Viajar Magazine - Março 2020

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ESPECIAL

MAGAZINE PARA PROFISSIONAIS Nº 375 - 2ª série - Preço 2,00 €

LUÍS PEDRO MARTINS

PRESIDENTE DA TPNP

"Porto e Norte está mais forte do que nunca"

GRANDE ENTREVISTA

FRANCISCO PITA

CCO DA ANA AEROPORTOS

ENTIDADES E SECRETARIAS REGIONAIS

As opiniões dos responsáveis RAÚL RIBEIRO FERREIRA

PRESIDENTE DA ADHP

"Temos de parar com hipocrisias" ALOJAMENTO LOCAL

ENTREVISTA COM

EDUARDO MIRANDA PRESIDENTE DA ALEP

MSC GRANDIOSA O NOME DIZ TUDO!

‘‘Montijo vai privilegiar a eficência e a qualidade da experiência do passageiro’’

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AVIAÇÃO COMERCIAL E TURISMO MARÇO 2020



VIAJAR 2020 / MARÇO

Em Foco

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Observação

República Dominicana é o Destino Internacional Convidado da BTL 2020

A FUTURO (IN)CERTO… Não é fácil fazer prognósticos do que será o Turismo em Portugal durante o ano de 2020. Após vários anos de crescimento explosivo, torna-se cada vez mais difícil continuar a crescer a este ritmo, já para não dizer impossível mesmo. Os especialistas dizem que manter a fasquia alta do nosso turismo passa apenas pelo “sermos diferentes” e pelo “sabermos reinventar-nos”. Mas fica a questão… o que há mais para reinventar quando temos o principal aeroporto do país a “arrebentar pelas costuras” e o outro que teima em não sair do papel. A pensar em todas essas questões, nesta edição decidimos entrevistar Francisco Pita, CCO da ANA Aeroportos, assim como o presidente da Entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal, região de turismo convidada da BTL. Além disso, decidimos dar voz a todas as restantes regiões de turismo portuguesas, sem exceção, para poderem dar a conhecer um pouco do que está a ser feito em cada uma delas. E como o turismo em Portugal só consegue evoluir com a aposta constante de novas companhias aéreas, oriundas dos quatro cantos do mundo, como é o da Qatar e da Finnair, não deixe de ler as entrevistas aos responsáveis por estas duas transportadoras no país. A visão dos hoteleiros está presente através da Associação dos Diretores dos Hotéis de Portugal e do alojamento local através da associação que representa esta área de negócio, a ALEP. Tudo isto e muito mais nesta edição da VIAJAR!

REPÚBLICA DOMINICANA é o Destino Internacional Convidado da 32ª edição da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, a decorrer na FIL – Feira Internacional de Lisboa, de 11 a 15 de março. Para Dália Palma, gestora da BTL, esta escolha deve-se ao grande dinamismo que esta representação turística demonstra todos os anos ao participar na Bolsa de Turismo de Lisboa, referindo que “faz todo o sentido reforçarmos as relações com o Turismo da República Dominicana pela diversidade de oferta turística que apresenta. Além disso, temos conhecimento que é um dos destinos de maior interesse para os principais Operadores Turísticos portugueses”. Karyna Font-Bernard, diretora do Turismo da República Dominicana para Espanha e Portugal, afirma que “este convite foi recebido com um enorme entusiasmo uma vez que o mercado português tem uma grande importância para nós. Todos os anos registamos um aumento de turistas portugueses na ilha caribenha por isso sabemos que temos de continuar a apostar

DIRETOR Francisco Duarte CHEFE DE REDAÇÃO Sílvia Guimarães EDITOR Silva & Rocha Editores, Lda DIREÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADE Rua Jaime Batalha Reis, nº 1C- r/c C 1500-679 Lisboa Telfs.: 21 7543190 • e-mail: viajar@silroc.pt

neste mercado, tendo como objetivo manter este crescimento de forma continua. As praias paradisíacas de água quente e a existência de charter diretos para o destino são grandes impulsionadores na escolha dos portugueses. No entanto, a República Dominicana tem muito mais a oferecer e são os destinos menos conhecidos que queremos também trazer à edição da BTL deste ano”. Assumindo-se como Destino Internacional Convidado da BTL, Karyna Font-Bernard acrescenta ainda que “Portugal é um país chave na estratégia de crescimento do turismo, o que motiva o reforço na aposta e promoção do destino durante a principal feira de turismo do país, como a gastronomia típica, as praias mais bonitas do mundo e campos de golfe de renome internacional”. O stand do Turismo da República Dominicana (no pavilhão 4) promete trazer muita animação à Feira e convidar todos os presentes a ficarem a conhecer um destino multifacetado e apaixonante, repleto de cultura, música, dança, tradição, praias paradisíacas e muito mais.

FOTOGRAFIA Arquivo, Fotolia

IMPRESSÃO Ligação Visual Lda

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TIRAGEM: 7 000 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 10 534/85 REGISTO NO ICS: 108098 de 08/07/81 PROPRIETÁRIA: Ana de Sousa Nº Contribuinte: 214655148


Entrevista

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VIAJAR 2020 / MARÇO

LUÍS PEDRO MARTINS, PRESIDENTE DA ENTIDADE DE TURISMO DO PORTO E NORTE DE PORTUGAL (TPNP)

“A organização [TPNP] está mais forte do que nunca” O PORTO E NORTE É DESTINO NACIONAL CONVIDADO DA BOLSA DE TURISMO DE LISBOA DESTE ANO. A VIAJAR ESTEVE À CONVERSA COM LUÍS PEDRO MARTINS, QUE ASSUMIU, HÁ POUCO MAIS DE UM ANO, A PRESIDÊNCIA DA ENTIDADE QUE REPRESENTA A REGIÃO TURÍSTICA MAIS A NORTE DO PAÍS. Por Sílvia Guimarães

VIAJAR – Em Janeiro do ano passado tomou posse como presidente da Entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal. Qual o balanço que faz deste primeiro ano de mandato, sobretudo por ter “agarrado” na entidade quando estava, digamos, muito fragilizada? LUÍS PEDRO MARTINS – Está a ser um bom desafio, tenho a vantagem de gostar de “agarrar” em projetos difíceis e de poder, com a nossa ação, alterar o rumo da sua história. Claro que isso só é possível se existir uma estratégia bem definida e, no nosso caso, temos tudo bem planeado. Este primeiro ano obrigava à resolução urgente de alguns dossiers. A TPNP não estava a viver o seu melhor momento e era urgente, por um lado, tranquilizar os colaboradores e, por outro, pacificar a relação com instituições estratégicas para o nosso sucesso. Tínhamos igualmente de dar prova de vida na região e credibilizar a entidade. Tinham saído imensas notícias pouco abonatórias e era urgente inverter a situação. Hoje temos um lema – “Desconforto combate-se com conforto” – e é isso que estamos a fazer. Apesar das dificuldades conjunturais, conseguimos apoiar inúmeros projetos importantes para a promoção do destino e não falhamos

nenhum dos nossos compromissos internacionais, nomeadamente a participação nas feiras de turismo de Portugal e de Espanha. Temos um Plano de Atividades ambicioso, mas estamos no bom caminho. O passado não nos diz respeito, estamos com os olhos postos no presente e no futuro e, felizmente, hoje já é possível separar o que é a atual dinâmica e prática da TPNP e o que são os processos, infelizmente demasiado mediáticos, mas que dizem respeito ao passado.

CIM, os privados que atuam no Porto e Norte, o Aeroporto do Porto e a Associação de Turismo do Porto (ATP). Esta última, digase, num trabalho que dará em breve espaço para uma nova forma de colaboração, mais próxima e articulada e com a perspetiva do presidente da TPNP poder vir a presidir também à ATP.

REGIÃO DE TURISMO VERSUS ASSOCIAÇÃO DE TURISMO

V – Tem sido uma tarefa difícil conseguir que voltem a confiar na TPNP, entre os quais os próprios recursos humanos da Entidade, 86 municípios, secretaria de Estado…? LPM – Tem sido bastante fácil. A organização está mais forte do que nunca, os colaboradores empenhados e a demonstrarem grande disponibilidade para colocar em curso o Plano de Atividades que, como já disse, é ambicioso. Em relação aos nossos parceiros, melhor era impossível. Em tempo recorde criámos novas pontes com instituições tão importantes para nós como o são a Secretaria de Estado do Turismo, o Turismo de Portugal, a CCDRN, os 86 municípios que compõem a região, as oito

V – Já tinha anunciado que, até ao final de 2019, iria assumir também a presidência da Associação de Turismo do Porto e Norte. Até o momento não aconteceu. O que se passa? LPM – Estamos a construir um caminho comum para o Porto e Norte em termos de estratégia de promoção turística. Estamos a dialogar, sem pressa, dentro dos timings de ambas as entidades para que, a exemplo do que acontece nas outras regiões do país, não exista uma liderança bicéfala no turismo da região. No entanto, independentemente deste objetivo, existe hoje um relacionamento bastante saudável entre a TPNP e a ATP, resultado do alinhamento de vontades de ambas as direções. Há prazos a cumprir,

“Estamos a construir um caminho comum para o Porto e Norte em termos de estratégia de promoção turística. Estamos a dialogar, sem pressa, dentro dos timings de ambas as entidades para que, a exemplo do que acontece nas outras regiões do país, não exista uma liderança bicéfala no turismo da região”


VIAJAR 2019 / MARÇO

Entrevista

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há órgãos a respeitar, ambas as instituições tiveram de ouvir as suas assembleias gerais, mas estamos a bom ritmo para poder, em breve, dar esse passo tão importante para a gestão deste destino. V – Qual será a mais-valia desta unificação? LPM – Tem vantagens estratégicas e operacionais. Desde logo, a concretização de uma estratégia integrada que potencie os esforços dos atores do turismo em oposição a uma série de estratégias potencialmente dispersas e que não beneficiam a ação do setor público e do setor privado do turismo. Só agindo concertadamente entre a gestão e o marketing do destino é possível assegurar o consumo dos diferentes produtos turísticos regionais a partir dos principais pontos de acesso para os mais afastados, localizados nas áreas rurais e urbanas circundantes. Já para não falar das inúmeras vantagens que advêm da otimização de recursos financeiros, físicos, materiais e humanos, por via da não sobreposição de competências e ações. Esta mudança poderá ser acompanhada do desenvolvimento de uma marca do destino forte e uma clara definição e estratégia de promoção do destino. E este objetivo só é possível com esta aproximação entre a entidade regional e a agência regional de promoção turística. V – O Porto e Norte, tal como o resto das regiões turísticas do país, está a viver

um excelente momento turístico. Estão a conseguir fazer um trabalho abrangente ou ainda há municípios que precisam mais da vossa atenção para atrair mais turistas? LPM – O crescimento é real e factual, comprovado pelas estatísticas oficiais que nos apresentam resultados que encorajam a continuar o caminho traçado. Durante anos o Norte de Portugal esteve afastado das intenções de visita dos turistas que procuravam Portugal. Em boa verdade não era só o Porto e Norte, também o Centro e o Alentejo, mas a partir do momento que o país passou a promover de forma mais concertada estas regiões, os resultados surgiram para todos, com impacto direto nas regiões é certo, mas permitindo a Portugal atingir valores impensáveis até há poucos anos. Felizmente os esforços de todos os agentes que trabalham neste setor resultaram positivos, fazendo com que a região possa ostentar esta afirmação com orgulho, mas também com a responsabilidade necessária. Pese embora a diminuição do fosso entre os subdestinos seja uma prioridade, sabemos que o equilíbrio é impossível de alcançar. O subdestino Porto continua a ser a principal porta de entrada da região mas é, e continuará a ser, nosso propósito promover os destinos que estão mais afastados da AMP, estruturando produtos turísticos com capacidade de internacionalização e de atração para esses territórios.

Foto: Gonçalo Villaverde

“O subdestino Porto continua a ser a principal porta de entrada da região mas é, e continuará a ser, nosso propósito promover os destinos que estão mais afastados da AMP, estruturando produtos turísticos com capacidade de internacionalização e de atração para esses territórios”

ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO V – Qual é a estratégia de promoção turística da Entidade para 2020, tanto a nível nacional como internacional? LPM – Em 2020 a nossa estratégia será a de manter firme a aposta na promoção dos subdestinos mais afastados das “portas de entrada” de turistas na Região, nomeadamente o Douro, Trás-os-Montes e Minho, quer através dos instrumentos tradicionais do marketing, com especial destaque para o apoio a eventos de interesse turístico enquanto ferramentas de comunicação e geração de receitas para o destino, quer no claro investimento no marketing digital e nas novas formas de influenciar a procura turística, seduzindo-a a descobrir este “Novo Norte” e apoiando-a na experiência turística antes, durante e após a estada no nosso destino. No âmbito do Marketing e Comunicação do Destino, atualizaremos o Plano de Marketing Regional, que se consubstancia na execução de ações autónomas e em parceria com os Municípios e Agrupamentos de Municípios, co-promotores de projetos e associados da TPNP, faremos a estruturação do território e dos seus produtos, organização e co-organização de eventos com aptidão, impacto e notoriedades internacionais, e promoção e comunicação do destino Porto e Norte de Portugal. As ações incidem sobre a Marca do Destino, a Implementação do Plano de Marketing Regional, a melhoria do Portal de


Entrevista Turismo do Destino do Porto e Norte de Portugal, um Programa de Fidelização e Charme e o reforço da imagem e valorização da marca do destino, sobretudo direcionada para o visitante e turista da Região, mas também os nossos associados públicos e privados. No domínio dos eventos com aptidão e notoriedades internacionais, a TPNP desenvolverá um programa de captação de grandes eventos para os subdestinos Trásos-Montes, Douro, Minho e Porto, bem como apoiará eventos de interesse turístico nestes territórios, visando no global conferir ao Destino notoriedade e identidade internacionais. Autonomamente ou em parceria, serão envolvidos os Municípios e Agrupamentos de Municípios, co-promotores de eventos e associados da TPNP. V – A sazonalidade ainda é uma realidade na maioria da região. O que estão a fazer para tentar combater esta situação, sobretudo nos municípios mais do interior? LPM – É verdade que a sazonalidade é, ainda, um problema, embora deva sublinhar que, felizmente, não temos o problema de outros destinos onde a situação é mais preocupante pela especificidade da sua oferta, muito ligada ao turismo de praia. No nosso caso, a sazonalidade tem vindo a ser esbatida com a conquista de novos mercados, sobretudo no continente americano, de onde se destacam os turistas norte-americanos e brasileiros. Esta realidade está relacionada com o contraciclo das férias, sobretudo no caso do Brasil. Aquilo que estamos a fazer para combater a sazonalidade passa pelo Touring Cultural e Paisagístico, reforçando a valorização das nossas maiores riquezas turísticas. O Norte de Portugal tem uma rara e valiosa riqueza em termos de património material e imaterial. Somos uma região com uma história e características culturais riquíssimas, que vão ao encontro do novo turista, que já não é mais aquele que apenas procurava Portugal em busca de sol e praia. Temos vários desti-

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“O Porto e Norte fecha o ano de 2019 com 5,830 milhões de turistas e 10,726 milhões de dormidas, o que significa um crescimento de 545,2 mil turistas e de 948,9 mil dormidas, em relação a 2018” Foto: Gonçalo Villaverde

nos classificados pela Unesco: os centros históricos do Porto e Guimarães, o Alto Douro Vinhateiro, o Parque Arqueológico do Vale do Côa e o Santuário do Bom Jesus, em Braga. Temos o Vinho do Porto e a mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo. Simultaneamente, temos um grande conjunto de stakeholders que, nos últimos anos, tem investido na melhoria da sua oferta, quer em termos de infraestruturas, quer de recursos humanos. A região beneficia, ainda, de projetos transfronteiriços muito interessantes, com grande capacidade de internacionalização, como os Caminhos de Santiago.

ROTAS AÉREAS V – O Aeroporto do Porto tem vindo igualmente a crescer de ano para ano. Acha que ainda será necessário atrair mais rotas para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na tentativa de atrair outros mercados, tanto para o Porto e Norte, como de passagem para a Galiza? LPM – Acho que todas as novas rotas são positivas, desde que correspondam à capacidade do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que é a maior porta de entrada de turistas na região. Devo, aliás, sublinhar, conforme já referi publicamente, que seria importante levar o Alfa Pendular até ao aeroporto, pois

permitiria outro tipo de ligações, sobretudo a Norte, com a consequente melhor distribuição dos turistas por todos os subdestinos. Segundo estudos recentes da ANA, o aeroporto do Porto pode, no mesmo local, obviamente com investimento em novas infraestruturas, crescer até à capacidade de poder receber 40 milhões de passageiros. Hoje este Aeroporto não serve apenas o norte do país, mais de 20% dos passageiros usam esta porta de entrada no território para rumarem a sul. V – Operações como as da Emirates ou da Finnair fazem o Norte de Portugal estar mais perto do Norte da Europa e da Ásia. Como estão a tirar partido deste facto? LPM – Sem dúvida que sim. Estas ligações têm permitido ir ao encontro de um dos desígnios do meu mandato que é o de aumentar a estada média no Porto e Norte. São voos de longo curso, de turistas provenientes de mercados distantes e que, portanto, não se limitam a ficar cá apenas uma ou duas noites. Chegam ao território, por esta via, turistas com maior poder de compra, permitindo aumentar as nossas receitas, qualificar a oferta e em consequência a procura. Ter mais com menos será sempre um grande desígnio, mas não é uma utopia. V – Falando de números, já consegue dizer quantos turistas chegaram à região em 2019? Isso traduz-se num aumento de quanto em relação ao ano transato? LPM – O Porto e Norte fecha o ano de 2019 com 5,830 milhões de turistas e 10,726 milhões de dormidas, o que significa um crescimento de 545,2 mil turistas e de 948,9 mil dormidas, em relação a 2018. Em termos de taxa de crescimento, verificou-se um aumento de 10,3%, no que se refere a hóspedes, e de 9,7%, no que toca às dormidas. V – Quantos destes turistas optaram por ficar apenas na Área Metropolitana do Porto e quantos seguiram para outros municípios? Porque acha que se deve esta escolha? LPM – Ainda não dispondo dos dados finais



Entrevista

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“Há já uma grande qualidade na oferta hoteleira fora da Área Metropolitana do Porto. O principal problema prende-se com a inexistência de boas alternativas de transporte para os turistas se deslocarem no território” Foto: Gonçalo Villaverde

em relação aos Municípios, os números disponíveis já nos permitem perceber que o Porto é o 4º município a nível nacional com mais dormidas, num total 4,537 milhões de dormidas, Vila Nova de Gaia (16º nacional) com 716 mil dormidas e Matosinhos (21º nacional) com 519,62 mil dormidas, mantendose o grande peso de dormidas na Área Metropolitana do Porto. Se olharmos para o demais território do Porto e Norte, podemos verificar que Braga já é o 19º município com mais dormidas (639 mil dormidas) e que Guimarães e Viana do Castelo mantêm tendências de crescimento ligeiramente acima da média de crescimento nos municípios do Grande Porto. V – Hotelaria de maior qualidade e uma programação anual contínua de qualidade poderão ser os maiores entraves ao interesse dos turistas em saírem da área Metropolitana do Porto? LPM – Não. Pelo contrário, posso dizer que há já uma grande qualidade na oferta hoteleira fora da Área Metropolitana do Porto. O principal problema prende-se com a inexistência de boas alternativas de transporte para os turistas se deslocarem no território. Uma das soluções pode passar, por exemplo, por levar o comboio para além da Régua, até Barca D’Alva, com horários úteis para quem chega ao Porto, permitindo ligações a outros destinos. A aposta na ferrovia pode ser, na minha opinião, fundamental para ultrapas-

sarmos essa limitação. Mas não é a única. Pela nossa parte, temos vindo a reforçar a promoção, bem como a colaboração com todos os agentes, nomeadamente autarquias e operadores.

