Valor Local edição 1

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Valor Local Jornal Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António • Edição nº 1 • 23 Maio 2013 • Preço 1 cêntimo

Feira de Maio 2013

A mais castiça do Ribatejo Foto: José Júlio Cachado

Luís Mira da CAP dá a conhecer acordo com hipermercados Nova sede dos dadores de sangue

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www.ACISMA.org

actual momento que o país atravessa em que nunca se falou tanto de Economia, em diferentes acepções menos ou mais relevantes, com a vida de todos nós a ser jogada em tempos de crise, levou a Associação de Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA) a encontrar num órgão de comunicação social o interlocutor privilegiado para esclarecer, chegar, e informar associados e população em geral. O projecto de um veículo de informação, atempado e de qualidade, para todos os agentes empresariais do nosso concelho e do no nosso espaço regional, era uma velha aspiração da ACISMA. O Valor Local será um meio de informação, patrocinado pelos nossos parceiros, com uma equipa de gente competente e que com periodicidade regular divulgará empresas, empresários e noticias sobre a sociedade e a economia local e regional. Relevando não só os bons exemplos mas colocando o dedo na ferida quando tal for necessário. A economia local e regional será o tema forte sem esquecer as demais temáticas inerentes à vida das comunidades. Contamos com o apoio do tecido empresarial de Azambuja e dos concelhos vizinhos para os quais, paulatinamente, avançaremos na nossa missão de informar. Certos de que estaremos juntos na tarefa de criar consciência crítica e opinião pública de forma clara e assertiva entre os que nos lêem. Neste primeiro número, a centenária Feira de Maio é o tema principal desta edição, sendo alvo de destaque nas páginas centrais, a que se junta uma entrevista ao cavaleiro tauromáquico Paulo Jorge Ferreira e os interessantes apontamentos de José Machado Pereira sobre as primeiras edições da feira. O empreendedorismo através da secção “Negócios com Valor” destaca a posição cimeira a nível mundial da Sugalidal, empresa de Azambuja, e da “Yes d People” do grupo Sentidos Dinâmicos na esfera da motivação pessoal. Agradecemos desde já aos empresários e não só que desde a primeira hora apoiaram este projecto inovador. Director Miguel António Rodrigues

Ficha técnica: Valor Local, jornal de informação regional, sede de redacção e administração: Quinta da Mina 2050-273 Azambuja; telefones: 263 418263; 96197 13 23 correio electrónico: valorlocal@gmail.com; Site: www.valorlocal.pt.vu • Propriedade e editor: Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 • correio electrónico: adm.valorlocal@gmail.com • Director: Miguel António Rodrigues CP 3351 • Colaboradores: Sílvia Agostinho CO-1198, Vera Galamba CP 6781, José Machado Pereira, Daniel Claro, Rui Alves Veloso • Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida: valorlocal@gmail.com • Fotografia: José Júlio Cachado • Serviços administrativos e publicidade: Sandra Seabra, telefone 96 26 96 007, Carlos Pinto telefone 96 44 70 639 correio electrónico: valorlocal.comercial@gmail.com • N.º de Registo ERC: 126362, Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga • Tiragem: 8000 exemplares

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Bens em Circulação Novas Regras o dia 24 de agosto foi publicado o Decreto-Lei nº 198/2012 que impõe novas regras associadas aos documentos de transporte, as quais deveriam entrar em vigor a partir de 1 de Maio de 2013. Nesse sentido a ACISMA disponibiliza uma síntese das disposições mais importantes. São considerados documentos de transporte: a factura; a guia de remessa; a nota de devolução; a guia de transporte, ou documentos equivalentes. Os documentos de transporte devem ser emitidos por uma das seguintes vias: por via electrónica; através de programa informático que tenhas sido previamente certificado pela Autoridade Tributária; através de software produzido internamente pela empresa ou por empresa do grupo; directamente no Portal das Finanças; em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente. Com excepção dos documentos emitidos por via electrónica, os demais documentos de transporte têm de ser processados em 3 exemplares. Os sujeitos passivos são obrigados a comunicar à Autoridade Tributária, os elementos constantes dos documentos de transporte, antes do início do transporte. A comunicação pode ser efectuada através de formas diferentes. Nos casos em que o documento de transporte é emitido em papel: através de serviço telefónico disponibilizado para o efeito, com indicação dos elementos essenciais do documento emitido, com inserção no Portal das Finanças até ao 5º dia útil seguinte. Nos demais casos – por transmissão electrónica de dados para a Autoridade Tributária. Nos casos de inoperacionalidade do sistema informático de comunicação (devidamente comprovado pelo operador): através de

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serviço telefónico disponibilizado para o efeito, com indicação dos elementos essenciais do documento emitido, com inserção no Portal das Finanças até ao 5º dia útil seguinte. Não sendo feita esta comunicação os documentos consideram-se não emitidos. Ficam dispensados da impressão, os sujeitos passivos que emitam documentos de transporte por via electrónica e disponham de código fornecido pela Autoridade Tributária. Os transportadores que transportem bens de entidades que emitam documentos de transporte por via electrónica devem exigir-lhe o código atribuído pela AT. As alterações ao local de destino, ocorridas durante o transporte, ou a não-aceitação imediata e total dos bens transportados, obrigam à emissão de documento de transporte adicional em papel, identificando a alteração e o documento alterado. Exclusões: Ficam dispensados da comunicação dos documentos de transporte à AT, os sujeitos passivos que tenham obtido no ano anterior, para efeitos de IRS e IRC, um volume de negócios inferior a 100.000€. É ainda dispensada a comunicação à AT nos casos em que a factura serve também de documento de transporte e seja emitida pelos sistemas informáticos, devendo a circulação dos bens ser acompanhada da respectiva factura emitida. Adiamento das novas regras de circulação de mercadorias Por portaria publicada no dia 23 de Abril, foi adiada – para o dia 1 de Julho de 2013 - a entrada em vigor das novas regras sobre circulação de mercadorias. Conforme se

pode ler na portaria, esse adiamento sucede “para permitir uma melhor adaptação dos agentes económicos às novas regras aplicáveis… e por razões operacionais relacionadas com o novo sistema de comunicação por transmissão electrónica de dados…”. Na realidade, estas novas disposições legais deveriam ter entrado em execução no dia 1 de Janeiro e depois a 1 de Maio, mas as sucessivas chamadas de atenção para as dificuldades operacionais, nomeadamente pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, levou a um acordo que se reflecte neste novo adiamento. De notar que uma das componentes do novo regime será um sistema de transmissão de dados em tempo real à GNR que se encarregará, através da Unidade de Acção Fiscal, da respectiva fiscalização e aplicação de multas que poderão chegar aos 3 750€. Para qualquer esclarecimento adicional poderão os agentes económicos contactar a ACISMA, nomeadamente através do site www.acisma.org Novo site de Economia do concelho de Azambuja A partir já do próximo mês de Junho, a ACISMA ira disponibilizar a todos os agentes económicos do concelho de Azambuja, uma forma de divulgação dos seus negócios. Para o efeito, a associação criou um site próprio onde todos os associados disporão de uma página totalmente personalizável. Os não associados terão à sua disposição um espaço onde poderão colocar uma foto, contactos e ramo de actividade. De notar que, em ambas as situações, o serviço será gratuito e será fornecido aos aderentes apoio técnico.

Valor Local – Um Jornal de Valor Acrescentado Estatuto Editorial • O Valor Local é um Jornal Mensal de informação geral que pretende dar eco de acontecimentos através de texto e imagem em papel e em vários suportes multimédia, como vídeo e áudio na Internet. • O Valor local acompanhará assuntos de vários sectores de interesse geral, tais como sociedade, cultura, desporto sendo grande parte do seu corpo dedicado à economia e ao seu fomento ao nível local e regional. • O Valor Local é independente de qualquer tipo de poderes, seja politico, seja religioso ou outros. • O Valor Local é um jornal que prevalece a visão económica da sociedade e identifica-se com as mais variadas formas de em-

preendedorismo junto dos vários “players” da respectiva comunidade. • O Valor Local Garante a voz dos cidadãos através das suas noticias e dos artigos de opinião assinados por variadas personalidades de vários quadrantes, defendendo o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder assumir as suas próprias posições. • O Valor Local rege-se, no exercício da sua actividade, pelo cumprimento rigoroso das normas éticas e deontológicas do jornalismo • O Valor Local segue o princípio de que os factos e as opiniões devem ser claramente separados: os primeiros são intocáveis e as segundas são livres.


