Extensão popular: caminhos em construção

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EXTENSÃO POPULAR: EXPERIÊNCIAS E REFLEXÕES

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zado nas imediações da comunidade em locais e horários variados; outras quatro horas são destinadas às visitas domiciliares aos sábados pela manhã, em que o extensionista acompanha uma média de duas famílias residentes na comunidade, através da escuta e da tutoria com a formação de vínculo utilizando abertamente a amorosidade com o usuário; outras duas horas são para a reunião ordinária que acontece na UFPB; e as últimas duas horas, para reuniões de grupos operativos, comissões organizativas das estruturas básicas do Projeto (frequência, cadastro, eventos e teórica) e atividades extraordinárias. Em seus muitos anos de atuação, o Projeto foi tanto coadjuvante como protagonista de muitas conquistas na comunidade. Realizou atividades de educação social e educação em saúde para garantir que os moradores lutem por seus direitos. Ao longo da sistematização de suas experiências, foram analisadas a significância do Projeto para a comunidade, no que tange à conscientização, à mudança, à liberdade, à afetividade e à própria autonomia, considerados elementos fundamentais para a construção desse projeto com as bases na Educação Popular (FERNANDES; PEREIRA; SALVADOR, 2011). No contexto dessas vivências, um dos processos mais significativos para o pesquisador foi a observação do Movimento Social da Associação Comunitária. Nessa experiência, surgiram as primeiras inquietações que motivaram este estudo. No que tange à Associação Comunitária, o Projeto atuou desde sua origem, acompanhando de perto e de forma ativa o movimento político da Associação. Participou de suas reuniões, inseriu pontos de pauta, realizou atas das reuniões e dividiu tarefas a serem realizadas − encaminhamentos das assembleias, arrecadação de recursos por meio de brechós, bingos e confecções e vendas de rifas. Essa parceria tem resultado em frutos de valores inestimáveis para todos. Para citar alguns, a conquista da Unidade de Saúde da Família para a população da comunidade, que emancipou a comunidade da condição de microárea de outro bairro, e a conquista do processo de reurbanização da comunidade, que irá conferir saneamento básico, alargamento das ruas, pavimentação e reconstrução e relocação das casas. Além disso, a construção de um Centro de Referência de Inclusão Produtiva, em parceria com a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), bem como a manutenção da Creche Comunitária, de forma autônoma do governo municipal, pelas mães do local, e sua posterior institucionalização na política pública municipal de educação. Olhando em retrospectiva, a comunidade surgiu de um movimento de assentamento e luta por moradia. Não é de todo surpresa a facilidade


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