FERROVIA V – O desenvolvimento da ferrovia no Norte de Portugal também poderia beneficiar… sobretudo a Salamanca? LPM – Como disse, acreditamos que o Norte de Portugal sairia muito beneficiado. A região do Douro/Duero tem características únicas, com um conjunto de Patrimónios Mundiais da UNESCO que será, provavelmente, único pela sua riqueza e número. Daí, aliás, a cooperação que estabelecemos com a região de Castela e Leão, tendo em vista o desenvolvimento de projetos e de ações promocionais em conjunto, dando uma escala que vai elevar muito a notoriedade deste destino nos mercados internacionais. Espero que breve a promoção internacional destes territórios possa ser realizada em parceria. V – Quais foram os principais mercados e quanto gastaram na região? LPM – Os principais mercados emissores para o Porto e Norte foram o mercado espanhol, com 1,3 milhão de dormidas, num crescimento de 12%, o mercado francês com 754,7 mil dormidas (+25%), o mercado brasileiro, com 695,7 mil dormidas (+16,4%),

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alemão, com 482,3 mil dormidas (+2,2%), sem esquecer os mercados emissores EUA (455,3 mil dormidas, +33%) e Reino Unido (421,9 mil dormidas, +19,2%). O Porto e Norte fecha o ano de 2019 com 638 milhões de euros de proveitos totais, mais 13,9% do que em 2018. V – Quais foram os produtos e destinos mais procurados? LPM – Foram os chamados City&Short Breaks e Touring. Mas o Porto e Norte é, igualmente, um destino compósito, com a Gastronomia e Vinhos, o Turismo de Natureza, o Turismo Náutico, a Saúde e Bem-Estar, o Turismo Religioso, mas também Negócios e Golfe, estando em acentuado crescimento o produto Sol e Mar e o Enoturismo Em relação aos destinos, houve uma procura muito acentuada do subdestino Porto e com aumentos graduais e significativos no Minho e no Douro, registando-se também um crescimento assinalável do subdestino Trás-os-Montes. V – Pode-se dizer que o perfil do turista do Porto e Norte está a mudar? LPM – Sim. O turista de hoje já não é o que procura sol e praia, até porque nesses produtos o país tem outras ofertas. É um turista muito mais exigente, mais culto, com maior poder de compra, um turista que nos visita para conhecer a nossa cultura, a nossa história, para viver uma experiência total, para usufruir de paisagens mágicas, mergulhar nas nossas tradições ancestrais e desfrutar dos melhores vinhos e da melhor gastronomia do mundo. V – São o Destino Nacional Convidado da BTL. Quais as novidades que vão apresentar durante o maior certame do Turismo a nível nacional? LPM – A principal novidade é a promoção dos quatro subdestinos da região do Porto e Norte de Portugal no mesmo espaço, dando-lhe, assim, uma visibilidade reforçada. Esta enquadra-se numa nova estratégia de marketing que visa reforçar a diferenciação e excelência dos quatro subdestinos como referencial turístico associado à marca PORTOENORTETEM em diferentes ações de promoção e comunicação da oferta integrada deste destino. A região do Porto e Norte estará presente com um stand de 1296 metros quadrados, contemporâneo, atrativo e com elevado impacto a nível visual e estrutural, estrategicamente instalado no Pavilhão 1, que é o principal acesso à feira. Teremos seguramente mais de 700 ações, entre apresentações de produtos turísticos, eventos e ações enogastronómicas. Serão muitos os motivos que justificam uma visita á mais bela região do país.



BRAGA É UMA CIDADE DE ENORME BELEZA E RIQUEZA PATRIMONIAL, QUE ALIA A TRADIÇÃO À INOVAÇÃO, A MEMÓRIA À JUVENTUDE, A CRIATIVIDADE AO CONSERVADORISMO. COM MAIS DE 2000 ANOS DE UMA HISTÓRIA RIQUÍSSIMA, POSSUIU UM DOS SACRO-MONTES MAIS ANTIGOS DE TODA A EUROPA E PORTA-ESTANDARTE DA REGIÃO MINHOTA, O BOM JESUS.

UMA PORTA PARA O MUNDO! PATRIMÓNIO CULTURAL MUNDIAL DA UNESCO Desde Julho de 2019, Braga passou a contar com o Bom Jesus do Monte na lista de classificação de Património Cultural Mundial da Unesco. Esta foi uma grande vitória para Braga e para Portugal. O Bom Jesus afirma-se atualmente como um ativo único à escala global e com esta classificação estamos certos que o espaço e a Cidade vão ganhar cada vez mais projeção e visibilidade. Por isso, o Santuário de Bom Jesus do Monte, o Santuário do Sameiro e a Igreja de Santa Maria Madalena, na serra da Falperra, são pontos que, pela sua intrínseca devoção e beleza, se impõem como marcos de obrigatória referência e visita no roteiro turístico de Braga. Constituemse, assim, como um triângulo de beleza indescritível, assentando numa apelativa base religiosa, rodeada de extasiantes espaços verdes e paradisíacas paisagens. Também em 2019, Braga foi eleita o segundo Melhor Destino Europeu para visitar, numa votação do “European Best Destination”. Nesta edição, Braga foi a Cidade que recolheu o maior número de votos fora do território nacional, assumindo-se como destino favorito dos viajantes do Brasil e do Reino Unido.

LEGADO ROMANO O legado romano é outro dos fatores atrativos de Braga, frequentemente apelidada de ‘Roma Portuguesa’, fruto da sua origem na cidade romana de Bracara Augusta. Conhecida pelas suas igrejas barrocas, esplêndidas casas do século XVIII, jardins e parques elaborados, a longa história de Braga é visível em todo o esplendor dos seus monumentos e igrejas. A envolvência com toda a Região e as sólidas ligações à nossa vizinha Galiza, fazem com que a Cidade esteja no epicentro de uma estratégia de afirmação global.

PROMOÇÃO DA ATIVIDADE TURÍSTICA Nos últimos anos, a Cidade de Braga tem vindo a reforçar a atratividade turística fruto da estratégia promocional desenvolvida pelo Município de Braga, em estreita colaboração com os diversos agentes do território. A promoção da atividade turística reveste-se de particular importância para o desenvolvimento económico do Concelho, pelo que se torna necessário potenciar e explorar as belezas deste território carregado de história, cultural e património. Braga sempre assumiu um papel regional estratégico e central, de Bracara Augusta até os dias de hoje, graças à localização geográfica privilegiada e ao seu dinamismo.


“Destino turístico de excelência” ENTREVISTA A RICARDO RIO, presidente da Câmara Municipal de Braga

Desempenha também um papel de liderança na economia, cultura, conhecimento e tecnologia da região e essa centralidade e relevância proporcionam aos seus habitantes uma excelente qualidade de vida em vários sectores.

GRANDES EVENTOS A par de grandes eventos que atraem cada vez mais turistas à Cidade, como a Semana Santa, o São João, a Braga Romana ou a Noite Branca, Braga possui lugares que se impõem como pontos de passagem obrigatórios. Visitar Braga é fazer uma viagem no tempo dentro da modernidade. Cidade antiga e de religiosidade tradicional - sempre imponente na sua riqueza e majestade - vive de mãos dadas com o empreendedorismo e espírito jovem em áreas tão vitais como a cultura, o comércio, a indústria e os serviços.

De que forma o programa “Visit Braga” está a contribuir em concreto para o desenvolvimento do Turismo e Hotelaria no Município de Braga? “Visit Braga” é um projeto de promoção integrada da oferta turística da Cidade com a finalidade de promover Braga enquanto destino turístico de excelência. Este projeto, desenvolvido em parceria com a Associação Comercial de Braga, agrega a oferta de alojamento e de experiências direcionadas para o visitante, disponibilizando informação para atividades indispensáveis à estratégia de promoção turística da Cidade de Braga. Além da plataforma online, que permite ao turista perceber e escolher o que existe na Cidade e na região, foi criada uma rede colaborativa dos intervenientes do sector do turismo, no sentido de alinhar as estratégias individuais e melhorar o envolvimento dos diversos intervenientes em torno de objetivos comuns. O desígnio coletivo passa por mobilizar o potencial instalado, em torno da implementação e desenvolvimento de um novo modelo de negócio focado na captação de turistas e na internacionalização do destino, através da organização da oferta e da sua promoção internacional. Com a implementação deste projeto, a Cidade de Braga afirma-se como um dos principais destinos turísticos Ibéricos e reforça a sua notoriedade enquanto destino turístico internacional. Que outros projetos de dinamização turística estão a ser implementados e/ou desenvolvidos no Município? Temos vindo a incentivar os empresários do sector do Turismo a implementar projetos diferenciadores e que tragam valor acrescentado para a Cidade. Desenvolvemos um concurso de ideias com o objetivo de incentivar a criação de projetos inovadores para o sector que sigam uma linha de inovação tecnológica de desenvolvimento sustentável e de promoção turística local. Ao longo do ano realizamos diversos eventos marcantes na vida da Cidade que têm captado cada vez mais turistas. A Braga Romana, as Festas de São João, a Noite Branca ou a programação de Natal, são algumas das iniciativas que fazem com que a Cidade tenha uma dinâmica turística assinalável. Também o turismo religioso, as solenidades da Semana Santa a assumem-se como expoente máximo nesta vertente turística, ao atrair turistas dos diversos cantos do mundo. A participação nas grandes feiras internacionais de turismo são também uma forma de promover a Cidade e a Região no panorama internacional, dando especial atenção à gastronomia, aos eventos e iniciativas do Concelho. O turismo de natureza é também uma aposta do Município. A par do vasto património histórico e monumental que a Braga possui, existe um pouco por todo o Concelho um património natural e ambiental que é necessário preservar e potenciar. Elaboramos uma Rede de Percursos Pedestres que se constitui num excelente contributo para colocar a natureza ao serviço da qualidade de vida da população, enquanto espaço para desenvolvimento de atividades, para o lazer, para o desporto, dinamização económica e promoção turística. Em suma, com a sua dinâmica, Braga tem contribuído muito para o crescimento do turismo na região e esse é um dado reconhecido por diversas entidades, nomeadamente o Turismo do Porto e Norte de Portugal, que estima que a Cidade ultrapasse as 600 mil dormidas em 2019.

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Opinião Regiões

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O interior do país é o novo luxo do século XXI PEDRO MACHADO

Presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal

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Á DUAS VISÕES POSSÍVEIS PARA O INTERIOR DO PAÍS. Pode olhar-se para estes territórios menos povoados, genericamente designados de baixa densidade, com condescendência e fatalismo. Acreditar que não vale a pena investir nas populações que os habitam desde tempos imemoriais. Desistir de tentar reequilibrar a balança, que pende de forma esmagadora para o litoral. Pode, por outro lado, olhar-se para estes territórios como terras de oportunidades, onde se encontram experiências de que sentimos falta nas zonas mais “desenvolvidas”: a paz, a tranquilidade, o bem-estar, o tempo de qualidade… experiências essas crescentemente valorizadas pelas novas gerações de viajantes. O interior do país pode, e deve, assumir-se como destino privilegiado para quem quer usufruir destes verdadeiros luxos, cada vez mais procurados no século XXI. O Centro de Portugal é, em todo o seu território, uma região especialmente indicada para satisfazer as necessidades destes novos viajantes. É uma região de excelência para que procura turismo ativo, trilhos pedestres ou de bicicleta na natureza (estão disponíveis mais de 700 quilómetros de percursos pedestres no Centro de Por-

“O Centro de Portugal é, em todo o seu território, uma região especialmente indicada para satisfazer as necessidades dos novos viajantes. É uma região de excelência para que procura turismo ativo, trilhos pedestres ou de bicicleta na natureza, mas também o património histórico, a cultura e o turismo espiritual”

tugal), mas também o património histórico, a cultura e o turismo espiritual. Esta é uma região que tem na sua grande diversidade um trunfo estratégico. Aqui, podemos relaxar no meio do verde, com tempo, afastados dos destinos massificados, e apreciar a boa gastronomia regional, cozinhada também ela sem pressas, enquanto se degusta um bom vinho. Desde o litoral atlântico aos territórios da raia, encontramos natureza em estado quase puro. É ou não um luxo raro? Acresce que este novo luxo atrai visitantes com poder de compra mais elevado, dispostos a pagar pelo silêncio, pela segurança e pelo tempo de qualidade. É um dos objetivos preferenciais para o Turismo Centro de Portugal posicionar a região junto destes targets, a nível nacional e internacional. Nos últimos anos tem-se registado uma evolução clara dos mercados emissores para a região: países como EUA, Canadá, Brasil, Coreia do Sul, França, Itália e Alemanha são cada vez mais importantes, ao lado de Espanha e do mercado interno, tradicionalmente os mais importantes. Estes novos mercados trazem novas oportunidades para os territórios de baixa densidade. É de realçar igualmente que o turismo vocacionado para este segmento contraria também o problema da sazonalidade. A região está capacitada para oferecer experiências turísticas integradas durante todo o ano, contrariando o que aconteceu durante décadas desperdiçadas, quando Portugal se limitava a oferecer sol e praia, limitando a atividade turística a apenas uma época por ano, com as consequências que se conhecem. Finalmente, há que destacar o que isto significa para as populações: é uma oportunidade real de fixar pessoas e de melhorar as suas condições de vida, dando a volta ao infortúnio. Numa altura em que a coesão e a sustentabilidade entraram no léxico do turismo, promover o interior como destino de excelência é certamente o caminho a seguir. Ao preservar-se a autenticidade dos recursos, marcas e produtos da Centro de Portugal, ao apostar-se no turismo de natureza e no ecoturismo, ao oferecer-se experiências genuínas a quem nos visita, estão a criar-se condições para que a região seja atrativa e que tenha um futuro sustentável.



PROENÇA-A-NOVA NO CENTRO DO ENCANTO

É

NA PAISAGEM DO CONCELHO DE PROENÇA-A-NOVA que encontramos os ingredientes para os sabores mais genuínos de um território que continua a preservar os paladares fortes que permitiram aos seus antepassados conquistar a dureza da terra e construir uma comunidade que, de forma resiliente, tem sabido adaptar-se a um mundo em constante mudança. Os rostos enrugados dos mais idosos ainda contam histórias de dias passados a trabalhar a terra, a cuidar do gado e a enganar a dureza da vida com bailes improvisados onde se arranjavam os namoricos que terminavam no altar. E na festa os sabores de sempre lá estavam, mãos dadas com a tradição tornada intemporal. Os mesmos saberes que ainda hoje resistem e são servidos à mesa sempre que a vontade existe. A caprinocultura é uma imagem de marca, os rebanhos soltos em busca de pastagens que dão sabor intenso e tão característico ao Queijo Cabreiro. O Afogado Da Boda, o prato dos casamentos, apresenta-se como um guisado rico de cabra e o Maranho também é feito desta carne, finamente picada e condimentada com um ingrediente comum: a hortelã. Nesta viagem pelos sabores, detenha-se na Tigelada, feita com leite de cabra, naturalmente, uma doce tentação que encerra com chave de ouro qualquer refeição. O Mel, que também contribui para o seu característico sabor, pode acompanhar o Queijo Fresco de cabra, claro está. Sugerimos ainda que saboreie o Plangaio, um enchido curado feito com a massa da farinheira e os ossos do espinhaço de porco com o objetivo de tornar mais rica a farinheira. Tradicionalmente era servido com batata e couves cozidas, comido apenas na altura do carnaval, antes de se entrar no rigor da Quaresma. Atualmente, a versatilidade

deste produto permite um sem número de combinações em que nada se desperdiça, servindo os ossos para fazer, por exemplo, uma rica sopa de plangaio. Ainda em sintonia com a paisagem que nos rodeia, serpenteada por muitos cursos de água, o Peixe do Rio conta, por si só, outras tantas histórias, de homens que conhecem o rio e as ribeiras como as palmas das suas mãos e os peixes que neles habitam, dos mais saborosos aos que, sendo deliciosos, dão muito trabalho a comer. As sopas de peixe do rio ou o peixe do rio frito são apenas duas das receitas que sabem a tradição na ponta dos dedos, que a melhor comida é aquela que se saboreia também com as mãos. Temos ainda outros ingredientes que moldam a paisagem, como o Azeite que levou à construção de muitos socalcos em encostas escarpadas para acolher oliveiras, o Medronho cujo arbusto nasce espontaneamente na floresta ou as Plantas Aromáticas e Medicinais que curam qualquer maleita e dão aquele sabor especial aos cozinhados. E depois temos as pessoas, os guardiões do território, aqueles que receberam e transmitiram os saberes, os sabores, a tradição e que generosamente os partilham. E também as histórias. Quando nos visitar demore-se na paisagem, percorra os passeios pedestres, faça escalada, mergulhe nas nossas praias fluviais, conheça o nosso património natural e edificado, o roteiro das artes, os museus e o Centro Ciência Viva da Floresta. Mas demore-se ainda mais nas pessoas, pergunte-lhes como fazem a tigelada, se ainda cozem o pão em forno de lenha e que sabores fazem parte da sua memória. E delicie-se com uma riqueza que não tem preço. DESCUBRA PROENÇA-A-NOVA, NO CENTRO DO ENCANTO.



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Uma "nova" Região de Turismo de Lisboa VÍTOR COSTA

Presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL)

14.714 MILHÕES DE EUROS FOI A RIQUEZA CRIADA EM 2018 pelo Turismo na Região de Lisboa, assegurando 201.346 postos de trabalho. Isto é, 20,3% do PIB e 15,4% do emprego. Entre 2013 e 2018, a quota de mercado de Lisboa no contexto nacional subiu 4,6 pontos percentuais e, em termos europeus, Lisboa foi o destino urbano que mais cresceu, cerca do dobro da principal concorrência. Neste período todos os indicadores subiram: mais visibilidade e reputação de Lisboa, mais oferta, mais diversificação da oferta, mais turistas, mais dormidas, melhores indicadores económicos da hotelaria, da restauração, do comércio, da animação e da cultura, mais gasto médio por turista e melhor grau de satisfação. Mais de 90% dos turistas visitaram-nos pela primeira vez e ficaram potenciais clientes.

COMO CHEGÁMOS ATÉ AQUI? Pouco importa procurar explicações em fatores ou políticas mais ou menos conjunturais, que certamente tiveram e têm a sua importância. O que talvez Lisboa tenha de diferente para mostrar é o ter conseguido remar num só sentido e navegar com rumo. A criação da ATL, há já 23 anos, e a sua experiência, tem-se revelado como um instrumento fundamental do desenvolvimento turístico em Lisboa, ao garantir a parceria entre entidades públicas, entre entidades privadas e entre entidades públicas e pri-

vadas, em torno de plataformas e projetos de interesse comum. A solução encontrada para articulação entre a ATL e a Entidade Regional de Turismo completou esta visão. A recente apresentação do sexto Plano Estratégico consecutivo para o Turismo de Lisboa demonstra a consistência do caminho feito. A elaboração de cada um destes Planos, desde o primeiro em 1998, constituiu sempre uma oportunidade renovada para refletir, questionar, inovar, consensualizar, encontrar plataformas, definir caminhos comuns e passar à ação. Cada Plano correspondeu a um patamar superior de desenvolvimento, tendo os objetivos traçados sido sempre cumpridos e, muitas vezes, ultrapassados.

