Vivências de extensão em educação popular no Brasil, vol. 3

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Carlos é um dos muitos filhos bastardos do Brasil. Sua história não é rara no meio em que praticamos a extensão. Devemos lembrar que as principais razões de ida para a rua são problemas com drogas (35,5%) e desavenças familiares (29,1%). Escolhemos o caso de Carlos como base para discutir alguns aspectos da prática de Redução de Danos levadas a cabo no projeto. O modo de aproximação foi a escuta ativa, que pode e deve ser realizado por qualquer pessoa da equipe. Esta escuta das histórias contadas torna-se uma estratégia eficiente e simples de vinculo e para conseguir informações com o que trabalhar em relação de cuidado. Essa escuta qualificada é cultivada por toda a equipe, pois permite uma “quebra do gelo” e é simples o suficiente para ser uma ação eficaz de abordagem inicial. A escuta permitiu conhecer os aspectos de saúde e doença de Carlos, e ainda estabelecer zonas comuns de reconhecimento, neste caso o fato de ele ser palhaço. Carlos tinha em sua bagagem vários diagnósticos importantes e comorbidades. Apesar disso foi percebido que o principal problema, na sua concepção, era a adição. Pois era um fator de produção de muito sofrimento e paixões tristes. No momento da entrevista Carlos estava em um período de recaída após quase 4 meses sem usar crack, nesse contexto de crise ele fala sobre sua relação com as drogas, Barbosa (2016) (Informação verbal): Usar droga é: uma é muito e mil é pouca, não tem esse negócio de eu vou fumar só uma, é mentira, principalmente tem pessoas que consegue, fuma uma duas, dorme no outro dia vai trabalha, tem vida social, mas não é meu caso

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