que eram operadores logísticos, acreditavam que a melhoria na tomada de decisões baseada em dados era “essencial para o sucesso futuro das atividades e processos da cadeia de suprimentos”. Além disso, 86% deles afirmaram que o uso de big data se tornará “uma competência central de suas organizações da cadeia”. A pesquisa mostra que 41% dos entrevistados afirmaram já estar utilizando big data como base para análises. Dos que ainda não utilizam, 67% confirmou investimentos futuros em big data analytics. Alguns dos motivos apontados por eles foram: atender as necessidades dos clientes (18%), diminuir o tempo de entrega com aumento de eficiência (13%), redução dos custos operacionais (7%) e aumento na competitividade industrial (33%). Além disso, alguns operadores logísticos (2,5% dos entrevistados) afirmaram já utilizar tecnologias de automatização nos meios de transporte. A Otto, empresa de tecnologia voltada para veículos automatizados, entregou em 2016, em parceria com a Budweiser, uma das primeiras cargas por meio de um caminhão com a tecnologia, que foi de Denver até Colorado Springs. Outras inovações, como o blockchain, também podem trazer inúmeros benefícios para o elo de distribuição e transporte na área de saúde. Por meio dele é possível certificar a autenticidade das etapas, aumentando a segurança e o cumprimento de normas regulatórias. Isso, pois toda transação é validada, certificada e imutável. Entretanto, as vantagens quanto ao blockchain ainda não são percebidas, pois a maioria tanto dos operadores de logística (62%) quanto das transportadoras (67%) ainda não têm conhecimento o suficiente para estimar as vantagens da inovação no momento. Hoje, a Eurofarma possui uma área específica de corporate ventures, que tem como objetivo trabalhar a visão futurística sobre como será a indústria a um médio prazo e como pode acompanhar o desenvolvimento da área. Pensando em se tornar uma líder de inovação, a empresa testa maneiras novas e melhores de se comunicar com os usuários finais e o restante dos atores envolvidos no processo. E é justamente com essa cultura de inovação que empresas passam a analisar novos métodos e maneiras de transportar produtos com o objetivo de trazer comodidade aos consumidores. A Amazon, por exemplo, lançou, em 2013, a Amazon Prime Air, um novo sistema de entrega que utiliza drones como meios de transporte e promete a chegada do pedido em 30 minutos ou menos. Apesar de ainda estarem estudando as possibilidades de testes em outros países por conta das questões de regulamentação de cada localidade, as primeiras tentativas de entregas realizadas no Reino Unido, em 2016, já demonstraram que o método é eficaz e possível de ser implantado. A Google, com o Project Wing, e o Walmart, também estudaram a possibilidade. Entretanto, a utilização de drones não é utilizada somente para o varejo. Pensando na oportunidade de utilizá-los como método alternativo de entrega e dar acesso de produtos ligados à área de saúde para as comunidades afastadas, a Zipline foi fundada em 2011 na Califórnia, Estados Unidos. De acordo com a startup, mais de dois bilhões de pessoas vivem em locais de difícil acesso à produtos essenciais, como sangue e vacinas, por conta da falta de infraestrutura. Assim, os drones desenvolvidos por eles podem chegar até esses locais evitando montanhas, estradas ruins e outros fatores que prejudicam a entrega desses produtos. Com atuação nas zonas rurais de Ruanda e podendo entregar inclusive itens que necessitam de cadeia fria, atendem mais de 20 unidades de transfusão de sangue. Antes da implementação do serviço da startup, os hospitais regionais demoravam horas para chegar aos centros locais. Atualmente, podendo voar a uma distância de 80 km de forma totalmente automatizada por meio de rotas pré configuradas, os produtos chegam em 30 minutos. De acordo com Paulo Braga, a importância dos distribuidores e das transportadoras se dá por eles “alcançarem lugares que a indústria farmacêutica não consegue ir. A maior parte da distribuição hoje é pulverizada, então é necessário ter a figura deles para utilizarmos o know how de logística deles”, diz.>

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Quando se perde um lote, está deixando de atender alguém que precisa. Dessa forma, desenvolvemos uma solução com sensores de temperatura, luminosidade, vibração e GPS para evitar esses tipos de situação. Com ela, conseguimos entender os parâmetros de qualidade da carga. Identificamos se as baús estão com as temperaturas ideais, se a carga está em movimentação, se ela foi aberto em algum momento e se o medicamento, por exemplo, foi danificado. Cruzamos dados para que os atores responsáveis consigam ter decisões melhores e mais embasadas, dando mais segurança e otimização do processo. Além de evitar perda, eles também conseguem saber, caso haja a perda, quais os custos financeiros, reduzindo retrabalho por meio de um processo online de visualização de informações e de auditoria. Em um processo normal, uma empresa demoraria dias para identificar que o teste de temperatura para o transporte havia dado errado. Nós podemos identificar com muito mais rapidez, entregando mais informações, de forma mais fluida, segura e com qualificação.

