Valor Local - Edição Setembro 2013

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Valor Local

Jornal Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 5 • 20 Setembro 2013 • Preço 1 cêntimo

Vindima 2013 promete bom vinho Págs. 8, 9 e 10

Entrevistas com os candidatos do PS às câmaras de Azambuja e de Alenquer Págs. 5 e 7 As dificuldades e os projectos do Grupo Desportivo de Azambuja Pág. 11


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Reforma do IRC ão há reforma eficaz do IRC sem a eliminação do PEC. O Governo, através do seu Ministro da Economia, anuncia, desde Janeiro, que irá baixar o IRC. Entretanto, já passou mais de meio ano sem que alguma iniciativa legislativa, consistente, sobre a matéria fosse apresentada. No dia 25 de Julho, os senhores Ministros das Finanças e da Economia, acompanhados do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e do Dr. António Lobo Xavier realizaram uma Conferência de Imprensa para apresentar um «Anteprojecto de Reforma do IRC», da autoria de uma Comissão presidida pelo Dr. Lobo Xavier. Para além da complexidade das matérias constantes do Anteprojecto duas questões se destacam, pelo carácter lesivo de que se revestem: •O brutal aumento do PEC – Pagamento Especial por Conta, elevando o mínimo em mais 50%, penalizando, mais uma vez, a esmagadora maioria das micro e pequenas empresas; •O objectivo claro de favorecimento fiscal dos grandes grupos económicos e do sector financeiro. A CPPME há muito considera fundamental e urgente uma profunda Reforma Fiscal, que englobe, nomeadamente o IVA, o IRS, o IRC, o IMT, e o IMI e que termine de vez com a duplicação de impostos, alguns especiais e injustos. A Reforma do IRC poderá ser, sem dúvida, valioso contributo para a reanimação do investimento em Portugal. Porém, uma verdadeira reforma do IRC terá de passar pela extinção do PEC, tal como a CPPME, reiteradamente, tem demonstrado nas propostas já dirigidas ao Governo. O Governo afirma a intenção de começar um novo ciclo mas o que se adivinha são vergonhoso bónus às grandes empresas e aos grupos económicos e financeiros e, em coerência governamental, penalização de milhares e milhares de micro e pequenas empresas, com as inevitáveis e gravosas consequências para o mercado interno nacional e obviamente para a economia. O Governo insiste numa proposta “requentada”, comprovadamente ineficaz. Já em 2002, com o Governo PSD/CDS, foi aprovada a redução da taxa do IRC, não conseguindo os efeitos supostamente pretendidos: recuperar o investimento e a criação de emprego. A CPPME, no seguimento do que tem sido a sua linha de acção em defesa das micro, pequenas e médias empresas e dos seus empresários intervirá, nesta fase de consulta pública, dirigindo-se à Comissão de Reforma do IRC com a sua opinião, colocando sobretudo perguntas que carecem de esclarecimento para uma melhor compreensão da proposta em discussão. Nesse sentido, a CPPME gostaria de ver esclarecidas as seguintes questões: 1. Considerando a classificação empresarial estabelecida na U.E., qual é a percentagem de pagamento médio de IRC efectuada por cada extracto empresarial, ou seja, pelas micro, pelas pequenas, pelas médias e pelas grandes empresas respectivamente? 2. Ao nível da Europa as micro, pequenas, médias e grandes empresas pagam mais ou menos que em Portugal? E, as grandes empresas e os grupos económicos e financeiros, em termos percentuais, pagam mais ou menos? 3. Com a criação de um regime simplificado aplicável às empresas com VAN inferior a 150 mil euros, tendo em atenção os requisitos necessários e exigidos para inclusão neste, qual a percentagem de micro empresas que se estima serem abrangidas pelo sistema? 4. Será que o regime simplificado proposto contempla a publicação dos chamados coeficientes técnico-científicos (rácios de rendibilidade) para cada ramo de actividade a que os governos, há mais de uma década, estão obrigados por lei, mas nunca cumpriram?

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5. Qual o número de empresas que pagam PEC e qual a percentagem dessas que conseguem o reembolso deste? 6. Como é apurado o valor médio de IRC de cada extracto empresarial? O PEC e as Tributações Autónomas estão incluídos no cálculo? 7. As empresas cujos resultados de apuramento de IRC são inferiores ao cálculo do PEC ficam sujeitas ao pagamento deste, que é sempre superior, em percentagem ao pagamento do IRC directo. Quando dizem que existem empresas que não pagam IRC afinal a quem se referem? 8. Existe uma opinião generalizada que considera ser o PEC um instrumento de tributação fiscal “cego e injusto”. Porquê o seu aumento na base mínima em 50% e não a sua extinção? 9. Os empresários em nome individual com contabilidade organizada, em muitos casos, com colaboradores assalariados, cuja tributação é apurada em sede de IRS, não deveriam, por se tratar de uma actividade empresarial ser considerados em IRC? 10. Como vai ficar a tributação das empresas situadas em paraísos fiscais, como seja o “offshore” da Madeira? 11. É ou não verdade que as grandes empresas e o sector financeiro pagam em média 15% de IRC, muito longe da média de 31,5% referida pela Comissão? Por outro lado, a CPPME reafirma a sua proposta de Reforma Fiscal, onde constam mais de duas dezenas de medidas, sendo que algumas delas referem-se à Reforma do IRC, a saber: 1. A reposição da taxa de 12,5% de IRC para os primeiros 12.500,00 euros de matéria colectável. 2. A extinção do PEC – Pagamento Especial por Conta. 3. A criação do RST – Regime Simplificado de Tributação com taxas diferenciadas de acordo com os coeficientes técnico-científicos a apurar e a publicar para cada ramo de actividade. 4. A redução e extinção de algumas das taxas de Tributação Autónoma do IRC. 5. A criação de incentivos fiscais, incluindo o IRC, para instalação de empresas no interior do País. Por último, a CPPME reafirma a sua convicção de que os maiores obstáculos actuais ao investimento em Portugal prendem-se, essencialmente, com: 1. O reduzido poder de compra dos portugueses(com profundos efeitos, negativos, na procura, no mercado interno nacional). 2. O funcionamento da justiça(com custos inaceitáveis e ausência de celeridade nos processos). 3. A exagerada carga fiscal sobre as empresas (acrescida da tributação fiscal sobre o consumo, com reflexos nas actividades empresariais, como seja o IVA da restauração e da energia eléctrica a 23%). 4. A instabilidade fiscal e a sua complexidade (a constante publicação de alterações legislativas e a sua sobreposição, sem a devida compilação, torna quase impossível a identificação correcta da tributação aplicável). 5. Os custos fixos (energéticos - combustíveis, electricidade e gás; água; transportes; portagens; taxas de resíduos urbanos; bem como, todo o tipo de licenças obrigatórias. Como é o caso do PPC cujos pagamentos no O.E. para 2013 passaram a ser obrigatórios.). 6. A burocracia(que em vez de simplificar e agilizar procedimentos asfixia as empresas). 7. O Crédito(o preço do crédito bancário e as dificuldades, concretas, ao seu acesso). (Parecer da CPPME (confederação das Micro. Pequenas e Médias Empresas sobre a Reforma do IRC)

Debate "Economia e Desenvolvimento Local" Direcção da ACISMA, atento o interesse para o concelho de Azambuja, propôs a todas as candidaturas à Câmara Municipal a realização de um debate com o tema em epígrafe. O Partido Socialista declinou o convite devido a dificuldades de agenda resultantes de compromissos anteriormente assumidos. Assim comunicamos a todos os associados e população que, após consulta às outras candidaturas, o referido debate não se realizará.

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Valor Local Sugestões dos comerciantes de Azambuja para o próximo presidente de Câmara

Manuel Canha – Retirar os pilaretes seria fundamental para melhorar o comércio. Penso que em articulação com as colectividades poder-se-ia pensar na realização de actividades e serões culturais dinamizando-se, por consequência, também o comércio. Penso que a junta de freguesia de Azambuja, na realização dos seus convívios com almoços e jantares, deveria apostar mais nos nossos restaurantes.

Bruno Pinto – Penso que o comércio podia melhorar muito se a Câmara conseguisse dar uma volta no que toca à vertente turística com a revitalização do esteiro e do palácio, assim atrairia mais visitantes e o comércio também lucraria com isso. Um grande investimento ali potenciaria em muito essa necessidade. O crescimento de Azambuja passa por isto.