QUE FAZER, AQUI CHEGADOS? O Plano Estratégico 2020-24 é o culminar deste percurso e, de novo, coloca importantes desafios para o destino Lisboa. Assegurar a sustentabilidade do Turismo, através da integração regional e em harmonia com os residentes, é o mote do novo ciclo do Turismo na Região de Lisboa, naquele que é um dos maiores desafios de todos os tempos.

“14.714 milhões de euros foi a riqueza criada em 2018 pelo Turismo na Região de Lisboa, assegurando 201.346 postos de trabalho, isto é, 20,3% do PIB e 15,4% do emprego”


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Estes objetivos pressupõem questões como acessibilidades externas e internas, qualidade do território e regulação e controlo de atividades, que extravasam a responsabilidade direta das entidades do Turismo, mas nas quais estas estão profundamente interessadas e pretendem influenciar. Já a gestão territorial, assim como a estratégia de produtos, os qualificadores, os segmentos e os mercados a privilegiar, terão outro tipo de abordagem. É aqui que reside, em boa parte, a possibilidade de se conseguir cumprir o desígnio da sustentabilidade, da integração e da harmonia com os residentes.

GANHAR ESCALA? Enquanto destino Turístico, a Região de Lisboa tem características singulares porque inclui a Capital do País, porque existe uma grande diferença de peso relativo entre

os vários Municípios e porque não existia tradição de a considerar como uma Região de Turismo (como no Algarve, por exemplo), antes pelo contrário. Apesar disto, há várias décadas que as entidades oficiais e os privados sentiram a necessidade de ter alguma forma de articulação para melhor promover os seus produtos ou destinos e, assim, foram estabelecendo mecanismos de cooperação. Neste tema, os Planos Estratégicos foram evoluindo nas soluções, desde a definição da proposta de valor de Lisboa do Plano feito em 1998, baseada na trilogia única: "história, escala humana e área envolvente da cidade de Lisboa", até à adoção generalizada da Marca Lisboa no Plano cuja vigência terminou em 2019. Mas sempre na perspetiva de "uns e outros", "da Cidade e da Região". Ora, o grande desafio do momento - a sustentabilidade, nas suas variadas componentes - exige que se passe a um nível diferente de integração, construindo uma verdadeira Região de Turismo num território com três milhões de habitantes. Assim ganharemos escala. Este ganho de escala permite encarar as questões estruturais como a acessibilidade,

a mobilidade e a qualidade do território de uma forma integrada. A escala permite, também, desenvolver produtos transversais a toda a região, ou seja, o produto umbrela City/Short Breaks, o MI e os produtos complementares Golfe, Sol & Mar, Surf e Natureza, integrando neles todas as ofertas relevantes, independentemente da sua localização. Permite, ainda, desenvolver de forma diferente os qualificadores essenciais para todos os produtos, isto é Gastronomia e Vinho, Cultura, Compras e Eventos. E é também a escala que permite abordar os mercados de forma inovadora, consolidando os mercados europeus quase como "mercado interno", continuando a apostar nos mercados atlânticos - EUA, Canadá e Brasil - e chegando a novos mercados como Rússia, Médio Oriente e Ásia, sem menosprezar nenhuma outra oportunidade.

do caminho já iniciado com vista ao seu desenvolvimento turístico. E outros ainda, como os Polos ligados ao Tejo e a Costa da Caparica, exigem um trabalho de organização e desenvolvimento, tendo em conta o seu estágio ainda relativamente incipiente no que concerne ao Turismo. É a combinação virtuosa destes dois planos - o ganho de escala e os Polos - que nos permitirá criar condições para continuar a crescer e para abordar os grandes e os pequenos desafios, para responder aos grandes e aos pequenos problemas, para aproveitar as grandes e as pequenas oportunidades. O que se propõe é a visão de um destino turístico integrado, mas diverso, onde os produtos transversais e os qualificadores asseguram a coerência global, e os polos garantem a diversidade e a resposta personalizada a cada uma das realidades.

Na escolha dos produtos, qualificadores e mercados foi também relevante a seleção dos segmentos a privilegiar - individuais, famílias e pequenos grupos - que são os que mais se integram com os residentes. Coerentemente, a escolha dos mercados asiáticos a privilegiar (Coreia do Sul e Japão), teve em conta esta segmentação.

A ESCALA É TUDO? É certo que o ganho de escala nos permite em parte responder à questão da sustentabilidade, mas não chega. De facto, o ganho de escala tem que ser acompanhado pela consagração de outra realidade, que é a existência dentro da região de realidades distintas e de identidades diversas, que precisam de abordagens muito diferenciadas. E, por isso, o Plano reconhece a existência de 12 polos turísticos distintos, para os quais propõe estratégias diferenciadas e adaptadas à respetiva realidade, no quadro global da Região. Entre estes Polos há alguns, como o de Lisboa Centro ou o de Sintra, em que a pressão turística exige um tipo de respostas. Noutros casos, como o da Arrábida e o de Mafra, o que se propõe é o aprofundamento

Com esta visão podemos aspirar a continuar a crescer. Com esta visão vamos construir uma verdadeira Região Turística de Lisboa. Com esta visão teremos um destino imbatível, no contexto europeu.


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Turistar num mundo de experiências ANTÓNIO CEIA DA SILVA

Presidente Turismo do Alentejo, ERT

N

OS ÚLTIMOS ANOS, o turismo - um dos setores que mais contribui para a economia nacional e que mais intercâmbio gera entre pessoas oriundas de diferentes países tem-se assumido, cada vez mais, como um mundo de experiências. Um “universo” em constante mudança e onde cabe quase tudo, assim existam apoios aos investimentos que muitos empresários e agentes públicos procuram fazer. No Alentejo há espaço, vontade, determinação e, acima de tudo, qualidade e inspiração para materializar as iniciativas inovadoras, diferenciadores e disruptivas que, aos poucos, vão surgindo e alavancando esta marca turística tão peculiar. Esta afirmação não é em vão. E a comprová-lo temos as muitas empresas de animação turística, que surgiram nos últimos anos e empreenderam novas ofertas para surpreender os visitantes, os muitos restaurantes que abriram ou se renovaram, os muitos projetos implementados pela Entidade Regional de Turismo, como por exemplo a Certificação Biosphere que se alarga a toda a cadeia de valor; a Rede Integrada de Centros de BTT e Cycling; a Consolidação do Produto Walking; a Rede de Turismo Literário; as Rotas do Touring Cultural e Paisagístico; ou a Rede de Museus de Évora e do sistema de bilhética associado.

“O Alentejo mantém-se autêntico, fiel às suas tradições, respeitador do seu património e, acima de tudo, disponível para acolher todos os projetos que contribuam para o crescimento do setor na região”

São iniciativas como estas que, desenvolvidas em parceria com os players públicos e privados, dinamizam os territórios e inspiram outras acções. Talvez por isso, não tenha sido à toa que durante uma visita a este destino, realizada no mês de fevereiro, a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, tenha referido o “Évora Tycket como um exemplo a seguir por outras cidades, deixando o desafio para que mais espaços e parceiros se possam unir à cidade alentejana e juntar na Rede de Museus”. Este projeto inédito e muito relevante para o território pode ser catalisador da economia, pois irá, seguramente, atrair mais turistas e fazer aumentar o número de dias de permanência na região. Ganham os museus, mas também todos os empresários do setor e o território, cujas dinâmicas não escapam ao olhar atento dos hoteleiros, onde se incluem os grandes, como o Grupo Vila Galé que, anos depois de ter aberto uma unidade em Beja - onde tem vindo a alavancar em complementaridade os sub setores frutícolas, olivícola e vinícola -, estendeu a marca a Évora, Elvas (dois hotéis), Alter do Chão e, possivelmente, também marcará presença em Portalegre. O Alentejo é isto mesmo. Um território com a identidade no seu ADN, mas que se sabe reinventar sem beliscar o genuíno, um território atrativo para os turistas de diferentes segmentos e com distintas motivações (nos últimos anos é a região que mais cresceu na procura), e para os empresários. E, mais uma vez, porque os números contam, talvez não seja de mais lembrar que, recentemente, o Turismo de Portugal, deu luz verde à edificação de 21 novos hotéis no Alentejo. Lisboa viu aprovados 29 empreendimentos, o Algarve 23, mas este destino que ocupa quase um terço do território nacional está no top da preferência dos investidores. Mantém-se autêntico, fiel às suas tradições, respeitador do seu património e, acima de tudo, disponível para acolher todos os projetos que contribuam para o crescimento do setor na região, mas também que surpreendam e superem as expetativas de todos os turistas que nos visitam. Porque turistar é fruir um mundo de experiências.



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ALGARVE. Pelo futuro, por mais cinco décadas JOÃO FERNANDES

Presidente da Região de Turismo do Algarve

"O QUE TEM ESTA TERRA QUE FAZ COM QUE TANTOS A ESCOLHAM PARA A VISITAR, OU MESMO PARA CÁ VIVER DEFINITIVAMENTE?" Foi com esta pergunta que demos início ao vídeo que assinalava os 45 anos da Região de Turismo do Algarve (RTA). Cinco anos volvidos, o número de pessoas que escolhe a nossa região continua a aumentar, posicionando o Algarve como principal destino turístico em Portugal, quer no mercado interno, quer no externo, sendo a única região a acolher mais de 20 milhões de dormidas em empreendimentos turísticos. Mas o caminho até ao Algarve há muito começou a ser construído. Podíamos recuar no tempo. Voltar a 1889, ano em que o caminho-de-ferro chegou à região. Podíamos falar da melhoria de acessibilidades rodoviárias em meados no século, com estradas como a EN125, ligando Vila Real de Santo António a Vila do Bispo, ou a

hoje mítica EN2, que liga Chaves a Faro. Mas foram inegáveis o impacto e a mudança trazidos por aquele que foi o grande avanço para o turismo na região: o Aeroporto de Faro. Inaugurado em 1965, trouxe um novo fluxo para a região, com turistas internacionais. Um ano depois, já o número de passageiros rondava os 58 mil. Contudo, não se trataria apenas de um número. Viria a ser o motor do desenvolvimento que o Algarve conheceu nos anos seguintes. Surgiram os primeiros hotéis cinco estrelas e os primeiros campos de golfe. E nasceram projetos de excelência como a Quinta do Lago, Vilamoura, Vale do Lobo. Num trabalho que envolveu diversos setores - da hotelaria à restauração - foi estruturante o empenho de entidades públicas e privadas para colocar o destino no mapa de referência dos turistas nacionais e internacionais. E precisamente com o objetivo de maximizar

todas estas sinergias, em 1970 é fundada a então Comissão Regional de Turismo do Algarve. A sua missão de salvaguardar os interesses turísticos da região viria a traduzir-se num afincado trabalho de promoção, animação e informação do destino. O que muitos poderão desconhecer é que nesses primeiros anos de vida o Turismo do Algarve teve também a missão de implementar o plano de infraestruturas urbanísticas da região (é por isso que ao percorrer as ruas de algumas localidades algarvias ainda nos deparamos com equipamentos de saneamento básico identificados como CRTA). Ao longo dos últimos 50 anos de atividade, muitos foram os desafios impostos por uma região que cresce e se diversifica ano após ano e aos quais a RTA tem vindo a tentar responder nas várias áreas em que atua. De facto, proporcionalmente ao crescimento turístico registado, aumentou o foco em fazermos mais e melhor, de forma a reforçar-


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mos o nosso posicionamento como destino de eleição. Como tal, as estratégias turísticas desenhadas para a projeção da região - elaboradas pela RTA, em conjunto com importantes parceiros públicos e privados, entre os quais a ATA – Associação Turismo do Algarve, AHETA, AIHSA, Algarve Golfe, AMAL, Turismo de Portugal, Aeroporto de Faro, entre outros – estão fundamentadas atualmente em vários pilares. Passam pela diversificação de mercados emissores, de produtos e de segmentos turísticos, com o objetivo de atenuar a sazonalidade, eliminar a forte litoralização da procura turística; passam por ações de estruturação e qualificação da oferta; passam pela aposta na capacitação, profissionalização e especialização de recursos humanos que trabalham neste que é um dos setores mais atrativos da economia regional. Sim, queremos continuar a crescer e a receber quem nos vem visitar. E queremos garantir também a satisfação dos residentes e de quem nos visitou e acabou por escolher aqui estudar, investir ou até viver. Neste sentido, temos trabalhado para fazer da região um destino cada vez mais sustentável, porque, de facto, a sustentabilidade - seja económica, social, ambiental - será a chave para que o nosso sucesso perdure, acautelando o bem-estar de quem hoje beneficia do território, mas não negligenciando a ambição de legarmos ainda melhores condições aos seus futuros beneficiários (novas gerações de residentes e turistas). E agora recuemos outra vez no tempo e analisemos números. Se há 50 anos circulavam no Aeroporto de Faro cerca de 300 mil passageiros por ano, em 2019 foram mais de nove milhões. Em quase meio século, passámos de um milhão para mais de 20 milhões de dormidas anuais. Em 2019, julho recebeu a histórica marca de três milhões de dormidas. Nos primeiros sete meses do ano, o Aeroporto de Faro havia recebido o mesmo volume de partidas e chegadas do que em toda a década de 70. Atualmente, somos o “Melhor Destino de Golfe do Mundo” e o "Melhor Destino de Praia da Europa". Mas além da praia e do golfe, o Algarve é um destino de oportunidades: das atividades náuticas ao turismo de natureza, do turismo residencial ao turismo de negócios, da gastronomia e vinhos à cultura, à saúde e ao bemestar. O Algarve é o lugar de onde nunca chegamos a sair, por nele deixarmos depositado o nosso coração assim que o vemos pela primeiríssima vez. Portanto, é tudo isto que o Algarve tem e que atrai tantos para férias. E será tudo isto que nos próximos 50 anos a RTA continuará a ter como tesouro para projetar a riqueza turística da região, dentro de fronteiras e além delas, perpetuando o sonho de quem sonha nele construir parte da vida.


Há poucos destinos de férias como as de Portugal e aqui, no coração do Algarve, poderá conhecer o Vilamoura Garden Hotel. Este boutique hotel é a opção perfeita para quem deseja desfrutar de umas férias com qualidade, estando muito centralizado. Este hotel de 4 estrelas também lhe oferece todos os serviços e i nstalações que necessita para as suas férias. Aqui, terá muito para viver!

VILAMOURA GARDEN HOTEL A missão do Vilamoura Garden Hotel, no sentido literal, é levar as quatro estrelas a um nível mais elevado, tornando-se assim uma famosa referência no Algarve e, potencialmente, a primeira escolha em Vilamoura. Em todos os aspectos, apresenta uma decoração moderna e inspirada pelos aspectos típicos da região. Além do mais, apresenta um grande foco na gestão de sustentabilidade ambiental, corporativa e social, oferecendo uma experiência particularmente acolhedora, que suscite o desejo de regressar. Primeiramente, o Vilamoura Garden Hotel, quer garantir tudo o que precisa para gozar a sua estadia na região, e é por isso que oferece uma vasta gama de serviços. Em particular, tem à sua disposição uma piscina exterior rodeada por jardins de plantas aromáticas, um ginásio aberto 24h, um serviço de transporte para o aeroporto ou praia e marina, estacionamento coberto, informações turísticas, um aluguer de bicicletas para que possa sair e ver as atracções, entre outras. Além disso, é um hotel pet friendly. A área da recepção não só fornece serviço 24 horas, mas também serviço de bilheteira, bagagem, e cofre. Nas redondezas, acerca de dois minutos de distância, pode desfrutar de uma área spa e cabeleireiro, um excelente clube infantil inspirado no mundo dos piratas, campos de golfe, ténis, e muito mais. O hotel também alberga O Garden Cafe, um restaurante bistrô com pratos à carta, e também uma área de bar aberto todo o dia - o Tapas Lounge Bar, onde pode experimentar várias bebidas e cocktails, com tapas que se inspiram na gastronomia algarvia.

Rua de França, Lote 3.5.11 • 8125-615 Vilamoura | Algarve | Portugal | Telefone: (+351) 289 247 150


Vilamoura Garden é um hotel que combina conforto, serviços e "design", propondo-lhe diferentes tipos de quartos que, assim sendo, oferecem um alojamento divinal para qualquer tipo de viajante. O hotel prioriza quartos espaçosos e tranquilos, o máximo conforto, e uma decoração inteligente e elegante. Dos 59 quartos, existem várias tipologias de acomodação e todos incluem uma televisão de ecrã plano, wi-fi grátis, varanda com vista piscina ou pinhal, casa de banho privada com secador de cabelo e amenidades, agora em dispensadores, por uma questão de sustentabilidade ambiental, mas mantendo toda a qualidade da marca Ritual's. Os quartos mais simples são o Garden Room Pine View e Garden Room Pool View, ambas de 28m². Já a outro nível, tem o Garden Family (45m²), sendo ideal para famílias, uma vez que tem uma cama "king size" e uma zona de sala com sofá-cama. Adiante, tem a Garden Suite (40m²) dividida em dois espaços - quarto e sala. Finalmente, a Garden Grand Suite (55m²), uma Suite de Dois Pisos que compreende luz natural e um terraço com vista para a piscina. Vilamoura Garden Hotel está localizado numa zona habitacional muito agradável e afastado da confusão, na tranquila e bonita cidade de Vilamoura, e ainda assim a poucos minutos do centro. É a escolha de ouro, quer para Inverno quer para o Verão, para aqueles que procuram contemplar a vasta natureza, belíssimas praias, hospitalidade a nível superior e alguns dos melhores campos de golfe da Europa. O hotel fica cada vez mais acessível ao cliente, devido à variada selecção de descontos, ofertas e promoções que tem para oferecer, além da estrutura simplificada que a sua página oficial possuí. Ao fazer uma reserva antecipada, directamente a partir do website do Vilamoura Garden Hotel, é prometido o melhor preço online possível. Por isso, se ainda não ficou convencido acerca do nosso hotel, venha explorar a nossa página oficial ou entre em contato direto connosco por e-mail, telefone ou formulário on-line.