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Sociedade

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Manuel Jóia é acarinhado por população Aos 67 anos, Manuel Jóia só queria uma casa. Este reformado de Manique do intendente diz que se contenta com pouco, e lamenta ter sido despejado da sua casa, construída num terreno à saída da localidade. anuel Jóia teve de sair e entregar a casa que tinha construído num pedaço de terreno, que comprara, mas como não possuía quaisquer documentos que o comprovassem acabou por perder tudo. Os dias não têm sido fácies para este homem que já fez de tudo um pouco na vida. E talvez por que o conhecem bem e percebem a sua autenticidade, algumas pessoas e instituições têm acedido a ajudar Manuel Jóia. É o caso do Centro de Dia de Manique do Intendente, onde Manuel Jóia passa os dias. Por lá ajuda na jardinagem, na horta e noutras tarefas que vai desempenhando. Em troca, a instituição fornece-lhe roupa, comida e a habitual higiene, assim como, serviços de saúde a custo zero. Mas se durante o dia Manuel Jóia está na instituição, à noite a situação complica-se. Como o Centro de Dia não tem camas, Jóia recolhe à noite a um anexo nas proximidades, onde pernoita. O espaço foi cedido por uma família que em regra só regressa à localidade ao fim de semana, e que não viu in-

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A abrir a porta do anexo convenientes em ajudar este homem. O anexo tem espaço para uma cama, uma cómoda e pouco

mais, mas isso é o suficiente segundo refere o idoso, lamentando contudo “a inexistência de água

canalizada ou de uma casa de banho”. Ainda assim, Manuel Jóia agrade-

ce aos proprietários o tecto onde se abriga todas as noites, sabendo que não pode ter uma casa nos

tempos mais próximos. Pedro Moita, director técnico do centro de dia de Manique, salienta que esse era um dos objectivos. Em tempos falou-se de uma casa social em Alcoentre, onde Manuel Jóia tem família, mas isso nunca veio a acontecer, porque também a Câmara de Azambuja aguarda a entrega de casas para habitação social por parte do ministério da Justiça. Por outro lado, Azambuja poderia ser uma solução, mas deixaria Manuel Jóia longe da sua família, nomeadamente, dos sobrinhos, que ainda o vão ajudando como podem. Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja em exercício, salientou à nossa reportagem ter conhecimento pessoal deste caso. O autarca diz que Manuel Jóia é uma das pessoas que está na lista de espera para a atribuição de uma casa em Alcoentre, contudo lamenta, igualmente, que o ministério da Justiça, entidade proprietária destas casas, ainda não tenha protocolado com a autarquia a sua entrega, “pois resolveria a situação de Manuel Jóia e de outras pessoas”. Miguel António Rodrigues

Loja Social de Aveiras apoia carenciados veiras de Cima conta com a única loja social do concelho. Um espaço onde os mais carenciados podem adquirir bens como vestuário; calçado; roupas de cama, e brinquedos. Mediante sinalização prévia por parte da Comissão Social da Freguesia, a única em todo o concelho de Azambuja, as famílias com dificuldades económicas podem adquirir neste ponto os bens de que necessitam gratuitamente. A loja funciona no mercado e está aberta todas as terças-feiras. António Torrão, presidente da junta de freguesia de Aveiras de Cima, refere que os bens são entregues pelos interessados em doar: junto

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do Núcleo da Cruz Vermelha através dos contentores existentes, mas também na própria junta, lar de idosos de Aveiras, e Casa do Pombal – A Mãe. Todas as semanas cerca de três a quatro famílias deslocam-se à loja social. As necessidades económicas geram muita vergonha, entre os que semanalmente se dirigem ao espaço, diz Isabel Martins, funcionária da loja social. “As pessoas mais inibidas são as que estão a passar por uma necessidade pontual”, refere. A loja também é procurada pela população do alto do concelho, que não tem qualquer serviço semelhante, por este motivo o presidente da junta de Aveiras consi-

dera que “as demais autarquias do concelho deveriam cumprir com a obrigação legal de também accionarem meios no sentido da criação de comissões sociais”. Segundo António Torrão, haveria muito mais a efectuar na componente social agora que está constituída a Comissão Social de Freguesia, mas devido a alguns hábitos antigos, seria necessário haver mais troca de informação entre os participantes na mesma – junta de freguesia; Casa do Pombal – A Mãe; Centro Social e Paroquial de Aveiras de Cima; Cruz Vermelha e GNR, entidades “ainda demasiado presas ao dever de sigilo profissional”, refere.

Isabel Martins e António Torrão na loja social


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Sociedade

Entrega de medalhas sem Joaquim Ramos Feriado Municipal de Azambuja ficou marcado pela ausência do presidente da autarquia. Coube a Luís de Sousa, presidente em exercício, condecorar os homenageados. osé Luís Nazareth Barbosa – a título póstumo; Romeu Pereira da Silva; José António Jerónimo; José Machado Pereira; o Grupo de Teatro Amador da Casa do Povo de Aveiras de Cima; e a empresa SIVAC – Sociedade Ideal de Vinhos de Aveiras de Cima receberam, individualmente, a medalha de mérito municipal- Grau Ouro na habitual cerimónia do Dia da Espiga (este ano a 9 Maio), feriado municipal. O evento ficou marcado pela ausência do presidente da Câmara,

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Joaquim Ramos, por se encontrar internado após uma complicação cardíaca. Coube à mulher do mesmo, ler perante a plateia uma mensagem escrita pela mão do autarca, que lamentou não estar presente naquele que seria muito provavelmente o seu último ato como presidente, dado que não se recandidata às eleições de Outubro. No tom que lhe é conhecido, o presidente gracejou com o facto de a companhia teatral homenageada lhe ter dito muitas vezes

Os distinguidos deste ano com Luís de Sousa

O poeta popular Romeu foi um dos distinguidos que quando chegava “a Aveiras de Cima rapidamente apontava os faróis para Azambuja”. “Parabéns aos seus directores, actores, encenadores e técnicos”, escreveu. Joaquim Ramos lembrou também a “excelência da SIVAC”. Uma palavra de agradecimento também ao historiador José Machado Pereira, a quem se deve o facto de “conhecermos melhor o nosso concelho, desde que ele o estuda e publica”. Apelou ainda a Romeu Pereira da Silva para que continue a “divulgar a cultura tradicional de Vale do Paraíso”. Quanto a José Nazareth Barbosa reconheceu não ter privado muito com o mesmo, ainda assim enaltece “a sua importância na divulgação dos usos e costumes de Azambuja”. Por último – José Jerónimo que contribui para tornar a Feira de Maio – “num evento de dimensão

nacional, um bastião de defesa de divulgação da nossa identidade cultural, o bem mais precioso que a nossa comunidade possui”. Um a um, os homenageados subiram ao palco. No caso da medalha atribuída a José Nazareth Barbosa a título póstumo, coube ao seu filho Adriano Nazareth Barbosa recebê-la da mão do presidente em exercício, Luís de Sousa, congratulando-se emocionado pela atribuição. Romeu Pereira não deixou de brindar a assistência com um dos seus versos. O grupo de teatro de Aveiras de Cima falou dos seus projectos, assim como a SIVAC. José António Jerónimo também falou do seu percurso, mas coube a José Machado Pereira, a frase mais subliminar da tarde, referindo-se à honra atribuída com o ditado popular – “Mais vale tarde do que nunca”. Sílvia Agostinho

Paulo Pinheiro é campeão do mundo O atleta de Alcoentre cortou a meta em primeiro lugar. Recebeu apoio financeiro da autarquia e quer conquistar mais pódios. aulo Pinheiro sagrou-se campeão mundial da Meia Maratona na 4ª edição do Campeonato

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Mundial da Associação Internacional de Desporto para Pessoas com Deficiência Intelectual. O atle-