Manuel Rosa – O comércio piorou bastante com a colocação dos pilaretes. Notou-se uma quebra acentuada, e se isto já não estava famoso, piorou ainda mais. As ruas comerciais da vila também deveriam ser lavadas, porque de Verão a sujidade permanece durante muito mais tempo. Pelo menos, uma vez por mês esse serviço deveria ser efectuado.

Ficha técnica:

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Militares da GNR entregam bens à Casa Mãe de Aveiras de Cima erca de uma centena de militares recolheu entre si vários bens. Roupas, brinquedos e alguns produtos alimentares fizeram as delícias das crianças Bastou ver o sorriso das crianças para se perceber de imediato que a manhã de 30 de Agosto ia ser de emoções fortes. Enquanto cerca de uma dezena de militares da GNR oriundos dos destacamentos de Alenquer; Vila Franca de Xira e destacamento Brigada de trânsito do Carregado descarregavam as

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cinco viaturas completamente cheias, o sorriso das crianças aumentava. Em poucos minutos, e à medida que os bens iam sendo depositados no pátio da instituição, aumentavam a alegria e a expectativa entre as crianças, que estão naquele espaço, obra do padre António Cardoso, à ordem dos tribunais, já que são oriundas das chamadas famílias disfuncionais. Descarregadas as viaturas, com a ajuda das crianças, chegava o momento do agradecimento e da

retribuição. Na cara dos militares, era indisfarçável a emoção daquele momento, já que muitas das crianças associam de certa maneira a presença da polícia a situações menos positivas, e para isso, esta acção foi também importante, mostrando assim que por debaixo de cada farda, bate um coração muitas vezes generoso, mas que em contexto profissional, tem a obrigação de ser mais frio. Depois das palavras de agradecimento de uma das crianças da

instituição, os meninos deram aos militares um pequeno coração como sinal de agradecimento. Este foi de resto o momento mais emotivo da manhã. Todos os militares receberam esta oferta, e também a reportagem do Valor Local, que embora estivesse ali apenas para cobrir o acontecimento, foi também tocada pela generosidade das crianças com histórias de vida, certamente mais marcantes, do que possamos imaginar.

Roupa e livros em segunda mão na “Trend” o centro da vila de Alenquer, funciona desde o início do Verão uma loja de roupa e calçado em segunda mão. Maria João Graça, proprietária, teve a ideia quando andava às compras em Lisboa e se deparou com um estabelecimento do mesmo tipo. Já dispunha de instalações, e rapidamente deitou mãos à obra, ao retirar do armário roupa sua e do filho em boas condições, mas que deixou de ser usada. Um grupo de amigas fez o mesmo, e hoje a “Trend” é uma realidade e desperta a atenção de quem passa, por ser um conceito pouco explorado no nosso país. O conceito é minimalista, pois a

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Maria João junto de alguns artigos

loja não dispõe de uma decoração elaborada, mas apenas o necessário para expor o vestuário. “As pessoas costumam entrar e perguntar como funciona. Funcionamos por consignação, o cliente traz a roupa e no dia a seguir à sua venda, é pago o valor acordado. Possibilita que seja dado um valor mais alto pelo artigo. Todos os artigos têm um valor até 5 ou 6 euros, excepto, os casacos, normalmente, consigo vender abaixo dos 10 euros”. Entre as peças mais vendidas, sobretudo no Verão, estão as túnicas e vestidos. A loja é sobretudo procurada por pessoas com

Terra Velhinha

pessoas já trouxeram vestuário e calçado. A maioria trata-se de pessoas que querem “despachar” roupa usada porque não têm a quem a dar, mas também há quem procure o estabelecimento com o intuito de ganhar algo com a venda, não dando “para a troca” bens no estado desejável. A “Trend” também facilita a troca de livros escolares. 10 por cento do valor para quem traz, e para quem compra o desconto é de 80 por cento – “Esteve aqui uma senhora que levou quatro ou cinco livros pelo preço de um, obtendo, assim, um desconto fantástico”.

Informação e cedência de foto por João Paulo Coelho; Publicada por Miguel Ouro. Turma da Primeira Classe do Professor Carlos Alberto Líbano no ano de 1961. Escola Primária Azambuja, actual Biblioteca Municipal. Por baixo da esquerda para a direita : José Manuel Sardo, João Paulo Coelho, João Amador,Sergio Wallace, Graciano Botelho, Carlos Rosa, Carlos Figueiras, Manuel Mateus Dias (Manelito) Segunda fila esquerda para direita: Desconhecido, José Artur B. Simões, Vitor Pinto, Rui Martins, Luís Bacatelo, Eutiquio,Marcial Dias Caetano, Vitor Valada(Tonel),Joaquim Carvalho(Russo), António João Leal. Terceira fila: Simão, Manuel Seco, Arlindo Sardo, Borda d’ Água, Francisco Martins (Xico Pimenta), João borda d’Água, Joaquim Manuel Bacalhau, José Mouchão, António João Patrício (Cainora), José João Coelho (Pecharrana) Da esquerda para a direita por cima : Mário Silveira, Carlos Xisto, José luís, Eduardo Bacalhau, João Tavares (Matolas) ,Catrouxe, António Albino Botas, António José Martins(Pimenta), Manuel Paninha, Joaquim M. Opinião.

Terra Velhinha é um grupo do facebook que pretende celebrar o passado de Azambuja e da sua região, rever os seus familiares, relembrar velhos amigos, situações ou lugares, e quem sabe até proporcionar reencontros, já que o reencontro com a memória do passado, esse está aqui assegurado. Se é de Azambuja, do Concelho, da região limítrofe, tem raízes cá ou é simplesmente simpatizante da nossa terra, pode publicar: fotos, documentos diversos, ficheiros áudio ou vídeos, textos que digam respeito a pessoas, famílias, situações, lugares ou contextos que protagonizem a história desta Vila Ribatejana. Pode aderir ao grupo solicitando a autorização ou através de um membro. Estamos também agora mensalmente a reviver Azambuja no jornal Valor Local. Reviver o nosso passado, realçando as nossas raízes faz parte de uma identidade inter-geracional, dos 8 aos 88. É a nossa história! Miguel Ouro (Quanto a nós Valor Local é com muito carinho que acolhemos esta iniciativa do grupo “Terra Velhinha” que faz jus à frase “Recordar é Viver”)

peso a mais, na esperança de encontrarem algo que se adapte melhor à sua estrutura. Especialmente, as clientes emigrantes são as que conhecem melhor o conceito de lojas em segunda mão, no entanto, “ a aceitação tem sido melhor do que a esperada”. “Pensava que se trataria de uma experiência de Verão, mas já começaram a trazer roupa de Inverno”, dá conta Maria João Graça, acrescentando: “Também vendi muita roupa de marca para criança”. No que toca ao calçado, a sua venda “é mais difícil”, mas “quase todas as semanas conseguese vender”. Ao todo cerca de 60

Informação e foto de António Pereira Foto tirada aquando da vinda Américo Tomás para inaugurar a fabrica Ford, julga-se que em 1963. Da Esquerda para a Direita: João, Norberto, Joaquim Manuel, Manuel Zé, António Luís Seta (falecido) José António Piritas (falecido) Batalha ou Batata, Gadelhudo, António Pereira, Félix, Louro e Isaac.

Informação e foto de Inês Magalhães Foto tirada em 1968 no antigo café Rainha, actual restaurante Redes ao Mar. Da esquerda para a direita: António José Soares (Sacristão), Joaquim Miguel Amendoeira, Jaime Fuzeiro, Xico Pimenta, Joaquim Zé (Neno).