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OS AÇORES… MARTA GUERREIRO

Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo do Governo dos Açores compromisso de liderança pelo exemplo e pela responsabilidade com o futuro, onde o turista sinta que os Açores são efetivamente uma referência, num destino cujo desenvolvimento económico é feito com respeito e em comunhão com o ambiente e com a cultura, mas principalmente, através da valorização das pessoas: os açorianos e os turistas. E, de facto, assistimos “Em dezema um crescimento bro de 2019, consesignificativo de fluxos turísticos guimos esta certificação: que apresentam somos o primeiro arquipélago um verdadeiro no mundo e a única região alinhamento com do país com a certificação o posicionamento No fundo, falar de Açores, turístico atual dos enquanto destino turístico, é de destino” turístico Açores (um natureza falar de 9 ilhas que oferecem sustentável” ativa, tranquilidade, experiências que privilegiam a relaxamento, elevado nível natureza pura e intacta, a envolvênde sustentabilidade) e, essencia com a comunidade local e práticialmente, prezam a beleza, a estética e a cas amigas do ambiente. Este é o nosso possibilidade de estarem em locais belos, posicionamento, esta é a base da nossa únicos e preservados; valorizam a imersão notoriedade nacional e internacional e, é por cultural e a partilha dos usos e costumes isso que procuram o nosso destino: pelo típicos com a comunidade local; apreciam a nosso património ambiental e cultural e pela fuga das grandes cidades, para sítios com genuinidade do nosso povo. Enquanto titular elevados índices de tranquilidade, e tendem destas três pastas – Energia, Ambiente e a preferir alojamentos de elevado conforto e Turismo – o meu grande desafio e a minha qualidade junto à natureza ou em pequenas grande responsabilidade é salvaguardar esta comunidades tranquilas com enquadramennossa identidade açoriana, no presente, mas to paisagístico interessante. a pensar no futuro. Foto: José António Rodrigues

…ASSUMEM-SE, DE FORMA VINCADA, como um destino com uma vivência europeia, no meio do Atlântico, reconhecidos internacionalmente como ilhas vulcânicas preservadas, de natureza exuberante e beleza mística, com importantes índices de exclusividade, segurança e tranquilidade, disponibilizando uma boa e diversificada rede de atividades em terra e no mar. A par disso, somos uma das duas únicas regiões do mundo que possui todas as classificações atribuídas pela UNESCO: 4 reservas da biosfera, 13 sítios ramsar, 1 Geoparque, que compreende 121 geossítios dispersos por todas as ilhas, e 2 designações de património mundial. Com este potencial turístico do arquipélago, criámos a nossa identidade “Açores – Certificados pela Natureza”. Um cenário que faz com que o Destino Açores esteja fortemente associado a práticas de desenvolvimento sustentável, fruto de uma estratégia contínua que tem sido levada a cabo, defendendo políticas conciliatórias de boas práticas ambientais, sociais e económicas, salvaguardadas, legalmente, para que se possa preservar a identidade, os ecossistemas e a qualidade de vida dos açorianos, nunca descurando o progresso da Região. Com base nestes pressupostos, o Governo dos Açores assumiu, de forma mais vincada, o desenvolvimento sustentável do turismo e levou a cabo um rigoroso processo de certificação dos Açores como Destino Sustentável, através da certificadora EarthCheck e ao abrigo dos critérios do Global Sustainable Tourism Council. Em dezembro de 2019, conseguimos esta certificação: somos o primeiro arquipélago no mundo e a única região do país com a certificação de destino turístico sustentável. Uma distinção que encaramos com imenso orgulho, mas com enorme responsabilidade. Os exemplos de práticas sustentáveis são uma realidade nas nove ilhas do arquipélago, pelo que acreditamos que o sentimento é, cada vez mais, partilhado por todos. Este é um rumo já iniciado que continuaremos a defender e a apostar, fazendo do turismo uma atividade promotora de melhores condições de vida para as populações locais e do desenvolvimento económico da Região, assegurando, sempre, o equilíbrio ambiental. Neste âmbito, continuamos a levar a cabo uma estratégia que se assume como um


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A Ilha das experiências EDUARDO JESUS

Secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira

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DESTINO MADEIRA É MUITO MAIS QUE A NATUREZA ÍMPAR, o sol e o bem receber secular. Com o complemento do Porto Santo, a Madeira há muito que é procurada por ser igualmente a ilha das experiências. Experiências em lugares idílicos e únicos, assim como de ofertas ímpares, que se imortalizam na memória de quem as vivencia. Assim, começaria por uma primeira experiência com o vinho da Madeira, o secular embaixador da ilha. Servido como aperitivo ou como digestivo, com os seus aromas deliciosos e de caráter único, não deixa ninguém indiferente. Há séculos que é assim. E muitos mais séculos tem a Floresta Laurissilva, que ocupa uma área de cerca de 15 mil hectares, representando cerca de 20% do total da ilha. É Património Natural da

Humanidade, pela UNESCO, desde 1999. Percorrer esta máquina do tempo, de floresta tropical e húmida, atravessada por levadas e trilhos, é um misto de sentimentos marcantes. Os canais de irrigação na ilha, as levadas, têm mais de 2 mil quilómetros. Grande parte pode e é percorrida todos os dias por locais, mas maioritariamente é feito por estrangeiros. Os mesmos viajantes que também descem do Monte, na cidade do Funchal, nos Carros de Cestos, um tradicional, único, e divertido transporte madeirense, que proporciona muita adrenalina num percurso de cerca de 2 quilómetros, percorridos em 10 minutos. A descida do Monte, onde se pode chegar de teleférico, que mostra vistas estonteantes para toda a capital da ilha da Madeira, não é radical, mas o destino tem propostas

radicais como o canyoning, o rapel, o mountain bike, e o surf nas melhores ondas da Europa, nas praias do Jardim do Mar, Fajã da Areia (São Vicente) ou do Porto da Cruz. É no mar que também existem propostas para observar cetáceos. São viagens diárias, em passeios de barco que saem da Marina de Funchal, possibilitando estar próximo da diversidade marinha, onde sobressaem os golfinhos, as baleias e os cachalotes e as tartaru“Os hotéis, as gas. quintas e outros aloO mesmo mar que possibilita a prática de dejamentos, com uma oferta sportos aquáticos como de qualidade de excelência, o snorkeling, o stand up constituem eles próprios o paddle e o mergulho. experiências únicas que As águas calmas e temperadas da ilha levamnão deixam o cliente

Festival de Colombo (no Porto Santo), o Festival da Natureza e as Festas do indiferente” Fim de Ano, com o famoso espetáculo de fogo-de-artifício, classificado, em 2006, como o “Maior Espetáculo Pirotécnico do Mundo”. É evidente que se impõe uma ida e uma vivência ao que a Zona Velha do Funchal tem para oferecer. Além da gastronomia, existem as portas e janelas pintadas por diferentes artistas que revitalizaram aquele núcleo onde nasceu a cidade. Outra experiência marcante é o Mercado dos Lavradores, ali perto. Tem uma arquitetura que oscila entre o Art Déco e o modernismo. Desperta também pelas cores, pelos aromas, e pelo ambiente acolhedor. Mais afastado do Funchal, mas visto da nos ao Porto Santo, a outra ilha habitada do cidade, existe o miradouro do Cabo Girão, arquipélago, com o seu extenso areal dour580 metros acima do mar onde os barcos ado ao longo de 9 quilómetros de praia com lá em baixa facilmente são cobertos apenas propriedades terapêuticas comprovadas. A com um dedo. A plataforma suspensa de Vila Baleira é a única cidade da ilha e dispõe vidro proporciona uma sensação e uma vista da Casa-museu Cristóvão Colombo, que imperdível. recria o ambiente onde o famoso descobriO que não pode ser perdido igualmente é dor da América viveu. Tal como o museu degustar a gastronomia madeirense. É outra no Porto Santo, a Madeira dispõe de uma experiência memorável, com pratos típicos, oferta diversificada e descentralizada de esonde sobressaem os de peixe (espada preta paços museológicos que não podem deixar e atum) e a espetada de carne, acompande contar com uma visita para conhecer hada de milho frito e do típico Bolo-do-Caco nas suas ofertas a história da ilha onde os com manteiga de alho. Não esquecer a ponportugueses chegaram no século XV. cha, uma bebida típica feita com aguardente Outra vertente que permite experienciar as de cana, limão e mel de abelha. ofertas do destino são os eventos que a Finalmente os hotéis, as quintas e outros Secretaria Regional de Turismo e Cultura alojamentos, com uma oferta de qualidade realiza ao longo de todo o ano. Os principais de excelência, constituem eles próprios exeventos são o Carnaval, a Festa da Flor, o periências únicas que não deixam o cliente Festival do Atlântico, a Festa do Vinho, o indiferente.


ZONA VELHA DA CIDADE

LOCAIS IMPERDÍVEIS NA

Perca-se nas ruelas estreitas da zona velha! As cores quentes, as belas portas pintadas, e o burburinho de gente feliz que vagueia pela Rua de Santa Maria... No Largo do Corpo Santo existem palmeiras e esplanadas descontraídas, à volta da amorosa capela do Corpo Santo do século XV. Os barcos dos pescadores e o barulho das ondas junto ao Forte de São Tiago recuperam a beleza das coisas simples. A poucos minutos a pé, fica o Mercado dos Lavradores que, como qualquer mercado central, é de visita obrigatória.

MADEIRA

A NATUREZA EXUBERANTE, A FLORESTA LAURISSILVA, AS QUINTAS DE CHARME, AS LEVADAS, O CLIMA E A ARTE DE BEM RECEBER, SÃO ALGUMAS DAS MUITAS ATRAÇÕES DA MADEIRA.

PORTO MONIZ E SÃO VICENTE Um passeio até estas localidades na costa norte leva-vos a cenários inesquecíveis, como o Miradouro do Véu da Noiva e a praia de areia preta no Seixal, o ambiente luxuriante do Chão da Ribeira ou as grutas vulcânicas, em São Vicente. A chegada às piscinas naturais de origem vulcânica, no Porto Moniz, relembra a origem desta bela ilha e a força da natureza. As ondas dançam contra as rochas e lavam a piscina com a sua frescura. Locais únicos que refletem a singularidade da ilha da Madeira.

Mercado dos Lavradores

PICO DO AREEIRO

FLORESTA LAURISSILVA

Este pico é um clássico de visita obrigatória. É o terceiro pico mais alto da Madeira, com os seus 1818 metros de altitude, e é facilmente acessível de carro. As particularidades deste local são muitas. É um dos pontos mais fotogénicos da ilha, sobretudo quando as nuvens flutuam em seu redor. A paisagem é dramática, imponente, sublime! O sol parece brilhar mais perto, para deixar bem guardada nas memórias, a perfeição deste local.

Ao visitar a Madeira, não pode deixar de descobrir a encantadora floresta Laurissilva, considerada pela UNESCO Património da Humanidade. O Parque Florestal das Queimadas, em Santana, é um ótimo local para observar de perto a flora e a fauna da Laurissilva. Respire o ar puro, sente-se sob a copa das árvores e faça uma caminhada pela Levada do Caldeirão Verde, que se inicia neste parque e tem uma distância de aproximadamente 6,5km (+ 6,5km de regresso). Parque Florestal das Queimadas

Pico do Areeiro

Porto Moniz

PONTA DE SÃO LOURENÇO CURRAL DAS FREIRAS Rodeado por montanhas, o Curral das Freiras apresenta-se como um belo refúgio. Para o apreciar no seu todo, faça uma paragem na Eira do Serrado e suba até ao miradouro. Aqui poderá observar a enorme caldeira, com os recortes das montanhas ligadas entre si, numa sinfonia em tons de verde.

Encontre esta Reserva Natural tal como a natureza a deixou... Fica no limite sudeste da Ilha e carateriza-se por paisagens vulcânicas, intocadas, de uma beleza estonteante. Aqui pode encontrar um percurso pedestre, com cerca de 4km (mais 4km de regresso), que deve ser feito com calma, para ter tempo para apreciar cada detalhe, cada ser vivo, cada raio de luz... Ponta de São Lourenço

Eira do Serrado

CABO GIRÃO Faça uma viagem até ao Cabo Girão no concelho de Câmara de Lobos. Com uns vertiginosos 580 metros de altitude, é o cabo mais alto da Europa. Caminhe sobre a sua plataforma suspensa de vidro (Skywalk) e recorde-se daquele dia em que parecia “andar no céu”. O mar, a encosta abrupta, a Fajã do Rancho e a cidade do Funchal como pano de fundo são cenários memoráveis. Cabo Girão



Grande entrevista

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VIAJAR 2019 / MARÇO

FRANCISCO PITA, CCO DA ANA AEROPORTOS DE PORTUGAL

“Montijo vai privilegiar a eficiência e a qualidade da experiência do passageiro” EM ENTREVISTA EXCLUSIVA À VIAJAR, O ADMINISTRADOR E CHIEF COMMERCIAL OFFICER DA ANA AEROPORTOS DE PORTUGAL, FRANCISCO PITA, FALA DOS BONS RESULTADOS DE GESTÃO, DE QUESTÕES OPERACIONAIS, DAS NOVAS SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS E, COMO NÃO PODIA DEIXAR DE SER, DO FUTURO AEROPORTO DO MONTIJO. Por Sílvia Guimarães

VIAJAR – Desde que o boom do Turismo começou em Portugal que os aeroportos nacionais têm vindo a atingir resultados recorde e, sobretudo, o Aeroporto Humberto Delgado. A tendência é para continuar apesar do previsto abrandamento do Turismo no país? FRANCISCO PITA – 2019 voltou a ser um ano de crescimento muito significativo, um crescimento saudável que assenta numa distribuição entre novas rotas, novas operações em rotas existentes e aumento do load factor das aeronaves. É um crescimento diversificado. Acreditamos que vamos continuar a crescer, ainda que mais moderadamente. Portugal já demonstrou ser um destino turístico de referência com um potencial de crescimento ainda por desenvolver. V - Muito se tem falado sobre os lucros que os aeroportos portugueses têm gerado desde a privatização da ANA Aeroportos, no final de 2012, muito superiores aos inicialmente previstos (em quase mais mil milhões de euros) até ao final de 2019. O crescimento do Turismo foi, com certeza, uma das grandes causas. Para além disso, ao que se deveram estes números?

FP – Diria que há dois motivos que explicam os bons resultados da ANA. O primeiro, a forma como, trabalhando em conjunto com as entidades responsáveis pelo Turismo e com as Companhias Aéreas, temos conseguido aproveitar da melhor forma o ciclo de crescimento da procura turística a nível europeu e mundial. De facto, nos últimos anos, temos vindo a registar crescimentos de tráfego muito superiores aos nossos concorrentes europeus. O segundo motivo prende-se com o know-how da ANA-VINCI Airports para gerir e otimizar a capacidade instalada nos aeroportos nacionais. A título de exemplo, saliento o Aeroporto de Lisboa, onde estamos a processar mais 10 milhões de passageiros do que aquilo que estava apontado como sendo a máxima capacidade desta infraestrutura. Só com um extraordinário conhecimento da gestão de infraestruturas aeroportuárias foi possível não privar o País deste acréscimo de turistas.

NOVAS LIGAÇÕES AÉREAS V - 2019 foi um ano de abertura de novas rotas, principalmente nos aeroportos de Lisboa e Porto. As ligações ao Oriente e à

América do Norte estiveram em destaque. Qual o balanço que fazem do surgimento destas novas rotas e como tem sido feita a promoção nestes destinos? FP – São as companhias, melhor do que ninguém, que podem avaliar as rotas que lançaram. Ainda assim, a nossa perspetiva é positiva. São rotas para mercados, até aqui, pouco servidos nos aeroportos de Lisboa e Porto e que têm um grande potencial de crescimento. A promoção é assegurada pelos nossos parceiros do Turismo de Portugal e das entidades regionais de turismo, o que é extremamente importante, na medida em que o trabalho de promoção devidamente coordenado com a abertura de novas rotas é determinante para o seu sucesso. V - Agora que já estamos em 2020, têm novidades aos nível de novas rotas? Se sim, para onde e quando? FP – Sim. Em 2020 contamos com algumas boas notícias, como por exemplo a LATAM que passa a operar em Lisboa com o A350, aumentando assim significativamente o número de lugares disponíveis, o que é particularmente importante num aeroporto como Lisboa que está constrangido em matéria


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Grande entrevista “O Montijo permitirá aumentar a capacidade aérea na Região de Lisboa de forma muito significativa. No conjunto dos dois aeroportos, podemos chegar a 72 movimentos por hora, contra os 38 movimentos/hora”

de slots, pois permite um crescimento no número de passageiros sem necessidade de capacidade adicional de pista. Também a United Airlines passará a utilizar o seu novo Boeing 787 na rota de Lisboa, mais uma vez contribuindo de forma eficiente para o crescimento do aeroporto. Em termos de novas rotas temos algumas novidades das quais gostaria de destacar, em Lisboa, o início das operações da Jet 2 com voos para Birmingham e Manchester, e no Porto, a easyjet a aumentar a capacidade em 15% para o Verão de 2020. Em Faro, teremos, entre outras, a Air France a voar para e de Paris, no Funchal a Air Nostrum a ligar Málaga e Vallalolid e, em Ponta Delgada, a Swiss para Genéve.

AEROPORTO DO MONTIJO V - No entanto, em Lisboa temos o tão falado problema da falta de slots, com companhias aéreas durante meses à espera para conseguir um. Como estão a conseguir contornar esta situação? FP – Uma das formas de conseguir crescer o número de passageiros quando a capacidade de espaço aéreo está praticamente esgotada é exatamente a utilização de aviões de maior dimensão, tal é o caso das opções acima referidas. É importante dizer que o Aeroporto de Lisboa está perto da sua utilização máxima da capacidade de pista, o que não significa que não existam slots disponíveis. O que acontece é que, muitas vezes, são em horários comercialmente pouco atrativos ou incompatíveis com a operação das companhias aéreas. Ainda assim, temos vindo a conseguir, em conjunto com as Companhias Aéreas, encontrar soluções pontuais para utilização de horários menos atrativos. V - É aí que o Montijo entra como solução? FP – Sim, o Montijo permitirá aumentar a capacidade aérea na Região de Lisboa de forma muito significativa. No conjunto dos dois aeroportos, podemos chegar a 72 movimentos por hora, contra os 38 movimentos/hora. V - Depois do alargamento do Aeroporto Humberto Delgado e da construção do aeroporto complementar do Montijo poderemos dizer que esta situação da falta de slots ficará finalmente contornada? Mas até quando? FP – De acordo com as previsões de tráfego que temos, esta capacidade (72 movimentos/ hora) permitirá acomodar o crescimento da procura para lá do final da concessão. V - Há companhias aéreas, entre as quais as conhecidas como low cost, que afirmam que o Montijo não lhes interessa. O que é que a ANA Aeroportos pensa fazer para as atrair para o Montijo?


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VIAJAR 2019 / MARÇO

“A VINCI Airports escolheu o Aeroporto de FP – Diria que as principais motivações para as compaLisboa como centro de excenhias aéreas voarem para lência na sua rede internacional o Montijo serão a capacipara gestão de fluxos. Isto significa dade e disponibilidade de que, na rede de 46 aeroportos da VINCI horários. Um aeroporto sem qualquer slot histórico Airports, é em Lisboa que vão ser representa uma oportunidatestadas as inovações em gestão de única quer para as comde fluxos para depois serem panhias aéreas que já operam na Portela quer para aquelas ‘exportadas? para a que ainda não voam para Lisboa restante rede” escolherem os horários comercialmente mais vantajosos. Adicionalmente, o Montijo vai privilegiar a eficiência e a qualidade da experiência do passageiro. V - Agora com a questão ambiental, ao que tudo indica, resolvida, quando irão ter início as obras de construção e qual a previsão de término? FP – A partir do momento em que pudermos começar as obras será possível termos o novo aeroporto em operação ao fim de três anos.

BEJA, FARO, MADEIRA V - Nos últimos três a quatro anos é frequente, em conversas com operadores turísticos, estes frisarem que é difícil lançarem operações charters, sobretudo no verão, por falta de slots e que Beja não é solução. O que tem a dizer sobre esta matéria? FP – Conhecemos as dificuldades, que estão em linha com a falta de capacidade atual do Aeroporto de Lisboa e que afeta tanto as operações regulares como as operações charters. Em particulares condições, Beja tem servido de apoio a Lisboa. Nos últimos anos, Beja tem sido pontualmente utilizado tanto por alguns operadores turísticos, como por companhias aéreas para estacionamento de média e longa duração. A viabilidade da operação de Beja varia muito de caso para caso. A ANA mantém o Aeroporto de Beja operacional e em condições de dar resposta às operações que lhe forem solicitadas.

