Jornal Valor Local Edição Outubro 2016

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Valor Local

Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 42 • 21 Outubro 2016 • Preço 1 cêntimo

Porto Alto

Negócios da China: Entre a Decadência e a Renovação Págs. 12, 13, 14 e 15

Pingo Doce instala-se no Carregado Pág. 5

O Adeus de Jorge Lopes:

Págs. 8 e 9

“Não preciso de ser figura de cartaz”


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Câmara de Alenquer espera concluir quartel da GNR no prazo desejado O

novo quartel da GNR de Alenquer afinal continua a sofrer atrasos e dificilmente poderá ficar concluído em finais de 2017, conforme foi acordado com o ministério da Administração Interna no ano passado, ainda com a anterior titular da pasta Anabela Rodrigues. Numa primeira fase e após lançamento do concurso houve um conjunto de reclamações por parte de empresas concorrentes que não estavam satisfeitas com a forma como a contratação estava a decorrer. Nesta fase, o concurso já foi lançado e o projetista que ganhou esse concurso tem vindo a avançar com o desenvolvimento do projeto. “Não têm existido quaisquer entraves, mas algumas correções e consequentes alterações ao projeto, fruto da discussão positiva e dos inputs recolhidos junto das partes: Câmara Municipal de Alenquer - Ministério da Administração Interna – Guarda Nacional Republicana”, refere a autarquia ao Valor Local. Até final do ano a Câmara prevê a

conclusão do projeto, e o lançamento do projeto de execução. A autarquia que assumiu numa primeira fase a disponibilização financeira da obra orçada em um milhão e 200 mil euros ficará à espera de ser ressarcida pelo Governo que nomeou um inter-

locutor para o efeito. O esforço financeiro do município nesta empreitada tem sido considerado como arriscado pela oposição, e perante a pergunta do Valor Local: Se a Câmara já não estará arrependida de ter abraçado esta empreitada, é nos res-

pondido que esta é uma questão que não faz sentido: “A Câmara Municipal de Alenquer tem vindo a completar todos os passos necessários à boa prossecução do projeto e da obra em questão e nada aponta para que não consiga completar a obra. A Câmara

não poderá nunca arrependerse de assumir o seu papel na comunidade, garantindo a melhoria das condições de trabalho dos quadros da Guarda, que garantem a segurança e a ordem dos seus munícipes.“ Há 20 anos que se fala na ne-

cessidade desta obra, dado que com o avançar dos anos as atuais instalações, localizadas na zona da vila alta de Alenquer, tornaram-se cada vez menos dignas para a GNR com humidades, infiltrações e falta de espaço.

Aquando da assinatura do protocolo com o Governo

Loja Social Salvaterra apoiou 240 famílias Loja Social de Salvaterra de Magos apoiou, durante o ano de 2015, cerca de 240 famílias. O projeto foi criado pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos com o objetivo de apoiar os agregados familiares em situação de carência económica e social, através da disponibilização de bens alimentares, produtos de higiene, vestuário, calçado, brinquedos e mobiliário. “O número é revelador dos problemas ainda existentes a nível económico, mas notamos que, no último ano, houve uma redução do número de pessoas a necessitar deste apoio”, realça Helena Neves, vereadora com o pelouro da ação social na autarquia. O processo de atribuição dos bens é simples, bastando às famílias com menores recursos económicos do concelho solicitar apoio junto da Rede Local de Interven-

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ção Social (RLIS) e/ou divisão de ação social da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos. De acordo com Helena Neves “este projeto tem sido fundamental para apoiar as famílias mais desfavorecidas do concelho e minimizar situações de pobreza e exclusão social”. “Muitas vezes são situações de divórcio, desemprego ou uma despesa maior que não estava prevista que leva as famílias a pedirem ajuda, até se reorganizarem”, acrescenta. A Loja Social tem sede na antiga escola do Parque, junto ao Pavilhão do Inatel e tem contado com a colaboração das Juntas de Freguesia do concelho e com donativos provenientes de ofertas de particulares, empresas locais e diversas entidades do concelho. O projeto conta atualmente com a colaboração de seis voluntários,

que desempenham um papel fundamental no projeto, cabendo aos mesmos a receção, organização dos bens no espaço e a entrega dos bens às famílias. José Monteiro, morador em Foros de Salvaterra, é voluntário na Loja Social há três anos, e decidiu integrar o projeto porque tinha “algum tempo livre” e porque “gosta de ajudar”. Quando chega vestuário à Loja Social “é feita uma seleção e as peças que vêm sujas ou rotas são encaminhadas para a reciclagem” através de contentores de recolha de roupa que se encontram espalhados pelo concelho. O peso do vestuário recolhido no concelho é traduzido numa verba em dinheiro que a autarquia utiliza para comprar bens para a Loja Social. A Loja Social funciona às segundas, quartas e sextas entre as 14h30 e as 16h30.

Vários produtos alimentares são oferecidos por este serviço

Orçamento Participativo de Vila Franca leva 28 propostas à votação final á 28 propostas no Orçamento Participativo de Vila Franca de Xira. A maioria dos projetos em concurso que foram apresentados por cidadãos e instituições, já se encontram em fase de votação no site do município e através de SMS ou de boletim de

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voto. Esta é uma votação que pode ser feita nos meses de outubro e novembro, segundo consta do site do município. Tratam-se de projetos nas várias freguesias e contemplam um vasto leque de necessidades das populações.

Entre os 28 projetos apresentados encontra-se: a requalificação do caminho pedonal junto à EB 2,3 Soeiro Pereira Gomes em Alhandra e a modernização dos equipamentos recreativos e sociais de Sociedade Euterpe Alhandrense. Há ainda propos-

tas que vão no sentido de adquirir equipamentos para os bombeiros ou a requalificação do parque de merendas do caminho ribeirinho, inaugurado há poucos anos. Neste OP, aparece mais uma fase para a Casa do Músico em

Alverca, a requalificação do Jardim Central do Bom Sucesso, a melhoria das condições do auditório do Centro Cultural do Bom Sucesso entre outros. Ainda deste programa com calendário de execução para 2017, as populações voltaram a frisar a

necessidade da requalificação de alguns parques infantis, como é o caso da Malvarosa em Alverca; ou a continuação da requalificação da zona ribeirinha da Vala do Carregado, cuja primeira fase foi inaugurada pelo atual executivo há menos de dois anos.


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Balanço OP Alenquer

Projeto do centro de atletismo é calcanhar de aquiles projeto do centro de atletismo de Alenquer incluído no Orçamento Participativo (OP) de 2014 continua a ser um dos grandes calcanhares de aquiles do município que espera que a obra avance e chegue a bom porto, apesar de resvalar a data limite de 31 de dezembro deste ano. A autarquia tinha dois anos para concluir todos os projetos, mas atrasos relacionados com os tempos das obras e algumas vicissitudes que foram aparecendo condicionaram para além deste projeto o da criação dos caminhos pedestres “Do Montejunto ao Tejo”. O projeto de um espaço coberto na escola Básica de Canados, também de 2014, estará pronto em breve. A Câmara tem ainda um ano para completar os seis projetos vencedores do OP de 2015 que ainda não saíram do papel. O vereador explica que no caso da pista de atletismo e conforme chegou a ser noticiado pelo nosso jornal, o projeto sofreu alterações com a colocação de uma caixa de areia para o salto em comprimento e criação de condições ainda para o salto em altura com um colchão, para além das pistas de atletismo que decresceram de seis para quatro. “Paramos, na altura, a fase da contratação face às novas ideias, e neste momento já se encontra de novo em contratação pública. É necessário readaptar a estrutura do pavilhão porque vai obrigar a cobertura do pavilhão a vir até ao chão e a mudar a calha de receção das águas, bem como o qua-

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Pavilhão terá de adaptar ajustes para receber as pistas dro da PT”. Por outro lado “também foram feitas diversas perguntas por parte de quem estava a concorrer à obra obrigando a que o processo da contratação parasse a dada altura”. Já passaram quase dois anos, mas Paulo Franco rebate que não é tempo a mais face “às dúvidas existentes

no projeto por parte do empreiteiro”. Acresce ainda “que a Câmara não tem capacidade para fazer as obras todas ao mesmo tempo”. Questionado se desta forma não se está a quebrar as expetativas dos proponentes, reitera que “estes processos são naturais e normais, e estamos a falar

do projeto mais complexo que já tivemos em orçamentos participativos”. “Temos falado com o professor José Santos (proponente) que tem as garantias todas de que o projeto vai ser concluído”. A obra recebeu do OP de 2014 uma verba de 58 mil euros, e as alterações do projeto não

vão encarecer o mesmo, segundo a autarquia. Outro dos projetos em atraso prende-se com o dos caminhos pedestres. O autarca dá a conhecer que no total dos 12 percursos pedestres, alguns serão inaugurados a breve trecho, como de Ota no final de novembro, que

passará pelo Canhão Cársico, ou o de Meca. “As juntas foram fundamentais para que cada caminho pudesse conter informação acerca da gastronomia, história e turismo das freguesias” com recurso também à georreferenciação. Cinco caminhos estão a ser concluídos pelas juntas. Nos primeiros seis meses do ano, os restantes serão inaugurados. “Houve um trabalho de limpar e abrir caminhos, e alguns troços ainda tiveram de ser negociados com entidades privadas”, justifica o vereador, realçando “o incremento social que este projeto pode proporcionar aproximando as populações do fluxo turístico”. No que respeita aos projetos vencedores do ano passado o autarca adianta que estão em fase de projeto de execução de obra. O que está em fase mais adiantada é o que se prende com a cobertura exterior do jardim de Infância de Meca que deverá estar concluído ainda este ano. Se os restantes resvalarão ou não para 2018, o vereador acredita que todos poderão estar concluídos até essa data. A autarquia instituiu este ano o Orçamento Participativo Jovem cujos vencedores são conhecidos: o passaporte turístico criado por uma das escolas do concelho e que visa promover o comércio local e o turismo de Alenquer; a criação de uma mascote para a Proteção Civil; o evento da cor e da música “Romeira Color Fest”; a recuperação de uma escola em Ventosa, e os arranjos de uma escola na freguesia de Alenquer.