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Luís de Sousa quer garantir funcionamento das piscinas em 2014 Conhece bem os cantos da Câmara Municipal de Azambuja pois foi vereador de vários presidentes de Câmara. Com 63 anos, Luís de Sousa está disposto a passar, pela primeira vez, para o plano principal, com a sua candidatura à autarquia. Pela frente tem a missão de conseguir igualar a maioria absoluta alcançada por Joaquim Ramos em 2009. Valor Local- Escolheu o Centro Escolar de Alcoentre para esta entrevista, uma obra realizada pelo presidente da Câmara anterior, Joaquim Ramos, mas uma das críticas que temos ouvido por parte de outras forças políticas é a de que este executivo, do qual faz parte, tem descurado as obras necessárias em outras freguesias. Luís de Sousa – Não entendo a razão dessas críticas, porque também estamos a fazer obras deste tipo em Aveiras de Cima. No ano que vem, será destinada uma verba para essa obra. Temos estado em contacto com o programa operacional do Alentejo. Temos outro centro escolar em Azambuja e em Manique, onde vai arrancar a obra do mercado, obra que é do conhecimento do presidente da junta local Muito propalada tem sido a necessidade de investimento económico no concelho. O anterior presidente Joaquim Ramos trouxe até cá investidores, mas sem consequências práticas. Por outro lado, o candidato da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra diz ter contactos privilegiados nesta matéria, e no seu caso qual será a sua estratégia? Joaquim Ramos fez bem em trazer, ao concelho, esses investidores, se não houve resultados práticos a culpa não é dele nem nossa. A minha acção nesse âmbito é feita de forma discreta. Não digo, ao contrário de outros, que ando a saltar de um lado para o outro à procura desses investidores. Vou conversando com as pessoas. Há cerca de três semanas tive uma reunião com empresários dispostos a vir para a zona industrial de Aveiras. Trata-se de uma empresa na área da reciclagem de óleos usados de automóveis. Prometeu desde logo menos impostos no sentido de aliciar a sua instalação no concelho? Não prometo coisas que não consiga fazer. Mostrei apenas que estamos interessadíssimos na sua vinda para cá, porque a promessa é de criarem 60 postos de trabalho numa primeira fase; e 120 na seguinte. Se necessário for, ponderaremos, criar boas condições a nível do pagamento de impostos, numa primeira fase. Tem mais contactos para além desse? Sim, mas quero realçar que, ainda, há pouco tempo foi levada a ses-

são de Câmara uma proposta para aumento de superfície de uma empresa em Aveiras de Cima, dado o volume de encomendas, e com isso dar emprego a cerca de mais 10 pessoas, e imediatamente a oposição considerou que tal proposta não podia ser votada, tendo em conta o cenário de eleições. No fundo, uma grande historieta. Na altura, retirei as propostas e pedi a dois advogados para analisarem o fundamento da posição da oposição, sendo que me foi dito que tal argumento seria mentiroso. Lamento bastante a atitude da oposição, pois se se fala tanto que temos de trazer investidores para o concelho, é natural que também tenhamos de apoiar os que cá estão. Então, na sua opinião, a oposição quis prejudicar o concelho com essa tomada de posição? Nitidamente. No que concerne ao dossier do preço da água. Disse-nos na edição de Junho do Valor Local, no âmbito do nosso trabalho sobre a concessão, que estaria a ponderar uma saída do município da Águas do Oeste, que fornece o abastecimento em alta à empresa Águas de Azambuja. Entretanto, não assistimos a posteriores repercussões dessas suas declarações, já desistiu? Não desisti. Foi-nos imposta, pelo Governo da altura, a nossa adesão à empresa intermunicipal, assim como, aos restantes municípios. Já fiz contactos e reuniões com a administração. Disse-lhes que são apenas intermediários na compra da água à EPAL, se porventura a Águas de Azambuja pudesse comprar directamente à EPAL seria melhor. Por outro lado, não foram cumpridas algumas obras previstas no contrato. Mas na altura, o senhor foi uma das pessoas que apoiou a entrada de Azambuja na Águas do Oeste? Apoiei porque foi algo que nos foi imposto. O Governo avisou-nos que apenas assim continuaríamos a usufruir de fundos comunitários. Todas as câmaras foram pressionadas nesse sentido. No entanto, se a sua preocupação apenas assenta na questão de existir um intermediário, nesse caso também poderia optar por eliminar a Águas de Azambuja, mas possivelmente seria mais difícil. O executivo socialista já está arrependido de ter feito a concessão em baixa com uma

empresa privada e também com a Águas do Oeste? Sim, e pessoalmente eu também. Isto é uma aberração. Fomos obrigados a assinar contrato com a Águas do Oeste. Foi fartura a mais. A Câmara fez dois maus negócios com ambas. No caso da Águas de Azambuja, foram feitos alguns maus negócios, mas como sabe teríamos de fazer investimentos de muitos milhões de euros nas redes de água e de saneamento, que foram concretizados pela empresa. Mas no próximo mandato, queremos criar uma comissão de acompanhamento destas questões com deputados e vereadores das diferentes cores partidárias. Mas no caso da Águas do Oeste há cronogramas de trabalho ultrapassados há muito. Mas a Águas de Azambuja também não realizou o valor do investimento previsto até 2013. É verdade, por isso temos de arranjar uma solução. Até que ponto essa comissão pode ir, no que se refere ao óbvio: baixar a conta das facturas de água? Essa comissão terá como principal objectivo dar a esta questão uma maior transparência, e como gosto de tudo claro como água, neste âmbito algo terá de mudar. Mas consegue prometer que o preço da água vai baixar? Para já não. Apenas de salientar que conseguimos deixar de pagar os consumos mínimos à Águas do Oeste, num acto de total justiça, pois não exploramos furos próprios como outras câmaras. No que toca à área social, e ao apoio aos mais desfavorecidos quais são as suas ideias? Queremos dar continuidade aos cheques sociais para peixe e carne; leite em pó, medicamentos, reparações em habitações. Vamos pensar no que ainda podemos fazer tendo em conta as limitações orçamentais. No que se refere a projectos para candidaturas a habitações sociais? Estamos à espera que o ministério da Justiça nos possa atender para lhes mostrar o dossier que preparámos para a cedência de dois bairros ligados às prisões de Alcoentre, com casas que depois de efectuadas as necessárias limpezas e arranjos, terão capacidade para albergar várias famílias, sem que para isso a Câmara tenha de gastar muito dinheiro. Há cinco

anos que andamos neste processo. No que toca ao apoio às colectividades, como será a sua linha de actuação, dado que há críticas quanto ao atraso no pagamento dos subsídios. Os apoios vão continuar mas alteraremos o método de pagamento, mediante o plano de actividades e contas do ano anterior de cada uma das associações, e com isso atribuirmos os subsídios mês a mês, e não no final do ano, como antes. Num mês damos a um conjunto de colectividades, noutro mês a outro. Por essa ordem de ideias, tem faltado disciplina camarária na atribuição dos subsídios, porque há colectividades à espera da verba há mais de dois anos. Tem havido disciplina: todos os anos, as associações recebem as verbas, infelizmente com atraso. Mas com este novo método, será melhor e mais fácil. No que se refere às piscinas municipais, o que podemos esperar? Esse é um assunto que tenho atravessado, mas falemos não apenas nas piscinas mas também no campo de ténis, que precisa de ser recuperado. Ao contrário de outros candidatos, não pretendo retirar a cobertura das piscinas, mas durante o Verão procederemos à retirada da parte envidraçada com acesso directo ao relvado, como tenho visto noutros concelhos, usável também no Inverno. O orçamento é de quanto? Ronda os 250 a 300 mil euros, que a Câmara quer investir em colaboração com as associações. Chegou a estar em cima da mesa a entrada de um privado. Sim, mas depois chegou-se à conclusão de que não seria rentável para o mesmo. E no caso da Câmara; tendo em conta esse investimento de que está a falar, aliado aos custos de manutenção, não poderá correr o risco, tal como aconteceu com os campos sintéticos no concelho, de que a utilização das piscinas fique aquém do esperado? O único que esteve mais ou menos sem utilização foi o de Aveiras de Cima, devido à inactividade da direcção do clube, mas em Azambuja, em Vila Nova de São Pedro, e Vila Nova da Rainha os equipamentos estão a ser utilizados. Face ao quadro de dívidas da autarquia, aventa-se a possibili-

dade de um gestor do Estado vir gerir a Câmara Municipal de Azambuja, como é que pretende, caso seja eleito, vir a lidar com esta circunstância? Não temos necessidade de gestores, porque também os temos entre os funcionários da autarquia, que fazem um belíssimo trabalho e nos ajudam. O que é certo é que recentemente a autarquia teve de pagar 7 mil euros de juros de mora. Isso deveu-se à extinção da EMIA, mas estamos preocupadíssimos com o que devemos e estamos a fazer os possíveis para conseguirmos ultrapassar esse quadro. Este mês se pudesse já pagava o subsídio de férias aos funcionários, porque já temos esse dinheiro, cerca de 320 mil euros. Não pagamos porque a lei não nos deixa, tendo em conta um vazio de lei. No que respeita à necessidade de cortes financeiros, quais são os seus planos? Teremos de cortar a nível das viaturas, na parte eléctrica. Não substituí a saída de um eleito do PS na actual vereação, (no caso Joaquim Ramos), por um vereador suplente, cortando dessa forma em secretárias, pessoal auxiliar, viatura e telemóvel. O candidato da Coligação referiu que os vereadores utilizam as viaturas da autarquia para deslocações pessoais. Ele esqueceu-se de dizer na entrevista que vos deu, quando disse que vou no automóvel da Câmara ao supermercado de Rio Maior, que também passo pelos de Azambuja e Aveiras de Cima, porventura seria melhor que se preocupasse com o que ganha no Estado. Despedir funcionários não está nos seus horizontes? A oposição tem falado disso, mas tranquilizem-se porque já ultrapassámos os dois por cento que nos competiam, tendo em conta os reformados e os trabalhadores da mobilidade. Portanto, a existir despedimentos não serão provocados por nós, apenas se o Governo assim o determinar. Como é que pensa conseguir a maioria absoluta, sem a figura de Joaquim Ramos, pois é pela primeira vez cabeça de lista, apesar de já estar há 16 anos nos elencos camarários? Não sou uma cara desconhecida a nível do concelho. Sempre gostei muito de estar no segundo lugar nos executivos, mas comecei a re-

ceber o apoio de muita gente do partido, de outros partidos, da população, e mostrei a minha disponibilidade. Durante este mandato, o executivo socialista teve várias peripécias: Joaquim Ramos foi constituído arguido, bem como o senhor, e Silvino Lúcio; não teme que isto possa causar má impressão no eleitorado e baralhar as contas finais? Não. No meu caso, fui apanhado na teia, mas como se provou não tive quaisquer implicações, assim como, os meus colegas. O Tribunal deu-nos razão. Se não vencer com a maioria absoluta poderá convidar um dos vereadores de outro partido eleito para fazer parte do executivo, nomeadamente, o da CDU, dado o forte atrito e o maior grau de impossibilidade à partida no que toca ao candidato da Coligação. Tenho a certeza de que vencerei as eleições com maioria, se absoluta ou não logo veremos, mas o mais importante é o bem do concelho, pelo que não vejo impossibilidade em vir a convidar um elemento de outra força política. No caso de ser o PS a ganhar as eleições, e não a Coligação, está preparado para enfrentar mais quatro anos o estilo de António Jorge Lopes, que, por vezes, o deixa um pouco perturbado? Ele será com certeza vereador da oposição. Tem umas acelerações muito grandes, mas não mete medo a ninguém, mas pode ser que entretanto se torne mais ponderado.


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Apostar nos ícones de Alenquer para atrair mais turistas Presentemente chefe de gabinete do actual presidente Jorge Riso, Pedro Folgado, 51 anos, professor, encabeça a candidatura socialista ao município de Alenquer. Apresenta uma série de caras novas e acredita que conseguirá implementar uma nova dinâmica para atrair mais visitantes ao concelho. Valor Local - Como fará para contornar a questão da dívida da Câmara Municipal de Alenquer, que ronda os 25 milhões de euros, sem comprometer o investimento, e quando estão em curso as obras dos centros escolares de Cabanas do Chão, Vila Verde dos Francos e Via de Cintura Interna de Alenquer? Pedro Folgado – A dívida tem baixado, quanto aos centros escolares e via de cintura são financiados em 85 por cento pelo QREN. Essas obras não vão condicionar a dívida. Temos de alcançar o reequilíbrio financeiro, reorganizando serviços, rentabilizando recursos. As receitas da Câmara dão para cobrir a despesa corrente. Mas como as obras são de alguma envergadura, e a verba a disponibilizar pela autarquia não será tão pequena, quanto isso, poderão esses projectos ultrapassar os prazos previstos? Não poderão haver grandes atrasos porque o QREN está em vigor até ao final do ano, caso contrário não seremos ressarcidos do investimento aplicado. No que se refere à necessidade de atrair investimento e novas empresas para o concelho, como será a sua política? Poderemos criar valor acrescentado em termos de espaço, licenças, taxas, de modo a que as empresas se tornem competitivas e optem pelo concelho de Alenquer. No entanto, a autarquia se flexibilizar a questão das taxas e licenças, terá menos receita para fazer face aos encargos e à dívida. Nem tudo é despesa, porque se ao facilitar a entrada de uma empresa que possa vir a criar postos de trabalho, aliados à derrama, nesse caso estarei a fazer investimento. Posso facilitar à partida, sem comprometer o futuro. No seu manifesto eleitoral fala mesmo de um projecto de cowork e start up de empresas. É algo virado para o empreendedorismo jovem, num espaço cedido a cada empresa para desenvolvimento, durante um certo tempo, da sua ideia e produto, com apoio jurídico e económico. Trata-se de um espaço amplo em instalações da autarquia. Qual será a sua política no capítulo do preço da água. Deu-

se um reequilíbrio financeiro do contrato mas o mal-estar dos munícipes quanto a esta matéria continua. Está na altura de olharmos para o contrato e ver até que ponto podemos baixar o preço das facturas tendo em conta os 114 por cento do saneamento básico. O que é que vai alegar junto da administração da Águas de Alenquer para conseguir esse objectivo? Temos de perceber se o valor negociado no início do contrato não terá já sido alcançado, e de forma é que podemos dilui-lo por mais anos para fazer baixar a factura, atendendo, obviamente, que a empresa é privada e que faz disto um negócio, mas o munícipe alenquerense não pode ser prejudicado. Temos de avaliar. Para já não consegue prometer que a factura vai baixar? É muito difícil a qualquer um que seja eleito dizer isso. No seu manifesto, apresenta também algumas ideias para revitalização do comércio e espaço urbano com os nomes “Varanda do Rio”; “Varanda da História” e “Varanda da Serra”, dê-nos a conhecer estas ideias. Passa, por exemplo, pela colocação de um palco no casco antigo de Alenquer para realização de actividades e que chame as pessoas. No alto do concelho podemos colocar um miradouro para apreciação da paisagem, acompanhado de um espaço de merchandising. Ao desenvolvermos actividades de estratégia também incrementamos o comércio. Há que chamar pessoas e potenciar a nossa beleza inigualável. Temos de aproveitar os nossos ícones como Damião de Góis, Sãozinha, o Cantar de Reis, entre outros. Alenquer faz parte de uma região de turismo que soube atrair mais turistas para alguns concelhos, mas parece que este concelho tem continuado um pouco à margem. Só podemos contar connosco, porque neste momento ainda estamos em piores circunstâncias, dado que a sede se encontra em Aveiro, e naturalmente outras vilas e cidades conseguem mais promoção. Se potenciarmos os nossos ícones, podemos mobilizar as pessoas e a comunicação social e com isso também gran-

jear uma outra atenção por parte de quem superintende a estrutura regional de turismo. Muito comentado pelas restantes candidaturas, nas nossas entrevistas, tem sido o facto de a Câmara Municipal de Alenquer ter feito obras em terrenos que não chegou a comprar, não pagando por isso o acordado com os proprietários. Alguns processos estão em tribunal. Estamos a falar, entre outras obras, do centro escolar das Paredes, pavilhão municipal e parque de estacionamento da Barrada, o que se lhe oferece dizer sobre estes casos? Não participei a fundo nessas questões. Apenas sei que foi protocolado e que terá de ser resolvido. No seu entender, o actual presidente foi negligente quanto a esta matéria? Não sei se foi negligente. No tempo, muitas vezes dilui-se muita coisa e não acredito que tenha feito isso de propósito. Mas não estamos a falar apenas de um terreno, mas de vários, a Câmara esqueceu-se de tantos casos? Penso que as coisas foram equacionadas, mas o problema também assenta no PDM e na sua não conclusão, por força das questões legislativas, empurrando a questão dos terrenos, porque ninguém se apropriou de terrenos particulares de má-fé, e sem salvaguardar todas as partes. A Coligação refere que os proprietários nos seus processos estão a articular as indemnizações tendo em conta que as coisas não foram resolvidas, e que a Câmara poderá ter de pagar cerca de 10 milhões aos mesmos, no total dos terrenos em causa. Se somarmos a isto, a dívida, muito se pode complicar para a autarquia. Tenho de apurar se se trata desse valor. Posteriormente terei de negociar com os proprietários, porque não podemos pagar isso só de uma vez. Diz mesmo o candidato da CDU, Carlos Areal, que é por causa disto que o actual presidente não se recandidata. Ele diz que não se recandidata por questões familiares. Mas penso que esse tipo de questões estão a vir ao de cima porque estamos em eleições, porque as

mesmas já não são novas. No que toca à Chemina quais são os seus projectos? A Câmara não tem capacidade para fazer investimento, teremos de encontrar um parceiro. O candidato da Coligação Pela Nossa Terra diz mesmo que a dada altura a Câmara lançou um concurso, ganho por um

autárquica e os seus 20 anos de socialismo acérrimo. Está a dizer que ele, ao encabeçar agora a candidatura de outro partido, é o reflexo de querer ser candidato à Câmara à força toda? Não estou a dizer isso, até porque até a nível nacional há quem mude de opinião e de partido.

da gestão de Jorge Riso? Não podemos falar dessa forma, mas tenho a sensação de que podemos fazer a diferença, temos força de vontade e somos empreendedores. O tempo é outro, não esquecendo que o que o PS fez até agora foi importante. O candidato da Coligação traz as mesmas ideias, e se não ganhou

Folgado não garante que o preço da água possa baixar privado, mas que depois não o chamou para assinatura do protocolo. O privado abandonou o projecto, e no final a autarquia não pôde accionar as cláusulas indemnizatórias porque nada foi assinado, resultando o caso em prejuízo para a Câmara. O privado decidiu desistir do projecto, é apenas o que sei. Não sei se foi por incompetência dos técnicos mas não acredito que assim tenha sido. Quais são os seus projectos para incrementar a Feira da Ascensão? Deverá ser alargada para dentro da vila, não ficar, apenas, circunscrita à Romeira, mas como há custos inerentes, terá de ser feita progressivamente, porque o modelo actual deve ser repensado. O surgimento da candidatura de João Hermínio, pelo Bloco de Esquerda, surpreendeu os socialistas, já que estamos a falar de alguém que pertenceu ao executivo socialista e ao PS. Surpreendeu, porque dizia-se socialista há mais de 20 anos. Como sabemos, foi candidato a candidato em concorrência comigo, e os seus leit motiv’s , segundo ele, seriam a sua experiência

Não o tentou puxar para a sua candidatura futura, ou a ruptura foi logo evidente? Não existiram conversações nesse sentido, mas não posso falar em ruptura. Os socialistas optaram pela minha candidatura, tudo aconteceu naturalmente. Pensa que João Hermínio pode baralhar as contas das eleições? Concerteza que há de ter votos, mas não sei até que ponto baralhará, porque possivelmente haverá quem no Bloco de Esquerda não se reveja na sua candidatura, mas nada disso me assusta. De há alguns actos eleitorais a esta parte, o PS ganhou a Câmara de Alenquer, mas sem a maioria absoluta, enfrenta, agora e mais uma vez, o candidato da Coligação, que já vai na sua terceira tentativa para vencer a autarquia, sendo por isso mais conhecido da população; por outro lado o preço das facturas de água tem enfurecido a população, como é que vai conseguir vencer e conquistar o eleitorado? Da minha equipa fazem parte pessoas novas, com ideias, que não fizeram carreira política, que se colocam nesta posição porque querem fazer algo de diferente. Está com isso a demarcar-se

há quatro anos… E o preço da água, com Alenquer a figurar entre as mais caras do país, segundo a DECO, não poderá isto prejudica-lo? Não me parece que as pessoas me possam penalizar porque a água é a mais cara. Estarmos a colocar apenas o enfoque nessa matéria é redutor e minimizador. Comprometo-me a fazer os possíveis e a negociar essa questão, mas não podemos centralizar todo o nosso programa nesse assunto, pois é redutor. Alenquer tem de se tornar um município mais dinâmico, trazer mais pessoas, fazer sobressair os seus ícones, é nesse sentido que temos de focar a nossa acção. Sei que tem uma estratégia para o enoturismo em concertação com o candidato do PS à Câmara de Arruda dos Vinhos. Temos uma série de quintas produtoras de vinho, e com isso podemos aliar a componente do turismo. Se expandirmos esta ideia com Arruda e Sobral, criaremos aqui uma grande zona, com turismo, visitas, vindimas. O outro projecto prende-se com os julgados de paz, para questões judiciais mais pequenas, em parceria com Arruda. Penso que seria algo benéfico para ambos os concelhos.


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Destaque

Valor Local

Vindima de 2013 aponta para boa produção O Valor Local foi às vindimas. Em Aveiras de Cima, onde tomámos o pulso ao projecto da “Vila Museu do Vinho”; e na Quinta de Vale de Fornos, que se prepara para uma produção de 1000 mil garrafas. Ainda destaque para uma conversa com um dos últimos tanoeiros e com o presidente da Associação dos Escansões de Portugal. Para já, o vinho da região e do concelho está bom e recomenda-se. Sílvia Agostinho, Miguel António Rodrigues, Vera Galamba

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a Quinta de Vale de Fornos, Azambuja, a produção vinícola deste ano, segundo os responsáveis, será de boa qualidade. A qualidade das uvas recolhidas até ao momento faz prever

que o patamar continue elevado. No total deverão ser engarrafadas 100 mil garrafas. No dia da nossa reportagem, a vindima não se efectuava, porque os responsáveis decidiram

efectuar uma interrupção de alguns dias, no sentido de obterem um melhor resultado tendo em vista a qualidade final do vinho. Por isso, pudemos assistir a uma fase posterior à colheita, quando

as uvas são depositadas nos enormes depósitos de 20 mil litros, e ficam segundo a explicação do engenheiro agrícola, João Cortes, a macerar, um processo em que o mosto e as películas

(das uvas) entram em contacto para “darem lugar a uma extracção de cores, aromas, e sabores”. Neste estágio, o produto vai permanecer durante três a quatro dias a uma temperatura entre

os 15 e os 16º. O objectivo é alcançar-se a concentração perfeita do vinho. Posteriormente, passa-se à “desencuba”, passadas duas a três semanas. É altura de se separar


Valor Local o denominado vinho novo das massas, o vinho que não é prensado. De acordo com João Cortes, o vinho branco, de entrada de gama, (designação referente ao vinho mais comum ou clássico) demora neste processo até ao seu engarrafamento cerca de três a quatro meses, no entanto, o tinto precisa de seis a oito meses. A colheita desta vindima destina-se aos vinhos da marca – “Vinha do General” (branco e tinto, entrada de gama) e Vale de Fornos (gama média, branco, tinto e rosé). Durante o ano que vem, a quinta prepara-se para apresentar algumas novidades quanto à aposta nos vinhos “Reserva”, (os que ficam a maturar um ano ou mais até saírem para o mercado).

Recentemente, a quinta recebeu dois prémios internacionais no concurso “Chinese wine and spirit awards”, realizado na China, com a conquista de uma medalha de ouro com o “Vale de Fornos” tinto, e outra de prata com o “Vinha do General” tinto, um marco importante que importa agora consolidar. “Para já está conseguido um negócio de exportação de 30 a 40 por cento para aquele país com a produção da vindima deste ano”, de acordo com Nuno Morais, enólogo e engenheiro agrícola na propriedade em causa. Em território nacional, a produção será encaminhada para mercados próprios em Lisboa, Algarve e Porto. Alemanha, Inglaterra, e Holanda serão outros dos destinos dos néctares da Vale de Fornos no estrangeiro.

Destaque

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Responsáveis dão a conhecer um dos processos de fabrico de vinho

Iniciativa da Vila Museu do Vinho:

“Dia nas Vindimas” é um sucesso veiras de Cima no concelho de Azambuja é sinónimo de Ávinho, a Festa do Vinho e das Adegas. Este é um certame que assinalará em 2014 dez anos de existência e sempre com um balanço positivo, dinamizada pela associação “Vila Museu do Vinho”. Mas em Setembro é tempo de vindimas, e por esta altura a associação organiza aquilo que tem vindo a ser um sucesso: “O dia nas Vindimas”, em que através do pagamento de 10 euros, o turista acompanha o processo de apanha da uva até à sua pisa. José Mata, produtor e presidente do conselho fiscal da associação diz mesmo que têm vindo muitos grupos portugueses e estrangeiros, que participam activamente nas actividades. Com cerca de duas dezenas de produtores inscritos, a associação “Vila Museu do Vinho” con-

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seguiu um balanço positivo desta sua primeira organização da Ávinho. Uma ideia partilhada com o Valor Local, por José Mata. Sem receitas próprias, dependendo apenas de uma quotização e da receita das canecas vendidas no certame anual da vila, a Associação de Produtores de Vinho de Aveiras de Cima, tenciona unir e dar formação aos associados. Para José Mata, esta é uma matéria importantíssima, já que as regras fiscais estão a apertar junto dos pequenos produtores e isso leva a “que muitos desistam da actividade, e isso já se nota no nosso concelho” lamenta o produtor. A associação que está atenta às novidades do mundo fiscal e produtivo, é também uma espécie de montra dos vinhos desta região. Todavia, esses vinhos não se encontram à venda, e so-