V - Como é que a ANA Aeroportos tem conseguido contornar a falência de companhias aéreas para aeroportos como Faro ou Madeira na reposição do tráfego aéreo? FP – Das 14 companhias aéreas que faliram na Europa desde 2016, 10 tiveram impacto na rede de aeroportos ANA, principalmente na Madeira e em Faro. Ainda assim, foi possível recuperar, tendo sido importante o trabalho das nossas equipas de desenvolvimento de rotas que, trabalhando em conjunto com as Companhias Aéreas e o Turismo, conseguiram minimizar os impactos negativos. V - O que tem sido feito para contornar de vez a falta de segurança do Aeroporto Cristiano Ronaldo em dias de ventos desfavoráveis? FP – O Aeroporto da Madeira é um aeroporto seguro, que tem restrições operacionais em determinadas condições atmosféricas. A ANA tem vindo a trabalhar com as entidades responsáveis para aprofundar este tema e procurar soluções que, sem comprometer a segurança, permitam melhorar as condições de operação do Aeroporto. Em paralelo, a ANA, em conjunto com as restantes entidades aeroportuárias e turísticas da Madeira, tem um protocolo específico de atuação – que já obteve resultados positivos – para, em caso de disrupção, atuar de forma coordenada no sentido de minimizar os incómodos para os passageiros.

SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS TESTADAS EM LISBOA V - A ANA Aeroportos tem vindo a apostar cada vez mais em soluções tecnológicas para que, desde o check-in até à entrada no avião, o tempo de espera seja o mais

reduzido possível. Mas isto apenas se tem verificado em Lisboa. Para quando o alargamento aos restantes aeroportos? FP – As soluções tecnológicas são uma área de aposta da ANA. Procuramos com estas tornar-nos mais eficientes e, acima de tudo, contribuir para uma experiência positiva dos passageiros que utilizam as nossas infraestruturas. Há neste momento várias soluções que estão em fase “piloto” e que brevemente vão ser alargadas à rede de aeroportos ANA. Recordo que a VINCI Airports escolheu o Aeroporto de Lisboa como centro de excelência na sua rede internacional para gestão de fluxos. Isto significa que na rede de 46 aeroportos da VINCI Airports, é em Lisboa que vão ser testadas as inovações em gestão de fluxos para depois serem “exportadas” para a restante rede. V - Há quem recentemente tenha considerado a Portela “o pior aeroporto do mundo”. Quer comentar? FP – O contrato de concessão que a ANA assinou com o Estado Português tem associados exigentes níveis de qualidade de serviço que a ANA é obrigada a manter independentemente do volume de tráfego processado. Tratam-se de indicadores qualitativos e quantitativos que trimestralmente têm de ser reportados ao regulador nacional da aviação civil (ANAC) e sobre os quais a ANA está sujeita a penalidades em termos de incumprimentos. O Aeroporto Humberto Delgado, mesmo a operar no limite da sua capacidade, garante níveis de serviço que cumprem globalmente as exigências do contrato de concessão. As nossas equipas têm sido capazes de responder à procura crescente de tráfego, mantendo os níveis de qualidade de serviço exigíveis contratualmente.



LATAM lança uma nova classe de cabine

para seus voos nacionais e internacionais dentro da América Latina

A PREMIUM ECONOMY É UMA CLASSE DE CABINE SUPERIOR PARA TODOS OS VOOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS DENTRO DA AMÉRICA LATINA, E ESTARÁ DISPONÍVEL EM TODOS OS VOOS OPERADOS POR ESSE TIPO DE AERONAVE A PARTIR DE 16 DE MARÇO DE 2020. O GRUPO LATAM AIRLINES implementará uma classe de cabine superior, a Premium Economy, em todos os seus voos domésticos e internacionais dentro da América Latina operados por aeronaves da família Airbus A320 (A319, A320 e A321); aeronaves de curto e médio alcance), a partir de 16 de março de 2020. A partir desta data, a LATAM será a única operadora que possui um serviço premium em toda a sua rede de 145 destinos em 26 países e cinco continentes, com Premium Economy para aeronaves de curto e médio alcance (família Airbus A320) e Premium Business para aeronaves de longo alcance (Boeing 787, 777, 767 e Airbus A350). Uma vez implementada, a LATAM oferecerá dois tipos de serviços em todos os voos operados por aeronaves de curto e médio alcance: Premium Economy e Economy. Os passageiros Economy também manterão a opção de escolher os assentos LATAM + com maior amplitude e espaço reservado

nos compartimentos superiores de bagagem, na maioria dos voos da empresa. “Hoje estamos lançando a Premium Economy, uma das mudanças mais potentes em termos de experiência de viagem na história da LATAM”, disse Paulo Miranda, vice-presidente de clientes do grupo LATAM Airlines. “Como parte do nosso compromisso de oferecer mais opções, flexibilidade e personalização para atender a todos os tipos de viagens e permanecer a primeira opção para os clientes na América Latina, a Premium Economy oferecerá a possibilidade de escolher um serviço superior em todos os nossos voos”, acrescentou o executivo. PREMIUM ECONOMY A classe Premium Economy estará disponível em mais de 240 aviões que operam 1.280 voos por dia, tanto no doméstico quanto no regional, oferecendo amplos benefícios aos clientes, são eles:

NO AEROPORTO • Check-in em balcão preferencial • De uma a três peças de bagagem despachadas de 23kg • Embarque preferencial • Retirada prioritária na esteira de bagagem • Acesso à Sala VIP LATAM nos aeroportos de São Paulo (Guarulhos), Santiago, Lima, Bogotá, Miami e Buenos Aires para voos internacionais selecionados. EM VOO • Assento central bloqueado para maior espaço e privacidade • Compartimento exclusivo para bagagem de mão • Experiência diferenciada a bordo (incluindo snacks e outras opções complementares). A Premium Economy já pode ser experimentada nas rotas a partir de São Paulo (Guarulhos) para Buenos Aires, Lima e Santiago. De Santiago para Buenos Aires, Lima e São Paulo (Guarulhos) e de Lima para São Paulo (Guarulhos) e Santiago. Para as demais rotas (domésticas e dentro da América Latina) as reservas já estão abertas para voar partir de 16 de março de 2020, por meio do latam.com e agências de viagem.

O Grupo LATAM Airlines é o principal grupo de companhias aéreas da América Latina e um dos maiores do mundo em conectividade. Oferece voos diários e diretos de Lisboa para São Paulo para se conectar a mais de 120 destinos na América Latina.



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JAVIER ROIG, DIRECTOR-GERAL DA FINNAIR PARA O SUL DA EUROPA

“Em 2019 nos voos de Lisboa tivemos em média um load factor de 92,7% e nos voos do Porto de 89,1%” PRESTES A REFORÇAREM A SUA OPERAÇÃO À PARTIDA DO PORTO, JAVIER ROIG ASSEGURA QUE A FINNAIR QUER SER O VEÍCULO DE ENTRADA DOS PORTUGUESES NO NORTE DA EUROPA E TAMBÉM UM PONTO DE PASSAGEM PARA A ÁSIA. Por Sílvia Guimarães

VIAJAR – A Finnair está a apostar cada vez mais no mercado português, primeiro com a abertura da operação diária entre Lisboa e Helsínquia, depois com dois voos semanais à partida do Funchal, entre outubro de 2019 e março de 2020, e agora a operação sazonal à partida do Porto, de abri a outubro deste ano. Pode-se dizer que a aposta da Finnair no mercado português é uma aposta ganha? JAVIER ROIG – Sim, sem dúvida que o mercado português continua a ser uma aposta para a Finnair devido ao aumento do turismo no país e da possibilidade de ligação entre Portugal e o mercado asiático. As rotas de Portugal têm tido uma excelente aceitação, tanto por parte do mercado português, como a nível de outros mercados como é o caso do asiático.

REFORÇO DE OPERAÇÃO À PARTIDA DO PORTO V – Por que decidiram antecipar o início da operação do Porto de Agosto para abril deste ano? JR – Os voos do Porto tiveram no ano passado uma grande procura, especialmente pelo mercado finlandês, o que originou o alargamento desta operação. Sentimos que este ano o mercado português também irá aderir, aproveitando as excelentes ligações da Finnair não só para o Norte da Europa mas também para a Ásia. V – A Finnair está assim a tentar desmistificar que a Finlândia é um destino caro para o Mercado português? JR – Certamente a Finlândia é um país caro em alguns aspetos, mas nestes últimos anos a diferenciação de preços já não é tão notória, como na década de 1990. Nessa altura este país era considerado um dos países mais caros do mundo e esta reputação manteve-se.


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“Em 2019, 21% dos passageiros portugueses da Finnair tiveram como destino final a Ásia, 20% Helsínquia, 7% outros destinos domésticos na Finlândia e os restantes 52% conectaram para outras cidades europeias, como por exemplo Reykjavic, Tallin ou São Petersburgo”

Pode-se dizer que os voos diários da Finnair proporcionam aos portugueses fazerem um city break na capital Finlandesa a preços bastante razoáveis. Se considerarmos os destinos da Lapónia, aí sim, talvez as viagens sejam um pouco mais dispendiosas, devido às excelentes atividades proporcionadas no Inverno e onde, com alguma sorte, poderão ter a oportunidade de avistar uma Aurora Boreal. É um destino fantástico de Inverno. Mas a Finlândia também é um destino bastante aprazível no Verão, com temperaturas amenas e dias longos, principalmente nos meses de maio e junho devido ao “sol da meia-noite”, onde a vida na capital se torna fervilhante, e onde se pode usufruir de umas férias relaxantes na zona dos lagos e visitar os inúmeros parques naturais que este país possui. No Outono destacamos a “explosão” de cores dos bosques. Esta é a estação do ano que os finlandeses denominam de “ruska”, onde imperam as cores vermelhas, os amarelos e os acastanhados. Relembramos que, pelo segundo ano consecutivo, a Finlândia foi considerado o “País Mais Feliz do Mundo”. Isto deve-se, em parte, à existência de um sistema de saúde e educacional exemplares, ao fácil acesso à cultura e pelo facto de se tratar de um dos países mais seguros do mundo. Este ano, a capital receberá no Verão, entre 12 de junho e 27 de setembro, a Bienal de Helsínquia, uma mostra de arte contemporânea com a participação de 35 artistas finlandeses e estrangeiros, com entrada

livre na zona marítima da cidade que, estamos certos, trará ainda mais turistas à cidade.

V – Quantos passageiros transportaram nas operações à partida e chegada a Portugal em 2019? JR – Em 2019 nos voos de Lisboa tivemos em média um load factor de 92,7% e nos voos do Porto de 89,1%, isto equivale a um acréscimo de 8% se compararmos com os números de 2018.

DESTINO FINAL DOS PORTUGUESES V – Helsínquia é o destino final da maioria dos passageiros que viajam de Portugal ou podemos dizer que os destinos asiáticos, devido a uma campanha promocional que fizeram recentemente, também são muito procurados? JR – Digamos que os números são equilibrados, sendo que na Europa, destacamos por razões óbvias Helsínquia e os cerca de 20 destinos domésticos na Finlândia, onde incluímos os destinos da Lapónia (Rovaniemi, Ivalo, Kuusamo, Kittila…), muito apreciados no período de Inverno pelos portugueses, assim como as ligações para as cidades dos Países Bálticos, tais como Vilnius, Riga e Tallin, este ano temos tido uma grande procura pela Islândia, dadas as boas ligações desde Helsínquia até Reykjavic. Os destinos russos também têm grande procura, principalmente São Petersburgo e Moscovo. No entanto, os nossos voos de longo cur-

so, também são bastante procurados, já que a Finnair conecta em Helsínquia com 20 destinos Asiáticos, sendo o Japão e a Tailândia os mais procurados, mas também a China, Singapura e a Coreia do Sul. No final do ano passado, a Finnair aumentou a sua oferta para a Ásia com voos para Sapporo no Japão, um excelente destino para a prática dos desportos de Inverno, e a acrescentar aos voos já existentes para a China, um voo para o novo aeroporto de Pequim – Daxing. Este ano, a Finnair irá voar para um segundo destino na Coreia do Sul – Busan, a segunda cidade mais importante daquele país e também começará a voar para o aeroporto de Haneda, em Tóquio. No que diz respeito a números, em 2019, 21% dos passageiros portugueses da Finnair tiveram como destino final a Ásia, 20% Helsínquia, 7% outros destinos domésticos na Finlândia e os restantes 52% conectaram para outras cidades europeias, como por exemplo Reykjavic, Tallin ou São Petersburgo. V – Estão a pensar estender ainda mais a vossa aposta no mercado português, talvez em 2021? JR – Para já a Finnair irá manter os voos diários de Lisboa para Helsínquia e a operação do Funchal com dois voos semanais no período de Inverno e um voo semanal no período de Verão. A novidade deste ano centra-se efetivamente no prolongamento dos voos diretos do Porto, com duas ligações semanais de 13 de abril a 19 de outubro. Ainda será muito prematuro falar sobre a operação em 2021.


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ALEN MLEKUZ, DIRETOR COMERCIAL PARA PORTUGAL DA QATAR AIRWAYS

“Estamos no caminho certo” COM VOOS PARA PORTUGAL HÁ POUCO MAIS DE MEIO ANO, ALEN MLEKUZ GARANTE QUE A QATAR VEIO PARA FICAR, COM UMA MAIOR APOSTA NO MERCADO PORTUGUÊS A PARTIR DO VERÃO. ELEITA A MELHOR COMPANHIA AÉREA DO MUNDO POR CINCO VEZES, A “EXCELÊNCIA” É A SUA PALAVRA DE ORDEM. Por Sílvia Guimarães

VIAJAR – A Qatar está a operar em Portugal há já mais de meio ano, desde setembro de 2019. Agora decide quase que dobrar o número de voos a partir de 13 de junho, passando de sete para 13 voos semanais. Pode-se dizer que esta é uma rota vencedora? ALEN MLEKUZ – A operação está de facto a correr bastante bem. Vamos ter 13 voos semanais em junho e 11 voos semanais a partir de julho, o que prova o quão comprometidos estamos com o mercado português. Ainda estamos no início desta rota, mas os sinais positivos que temos observado e o incrível feedback dos stakeholders da indústria mostra que estamos no caminho certo. A nossa marca está a ser implementada de forma consistente e a receção tem sido fantástica, tanto do ponto de vista do mercado corporate como do consumidor.

mliner, dos quais 286 em classe executiva e 3.016 em classe económica. Com 11 voos semanais, que acontecerá de julho em diante, teremos 2.794 lugares por semana, 242 em classe executiva e 2.552 em classe económica.

V – Quais são os destinos que os passageiros da Qatar mais procuraram ao viajar de e para Portugal? AM – Antes de mais, importa realçar que Doha, sendo a nossa casa-mãe, é também o nosso hub no moderníssimo Aeroporto Internacional de Hamad, ou seja, o local de onde partem voos para mais de 170 destinos em todo o mundo. A rota Lisboa-Doha permite ligar Portugal a uma grande quantidade de destinos. Algumas das nossas rotas mais populares incluem Tailândia, Indonésia, Moçambique, Vietname, África do Sul, Namíbia, Sri Lanka, Seychelles, Maldivas, Austrália ou Nova Zelândia. Vamos inaugurar vários destinos novos em 2020, incluindo Luanda, que tem bastante importância para o mercado português, tanto na esfera corporate como do público. Além disso, existe sempre a possibilidade de fazer uma escala ligeiramente mais prolongada em Doha e descobrir a cidade e o Qatar, algo que encorajamos. É um local com “A excelêngrande vertente cultural, com cia é essencial onde praia e deserto, atividades temáticas, adequadas tanto quer que tenhamos para individuais como para operação a decorrer, famílias.

V – Quantos passageiros transportou e é vital providenciar a companhia nesta sempre a melhor rota em 2019? Qual V – por outro lado, contifoi ainda o load factor nuam a apostar em novas experiência” e a taxa de ocupação? rotas europeias. Quais serão AM – Por razões comerciais as novidades da companhia para e de política de empresa, não outros destinos da Europa? abordamos este tipo de fatores, mas AM – Sendo uma das companhias aéreas estamos bastante satisfeitos com a rota, em mais rápido crescimento a nível como prova o aumento da frequência de mundial, estamos sempre a monitorizar voos. de muito perto possíveis oportunidades, quer na Europa, quer noutros continentes. 11 VOOS E 2.794 LUGARES SEMANAIS Estamos constantemente a fortalecer a nossa presença nos diferentes mercados V – Com o aumento de voos, quantos onde operamos e a Europa não é diferente. lugares irão passar a disponibilizar por Este ano, vamos abrir rotas que ligam Doha semana? a Santorini, Dubrovnik e Lyon, por exemplo. AM – Com os 13 voos semanais, que aconAs pessoas querem sentir que fazem parte tecerá em junho, teremos um total de 3.302 do processo e, na Qatar Airways, proculugares por semana nos nossos B787 Drearamos sempre providenciar uma expe-


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“A operação está de facto a correr bastante bem. Vamos ter 13 voos semanais em junho e 11 voos semanais a partir de julho, o que prova o quão comprometidos estamos com o mercado português”

riência de excelência, desde o momento de procura de voos até à aterragem no destino final. Isso envolve proporcionar ligações que facilitem a mobilidade dos passageiros.

A MELHOR DO MUNDO

V – A Qatar Airways está no Top 5 das companhias aéreas mais seguras do mundo, tendo em 2019 ganho, pela quinta vez, o ´”Óscar” da aviação, nos Skytrax World Airline Awards, de “melhor companhia aérea do mundo”. Quais são os fatores pelos quais a companhia se rege para atingir targets tão elevados? AM – Estabelecemos os mais altos padrões para os nossos produtos e serviços, assim como para a forma como os entregamos, que é na forma de valor acrescentado. A excelência é essencial onde quer que tenhamos operação a decorrer, e é vital providenciar sempre a melhor experiência. Esta forma de atuar permitiu-nos crescer exponencialmente e, ao mesmo tempo, demonstrar o rótulo de qualidade que está associado a cada voo Qatar Airways. Esta linha de ação levou-nos a vários prémios, que muito nos honra receber. Nos Skytrax World Airline Awards, ganhámos os prémios para Melhor Companhia Aérea do Mundo, Melhor Classe Executiva do Mundo, Melhor Assento de Classe Executiva e Melhor Companhia Aérea do Médio-Oriente. Isto dá-nos confiança em relação à forma como trabalhamos e mostra-nos que a excelência é um padrão que nunca pode ser ignorado. Temos orgulho em ser considerados a Melhor Companhia Aérea do Mundo.


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MSC Grandiosa O nome diz tudo!

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SUA GRANDIOSIDADE FAZ ADIVINHAR, desde logo, o que será passar uns dias a bordo deste gigante dos mares, inaugurado no passado dia 9 de novembro, em Hamburgo, na Alemanha. O MSC Grandiosa, o 17º navio da companhia de cruzeiros italiana MSC Cruzeiros e o primeiro da classe Meraviglia-Plus, oferece ainda mais espaços públicos, bem como uma série de outras inovações. Com 331 metros de comprimento, o MSC Grandiosa tem capacidade para 6.334 passageiros, dispõe de 2.421 camarotes e 13 áreas diferentes de refeições, sendo que as refeições são preparadas por seis famosos chefes, entre os quais o alemão Harald Wohlfahrt, três estrelas Michelin, e o espanhol Ramón Freixa, detentor de duas estrelas.

SEM DÚVIDA, O MAIOR, O MAIS IMPONENTE E O MAIS LUXUOSO NAVIO DA ITALIANA MSC CRUZEIROS, QUE A VIAJAR TEVE A OPORTUNIDADE DE CONHECER DE PERTO E SENTIR DA MELHOR FORMA.

