Portugal Criativo
“A CIBERSEGURANÇA TEM DE SER LEVADA A SÉRIO” O Grupo Thales é uma empresa de importância estratégica para Portugal, na medida em que desenvolve o seu trabalho nas áreas da Investigação e Desenvolvimento nos setores dos Transportes, Cibersegurança e Aeroespacial. Em entrevista, o diretor de marketing da empresa, o engenheiro João Salgueiro, destaca os projetos em que a Thales está envolvida e volta a destacar a importância de reforçar a cibersegurança do país.
João Salgueiro Engenheiro e Diretor de Marketing
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quando da nossa última entrevista, salientou que as tendências do futuro passariam pela digitalização dos sistemas e serviços, sobretudo no que respeitava às áreas da Cibersegurança e Mobilidade. Quase um ano depois, que evolução aconteceu, efetivamente, nestas duas áreas? A aquisição da Gemalto pela Thales em 2019 foi um indicador claro de que a Cybersegurança e Identificação Digital seriam peças fundamentais nas actividades da Thales como resposta aos desafios de segurança que a crescente digitalização impunha. Para o Grupo Thales, o conceito Secured by Design tornou-se, no interior da organização, uma das principais linhas ideológicas nas actividades de inovação e concepção
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de novos produtos, enquanto para o exterior passou a ser um pilar de reforço na já reconhecida imagem de fiabilidade, confiança e desempenho dos seus produtos nos momentos decisivos de qualquer organização, Governo ou mesmo de cada cidadão. A equipa da Thales em Portugal foi um player activo nesta mudança através das suas três equipas de desenvolvimento de produtos. Em termos mais gerais, o Grupo Thales tem em curso uma corrente de digitalização que se faz sentir fortemente ao nível da evolução dos seus sistemas de sinalização, no Comboio Autónomo e na IoT, com um papel muitíssimo forte no desenvolvimento de novos e mais poderosos Centros de Comando Operacional.
A Thales é responsável por muitos dos sistemas de Controlo, Gestão e Segurança dos transportes, seja a nível marítimo, terrestre ou aéreo. Considerando o vosso posicionamento de vanguarda e as parcerias existentes entre a Thales e outras instituições e fornecedores nacionais, como caracteriza o desenvolvimento de soluções ligadas à Mobilidade e Transportes, bem como à própria investigação, que daí resulta? Relativamente à Mobilidade, a Thales tem importantes parcerias com o IST e a TIS. Em particular, com a TIS, temos uma estratégia de investigação e desenvolvimento de uma plataforma de mobilidade orientada para as preocupações das autarquias, assente em três pilares: Transportes Públicos, Logística e Segurança. O objectivo desta plataforma é a colecta e análise de dados de um ou de todos os pilares acima mencionados, de modo a gerar indicadores de gestão e informação fiável para as decisões operacionais e estratégicas de planeamento e análise de impactos. A Thales reforçou recentemente a sua parceria com o Instituto Superior Técnico, através do Centro de Inovação, inaugurado há seis anos e através do qual decorre o projeto Smart City Sense. Quais os objetivos que este programa se propõe atingir? Que outros projetos podem acontecer, tendo em conta o reforço desta parceria? Efectivamente, o Smart City Sense foi um projecto desenvolvido em colaboração com o IST e outras
entidades. No entanto, as relações da Thales com o IST são bastante vastas e acabámos de renovar o acordo-quadro entre o Grupo Thales e o IST e um outro acordo, mais operacional, entre a Thales Portugal e o IST. Quanto ao Smart City Sense, tal como o seu nome indicia, teve como objectivo a demonstração da capacidade de “sentir” a cidade através de informação já disponível e acessível em sistemas já existentes e com base nessa informação antecipar, decidir e colocar no terreno os meios e as medidas de prevenção e mitigação de perturbações à normalidade. Os conceitos e os benefícios estão provados, faltam as oportunidades e o interesse para se investir na sua implementação. Portugal goza de uma posição geográfica privilegiada, no que respeita ao desenvolvimento da área aeroespacial e ao reforço da posição internacional do país por essa via. Em que condições de desenvolvimento se encontra o plano aeroespacial que Portugal tinha delineado, e que contava com a colaboração da Thales e da EDISOFT? Para o sector aeroespacial e naval, a EDISOFT, empresa maioritariamente detida pelo Grupo Thales, é o champion local do Grupo. Ao nível do sector aeronáutico, a presença no novo sistema ATM da NAV é uma referência importante.