Luis Lopes Fundador da Botfy

A pesquisa do IBOPE Inteligência, realizada a pedido do Popai Brasil, divulgada em 2014, mostra que haviam 68 mil farmácias no Brasil. Dessas, 55% representavam grandes redes, enquanto 45% representavam varejos independentes. Em 2016 o número de farmácias e drogarias privadas cresceu para aproximadamente 83 mil. Somente em São Paulo haviam 16.149, de acordo com o Conselho Federal de Farmácia. A grande questão que surge junto à discussão sobre a pulverização do varejo farmacêutico é quanto a inteligência por trás das roteirização para distribuição dos medicamentos. Tendo como objetivo buscar os melhores trajetos que um veículo deve fazer por meio de uma malha, visando a diminuição do tempo e a distância, a roteirização está intrinsecamente ligada à redução de custos logísticos. Elas utilizam-se de análises da frota de veículos disponíveis conjuntamente com a meta de montar cargas. Os percursos podem ser indicados e melhor pensados por meio de um software, que usa algoritmos matemáticos e que consideram diversos indicadores, como o volume e características da carga, a capacidade dos veículos, o controle de custos, o consumo de combustível, etc. A prática pode diminuir o tempo de entregas, assegurando a pontualidade da entrega, reduzir as distâncias percorridas, impactando diretamente na redução de combustível gasto, fazer melhor uso da frota, desgastando-a menos e reduzir custos como um todo por terem custos fixos previsíveis. Por não ser uma tarefa fácil para as grandes corporações, que muitas vezes possuem milhares de entregas, soluções como as a da Routific foram criadas. Fundada em 2012 no Canadá, a startup tem como missão construir otimizações para rotas de forma que sejam acessíveis, fáceis de usar e possíveis de serem integradas com qualquer plataforma de software. Outro fator que é levado em consideração no processo de distribuição é o de dimensionamento das cargas dentro dos veículos que irão transportar os produtos. Estima-se que entre 10% e 40% dos espaços de carga são perdidos por conta de ineficiência de planejamento na estufagem dos caminhões. Soluções como a da JettaCargo vêm chamando a atenção por terem como principal objetivo diminuir a porcentagem de carga perdida. Segundo Diego Rorig, co-founder da JettaCargo, os caminhões não carregam suas capacidades máximas, pois há a dificuldade de as empresas terem em sua frota diferentes caminhões e containers em tamanhos e formatos diferentes. Os responsáveis pelo dimensionamento não percebem as infinitas possibilidades de combinações que podem ser feitas ou realizarem cálculos imprecisos. O software da startup utiliza matemática aplicada para o planejamento e otimização de cargas. A plataforma processa as informações e cria um plano ideal de carga. A partir do plano, é feito o cadastro de mercadorias e de containers, levando em consideração as regras para o transporte, como peso por eixo, empilhamento, milk run, etc. O usuário pode realizar diversas simulações e cenários, tendo o poder de escolha quanto a redução de custos.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que

25% das vacinas chegam aos destinos finais deterioradas por conta de aproximadamente

uma falha na cadeia do frio, também conhecida em inglês como cold chain

Além dos motivos já listados, a roteirização é também estratégica para as empresas por poder prever rotas perigosas, com altas chances de roubo. No Rio de Janeiro, foram registrados 29 casos por dia e mais de dez mil em 2017. Se comparado ao ano anterior, que teve 9.784 casos, houve um aumento de 8,33% no número total de roubos. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do estado, a prática financia o crime organizado e o tráfico de drogas e armas. Somente em 2018 1.210 comunicados de roubo, furto ou extravio de cargas com medicamentos foram protocolados na Unidade de Atendimento ao Público (UNIAP) da ANVISA. Quanto aos casos relacionados à produtos para a saúde, como cicatrizadores, agulhas, algodões, cateteres e bolsas de termogel, 174 foram registrados. As tecnologias nessa etapa da cadeia são importantes não só para a redução de custos, mas também para assegurar que os medicamentos e preparações biológicas, como vacinas, cheguem ao destino final sem serem danificados ou estragados. Manter a temperatura estável em refrigeradores localizados em estabelecimentos fixos é um desafio. Certificar que, durante o transporte, a temperatura se mantenha em um intervalo de temperatura ideal é um desafio ainda maior e vem cada vez mais chamando atenção das empresas responsáveis pelo transporte e distribuição. No caso de vacinas, por exemplo, a temperatura ideal encontra-se entre +2 e +8°C, mas, em alguns casos, elas acabam sendo transportadas em temperaturas abaixo ou acima da ideal. A Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que aproximadamente 25% das vacinas chegam aos destinos finais deterioradas por conta de uma falha na cadeia do frio, também conhecida em inglês como cold chain, que é o processo que envolve as etapas de armazenamento, transporte e distribuição dos produtos que necessitam estar em temperaturas baixas. A grande causa dessa perda é a ineficiência do controle das temperaturas. Segundo a Agência Reguladora de Produtos Medicinais e de Saúde (MHRA), entre 30% e 40% das falhas são por esse motivo. Quanto à garantia da temperatura ideal no transporte e distribuição dos produtos, uma das soluções já disponíveis no mercado são os data loggers, pequenos dispositivos que podem ser acoplados às maletas térmicas e que registram a temperatura durante a viagem. Com sensores que contém comunicação sem fio, por meio da rede 3G, por exemplo, podem transmitir os dados para uma plataforma e emitir alertas sobre imprecisões de temperatura. Com eles é possível evitar perdas, além de poder identificar em quais etapas ocorrem falhas. A LIVETRACK, startup brasileira fundada em 2016 em São Paulo, foi criada justamente para ajudar a solucionar essa problemática. Disponibilizando sensores que podem ser instalados em embalagens, malotes, caixas térmicas, motos, carros ou caminhões, a startup permite que seus clientes acessem informações de >

BIG DATA PARA DECISÕES SEGURANÇA FÍSICA DE CARGAS

DRONES MONITORAMENTO EM TEMPO REAL

CIBERATAQUES

ROTEIRIZAÇÃO

DESPERDÍCIO DE MEDICAMENTOS

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Independente da área de atuação, todas as empresas estão no meio das mudanças tecnológicas. Pensando nisso, tomamos o cuidado de não sermos atropelados por essas transformações. Identificamos gargalos operacionais, vimos que algumas empresas do segmento de logística voltadas para a área de saúde poderiam nos ajudar e começamos a fazer pilotos. Um exemplo é a solução que estamos usando para fazermos a roteirização automática das rotas com rastreabilidade. A dLieve nos ajuda a fazer o acompanhamento das entregas com o objetivo de dar algo a mais para os nossos clientes. Temos cada vez mais tentando nos aproximar das startups de diversas áreas, como por exemplo as voltadas para coleta de resíduo e folha de pagamento, para conseguirmos desenvolver um modelo disruptivo dentro do nosso negócio e otimizar nossos processos. Nos contatos que tivemos com startups pudemos perceber que a velocidade é muito mais rápida. A relação entre corporações e startups, assim como os avanços tecnológicos, são inevitáveis. Não há mais retrocesso.

Thiago Amaral VP Comercial da RV ÍMOLA

temperatura, umidade e localização por meio de um aplicativo. Os dados armazenados pelo sistema podem ser utilizados de forma que sirvam como comprovação em possíveis fiscalizações e auditorias, além de serem a base para que os responsáveis pelo produto possam tomar uma ação proativa no caso de algum desvio e evitar que a carga seja perdida. Rodrigo Moraes, co-fundador da LIVETRACK, acredita que “existem muitas regulamentações, boas práticas e normas específicas que precisam ser atendidas e consideradas”, diz. A LIVETRACK já implantou sua solução para grandes players do mercado, como o Grupo Fleury, RV Ímola, Weinmann e A+ Medicina Diagnóstica. Rodrigo também acredita há muitas oportunidades de inovação e espaço para a adoção de novas tecnologias na área de saúde. “Por meio das novas tecnologias e inovações, a área de saúde poderá beneficiar mais pessoas, trazendo melhores resultados, com custos menores e maior eficiência. Não é mais uma questão de se haverá ou não inovação, e sim quando serão implementadas”, afirma. Além disso, ele considera que hoje nenhum negócio quer “acompanhar as informações e os seus indicadores olhando para um ‘retrovisor’; todos querem a informação em tempo real”. Entretanto, para isso acontecer de fato, Rodrigo ressalta a importância de entender o dia a dia e desafios da área. A startup americana Zipline, que já levantou mais de US$ 40 milhões em investimentos, aplica soluções com drones para transporte de produtos da saúde como vacinas e bolsas de sangue. Seu objetivo é facilitar o acesso a esses produtos a áreas remotas e com rapidez. A PillPack é um exemplo de startup de saúde que gera valor para todos os elos da cadeia. Com mais de US$ 120 milhões levantados em investimentos, a startup entrega recorrentemente na casa do paciente as medicações nas dosagens corretas para consumo. A Botfy desenvolve uma solução de monitoramento de violações e rastreamento, com aplicação para a cadeia fria. Com a solução, as empresas conseguem monitorar se houve algum tipo de violação na carga, por exemplo. A startup é acelerada no programa BrinksUp!. A startup brasileira Livetrack, desenvolveu uma solução IoT para o monitoramento de cargas na cadeia fria. Sua solução permite acompanhar a variação de temperatura das cargas por meio de sensores, sendo aplicada em empresas como o Grupo Fleury.

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HARD

SCIENCES

Quais são as principais oportunidades existentes na área da saúde em que as startups de hard science podem atuar? O setor de saúde como um todo foi um dos últimos a serem impactados pelo tsunami tecnológico que vem transformando setores como Finanças, Educação, Transportes, entre outros. Felizmente, esse momento chegou para a área de saúde. É possível dividir as Health Techs em dois grandes grupos: No primeiro grupo, estão as startups focadas na otimização do processo de atendimento ao paciente. As recém-criadas clínicas populares são exemplos desse tipo de empresa. Essas startups não são consideradas exatamente hard-science, mas por trás de seus produtos existem tecnologias relevantes como telemedicina, inteligência artificial e big data. O segundo grupo de startups é focado em tecnologias que impactam diretamente tratamentos e novas aplicações, seja por meio de devices médicos inovadores ou novos compostos medicinais. Neste grupo encontram-se as startups mais hard-science que, em geral, possuem corpo técnico muito focado em atividades de P&D e interface com instituições de pesquisa de ponta. Estes dois grupos de startups exploram novas oportunidades de modelos de negócio - sejam elas B2C ou B2B – e vêm transformando a indústria como um todo. Por que investir em negócios deste perfil? As health techs têm proporcionado um nível de personalização da medicina como nunca antes se viu na história do setor. Seja por meio de atendimentos mais ágeis e precisos, ou pela criação de novos compostos medicinais feitos sob medida pelo paciente, a revolução causada pelas startups de saúde é um caminho sem volta que transformará para sempre a relação entre empresas, médicos e pacientes.

Fernando Wagner da Silva, Head de Venture Capital na Bozano Investimentos

O que vocês esperam dos negócios que estão inovando nesta área? Sob o ponto de vista de investimento, entendemos que as startups de saúde têm grande potencial de retorno. Como em todo setor impactado pela tecnologia, as empresas que fazem parte do establishment tendem a adquirir as novas entrantes, a múltiplos bastante atraentes. As tradicionais gigantes do setor de saúde estão se movimentando e já começaram a adquirir startups do setor. Quais são os principais desafios a se superar para vermos mais investimentos e negócios nascendo nesse segmento no Brasil? Principalmente por lidar com vidas humanas, o setor de saúde é extremamente conservador e resistente à adoção de novas tecnologias. Entendemos que a revolução tecnológica no setor passa por um processo que se inicia desde a formação dos profissionais de saúde, com cursos de medicina que já incluam em suas ementas elementos como medicina robótica, nanotecnologia e outros.Os hospitais também precisam se preparar para essa revolução tecnológica, modernizando seu parque de equipamentos e oferecendo cursos de capacitação para seus profissionais. Por fim, é importante que haja uma aproximação maior entre as startups e as academias e centros de pesquisa, incluindo uma abordagem diferenciada no que diz respeito ao tratamento de propriedade intelectual desenvolvida em conjunto pela empresa e universidade. Muitos potenciais negócios são inviabilizados pela falta de flexibilidade das universidades no compartilhamento de propriedade intelectual.

