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Engigeo - "A falta de mão de obra qualificada limita o crescimento"
A EngiGeo tem três anos de atividade e foi criada com uma vocação para a Geotecnia. O engenheiro Pedro Chitas, sócio-gerente da empresa, destaca os problemas que este setor atravessa, em grande parte devido à escassez de mão de obra qualificada, e as novidades tecnológicas que tornam o trabalho diário mais eficiente.
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Pedro Chitas
Engenheiro Civil e Diretor O que vos fez avançar para a criação de uma empresa estritamente dedicada à Engenharia Geotécnica? A criação da EngiGeo deveu-se à identificação de uma oportunidade clara no mercado da Consultoria de Engenharia. Havia, e continua a haver, uma escassez de empresas especializadas, com conhecimento e competitivas.
Que tipo de obras, supervisões e fiscalizações são da vossa responsabilidade? A nossa atividade tem incidido, sobretudo, na elaboração de projetos de estabilização de taludes e de estruturas de suporte. No último ano, surgiram várias oportunidades no domínio das fundações especiais. A Geotecnia é uma área que necessita de tecnologia para levar a cabo algumas operações necessárias. Como tem sido o avanço tecnológico nesta área e como corresponde a EngiGeo, no que respeita à formação dos seus quadros e ao investimento necessário nestes equipamentos? O avanço tecnológico, no nosso caso, tem sido imposto pelo recurso cada vez mais frequente de ferramentas de cálculo complexas. No domínio da Geotecnia, há também cada vez mais técnicas, especialmente nas Fundações. Na Construção, a transição digital em mercados internacionais acelerou, com destaque para a adoção da metodologia BIM, e temos de “acertar o passo” . Estamos a prever um forte investimento em formação no próximo ano. Vamos também apostar na formação em programação para diversos módulos de ferramentas de cálculo, que permitirá uma grande otimização de processos.
LIMITA O CRESCIMENTO”


A vossa ligação às universidades aconteceu, inicialmente, por via do recrutamento de profissionais qualificados, mas estendeu-se à investigação. Como é que esta parceria é importante para o desenvolvimento de um bom trabalho diário, por parte da EngiGeo? A ligação às universidades permite-nos estar a par dos desenvolvimentos mais recentes da nossa área. Permite, ainda, manter uma ligação a trabalhos de elevado grau de complexidade, em que as nossas competências são valorizadas.
O estabelecimento de parcerias faz parte da vossa forma de trabalhar. Quais as vantagens desta forma de trabalhar? Desde logo, as parcerias dão-nos uma maior flexibilidade e uma capacidade de entrar em áreas de negócio que, à partida, poderiam ser de difícil acesso a uma empresa recente. Aquando da nossa última entrevista, referiu que os recursos humanos qualificados para esta área de atividade eram escassos, por isso difíceis de encontrar. Essa realidade alterou-se? Por que motivo considera que tal acontece? A realidade mantém-se, e a nossa expectativa é de aumento da carência de recursos qualificados. A perda de competitividade de Portugal face ao restante mercado europeu agravou-se. A breve trecho, vamos ter de importar mão de obra.
Quais os desafios que um empreendedor que aposta na abertura de uma empresa vai encontrar, tendo em consideração todas as obrigações inerentes à criação de uma empresa, em Portugal, bem como o facto de necessitar de mão de obra extremamente qualificada? Há três grandes desafios. O principal é a lentidão do nosso sistema de Justiça, que permite a sobrevivência de diversas empresas descapitalizadas e com níveis incomportáveis de dívida a longo prazo, que distorcem a concorrência. O segundo corresponde à carga fiscal, que implica uma gestão de tesouraria cada vez mais cerrada (agravando o primeiro problema apontado). A inexistência de mão de obra qualificada – o terceiro problema - pode limitar a capacidade de crescimento.
Relativamente aos próximos objetivos a atingir, por parte da EngiGeo, quais destacaria, a médio prazo? Os objetivos passam pela maior penetração em mercados que valorizem o conhecimento e a especialização da Engenharia, nunca descurando a presença no mercado português, onde a nossa qualidade é reconhecida.