Paulo Pinheiro corre há 17 anos

ta natural de Alcoentre viu reconhecido o seu esforço e mérito numa das últimas reuniões de Câmara de Azambuja, durante a qual recebeu palmas de todos os presentes e um apoio de 1000 euros. Verba solicitada pela federação de atletismo ao município. Ao Valor Local, Paulo Pinheiro contou como foi vencer a prova em questão: “A partir dos 10 quilómetros isolei-me; e foi só questão de me manter e controlar os adversários”. O atleta que representa o Maratona Clube de Portugal já tinha sido campeão da Europa na Nazaré. Diariamente, o atleta inicia os seus treinos perto da prisão de Vale de Judeus, fazendo uma média de 10 a 20 quilómetros. Nas próximas semanas, vai intensificar os treinos tendo em vista os 10 mil metros do campeonato do mundo ao ar livre, em Praga, durante o mês de Junho, em que espera chegar ao pódio. Por isso “o apoio financeiro dado pela autarquia é

bem-vindo”, tendo em conta a sua preparação para as próximas provas. Paulo Pinheiro começou a correr há cerca de 17 anos, tendo passado “muitos anos na Cerci Flor da Vida em Azambuja”. A primeira prova que disputou foi em Viseu, onde se sagrou logo campeão nacional dos 1500 metros. Na meia maratona é dono do recorde do mundo com 2 horas 29 minutos e 58 segundos. (A título de curiosidade, o recorde do mundo nesta distância nos atletas “normais” pertence ao eritreu Zersenay Tadese com 58 minutos e 23 segundos, fixado na meia maratona de Lisboa). Paulo Pinheiro costuma correr muitas vezes com os atletas que não se incluem no grupo das deficiências e diz-se sentir bem entre os mesmos. “São atletas como eu, pois qualquer pessoa está sujeita a ser deficiente, porque não sabemos o que a vida nos espera”, diz.

5 Câmara de Azambuja entrega nêsperas à Casa Mãe de Aveiras de Cima Câmara Municipal de Azambuja prepara-se para entregar à Casa Mãe de Aveiras de Cima, várias caixas de nêsperas provenientes de uma árvore que Nêsperas vão para instituição está em proprie- em Aveiras de Cima dade municipal. Segundo o vice-presidente do município, Luís de Sousa, está é “uma boa ideia” para que a fruta não se estrague, e ao mesmo tempo se “ajude uma instituição do concelho”. O autarca esclarece que a árvore em causa está nos terrenos anexos ao arquivo municipal, cujo edifício está bastante degradado e a precisar de obras urgentes. Luís de Sousa refere também que os terrenos em volta do edifício vão ser limpos em breve, até porque está com “muitas ervas altas”. Nos próximos dias, as nêsperas serão apanhadas e entregues à Casa Mãe. Luís de Sousa diz não ter estimativa de quantos quilos irão conseguir, mas lembra que “é uma pena ver aquela árvore de fruto carregadinha de boas nêsperas a estragarem-se”. O vice-presidente diz não haver qualquer levantamento de árvores de fruto em propriedade municipal, e alerta para o facto, e sem ter em mente qualquer conotação política, que as laranjas das laranjeiras à beira da nacional 3, “são azedas, portanto nem vale a penas pensar em as apanhar”. Luís de Sousa lamenta, no entanto, o estado a que chegou o edifício do Arquivo Municipal. A degradação tem sido evidente, ao ponto de a Câmara ponderar mandar demolir o alpendre, que está em risco de ruir, e “guardar as colunas para que não se danifiquem,” até que exista verba para recuperar o imóvel que nos tempos idos do antes 25 de Abril serviu de Posto da GNR.

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Apicultura: Um dia no reino da abelhas projecto “Viver na Lezíria” leva a efeito no próximo dia 25 de Maio uma actividade que pretende dar a conhecer o mundo da apicultura, através de uma visita à exploração do apicultor Artur Silva, em Casais de Baixo, Azambuja. Os visitantes terão de se equipar a rigor já que vão conhecer uma colmeia em plena actividade. As inscrições são gratuitas e estão abertas na Associação Recreativa de Casais de Baixo, e ainda através do telefone: 96 641 87 90; email: vivernaleziria@gmail.com.

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Agricultura

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CAP garante acordo com hipermercados Ao Valor Local, Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), tira da manga: o acordo de boas práticas comerciais com a grande distribuição, com a promessa da tão almejada aproximação das margens de lucro entre produtores e hipermercados. questão das margens de lucro dos agricultores portugueses em relação às grandes superfícies é uma das principais dores de cabeça da agricultura portuguesa nos dias que correm. Os produtores queixam-se; e consideram-se penalizados e obrigados a entrar num circuito, que o sector apelida muitas vezes de “desleal”. Neste sentido, a CAP assinou recentemente acordos com as principais distribuidoras, através da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, consubstanciados no que será o futuro código de boas práticas comerciais entre ambas as entidades. Numa entrevista ao Valor Local, à margem da apresentação de mais uma feira da agricultura, Luís Mira, também administrador do Centro

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Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, deu a conhecer ao nosso jornal que este acordo assinado nos últimos dias de Abril – “trata-se de um primeiro passo; e é uma forma de estreitar relações, diminuindo diferenças e conflitos entre a produção e a distribuição. Estamos a produzir legislação para essa matéria”. “Acabámos também de celebrar outro acordo, há poucos dias, com uma das grandes superfícies, que passa a adiantar aos agricultores os pagamentos em 10 dias, ao invés dos anteriores 60 ou 90 dias”, acrescenta. Luís Mira garante, ainda, que se está a trabalhar no sentido da não introdução de cláusulas a mais nos contratos entre produção e distribuição, que se têm revelado como “ruinosas”

para o sector. “Este é um dos grandes objectivos para que não se venha a liquidar as margens de lucro”. Modernização é urgente “Só está a ganhar dinheiro na Agricultura quem faz uso da tecnologia e do conhecimento científico”, é assim que Luís Mira começa por sintetizar a resposta à pergunta do Valor Local sobre a necessidade de modernização daquela actividade do sector primário. O secretário-geral da CAP enfatiza também que o Ribatejo está a conseguir valer-se dos melhores instrumentos ao seu dispor, prova disso são os casos de sucesso no milho, no tomate e nas hortícolas. “A imagem do agricultor de enxada na

Luís Mira indica o caminho do associativismo e da modernização mão já não corresponde à realidade”, conclui. Embora reconhecendo a mais-valia da modernização do sector compreende que a mecanização inerente ao mesmo também acabou com alguns braços para a agricultura, embora esta “seja uma consequência natural decorrente da evolução do sector”, manifesta. Por outro lado, “o desemprego situa-se sobretudo nas grandes cidades e se porventura quiser mãode-obra para apanhar hortícolas não consegue”, refere, prosseguindo: “Recorre-se em muitos casos à mão de obra estrangeira, que vem para cá fazer campanhas de seis meses, quando temos portugueses desempregados nas grandes cidades. Essa disponibilidade, à partida, de mão-de-obra, acaba por não ser viável, devido às distâncias entre campo e cidade e porque as pessoas têm a sua vida organizada nos centros urbanos.” Aproveitamento de fundos estruturais Num país em crise com uma agricultura ainda subsidiária, o acesso aos fundos da União Europeia, via Proder, foi e continua a ser a tábua de salvação para muitos agricultores, pese o desperdício de verbas de que se tem falado nos últimos anos, “principalmente durante o tempo em que Jaime Silva foi ministro da Agricultura. Tratou-se de um período negro”, refere Mira. “Neste momento, os fundos estão a ser utilizados, mas a grande questão reside na necessidade de co-financiamento por parte do Governo, tendo em vista a aplicação dessas verbas, porque há muitos projectos apresentados criadores de emprego e de riqueza que aguardam cabimentação orçamental”. Os atrasos inerentes “são, caracteristicamente, portugueses”, pois “há sempre uma série de requisi-