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Aprofundamento Fabricantes Responsáveis pela produção de medicamentos, máquinas, equipamentos e aparatos relacionados à área da saúde, os fornecedores são extremamente importantes para o funcionamento da cadeia de saúde. Eles têm sido cada vez mais ativos na busca de soluções inovadoras, sendo responsáveis pela injeção de dinheiro na aceleração e parceria de pesquisas e desenvolvimento de startups de hard science, medicamentos e outras frentes além dos medicamentos (beyond the pills). Segundo dados do IMS Health divulgados pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), entre abril de 2015 e abril de 2016 o setor farmacêutico faturou aproximadamente R$ 66 bilhões, 10% a mais do que no ano anterior e, no primeiro semestre de 2017, foram comercializados 1,8 bilhão de medicamentos. Estima-se que o mercado farmacêutico brasileiro deve alcançar a 5ª posição no ranking dos países com maiores faturamentos mundiais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, da China, do Japão e da Alemanha. De acordo com a Abradilan (Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos), entre janeiro e abril de 2016 as empresas distribuidoras de medicamentos, produtos para a saúde, artigos de higiene pessoal e cosméticos faturaram mais de R$ 5 bilhões, comercializando mais de 300 milhões de unidades de remédios, que representam um aumento de 21,7% no faturamento e de 16% em medicamentos vendidos, em relação ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, apesar de esses números estarem em crescimento constante, um dos principais problemas que ainda envolvem medicamentos e a saúde pública brasileira atualmente é em relação ao desperdício. Assim como foi levantado em uma reportagem realizada pela BBC Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta, em média, R$ 7,1 bilhões anualmente em compras de remédios de alto custo. Esses medicamentos são utilizados para doenças, como epilepsia, esclerose múltipla, Alzheimer e síndromes como Lennox-Gastaut e Guillain-Barré. Ampolas de remédios, como o Remicade, utilizado para o tratamento da doença de Crohn, pode chegar à um valor de R$ 5 mil reais a dose. Segundo relatório divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em abril de 2017, mais de 10 estados descartaram esses tipos de medicamentos entre 2014 e 2015, estimando em R$16 milhões em perdas. As principais razões apontadas pelo estudo foram a expiração do prazo de validade e a falta de controle dos estoques. Esses números representam não só uma perda financeira, mas também um prejuízo sem escalas para os próprios pacientes.

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a

posição É a posição estimada que o mercado farmacêutico brasileiro deve alcançar no ranking dos países com maiores faturamentos mundiais

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R$

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É quanto o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta, em média, anualmente em compras de remédios de alto custo

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Uma das recomendações feitas pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União foi o desenvolvimento de um sistema que automatizasse a programação das compras e que pudesse dar aos operadores o controle de estoque. A PillPack é um exemplo de startup estrangeira que atua com soluções semelhantes às que o Ministério citou. Por meio da plataforma da startup é possível que as indústrias farmacêuticas consigam ter um maior controle da produção por conta da identificação de padrões de compras. Fundada em 2013 nos Estados Unidos, a PillPack já participou de 5 rodadas de investimento, nas quais arrecadou aproximadamente US$120 milhões. A startup comercializa um serviço que entrega na casa do cliente refis automáticos de medicamentos, embalados por doses diárias. A equipe da PillPack é responsável por fracionar os medicamentos, realizar a logística e ser o canal de comunicação entre as seguradoras e os profissionais da área de saúde. Alguns dos dados que influenciaram a criação da startup foram em relação às prescrições médicas. Estima-se que, em média, diariamente 40 milhões de norte-americanos adultos recebem ao menos 5 prescrições, mas apenas 50% deles seguem o tratamento. No Brasil, entretanto, a prática de fracionamento para comercialização em farmácias ainda está sendo analisada. Em 2017 foi apresentado um projeto de lei (PLS 98/2017) que sugeria a obrigatoriedade do fracionamento de medicamentos “a fim de assegurar venda na quantidade prescrita, sob responsabilidade solidária dos agentes envolvidos na produção e venda ao consumidor final”. De acordo com o Conselho Federal de Farmácia, o fracionamento pode fazer com que os pacientes tenham mais adesão no tratamento, diminua o acúmulo de produto nos domicílios e, consequentemente, também diminua a automedicação. A oportunidade de negócio em venda de medicamentos online não foi vista somente pela PillPack. A Amazon, uma das principais empresas de comércio eletrônico, vem estudando a possibilidade de entrar no ramo farmacêutico. A empresa, que teve aproximadamente US$ 178 bilhões em receitas somente em 2017, se tornou referência em modelo de marketplace por garantir as entregas de ponta a ponta. Atualmente já conta com uma sessão de equipamentos médicos, como estetoscópios, termômetros, balanças e faixas de compressão. Seu interesse pelo setor farmacêutico, que é multimilionário, se deu principalmente nos últimos anos, tendo em vista o crescimento gradual dos planos de saúde nos Estados Unidos. Ryne Natzke, advisor na HealthX Ventures, em entrevista ao portal MedCityNews, afirma que há potencial na estratégia e que consegue imaginar a Amazon “enviando automaticamente uma semana de doses com embalagens mais simples, reduzindo a confusão para os pacientes que lutam com o gerenciamento de vários medicamentos. Além disso, seria outra opção para os hospitais se a Amazon também quiser ir atrás do mercado B2B”.

Diariamente 40 milhões de norte-americanos adultos recebem ao menos 5 prescrições, mas apenas 50% deles seguem o tratamento

Quanto à inovações na produção de medicamentos, vemos as pílulas robóticas chamando cada vez mais a atenção. Um exemplo é a pílula desenvolvida pela Rani Therapeutics, startup norte-americana criada em 2012. Apesar de ainda estar na fase de testes clínicos, já participou de 6 rodadas de investimento nas quais, no total, arrecadou mais de US$ 107 milhões e que tiveram a participação de empresas importantes, como a Novartis, grupo farmacêutico suíço, a GV (antiga Google Ventures) e a GeneScience Pharmaceuticals. A Rani é responsável por desenvolver uma pílula que possui pequenas agulhas feitas de açúcar, que, quando empurradas contra a parede do>

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Foi pensando no fato das pessoas prezarem cada vez mais pela comodidade, da maioria dos pacientes crônicos comprarem os mesmos medicamentos todos os meses e da taxa de aderência ao tratamento ainda ser muito baixa que criamos a nossa solução. Disponibilizamos um serviço de assinatura que garante a gestão do tratamento contínuo e entrega os medicamentos na casa do paciente na quantidade correta sempre antes deles terminarem. Consequente à essas mudanças de comportamento do consumidor, o restante da cadeia, indústria, distribuidores e drogarias, também precisou mudar o mindset. Para eles, entregamos inteligência de mercado. Para que inovações sejam implantadas de fato na área, vemos que há questões, principalmente regulatórias, que dificultam. Uma das grandes barreiras que enfrentamos hoje está relacionada a venda remota de medicamentos controlados e do programa farmácia popular. Ainda assim, acreditamos que as inovações centradas nos pacientes poderão unificar a cadeia e entregar valor para todos.

Gabriela A. Balazini CEO da RemédioCerto

intestino, fazem com que o medicamento possa entrar na corrente sanguínea. A proposta é que a cápsula da Rani possa substituir injeções feitas por agulhas de medicamentos, como insulina e tratamentos para artrite reumatóide, psoríase e esclerose múltipla. Já há também no mercado as pílulas inteligentes, chamadas de smart pills em inglês. Uma das mais conhecidas é a Abilify MyCite, que contém aripiprazol, utilizado no transtorno bipolar ou esquizofrenia, e um sensor que, quando entra em contato com o fluido estomacal, é ativado com o objetivo de detectar se o medicamento foi realmente tomado. O sensor transmite a informação para um wearable que envia os dados para um aplicativo o qual tanto o paciente quanto o médico responsável pode ter acesso. A pílula foi desenvolvida pela Proteus Digital Health, startup fundada na Califórnia em 2001 e que já captou mais de US$ 400 milhões de dólares, responsável pela criação do sensor, e pela Otsuka Pharmaceutical Co., companhia farmacêutica japonesa. Além das pílulas robóticas e inteligentes, as impressões 3D de medicamentos também ganhado espaço na discussão sobre inovações em medicamentos. Tais inovações disruptivas relacionadas aos medicamentos, não só no Brasil, mas como em outros países, requerem validações rígidas de órgãos regulamentadores. Para Michele Fanti, especialista em assuntos regulatórios, a figura dos órgãos que regulamentam e aprovam tais inovações é imprescindível. “Quando tratamos sobre novos medicamentos ou qualquer outro produto sob vigilância sanitária (ex: equipamentos médicos) é preciso assegurar a proteção do paciente, garantindo que estes produtos sejam seguros, eficazes e que tenham qualidade”, afirma. Michele destaca a importância dos estudos pré-clínicos e clínicos para certificar que o produto dê segurança ao paciente, principalmente em invenções totalmente disruptivas. “É necessário entender como se comportam em estudos controlados e com menor número de pacientes antes de comercializá-los em massa. Para isso, é essencial que se tenha uma avaliação pelos órgãos reguladores para assegurar que o benefício dos mesmos são maiores que os riscos a população”. Esses registros, muitas vezes são interpretados pelos empreendedores como uma barreira. Michele acredita que a exigência de dados clínicos para comprovação de segurança e eficácia dificilmente deixará de ser solicitado para produtos de inovação radical. Por outro lado, ela questiona: “será que as tecnologias não poderiam ser usadas para otimizar esse processo?”. Segundo ela, há uma janela de oportunidade quanto às inovações, principalmente nas primeiras etapas do desenvolvimento de um produto. As regulamentações não são necessárias apenas para a criação de novos medicamentos. Equipamentos e aparelhos médicos também precisam da aprovação da ANVISA e, em muitos casos, quando há partes mecânicas e/ou elétricas, também da certificação do INMETRO. E é nessa etapa de regulamentação do equipamento que o Wheelie, software capaz de fazer reconhecimento de >