O design extraordinário, um vasto conjunto de instalações e um entretenimento de qualidade superior fazem deste o navio ideal para toda a família. No coração do MSC Grandiosa está uma promenade interior incrível, que se estende por 101 metros, encimada por uma cúpula de LED. É aqui que encontrará muitas opções para compras, um enorme bistrot francês e muitos outros espaços, onde pode desfrutar de uma refeição requintada ou beber uma bebida enquanto relaxa. Tudo para dar as boas-vindas a todos os viajantes.

ALOJAMENTO Na hora de escolher o alojamento é importante saber que o design e o conforto

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estão presentes de todas as formas, e estão garantidas opções para toda a família, desde os camarotes mais simples às suites duplex com banheira de hidromassagem privativa e a maior oferta de camarotes com varanda e vista mar da indústria de cruzeiros. Para quem procura o exclusivo, o luxo e o requinte… nada melhor que optar pelo MSC Yacht Club, um refúgio exclusivo de refinamento. Do conforto das Royal Suite, o incrível One Pool Deck com os seus próprios piscina, hidromassagem, sun deck e bar, ao elegante Top Sail Lounge com restauração tudo-incluído. O conceito “Um Navio Dentro do Navio” oferece aos viajantes MSC Yacht Club uma nova dimensão de luxo marítimo. Desfrute de uma viagem de glamour e grandeza com o nosso serviço de mordomo 24h.


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ENTRETENIMENTO E DIVERTIMENTO Com cerca de 10 m2 de espaço público, em torno da piscina do MSC Grandiosa é o melhor lugar para estar. Iluminação incrível, um ecrã gigante e design para uma atmosfera diferente, a piscina principal do navio fica ainda mais bela depois do pôr-do-sol. Desfrute, com exclusividade, dos melhores espetáculos do mundo realizados em incríveis espaços, como o Carousel Lounge, o versátil Karaoke Bar, o Comedy Club, o Attic Club e o TV Studio & Bar. Os hóspedes mais jovens poderão aproveitar o aquaparque do navio, que proporciona muita diversão, com três tobogãs ou uma “ponte suspensa”, para além do centro desportivo para praticar desportos e jogar durante todo o dia. Ainda a pensar nos mais jovens e nos adultos cheios de adrenalina existem dois simuladores de Fórmula 1 e pistas de Bowling de tamanho real. E porque o MSC Grandiosa quis ir mais além, o Teens Club dispõe de dois clubes para adolescentes, um para idades entre os 12 e os 14 anos e outro para entre os 15 e os 17. Para além disso, o espaço exclusivo para adolescentes tem cinema, salão de jogos e discoteca, que funcionam em horários diferentes para proporcionar o máximo em diversão para todos.

CIRQUE DU SOLEIL AT SEA Duas vezes por noite, seis noites por semana, os hóspedes do MSC Grandiosa terão a oportunidade única de assistir a duas apresentações originais do Cirque du Soleil at Sea, mediante pagamento extra: EXENTRI-

CKS - Expect the Unexpected, um espetáculo cheio de diversão e ilusão que desafia os espetadores a abraçar o seu lado excêntrico; COSMOS - Journey to the Unbelievable, que o leva numa viagem pela galáxia com um bravo cosmonauta numa demanda pela autodescoberta. Os cruzeiristas poderão saborear uma experiência culinária inesquecível no mesmo espaço, o Carousel Lounge, que pode acomodar até 400 pessoas, incluindo mais de 100 desfrutando de um jantar e do espetáculo do Cirque du Soleil at Sea. Além do Cirque du Soleil, o navio conta ainda com novas produções teatrais todas as noites no teatro do navio.

ARTE O MSC Grandiosa apresenta uma combinação, sem precedentes, de arte a bordo de um cruzeiro de luxo. Aquilo que normalmente só podemos admirar em galerias de arte espera por si a bordo do navio, numa exposição que durará dois anos. Degas Danse Dessin, pelo mundialmente famoso parisiense Edgar Degas. Celebrado como um dos grandes impressionistas, Degas é conhecido pelo estilo muito próprio, da pintura à escultura. Um dos temas favoritos do mestre francês era o ballet e em muitos dos seus trabalhos capturou momentos íntimos da vida das bailarinas. Escolhidos pela própria MSC, 26 desenhos originais esperam por si no L’Atelier Bistro.

MSC AUREA SPA E como já vem sendo habitual em todos os

navios da companhia, o MSC Aurea Spa está uma vez mais presente. Este luxuoso spa balinês que oferece tratamentos de relaxamento de assinatura, para revitalizar corpo e alma. Completado por um spa termal, salão de beleza e boutique de unhas, o MSC Aurea Spa vai deixar todos os seus visitantes a sentirem-se mimados da cabeça aos pés.

TECNOLOGIA DE PONTA Considerado “o navio mais inovador” da companhia por Pierfrancesco Vago, executive chairman da MSC Cruzeiros, no dia da sua inauguração, o MSC Grandiosa é de todos os navios o mais avançado a nível tecnológico e ambiental. A título de exemplo, nenhuma água utilizada no navio é deitada para o mar, sendo sempre reutilizada. Por outro lado, este é o primeiro navio do mundo com equipamento próprio que permite a redução de ruído subaquático, além de possuir sistemas avançados de limpeza de gases de exaustão, redução catalítica seletiva, gestão avançada de resíduos sólidos, poupança de energia ou sistema inteligente de aquecimento, ventilação e ar condicionado. A já famosa ZOE, a assistente virtual da MSC Cruzeiros, é outro dos destaques de avanço tecnológico do MSC Grandiosa, assim como a App MSC for Me. A primeira permite que os hóspedes possam esclarecer as suas dúvidas a partir do seu camarote, sem que para isso tenham que sair ou fazer um telefonema, ao passo que através do segundo os cruzeiristas podem, até mesmo antes de começar o cruzeiro, efetuar reservas de restaurantes ou excursões e planearem toda a sua viagem a bordo.


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FRANCISCO FARRÁS, DIRETOR-GERAL IBÉRICO DO AVIS BUDGET GROUP PORTUGAL

“Avis Portugal desenvolveu a sua estratégia de mobilidade para tornar as cidades mais «habitáveis»” COM PRESENÇA HÁ MAIS DE 60 ANOS EM PORTUGAL, O AVIS BUDGET GROUP ESTÁ A APOSTAR, CADA VEZ MAIS, NAS SOLUÇÕES DE MOBILIDADE DOS PORTUGUESES, MAS ALERTA PARA A URGÊNCIA DO AEROPORTO DO MONTIJO. Por Sílvia Guimarães

VIAJAR – O Avis Budget Group comemorou em 2019 seis décadas de presença em Portugal. Qual o balanço que faz destes 60 anos? FRANCISCO FARRÁS – O balanço destes 60 anos é, sem dúvida, positivo, com crescimento do portfólio de marcas, criação de parcerias importantes em setores de referência e lançamentos inovadores. Quando começámos, há 60 anos, só operávamos com a marca Avis. Desde então fomos crescendo com a aquisição da Budget, como marca complementar, e, com isso, o grupo passou a operar em Portugal com duas marcas mundiais no seu portfolio. Em outubro de 2018 incorporámos duas novas insígnias, a Turiscar e a Turisprime, que trazem know how do mercado local, que reforçam a nossa presença em alguns segmentos e nos permitem crescer no mercado nacional. Atualmente, a mobilidade está a evoluir rapidamente, com mudanças significativas nos comportamentos, atitudes e exigências dos consumidores no que diz respeito aos serviços que utilizam. A mudança mais significativa foi destacada no nosso relatório ‘The Road Ahead: The Future of Mobility’, que revelou que os portugueses, apesar de ainda darem grande importância à viatura própria, quando questionados sobre a possibilidade de deixar de ter veículo próprio e passar a utilizar serviços de aluguer a longo prazo, on demand ou subscrição, admitem fazê-lo se isso for mais vantajoso em 56% dos inquiridos. A mudança também foi influenciada pela crescente preocupação com a sustentabilidade, com um em cada 10 portugueses a afirmar que as questões ambientais são um dos fatores que os levariam a abdicar do seu veículo próprio. Consciente e respondendo a esta nova realidade e expectativas de que os serviços de mobilidade sejam mais on demand, flexíveis

e otimizados, a Avis Portugal desenvolveu uma proposta de mobilidade flexível, um ecossistema que inclui várias soluções, incluindo aluguer de curto, médio e longo prazo para enfrentar os novos desafios de mobilidade das cidades urbanas. Este serviço inovador, disponível nos centros urbanos, permite o aluguer de veículos de períodos desde duas horas até ao limite máximo que o cliente necessitar. A proposta de mobilidade flexível é apoiada pelas mais recentes inovações tecnológicas, incluindo; as novas funcionalidades da Avis App que permite aos condutores um controlo total sobre o seu aluguer; os carros conectados que facilitam a operacionalização e a otimização do processo de aluguer; e a frota Eco, que fornece aos clientes uma solução de mobilidade ambientalmente responsável por meio da integração de veículos híbridos. V – Em 2018, recebeu, nos EUA, o prémio de ‘Country of the Year 2018’, demons-

trando que o grupo estava a acompanhar os bons resultados do turismo em Portugal. Em 2019 conseguiram manter os resultados? FF – Depois de um ano de 2018 muito positivo, 2019 foi um ano que decorreu dentro das previsões para a Avis Portugal, com um crescimento e consolidação sustentados, fruto de uma equipa que continua motivada e focada nos objetivos e com clientes satisfeitos. Mantivemos uma aposta forte em soluções de mobilidade que proporcionem a melhor experiência de aluguer aos nossos clientes e que vão ao encontro das suas necessidades. Por exemplo, com a disponibilização de uma frota híbrida e novos serviços de mobilidade com o lançamento do Avis Free Move, a solução criada para dar resposta às novas necessidades dos clientes corporativos que exigem maior flexibilidade nos seus alugueres de médio e longo prazo. Sem esquecer o lançamento da nova versão da


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“Estamos a trabalhar na criação de uma frota global totalmente conetada que nos permitirá reunir informações em tempo real e aperfeiçoar ainda mais a experiência de aluguer”

Avis App, que permite aos clientes gerir o seu contrato de aluguer confortavelmente no seu smartphone. Também estamos a trabalhar na criação de uma frota global totalmente conectada que nos permitirá reunir informações em tempo real e aperfeiçoar ainda mais a experiência de aluguer para os utilizadores, contribuindo para melhorar a gestão de frotas e outros serviços que podem reduzir o impacto ambiental.

V – Têm perspetivas de expandir este número? FF – Este ano, inaugurámos uma nova estação em Famalicão em fevereiro e continuamos a rever os nossos serviços e localizações em linha com as necessidades dos nossos clientes e também da indústria. Estamos constantemente a receber feedback dos nossos clientes para nos assegurarmos que estamos a dar resposta a todas as suas novas necessidades de mobilidade.

MERCADOS TURÍSTICO E CORPORATIVO

V – Em 2018 adquiram a Turisprime, que veio ocupar o lugar da Payless, no segmento de low-cost… FF – A aquisição da Turisprime veio contribuir para a consolidação do negócio e do posicionamento do Avis Budget Group no mercado português, dando resposta ao crescimento da procura no segmento de turismo. Também veio permitir que o Avis Budget Group possa oferecer serviços e soluções de mobilidade a um maior número de clientes. A integração no Avis Budget Group veio permitir uma maior sinergia de equipas, procedimentos e conhecimento que é benéfica para todos.

V – Quanto a segmentos qual o que teve mais peso nestes resultados? Quais as perspetivas para 2020? FF – O mercado português tem beneficiado bastante do impulso do turismo nos últimos anos e, consequentemente, o segmento de Turismo tem atualmente um peso de cerca de 80% face ao segmento corporativo. Em 2019 iniciou-se uma forte aposta em soluções inovadoras para o mercado corporativo, com o lançamento de soluções como o Avis Free Moove, a solução de mobilidade desenhada para responder às novas necessidades dos clientes empresariais que requerem maior flexibilidade nos seus alugueres de média e longa duração, pelo que acreditamos que este segmento tem potencial de crescimento em termos de negócio. V – No final do verão do ano passado inauguraram mais uma loja em Lisboa. Ao todo quantas lojas têm? FF – Com a inauguração da estação da Rua Castilho, o Avis Budget Group tem atualmente cerca de 100 estações que a opera sob as diferentes marcas do grupo, incluindo Turiscar e Turisprime.

V – E no que respeita à Turiscar, que também foi adquirida pela mesma altura? FF – A Turiscar foi integrada na Avis Budget Group em 2018 e mantém a identidade e valores que estão na sua génese. Continua focada no segmento de Insurance and Replacement e é reconhecida no mercado pelo serviço de excelência que oferece. A marca comemora este ano 30 anos de atividade.

MOBILIDADE V – Muito se fala nas soluções de mobilidade que as empresas de rent-a-car têm vindo a introduzir no país. Em que seg-

mentos a Avis tem apostado mais e quais têm tido maior procura? FF – A Avis Portugal desenvolveu a sua estratégia de mobilidade para tornar as cidades mais “habitáveis”, responder às novas necessidades dos cidadãos e contribuir para uma mobilidade cada vez mais inteligente e sustentável. A estratégia de negócios gira em torno do ecossistema Avis Flex Mobility, que representa o leque de serviços e soluções da empresa em termos de tipo de frota, duração do aluguer (longo, médio, curto e muito curto prazo), tanto para clientes como para empresas. Para cada necessidade do cliente, temos uma solução de mobilidade. A Avis monitoriza constantemente a experiência de seus consumidores, para reinventar o processo de aluguer e torná-lo mais conveniente, personalizado e simples. Um exemplo disso, é a introdução de carros conectados, e o compromisso em ter uma frota totalmente conectada para melhorar os seus serviços e as suas plataformas de serviços digitais, como a Avis App, que foi atualizada com novas funcionalidades em 2019. No último verão, também apresentámos novidades muito relevantes. Os consumidores procuram cada vez mais formas de viajar que sejam ecologicamente sustentáveis. Em resposta a esta nova procura por soluções de mobilidade, a Avis Portugal lançou a sua frota ecológica, onde oferece aos clientes a opção de alugar uma frota diversificada de veículos híbridos, em locais selecionados. Os clientes da Avis Portugal podem agora escolher entre vários modelos ecológicos, como o Toyota Corolla, Toyota CHR e Kia Niro, quando disponíveis. Em outubro de 2019, e em resposta às necessidades específicas do segmento corporativo, a Avis Portugal lançou uma solução de mobilidade projetada para clientes corpo-


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rativos que procuram mais flexibilidade nos alugueres de médio e longo prazo. O Avis Free Move permite que os seus utilizadores tenham acesso a uma variedade de carros e vans, para alugueres de 1 a 18 meses, beneficiando de condições vantajosas.

AEROPORTO DO MONTIJO V – Agora que o Montijo teve luz verde. Acredita que o novo terminal aeroportuário da região de Lisboa é a solução para o esgotamento do atual aeroporto? FF – As limitações do atual aeroporto de Lisboa para o setor do rent-a-car são conhecidas por todos, pelo que a criação de um novo terminal poderá ter um impacto positivo na prestação de um melhor serviço aos nossos clientes, com processos mais céleres e melhores condições operacionais. E, em última análise, um novo aeroporto significa também mais turismo para a cidade, o que tem um impacto positivo na operação da Avis Portugal. V – Mas até o Montijo entrar em funcionamento acredita que o setor do rent a car será prejudicado por este esgotamento do principal aeroporto do país? FF – A saturação do aeroporto de Lisboa é uma limitação ao crescimento do negócio, mas estamos a trabalhar com a ARAC e a ANA – Aeroportos de Portugal para vermos de que forma podemos minimizar estas limitações e sobretudo reduzir o número de clientes que classifica a sua experiência de aluguer como menos positiva, fruto destas limitações logísticas do aeroporto de Lisboa.

preparados para liderar o caminho na introdução de soluções inovadoras de mobilidade para clientes corporativos e empresariais, mas também de lazer. V – Como vê a mudança constante deste setor, sobretudo nos últimos 10 anos? FF – Segundo dados da ARAC - Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor - a evolução do setor de turismo em Portugal atingiu um ponto de estabilização após o boom dos últimos anos.

MERCADO DE RENT-A-CAR V – Temos assistido a uma proliferação de empresas de rent-a-car no país. Considera isso prejudicial para o setor? FF – Não. Existe uma procura no mercado por um vasto leque de serviços de mobilidade, e as nossas mais recentes pesquisas no campo do futuro da mobilidade demonstram que há uma tendência de crescimento nesse sentido. Além disso, não há apenas uma solução para todas as necessidades de mobilidade. Diferentes tipos de clientes têm diferentes necessidades de mobilidade, e isso cria espaço para diferentes fornecedores para diferentes serviços no segmento do rent-a-car. No Avis Budget Group temos uma vasta gama de soluções de mobilidade, tanto a nível global como local, que nos permite dar resposta a diferentes tipos de necessidades - desde diferentes expectativas dos clientes até preços e soluções sustentáveis. Estamos muito entusiasmados com as oportunidades que o setor da mobilidade nos apresenta e

“Depois de um ano de 2018 muito positivo, 2019 foi um ano que decorreu dentro das previsões para a Avis Portugal, com um crescimento e consolidação sustentados, fruto de uma equipa que continua motivada e focada nos objetivos e com clientes satisfeitos”

No entanto, o setor do rent-a-car está numa fase positiva e o número total de dias de aluguer cresceu mais de 50% em dez anos. O setor do rent-a-car tem vindo a passar por várias mudanças nos últimos anos com a introdução de novos serviços e a mudança para processos paper free, digitais e mais rápidos. Os contratos já não são entregues em papel na maioria dos casos, já que foram substituídos pela versão eletrónica e todo o processo pode ser feito através do telemóvel e muitas vezes sem ser necessário passar pelo balcão da estação. As Apps tornaram-se ferramentas fundamentais na experiência de aluguer e verifica-se uma uma desmaterialização de processos que gera mais rapidez, sustentabilidade e conveniência. Mas as mudanças não ficam por aqui. Vivemos atualmente uma revolução significativa do conceito de mobilidade. O The Road Ahead Mobility Report revela uma tendência de mudança no que diz respeito ao regime de propriedade de veículos e um número crescente de consumidores preparados para abdicar da viatura própria em prol de soluções de aluguer de longo prazo, on demand ou por subscrição. As necessidades de mobilidade dos clientes também estão a evoluir rapidamente, o que levou as empresas de rent-a-car a desenvolver novas soluções de mobilidade para dar resposta à procura. Atualmente, assistimos à introdução desses novos serviços através de planos de aluguer flexíveis com diferentes durações, novos serviços personalizados para clientes particulares e corporativos e uma solução sustentável em constante expansão para clientes que procuram opções de transporte mais ecológicas. No geral, à medida que o número de carros particulares começa a diminuir, as oportunidades para empresas de aluguer aumentam, uma vez que as pessoas ainda querem conduzir um veículo, mas a forma como fazê-lo está a mudar e estão a estabelecer-se novos modelos de mobilidade urbana.