tos e análises que têm de ser feitos pelo Ministério da Agricultura”; por outro lado “o financiamento comunitário tem de ser, em muitos casos, complementado com o português, e tendo em conta o estado em que o país se encontra é normal que a velocidade de concretização seja mais lenta”. Associativismo, Solução? O Quadro Comunitário de Apoio tem sido explícito quanto a esta matéria tendo em linha de conta a necessidade de aumentar o volume de oferta. “Esta é uma das formas de conseguir maior capacidade negocial junto dos compradores”, diz. A média portuguesa “quer nos hortícolas quer em outros sectores é inferior à média europeia”, “mas os jovens agricultores que estão a dar os primeiros passos no sector agrícola têm à partida outra mentalidade para esse tema”. Por mês, cerca de 250 jovens instalam-se na agricultura, em média, com apoios comunitários. “Isto demonstra bem o combate ao envelhecimento neste sector”. Mudança de paradigma O ano passado, o sector agrícola cresceu 2,8 por cento em contraciclo com os restantes, o que atesta a mudança de paradigma que se está a viver, sobretudo motivado pelo surgimento de novos agricultores. “A agricultura está a recuperar da carga negativa dos últimos anos, quando era encarada como uma actividade que vivia à conta dos subsídios”, exprime. Para além disso, constata que as regras da PAC, no final dos anos 90, que impediram a acumulação de excedentes, porque no entender da União Europeia, perdia-se muito dinheiro com a ’stockagem’, “acabaram por ser bem-sucedidas”, “pese embora o desconten-

tamento gerado entre os agricultores”. Mas a agricultura europeia e mundial poderá ter de seguir novos caminhos, pois com a PAC, os stocks são, hoje em dia, uma sobra do que foram no passado, e “de acordo com as previsões da FAO, que prevê que, em 2050, haverá nove mil milhões de consumidores em todo mundo, as necessidades de produção terão de crescer 70 por cento”. 50 anos de Feira da Agricultura A Feira Nacional da Agricultura assinala em 2013, os 50 anos da sua existência. Para não fugir à regra, o cartaz contempla desde as tradicionais mostras de gado, com centenas de exemplares em exposição, workshops e debates sobre temas relativos ao sector da Agricultura, concertos musicais, concursos em torno da temática da gastronomia, entre outros pontos de interesse. O Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) em Santarém acolhe o seu certame mais importante de oito a 16 de Junho Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e administrador do CNEMA, deu a conhecer que o orçamento para a edição deste ano da feira é semelhante ao do ano passado, a rondar os 850 mil euros. Terça-feira, dia 11 de Junho, foi a data escolhida para as entradas livres, este ano. O responsável diz que “apesar da conjuntura económica adversa, a Feira Nacional de Agricultura constitui-se como um pólo de atracção para os profissionais do ramo com a realização de vários negócios, reflectindo a importância da agricultura para a dinamização e desenvolvimento da economia do país”. Miguel António Rodrigues Sílvia Agostinho


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Política

Armando Martins quer falar com hipermercados

7 Manuel Jorge de Oliveira apoia Coligação

Candidato da CPFNT a junta de Azambuja quer criar pontes entre empresários locais e grandes superfícies. salão nobre da Junta de Freguesia de Azambuja foi pequeno para acolher as dezenas de presentes na apresentação de Armando Martins como candidato pela Coligação pelo Futuro da Nossa Terra (CPFNT) às autárquicas de 2013. Os apoiantes tiveram de se transferir para o largo em frente à autarquia para presenciar as ideias de Martins como candidato à junta de Azambuja. O rosto do movimento cívico que esteve na origem da construção da rotunda poente de Azambuja, e se manifestou contra a instalação de parquímetros na vila, entre outras questões, decidiu dizer sim ao convite lançado por Jorge

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Lopes, candidato à presidência da Câmara de Azambuja, porque de acordo com as suas palavras: “A situação actual é muito difícil e só poderá mudar se nos lugares de gestão pública estiverem pessoas sem interesses pessoais e com vontade de trabalhar em prol da sociedade”. Armando Martins revelou todas as suas ideias, caso venha a ser eleito presidente de junta, como: a criação de um site da freguesia na internet; uma página de facebook; a aposta num gabinete do freguês; ou ainda a criação de uma universidade sénior. Mas Armando Martins enquanto presidente de junta quer ir mais longe, e do ponto de vista económi-

co, pretende sentar à mesma mesa os principais hipermercados do país e os produtores locais. Em declarações ao Valor Local defendeu a sua ideia: “Vamos perguntar às cadeias de distribuição o que podemos produzir com qualidade para que não tenham de recorrer à importação, isto tendo em conta que a Sonae e o Pingo Doce possuem armazéns no nosso concelho”. Quando questionado pelo Valor Local se conseguirá obter o sucesso necessário nessa tarefa, promete dar o seu melhor mas que também caberá “às pessoas esforçarem-se nesse sentido”; no entanto, diz “acreditar nos empreendedores de Azambuja”.

Armando Martins promete servir Azambuja

CDU

Justino nas listas à Assembleia Municipal ustino Oliveira, presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Cima com o mandato suspenso, vai integrar as listas da CDU à Assembleia Municipal de Azambuja nas próximas eleições. O autarca que não quis confirmar ao Valor Local se regressará à liderança da junta, dado que o período de suspensão está a terminar, salienta, apenas, que o lugar na Assembleia Municipal é uma possibilidade “assim como tantas outras”. Justino Oliveira suspendeu as funções de autarca por um ano devido a problemas de saúde. Foi substituído por António Torrão, que deverá nas próximas eleições ser o cabeça de lista da coligação de esquerda àquela freguesia. A CDU ainda não apresentou os cabeças de lista, mas sabe-se que David Mendes deverá encabeçar a lista à Câmara, podendo António Nobre ser o líder da lista à Assembleia Municipal. O Valor Local sabe que a CDU deverá apresentar nos próximos dias as listas completas.

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Armando Martins revelou, ainda, que caso seja eleito não pretende estar no espaço da junta a tempo inteiro, mas se “tal for necessário” equacionará uma decisão nesse sentido. A apresentação do candidato foi antecedida por uma intervenção de Jorge Lopes que referiu-se às candidaturas da coligação como de mudança e de esperança, adiantando ainda não estar disponível para a demagogia e o bota-abaixismo. Jorge Lopes lançou uma farpa ao candidato do PS, Luís de Sousa, que acusou o Governo de fomentar o desemprego e de ter diminuído o apoio social, lembrando, de acordo com as suas palavras, que o seu principal adversário, enquanto esteve à frente dos bombeiros de Alcoentre e do Centro Social e Paroquial daquela freguesia “acumulou dívidas de tal tamanho que teve de fechar valências e despedir trabalhadores”. Sílvia Agostinho

s autárquicas estão já a mexer no concelho de Azambuja. A prova disso são as inúmeras iniciativas que têm decorrido, nomeadamente no seio do PS e da coligação centro-direita. O Valor Local sabe que as candidaturas estão a somar apoios e esta semana a Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra apresentou mais um reforço, que considera de peso, para as próximas eleições. Assim, e segundo a coligação, o cavaleiro tauromáquico azambujense, Manuel Jorge de Oliveira, também vai apoiar candidatura de António Jorge Lopes Segundo Manuel Jorge de Oliveira, “há 30 anos que a política em Azambuja é sempre a mesma e já tem necessidade de mudar” destaca o cavaleiro que salienta que nas eleições locais “o que conta são as pessoas e não os partidos”, considerando que António Jorge Lopes é “uma opção positiva para Azambuja”. Recordese que em tempos esta personalidade local manifestou a sua simpatia, em anteriores actos autárquicos, ao PS.

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Destaque

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Contagem decrescente para A festa mais popular de Azambuja sofre de novo mais um corte no orçamento e será feita sobretudo com a prata da casa. O programa é diversificado e quer continuar a atrair visitantes. Neste trabalho ainda um olhar sobre os principais ingredientes da festa: o cavalo e o touro, através do Centro Hípico Lebreiro. omeça no dia 23 e vai até 27 de Maio, a denominada “feira mais castiça do Ribatejo” – a Feira de Maio, em Azambuja. Como sempre o evento conta com variados pontos de interesse para o público mais aficionado da festa brava e não só. Actuação de ranchos folclóricos, gastronomia típica em evidência nos pavilhões através das tasquinhas; animação diversa; homenagem ao campino; largadas de touros; entre outros focos de interesse, são o chamariz para os residentes e visitantes. Um dos pontos altos acontece na sexta-feira, dia 23, com a “Noite da Sardinha Assada”, antecedida por um cortejo de campinos pelas ruas da vila à luz de archotes. Figura do cartaz musical deste ano é Filipe Gonçalves, músico que ficou conhecido quando participou no programa “Operação Triunfo” da RTP 1, que actuará na noite de sábado,