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expressões faciais, está. Com ele é possível comandar cadeiras de rodas, permitindo que cadeirantes com restrições de movimento possam se locomover com mais facilidade. Quando aplicado aos leitos hospitalares, o Wheelie consegue fazer a detecção de espasmos, desmaios e posição do corpo dos em pacientes de UTI. A HOOBOX, que é a criadora do Wheelie, foi fundada em Campinas em 2016, onde foi selecionada pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp). Além de ser investida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, também foi selecionada para o programa Johnson & Johnson Innovation, no JLABS, nos Estados Unidos, onde, atualmente, busca certificação do FDA para atuar como um medical device. Os medical devices estão cada vez mais atraindo investimentos. De acordo com o relatório divulgado pelo CB Insights, 2017 bateu o recorde, com mais de US$ 6 bilhões investidos em startups que apresentam soluções nesta linha. De acordo com o FDA, são um instrumento, aparato, implemento, máquina, invenção, implante, reagente in vitro ou outros similares, incluindo componentes ou acessório, reconhecidos pelo National Formulary ou pela Pharmacopeia dos Estados Unidos e que têm como objetivo diagnosticar, curar, mitigar, tratar ou prevenir uma doença ou uma condição em humanos ou outros animais, ou que tenham a intenção de afetar a estrutura ou função do corpo de um ser humano ou animal. Eles são regulamentados em três classes: 1, que pode dar pouco risco ao paciente, como fios dentais, 2, que pode dar um risco moderado, como camisinhas e testes de gravidez, e 3, que podem representar um alto risco, como válvulas e marcapassos, que não são vendidos aos consumidores comuns. Essas normas e suas particularidades são algumas das regras que os empreendedores devem saber de cor, de acordo com Paulo Pinheiro, CEO e co-fundador da HOOBOX. “Não há como burlar as regras. As startups, por outro lado, podem montar uma equipe e um bom time de consultoria que entendam sobre a área e suas peculiaridades de regulamentação”, afirma. E, para isso, “o empreendedor precisa quebrar esse escudo de que é extremamente difícil obter a aprovação da ANVISA. É um jogo com regras claras e tem de acontecer impreterivelmente”, completa. Além disso, a transparência do processo junto aos órgãos regulamentadores e aos investidores é muito importante. “Cabe aos empreendedores fazerem o dever de casa, terem todas as informações sobre o desenvolvimento do projeto de forma clara e concisa e também compartilhar com os investidores o andamento do processo da aprovação da ANVISA”, diz. Quanto ao acesso às informações que possam dar o embasamento, Paulo acredita que o ambiente em que os empreendedores estão inseridos nos Estados Unidos faz com que eles aprendam de forma muito mais facilitada do que no Brasil. “Nos Estados Unidos o empreendedor comum, que está começando agora, encara as normas do FDA com mais naturalidade. Eu fui aprendendo no dia a dia. Todos falam sobre isso porque ou têm um caso parecido com o seu ou conhecem alguém que tenha”, conta Paulo. Essa também foi uma dificuldade enfrentada por Luiz Fernando Silva Borges, de 19 anos. Luiz, inspirado em um experimento científico que analisa a atividade cerebral de pessoas em coma ou em estado vegetativo, estudou sobre a tecnologia de interface cérebro-máquina e procurou portabilizar todo o esquema de identificação e detectar modulações voluntárias na atividade cerebral de forma não invasiva ao lado do leito do paciente.>

PÍLULAS ROBÓTICAS

REGULAMENTAÇÕES HARD SCIENCES INTEGRAÇÃO NA CADEIA

CIBERATAQUES

RASTREABILIDADE DA DEMANDA

BEYOND THE PILLS

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Queremos ser parte da transformação digital que está acontecendo no segmento de saúde, não só focando em medicamentos, mas também indo além do produto. Apps e serviços digitais já são realidade e vem melhorando a vida de nossos pacientes. Digital também é uma importante alavanca para levarmos informações relevantes sobre os nossos produtos para o médico, diferentes formas de engajar e levar a mensagem certa no momento certo vem sendo testada. Para inovar é imprescindível ter bons parceiros do nosso lado e é assim que vemos as startups. Elas são muito mais rápidas, com baixo custo e disruptivas comparadas aos modelos tradicionais. A inovação pode vir customizada para nós e, por outro lado, podemos ajudá-las a escalar seus modelos. É com certeza uma parceria de ganha-ganha. É difícil prever os próximos 5 a 10 anos, mas com certeza o segmento de saúde irá mudar drasticamente. Queremos estar em uma boa posição quando isso acontecer.

Juliano G. Arnais Head of Multichannel Marketing da Sanofi

Criou um equipamento, concentrado em uma maleta, baseado em um encefalograma, que, sozinho, é plug & play. Ele é conectado por meio de antenas no paciente e os fones de ouvido dão instruções, com uma interface intuitiva. O programa desenvolvido tem uma rotina pré-programada dessa atividade cerebral, com perguntas pré-programadas. É treinado para reconhecer como estão as ondas cerebrais da pessoa quando ela afirma ou nega as perguntas. Ele coleta os dados das ondas cerebrais e usa a possibilidade dessa imaginação para responder perguntas de conhecimento geral. Se a pessoa conseguir responder 60% dessas perguntas de forma correta, há a evidência que ela é responsiva e é possível estabelecer um canal de comunicação bidirecional entre ela, a família e a equipe médica. A inovação, que foi feita no quarto do jovem, já passou pela fase dos testes clínicos após 7 meses e agora está na iminência de conseguir autorização para a próxima fase de testes, que serão feitos na Santa Casa do Mato Grosso do Sul. Luiz acredita que burocracia na ciência brasileira, em todas suas formas, é o que engessa as inovações na área. “A primeira dificuldade que enfrentei foi em relação ao patrocínio. O segundo foi quanto à importação dos equipamentos científicos.>

