5 minute read

Europneumaq inaugura Centro de Robótica pensado para aumentar a produtividade industrial

Pedro Simões e Miguel Costa

Sócios

Advertisement

Nos dias 10 e 11 de novembro decorreu a inauguração das novas instalações da Europneumaq, com particular destaque para o seu Centro de Robótica. Miguel Costa e Pedro Simões são sócios desta empresa com mais de 20 anos de experiência no mercado industrial português, que apostou, há cerca de cinco anos, na área da robótica convencional, colaborativa e móvel – o futuro – no que respeita ao aumento da produtividade das empresas. A inauguração contou com a presença de vários parceiros, entre integradores e instituições académicas, do Secretário de Estado da Economia, João Neves, e do Presidente do INOVGAIA, António Miguel Castro.

Porque sentiram a necessidade de desenvolver este Centro de Robótica? Como o caracterizam? Miguel Costa (M.C.): Com mais de 20 anos de experiência no mercado, concluímos que é fundamental oferecer ao cliente algo mais do que aquilo que outras marcas oferecem. Conhecemos, aliás, alguns clientes com más experiências passadas em tecnologias de automação, por não terem tido o suporte adequado e não terem selecionado o equipamento certo para a função pretendida. É por isso que as empresas, quando investem, necessitam de confiança. Nós trabalhamos essencialmente com clientes da indústria automóvel, que fazem normalmente investimentos altíssimos, por isso este Centro de Robótica vem ajudar a credibilizar a tecnologia 4.0 com que trabalhamos, através dos demonstradores que temos a funcionar e de outras tecnologias que podem ser testadas neste espaço. Juntamo-nos a parceiros internacionais com grande credibilidade, como são a Kawasaki, que é a quarta no mundo, na área da robótica; ou a Doosan Robotics, um gigante coreano de máquinas CNC e caterpillars, para podermos oferecer ao mercado soluções robustas.

Pedro Simões (P.S.): A questão da Robótica, na Europneumaq, surgiu há cerca de cinco anos. A automatização é fundamental para o aumento da produtividade da indústria portuguesa e, mesmo no plano dos apoios europeus, o principal objetivo da atribuição de um apoio é o aumento da produtividade da empresa. Daí a criação deste Centro de Robótica, que comporta vários tipos de robôs – convencional, colaborativo e móvel – de forma a podermos passar confiança aos clientes.

Qual a importância da ligação às universidades e dos vossos parceiros, para o desenvolvimento do vosso trabalho? P.S.: Os estudantes das universidades são os engenheiros de amanhã, por isso é muito importante que estas ligações entre empresas, indústrias e universidades e centros de investigação existam. Pela nossa parte, temos parcerias com a FEUP, a Universidade do Minho e a Universidade de Coimbra. Isso permite que os estudantes possam recorrer a este Centro de Robótica para testar, eles próprios, uma aplicação de automatização, por exemplo. Os nossos clientes integradores – que consideramos parceiros – também poderão usar o nosso Centro para se exercitar, fazer provas de conceito e se formarem, para que consigam fornecer a melhor solução à indústria, ao cliente final. Interligado com o Centro de Robótica temos o Centro de Formação, fundamental para uma formação contínua, quer para clientes finais, quer para integradores. O objetivo derradeiro é sempre fornecer a melhor solução à indústria, e com a máxima confiança da parte do cliente.

“Com o PRR, montámos uma estrutura de consórcios que, para além de ter esta natureza colaborativa, tem a intenção de acrescentar dinâmica à criação de novos produtos e serviços de alto valor acrescentado. Esta lógica de colaboração é essencial. Temos muita coisa já bem feita, mas temos de continuar a fazer, temos de chamar as empresas de média dimensão para este processo, até porque temos muitas pequenas e médias empresas com natureza inovadora” .

Secretário de Estado da Economia, João Neves

Têm em curso um projeto de I&D com a PSAStellantis. Em que consiste este projeto? M.C.: Este projeto faz parte da Segunda Agenda M o b i l i z a d o r a . E s t e p r o j e t o a s s e n t a e m demonstradores reais de soluções na área da montagem. Ou seja, o que fazemos é adequar os recursos (robôs) ao aumento da produtividade e à simultânea retirada de recursos humanos dos processos de montagem, embalamento e outros processos repetitivos que as máquinas devem fazer. A segunda Agenda Mobilizadora interage com dois tipos de tecnologia: a aplicação de robótica aos processos, e a consequente substituição de pessoas por máquinas, enquanto que, ao mesmo tempo, estamos a fazer o processo de gestão de frota dos AGV’s, e vamos supervisionando esses equipamentos. Neste projeto participa também o ISEC de Coimbra, que é responsável pelo desenvolvimento de software, enquanto nós somos responsáveis pela interligação com os equipamentos. Até agora, a PSA-Stellantis está satisfeita. Isto é uma afirmação para nós, também, na medida em que prova a qualidade que podemos fornecer à indústria.

Portugal é constituído essencial por PME e, quando se fala em robótica, muitos empresários julgam que terão de gastar muito dinheiro para automatizar a sua empresa. Ainda lutam com esta realidade? P.S.: Lutamos, mas a verdade é que a época pós-Covid trouxe a questão da falta de mão de obra e Portugal não pode continuar a ser um país de mão de obra barata. Embora me pareça que, nos últimos dois anos, este discurso já se começa a alterar, ainda há um longo caminho a percorrer para nos tornarmos competitivos. Todavia, cada vez mais começamos a ter exemplos de PME que se automatizam. Aliás, antigamente, automatizar uma área de produção era muito caro, mas, entretanto, com a generalização da robótica e a sua influência em várias áreas de atividade, o custo de uma automatização baixou consideravelmente. Além disso, devemos ainda ter em conta os apoios europeus.

M.C.: Parece-me que é urgente mudar a mentalidade. Neste momento, já temos pequenas empresas que têm investido em automatização. Apesar de serem pequenas empresas, e muitas bastante recentes, começam a pensar de outra forma. As novas gerações acreditam na robotização.

This article is from: