6 karen white de volta para casa

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Sam lançou um olhar para Harriet antes de segurar Cassie pelo cotovelo e conduzi-la até a porta. Ele nivelou seu olhar com o dela e falou baixinho: — Vou ser direto e franco com você porque Harriet me pediu e também porque sei que você quer saber a verdade. Não, não vai. É provável que você não saiba, mas este não é o primeiro infarto e seu coração está muito enfraquecido para que ele consiga se recuperar completamente. Creio que seja apenas uma questão de tempo. — Ele fez uma pausa. — Sinto muito. Harriet observava a irmã enquanto ela encolhia os ombros, o que a lembrou, pela primeira vez desde sua volta, da velha Cassie. — Você pensou em alguma alternativa? Cirurgia? Transplante? Sam fez que não com a cabeça. — Já esgotei todas as opções viáveis, Cassie. Ele não sobreviveria a uma cirurgia, e um transplante está fora de questão na idade dele. Sinto muito, mas não há nada que possamos fazer. Os olhos dela brilharam com lágrimas não derramadas. — Se você não se importar, eu gostaria de uma segunda opinião. Não quero ser grosseira, mas onde foi mesmo que você obteve seu diploma de médico? Harriet fechou os olhos rapidamente, esperando a resposta de Sam. O clima entre Sam e Cassie continuava viscoso como o melaço em janeiro, e Harriet já não tinha mais certeza se o habitual comportamento gentil de Sam funcionaria com sua irmã. Os olhos de Sam piscaram, irritados. — Harvard. Talvez já tenha ouvido falar. — Nossa. — Os ombros de Cassie afundaram e ela sentiu seu espírito de briga abandonando-a. — Posso ficar com ele por um tempo? Prometo não acordá-lo. Sam não disse nada por um momento. — Claro. Harriet sabe o que fazer caso ele acorde, e voltarei de manhã para saber como vão as coisas. Tente descansar um pouco. — Ele abriu a porta e então se virou para Cassie. — E eu apostaria o meu melhor cão de caça que o juiz sempre soube da varanda rosa. — Com um aceno de despedida para as duas, ele pisou no corredor e fechou a porta atrás de si. Harriet se sentiu momentaneamente insegura quanto ao seu lugar, um sentimento que se tornara desconhecido com os anos de esposa e mãe. — Você quer que eu fique? Cassie olhou para ela ciente de sua presença pela primeira vez. As palavras de desculpas não ditas de Harriet estavam na ponta da língua, mas ela ainda não as conseguia dizer, pois sabia que jamais seriam as exatas palavras que Cassie gostaria de ouvir. — Tanto faz — respondeu ela ao se virar para a cama exatamente quando os olhos do pai se abriram. Cassie se aproximou dele e se sentou na cama, enquanto Harriet permaneceu onde estava, perto da porta, incapaz ou sem vontade de sair.


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