A startup americana Rani, que já levantou mais de US$ 100 milhões em investimentos, está desenvolvendo uma solução oral para a assimilação de medicamentos que antes precisavam de ser injetadas. Ainda em fase de aprovação, a startup tem como investidora a Novartis. A Flatiron, que levantou mais de US$ 300 milhões em investimentos e posteriormente foi adquirida pela Roche, desenvolve inteligências capazes de monitorar e aprender com os pacientes com câncer, gerando informações relevantes para pesquisas na área. A RemédioCerto, startup brasileira, oferece uma solução de controle e reposição de remédios para o paciente. Atualmente funcionando para o uso de anticoncepcionais, a startup consegue entregar informações relevantes sobre uso e demanda para os demais elos da cadeia. A startup brasileira GnTech foi fundada em 2012 e trabalha com a análise do genoma humano para aumentar a qualidade de vida das pessoas e tornar os tratamentos médicos mais eficientes. A startup é uma das selecionadas do programa da Eurofarma.

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É uma tristeza como é feita a solicitação para importação deles. Depois que você consegue solicitar, o tempo que fica parado na alfândega é enorme e isso prejudica o andamento da pesquisa. A terceira dificuldade foi com a submissão do protocolo para a ANVISA e para o INMETRO. Todos eles poderiam ser muito mais alinhados e ágeis, como é feito pelo FDA”, conta. Como próximos passos, Luiz conta que pretende participar de uma segunda rodada de investimentos e trabalhar com dois possíveis modelos de negócio: a venda para as instituições clínicas, para que possam ter um equipamento por leito de UTI, pois é o método mais preciso de verificação de responsividade, e a venda ou aluguel focados em B2C, para cuidadores de home care, por exemplo. Segundo ele, as pesquisas que realizou tiveram como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas. “Não existe algo mais importante no mundo do que a vida humana. Portanto, inovar em saúde é essencial porque as pessoas sempre precisam de soluções mais rápidas, melhores e mais baratas. Nunca devemos parar de oferecer às vidas humanas condições melhores”. Para o futuro da área de saúde no Brasil, Luiz espera ver tecnologias de ponta sendo aplicadas na saúde pública, que, segundo ele, precisa ser guiada por soluções administrativas lógicas. Entretanto, para isso, é preciso que haja fomento e incentivo privado às inovações na área da saúde, que, segundo ele, “ainda é muito tímido em investimento de pesquisas de base, que não tem retorno imediato ou expectativa de retorno”. As inovações tecnológicas que aprimoram e aceleram mudanças na área de saúde vêm ganhando cada vez mais espaço no mundo corporativo. Grandes empresas, como a General Electric Healthcare, já veem as parcerias com empresas de tecnologia como uma oportunidade. A empresa, reconhecida por suas soluções em tecnologias de informação e imagens médicas, realizou, em 2017, uma parceria com a NVIDIA, líder em computação de inteligência artificial, para acelerar o processamento imagens da máquina de tomografia New Revolution Frontier CT. Outro exemplo de grande corporação que vem trabalhando com oportunidades de inovação por meio de parcerias é a Roche, uma das principais empresas de produtos farmacêuticos. Além de outras 40 aquisições, a Roche comprou, em fevereiro deste ano, a Flatiron Health por US$ 1.9 bilhão. Responsável por coletar e analisar dados sobre tratamentos de pacientes com câncer, a startup, fundada em 2012, ajudará a empresa a acelerar as pesquisas de medicina personalizada na área de oncologia, por meio de uma visão mais precisa e digitalizada sobre os resultados dos diferentes tratamentos aplicados em casos clínicos reais. Elton Silva, IT Latam Digital Head da Roche, acredita que muitas inovações, como as pílulas inteligentes, os medicamentos personalizados e as terapias genéticas, têm benefícios inquestionáveis aos pacientes e a eficiência de todo o sistema de saúde. Entretanto, no Brasil, “ainda não há maturidade tecnológica e integração de visão o suficiente para que essas inovações sejam massificadas. Para isso, é preciso investir em pesquisa e focar nas necessidades dos pacientes de maneira transversal ”, afirma. Ele ressalta que isso só é possível se as barreiras de cultura de inovação em toda cadeia forem quebradas. “Só conseguiremos ter resultados finais melhores quando quebrarmos as barreiras, para que consigamos atuar com uma fundamentação mais científica e econômica, pensando no valor total que entregamos para sociedade e não só para maximizar um dos componentes da equação”, diz. Outra área que cita ter grande potencial para ser beneficiada da utilização de soluções digitais é a realização de estudos clínicos. Em todas as fases do processo, desde o registro, recrutamento, monitoramento e análise de resultados, há oportunidades para diminuir drasticamente o tempo e o custo das atividades, permitindo aumentar a qualidade e a velocidade dos estudos. Para Michele Fanti, as parcerias feitas entre o Governo, os órgãos reguladores, as grandes corporações e as startups são essenciais, principalmente no setor que é responsável pela fabricação dos produtos, medicamentos e equipamentos. “O mundo atualmente é de conexões e, para as inovações de alto nível serem implantadas de fato na área de saúde, é preciso que todos se conectem. Hoje já há iniciativas que provam que isso é possível. Talvez não seja a velocidade ideal, mas eu vejo que o mindset está mudando. Se as pessoas entenderem que o propósito é todos se conectarem e colaborarem, avançaremos a área de saúde de uma maneira sem precedentes”.