José Mata junto de uvas de Aveiras

bre isso José Mata defende-se salientando para tal que a associação teria de crescer em torno de uma massificação de produção, algo que não é possível nesta altura. José Mata, vinca mesmo que essa questão já foi abordada, mas isso obrigaria à venda do vinho, algo que não acontece agora, e que para tal teria de haver também um investimento nessa produção. Por outro lado, José Mata descarta que a associação se torne numa cooperativa. Para o responsável, essa é uma questão que não se coloca, primeiro porque não há produtores suficientes e porque também essa seria uma solução dispendiosa, isto tendo em conta o nível etário dos produtores. Mas José Mata é também produtor de vinho. Mata recebeu o Valor Local na sua casa, onde faz experiencias com várias cas-

tas. É o meu laboratório” refere o produtor. Uma laboratório que consiste na plantação de varias castas bem à entrada de casa, e que servem igualmente de cartão de visita aos turistas e amigos que o visitam. Com cerca de 3 hectares, José Mata garante que todos eles estão rentabilizados. Reformado

das OGMA (Oficinas Gerais de Material Aeronáutico de Alverca) o produtor de 60 anos, garante que ainda tem muito para dar à causa, salientando que em breve terá a ajuda do filho, que não tem conseguido encontrar emprego na área em que se formou. José Mata destaca que o negócio do vinho pode ser pro-

veitoso, mas aos mais novos aconselha a que encontrem primeiro um terreno com uma dimensão que dê alguma rentabilidade e que encontrem compradores para a produção, algo que pode não ser muito difícil, pois em Portugal, a qualidade ainda vale mais do que a quantidade.


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Destaque

Valor Local

Zé Espiga é um dos poucos tanoeiros tradicionais na região de Lisboa m época de vindimas, a preocupação dos enólogos com a qualidade do produto que se propõem produzir não se restringe apenas à escolha das melhores uvas nem ao tempo de maturação ou fermentação do vinho, mas também aos túneis, barris e pipas escolhidos para armazenar o néctar dos deuses. Em Bucelas, terra de uva e vinho, existe um dos poucos tanoeiros artesanais a trabalhar na região de Lisboa. José Carlos Carvalho Quintão, mais conhecido como “Zé Espiga”, tem 53 anos e há 30 que faz da tanoaria a sua vida. “A oficina era do meu pai, sempre soube do ofício, cresci aqui, ia para as feiras vender. Comecei a trabalhar bastante cedo, mas só aos 23 anos é que comecei a fazer vida disto”, conta o tanoeiro, que revela que, na zona de Lisboa, existem “cerca de três ou quatro tanoeiros tra-

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dicionais e só duas oficinas estão registadas”. Esta profissão teve o seu auge nos anos 40/50, mas hoje em dia é quase impossível ensinála “porque não temos capacidade para ter uma pessoa na oficina que consiga ser produtiva num curto espaço de tempo”. “Tive um aprendiz, aqui há uns anos, que fez um estágio de três meses, que é o que as escolas pedem aos alunos. Mas para se aprender a arte, para se aprender a ser tanoeiro, é preciso um ano ou dois, e as oficinas pequenas não têm capacidade para ensinar alguém durante esse tempo”, lamenta, apesar de reconhecer que as tanoarias mecanizadas fazem um trabalho muito aproximado daquele que é feito pelos tanoeiros tradicionais. Contudo, a arte da tanoaria não se resume apenas à construção do barril, mas também à escolha das madeiras adequadas,

que é também muito importante, por que estas influenciam o sabor e a cor finais do produto que vão receber. Zé Espiga prefere trabalhar com madeira de “carvalho e castanho, por que são boas tanto para fazer o barril como para o vinho. É por isso que os meus barris têm dez anos de garantia e um selo personalizado. Na região, toda a gente sabe que se o barril tiver aquele selo, é de Bucelas e tem dez anos de garantia. Normalmente as pessoas não andam sempre a trocar de barris, só compram novos quando aumentam as adegas, o que fazem é manutenção dos barris que já têm”, explica. O tanoeiro faz, actualmente, apenas a feira da Malveira, uma vez que, hoje em dia, considera, “já não se vende muito nas feiras e não compensa ir lá. Cada vez há menos feirantes porque as pessoas vão cada vez mais aos supermercados.

Eu faço barris como modo de vida, mas também faço para me divertir, temos de gostar daquilo que fazemos, não é?”, questiona. Sobre se a profissão de tanoeiro artesanal está condenada, Zé Espiga lembra que, “há 40 anos havia mais de 50 tanoeiros e esses velhotes diziam que isto estava a acabar, mas ainda veio mais uma geração. Acho que não vai acabar. Até porque tenho ideia que no mundo inteiro se produzem muitos barris e muitos dos que aparecem nas adegas portuguesas vêm do estrangeiro”. Além de barris para vinho e aguardente, Zé Espiga faz também peças decorativas, como bancos para bares, mesas, armários, barris para rotundas, e até já fez um cenário todo com barris para a Plural, a empresa responsável pelas novelas da TVI e que está sediada na zona.

Azambuja precisa de dar mais um passo em frente nos seus vinhos residente da Associação dos Escansões de Portugal, e com raízes no concelho de Azambuja, Rodolfo Tristão entende que a região do Tejo, na qual se insere o concelho de Azambuja, em tempos produzia muito mas com pouca qualidade, entretanto essa realidade alterou-se. No entanto, reconhece que “há que fazer cada vez mais investimento por parte das entidades locais.” “ Quanto às potencialidades dos vinhos de Azambuja e da região no que se refere à exportação entende que o sucesso de muitos está na qualidade do produto e acima de tudo na promoção dos seus vinhos. O escansão diz que as empresas ligadas a este sector “devem garantir que têm sempre o melhor vinho para exportar, adequar os rótulos tendo em conta o mercado e escolher os tipos de vinho tendo em conta o clima, mas acima de tudo a qualidade”. As alterações climáticas no globo estão também a introduzir mudanças mais ou menos significativas na qualidade e nas características dos vinhos. “Em algumas regiões, as temperaturas médias subiram fazendo com que alguns vinhos adquirissem outras qualidades, estas alterações estão a decorrer em todo o mundo, logo é algo de muito sensível para a produção vinícola”. Desde há alguns anos que se tem vindo a assistir a uma espécie de explosão de marcas a preços bastante económicos nos supermercados, uma realidade que na opinião de Rodolfo Tristão se deve a um melhor marketing das empresas e ao aparecimento de uma cultura vínica maior. “Os vinhos abaixo de cinco euros começam a ser mais procurados e os produtores conseguem garantir a qualidade dos mesmos”, refere. Neste âmbito, o concelho de Azambuja “tem que melhorar a imagem, tornar-se mais visível, pois a qualidade existe. Temos que melhorar e sermos mais empreendedores”.

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Valor Local

Desporto

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Rescaldo do debate sobre associativismo

Grupo Desportivo de Azambuja esperava mais dos candidatos à Camara A

lexandre Grazina, presidente do Grupo Desportivo de Azambuja, está preocupado com o programa dos candidatos à Câmara na área do associativismo. O dirigente foi o moderador de um debate sobre o assunto, promovido pelo clube, e adianta em entrevista ao Valor Local que conclui desse encontro que as propostas dos candidatos “não vão de encontro às expectativas”. Alexandre Grazina diz-se preocupado até porque naquela sessão de esclarecimento público notou “ que existem ideias, mas não existe uma estratégia bem delineada e definida, ou seja um fio condutor que possa ajudar a percorrer o caminho que é bastante sinuoso e com bastantes obstáculos, que os nossos dirigentes vão encontrar nestes próximos quatro anos”. O dirigente diz que as suas expectativas saíram “goradas” e que pensava “que os candidatos tinham mais ideias; propostas e conteúdo para apresentar à população e às colectividades”, ainda assim Alexandre Grazina diz espe-

Alexandre Grazina adianta que as colectividades estão a ser mais procuradas pelas famílias rar que “nos programas (definitivos) que sejam depois distribuídos à população haja um conteúdo mais sólido e ideias que possamos reter e discutir nas colectivi-

dades”. Ainda assim e embora o presidente do GDA esperasse mais diálogo entre os candidatos entende que a iniciativa “não deixou ser frutuosa”,

“Houve pontos e ideias interessantes que foram aflorados, mas isto acabou por ser o reflexo daquilo que as autarquias e todas as candidaturas apresentam e fazem no

que toca à cultura e desporto”, lamenta Alexandre Grazina. O presidente destaca ainda assim como ponto positivo a disponibilidade de todos os candidatos para uma sessão pública sobre o associativismo. “Os sinais são positivos”, refere o dirigente do GDA, mas é preciso aguardar para saber depois na prática o que fará o futuro executivo do município azambujense; e destaca igualmente a necessidade de os presidentes de junta de freguesia “assumirem as suas responsabilidades enquanto autarcas”, no sentido da promoção do associativismo, “principalmente numa altura destas em que já não há dinheiro para comprar a playstation para os miúdos”. Alexandre Grazina destaca, entretanto, que as colectividades estão de novo a ser procuradas pelas famílias. A falta de dinheiro e a crise estão a obrigar a um regresso ao passado. Um passado em que as associações eram ponto de encontro, e em que não havia internet ou playstation em cada casa.