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25 de Maio. De acordo com o presidente em exercício da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, assiste-se a uma redução do orçamento destinado à feira para este ano em 10 por cento. Para Luís de Sousa, tal não significará uma penalização para a festa, “porque a grande percentagem de visitantes vem pelas largadas, pelo convívio e pela noite da sardinha assada”. Tertúlias a postos A azáfama tem-se multiplicado nas ruas da vila nos dias que faltam até à feira de Maio, e a título exemplificativo, o Valor Local foi encontrar umas das tertúlias mais castiças onde o sentimento característico destes dias – entre as gentes de Azambuja – mais se faz sentir. No Barrete Verde, que se encontra na Rua Eng. Luís da Maia, um grupo

de jovens dedica-se a dotar o espaço de todas a condições para que amigos e visitantes possam viver em pleno o verdadeiro espírito da festa entre muita afición, bebida, comida, música e demais ingredientes. Daniel Teófilo e os outros 14 elementos organizam não só a tertúlia, tendo em vista a feira de Maio, mas desde o início do ano que andam a promover outras formas de convívio como um torneio de futsal, descidas em carrinhos de rolamentos, jogos tradicionais e um peddypaper. Esta tertúlia conta com 8 anos de vida. Esta como as demais tertúlias convidam todos a entrar e a celebrar a festa. Centro Hípico quer democratizar acesso à equitação A completar 49 anos de existência,

Tertúlia Barrete Verde convida todos a entrar o Centro Hípico Lebreiro de Azambuja continua a apostar na tradição. Contudo a colectividade que é uma das mais antigas do concelho de Azambuja aposta igualmente na modernização, quer ao nível funcional, quer na abordagem que faz ao seu público. João Benavente, presidente da

instituição, considera que uma das questões mais importantes; (e já conseguidas) prende-se com “a abertura do espaço a toda a população”, negando que o “picadeiro” seja uma colectividade para as elites locais, apesar da manutenção de cavalos não ser algo propriamente acessível a todas as bolsas,

nomeadamente, numa altura de crise. A prova disso são as variadas iniciativas que envolvem as crianças em idade escolar. Refere o presidente que a colectividade já conta com cerca de 30 alunos, com idade superior a 5 anos de idade: “Temos um bom equitador, as crian-


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Destaque

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a Feira de Maio

ças estão satisfeitas e os pais também”, acrescenta. Para além das crianças que frequentam as aulas da colectividade, há, ainda, outras que vão passando pelo “picadeiro”. É o caso dos alunos das escolas do concelho que, recentemente, fizeram uma

visita às instalações, ao mesmo tempo, que puderam ter contacto com os cavalos, no âmbito do projecto “Viagens do Zambujinho”. Uma iniciativa da Câmara Municipal de Azambuja, destinada a fomentar a cultura e as tradições azambujenses de forma didáctica. Em véspera de completar 50 anos, a colectividade desejaria obter como prenda “algum respeito” das entidades governamentais. O responsável adianta que as colectividades “são pressionadas de muitas formas, quer pela contabilidade, quer pela falta de apoios”. João Benavente recorda que o centro hípico foi um dos pioneiros do desporto escolar, mas que não está abrangido por aquele programa do Ministério da Educação. Seria, por isso, fundamental obter esse apoio de modo a possibilitar que mais crianças se possam dedicar à equitação. Mas o centro hípico está apostado em manter a actividade e demonstrar isso mesmo à população. Por isso João Benavente, revela que a colectividade vai proporcionar uma série de aulas práticas aos alunos, nas ruas da vila, durante a Feira de Maio, com o duplo objectivo de demonstrar a modalidade e oferecer

uma aula diferente. Colóquio de Luxo O auditório do Páteo do Valverde em Azambuja recebeu, no dia 11 de Maio, uma conferência sobre o binómio “Cavalo-Touro”. A iniciativa foi mais uma vez do Centro Hípico Lebreiro de Azambuja, que apresentou vários oradores que fixaram a atenção da plateia. Manuel Jorge de Oliveira, cavaleiro tauromáquico foi um dos oradores. O cavaleiro falou das diferenças entre as touradas em Portugal e Espanha, e não se coibiu em enaltecer a festa brava nacional, face à dos espanhóis. João Santos de Andrade, ganadeiro e Presidente da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, fez um balanço da época transacta, durante a qual se verificou um decréscimo de espectáculos em Portugal. Todavia, enalteceu a festa brava, frisando a necessidade de mudar alguma da legislação para que o mundo taurino português possa vir a ser mais competitivo face ao espanhol. A completar 50 anos de existência, a Coudelaria Dr. Ortigão Costa esteve representada por Jorge Orti-

Fomentar equitação é objectivo de João Benavente gão Costa, filho do fundador, que aproveitou o momento para fazer um balanço da sua actividade, ressalvando a necessidade de se proteger a criação de cavalos, tendo em conta a diminuição de espectáculos. Aliás, a coudelaria azambujense, é das poucas com cavalos nos Estados Unidos, nomeadamente na Califórnia. Cavalos montados pelo cavaleiro tauromáquico azambujense, Paulo Jorge Ferreira.

Francisco Vassalo, antigo forcado azambujense, salientou por seu lado a importância dos grupos de forcados na festa. O mesmo fez um balanço da forcadagem nacional, referindo que em parte nenhuma do mundo existe aquela modalidade taurina, “pelo que os forcados portugueses são quase património nacional”. Esta conferência ficou igualmente marcada pela dissertação sobre a festa brava pelo professor Luís Ca-

pucha. O presidente do Clube Taurino Vilafranquense falou sobre os aspectos daquele universo e de tudo o que o rodeia, num prosa de quase meia hora. O debate foi moderado pelo jornalista Manuel Guerra, e não contou com a presença do matador de toiros Victor Mendes, que terá tido um imprevisto, não podendo estar presente. Miguel António Rodrigues Sílvia Agostinho


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Opinião

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Alinhar estratégias regionais e nacionais

Jorge Rocha Matos Presidente do Conselho Geral da Associação Industrial Portuguesa (AIP) e Presidente da Fundação AIP

economia portuguesa encontra-se numa encruzilhada, marcada pelas exigências de cumprimento de um Programa de Assistência Económica e Financeira, negociado com a TROIKA. Impõe-se uma estratégia inteligente em torno da qual seja possível mobilizar os portugueses, particularmente a comunidade empresarial, para vencer os desafios da qualificação, da inovação, da internacionalização e da competitividade. Crescer em novas bases, reforçando a cadeia de valor e alargando e enriquecendo a carteira de atividades, bens e serviços transacionáveis para se afirmar na globalização e

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competir no próprio mercado doméstico é o principal desafio que se coloca à economia. Neste contexto, é fundamental à escala regional e municipal a implementação de estratégias de base territorial na promoção da competitividade, do crescimento sustentado, do emprego e da coesão social. Alenquer, Azambuja e bem assim as regiões em que se inserem, têm vantagens competitivas que podem fazer valer, para melhor se afirmarem e competirem a nível regional, nacional e internacional, alinhando assim as suas estratégias com os imperativos que se colocam à economia portuguesa, dos quais

se relevam: Reforçar a cadeia de valor e a densificação da base exportadora nacional, nomeadamente aproximando as capacidades existentes aos mercados com maior procura internacional; Diversificar as exportações a nível intra e extraeuropeu; Mobilizar para o terreno da internacionalização uma faixa alargada das PME; Redimensionar o tecido empresarial por via de estratégias colaborativas (fusões, aquisições, alianças estratégicas, etc.), para ganhar massa crítica para a internacionalização; Reforçar a atratividade ao investimento direto estrangeiro (IDE), nomeadamente valorizando a posição geográfica

portuguesa, pelo desempenho de funcionalidades importantes no interface entre as grandes regiões da economia mundial (Europa&Asia(s); Europa e América do Norte; e, Europa e Atlântico Sul). Alenquer, Azambuja e as regiões envolventes têm recursos, capacidades e competências para se afirmarem competitivamente e defenderem também a economia de proximidade. Relevo, em primeiro lugar a dinamização de polos turísticos importantes e competitivos, tirando partindo dos seus recursos naturais, património e de todo um ecossistema que pode ser valorizado para este

fim. Em segundo lugar, um eixo em torno da agricultura e agro-indústria em que a conjugação inteligente de inovação e tradição, e respetiva certificação de produtos regionais pode e deve contribuir para enriquecer a cadeia de valor destes produtos. O cluster do vinho, com as respetivas rotas do vinho e atividades turísticas que potencia é um bom exemplo da valorização de um produto da região com efeitos induzidos importantes. Em terceiro lugar, uma aposta clara na produção e comercialização de bens transacionáveis, em boa parte decorrentes da atividade industrial, dirigidos a mercados de exportação, o que

poderá ser favorecido por via de um esforço de coordenação intermunicipal. Aliás, este revela-se fundamental para atrair atividades associadas ao investimento estrangeiro. Em quarto lugar, a existência de equipamentos centrais, incluindo a nível social e cultural, boas acessibilidades e logística adequada são seguramente ativos que podem ser valorizados em benefício da atratividade de Alenquer, Azambuja e das regiões envolventes. Estou certo que ao congregar vontades, recursos e inteligências estaremos a trilhar o caminho da qualificação, da competitividade e da coesão económica, social e territorial.