Mónica Venda lança “Livro de Receitas Vegan” ónica Venda, de Glória do Ribatejo, lançou recentemente o “Livro de Receitas Vegan” em conjunto com a nutricionista Magda Roma. Também ligada ao projeto de alimentação saudável “Sensações da Terra”, a autora revela que este livro possui “toda a informação necessária para que se consiga adotar uma dieta mais saudável com maior consciência alimentar, bem como, desconstruir alguns mitos e dogmas culturais que se estabeleceram”. A obra fornece um conjunto de indicações úteis em questões como “equilibrar o seu prato, como germinar sementes, ou conservar alimentos”, revela. Na opinião de Mónica Venda e perante a questão sobre o facto de proliferar literatura deste género

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no mercado; e de que forma o “Livro de Receitas Vegan” se distingue, responde que a obra apresenta “um conjunto de receitas preparadas de forma equilibrada, sem qualquer produto de origem animal, sem lacticínios, sem ovos, sem açúcares refinados e muitas das receitas sem glúten.” Por vezes seguir uma alimentação saudável nem sempre é compatível com a bolsa dos portugueses, e esta é uma das questões referidas também pelas duas autoras, que focam a solução na planificação das refeições: “Se decidir alterar a sua alimentação, a primeira vez que adquirir todos os ingredientes para preencher a sua dispensa pode parecer-lhe caro, mas depois ao longo do tempo se efe-

tuar um correto planeamento das suas refeições verifica que pelo contrário será muito mais barato adotar uma alimentação vegetariana. É tão simples como comparar o custo de um quilo de carne ou peixe a um quilo de leguminosas”. “O truque é mesmo esse: planear as refeições semanalmente por exemplo e fazer a lista de compras de modo a ter uma compra direcionada e objetiva.” Para se manter vegetariano a longo prazo, acredita que há que ter a consciência de que “o nosso alimento é o nosso medicamento”. “Uma das grandes dificuldades é sobretudo para quem vive fora das grandes cidades e tem necessidade de almoçar fora de casa. Por experiência própria muitas vezes no menu dos restaurantes não vem referido ne-

nhum prato vegetariano, mas se falar vai perceber que até se consegue alternativas e vai perceber que cada vez mais existem opções vegetarianas.” Mónica Venda refere ainda que foi através de uma relação inicial de nutricionista/paciente que iniciou a sua parceria com Magda Roma, que lhe mostrou as vantagens de um regime vegan: “Perante a minha mudança de estilo de vida e o grande gosto que sempre tive pela culinária, iniciámos o nosso blog (http://saudecomsabor.blogs.sapo.pt/), fazemos cursos e workshops juntas em todo o país e ilhas, e depois surgiu este livro. Eu acredito que em algo negativo que acontece na nossa vida há sempre um ensinamento para aprender e a minha história é mais uma prova.”


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Pingo Doce vai chegar ao Carregado ainda este ano freguesia do Carregado, concelho de Alenquer, deverá ter em breve uma loja do Pingo Doce, maior em área do que a existente na sede de concelho. O empreendimento deverá abrir antes da época de Natal, como aliás aconteceu há um ano atrás com a loja do Continente a escassos quilómetros da Vila Presépio. O espaço que deverá ocupar cerca de 1300 metros quadrados, vai juntar-se a outra grande superfície: o Continente, e às de média dimensão: Intermaché e Lidl naquela mesma freguesia do concelho. De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Alenquer, Pedro Folgado, ao Valor Local, a escolha do Carregado para a im-

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plantação de mais este espaço está relacionada com as boas vias rodoviárias e “um número muito considerável de população residente”; e por isso mesmo “torna-se bastante atrativo para a fixação deste tipo de infraestruturas” apesar de existirem outras lojas no concelho como é o caso. Por outro lado, o autarca salienta que esta nova loja, tendo em conta o atual contexto económico que o país atravessa ao nível da criação de emprego, representa a possibilidade da mais alguns postos de trabalho. Por outro lado, Pedro Folgado diz acreditar que esta loja não representará perigo para o comércio tradicional, “já que por toda a Europa o pequeno comércio tende a ocupar um papel importantíssimo

enquanto agente económico de bairro, servindo um perfil de consumo necessariamente diferente do das grandes superfícies, mas vital para a economia local”.

Ainda no que concerne ao comércio em geral, o autarca diz que a Câmara está disponível para o apoiar como tem feito até aqui. Pedro Folgado destaca, en-

tretanto, que o município “tem vindo a desenvolver também uma aposta no marketing territorial de forma tão esforçada quanto os recursos financeiros nos

permitem” e reforça que o objetivo “é atrair pessoas esperando globalmente que todos os agentes económicos vejam a sua atividade económica aumentada”.

Arruda dos Vinhos inaugura Loja do Cidadão com olhos postos no Julgado de Paz rruda dos Vinhos inaugurou já a sua loja do cidadão. A obra foi aberta oficialmente no passado dia 10 de outubro e é segundo André Rijo, presidente da Câmara local, bastante importante para aquele concelho. O autarca lembrou que quando chegou ao município em 2013, teve de lidar com o anúncio do fecho do balcão das finanças, algo que deixaria Arruda sem acesso a estes serviços. Contudo quatro anos volvidos, André Rijo salienta que essa foi uma batalha ganha e que não só os serviços não encerraram, como hoje há um reforço com a abertura da Loja do Cidadão, que entre outros integra balcões da segurança social e os serviços do município. O novo espaço que contou com o apadrinhamento dos ministros Maria Manuel Marques, Vieira da Silva e da Secretária de estado Graça Fonseca, representa um investimento de 410 mil euros, ficando situado num edifício mesmo em frente aos paços do concelho. Para o autarca, esta é uma obra importante, mas é igualmente im-

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portante o facto de abrir neste mesmo edifício no próximo ano, um Julgado de Paz “um tribunal de pequena instância e para várias matérias” salienta o presidente da Câmara. André Rijo considera este passo “extraordinariamente importante” já que lembra “nunca na história de Portugal democrático tivemos um tribunal”. O autarca lembra que até aqui, os arrudenses tinham de se deslocar a Vila Franca de Xira, a comarca de referência, mas que a partir da implantação do Julgado de Paz, alguns litígios já poderão ser tratados em Arruda dos Vinhos vincando que “os arrudenses passarão a ter uma resposta de justiça no seu concelho. Uma resposta mais célere, mais eficaz e barata”. Coube aos governantes presentes, nomeadamente Maria Manuel Marques, ministra da presidência e Vieira da Silva ministro com a pasta da segurança social, falarem da importância desta iniciativa, que teve o seu início ainda nos anos 90 em Lisboa nas Laranjeiras. Para ambos este é mais um pas-

so na evolução dos serviços junto das populações mais afastadas

de Lisboa. Ambos reforçaram também o papel dos funcionários pú-

blicos que nesta matéria têm também uma participação que muitas

Inauguração contou com a presença de dois ministros

vezes faz a diferença junto da população de Arruda dos Vinhos.


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Hotgold no Carregado lidera indústria de filmes porno

“Gerir uma empresa destas é igual a gerir uma empresa de batatas fritas” principal empresa do ramo da indústria de filmes para adultos tem as suas instalações no Carregado. A localização terá sido mera coincidência, pois nas palavras de João Costa, diretor da empresa, desde 2014, a escolha deveu-se ao facto de se constituir como uma alternativa mais económica em termos de logística em relação a Lisboa. Certo é que já se tornou tema de conversa entre a população a presença de uma empresa deste género na localidade. A Hotgold dá emprego fixo a 15 pessoas no Carregado, entre elementos ligados à produção, secretariado, e direção. Os atores e atrizes são contratados através de prestação de serviços, não sendo por isso funcionários da empresa. João Costa atualmente dirige a Hotgold que possui três canais no cabo: canal hot (42 mil 800 subscritores nas quatro operadoras); hot man (o primeiro canal gay), e hot taboo (dedicado aos fetiches) apenas na Meo e Vodafone. (Estes dois últimos foram para o ar há escassos meses). O responsável esteve durante vários anos ligado a revistas masculinas, mas nos últimos anos decidiu enveredar por esta indústria, e não tem dúvidas de que ao fim de pouco tempo “gerir uma empresa de filmes pornográficos é como gerir uma fábrica de batatas fritas”. “Sou apenas um gestor que tem de estar atento aos lucros e aos custos como em qualquer negócio”, especifica. Líder de mercado nesta área, conseguindo superar o facto de na internet este género de conteúdos

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estar a apenas a distância de um clique, acessível a todos, e de forma completamente gratuita, revela que o segredo do sucesso devese ao facto de “fazermos produções portuguesas a pensar nos portugueses”, e desmistifica qualquer ideia de que o português ainda seja “demasiado conservador”. “Isso está completamente ultrapassado, porque até em outras áreas quando se quer vender apela-se ao sexo”. A produção da Hotgold é feita no estúdio do Carregado, mas também “em algumas vivendas alugadas para o efeito”. Neste negócio como em outros, a Hotgold tentou a dada altura replicar o que se fazia lá fora, “mas desde que entrei na empresa que tentámos reverter essa lógica porque, estamos a falar de produções de outro nível e com um tipo de custos muito alto”, até porque “não temos, ainda, atrizes que saibam representar como deve ser”. Daí que o caminho tivesse ido por “conteúdos mais realistas e mais caseiros”. Uma vez em cena, o diretor dá indicações aos atores para que “representem como se estivessem nas suas casas, nos seus quartos”. “Dou muita liberdade aos atores e atrizes, apenas faço essa salvaguarda, a partir daí, o sexo é muito mais real, mas isto não quer dizer que façamos filmes pornográfico gonzos (onde uma única pessoa faz o papel de diretor, camara man, e ator), pois apostamos na qualidade e no profissionalismo”. O canal hot prepara-se entretanto para lançar uma nova aposta, com uma das velhas

Diretor esteve ligado a revistas masculinas caras deste tipo de indústria, Sá Leão, e que contará com entrevistas de rua e talk-show em estúdio. “Vai encarnar uma espécie de ministro do sexo. O programa nunca foi feito cá em Portugal”. Apesar de Portugal ter uma indústria ainda pouco desenvolvida nesta área, João Costa evidencia que foi a partir da Hot Gold que surgiu o nome de Érica Fontes, uma das maiores estrelas mundiais da indústria em causa. “Foi trabalhar para o estrangeiro, leva isto muito a sério e é extremamente profissional”, opina. A crise a dada altura também veio condicionar a indústria, até porque surgiram outras

pequenas empresas que “começaram a fazer preços mais baixos e a jogar com as margens”. No futuro, João Costa gostaria de diversificar o produto tanto quanto possível, “e tal como a SIC tem, por exemplo, o canal Radical e o Mulher, a ideia é fazer uma coisa parecida no universo da Hotgold”, e avança com a ideia de um canal mais soft dedicado à mulher, “até porque neste momento até a CMTV já tem filmes eróticos”. O mercado pode, ainda, crescer para os Palop, “embora em Angola a pornografia seja considerada crime, mas estamos a tentar entrar nesses países, que embora pe-

quenos, podem ser significativos como Cabo Verde”. A faturação da empresa em 2015 foi de um milhão e 279 mil euros. (Nos últimos dias surgiu a notícia de que a empresa fez um pedido de revitalização junto da banca, entretanto negado pelo tribunal e que se destinava a pagar dívida aos credores no valor de 2.055 milhões de euros). Quando se fala desta indústria pensa-se em atrizes extremamente bem pagas tendo em conta o grau de exposição a que se sujeitam, mas de acordo com o responsável um filme em média dá 1200 euros. O ator normalmente

ganha metade. Contudo “muitas mulheres vão ficando pelo caminho nesta indústria, querem ganhar uns trocos, e vão à vida delas. Nesta como noutras áreas em Portugal, há quem não tenha brio profissional, e temos o caso da Érica que foi a única que se profissionalizou”. Quanto aos homens, “quase todos entram aqui com a mania, mas depois a maior parte deles não funciona em frente às câmaras. Uma coisa é ser um grande macho em casa, com as luzes do teto apagadas, outra coisa é vir para aqui e ter duas pessoas com câmara, o que já é intimidante”.

