JOÃO B. A. FIGUEIREDO
estabelecer uma percepção da responsabilidade no que se refere ao uso dos bens comuns consolidando um respeito e reverência à vida e a tudo o que existe (Brasil, 1995). Constata-se a existência de um quadro problemático no que se refere à viabilidade da vida no planeta se persistir o modo como se dão as relações ambientais. Observam-se atitudes que se dissociam de uma consciência ambiental coletiva, que se consubstanciem em ações concretas, na direção da reversão desse quadro. Estudos têm observado que na base dessas ações predatórias situam-se representações de interesses de grupos minoritários alicerçadas em um paradigma6 cartesiano, no qual o humano usa a razão de modo fragmentado, focando apenas seu interesse imediato, eliminando qualquer razão inerente ao outro subjugado. Foi assim que, na modernidade, a natureza passou a ser considerada algo a serviço desses grupos concentradores das riquezas sociais. Isto explica em parte porque muitos comprometem as condições hídricas de uma região, degradando o ambiente, propiciando, com o desmatamento, o assoreamento do leito dos rios, a poluição e contaminação das águas. Evidente que o quadro social baseado na “cultura capitalística” (Guattari & Rolnik, 1986) põe as bases dessas ações e pensamentos de domínio em um patamar que vincula a produção da subjetividade às condições objetivas em que medram. O resgate das representações sociais proporciona instrumental satisfatório de compreensibilidade do saber popular, como veremos adiante, encontrando na Perspectiva Eco-Relacional contribuições para ampliarmos a discussão dessas RS, o que permitirá identificar essas representações e ações dos sujeitos em suas conexões com a consciência ambiental. Por meio das RS, identificadas junto aos grupos pesquisados, realizamos a compreensão do percurso da consciência ambiental. O trajeto dos sujeitos e grupos, em seus devires, aponta movimentos de adesão e recuos ante uma Perspectiva Eco-Relacional, que certamente traz reais 6 “Paradigma no sentido grego ‘paradeigma’, significando modelo, matriz
do pensar, do conhecer.” (Figueiredo, 1999b).
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