Tauromaquia – Património Cultural e Imaterial de Azambuja C

edo nasceu em Azambuja a imaterialidade da cultura tauromáquica. Aliás, é a primeira. Foi o 15.º Senhor de Azambuja, D. Francisco Child Rolim de Moura (1572-1640), o primeiro autor português a refletir, escrever e editar em prosa, dentro da sua vasta produção literária, o titulo «Arte de Tourear». Com ele começa a construção desta iden-

tidade cultural azambujense. O Património Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em fun-

ção de seu ambiente, da sua interação com a natureza e a sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito pela diversidade cultural e criatividade humana, está então esta evidência da tauromaquia como património cultural imaterial dos azambujenses fixada na literatura de autores por-

tugueses, está em D. Francisco Chil Rolim de Moura, o seu 15.º Senhor. No contexto das guerras do século XVIII em que Portugal se en-

volveu, Azambuja, os azambujenses e o seu meio natural, vão ser os agentes determinantes da presença e da nova função a retirar do cavalo e do touro. É publicado em 1895, o “Regulamento” datado de 25 de Abril, que cria e fixa o dia 15 de Maio, para em Azambuja se realizar o mercado geral de gados e remonta para o Exército. A tradição ditou a lei. Estava oficialmente instituída a maior manifestação da cultura tauromáquica de Azambuja, a «Feira de Maio». A «Feira de Outubro» de 1902, cimentou a tradição de 2.ª época tauromáquica anual, cabendo a 1.ª época à «Feira de Maio». Nessa corrida de 1902 foram lidados 10 touros por 3 cavaleiros, 2 espadas, 8 bandarilheiros e 8 moços de forcado. Tauromaquicamente notável foi o ano de 1907. O «Real Club Tauromáchico» de Lisboa promoveu uma corrida de touros em Azambuja e ofereceu-a aos seus sócios. A ela assistiram o Príncipe herdeiro, D. Luís Filipe e seu irmão, o Infante D. Manuel, com grande divulgação na imprensa nacional da época. Em Maio de 1935 realizou-se no pátio do Vale Verde, uma picaria em benefício da assistência local, sendo lidados 2 garraios e 3 vacas gratuitamente cedidas pelo Sr. Duque de Lafões. A esta «picaria» prestou o seu valioso concurso o popular toureiro azambujense D. Manuel Silvestre. O ano de 1943 fica marcado pelo aparecimento de uma “nova” geração de toureiros amadores azambujenses a atuar em praça, quer no toureio a cavalo, quer no toureio a pé, quer nas pegas dos forcados. Nesse ano, os «ani-

mais foram gratuitamente cedidos por D. Afonso de Bragança (Duque de Lafões) e D. Alexandre José Melo Lobo da Silveira. Em 1948 foi também criada a 1.ª Escola de Toureio em Azambuja. Funcionava na Quinta da Marquesa - tendo como Mestre o então novilheiro Etelvino Laureano e como alunos Francisco Serrano, António Salema, Joaquim Ezequiel, João Pinto, Sebastião Valentim, Acácio Canelas, César Fernando, entre outros. A década de 1960 inicia-se com o destaque que começa a ser dado às largadas ou «esperas» de touros em pontas, entre a Praça e a Rua Victor Córdon e a atribuição de três prémios «às janelas ou frentes que se encontrem melhor engalanadas». É marcante e determinante para a tauromaquia azambujense o ano de 1967. Pode constatar-se que foi o nascimento do fenómeno tauromáquico como fenómeno de “massas”, no sentido de «povo». A Feira de Maio ganha novas dinâmicas populares e envolvências que a caracterizam como “A Feira mais castiça do Ribatejo”. É em 1967 que é fundado o Centro Hípico-Lebreiro de Azambuja; Foi inaugurada outra Praça de Touros, por iniciativa da Associação dos Bombeiros Voluntários de Azambuja, no Campo do Ribeiro; Foi a fundação do Grupo de Forcados Amadores de Azambuja, sendo Fernando Barreto o cabo do grupo, tinha então19 anos; O pós-25 de Abril de 1974 e o fim do século XX é definitivamente marcado pela apropriação popular da cultura tauromáquica. Promovidos pelas associações e co-

letividades locais, continuam a efetuar-se ao longo do ano vários eventos e festivais taurinos, como há décadas era hábito. A

noite da sardinha assada, pelo baile popular, pelo folclore e pelo fado vadio; enchem-se de gente as ruas, praças e largos, como

Feira de Maio continua a ser o ponto mais alto – vivem-se 5 dias de «Feira» e de «Festa» e pensa-se nela, nos outros 360. Nascem as primeiras Tertúlias permanentes; o comércio local, os moradores dos largos, ruas e fachadas, aderem em número crescente, quer em termos de «concurso», quer pelo sentimento de mostrar e receber condignamente amigos e forasteiros, à decoração com temáticas e motivos da etnografia rural e tauromáquica local; anseia-se pela

esgota a praça de touros para a tradicional corrida; convidam-se e encontram-se familiares e amigos; no fim da recolha dos toiras da última largada pelas ruas da vila, há a esperança… para o ano há mais. Excertos do estudo “Tauromaquia – Património Cultural e Imaterial do Município de Azambuja” Inventário e Declaração Tomo 1-2012 José Machado Pereira Historiador/Museólogo


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Entrevista

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O triunfo de Paulo Ferreira nos Estados Unidos

Em terras do tio Sam tem demonstrado a sua arte

Em 2005, decidiu ir à conquista do sonho americano, na profissão que escolheu, a de cavaleiro tauromáquico. Paulo Jorge Ferreira, natural de Azambuja, brilha nas praças do estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América. Quando chegou, passou fome e dormiu com os cavalos para poupar dinheiro. Hoje é um dos valores consagrados da festa brava naquele país, onde a afición enche as praças. Valor Local - Há quantos anos está nos Estados Unidos? Paulo Jorge Ferreira – Vim tourear pela primeira vez, na Califórnia, em Outubro de 2005. Tinha terminado nesse mesmo ano a temporada em Espanha, já com 30 corridas realizadas, deixei por fazer umas cinco ou seis, na altura, e vim para a Califórnia realizar duas corridas na Feira Taurina de Thorthon. Qual foi o motivo que o levou a emigrar? Nas temporadas de 2004 e de 2005, em Espanha, fiz 35 corri-

das por temporada, das quais não me arrependo, pois conferiram muito desembaraço e estaleca para a minha carreira, mas não queria continuar, pois quando chegava ao fim, não tinha dinheiro para dar de comer aos cavalos nem para o seu mantimento, por isso procurei um outro caminho, e “Deus lá no alto” lembrou-se de mim. Deu-me esta oportunidade nos EUA (Califórnia). Em boa hora arrisquei e deu tudo certo. Quais os principais problemas que encontra na actividade em