Obras em Benavente causaram constrangimentos s obras de repavimentação decorridas nas últimas semanas em Benavente causaram diversos constrangimentos no trânsito condicionando dessa forma a normalidade nas deslocações dos cidadãos. Ricardo Oliveira, vereador do PSD na autarquia, levantou

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esta questão referindo ainda que em determinadas alturas, e porque o trânsito se fazia alternadamente, alunos e professores tiveram de faltar às aulas, e sugeriu a criação de uma outra alternativa com o desvio de trânsito de pesados do interior da vila.

Carlos Coutinho, presidente da autarquia, concordou com o facto de a obra não ter corrido da melhor forma. A Câmara ainda sugeriu à Estradas de Portugal o mês de setembro para a empreitada e em período noturno, mas tal não teve aceitação positiva, com o argumento de que

não havia condições. Contudo não existem alternativas para a circulação de trânsito pesado. “Sabemos que os primeiros dias foram complicados mas os últimos já foram melhores, através de alguns ajustes que se conseguiram fazer, evitando-se os trabalhos em períodos do dia

que coincidiam com as denominadas horas de ponta”. O presidente da autarquia desabafou no sentido de que as relações com a Estradas de Portugal são complicadas porque o organismo não se responsabiliza com a construção da rotunda na Nacional 10, assumida agora

por empresas como o POAO e o Continente. A Estradas de Portugal referiu que assumia a parte do projeto, entretanto a Câmara começou com a obras num troço adjacente no local, Estrada da Samorena, investindo 150 mil euros num coletor de águas residuais e em passeios.


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Política

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Autárquicas 2017

PS apoia incondicionalmente recandidatos s presidentes das Câmaras de todo o país eleitos pelo Partido Socialista estão a ser encorajados pela direção nacional do PS a recandidatarem-se. Pela região, Hélder Esménio em Salvaterra de Magos e Pedro Folgado em Alenquer,já deram o seu “ok” ao PS e anunciaram as suas candidaturas. Todavia, há ainda concelhos onde reina a incerteza, mas neste caso são decisões ao nível pessoal que estarão a atrasar o processo, já que o PS não impõe as recandidaturas, apenas apoia incondicionalmente os autarcas que queiram avançar. Se é quase certo que em Vila Franca de Xira Alberto Mesquita vai avançar, já não é certo se Pedro Magalhães Ribeiro o faça no Cartaxo. Ao Valor Local, o autar-

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ca disse sentir o apoio do partido nesse sentido, mas vincou que essa seria uma decisão a ser tomada durante o mês de novem-

bro. Pedro Ribeiro salienta que em causa está uma situação relacionada com a sua vida pessoal e que isso pesará no futuro

da sua família. Já em Azambuja a situação parece agora mais clara. Luís de Sousa que sucedeu a Joaquim Ra-

Candidatos vão tomando a fila de partida para as autárquicas

mos em 2013, já veio a terreiro dizer-se disponível para disputar eleições internas no PS/Azambuja contra precisamente Joaquim Ramos, que em tempos também mostrou a sua disponibilidade, em primeira mão, numa entrevista ao Valor Local. O nosso jornal sabe que Luís de Sousa seria o candidato natural e que tem consigo a grande maioria do partido e até o apoio do presidente da FAUL (Federação da Área Urbana de Lisboa) do PS, Marcos Perestrelo, mas estará à espera do dito timing certo, possivelmente durante um ato público que estará no horizonte. A fazer fé na última decisão do PS nacional, se Luís de Sousa quiser mesmo avançar, será o próximo candidato para já contra

outros pretendentes da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra e da CDU que ainda não decidiram os seus representantes. Do PS nacional as regras são simples. Segundo o jornal online “Observador” as listas terão de preencher alguns requisitos, nomeadamente, quotas para jovens com menos de 35 anos e o mesmo número de homens e mulheres. Dificilmente o PS Azambuja conseguirá colocar três homens nos primeiros lugares da lista como aconteceu nas últimas eleições. Acresce ainda uma “desautorização” do PS/Nacional às concelhias. Segundo o mesmo jornal os autarcas que queiram ser recandidatos têm todo o apoio da estrutura nacional, mesmo que as concelhias estejam contra.

CDS de Azambuja desafia secretário de estado CDS de Azambuja congratulou-se com a vinda do Secretário de Estado das Infraestruturas do governo atual liderado pelo Partido Socialista que esteve recentemente no concelho onde tomou o pulso à necessidade de obras nas principais via que atravessam o município.José Carlos Matos, esclarece na sua página pessoal do facebook que a iniciativa dos centristas precisamente sobre a sinistralidade e o estado das vias do concelho foi adiada, mas que a vinda do governante acaba por seu positiva para o concelho. A iniciativa estava marcada para o dia 22 de outubro. Guilherme d’Oliveira Martins visitou a EN3, uma das mais movimentadas estradas nacionais do país, pois o intenso tráfego pesado gerado pela atividade logística da Zona Industrial Azambuja/Vila Nova da Rainha e o nível de sinistralidade verificado continuam

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a evidenciar a necessidade da duplicação da via, a remarcação do piso e criação de faixas de segurança e soluções para o estacionamento indevido de pesados e ligeiros em vários pontos. No perigoso entroncamento com a ‘nacional 366’ – conhecido como “cruzamento da Guarita” – continua a propor-se a construção de uma rotunda. Na EN366, ficou o alerta habitual para a limpeza das bermas que melhore a visibilidade diminuindo o perigo, e a insistência (já de há largos anos) na urgência de construir variantes a Aveiras de Baixo e a Aveiras de Cima cujos centros urbanos continuam a sofrer com todo o trânsito – muito dele de pesados – desta via nacional. Os problemas da EN3-1 “Estrada das Lezírias” têm a ver com a atividade agrícola com uso de veículos de grande tonelagem. São

diversas as zonas com abatimentos e piso em mau estado, sem esquecer a idade e fragilidades de algumas passagens hidráulicas para ‘alimentação’ de canais de rega. O presidente da concelhia do CDS de Azambuja salienta que tem sido difícil conciliar as agendas dos intervenientes para um debate sobre a sinistralidade, mas que a vinda do Secretário de Estado, mesmo que venha de outro partido que não o CDS é uma mais valia, afastando as “questões partidárias”. Ainda assim, José Carlos Matos, diz que gostaria de ter o governante socialista no debate, cuja data ainda não está definida. Mas adverte que o mesmo deverá “trazer as respostas às questões que levou em agenda para as suas reuniões de trabalho” colocadas pelo presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa.

Durante a visita ao concelho

Coligação Novo Rumo lamenta chumbo dos comunistas A

Coligação Novo Rumo de Vila Franca de Xira lamenta que a CDU não tivesse votado favoravelmente uma proposta para a atribuição de uma verba anual para as associações de bombeiros do concelho numa das últi-

mas reuniões de Câmara. Nesse sentido e numa nota enviada aos jornalistas, a Coligação Novo Rumo que integra partidos como o PSD e MPT lamentou que “os eleitos comunistas não tenham liberdade para votar fa-

voravelmente propostas que realmente têm impacto no nosso concelho, apenas porque são apresentadas pela Coligação Novo Rumo”. Na mesma nota acusam os comunistas de “partidarite”, em que

alguns eleitos que “não conseguem estar a favor da atribuição de apoios a instituições tão merecedoras como são os bombeiros”. Ao todo, a Coligação Novo Rumo, anunciou que os corpos

de bombeiros vão receber um total de 450 mil euros distribuídos até 2018. Segundo a coligação, esta é a política que vai ser seguida pela mesma, nomeadamente, no que toca às “seis associações huma-

nitárias de bombeiros voluntários, compostas por centenas de homens e mulheres, de diferentes idades e condição social, que prestam um contributo imprescindível e constituem um pilar da sociedade” refere o comunicado.


Entrevista

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O adeus de António Jorge Lop

“Não preciso de figura de cartaz” ¢ Miguel A. Rodrigues ¢ Sílvia Agostinho Valor Local – Recordando o seu percurso político, começa como vereador quando Pedro Lynce se candidatou em 2001. Depois surge como cabeça de lista às autárquicas de 2009 e 2013. Pelo meio António José Matos e Ana Maria Ferreira fizeram o mandato de 2005, mas acabaram por integrar mais tarde listas do Partido Socialista, como é que vê o percurso destas pessoas? Pensa que foi prejudicial para o PSD? António Jorge Lopes – Os partidos são independentes do percurso, das ambições e dos protagonismos das pessoas. No caso de Ana Maria Ferreira foi para vereadora do antigo presidente da Câ-

mara, Joaquim Ramos, e António José Matos é hoje presidente da Assembleia Municipal pelo Partido Socialista. Não há contratos para a vida eterna com as pessoas, que são livres de entrar e sair quando entendem. A vida deles já não nos diz respeito. O PSD não sente que perdeu quadros com a saída desses antigos militantes? Pelo contrário, até porque o PSD tem vindo a revelar ao longo dos anos uma capacidade enorme de renovação de quadros técnicos e com um elevado perfil político. Para além disso, é público e notório o facto de o PSD hoje se apresentar unido como já não acontecia há muito, com as diferentes formas de pensamento existentes no partido a focarem-se essencialmente no desenvolvimento do

concelho de Azambuja. A saída de António José Matos do PSD veio tornar as coisas muito mais tranquilas. De que forma se tornaram mais tranquilas? Porque as pessoas começaram a conversar e a entender-se muito melhor. E isso não acontecia no tempo de Matos? Havia muitas mais dificuldades. Mas o senhor também teve algumas dificuldades no relacionamento com Virgínia Estorninho, que agora regressou. Sim é verdade, mas o grupo está unido atualmente em torno da mesma bandeira. Estamos focados no concelho, e temos também os regressos de Rui Corça e Francisco João Silva. E essa união tem a ver com o estado do concelho, e

com a necessidade de se virar a página em Azambuja, para que consigamos almejar o que outros municípios à nossa volta possuem. Mas essa união surge depois de o senhor ter dito que já não é candidato à Câmara em 2017. Eu desde as eleições de 2013 que digo que não volto a ser candidato. E há cerca de dois anos voltei a dizer o mesmo no partido. Aliás não quero voltar a ter essa experiência, devido a condições profissionais e pessoais. Essa vida para mim acabou. Chego ao fim deste mandato com 12 anos de vereador na oposição. Julgo que não houve outro vereador da oposição que tivesse estado tanto tempo na Câmara de Azambuja. Sem qualquer espécie de regalias, recebendo apenas o valor da senha de presença no valor de 58 euros, apesar de partici-

Votação do aditamento

PSD não se quis responsabilizar pelo pagamento da indeminização à Aquapor primeira metade do atual mandato foi marcada pela discussão em torno do aditamento ao contrato de águas e saneamento celebrado entre o município de Azambuja e a Águas da Azambuja. O PSD que sempre se afirmou contra os pressupostos desse contrato, tendo inclusive forçado o abandono da comissão de acompanhamento por parte do presidente inicialmente designado para o efeito, acabou por de forma indireta permitir a aprovação da proposta em assembleia municipal, graças à abstenção de uma deputada da coligação. António Jorge Lopes confessa publicamente pela primeira vez que esta situação foi estudada previamente porque a coligação não quereria ficar com a batata quente na mão, “pois ninguém nos sabia dizer qual o valor da indemnização a pagar à Águas da Azambuja em caso de se avançar com o processo para tribunal”. “Falava-se em 20, 30 ou 40 milhões, e houve até quem avançasse com 86 milhões, mas nunca nos mostraram documentos”. O presidente da concelhia do PSD explicita que “se o PS nos tivesse dado os valores, podíamos votar contra, como não houve resposta, a votação foi aquela a que assistimos”. António Jorge Lopes faz ainda questão de frisar que independentemente deste quadro, “a culpa de hoje em dia a população estar a pagar uma fatura mais cara, ou lhes estar a ser cobrado saneamento e tarifa de disponibilidade de saneamento onde este não existe é por exclusiva responsabilidade do PS”.