Todavia este é um regresso saudável, segundo o dirigente do GDA. Alexandre Grazina destaca que nesta altura o clube tem mais de meio milhar de crianças nas suas actividades, espalhado pelas nove modalidades que o clube oferece. Contudo e embora o clube já possua um número significativo de praticantes, o dirigente destaca que poderia proporcionar mais conforto aos associados. Em causa está o projecto adiado das obras de construção da cobertura dos balneários que terá sido prometido pelo anterior presidente da Câmara, Joaquim Ramos, mas que ficou pelo caminho devido às dificuldades financeiras da autarquia. Ainda assim, Alexandre Grazina vinca que não vai “parar”. “Vamos cerrar os dentes e fazer com engenho e arte as obras, e trazer o taekwondo cá para cima”, porque esta é para o dirigente uma das formas de “aproximar toda a família do GDA”. Veja a entrevista completa em vídeo no site


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Autárquicas 2013

Valor Local

O Adeus aos Autarcas Lideraram as respectivas câmaras municipais durante mais do que uma década, mas por imposição da lei de limitação de mandatos, alguns dos autarcas da região são obrigados a sair de cena mais cedo do que possivelmente desejariam. Depois do dia 29 de Setembro, nada mais será igual para os autarcas. Nesta reportagem, os depoimentos de António José Ganhão, há 35 anos à frente dos destinos de Benavente; Maria da Luz Rosinha, há 16 como presidente da autarquia de Vila Franca de Xira, e também limitado pela nova lei – Joaquim Ramos, que abandonou, contudo, os destinos da autarquia de Azambuja mais cedo do que o previsto quando teve um problema de saúde em Abril passado. Estava na Câmara desde 2001.

Ia assumir candidatura à Assembleia Municipal mas o coração traíu-o aído do Hospital há menos de três semanas, Joaquim Ramos, o homem que liderou os destinos do município de Azambuja nos últimos 12 anos, fez a sua primeira reaparição pública na inauguração da sede de campanha do PS, para dar o seu apoio a Luís de Sousa, o seu antigo vice-presidente, que foi o escolhido como cabeça de lista às eleições autárquicas. Joaquim Ramos aceitou conceder uma entrevista em exclusivo ao Valor Local, na qual faz um balanço positivo dos 12 anos em que liderou o município. O antigo autarca começa por falar da requalificação da vila de Azambuja e do aproveitamento do POLIS, que mudou a cara de Azambuja, ao mesmo tempo que afirma que fica incomodado com as críticas daqueles que o acusam de ter feito mais pela sede de concelho do que pelas restantes freguesias. A esse propósito, Ramos cita as declarações de David Mendes ao Valor Local, de acordo com as quais, o arquitecto e cabeça de lista da CDU às eleições, refere que “todos os programas europeus foram desenhados para os grandes centros urbanos”. Por isso, explica, Joaquim Ramos, essas verbas teriam de ser forçosamente aplicadas em Azambuja:

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“Sempre que pude investi noutras áreas que não na sede de concelho. Agora naquelas em que era obrigatório, tive de investir aqui. Não ia esbanjar ou desprezar dinheiro”. Ainda assim destaca que com alguma engenharia conseguiu fazer outras obras, como o caso dos passeios, em colaboração com a Estradas de Portugal, na Rua Almeida Grandella em Aveiras de Cima. Nesta entrevista que pode ser vista na íntegra no site do valor Local na internet (www.valorlocal.pt.vu) Joaquim Ramos recordou obras e projectos que considera importantes. Os centros escolares espalhados pelo município são uma dessas obras. Ramos destaca, igualmente, a rede cultural do município, vincando que todo o património histórico da autarquia foi requalificado. Joaquim Ramos lembrou o “Convento das Virtudes”, a “Escola Régia de Azambuja” que hoje é uma biblioteca, e as escolas Grandella em Aveiras de Cima, e em Tagarro, esta última recuperada, mas que não pode ser usada pela Câmara pois existe um litígio entre a empresa que tinha o seu usufruto em troca da recuperação; e a autarquia. Aliás a empresa chegou mesmo a colocar à venda o edi-

fício, algo que não poderia fazer, e que surpreendeu o autarca, obrigando a Câmara a intervir. Ainda no âmbito do património, Ramos diz que chegou a negociar com um escultor a cedência do espaço da Casa da Câmara de Manique do Intendente para uma escola de escultura. “É um projecto que ainda se mantém de pé e que eu espero que os meus sucessores lhe dêem continuidade”. Joaquim Ramos passou cinco meses no hospital - “Foi talvez o período mais difícil da minha vida”, refere emocionado o antigo autarca ao Valor Local. Ramos diz ter sentido o carinho da população através de várias mensagens de força e de ânimo, que de resto “têm sido importantes para a sua recuperação”. Antes deste incidente cardíaco, Joaquim Ramos preparava-se para anunciar numa assembleia Municipal a sua renúncia de mandato. Preparava-se na altura para assumir a liderança da lista à Assembleia Municipal, cargo que exerceu durante dois mandatos antes de ter sido eleito presidente do município. Todavia a vida deu a volta aos planos de Joaquim Ramos, que viria a ser hospitalizado dias antes desse anúncio. Para o futuro, o antigo autarca quer em primeiro

Ainda de ar abatido Joaquim Ramos recordou o passado lugar recuperar, sabendo de antemão que será difícil fazê-lo na totalidade já que o seu sistema cardio-respiratório se encontra “a 27 por cento”. Ramos pretendia entrar no mundo da arte. Ao Valor Local confi-

denciou que um dos objectivos seria comercializar obras de arte, um projecto que fica para já adiado. Joaquim Ramos que mora a meia dúzia de metros do edifício dos paços do concelho, garante

que vai ter saudades dos dias agitados e do convívio com os funcionários, assegura, no entanto, que vai ser apenas espectador, não querendo interferir no dia-a-dia do município e nas decisões do futuro executivo.


Valor Local

Autárquicas 2013

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Após 16 anos não se quer reformar da vida pública N

A despedida numa festa organizada pelas colectividades do concelho

a mesma semana em que Maria da Luz Rosinha foi homenageada em Vila Franca de Xira por mais de um milhar de pessoas, o Valor Local foi ao encontro da autarca para um balanço dos últimos 16 anos de mandato. O encontro decorreu no jardim Constantino Palha em Vila Franca de Xira, um local intervencionado recentemente pela autarquia e que se enquadra num conjunto de obras que visou devolver o rio à população, como o passeio ribeirinho entre a Póvoa de Santa Iria e Vila Franca de Xira, os bairros dos Aveiros, e a futura biblioteca que estará concluída no próximo ano, no local onde até há pouco tempo estava a fábrica de descasque de arroz. Maria da Luz Rosinha, agora com 65 anos, diz não pensar na reforma. Das muitas obras feitas

durante estes últimos 16 anos, Maria da Luz Rosinha diz ter dificuldades em destacar algumas. Todavia aponta para os centros de saúde construídos nos últimos anos, assim como, o novo hospital. “São daquelas que mais contribuíram directamente para o aumento da qualidade de vida dos cidadãos”, refere. Por outro lado, refere a autarca, a esta prioridade juntou-se também a “Educação” porque, “na realidade é também uma aposta no futuro”. Mas lamenta que ainda existam situações mal resolvidas, como o caso da escola de Vialonga que necessitava de umas novas instalações, bem como, a escola Gago Coutinho em Alverca, na qual a “Parque Escolar” começou as obras “mas não as acabou”. Maria da Luz Rosinha diz que a

“autarquia irá continuar a insistir com o Governo para que os compromissos assumidos sejam cumpridos”. Ao todo foram 16 anos na autarquia em que “a Câmara era a minha primeira casa”, salienta a autarca. Maria da Luz Rosinha herdou a autarquia das mãos de Daniel Branco, que tinha sido eleito pela CDU e que tinha governado a Câmara durante alguns anos. Rosinha refere que os procedimentos entre o PS e a CDU no que toca a obra revelaram-se diferentes, pois Rosinha pautou-se, no seu entendimento, por uma postura de “valorizar mais o diálogo com o Governo e o aproveitamento dos Quadros Comunitários”, o que ditou na sua opinião uma gestão diferente, que culminou com “um desenvolvimento sustentado do município de Vila

Franca de Xira”. Foram, segundo a autarca, 16 anos proveitosos. Em jeito de brincadeira e com algum humor, Maria da Luz Rosinha diz que chegou ao fim dos mandatos “com família” – “O que já não é mau”, tendo em conta as inúmeras horas que passava nas funções de autarca, acrescentando contudo que sempre teve o apoio da família. Aliás Maria da Luz Rosinha, diz mesmo que pelo meio ganhou uma nora e um neto, com 5 anos: “Um neto com opções políticas que não me agradam”, todavia rejeita fazer qualquer tipo de abordagens “para não perder como aconteceu com o marido e com o filho”, refere ironizando, mas salientando, implicitamente, as ligações políticas de ambos ao PSD.