Portugal? Estou arredado da actividade em Portugal desde 2005. Já lá vão oito anos, mas na minha altura, e penso que ainda hoje, alguns dos problemas ainda se mantêm. O toureiro que não tiver a sorte de ter um apoderado com muitas praças, toureia menos. Os próprios empresários realizam trocas de corridas entre eles, sendo que muitos toureiros acabam por ficar pelo caminho. Em Portugal já não toureia quem triunfa. Hoje pode-se triunfar numa corrida boa, numa boa

praça, e mesmo assim não se ter a sorte de o fazer no próximo ano. Muitos dos cartéis, em Fevereiro ou Março, já estão quase todos delineados com toureiros já contratados para 30 ou 40 corridas. Não interessa se vão ´andar bem ou mal´ ou se ´´estão bem ou mal montados´´. Mas como lhe disse, estou afastado desse ambiente. Não sei se as coisas estão melhor ou pior, ou até na mesma. Suponho que não está arrependido de ter emigrado. Arrependo-me de não ter vindo

mais cedo (risos). Não mudava nada, tendo em conta tudo o que enfrentei, desde passar fome, ou comer e dormir na camioneta dos cavalos, para poder poupar dinheiro, mas como lhe disse tudo isto deu-me capacidade de sofrimento, sei dar valor à vida, e sei que nem tudo cai do céu. Que balanço faz destes anos fora de Portugal? Faço um balanço super positivo. Consigo fazer aquilo de que gosto. Como todas as pessoas, sempre sonhei viver a trabalhar

naquilo que amo. Orgulho-me e dou graças a Deus de poder fazer aquilo que adoro (tourear e montar a cavalo). Conheci pessoas fantásticas, descobri uma nova família que é tudo para mim, a família Martins. Acho que não posso pedir mais nada. Se era isto que Deus tinha para mim, estou super satisfeito e agradeço-lhe por tudo, porque, realmente, não podia ser melhor. Acompanha a vida tauromáquica portuguesa? Acompanho. Não estou em Portugal, mas sou português e amo


o meu país e a minha terra, Azambuja. Continuo a ter muitos e bons amigos aí, tenho colegas de profissão com os quais me dou bastante bem, casos do Rui Salvador, Luís Rouxinol, Filipe Gonçalves, e Gilberto Filipe, com os quais mantenho contacto regularmente, e sigo as suas actuações. Tento manter-me informado do que se vai passando pela minha terra também. Como avalia o actual momento da tauromaquia que se faz em Portugal? Não estou muito à vontade para responder, pois não estou no país já há alguns anos, como tal não sei qual tem sido o reflexo que a crise económica tem tido no mundo tauromáquico, mas acredito que seja negativo. Qual é a sua opinião sobre as escolas de toureio, nomeadamente, a Escola José Falcão, de Vila Franca de Xira e a Escola de Toureio, de Azambuja? As escolas de toureio são um meio bastante positivo e lucrativo para a Festa. Repare na quantidade de toureiros que se tornaram matadores, bandarilheiros ou ainda aficionados. As escolas podem ser ainda locais, onde os jovens podem passar o seu tempo livre a aprender uma arte para, um dia mais tarde, fazerem da mesma a sua profissão. Acho sem dúvida, que é de louvar todo esse trabalho que tem vindo a ser feito por essas escolas. Se repararmos, hoje em dia, a maioria destes bandarilheiros de grande classe, na nossa Festa, passou pelas escolas de toureio. Torna-se muito caro fazer do toureio uma profissão, tendo em conta todo o investimento associado, desde os cavalos, trajes, entre outras despesas? É uma actividade muito despendiosa e que requer uma dedicação a 100 por cento, e se não se toureia muito, se não se tem oportunidades para se poder realizar algum dinheiro, é muito, mas mesmo muito difícil, poder andar para a frente. A maioria dos toureiros tenta ganhar durante os seis meses da temporada, para depois poder sustentar toda a despesa durante o Inverno, por isso imagine como se poderão sustentar aqueles toureiros que poucas oportunidades têm de tourear. E muito difícil. Estando fora há tanto tempo, gostaria de perguntar se já conhece ou actuou na renovada Praça de Toiros Dr. Ortigão Costa, em Azambuja? Nunca actuei na nova praça. O que sei, apenas, se cinge ao que li na imprensa e pelas fotos que vi, também. Mas acho que está bonita. Azambuja e as suas gentes já mereciam uma praça assim. Gostaria de tourear neste novo espaço? Muito sinceramente não sei…, mas gostaria imenso e se Deus

Entrevista

quiser irei lá tourear um dia, agora se será em breve ou não, isso não depende só de mim. Azambuja é a minha terra e tenho-a no meu coração sempre. Foi ali que comecei, fui acarinhado pelas minhas gentes e também é ali que me sinto bem. Por isso, no dia em que isso acontecer, será uma emoção enorme para mim voltar a tourear perante o meu povo, pelo qual tenho tanto carinho. Próxima Temporada Já tem muitas corridas marcadas, tendo em conta a nova temporada? Neste momento, tenho oito, mas sei que o meu apoderado está em negociações para mais umas quantas. Pensamos realizar entre 12 a 15. O que será muitíssimo bom, tendo em conta que a temporada californiana tem no máximo umas 18 a 20 corridas. Sei que estou contratado para as principais feiras ao lado de figuras do toureio e isso é importante. Quais as principais diferenças entre a afición nos Estados Unidos e a de Portugal? Não existem muitas diferenças entre as duas. A afición nos Estados Unidos caracteriza-se por ser entendida, e exigente quanto aos toureiros. Sabe distinguir o que é bem feito e o que não é. Tal como a afición portuguesa gosta muito do toureio a cavalo e dos forcados. Só para ter uma ideia, as corridas são à segunda – feira à noite aqui; e as praças enchem-se completamente. A tauromaquia californiana evoluiu muitíssimo nos últimos anos. Hoje tem ganadarias de grande qualidade, coudelarias tão boas ou até melhores do que algumas em Portugal. O que é de louvar é que num país tão longe do nosso “Portugal” e sem tradições taurinas, graças aos nossos emigrantes, conseguiu-se trazer essas tradições para cá, e hoje em dia vê-se muitas praças com toureio na Califórnia, com um espectáculo genuíno português. Actuar na América é mais rentável? Não conheço os valores que se praticam em Portugal actualmente, mas sem dúvida e num termo de comparação, com o que ganhava em Portugal e Espanha até 2005, que é muito mais rentável actuar aqui, ainda por cima consigo aliar a minha profissão de cavaleiro tauromáquico, à de manager na coudelaria Irmãos Martins. Sei que tem um novo cavalo para esta temporada. Foi difícil treiná-lo? Sim, é verdade, tenho um cavalo novo para esta temporada, nascido cá em casa, da linha Núncio, que me está a encher de esperança e a criar uma enorme ilusão tendo em conta a nova

temporada. Não gosto de dizer se foi ou não difícil treinar o cavalo, pois para se ter algo de bom é preciso trabalho, e também é preciso que os cavalos queiram e tenham aptidão. Este cavalo tem, agora, seis anos, e já trabalha desde os três anos de idade. É um cavalo novo que ainda tem muito que aprender. Trata-se de um trabalho que não está acabado, mas realmente penso que vai ser um caso sério, aqui, na nossa tauromaquia. Sei que aí há uma forte comunidade portuguesa. Como mata saudades do seu país? E do que tem mais saudades? Temos aqui uma enorme comunidade de portugueses, na sua maioria açorianos. Vou matando as saudades conforme posso. Hoje em dia, a tecnologia está bastante avançada, por isso, e pela internet vou matando algumas saudades. Falo com a minha família quase todos os dias. Estou em contacto com alguns amigos mais próximos, e por vezes, falo com o presidente da minha terra, o doutor Joaquim Ramos, para saber como vai a terrinha (risos). Tenho saudades de muita coisa, do campo, da Feira de Maio, de tourear na minha terra, da minha família, dos meus amigos, e de tudo o que me faz sentir bem. Há cavalos da Coudelaria Ortigão Costa aí nos Estados Unidos? Sim há, e bons. Aqui em casa já tivemos quatro; actualmente são dois, que estão a tourear bem. Os outros dois foram vendidos para dressage, onde andam a fazer provas de grande prémio, com grandes resultados. Quanto aos que ficaram cá, um deles é o Chibanga, que é um cavalo de saída que tem muita habilidade. Trata-se de um cavalo forte. O outro é o Mantorras que está no “tércio de bandarilhas”. É um cavalo muito habilidoso e que chega muito às bancadas; muito bom para os ferros de palmo e violinos. Pretende ficar até quando nos Estados Unidos? Para já ate ao final desta temporada que termina em Outubro. Mas o futuro a Deus pertence. Estou bem e sinto-me bem aqui, as pessoas respeitam- me, gostam do meu trabalho, e enquanto assim for não há nada para mudar. Foi aqui que me acolheram quando não tinha nada, e não era ninguém; pois se, agora, tenho algo e sou alguém, não vou voltar as costas aos que me deram a mão. Quando regressar a Portugal, qual é a primeira coisa que vai fazer? Não sei quando será isso (risos), mas, seguramente, irei abraçar a minha família, pois já são alguns anos sem a companhia deles, que têm sido o meu maior suporte para aguentar esta etapa da minha vida.