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par ativamente nas reuniões de câmara e de estudar os assuntos. Possivelmente, daqui a um ano, os eleitos serão outros, e eu estarei na assembleia municipal, embora não como cabeça de lista, nem como líder de bancada. Há algo que explique o facto de o PSD não ter conseguido ir mais além em matéria de votos no concelho de Azambuja, nestes 12 anos? O PS está na Câmara desde 1985, e há razões estruturais para isso. Podemos recuar até 2001, (altura em que vou nas listas como número dois de Pedro Lynce), ou até 2005 com António José Matos, e depois 2009 e 2013 comigo, e vemos que o PS ganhou sempre, mas também conseguimos analisar que nas últimas eleições o PS teve o resultado mais baixo de sempre desde 1976. No nosso caso apesar de termos perdido tivemos mais vereadores e deputados municipais. Conseguimos uma junta de freguesia. Não sou daqueles que acredita no euromilhões, e por isso não penso que conseguimos tudo de uma vez. Na vida como na política, as coisas são o resultado do esforço, do trabalho e da coerência. É preciso ter paciência e não andar aos ziguezagues. Quem pensa que pode adotar esta ou aquela posição em função da sua ambição pessoal, vai pelo caminho mais fácil, e para o partido que está acostumado a ganhar. Quem anda nisto pelas

suas convicções pessoais mantém-se onde está e continua a trabalhar. Por isso tenho a convicção muito firme de que o trabalho feito nestes dois últimos mandatos vai dar frutos nas eleições do ano que vem, e o PS vai perder. Essa sua convicção está relacionada com o mandato de Luís de Sousa? Ou com outras circunstâncias? O PS perdeu dois mil votos. Mas a CDU também subiu. Sim com certeza, mas não subiu dois mil votos. Basta o PS perder agora mil votos, que perde automaticamente a Câmara. É tudo uma questão matemática. O perfil do eleitorado também mudou, e as pessoas já não votam em função dos símbolos dos partidos. Tenho a certeza muito firme de que o PS vai perder. E o PSD vai ganhar? Depois se saberá se será o PSD ou a candidatura protagonizada pela CDU. Estou em crer pelas novas dinâmicas eleitorais, que há de facto uma probabilidade grande de ser a nossa candidatura a ganhar as eleições. Sendo que estou certo de que o PS vai perder. Se for o PSD a ganhar, isso não o fragilizará? Pois foi tantas vezes o rosto do partido nas autárquicas. Se o seu partido ganhar não será o senhor o novo presidente da Câmara. Mais frágil? Quer dizer quando nós estamos nestes projetos não é em função de nós próprios. Se assim


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ser ” fosse podia ter mudado de partido, que era a solução mais fácil. Já teve convites para mudar de partido? Sim já tive alguns. Isso é público. Não estou a fazer aqui nenhuma inconfidência. Sou soldado de um partido e vou dando ajuda a quem quer que seja. Não tenho o direito de me afastar do partido quando são outros. Serei leal a essas pessoas. Quem propôs o nome de António José Matos como candidato à Câmara aqui em Azambuja, mas também nos órgãos nacionais e distritais fui eu. E durante a campanha eleitoral nunca me neguei a ajudá-lo. Não preciso de ser figura de cartaz. Vai levar a cabo o seu atual mandato até ao fim dentro do espírito de renovação de quadros do PSD de que falou há pouco? Nisso também quero ser muito claro. Houve um momento em que pensei sair ao fim de seis meses de mandato, mas decidi ficar, tendo em conta um conjunto de erros que se conseguiu evitar por parte da maioria. E por isso vou manter o meu mandato até ao fim. Quando faltarem três ou quatro meses para as eleições, tomarei a decisão quanto a uma recandidatura à presidência da concelhia local, mas julgo que com o músculo que se está a criar não será necessário, e dessa forma poderei também aí recuar. E quando é que o PSD vai anun-

A menos de um das eleições de 2017, António Jorge Lopes que foi cabeça de lista por duas vezes diz pela primeira em entrevista que não está disponível para outro mandato. A análise da gestão de Luís de Sousa é vista com pessimismo e acredita que o PS não vai ganhar o próximo escrutínio eleitoral no concelho.

ciar o candidato à Câmara? Isso é transparente e público. O processo de decisão da escolha do candidato estará concluído até finais de novembro deste ano. E nessa altura será anunciado. Têm vindo a público nomes como o de Rui Corça. Trata-se de especulação? É um exercício que os jornalistas gostam de fazer. E quando não inventam não confirmam junto da fonte correta. Também já ouvi falar da Maria João Canilho e de outros nomes. Compreendo este entusiasmo pela nossa candidatura por parte dos jornais porque pressentem que as pessoas do concelho estão sem expetativas, já que o concelho não apresenta um rumo. Há falta de equipa, projeto e liderança. Até em coisas pequeninas: Nunca houve tanto lixo na rua, e falta de limpeza de contentores. Temos empresas a fechar como foi o caso da Impormol. E as pessoas sentem que tem de haver alternativa. A comunicação social pressente isso. Mas esses nomes de que já falámos por vezes são ventilados por fontes do próprio partido. Ou é fuga de informação ou uma tentativa de plantar informação de forma estratégica. Nessas alturas nada melhor do que vir falar com a fonte certa, neste caso quem dirige os órgãos políticos dos partidos. No PS já perdi a conta ao número de candidatos.

Entrevista

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“Câmara de Azambuja tem um problema de incompetência e está a gerir o calendário eleitoral” Recuando ao início do mandato, lembramo-nos das reuniões que existiram entre o presidente da Câmara e a oposição na tentativa de se formar uma alternativa que assegurasse a maioria. Na altura o que impediu a coligação de fazer parte desta solução, que acabou por ser integrada por Herculano Valada eleito nas listas da CDU? Fizemos uma declaração no início do mandato em que explicámos exaustivamente o que nos tinha sido proposto pelo presidente da Câmara e as razões pelas quais não entrámos nessa solução. Nunca discutimos lugares, mas a definição de questões estratégicas para o concelho, bem como mudanças na orgânica da Câmara, e respetivo envelope financeiro para esse projeto. Luís de Sousa mostrou alguma abertura mas dias depois optou pelo vereador Herculano. Nunca foi tornado público o que decidiram entre eles, e se havia algum projeto para o concelho. Certo é que nem eu nem a minha colega de vereação precisávamos de ir para a Câmara para ganhar mais rendimentos, porque qualquer um de nós ganha mais do que um vereador a tempo inteiro. É curioso ver que pela segunda vez, há um vereador da CDU a fazer um acordo com o presidente da Câmara (Angélica Conceição eleita por aquele partido fizera o mesmo no mandato 1997/2001) traindo o seu partido e a vontade popular. Seria importante refletir sobre até que ponto o voto na CDU é de confiança neste concelho. No PSD ninguém fez essa cambalhota. Mas houve o caso de Ana Maria Ferreira. Sim, mas saiu primeiro do partido. Estamos a falar de um vereador que mudou de camisola a meio de

um jogo e vai para a equipa adversária. Tendo em conta o aparecimento da geringonça, quase que podemos dizer que Azambuja tem meia geringonça. Não tenho essa perspetiva, o que sei é que temos assuntos demasiado importantes para ficarmos como acontece, neste momento, pela discussão da quintinha e da capelinha. Esta Câmara é muito reativa, apenas se entretém a resolver o problema do buraco na rua, e do contentor por lavar. No dia seguinte o problema até pode ser resolvido, mas primeiro o munícipe teve de ir reclamar à reunião de Câmara. Esta é uma gestão muito pequenina, que governa em função da queixa. Não há uma visão estratégica que antecipe o futuro. A atual Câmara herdou uma dívida pesada do anterior mandato, tem conseguido de certa forma equilibrar as contas. Neste momento, já estão anunciadas diversas obras, nomeadamente, a reativação das piscinas. Como é que avalia o mandato de Luís de Sousa? Faço um balanço negativo, apesar de ter a melhor consideração pessoal por ele e pela sua família, pois conheço-o há mais de 30 anos. Até porque essa questão da dívida não se enquadra da maneira como disse. As contas estão controladas porque a lei assim o obriga, independentemente de estar lá o Luís de Sousa, ou outro presidente da Câmara. Até podia ser comigo, que não havia diferenças nesse âmbito. De facto, este executivo é muito mau, até já houve quem dissesse que era o pior de sempre. Estamos a regredir. Serviços básicos que eram minimamente cumpridos não o estão a ser, como é o caso da limpeza das

ruas. Os caixotes do lixo nunca cheiraram tão mal. Há um conjunto de circunstâncias básicas que não estão a ser resolvidas. Existe falta de estratégia, ambição e capacidade técnica do presidente e dos vereadores. Com isto não estou a dizer que tenham de ser engenheiros ou arquitetos, basta no mínimo ter algum bom senso. Já alguém me dizia que hoje o concelho está igual ao que era em 1985 João Benavente ganhou pela primeira vez as eleições. Este presidente e vereadores não têm pedalada para estes novos tempos. Quando diz que não têm pedalada refere-se às obras que já deviam estar a andar? Têm sido anunciadas obras, ou intenções de obras mas é tudo feito em função do calendário eleitoral. Exemplo disso mesmo é o mercado de Manique cujas obras estão há oito meses paradas à espera de a sua conclusão coincidir com o fim do mandato. A questão das piscinas é paradigmática de tudo isto, andou-se a empurrar com a barriga com um conjunto de estudos que nunca ninguém viu. Umas vezes custava 600 mil euros, outras: um milhão, e agora vai-se concretizar o mesmo projeto que tinha sido apresentado no mandato de Joaquim Ramos. Tem havido falta de transparência? Fundamentalmente, incompetência. Até porque de uma forma ou de outra, o projeto para as piscinas de Joaquim Ramos tinha uma direção. Recordo que na altura, o antigo vereador do Desporto, Marco Leal, abordou este tema de uma forma com a qual concordo, que se prendia com a rentabilização das piscinas uma vez a funcionarem, para que os prejuízos pudessem ser controlados. Esta

