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REFLEXÕES
ciedade contemporânea, com importantes repercussões nos serviços de saúde. Diante da falta de tradição de um trabalho pedagógico nesta perspectiva nas universidades e da tradicional desconfiança do meio acadêmico com temas que abordem a vida espiritual, talvez seja este o desafio mais audacioso a ser enfrentado na busca de uma formação em saúde mais humana. Uma pedagogia problematizadora centrada na discussão de situações concretas de trabalho É impressionante como os acontecimentos, que marcaram positivamente a postura profissional dos vários autores deste livro, se referem principalmente a relações com pacientes e comunidades em que estavam trabalhando. Foram acontecimentos que desencadearam fortes emoções e levaram a uma reflexão cheia de desdobramentos. O trabalho em saúde é muito rico no que tange ao acesso à realidade. Como já foi dito, é como se estivéssemos na primeira fila do teatro da vida. Não é só a já discutida dificuldade em lidar com as emoções instigadas pela proximidade tão intensa com o drama da vida que empobrece o olhar do profissional de saúde e dos estudantes, tornando-o distante e pouco envolvido com a totalidade dos acontecimentos. O estudo do drama da vida, feito por meio de disciplinas bastante especializadas, também vai gerando no estudante um olhar direcionado apenas às suas partes, impedindo uma compreensão ampliada. Para a compreensão da totalidade não basta o estudo minucioso de cada parte e de cada aspecto. É fundamental perceber a articulação, sempre surpreendente, entre os vários elementos constituintes da realidade. O todo é muito mais do que a soma das partes. E para esta compreensão totalizante, a intuição e a emoção são muito importantes. Elas geram impressões, imagens e idéias sintéticas sobre os acontecimentos que são fundamentais para uma percepção globalizante. Mas, como possibilitar ao estudante uma compreensão ampliada e