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RAÚL RIBEIRO FERREIRA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS DIRETORES DOS HOTÉIS DE PORTUGAL (ADHP)

“Temos que parar com hipocrisias e fingir que se poupa dinheiro por existirem ou não as certificações das profissões” RAÚL RIBEIRO FERREIRA FOI REELEITO EM 2019 PRESIDENTE DA ADHP E É A CRIAÇÃO DA ORDEM DOS DIRETORES DE HOTÉIS UM DOS GRANDES OBJETIVOS DESTE SEU MANDATO. A FALTA DE RECURSOS HUMANOS QUALIFICADOS, OS BAIXOS SALÁRIOS E A TAMBÉM FALTA DE PROFISSIONALIZAÇÃO NO SETOR DA HOTELARIA PREOCUPAM IGUALMENTE ESTA DIREÇÃO. Por Sílvia Guimarães

VIAJAR – Em junho do ano passado iniciou o seu terceiro mandato à frente da ADHP. O grande objetivo desde mandado será a criação da já tão falada Ordem dos Diretores de Hotéis? RAÚL RIBEIRO FERREIRA – O início de um novo mandato é sempre um momento de satisfação para uma entidade. Quando nos preparamos para uma eleição ou reeleição, é normal que auscultemos a nossa base de apoio e que se faça uma consolidação do trabalho realizado. Como é do conhecimento, estou ligado a cargos diretivos na Associação há mais de 20 anos. Desde o tempo que presidi à secção júnior da associação, que acredito no modelo de representação dos diretores de hotel. Modelo esse que assenta no reconhecimento e especialização dos profissionais que exercem a função. A qualidade dos diretores de hotel, que tanto no passado como no presente, exercem funções, são o espelho dessa qualidade e os números e prémios são a confirmação disso. Com o crescimento da procura do nosso país, vão aparecendo alguns comentários/ opiniões, de que qualquer pessoa pode desempenhar esta função, que não necessitamos de nenhum tipo de regulamentação o que, como é evidente, nós somos contra. Aliás, se assim fosse, então, o modelo de ensino que montamos tanto em Portugal como noutros países, incluindo a Suíça, estavam errados, porque bastava eu ser uma pessoa desenrascada, estar ao pé de alguém que soubesse alguma coisa e pronto, já podia ser diretor de hotel ou outra qualquer profissão. Temos que parar com hipocrisias e fingir que se poupa dinheiro por existirem ou não as certificações das profissões. Muitos

Entendemos que é importante que os empresários, que investem milhões de euros nas unidades, que saibam, que quando contratam um profissional, que ele teve formação adequada e que o seu conhecimento e o código de conduta é o garante da rentabilidade do seu investimento. Queremos que Portugal, que hoje é uma referência no turismo mundial, o continue a ser. Quando percorro o país, e faço-o constantemente, é um orgulho encontrar hotéis em sítios difíceis de levar a cabo as operações e ver como prestam um serviço de excelência e que normalmente são sempre comandados por diretores de hotéis.

“Temos que parar com hipocrisias e fingir que se poupa dinheiro por existir ou não as certificações das profissões. Muitos pagaram com a falência das empresas”

V – Na tomada de posse falou que esta criação seria a “médio prazo”. Há perspetivas de quando irão avançar concretamente? RRF – A data, se é hoje, amanhã ou no futuro, não é relevante para nós, o importante é quando as condições estiverem reunidas, nós possamos avançar.

pagaram com a falência das empresas. Não podemos reduzir todo o programa à criação da Ordem.

RECURSOS HUMANOS

V – Em que acha que o setor poderá ganhar mais com a criação desta Ordem? RRF – A criação de uma Ordem assenta principalmente na regulamentação de uma determinada carreira profissional. Na prática, o Estado delega a responsabilidade da criação, regulamentação e formação, numa segunda entidade que passa a ter essa incumbência.

V – Como grande desafio para este mandato enumerou, entre outros, os Recursos Humanos e a falta de inclusão desta área na portaria de classificação dos empreendimentos turísticos. Já começaram a trabalhar neste âmbito com a nova secretária de Estado do Turismo? RRF – O diretor de hotel é, em primeiro lugar, um líder de pessoas, porque só tem


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“O problema dos baixos vencimentos é uma questão mais complicada do que parece à primeira vista. Foi pena termos desperdiçado os últimos anos (...) para discutirmos este assunto de forma mais séria”

sucesso se conseguir motivar as suas equipas. Por isso, é normal que a associação, nos últimos anos, tenha chamado a atenção para o problema que iam ser os Recursos Humanos. Hoje em dia, está na moda falar sobre isto, afinal todos se preocupam muito, com a matéria. Confesso que me tira do sério ouvir a expressão: “O importante agora é arranjar pessoas para trabalhar, independente de terem ou não formação, o que é preciso é ter alguém”. Este caminho, que não passa de enfiar a cabeça na areia, é que nos levou a esta situação. A revisão da tabela de classificação, que a anterior secretária de Estado anunciou, no ano passado, no nosso congresso, que aconteceria antes do verão, parece ter ficado guardada para este mandato. Segundo o compromisso do antigo executivo, era aceite a nossa proposta, para incluir os Recursos Humanos. Esta proposta vai além do diretor de hotel, porque acreditamos, como já referi, só com bons quadros é possível continuarmos a manter a excelência no nosso serviço. Acreditamos que, a atual Secretária de Estado, partilhe da preocupação, que não é com pessoas sem qualificação e mal pagas que faremos a diferença para outros destinos.

BAIXOS SALÁRIOS E FALTA DE PROFISSIONALIZAÇÃO V – O que é que a ADHP tenciona fazer em relação à tão protestada baixa remuneração do setor e falta de profissionalização das profissões do setor? RRF – O problema dos baixos vencimentos é uma questão mais complicada do que parece à primeira vista. Foi pena termos desperdiçado os últimos anos, em que as empresas tiveram crescimento, para discutirmos este assunto de forma mais séria. Temos duas grandes realidades, que depois de desdobram em outras duas. A primeira

tem a ver com os hotéis do litoral versus hotéis do interior. A segunda, os grandes hotéis versus pequenos hotéis. A partir daqui é que deveremos começar a discussão. Porém não podemos esquecer que temos uma capacidade de atração dos jovens muito grande, exemplo disso, as escolas com cursos na área, tanto médios como superiores, estão cheios. Agora o desafio é não perder estes jovens e aqui temos três fatores: 1º – O reconhecimento social das profissões e aqui temos um longo caminho a fazer; 2º – Conseguirmos conciliar e vida profissional com a vida familiar. Neste campo e com as novas gerações, só os conseguiremos manter, se mudarmos alguma da mentalidade que todos nós temos; 3º – Melhoria dos vencimentos, neste ponto, se nós continuarmos sem fazer nada, provavelmente o mercado, fará por nós, extinguindo aqueles

que baseiam a sua operação em ordenados baixos ou na criação de curriculum que irão dar vantagens no futuro. V – A formação dos diretores de hotéis tem sido uma preocupação da associação. Como tem sido a recetividade das mesmas? O que é que os diretores mais procuram com essas formações? RRF – A ADHP está presente de várias formas na formação. Nos seus cursos, que se faz em vários pontos do país, mas principalmente no orgulho que temos em trabalhar de perto com todas as escolas superiores, que têm cursos na área da gestão hoteleira. Esse trabalho está, por exemplo, na base da Certificação que é feita atualmente aos diretores, ou ainda a participação em sessões paralelas, que vão acontecer durante o nosso próximo congresso.


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EDUARDO MIRANDA, PRESIDENTE DA ALEP – ASSOCIAÇÃO DO ALOJAMENTO LOCAL EM PORTUGAL

“Ainda não se fez quase nada em termos de gestão inteligente do crescimento e fluxo dos turistas” A AFIRMAR QUE O ALOJAMENTO LOCAL (AL) ESTÁ A ENTRAR NUMA FASE DE MATURIDADE, EDUARDO MIRANDA ADMITE QUE AINDA HÁ MUITO TRABALHO A FAZER EM DIVERSAS REGIÕES E APONTA O DEDO AO ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 2020. Por Sílvia Guimarães

VIAJAR – A ASAE instaurou, recentemente, 327 processos de contraordenação e 11 processos-crime a estabelecimentos de Alojamento Local (AL) e empreendimentos turísticos. A ALEP, enquanto associação que representa o setor, o que tem a dizer sobre esta situação? EDUARDO MIRANDA – A ALEP sempre defendeu que o trabalho de fiscalização é essencial para uma maior profissionalização da atividade, evitando situações que se possam configurar como abusivas, irregulares ou de concorrência desleal, como é o caso dos “ilegais”. Nesse sentido, achamos essencial que as câmaras municipais e a ASAE direcionem o esforço mais para as propriedades ilegais, já que hoje quase só fiscalizam quem já se legalizou. V – Como está a decorrer o processo de regulamentação do setor? Tem sido fácil trabalhar com a tutela que o regula? EM – Sempre tivemos boas relações com a tutela e esperamos manter neste novo governo. É fundamental pois, dentro do governo, é a tutela quem tem mais conhecimento e sensibilidade para as questões do AL e Turismo. Acontece que a alteração recente da lei não foi uma iniciativa da tutela, mas da Assembleia da República, onde há menos sensibilidade e conhecimento das questões que giram em torno do Alojamento Local, gerando assim muitas vezes, medidas mais “políticas”. Isto tem contribuído, de um certo modo, para uma excessiva politização do debate e alguma radicalização que ainda existe em certos setores partidários, provocando constantes mudanças das regras do jogo, feitas sem tempo para ponderação, criando um ambiente de incerteza e desconfiança no mercado.

Com a nova legislação, parte desta competência passou para as câmaras municipais, como é o caso das áreas de contenção. Para a ALEP, é fulcral existir coerência e uma política de harmonização a nível nacional, evitando interpretações distintas da regulamentação, fiscalização e cumprimento da lei.

AL EM FASE DE MATURIDADE V – Neste momento já estão registados no RNAL mais de 91.500 mil espaços como unidades de AL, dos quais 14.843 foram efetuados em 2019, embora com uma quebra de 40% face ao ano transato. Ao que acha que se deve este abrandamento? EM – O Alojamento Local em Portugal está a entrar numa fase de maturidade, algo que já era esperado e positivo. Este abrandamento resulta de um ajuste natural entre procura e oferta. Se não fosse o AL, o Turismo em Portugal não teria conseguido o crescimento e resultados que obteve. Basta ver o caso de Lisboa e do Porto, onde o AL já representa mais da metade das dormidas. Nenhum setor maduro pode crescer a taxas de 45% como ocorreu na fase inicial. Aquilo que se verifica agora é um crescimento mais moderado e bastante sustentável, sendo relevante que onde cresceu mais foi fora de Lisboa e Porto. Em alguns destinos mais inovadores focados em novas experiências como Turismo de Natureza, sobretudo no interior de Portugal e ilhas, o AL está a ter um papel determinante para o desenvolvimento sustentável dessas regiões. É esta diversidade que o AL traz. Não é uma moda ou nicho, hoje é um dos pilares do Turismo. Mais de 1/3 dos turistas hospeda-se em alojamento local.

V – O distrito de Faro é o que tem vindo a registar uma maior adesão ao RNAL, seguindo-se Lisboa, Porto, Leiria, Setúbal e Ilha da Madeira. Em que zonas do país consideram que ainda está a maior parte do trabalho por fazer? EM – A atividade continua a ser interessante e necessária mas o grau de competitividade varia de região para região. Do rendimento do AL dependem milhares de famílias, empregos, comércio local e uma rede de pequenas empresas fornecedoras a depender do negócio. O AL trouxe diversidade ao alojamento turístico e é, sobretudo, uma atividade de autoemprego ou micro-empreendedorismo e está a desempenhar um papel essencial para o desenvolvimento de outras regiões fora do circuito tradicional turístico e em zonas que o país mais precisa.


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O papel mais importante do AL reside na sua capacidade em descentralizar o turismo, permitindo a dormida nas regiões menos tradicionais. Alguns destinos que estão a crescer com oferta inovadora têm como base o AL. É o caso da Costa Vicentina, do interior da Madeira e ilhas dos Açores, do surf na Ericeira e Nazaré, do outro Algarve, fora do praia e sol, que inclui o centro histórico de Faro e a região da serra. Além disso, o AL tem contribuído para o prolongamento da estadia média dos turistas, permitindo um convívio mais próximo com a cultura e comunidade locais. É aqui que o AL está a desenvolver-se e precisa continuar a fazê-lo. É preciso ter em conta que a maior parte do AL (2/3) está fora de Lisboa e Porto.

OE 2020 V – Qual é a posição da ALEP em relação ao Orçamento de Estado 2020 no que toca ao AL? EM – Ao longo das últimas semanas, a ALEP esteve empenhada em demonstrar que as medidas de agravamento fiscal do AL, previstas no OE 2020, eram um erro e uma enorme injustiça. Fizemos uma maratona de reuniões com câmaras municipais, várias áreas do governo, e em especial, com a Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais. Apesar de termos conseguido sensibilizar algumas entidades, foi com profundo descontentamento e tristeza que assistimos à aprovação desta nova penalização fiscal por parte do partido do governo com apoio dos seus partidos aliados. Além disto, para a ALEP, a questão da maisvalia na saída da atividade continua a ser uma prioridade. A isenção de mais-valia que o OE traz limita-se apenas a quem direcione o imóvel ao arrendamento e, por isso, não resolve a questão principal que é permitir a qualquer titular, que abandone a atividade, sair do AL sem ser duramente penalizado. A proposta apresentada é que a mais-valia,

como acontece com qualquer cidadão, só seja cobrada quando houver uma venda efetiva do imóvel. A ALEP voltou a apresentar na última reunião uma proposta para resolver este problema grave da mais-valia e não vamos desistir enquanto não conseguirmos libertar o AL deste peso sem sentido. V – Qual a posição da ALEP em relação ao agravamento da carga fiscal proposto pelo OE? Em que medidas esta alteração irá afetar o setor? EM – Relativamente ao agravamento do coeficiente de 0,35 para 0,50 do regime simplificado nas zonas de contenção, a ALEP considera tratar-se de uma medida totalmente arbitrária e discriminatória. Esta medida vai aumentar em cerca de 50% o imposto essencialmente de pessoas que têm um pequeno T0 ou T1 na zona histórica, um grupo que obtém hoje em média 500 a 700 euros de rendimento líquido. É desproporcional e muito penalizadora para quem tem no alojamento local o equivalente ao seu ‘salário’. Para os pequenos proprietários das zonas históricas, em áreas de contenção, esta é a terceira alteração fiscal em menos de três anos e que o efeito acumulado com esta nova medida significa um aumento de 300% de imposto para a mesma receita. É algo sem precedentes em qualquer setor e injusta para aqueles que investiram todas as suas poupanças para recuperar imóveis que estavam vagos e ajudaram a reconstruir os centros históricos abandonados há décadas. V – A associação hoteleira francesa AHTOP apresentou um processo no Tribunal de Justiça da União Europeia contra a Airbnb, plataforma de arrendamento de curta duração, para obrigá-la a obter uma licença de agente imobiliário. O AL acabou por ganhar a causa. Pensa que um caso destes também seria possível perante a justiça portuguesa? EM – Não. A situação nunca se colocou

“O papel mais importante do AL reside na sua capacidade em ajudar a descentralizar o turismo, permitindo a dormida nas regiões mais remotas e menos tradicionais”

a este nível porque Portugal foi um dos primeiros países a criar um enquadramento legal do AL e que direcionou, e bem, para a prestação de serviços de alojamento turístico e nunca se confundindo com a atividade de agente imobiliário. V – Concorda com a opinião de muitos residentes, que Portugal já tem unidades de AL e hotéis a mais? EM – Esse debate está a ser conduzido de modo bastante superficial e manipulado politicamente. Como em todas as atividades que crescem, há sempre focos específicos onde pode haver uma concentração maior e o debate ocorre sempre em torno de quatro ou cinco freguesias, quando o AL está presente em cerca de 1900 freguesias de todo o país. No interior de Portugal, a perceção é exatamente a oposta: graças ao AL o Turismo começa a chegar, gerando novas oportunidade e ajudando a fixar a população. O erro deste debate é a simplificação e esta visão redutora: se efetivamente em algumas localidades há situações que o crescimento do Turismo cria momentaneamente algum descontentamento justificado, também é verdade que ainda não se fez quase nada em termos de gestão inteligente do crescimento e fluxo dos Turistas. Só depois de estarmos a gerir bem estas concentrações e os problemas continuarem é que podemos começar a discutir se chegou-se ou não a um limite. Mas, antes disto, o mais inteligente é desenvolvermos políticas e regulamentação para uma gestão sustentável dos destinos. Até agora só fizemos o mais simples que é evitar ter trabalho e pensar em soluções inovadoras e saltamos logo para o debate da sobrecarga e proibição. Proibir é fácil, gerir bem, apostar em políticas inovadoras de sustentabilidade que criem equilíbrio e aproximem a população dos visitantes é o que vai definir quem são os países e destinos que vão liderar o futuro do Turismo.


Internacional

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Incrível ÍNDIA SE EXISTE UMA EXPRESSÃO PERFEITA PARA ADJETIVAR ESTE DESTINO, ELA É PRECISAMENTE A QUE SERVE DE MOTE À SUA PROMOÇÃO TURÍSTICA: INCREDIBLE INDIA. PARA PERCEBERMOS AS LINHAS ORIENTADORAS DA DIVULGAÇÃO DESTE PAÍS NA EUROPA E EM PARTICULAR, EM PORTUGAL, ESTIVEMOS À CONVERSA COM SANJIV KUMAR, DIRETOR ADJUNTO DA DELEGAÇÃO DO TURISMO DA ÍNDIA EM FRANKFURT.

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MA DAS CIVILIZAÇÕES MAIS ANTIGAS DO MUNDO, a Índia é um mosaico de experiências multiculturais verdadeiramente incríveis. Com uma rica herança histórica e cultural, para além de inúmeras atrações, este país está entre os destinos turísticos mais populares do mundo. Abrange uma área imensa, que se estende desde as montanhas cobertas de neve dos Himalaias até as florestas tropicais do Sul e às água quentes do Índico. Sendo o sétimo maior país do mundo, a Índia destaca-se do resto da Ásia pela diversidade das suas paisagens, o que lhe confere uma identidade única.

FUSÃO MESMÉRICA DO ANTIGO E DO NOVO Sanjiv Kumar, diretor adjunto da Delegação do Turismo da Índia em Frankfurt, começa por reforçar a ideia da diversidade da oferta indiana: “À medida que o turista viaja pela extensão do país, é recebido por diferentes nuances de cozinhas, crenças, artes, artesanato, música, natureza, paisagem, tribos, história e atividades de aventura”. E especifica: “A Índia possui uma fusão mesmérica do antigo e do novo. Quando bazares antigos e movimentados se situam paredes meias com centros comerciais modernos e sofisticados, e monumentos majestosos acompanham hotéis luxuosos, o viajante

obtém o melhor dos dois mundos. Quer vá para as montanhas, desfrute de um retiro na praia ou atravesse o Triângulo Dourado, a Índia tem opções em abundância para todos os gostos”.

QUASE 75 MIL TURISTAS ORIUNDOS DE PORTUGAL A Europa “é o mercado mais importante como continente de entrada para a Índia, gerando aproximadamente 3 milhões de visitantes por ano (números provisórios), dos 11 milhões recebidos anualmente, o equivalente a 28% do total das entradas de turistas na Índia”, confirma o responsável. Estes números resultam, em grande parte,

“A Europa é o mercado mais importante como continente de entrada para a Índia, gerando aproximadamente 3 milhões de visitantes por ano (números provisórios), dos 11 milhões recebidos anualmente, o equivalente a 28% do total das entradas de turistas na Índia”

do esforço de promoção efetuado no Velho Continente, desde há vários anos, nomeadamente em grandes feiras profissionais, como o World Travel Market, em Londres, e a ITB, em Berlim, mas também em certames como a Bolsa de Turismo de Lisboa, para além da realização de roadshows para agentes de viagens. Reino Unido, Alemanha, Rússia, França, Itália, Espanha, Portugal e Holanda encabeçam o ranking dos principais países emissores. Só oriundos de Portugal, deram entrada na Índia, segundo Sanjiv Kumar, 74.771 turistas, em 2019. Apesar de o Reino Unido estar no topo da lista dos países europeus emissores, o responsável garante que as autoridades do Turismo da Índia não interpretam o chamado Brexit como uma fonte de particular preocupação.