António Jorge Lopes cumprirá 12 anos como vereador

era uma reflexão importante a ser feita, mas creio que nunca o foi pelo atual executivo. Há pouco salientou a falta de uma visão estratégica no concelho. Esta figura nova do gestor da inovação não lhe parece otimista nesse sentido? O concelho de Azambuja vive um quadro de empobrecimento estrutural onde é necessário captar mais empresas que não apenas as de logística onde os salários praticados não vão além dos 600 euros. Cada vez mais as famílias vivem com dificuldades, e num concelho onde a massa crítica que já é pouca vai decrescendo ainda mais, porque não há condições por parte dos agregados de enviarem os seus filhos para as faculdades. E esta é uma reflexão a ser feita e não pode ser resolvida apenas por um partido. Em outros lados realizam-se jornadas de desenvolvimento, e as pessoas dizem o que pensam. Aqui isso não é feito. Os próprios cidadãos deveriam ser mais exigentes e participativos. Mas isso que defende é uma solução de longo prazo. Exatamente, não se pode apenas carregar num botão. Tem de existir uma liderança estratégica para o concelho. Precisamos de uma pedrada no charco no nosso concelho, e nesse ponto de vista 30 anos com as mesmas pessoas não é bom nem faz bem. Deem uma oportunidade a outros. Se não gostarem podem trocar de novo daqui a quatro anos. Eleger uma Câmara não é um concurso de simpatia ou a rainha das vindimas. É preciso mais do que ser simpático. Entrevista disponível na íntegra, em vídeo, nos próximos dias em www.valorlocal.pt


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Faturas da Águas da Azambuja geram nova contestação êm-se sucedido cada vez mais queixas no concelho de Azambuja relativamente à cobrança de taxa de saneamento variável em localidades onde os esgotos ainda não estão construídos. Numa das últimas reuniões de Câmara os vereadores da oposição alertaram para a ilegalidade da questão, e foi mesmo pedido à Câmara para que agilize junto do assessor jurídico do município no sentido de elaborar um parecer para o efeito. O munícipe Justino Oliveira mostrou algumas faturas nesta reunião de Câmara para dar conta do que considera ser um descalabro na taxação da Águas da Azambuja. “A tarifa de saneamento variável em julho estava indexada a 37 por cento da água concelhia, em agosto 38,1 por cento e em setembro 71 por cento. Ora isto é astronómico, e corresponde a ¾ da água de todo o concelho”. Estas alterações implicaram um agravamento na fatura de “20,57 euros em julho para 28,13 euros em setembro com os mesmos metros cúbicos de água consumidos”. Justino Oliveira referiu-se ainda à circunstância de estar a ser faturado o saneamento em algumas zo-

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nas da freguesia de Aveiras de Cima, onde a rede separativa não existe como é o caso do bairro da Milhariça. “A Águas da Azambuja está a ganhar dinheiro sem ter feito investimento no local”. O vice-presidente da autarquia, Silvino Lúcio, realçou que foram feitas em tempo ligações indevidas à rede pluvial agora descobertas com a limpeza da ribeira. “Vamos tentar corrigir o mais brevemente possível com inspeções no local moradia a moradia para se operarem as devidas correções”. O famigerado decréscimo das taxas de saneamento e de consumo de água anunciado com a fusão dos sistemas (tendo em vista a eliminação de intermediários e com isso embaratecer os custos ao consumidor final) deverá ser aplicado a partir de janeiro. No concelho como em algumas outras regiões do país “isso vai acontecer”, garantiu mais uma vez Silvino Lúcio que anunciou ainda a possibilidade de através da Águas do Oeste (Residuais) o município vir a pagar ainda menos no saneamento tendo em conta a constituição de uma nova empresa no seio da Águas de Lisboa e Vale do Tejo

constituída pela Sanest e Simtejo. Quanto às críticas de que o saneamento está a conhecer aumentos consideráveis e à partida inexplicáveis no entender do munícipe e da oposição, Silvino Lúcio

foi referindo que já se esperava que isso acontecesse com a entrada em vigor do novo tarifário a 22 de agosto, e como “a faturação ainda apanhou uma parte de julho, outra de agosto, e uma parte ini-

cial de setembro temos essa disparidade de valores. É um esforço que todos nós vamos ter de fazer”, apesar de “a água estar mais barata bem como a tarifa de disponibilidade”.

Justino Oliveira queixou-se das fatura novamente

Neste momento, o concelho está coberto a 72 por cento na rede de saneamento, “espera-se chegar aos 98 por cento neste novo caderno de investimentos assumido pela empresa”.


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Dossier: Águas

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Remodelação e ampliação dos reservatórios de água

Investimento de 1,2 milhões de euros inaugurado na Póvoa de Santa Iria ¢ ¢

Sílvia Agostinho Miguel A. Rodrigues s Serviços de Municipalizados de Água e Saneamento de Vila Franca de Xira (SMAS) procederam à inauguração no passado dia 14 de outubro da obra de remodelação e ampliação dos reservatórios de água da Póvoa de Santa Iria. Tal obra avaliada em cerca de 1,2 milhões de euros, vem reforçar o abastecimento de água naquelas freguesias, bem como aumentar a sua capacidade de reserva de 1500 m3 para 6500 m3 . António Oliveira, presidente do conselho de administração dos SMAS salientou, por seu lado, a importância desta obra, ao mesmo tempo que referiu o esforço financeiro levado a cabo pelo município para a implantar. António Oliveira frisou como de máxima importância o aumento de capacidade de reserva de um

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para dois dias e meio de água, valores estes que são “essenciais para a melhoria da qualidade dos serviços prestados aos habitantes na freguesia da Póvoa de Santa iria, Bragadas e Forte da Casa”. Ao todo são 31 mil clientes que serão abrangidos por esta melhoria agora introduzida, ao mesmo tempo que anunciou a entrada ao serviço de uma viatura de limpeza e desobstrução de coletores no valor de 180 mil euros “com a qual se encerra o renovamento da frota na área de saneamento” lembrando a aquisição de outras duas viaturas durante o ano, com um investimento de 425 mil euros. Alberto Mesquita, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, destacou igualmente a importância desta obra, vincando a necessidade da rentabilização dos recursos, e destacou que esse trabalho tem vindo a ser fei-

to ao longo dos anos pelos SMAS de Vila Franca de Xira. Nesse sentido, Alberto Mesquita sublinha que o investimento na área nos últimos três anos foi significativo “rondando os 13 milhões de euros totalmente suportados pelo orçamento dos SMAS”. Para o autarca a obra agora inaugurada a par com uma outra levada a cabo em Vialonga há quatro anos atrás “traduz a visão e a previsão em acautelar as necessidades futuras em todo o território nacional”, vincando que esta obra assegura no caso de aumento da população: a qualidade na distribuição de água. O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, elogiou a obra levada a cabo pelo município de Vila Franca de Xira. O governante que foi morador em Alverca salientou que sempre notou o bom serviço dos SMAS enquanto cliente.

Um brinde à nova obra Todavia, Carlos Martins anunciou que o processo de agregação de sistemas multimunicipais levados a cabo pelo anterior governo será revisto. Nesse sentido vincou que está a ser preparada uma alteração legislativa, que deverá entrar em vigor em janeiro de 2017 e que terá impacto também em Vila

Franca de Xira. Segundo o secretário de Estado, vai ser criada na Área Metropolitana de Lisboa uma empresa de saneamento, reunindo a antiga Sanest, Simtejo e a parte das Águas Residuais do Oeste, “numa grande empresa onde os municípios passarão de novo a

ter um papel preponderante ao nível do acompanhamento da gestão e participação” e vinca estar seguro que com esta nova estrutura, os municípios “”terão tarifas mais adequadas daquilo que são as suas expetativas com um nível de serviço do que vai sendo prática nos serviços multimunicipais”.

Quatro questões ao presidente dos SMAS Vila Franca 1 Valor Local: Após a inauguração desta nova obra na Póvoa de Santa Iria, que outras obras a Câmara e os SMAS esperam conseguir arrancar ou concluir ainda este ano? E no próximo ano que obras podemos esperar no domínio da água e saneamento? António Oliveira: Durante o ano de 2016 foram efetuadas pelos SMAS de Vila Franca de Xira obras de remodelação das redes públicas de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais, num investimento previsto em plano plurianual de investimentos, cuja a execução se prevê até ao final do ano em cerca de 3 milhões 500 mil euros. Atualmente, em curso, há que salientar a empreitada de remodelação da rede de abastecimento de água e da rede de saneamento nas Ruas do Curado e Joaquim Pedro Monteiro, na cidade de Vila Franca de Xira, num investimento que ultrapassa os 200 mil euros. Para o ano de 2017 a prioridade será a execução de um trabalho de continuidade na implementação de redes separativas e no controlo de afluências ao sistema de saneamento, bem como na renovação das redes de saneamento, visando uma correta entrega de afluentes aos sistemas de tratamento. No que concerne ao abastecimento de água, a prioridade é a renovação da rede de abastecimento nos locais onde se verificam mais roturas por forma a melhorar o serviço prestado às populações, podendo salientar a previsão de obras de remodelação no Bairro da Icesa – 3,.ª fase (Vialonga), na zona alta da vila de Castanheira do Ribatejo e na Praceta da Cevadeira, na mesma localidade.

2. A implementação da telemetria é uma das apostas do SMAS, neste momento qual o ponto de situação? Ao nível da telegestão os serviços possuem uma central de controlo e comando, que funciona 24h por dia, durante todo o ano, onde são controlados todos os equipamentos instalados nos reservatórios/ estações elevatórias, nomeadamente grupos electrobomba, válvulas, caudalímetros e demais equipamentos instalados. Importa referir que estão a ser instaladas em algumas das nossas instalações antenas direcionadas, por forma a diminuir os custos referentes às comunicações. 3. Numa das últimas entrevistas que nos concedeu falou dos seus receios acerca da verticalização do setor, e o facto de esperar uma reversão pelo que este Governo já deu a entender. Tem-lhe sido transmitida alguma nova informação neste sentido? Os SMAS de Vila Franca tem desencadeado algumas ações de pressão? Tal como foi anunciado, desde a primeira hora, pelo atual Governo, a verticalização do setor que culminou na criação por Decreto – Lei, e contra todas as posições tomadas pelos órgãos autárquicos dos municípios envolvidos, do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento de Lisboa e Vale do Tejo, com a agregação de anteriores sistemas multimunicipais, irá sofrer uma reavaliação. Atualmente a empresa Águas de Portugal, sob a égide da tutela, encontra-se num processo de negociação com os municípios envolvidos visando a reavaliação dos processos de agregação dos sistemas multimunicipais a nível do saneamento. Tal processo tem sido precedido de várias reuniões de trabalho, nas

quais o município de Vila Franca de Xira tem participado ativamente. 4. De 2015 para 2016, a Câmara aprovou um decréscimo das tarifas, contudo em entrevista ao nosso jornal referiu que a manter-se assim a situação nos sistemas em alta, o agravamento das tarifas pode ser uma possibilidade. Passado um ano, ainda é cedo para se dizer alguma coisa, ou de facto já poderá estar no ar um aumento para 2017 ou 2018? O agravamento das tarifas no futuro dependerá da conclusão da reavaliação do processo de agregação dos sistemas multimunicipais, pelo que como esperamos que o processo esteja concluído até ao final do corrente ano, possamos ter a partir dessa data uma maior perceção dos custos com o abastecimento de água e com o tratamento das águas residuais. De qualquer modo, temos consciência que, independentemente do resultado das atuais negociações, o défice tarifário existente entre os vários sistemas multimunicipais exigirá dos municípios da área da grande Lisboa uma comparticipação de solidariedade regional, visando a convergência tarifária nas várias regiões, que implicará um acréscimo nos custos de produção de cada município.