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Atualmente, o mercado em que as Health Techs estão inseridas ainda está em fase de amadurecimento no país. Todas as tecnologias emergentes, como inteligência artificial, telemedicina e até wearables, que são aplicadas a esses mercados, ainda estão em fase de maturação e vão entregar um grande valor nos próximos 5 a 7 anos. São oportunidades muito boas para investimento, Marcelo Sato, partner na Astella Investimentos mas precisam de um prazo maior para se fixarem. Olhando para a estrutura de fundos de Venture Capital brasileiros, comumente nosso tempo de mandato de capital é ainda curto quando comparado com o timing das Health Techs. Vemos que, fora do Brasil, há um apetite maior de grandes agentes do mercado, que já conhecem a área e que já absorveram uma visão de longo prazo nesses investimentos. Aqui, estamos começando a desenvolver teses mais focadas em Health Techs, que é um mercado super interessante em termos de tecnologia e inovação. O mercado no exterior é muito mais setorizado do que no Brasil. É possível encontrar fundos exclusivos para as Health Techs e, por ter a característica de ser um fundo exclusivo para o segmento, eles conseguem montar uma estrutura mais adequada para esses tipos de investimentos. São dois fatores que explicam o número reduzido de fundos específicos para saúde no país: o mercado aqui não é tão amadurecido quanto o internacional e ainda estamos focados em modelos de softwares e digital, que apresentam grandes ganhos e oportunidades. Existem muitas empresas no segmento da saúde que querem investir no mercado, mas ainda não sabem a melhor forma. Um caminho natural e que poderia ajudar a superar esses desafios seria termos investimentos maciços e formação de base científica, com uma forte estruturação do desenvolvimento acadêmico até sua consolidação em modelos e negócios aplicáveis.. Neste mercado, a capacidade técnica e conhecimento do founder e equipe são de extrema importância. Um outro grande movimento poderia vir das grandes famílias que ainda são ou já foram atuantes na cadeia da saúde e que hoje querem investir em Health Techs mais com uma cabeça de investidoras e menos de criar um negócio, visto que tiveram liquidez e hoje têm capital para poder investir nesse segmento. A área de saúde tem um potencial gigantesco e o Brasil tem um mercado importante e grande. Hoje o grande ponto é o quanto se consegue amadurecer o mercado no sentido de ter um deal flow de investimentos para a área. O grande desafio de nós, investidores, é como começar, a partir de agora, fomentar as outras adjacências de investimento que são pouco exploradas no país.

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CONCLUSÃO A cadeia da saúde oferece inúmeras possibilidades para a criação e atuação de startups, seja em formatos de parceria com os grandes players existentes ou como agentes transformadores dos modelos de negócios atuais e até na criação de novas tecnologias que podem vir a ser aplicadas em processos mais elaborados. O que podemos observar neste estudo é que apesar da barreira criada pela possível complexidade existente das regulações vigentes, existem iniciativas que estão promovendo mudanças substanciais na maneira como os elos da cadeia interagem e percebem valor. Nosso primeiro elo abordado foram os usuários. Conseguimos observar uma série de soluções sendo concebidas para que cada indivíduo possa desenvolver sua auto-saúde, motivados por questões de mudança de comportamento e perfis e acesso às informações, e também impulsionados pela necessidade dos demais players em prevenir doenças e garantir a aderência de tratamentos longos e de crônicos. Cada vez mais veremos os apps e wearables como catalisadores destes processos, alinhados a AI para garantir a consistência das informações dispostas aos usuários. Os intermediadores são centralizadores (ou a convergência) de muitas das oportunidades existentes no setor. Com a necessidade de buscarem soluções para ajustar a balança entre os desafios internos dos planos de saúde, prestadores e os usuários, startups que ajudam no controle de uso, fraudes, eficiência operacional e prevenção surgem como importantes agentes dessa transformação. Além disso, essa reconfiguração do mercado, abre oportunidades para o surgimento de novos modelos de negócios, como alternativas aos planos convencionais. Na terceira etapa dessa cadeia temos os operadores e servidores. Dentre diversas oportunidades que surgem com as mudanças dos demais elos, a tendência que se observa é com relação aos ganhos que podem ser obtidos por meio de aplicação de inteligência nos dados capturados por esses atores. Ganhos em triagem, análise de exames, predição de comportamentos e acompanhamento de crises, trazem oportunidades diretas de redução de custos e melhora da experiência dos pacientes, além de adicionar maior eficácia nas análises. Quando abordamos os distribuidores, verificamos o desafio de garantir que os medicamentos sejam entregues da melhor forma, eficientemente e respeitando suas características específicas. É relevante o prejuízo causado por deterioração de vacinas e amostras, além da falta de capilaridade e disponibilidade de medicamentos em um país com a dimensão como a do Brasil. Startups aparecem com soluções para roteirização, alocamento e monitoramento de cargas, além de modais alternativos para garantir a função principal deste elo. Por último, ao explorar o elo dos fabricantes, verificamos um dos cenários mais complexos para inovação pelo risco assumido, processos e regulação. Por isso, buscam-se soluções para inovarem além da pílulas (beyond the pills), ajudando os demais players da cadeia a captarem de maneira integrada as informações necessárias para a busca por eficiência nos processos atuais e o surgimento de novos negócios. A aplicação de inovações advindas de Health Techs ainda são tímidas no Brasil por uma série de fatores e/ou combinação destes. Regulamentação, altos investimentos, prazos longos para desenvolvimento, processos burocráticos, concentração em grandes players e apetite ao risco destes para causar disrupção são alguns deles. Mas, apesar destes pontos, o mercado está se movimentando para sair da inércia e começa a se abrir, buscando por mudanças de ações e atitudes, com dois primeiros objetivos principais nesta agenda: busca pela eficiência operacional e integração.

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