Fotos retiradas da Página de Facebook de Paulo Jorge Ferreira

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Negócios com Valor

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“Yes d People” Sugalidal no pódio Motivar pessoas em tempo de Crise da indústria do tomate M C

om um volume de negócios anual superior a 100 milhões de euros, a empresa Sugalidal é o segundo maior produtor de concentrado de tomate do mundo. A empresa ribatejana que conta com uma unidade de produção em Azambuja e outra em Benavente, tem conseguido fazer face à crise económica, e crescer de forma sustentável após a grande operação no mercado que levou à aquisição da Idal, em 2007, produtora da marca Heinz; e mais recentemente de duas empresas chilenas, igualmente, concorrentes directas. Em 2010, a empresa comprou outra congénere em Espanha. “Estamos há 50 anos no mercado com clientes muito fiéis que premeiam a qualidade. Temos conseguido ultrapassar a crise com alguma tranquilidade em comparação com outras empresas do mesmo sector”, refere Jorge Ortigão Costa, administrador. O passo de gigante foi mesmo a aquisição da Idal; e em consequência disso da marca Guloso, algo que o empresário confessa lhe ter dado “um certo gozo”, pois a Guloso, “era concorrente directa e possuía grande notoriedade”.

Junto à Praça que homenageia o seu pai O tomate ribatejano possui excelente crédito no estrangeiro, devido à sua qualidade e sabores diferentes, “ao contrário do tomate chinês”, (um dos principais concorrentes), refere Ortigão Costa e exemplifica: “Os japoneses que são vizinhos dos chineses preferem comprar o nosso tomate”. “A Sugalidal ultrapassou duas empresas chinesas que desaceleraram a sua produção e vendas, tendo em conta esse factor da qualidade”. A contribuir para a qualidade do produto encontra-se também o facto de os produtores terem

apostado fortemente na modernização agrícola, o que permite bons resultados. “Neste âmbito, estamos mais avançados do que os norte americanos, pois como enfrentamos condições climatéricas mais difíceis conseguimos efectuar uma adaptação conveniente no que se refere à tecnologia e modernização”. Em expansão encontra-se também a produção de azeite da família Ortigão Costa, neste caso o Azeite Ouro d’Elvas que se encontra presente nas prateleiras dos principais hipermercados do país.

otivar pessoas nos tempos que correm será ou não tarefa impossível? Não o é, pelo menos para a “Yes d People” do grupo Sobreiro Duarte- Sentidos Dinâmicos, sedeada nas Caldas da Rainha, que levou a cabo, no dia 15 de Abril, uma conferência motivacional em Aveiras Cima junto de elementos da Associação Nacional de Controlo de Pragas Urbanas (ANCPU). Nestas conferências, e segundo o empresário Sobreiro Duarte, o ponto de partida baseia-se nas clássicas questões: “Quem somos” – com a identificação dos pontos fortes e fracos, as ameaças e as oportunidades; “Onde é que estamos”, e para “onde queremos ir”. “O nosso objectivo não passa por realizarmos uma conferência em que andamos aqui a saltar e a bater palmas e quando vamos embora não acontece nada. Queremos deixar algumas ferramentas para que as pessoas autonomamente consigam encontrar o seu próprio processo de motivação”, esclarece. A “Yes d People” realiza este tipo de conferências um pouco por todo o país e “com forte adesão”. No caso da ANCPU tratou-se de uma oferta a um parceiro comercial. “Podemos considerar esta como uma iniciativa quase de cariz social, pois não cobramos nada, o que queremos como retorno é a felicidade das pessoas”, refere Sobreiro Duarte, que destaca ainda ferramentas específicas que a sua empresa também trabalha ligadas à motivação pessoal como o “coaching –desenvolvimento pessoal”. “Este tipo de conferências obriga-nos a olhar para as soluções, e não para os problemas. Trata-se de uma forma simples mas que não é fácil de colocar em Sobreiro Duarte fornece ferramentas prática, pois obriga-nos a ter empenho; de motivação e a noção de saber quanto queremos gastar em termos de esforço pessoal”. Mas Sobreiro Duarte também avisa: “Se acharmos que não há lugar para nós no mercado devemos mudar de actividade”. Se o país seguisse alguns dos ensinamentos da motivação pessoal, com certeza que estaríamos “melhor” – “Há que pensar em duas palavras: reinventar e reestruturar com objectivos globais”, concretiza, até porque “as grandes empresas funcionam de forma simples”.


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Saúde

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Nova sede para os dadores de sangue O Grupo de Dadores de Sangue de Azambuja inaugurou, este domingo, a sua nova sede. O edifício propriedade municipal que já serviu de biblioteca e mais recentemente de sede da protecção civil, ganha assim uma nova vida, ao possibilitar a este grupo um espaço para trabalho e coordenação de várias acções. egundo Augusto Moita, presidente do grupo azambujense, este era um dos principais objectivos da sua direcção. Até aqui os dadores de sangue reuniam-se numa sala cedida pelos bombeiros de Azambuja, facto esse que não foi esquecido pela actual direcção. Com esta nova casa, Augusto Moita espera que a instituição saia mais “dignificada e prestigiada”, e espera ao mesmo tempo que o voluntariado nesta área “possa vir

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a crescer”. O presidente da instituição que agradeceu os apoios da autarquia e das juntas de freguesia do concelho, salientou que o próximo “sonho” será a construção de uma sede de raíz, algo que se não for possível no actual mandato, deverá ser levado em conta por outras direcções em mandatos futuros. Com esta iniciativa, o grupo acredita estarem, agora, reunidas as condições mínimas para aproxi-

mar os dadores da instituição. Todavia há também a necessidade de aproximar, igualmente, os diferentes núcleos espalhados pelo concelho. Para isso, refere, Augusto Moita, “é determinante a aquisição de uma viatura, de modo a proporcionar uma ligação mais efectiva e prática entre núcleos”. Algo que deverá ficar resolvido nas próximas semanas. Miguel António Rodrigues

No momento de descerrar a placa

Bombeiros de Azambuja recebem nova ambulância s bombeiros de Azambuja recebem, no dia 23 de Maio, mais uma ambulância de emergência Pré- Hospitalar para reforçar a actual frota. A viatura que funcionará como reserva do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) foi

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adquirida à Sociedade de Importação de Veículos Automóveis (SIVA) e custou perto de 40 mil euros, tendo sido comprada com verbas provenientes das várias acções da corporação azambujense, e com os apoios da Caixa de Crédito

Agrícola de Azambuja, Câmara Municipal de Azambuja, e juntas de freguesias da área de intervenção. Segundo André Salema, presidente da corporação, esta será apenas a primeira ambulância, pois até ao fim do ano, a insti-

tuição prevê “adquirir outra viatura, para ir renovando o parque automóvel, isto depois de ter iniciado a renovação do fardamento dos bombeiros”. Entretanto os bombeiros de Azambuja têm em curso um acordo de parceria com o co-

mércio local. O objectivo é estimular o associativismo, com a integração de novos associados e a manutenção dos actuais, criando diversos benefícios aos sócios, tendo em conta os poucos benefícios que existiam até ao momento.

A associação também protocolou com a ACISMA, (Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja) a realização de acordos com vista a acções de formação na área da saúde para os empresários associados.

RETRATOS DA NOSSA TERRA estrada que liga a Nacional 3 aos Casais de Baixo em Azambuja, voltou a ficar parcialmente submersa por estes dias. Esta é uma situação frequente, e mesmo que não chova muito, a via tem tendência a ficar intransitável. Embora tenha sido intervencionada recentemente, o problema mantém-se, e os moradores continuam a queixar-se de falta de capacidade da autarquia em resolver o problema que voltou a acontecer no final da semana passada com o regresso da chuva.

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A actividade física ao ar livre ganha cada vez mais adeptos um dos últimos fins de semana, um grupo de cidadãos do concelho de Azambuja efectuou uma caminhada em Virtudes, Aveiras de Baixo Foram alguns quilómetros em prol da saúde e bem-estar.

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