CANAIS DE PROMOÇÃO TURÍSTICA Sobre os canais de promoção, Sanjiv Kumar afirma que o Turismo da Índia concentra os seus esforços nos operadores turísticos, agentes de viagem, companhias aéreas, formadores de opinião e meios de comunicação social, para promover o país em todo o mundo. “O Gabinete possui esquemas robustos para ajudar o setor a promover a Índia como destino”, garante. Em relação às ações concretas, em curso


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ou previstas para os mercados europeu e português, o responsável destaca “a realização de roadshows nas principais cidades europeias, incluindo em Portugal, e a organização de seminários Know India, destinados a elucidar a comunidade de profissionais de turismo sobre a Índia e sua rica herança, cultura, gastronomia, feiras, festivais e inúmeros locais turísticos oferecidos pelo país”. A divulgação de anúncios online, anúncios em publicações impressas e publicidade outdoor é outra vertente da promoção do Turismo da Índia. Finalmente, no âmbito do “programa de hospitalidade”, é dada oportunidade, a meios de comunicação especializados, de realizarem fam trips com o objetivo de explorar o vasto potencial turístico do país.

DIVERSIFICAÇÃO DE DESTINOS

Notória, em todas as ações promocionais, é a procura da diversificação dos destinos e produtos turísticos, com vista a atrair novos viajantes. “O Turismo da Índia está a esforçar-se por promover outras regiões do país, além das já conhecidas. Está a ser dado ênfase a Karnataka, Tamil Nadu, Odisha, Índia Central, Gujarate e Nordeste da Índia, que é um destino único”, detalha Sanjiv Kumar. Para o turismo de verão, “a aposta é nos Estados dos Himalaias, pois estes têm

“O Turismo da Índia está a esforçar-se por promover outras regiões do país, além das já conhecidas. Está a ser dado ênfase a Karnataka, Tamil Nadu, Odisha, Índia Central, Gujarate e Nordeste da Índia. Para o turismo de verão, a aposta é nos Himalaias, que têm um enorme potencial”

um enorme potencial em locais culturais, religiosos e de aventura, entre outros”. E acrescenta, em forma de corolário: “A razão para diversificar os produtos turísticos prende-se com a rica herança cultural do país, onde todos os lugares têm algo a oferecer ao turista”. Com estas ações, o organismo espera alcançar os 22 milhões de visitantes nos próximos 5 anos.

TURISMO DE LUXO

O diretor adjunto do Turismo da Índia em Frankfurt não quis deixar de realçar o facto de o país ser um destino conhecido também pela sua oferta de luxo. “Várias cadeias hoteleiras orgulham-se de oferecer unidades que antes eram palácios de marajás e inclusive, nalguns deles, os marajás e as suas famílias continuam a habitá-los. O grupo hoteleiro Taj é pioneiro neste campo, juntamente com outras cadeias de prestígio”, exemplifica. Hotéis de luxo podem ser encontrados um pouco por toda a Índia e são, só por si, uma atração para quem procura o melhor em termos de alojamento. Outro produto a destacar são os comboios de luxo, que circulam no Norte, Oeste e Sul da Índia, os quais “são o sonho de viajantes endinheirados, que neles recebem a hospitalidade antes oferecida a reis e rainhas de outras épocas”.


AINDA POUCO EXPLORADOS, OS ESTADOS DO SUL DA ÍNDIA EXIBEM A FACE MAIS AUTÊNTICA DO PAÍS. PAISAGENS DESLUMBRANTES, MARCAS PERENES DE CULTURAS ANCESTRAIS, UMA RELIGIOSIDADE SEMPRE PRESENTE, A FANTÁSTICA GASTRONOMIA E A SIMPATIA DO POVO ESTÃO ENTRE OS MUITOS ATRIBUTOS DESTE INCRÍVEL PAÍS.

Descobrindo o

Sul da

Índia S

E ESTÁ A PLANEAR UM PÉRIPLO PELO SUL DA ÍNDIA, é praticamente obrigatório começar por Goa, o Estado Indiano onde a herança cultural portuguesa se descobre a cada esquina. Para lá chegar, o melhor é voar para Nova Deli, Mumbai ou Bangalore, via Paris, Amesterdão, Istambul, Doha ou Dubai, entre outras opções. Uma vez em território indiano, tem ainda de apanhar um voo interno com destino ao Aeroporto Vasco da Gama Dabolim, situado a poucos quilómetros da capital do Estado, Pangim.

GOA: OFERTA DIVERSIFICADA E INTEMPORAL Antiga colónia lusa, Goa possui uma atmosfera mágica, que fala diretamente ao coração dos portugueses, ao mesmo tempo que conjuga diferentes ambientes e cores tipicamente asiáticos. O território oferece muitos motivos de interesse, numa oferta diversificada e intemporal: as belíssimas praias de areia dourada, distribuídas ao longo de mais de 100 quilómetros de costa, as águas azuis e quentes do Índico, a vegetação exótica e a vida selvagem, os arrozais a perder de vista e as plantações de especiarias, os numerosos templos hindus, o património arquitetónico indo-português e a singular fusão cultural entre tradições orientais e ocidentais. O melhor exemplo – e, por isso mesmo, o ex-libris de Goa – é a Basílica do Bom Jesus, construída em 1605 em honra de Jesus Menino e cujo centro das atenções é o túmulo de São Francisco Xavier, o

Apóstolo do Oriente, tão venerado por estas paragens. Situada na cidade histórica de Goa Velha, este templo é um dos melhores exemplos de arquitetura barroca em toda a Índia. Aliás, o Catolicismo, seguido há muitas gerações por grande parte da população goesa, continua a desempenhar um papel muito importante na vida cultural e social do território. O mais antigo templo cristão é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, também situada em Goa Velha. Para além da já citada Basílica do Bom Jesus, merecem ainda visita demorada a Sé Catedral e, a maior de todas, hoje em ruínas, a Igreja Agustina de Nossa Senhora da Graça. Mas se o que procura é desvendar as particularidades dos templos hindus, tem igualmente muito para ver: Shree Shantadurga, Shree Saptakoteswar, Shree Mangueshi, Shree Mahalsa e Brahma Temple, entre outros, cada um com o seu estilo e arquitetura próprios.

HOSPITALIDADE E ANIMAÇÃO Sendo atualmente um dos destinos mais procurados na Índia, Goa tem-se afirmado como o local ideal para quem procura férias exóticas em qualquer estação do ano, satisfazendo as necessidades dos turistas mais exigentes. Goa é famosa pela sua hospitalidade, contando com diversos hotéis e resorts de renome internacional, que serviços de qualidade, oferecendo comodidades como Spa e tratamentos ayurvédicos, baseados nas autênticas terapias holísticas indianas.


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Como quase todos os Estados Indianos, este é palco de vários festivais anuais. A sua música e dança encantam pessoas de todo o Globo. Estes festivais estão intrinsecamente ligados às tradições locais e à herança cultural de Goa. Tal como a gastronomia goesa, famosa no mundo, com a sua míriade de sabores e aromas. Dos percursos de ecoturismo aos cruzeiros sob o por-do-sol no rio Mandovi, das atividades náuticas aos circuitos culturais, esta terra exótica garante uma grande dose de boas vibrações para quem procura diversão e, simultaneamente, desfrutar de férias num ambiente de paz e tranquilidade. É praticamente impossível não ficarmos apaixonados por Goa!

KARNATAKA: UM ESTADO, DOIS MUNDOS É este o slogan oficial. Num território ainda não demasiado globalizado e sem hordas de turistas estrangeiros como no Norte, Karnataka oferece duas faces muito distintas. Por um lado, uma das maiores taxas de crescimento da Índia, graças ao chamado “Vale do Silício Indiano”, onde se concentram numerosas empresas tecnológicas e, consequentemente, edifícios modernos e hotéis de luxo. Por outro lado, basta sair desse miolo tecnológico para deparar com uma Índia rural, virgem e autêntica. Nela descobrirá dois Patrimónios da UNESCO (Hampi e Pattadakal), templos e palácios ricamente decorados, tradições culturais e religiosas ancestrais, reservas da natureza e 320 quilómetros de litoral quase inexplorado.

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BANGALORE: ENTRE O BULÍCIO E A TRANQUILIDADE A capital do Estado, Bangalore – os indianos rebatizaram-na Bengaluru –, é uma cidade buliciosa de 10 milhões de seres humanos e um ponto de fusão étnica e cultural. Jainismo, hinduísmo e islamismo são as religiões predominantemente praticadas, mas também o sikhismo, o cristianismo e o budismo encontraram aqui o seu lugar. Metrópole efervescente, Bangalore recorda ainda a presença britânica e faz tudo para preservar o título de “cidade-jardim”. Avenidas arborizadas com nomes como Richmond Town e Victoria Layout; o Lalbagh Gardens, com uma construção em vidro que imita o Crystal Palace de Londres; o palácio de Tipu Sultan; o Vidhana Soudha, sede do poder legislativo; o Supremo Tribunal, fronteiro ao Cubbon Park; e o incontornável Palácio de Bangalore, “réplica” do Palácio de Windsor mandado construir pelo marajá de Mysore no século XIX, são visitas obrigatórias. Entre os templo, o mais antigo e interessante é o Templo do Touro, com o seu monolito de Nandi, o touro do deus Shiva, erguido no século XVI.

EM BUSCA DOS TEMPLOS PERDIDOS Como em quase toda a Índia, Karnataka é famosa pelos palácios e templos de civilizações antigas. Por isso, dirija-se para Norte e faça uma primeira paragem em Chitradurga. Esta cidade é dominada por um forte conhecido como Palácio de Pedra, uma das joias da arquitetura militar do sub-continente, edificado e ampliado entre os séculos XX e XVIII.


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Caleidoscópio de memórias Visitar a Índia é uma experiência que fica marcada na alma. Saris coloridos brilham na retina. Sedas delicadas esvoaçam sobre os verdes arrozais. Suaves odores a jasmim misturamse com a força do sândalo e do caril. Especiarias que queimam a garganta e perfumam os mercados. Bazares multicolores de pétalas, joias e tilaks, o pigmento para o terceiro olho. Visões de templos amarelos e vermelhos, com os seus dançarinos e deuses de pedra. Há incenso e música. Os sons dos mantras misturam-se com os das buzinas. Há sorrisos aos milhares. Há memórias que nos fazem sorrir. Como num caleidoscópio...

As grossas paredes de Chitradurga, que se fundem com a paisagem onde está inserido, abrigam 18 templos, um palácio, uma mesquita, antigos celeiros e tanques para armazenar a água da chuva, tudo isto acessível por um dos seus 19 portões e 38 entradas laterais ou, ainda, por uma das quatro entradas secretas... como nos filmes! E tal como num filme de Indiana Jones, o Palácio de Pedra é vigiado dos telhados por hordas de macacos de Bonnet, espécie endémica do Sul da Índia. A seguir, dirija-se um pouco mais para norte, até às margens do rio Tungabhadra e descubra as memórias do passado glorioso de Hampi.

HAMPI: BELEZA E RIQUEZA “A cidade é tal que as pupilas dos olhos nunca viram um lugar assim e os ouvidos da inteligência nunca foram informados de que existia alguma coisa igual no mundo”. A frase foi proferida no século XV por um embaixador persa sobre Hampi, a capital do poderoso império Vijayanagar. Algo semelhante terá sido dito por muitos outros viajantes e mercadores, inclusive europeus, que nunca haviam visto tamanha beleza e riqueza. Tomada, saqueada e destruída por muçulmanos na batalha de Talikota, em 1565, Hampi ficou em ruínas. E ainda que arruinada, é capaz de arrancar expressões de assombro nos dias de hoje. Não é por acaso que o sítio arqueológico é Património Mundial da UNESCO, desde 1986.

Hampi surpreende o visitante com mais de 350 templos, para além de fortificações, palácios e jardins. A cidade monumental está dividida entre o chamado Centro Sagrado, onde se localizam, entre outros, os templos de Virupaksha, de Vijaya Vittala, de Krishna e de Achyuta Raya; e o Centro Real, onde ficam o Templo de Hazara Rama, o estábulo real dos elefantes e o Palácio da Rainha. Apesar de promovida como o maior museu ao ar livre do mundo, Hampi continua ativo não só para o turismo. O Virupaksha, templo de 1442 dedicado a Shiva, deus da destruição, ainda é usado para adoração. A sua torre principal, o Gapuram, impressiona à distância: um “arranha-céus” de 53 metros, dentro do qual sacerdotes realizam diariamente o “puja”, o ritual de oração e adoração dos hindus para com os suas divindades. Embora este reduto histórico possa ser visitado em qualquer altura do ano, o Festival de Hampi, que decorre em janeiro/fevereiro, é um momento soberano, pois aqui se recorda o passado dinástico da Índia, com manifestações artísticas e musicais. E já que se deslocou até ao Norte do Estado para visitar Hampi, não deixe de conhecer Pattadakal, outro conjunto monumental Património Mundial da UNESCO, onde se destaca o Templo de Virupaksha, construído no século VIII. Badami, Aihole e Bijapur são outros locais da região que merecem um visita atenta e demorada, pela grandeza do seu legado arqueológico.


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KERALA: O PAÍS DE DEUS O Estado de Kerala, situado no extremo sudoeste do sub-continente indiano, pode ser considerado um local perfeito para luas-de-mel. Pela serenidade mágica desta terra e deste povo, pela imensidão de riquezas naturais que permitem desfrutar de momentos únicos, pela variedade de praias de areia dourada e águas cristalinas e por ser ainda um local intocado pelo turismo de massas, permitindo momentos de descontração e de intimidade a dois. A beleza singular das praias de Kovalam e Varkala, a majestosidade das colinas de Munnar e Vagamon, a serenidade dos remansos de Kumarakom e Kuttanad e as florestas encantadas de Thekkady e Silent Valley tornam Kerala num dos últimos paraísos à face da Terra. De facto, os Deuses foram muito generosos quando criaram este pedaço de terra, motivo pela qual Kerala é conhecida como “o país de Deus”.

PARA OS MAIS E MENOS AVENTUREIROS Os santuários de vida selvagem são o ex-libris da região. Em Kerala, é possível ver de perto animais selvagens no seu habitat natural, as verdejantes florestas tropicais. Fazer trekking, safaris, observar aves, andar de caiaque ou saltar de uma jangada para as águas cristalinas são algumas das atividades oferecidas por esta terra mágica, que despoleta o espírito aventureiro de cada um. Os montes e vales contribuem para o caráter único de Wayanad

e Idukki e oferecem turismo de aventura de elevada qualidade. A fauna de Periyar e os densos bosques de Thekkady oferecem férias perfeitas para os mais aventureiros. Mas se não é o seu caso, saiba que pode encontrar em Kerala muitos locais propícios à meditação. A Ayurveda trata mente, corpo e espírito e é uma das principais formas de medicina na Índia, em geral, e neste território, em particular. O clima moderado e as florestas ricas em ervas e plantas medicinais tornam Kerala no local ideal para desfrutar desta prática ancestral.

POVO DE MARINHEIROS Esta terra viveu a ascensão e queda de vários impérios. Cada dinastia, cada época deixaram um legado que atualmente constitui o rico património histórico e cultural do Estado. Imponentes fortes e majestosos palácios conferem a Kerala um charme irresistível. A chegada de Vasco da Gama a Calicute, em 1498, constituiu um marco na história da região. Os portugueses tiveram um forte impacto na vida, educação e cultura deste povo. Não admira, pois, que ainda hoje albergue um povo de marinheiros. Cochin é o ponto de partida dos navios carregados de produtos para exportação: peixe, pimenta, chá, fibras de coco, pau-rosa, borracha… Experimente fazer um passeio de barco pelas lagoas e canais, em Cochin ou nos seus arredores, para apreciar plenamente a beleza de Kerala.


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TAMIL NADU: MUITO PARA OFERECER Diversidade de oferta turística é a principal característica do Estado de Tamil Nadu. De facto, este território virado para o golfo de Bengala, possui desde montanhas imponentes e vegetação luxuriante, até praias de areia fina e prateada, passando por uma vida selvagem fabulosa, escondida nos seus excelentes parques naturais, e um quotidiano rural reverberante. A isto há que acrescentar os seus inúmeros templos, onde ecoam sons de religiosidade e espiritualidade. Tamil Nadu é o sétimo Estado mais populoso da Índia e um dos mais importantes, onde decorre uma das maiores peregrinações da religião hindu. Anualmente, mais de 100 milhões de indianos visitam o território, em direção aos templos de Madurai e Tiruchirappalli. Por estas razões, Tamil Nadu tem em si uma essência muito genuína, com poucos luxos para os turistas mais exigentes, mas verdadeiramente encantadora por mostrar o que há de mais verdadeiro e autêntico na Índia.

RELIGIOSIDADE SEMPRE PRESENTE Até há poucos anos chamada de Madras, Chennai é a maior cidade do Sul da Índia. A Basílica de São Tomé, uma das três igrejas do mundo que foram construídas sobre o túmulo de um Apóstolo de Cristo – pelo menos segundo a versão dos católicos – é o monumento mais imponente da cidade. São Tomé estaria por estas paragens há cerca de 2000 anos, a pregar as boas novas, quando morreu. Quer se acredite ou não, a pequena comunidade cristã de

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Chennai garante que a Basílica é abençoada pelo santo. Mamallapuram, um dos destinos mais ocidentais de Tamil Nadu, tem pouco mais de 10 mil habitantes e para percorrê-la terá de usar um bom calçado, dado que as ruas são de terra batida. Apesar do seu ar bucólico, esta foi uma importante cidade portuária durante o século VII, quando a dinastia dos Pallavas reinava na região, tendo deixado como herança dezenas de templos, estátuas e monumentos com mais de 1500 anos. Com mais de 1 milhão de habitantes, Madurai é uma das cidades mais antigas do mundo: há relatos de historiadores romanos e gregos sobre a cidade. E o grande destaque de Madurai é, como não poderia deixar de ser, o templo de Meenakshi Amman, dedicado à deusa Parvati, o qual recebe cerca de 20 mil visitantes por dia. Outra estrela do turismo religioso da região é a cidade de Tiruchirappali. A maioria dos visitantes é hindu e ainda poucos são os estrangeiros que se aventuram por lá, apesar de toda a sua beleza. Rameswaram é uma pequena ilha onde fica situado o maior centro de peregrinação do golfo de Mannar. Todos os dias, esta ilha recebe milhares de peregrinos, que aí realizam os seus rituais em homenagem aos seus antepassados. O templo Sri Ramanathaswamy, localizado junto ao mar, no lado oriental da ilha, é conhecido pela sua beleza arquitetónica de prakaras magníficos ou corredores com colunas maciças, esculpidas em ambos os lados. Conta com um corredor com 197 metros de cumprimento, que se acredita ser o mais longo do mundo. Um deslumbre para o olhar!


India Tourism Frankfurt, Germany (Govt of India, Ministry of Tourism) Baseler Strasse 48, 60329, Frankfurt am Main, Germany.

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