35 anos que “passaram num instante” ntónio José Ganhão foi presidente da Câmara Municipal de Benavente durante 35 anos. Apesar de ser dos autarcas da região, aquele que durante mais tempo dirigiu uma autarquia, considera que “pelo envolvimento” e “pelo gosto de trabalhar em prol das pessoas” todos estes anos passaram “como um instante”. “Sempre senti um conforto muito grande por saber que estava a resolver problemas das pessoas. Aprendi muito com a nossa gente”, confessa. Antes de assumir a presidência do município de Benavente, foi professor durante 10 anos, “uma profissão que amava, não teria escolhido outra, não fosse o caso de ter efectuado este trabalho, e ter gostado muito de gerir a autarquia em prol da população, embora ser autarca não seja, de modo nenhum, a minha profissão”. A nova lei de limitação de mandatos impede-lhe uma nova recan-

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didatura, todavia não acredita que pudesse tentar a presidência da Câmara mais uma vez, até tendo em conta problemas de saúde que teve nos últimos anos. Conciliar a presidência da Câmara, (uma tarefa “quase todos os dias absorvente”), com a família não tem sido fácil, mas não dispensa almoçar com a família aos domingos, “por vezes a descontento de algumas associações do concelho”, que reclamavam a sua presença nos diversos eventos. Amante da pesca, António José Ganhão, encontra nesta actividade “tranquilidade e a possibilidade de nos desligarmos da corrente”. Um gosto que descobriu aos 33 anos. A sua ligação com o telemóvel é a “necessária”. Também gosta de andar pelo facebook, mas confessa não ter tempo. Considera que esta rede social veio “proporcionar uma aproximação entre os autarcas e o povo”.

Militante do PCP não esconde que o seu partido cometeu erros, mas que o mesmo faz parte do seu coração e da sua vida. Quando questionado sobre o segredo do seu sucesso elege o respeito por todos, manifestado ao longo dos seus mandatos. “Nunca dispensei o contacto com as pessoas, seja nas sessões de atendimento ao público, seja através de um telefonema, ou até mesmo nos contactos de rua, em que continuam a tratar-me pelo meu nome próprio”, relata. “O poder local não se pode esconder através de biombos ou secretárias”, ilustra. Eleito sucessivamente para nove mandatos, diz que quando tomou posse, os serviços e equipamentos estavam concentrados na sede de concelho, mas progressivamente conseguiu-se canalizar investimento para Samora Correia, Porto Alto ou Santo Estevão. “A correcção das assimetrias locais foi bem compreendida

pela população”. Por outro lado, uma das suas premissas foi sempre a de assegurar a boa saúde financeira da autarquia, “porque quando nos comprometemos com obras faraónicas, estamos a deixar prejuízo para o futuro”, reflecte, e acrescenta: “Quando o país entrar de novo na retoma económica, este município tem as condições para se posicionar na vanguarda do investimento”. Quanto ao seu futuro, está para já a possibilidade de ser eleito presidente da Assembleia Municipal de Benavente. “Estou disponível para ajudar na Câmara ou na comunidade intermunicipal, ou na Associação Portuguesa de Municípios Portugueses, pese embora tenha saído um pouco zangado desta última estrutura. Foram escolas de vida”. Quanto ao futuro do concelho, “espera que o mesmo se mantenha na senda de um dos que oferece melhor qualidade de vida às pessoas que optam por residir aqui”.

35 anos depois, Ganhão abandonará a Câmara


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Valor Local


Valor Local

Personalidades

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Engenheiro e produtor de som

Vasco Lima aponta a formação como essencial para os músicos eio para Azambuja há alguns anos e aqui desenvolveu o seu gosto pela cultura e artes ribatejanas. Vasco Lima, engenheiro e produtor de som, trabalhou de perto com algumas bandas e cantores portugueses mais conhecidos como os Santos e Pecadores, Anjos e Mário Laginha. Ligado à carreira da cantora azambujense Dâna, intérprete de fado, Vasco Lima acredita que o ensino da música deveria ser ainda mais fomentado nas escolas, “pois o ensino das artes desenvolve a Cultura, o conhecimento e o pensamento”. No Ribatejo, tem tido oportunidade de privar de perto com algumas figuras de Azambuja que marcam de forma incontornável o ser azambujense como Sebastião

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Mateus Arenque com quem diz ter “aprendido muito da cultura popular do concelho”. “Ajudou-me a entender de um ponto de vista sociológico como é que a Cultura se desenvolve nas mais diversas formas e costumes”, nomeadamente, no que toca à “música tradicional e a sua evolução até hoje”. Ainda sobre Azambuja comenta: “O facto de sair à rua sem ter de utilizar o carro e cumprimentar as pessoas são factores que me fizeram adoptar Azambuja, gosto que o meu filho cresça nesta cultura fortemente marcada por usos e costumes ribatejanos”. Habituado a um mundo em que o profissionalismo na música se faz ao mais alto nível, não rejeita contudo os ambientes mais amadores, onde se “consegue, em algu-

mas ocasiões, tocar o lado mais emocional do público”. “Por vezes o que é amador chega mais depressa às pessoas, é mais genuíno, e a emoção sentida é mais forte e isso vê-se no caso do fado, por isso é que está cada vez mais em voga a figura do cantautor apenas com voz e viola”. Sobre o panorama musical português, no momento actual, não tem dúvidas em afirmar que se encontra “cada vez pior”. “Vão aparecendo artistas novos, mas alguns apenas porque têm suporte financeiro, o que não significa propriamente que tenham qualidade, embora tenhamos uma geração muito criativa na World Music, música tradicional, Hip Hop, entre outros estilos”, relata. Nas televisões de todo o mundo,

multiplicam-se os concursos de talentos musicais. Lá fora esses programas funcionam como passaporte para uma carreira. Em Portugal, os vencedores dos concursos caem rapidamente no esquecimento. Vasco Lima aponta uma teoria: “A forma como esses concursos são feitos não tem a repercussão desejada como na Inglaterra, Estados Unidos ou mesmo em Espanha. Servem sobretudo para aumentar audiências e o entretenimento. Ainda se trata tudo de uma forma pouco profissional quem os ganha” para além de que “os participantes nos outros países já chegam aos concursos com uma sólida formação nas suas áreas, mas a importância do ensino das artes em Portugal é menor e isso faz com que o

índice de sucesso seja também menor”. A importância da formação escolar no domínio das artes tem uma componente que ultrapassa a mera vertente do seu ensino, pois

“como todos sabemos o desenvolvimento cultural do indivíduo torna-o mais lúcido, crítico e participativo na sociedade” e isso “é fundamental para o desenvolvimento dos povos”.

Obra sobre a Tauromaquia em Azambuja na Biblioteca Nacional «Inventário e Declaração da Tauromaquia – Património Cultural Imaterial do Município de Azambuja – Tomo I – 2012», obra de grande fôlego académico de José Machado

O

Pereira já se encontra para consulta na Biblioteca Nacional. De acordo com aquela instituição, a obra reúne todos os requisitos legais e académicos exigidos pelo Estado Portu-

guês. O historiador e investigador baseou o seu estudo na quadratura Homem, Meio, Cavalo/Touro – Cultura e Desenvolvimento. São mais de 750 páginas desta investigação

científica que acabam de ficar disponíveis para leitores e investigadores da Biblioteca Nacional de Portugal. “Representa mais um título inédito da história e do património cultural de

Azambuja, a acrescentar ao elenco do autor”. José Machado Pereira, nas palavras do presidente Joaquim Ramos, aquando da atribuição da medalha de mérito municipal –

grau ouro, em Maio passado, «tem-nos habituado no seu trabalho ao rigor e à elevação, tem como ninguém, dado um contributo ínigualável para nos conhecermos melhor».


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