Perplexidade na universidade: vivências nos cursos de saúde

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VIVÊNCIAS

A EMPATIA DO USUÁRIO H E B R É I A M A R I A R A M O S B A R B O S A DA C O S TA

M

I N H A P R I M E I R A E X P E R I Ê N C I A como estagiária de Ser-

viço Social foi no Hospital Escola da UFJF. De certa forma, estava um pouco ambientada com o local, os estudantes e seus estilos, pois havia sido bolsista de extensão na biblioteca do H.U. Mas entrar na instituição como estagiária exigia outra responsabilidade. O estágio era o grande balizador da “vocação profissional”. Estava então bastante atenta com minha postura. Apesar da alusão a certo conhecimento do ambiente, sentiame estranha, malvinda, não recebia nenhuma atenção dos outros alunos de branco como eu (mas com outras formações), tendo de entender tantas siglas nos prontuários, nas discussões sobre o Suds. . . Mas o grande desafio que o trabalho impunha era estabelecer o contato humano, articulado à empatia, habilidade teórica e fluidez de comunicação. Iniciamos uma pesquisa sobre a visão que o usuário tinha sobre o conceito de saúde. Queríamos entender sua percepção e se cabia então reflexões no sentido de sua ampliação. Meu primeiro entrevistado foi um homem. Ele deveria ter uns quarenta anos, pouco menos talvez. Abordei-o no corredor, apresentei-me e ele foi bastante gentil comigo. Perguntei-lhe se ele gostaria de participar da pesquisa e dada sua concordância sentamo-nos no banquinho do corredor. Eu me sentia apreensiva, pois estava diante de um usuário de carne e osso, isto é, de alguém que olhava nos meus 118


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