Águas do Ribatejo anuncia investimento de 16 milhões de euros em 2017 empresa intermunicipal “Águas do Ribatejo” (AR) chamou os jornalistas para anunciar o novo orçamento e plano de atividades para o ano que vem. A empresa planeia investir 16 milhões de euros da seguinte forma: saneamento (13 mil 565 euros); abastecimento (1 milhão 636 mil), exploração e manutenção (1 milhão 200 mil euros) e 173 mil euros para equipamentos informáticos e segurança. A alte-

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ração de tarifas ao consumidor sofrerá um aumento de 15 por cento, embora tivesse estado em cima da mesa um aumento a rondar os 20 por cento. Contudo Francisco Oliveira, presidente do conselho de administração da empresa, rejeitou a ideia de não existirem mais aumentos tendo em conta que em 2017 haverá eleições autárquicas. Já quanto aos investimentos em perspetiva, a empresa referiu

que os objetivos estratégicos da empresa passam por: aumentar a taxa de cobertura da população servida por rede de drenagem e ETAR para cerca de 80% em 2017; assegurar uma capacidade de armazenamento de água para um período de 48 horas em todo o sistema, o que significa mais do que duplicar a capacidade existente em 2008; reduzir as perdas de água dos cerca de 35% atuais para os 20%, até

2020. Em cima da mesa estão quase sempre as adesões de outros municípios, sendo que a Golegã deverá dar o passo final ainda este ano. a A cerimónia serviu ainda para a assinatura de um protocolo com a Escola Profissional de Salvaterra de Magos e que visa a qualificação de dezenas de funcionário da AR que ainda não terminaram os ensinos básico e secundário.

Empresa fez mais um balanço da atividade


Destaque

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Valor Local

Porto Porto Alto Alto

Negócios da China: Entre a Decadência e a Renovação

Valor mínimo da primeira compra é de 100 euros mais iva ¢ Sílvia Agostinho ¢ Miguel A. Rodrigues o passar pelo Porto Alto, concelho de Benavente, praticamente paramos no tempo. Recuamos ao início dos anos 2000, altura em que os cidadãos de nacionalidade chinesa começaram a chegar a Portugal. Ao mesmo tempo que Macau, antiga colónia portuguesa, era devolvida aos chineses, abria-se um capítulo na nossa história que viria a mudar a realidade das compras de muitos portugueses. No Porto Alto há ainda um bocadinho dessa euforia chinesa. São às dezenas os armazéns que ali se implantaram nos últimos quase 20 anos para abastecerem as pequenas e médias lojas que se foram espalhando pelo país, quais pequenos “franchises”. Uma pequena China Town comercial a escassos quilómetros da capital, e pouco abaixo do centro do país. É a partir do Porto Alto que se desenha esse país de lojas chinesas que se implantaram nas vilas mais pequenas e nas cidades maiores. Famílias e gerações de chineses foram-se instalando num país onde os portugueses andam sempre à procura de produtos mais baratos, sem atenção à qualidade

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ou ao local onde são fabricados. Para muitos, as lojas chinesas são importantes do ponto de vista social. Alguns produtos são efetivamente mais baratos, mas há também outros cujos preços competem com grandes marcas. E esta é uma tendência que se começou a desenhar nos últimos anos. As lojas chinesas estão mais modernas e arejadas. No Porto Alto, que alguns consideram a “meca” dos chineses, há um pouco de tudo. Os armazéns amontoam-se em ruas e travessas, ruazinhas e avenidas, e mesmo sem qualquer tipo de publicidade, não se queixam da concorrência mesmo ali ao lado, já que estes edifícios chegam a ser paredes meias uns com os outros e não parece que se queixem com falta de clientes, embora em surdina admitam que os tempos já foram melhores. Com a notícia de que o aeroporto podia ser o mais novel vizinho, novos armazéns foram surgindo nesta zona do concelho de Benavente, desde 2009, mas como o Campo de Tiro de Alcochete parece ser agora a nova Ota, e aeroporto nem vê-lo, a sangria dos armazéns foi em parte estancada, e alguns foram progressivamente abandonados, contri-

buindo ainda mais para a descaracterização da localidade do Porto Alto. Foi à procura dessa realidade dos armazéns chineses que o Valor Local tentou descobrir esse mundo. Um mundo vedado à maioria das pessoas que adquirem esses produtos nas suas lojas chinesas de bairro. Ao todo visitamos quatro armazéns. Em todos a vigilância é apertada, fazendo os mais honestos compradores corar quando se pergunta apenas quanto custa um referido artigo ou se vendem malas para senhora, por exemplo. No Porto Alto não é difícil encontrar um armazém que venda a grosso ou por vezes até a retalho. Todos têm inscrições em mandarim nas paredes, ou possuem um amontoado de cartões à porta. Aliás este é mesmo o cartão-de-visita de vários destes espaços. Em alguns destes armazéns ainda subsistem contentores que alegadamente servirão de “quarto de hotel” a muitos empregados e como já chegou a ser notícia em outros media na região. Não foi de todo difícil entrar em qualquer uma destas empresas, desde que não nos apresentássemos como jornalistas como chegámos a comprovar em algumas

incursões. A nossa reportagem consistia em nos apresentarmos como um casal que pretendia abrir uma loja em Vila Franca e para tal estaria interessado em fazer ali as compras. No primeiro armazém, dentro de um condomínio de empresas, fomos recebidos por um segurança, que estava mais interessado em degustar o lanche matinal do que no nosso propósito em nos apresentarmos no local. Era só mais um casal de potenciais clientes, no fundo. Com à vontade inusitado, tratou-nos por “tu” e franziu o sobrolho quendo transmitimos a informação de que pretendíamos “abrir uma loja de produtos chineses”, como se ele não fosse cliente ou se aquela comunidade tivesse algo a esconder. Indicandonos o caminho, alertou, ao mesmo tempo, para a presença de outros negócios naquele espaço e relutantemente lá nos disse onde estacionar a viatura, mesmo em frente ao armazém. À porta fomos recebidos por centenas de caixas de cartão desmanchadas. Uns metros à frente questionámos uma funcionária sobre se podíamos entrar e falarmos do nosso propósito. Ela, simpática, num português muito mau e di-

fícil de entender, deu-nos carta branca e disse que poderíamos ver à vontade. O interior da loja era o oposto do exterior. As malas, mochilas, e outras roupas, estavam dispostas de modo a que o cliente visse e comprasse a mercadoria sem muitas dificuldades. A catalogação estava bem-feita, e por isso identificámos à partida muitos itens que também já encontrámos nas lojas de bairro. Lá dentro, e enquanto a funcionária assistia a uma novela chinesa no telemóvel, estivemos sempre na mira das câmaras de vigilância. O que constrange um normal cliente, mesmo que habituado à presença deste tipo de segurança. Depois de uma ronda pela loja, dirigimo-nos de novo à funcionária e perguntámos pelas condições. Para tal era preciso apenas o número de identificação fiscal da empresa e o nome da mesma, sem necessidade de documentos extra para confirmar. Todavia a primeira compra teria de ser no mínimo de 100 euros acrescidos de IVA, um valor que parece ter sido concertado entre os vários armazéns. Acordámos então que voltaríamos a passar na loja, sendo que nos foi garantido que após a primeira en-

comenda não existiriam valores mínimos em compras futuras. “Até pode comprar cinco euros”, referiu a funcionária que nos acompanhou até ao carro através das câmaras de vigilância enquanto assistia à novela. Seguimos o nosso caminho e escolhemos outro espaço. Este, embora visível da estrada principal, é mais recatado. Cá fora não tinha muitas caixas acumuladas, mas um grande parque de estacionamento que convidava a uma deslocação ao armazém. Por ali já estavam algumas viaturas topo de gama que faziam as honras da casa neste espaço. Aliás este é um clássico neste como noutros armazéns. A nossa chegada deuse em simultâneo com a de outras pessoas, (ao contrário da primeira loja onde fomos os únicos clientes num vasto espaço durante os minutos em que lá estivemos) por sinal de nacionalidade portuguesa que ali se abastecem com alguma regularidade, a julgar pelo grau de confiança entre empregados e clientes. Aliás este foi o único espaço onde não passámos muito além da entrada, porque dali se via todo o tipo de mercadorias que vendiam. Os produtos, a maioria dentro de


Valor Local caixas, consistiam em brinquedos e artigos para decoração. Ao interpelarmos um funcionário, dissenos em mau português que as regras aplicadas eram iguais às de outros armazéns. Ou seja 100 euros na primeira compra acrescidos de IVA. Aliás a simpatia deste funcionário foi ao ponto de nos deixar fotografar o papel que indicava as regras. Este é um dos mais antigos armazéns do Porto Alto, e onde o interior parece mais lúgubre, anárquico, desarrumado e pouco convidativo a compras. Ainda entabulámos conversa sobre a concorrência do moderno e vistoso centro comercial POAO mesmo ali ao pé, mas a comunidade chinesa pauta-se pela discrição e sempre que tentávamos falar de outros espaços, desconversavam, a contrastar com o típico empresário português que não perde uma oportunidade para comparar-se ao produto que lhe é concorrencial. A viagem seguiu e nos dias seguintes visitámos um outro espaço com produtos para senhora. Malas, cintos e sapatos. Um espaço que contrastou com outros que visitámos pelas prateleiras modernas e funcionais com tudo devidamente acomodado e etiquetado. Mas as regras também aqui eram ditadas por uma primeira compra de 100 euros. O espaço bem tratado e bem catalogado, destacava-se por possuir os produtos bem ao alcance do cliente. De realçar, que nestes espaços visitados pelo Valor Local, apenas numa ocasião nos cruzámos com clientes, ou com pessoas que estariam eventualmente ali para comprar alguma coisa, e todos nos disseram que não vendiam diretamente ao público. Mas foi no recentemente aberto Centro POAO que tivemos uma longa conversa sobre a atividade e o fato de o centro ainda estar a meio gás. Mas primeiro um segurança totalmente fardado a preto inquiriu-nos sobre a nossa ida ao

Condições exigidas

local, e pediu-nos a identificação. Não foi muito complicado, mas depois de parquearmos o automóvel, fomos acompanhados do lado contrário da rua por outro segurança que ia usando o intercomunicador. O POAO surge numa tentativa de maquilhar e dar uma imagem mais moderna do comércio chinês no Porto Alto, mas poucas são ainda as lojas alugadas ou compradas, embora as obras ainda não estejam terminadas. Fora do âmbito chinês são ainda mais escassas, mas a W52 foi uma das que arriscou. Não se pode dizer que andassem muitos clientes às compras no dia da nossa visita, de tal maneira que numa das lojas alguns chineses iam-se entretendo a conversar sentados em bancos mesmo à entrada. Sinal de que não estariam à espera de fazer negócio. Numa das lojas, expressiva e sem “papas na língua” a proprietária, lá nos foi dando algumas dicas para a nossa loja, nomeadamente de produtos que considera terem muita saída nesta altura. Roupas para cama, cortinas, pijamas, e mantas faziam parte do leque de produtos que colocou à nossa disposição. Neste caso as condições eram semelhantes à dos restantes: a obrigação de ter um número de contribuinte empresarial e a primeira aquisição no valor de 100 euros mínimo mais iva. Com uma facilidade de expressão alegre e simpática, mas num português muitas vezes difícil de entender a responsável pela loja lá nos foi dizendo que tinha muitos clientes portugueses e que preferia trabalhar com estes do que com os compatriotas. Com uma loja no Martim Moniz em Lisboa, referiu ainda que tem clientes de toda a região, e que a loja neste novo e moderno centro de venda a grosso foi mais um passo na empresa. Com mais uns minutos de conversa, admitiu não querer vender a particulares para não fazer con-

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Algumas lojas tentam apresentar uma imagem mais cuidada corrência direta aos seus clientes, mas deixou-nos a porta aberta para fazermos algumas compras sem fatura, desde que fizéssemos a primeira compra, e esta sim fosse faturada como manda a lei. Astuta nas vendas, quase nos convenceu a abrir a tal loja fictícia só para a reportagem. As margens de lucro não são impostas pelo revendedor ao retalho e impera por isso o bom senso. Por exemplo, um edredom comprado por 19 euros nesta loja, poderá ser colocado à venda numa qualquer loja portuguesa a preços superiores a 50 euros, mais do que duplicando a margem de lucro, algo que só é possível tendo em conta a origem asiática destes produtos e a mãode-obra barata. De referir que o Valor Local contactou a administração do Centro POAO, mais do que uma vez, mas não nos responderam afirmativamente no

sentido de obtermos declarações por parte de quem de direito. Um dos agentes imobiliários que tem tentado negociar lojas do centro POAO é Jorge Mesquita, da empresa Landsafe de Benavente, que confessa estar a enfrentar alguns constrangimentos na transação dos espaços. São cerca de 265 lojas distribuídos por dois an-

dares numa área de 77 mil m2 e uma área bruta locavél de 56 mil m2. Contudo apenas uma parte do centro se apresenta mais ou menos composta por novos lojistas, na grande maioria chineses, o que confessa também acaba por retrair um pouco os empresários portugueses. “Ainda subsiste algum preconceito”, deixa no ar. Por

outro lado, duvida um pouco da eficácia de um centro destes “quando o retalho está um pouco em crise”. Olhando para alguns anúncios na internet ficamos a saber que o arrendamento de uma loja no POAO situa-se atualmente nos 966 euros mensais. Num outro site, percebemos que a venda se situa nos 295 mil euros.


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Valor Local

Presidente da Câmara de Benavente

“POAO é importante na qualificação da atividade chinesa” ara o presidente da Câmara de Benavente, a realidade dos armazéns chineses é incontornável no concelho, sendo que o novo investimento do POAO é sobretudo bem-vindo porque tem o intuito de requalificar a atividade dos armazéns chineses, muitas vezes apercebida como algo que permanece um pouco na penumbra. “Considerámos o projeto deste novo centro comercial como aliciante para o desenvolvimento económico e para a fixação de pessoas, e até para alguma vitalidade que possa trazer à restauração daquela zona do Porto Alto”. Aquando do anúncio deste novo empreendimento, o antigo presidente da Câmara, António José Ganhão, depositava algum otimismo na obra como podendo ser algo ainda mais significativo, arrojado e moderno para a economia local, mas até à data não são sentidos para já os efeitos práticos disso mesmo. A obra está de pé embora não totalmente acabada, contudo até à data as vendas de lojas não têm sido animadoras ou excessivamente otimistas, por assim dizer, como referiu atrás Jorge Mesquita. Neste âmbito, Carlos Coutinho prefere não tecer grandes comentários continuando a salientar a importância do investimento que “pode não significar muito para a população, mas não deixa de ser um novo polo de desenvolvimento para o país”. “Estamos na ex-

P

petativa para o que se seguirá”, consubstancia. Certo é que a presença de investidores chineses está por toda a parte no concelho, desde a emissora local de rádio, passando até por novas apostas no mercado imobiliário como a Herdade do Pinheiro que agora também faz parte do portfólio do grupo POAO como se pode verificar consultando a página na internet do mesmo. Já quanto a possíveis benesses nos impostos municipais na construção deste centro garante que não as houve“Simplesmente chegaram aqui e disseram que queriam fazer este investimento, apenas tentámos agilizar no sentido de não colocar entraves burocráticos”. Já quanto à comunidade chinesa em si, Carlos Coutinho refere que não tem dados quanto ao número de residentes no concelho, mas garante que serão umas centenas. “Mais reservados do que os brasileiros ou os de leste mas que não causam qualquer tipo de problema”, garante. Apesar de não causarem problemas, continua a ser incontornável o facto de abundarem caixas vazias, paletes, e lixo no geral junto aos contentores onde os armazéns se situam. Neste aspeto, a Câmara garante que vai arrancar com uma campanha de sensibilização ambiental que incluirá também esta realidade, e com a possibilidade de as coimas se agravarem. O anúncio da vinda do aeroporto

Autarcas e investidores ainda na expetativa quanto ao sucesso do centro para o Campo de Tiro de Alcochete no concelho veio espoletar ainda mais o aparecimento de armazéns chineses. Como foi o caso de um Centro de Negócios Luso- Chinês inaugurado em Benavente pelo grupo Imovia, em 2010, com 12 armazéns, 15 escritórios, um auditório e uma cafetaria. Muitos destes espaços não estão a funcionar a cem por cento, face à proliferação de anúncios para venda/arrendamento que facilmente conseguimos identificar após uma mera

pesquisa num motor de busca da internet. “Com a crise, o consumo reduziu, e em parte a logística foi posta em causa”, alude o autarca. O Valor Local ouviu também os partidos políticos da oposição. O PS entende no âmbito do caso POAO que “o investimento é bem-vindo pois permite arrecadar receitas e diversificar a economia, contudo tem uma dimensão em número de lojas, que dificilmente serão ocupadas e o sucesso é duvidoso a médio prazo. Tendo em conta que já existe o Centro

Norte Sul- Hipergrossista, pensamos que esta concorrência poderá ser lesiva para ambos, pois não temos dimensão para ter dois centros desta natureza.” Já quanto a possíveis efeitos no comércio dito tradicional, considera que os comerciantes são sempre prejudicados, pois “a Câmara nada tem feito para os ajudar. Não reabilitou as zonas históricas, para tornar as zonas comerciais mais atrativas e visitadas”. Este partido evidencia ainda que a autarquia tem falhado na reco-

lha do lixo de uma forma geral, nos locais onde há armazéns daquele tipo, o que é visível pelos contentores cheios e lixo em redor dos mesmos todas as semanas em diferentes locais. O Valor Local contactou o PSD mas não obteve resposta às questões colocadas. Também a Associação Comercial e Empresarial de Santarém que integra o concelho de Benavente e cujo presidente mantém atividade neste concelho optou por não falar à nossa reportagem.

Hipergrossista teve que mudar a agulha com a vinda dos chineses oi um dos primeiros centros comerciais com venda grossista a implantar-se no Porto Alto ainda antes da chegada dos chineses. O Hipergrossista Centro, Norte e Sul, com 125 lojas, há 21 anos a laborar na localidade, e face à nova realidade teve de se adaptar e redirecionar-se para um novo público-alvo com a aposta por parte dos grossistas em marcas mais caras e com outra qualidade. “O tipo de cliente foi mudando ao longo dos anos. Perdemos o cliente que faz os mercados e feiras, e que aposta no produto em conta para os armazéns chineses, porque é impossível competir com eles em termo de preços. Mas penso que a nossa adaptação a esta nova aposta no produto português acabou por nos trazer benefícios”, conta António

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Cardoso, da administração do centro e também ele lojista. Financeiramente “perdeu-se alguma coisa, mas ganhámos outra gama de clientes mais exigente e rigorosa”. Com o surgimento do POAO, a gerência do centro comercial de capitais chineses fez uma aproximação de cortesia ao hipergrossista Centro, Norte e Sul. “Fomos convidados a conhecer e de certa forma até a trabalhar em conjunto. Estranhámos um bocado a abordagem de início mas conversámos. Não fica mal”, deduz. Como entretanto constatou que a maioria das lojas no POAO é chinesa, António Cardoso não sente o projeto como concorrência. Essencialmente focado nos itens vestuário e calçado, este centro comercial atende a um conjunto muito mais apertado de exigên-

cias comparativamente aos armazéns chineses, desde logo é pedida declaração de IRS ao comerciante que se quer abastecer, NIF, identificação pessoal e comprovativo de que exerce a atividade. “Temos muitos casos de pessoas que já não exercem atividade mas que querem continuar a vir cá comprar mercadoria, porque o preço já se sabe é mais baixo. Depois de uma consulta no Portal das Finanças conseguimos perceber se ainda estão ou não no mercado a retalho. Quando não é o caso não é permitida a entrada no centro comercial”. Esta unidade já pensou em vender ao grande público mas rapidamente desistiu da ideia, “porque imagine o que era um cliente meu que me compra dois mil euros de calças por ano presenciar um cliente da loja dele a comprar na minha”.

Administrador salienta longevidade do centro


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Presidente da Liga dos Chineses diz que visto gold já não é o que era presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, acredita que os chineses do Porto Alto estão bem inseridos na comunidade, e o novo centro comercial POAO vem na sua opinião dar também “uma nova frescura e dinâmica à atividade comercial” dos seus compatriotas “com uma maior limpeza, e segurança” que vem “facilitar a vida aos compradores”. Y Ping Chow considera que este novo centro dá outras condições e “vem facilitar os negócios”. Paralelamente a esta realidade dos chineses que fazem do comércio a sua atividade, há toda uma nova geração de imigrantes chineses que entram no país através da obtenção de vistos gold. Numa primeira fase assistiu-se a uma explosão deste tipo de expediente. Estamos a falar de empresários chineses que preferem apostar no imobiliário. Contudo alguns escândalos relacionados com corrupção que levou à prisão de altos responsáveis da administração pública e à demissão do antigo ministro Miguel Macedo fizeram abrandar a emissão dos vistos. De acordo

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com o presidente da Liga dos Chineses em Portugal, ao nosso jornal, muitos empresários chineses estarão a enfrentar algumas dificuldades e começam a desistir de investir no país. “Cada vez há mais burocracia e o Serviços de Estrangeiros e Fronteiras também não ajuda”. Parece que este período dourado da estadia de grandes investidores chineses já teve melhores dias – “Sentem-se enganados pelo governo português. Fazem investimentos no imobiliário, adquirindo por exemplo propriedades a rondar o meio milhão de euros, mas depois aguardam demasiados meses até obter autorização de residência. Se conseguirem em meio ano têm muita sorte ”, atira Y Ping Chow. O presidente da Liga dos Chineses desmente qualquer informação que vá no sentido de que estes cidadãos, nomeadamente os que se dedicam ao comércio em lojas, conforme é público usufruam de isenções de impostos nos primeiros cinco anos em Portugal. “Apenas fazem um controle de custos muito apertado”, limitase a dizer. Atualmente com a va-

lorização da moeda chinesa “os produtos ficaram mais caros, e por outro lado o cliente português está mais exigente e nesse sentido os preços também subiram nas lojas chinesas em Portugal”, constata. Aproveitando a nossa conversa com este representante da comunidade chinesa, introduzimos o tema das máfias chinesas e do alegado tráfico de órgãos de que se chegou a falar em tempos, e que também teria conhecido episódios no Porto Alto. Y Ping Chow refere que o que se passa entre alguns membros da comunidade são “rivalidades em que alguns chineses roubam outros e essas desavenças têm lugar”. Por isso, as tríades são um fenómeno inexistente no país, na sua opinião. O Valor Local contactou a GNR local sendo que nos foi dito que na zona do Porto Alto, as únicas ocorrências, nos últimos dois anos, envolvendo a comunidade chinesa referem-se a assaltos às suas residências por cidadãos não obrigatoriamente da mesma comunidade, e que têm implicado também o sequestro desses mesmos chineses nas

suas casas. Já quanto a ações de fiscalização do comércio, no-

meadamente, contrafação e/ou atividade irregular enviámos al-

gumas questões à ASAE mas não obtivemos resposta.

Representante da liga desmente a existência de tríades


Opinião

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Valor Local

A Geringonça oje deu-me para armar em analista político. Não é coisa que me aconteça muitas vezes. Como é sabido, tenho o bichinho do Poder Local, e muitas vezes comento questões que se prendem com a nossa Comunidade. Mas até esse hábito e gosto fui perdendo, e não é apenas por solidariedade com tantos que me acompanharam na Câmara ao longo de doze longos e intensos anos e que agora têm, alguns deles, a responsabilidade pela condução do Município ou das nossas Freguesias. É também porque tenho sempre presente na cabeça uma frase do meu Avô António, quando eu entrei na idade adulta : “ Filho, nunca devemos falar de quem partilhou a nossa cama ou de quem se sentou ou sentará na nossa cadeira !”. Acho que tenho seguido à risca esse sábio conselho, e isso inibeme, muitas vezes, de comentar algumas coisas que se passam na nossa Terra. A não ser, claro, quando o meu amigo Daniel Claro me puxa pela veia política – aí, geralmente, não resisto a dar resposta, como não resistia nas épicas discussões que ambos tínhamos na Assembleia Municipal. Confesso que a política a nível nacional nunca me interessou na qualidade de interveniente. Interessa-me, sim, como interessa a qualquer cidadão e porque a minha vida, a forma como são gas-

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tos sessenta por cento dos meus rendimentos que o Fisco devora, que resposta o Estado me dá em termos de saúde, da educação dos meus netos, das oportunidades dos meus filhos – e também dos netos e filhos dos meus concidadãos. Mas nunca ambicionei ter uma carreira política a subir diariamente pelas escadarias de S. Bento ou nos recantos dum qualquer Ministério. A minha vida profissional centrouse numa grande Autarquia Local – Lisboa -, embora com diversas incursões cumulativas por outras áreas onde exerci a minha profis-

são. A minha vida política centrouse numa pequena Autarquia – Azambuja – e nunca desejei que fosse para além dela. Esta é a introdução para um tipo de análise que eu, exceto nos contextos que acima descrevi, nunca fiz e nem sei se tenho jeito e capacidade para o fazer. Mas vamos a isto. Ao contrário da maioria dos portugueses, incluindo comentadores políticos e gente do “ meio”, eu nunca tive dúvidas de que o Governo do Partido Socialista se iria aguentar com o apoio do Partido Comunista Português e do Bloco

de Esquerda – aquilo a que alguém chamou a Geringonça – muito para além das expetativas que as pitonisas da queda do Governo anunciavam. “ Hum! – previam elas- isto mais dia menos dia o PC ou o Bloco roem a corda ou o Costa não aguenta a pressão, e a geringonça vai Tejo abaixo.” Nunca acreditei, especialmente por três razões: Em primeiro lugar porque sempre, talvez por formação, achei que a economia portuguesa, embora estrangulada por uma série de incongruências e teias de aranha, tem capacidade para uma melhor

redistribuição de rendimentos, ao contrário do que a Direita, que nos causticou durante quatro anos, dizia e praticava. E viu-se que tem: pouco a pouco, porque há compromissos externos a cumprir, tem havido uma melhoria das condições de vida dos mais necessitados e marginalizados pela sociedade. Esta proposta de Orçamento de Estado é a prova real do que digo: aliviar os impostos diretos e carregar nos indiretos, que incidem sobre o consumo, é pôr a pagar mais quem consome mais – logo, é uma medida justa do ponto de vista fiscal (convém é não abusar dela!). Em segundo lugar porque, dados os compromissos internacionais, e respetivos benefícios, que fomos assumindo ao longo de décadas (especialmente com a União Europeia), a margem de manobra nacional está muito restringida: as grandes linhas políticas são ditadas por Bruxelas e quer o PCP quer o Bloco já perceberam que isto não é à vontade do freguês. Em terceiro lugar, porque eu não queria estar na pele dos dirigentes do PCP e do Bloco. Sabem que se abandonarem o barco ou esticarem a corda, fazem cair o Governo e serão os responsáveis por um eventual governo de Direita que se lhe siga. Por isso, que remédio se não engolir não só os sapos mas o charco inteiro e ir tentando esbracejar pelos louros

Joaquim Ramos de algumas regalias adicionais para a classe trabalhadora, reformados e pensionistas. Apontam agora os arautos da queda da Geringonça que será lá para as Autárquicas, mais coisa menos coisa. Não me parece. Eu acho que este Governo só vai cair quando António Costa e a direção do PS tiverem alguma garantia de maioria absoluta – isto é, que possa governar sem as rabugens do PCP e as traquinices do Bloco. E isso, embora as sondagens sejam animadoras, está longe de acontecer. É por este conjunto de razões que eu acho que, para desespero de alguns, a “Geringonça” vai ser governo por muito mais tempo. PS: Passei a usar o novo acordo ortográfico. Não porque concorde inteiramente com ele, embora considere que comporta em si os genes da grandeza da língua portuguesa – com algumas alterações. Mas a Empresa de Estudos e Projetos para a qual trabalho obriga-me a usá-lo…

O sol, quando nasce, já não é para todos o dia-a-dia , nós, cidadãos portugueses, somos confrontados com os legais direitos e deveres da vivência “democrática”. Surgem os casos de privilégios para alguns, como sejam, a imunidade e a aplicação de penas sem critérios de justiça, aos olhos do cidadão que procura cumprir as regras da sociedade. Criminosos são considerados imunes e, por vezes, impunes (fogos, roubos, assassinos), de modo especial, os que têm relações directas com os donos do poder. Alteram-se leis para que meia dúzia de incumpridores da lei vigente possa atingir os seus objectivos. Lá vai o tempo em que qualquer humano deste “planeta terra”, não teria dúvidas ou preconceitos em afirmar que “o sol, quando nasce, é para todos”. Insinuava-se, evidentemente e ironicamente, que alguém pretendia o sol só para si. Isto é, reclamava-se contra os que pretendiam que a vida lhes fluísse bem em desfavor de quem lhes poderia fazer sombra.

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Ora, hoje, passados milhões de anos da existência deste planeta com sol, vem o “esperto português” dizer: “o sol é para todos, mas, quem apanhar mais sol paga mais”. Se a interpretação e os objectivos do bem-comum estivessem correctos, à luz da democracia, até se consideraria que os cidadãos com maiores regalias (administradores e outros, acumuladores de funções, de ordenados e de reformas), já que o “sol” lhes é favorável, pagassem mais impostos. Contudo, todos os portugueses sabem que não é assim, embora alguns (uma minoria) até concordem, porque lhes convém. Isto a propósito das últimas notícias de quem tem casa com sol paga mais impostos. É bom ter em conta, ao olharmos para esta regra usurpadora, que passa a existir contradição entre as normas regulamentares de construção, quando as leis e regulamentos portugueses exigem, para a construção habitacional, boa exposição solar (há

mínimos obrigatórios), e, agora, vem a penalização pela boa exposição solar. Que mais se inventará para cobrar impostos que dêem para pagar aos ditos administaradores (e não só) que têm desviado os recursos do povo trabalhador para as suas contas. Ainda, se “o sol, quando nasce, é para todos”, por que razão, neste regime, dito democrático e de igualdade, há cidadãos especiais (governantes, parlamentares, etc.) com direitos e deveres diferentes do cidadão comum, com imunidades que lhes permitem fugir à justiça. Estamos, agora a evidenciar o caso dos diplomatas com estatutos especiais que, supostamente, cometem crimes neste país. Mas, quantos idênticos existem com estatutos especiais, apesar de serem cidadãos portugueses. Então, portugueses, como se demonstra que a teoria de “o sol, quando nasce, é para todos” é falsa, defendamos : “o sol, quando se põe, é para todos”. Assim, que há

a fazer? Emigremos todos para zonas polares ou cavernas, onde há menos sol e onde nos possamos esconder do fisco. Os que têm sol que paguem! Isto, seria a solução do “idiota português”. Mas, pondo os pés no terreno que pisamos e de que necessitamos para percorrer os caminhos da vida, não seria mais justo que os governantes deste país reconhecessem que existem muitos casos de pessoas a viver em condições insalubres, em locais ou casas sem as mínimas condições de habitabilidade por não terem sol, ou porque foram mal construídas, ou porque não possuem recursos para a sua manutenção, ou porque alguém construiu prédios à sua volta sem respeito pelas normas de construção, ou até (muitos casos) porque o estado português promoveu e concretizou obras públicas (pontes, viadutos, auto-estradas e outras), prejudicando os cidadãos residentes nas suas imediações. Então, estes não ficaram prejudicados em

vistas, em sol e em circunstâncias diversas de poluição? Não seria mais justo, em vez de penalizar o cidadão que tem direito a usufruir do que é seu, que faz parte do seu ser, indispensável à sua existência e que é de todos - o sol -, eliminar vulnerabilidades, ou, até desagravar o I.M.I., nesses casos, para que todos possam viver humanamente neste planeta “terra” cujas condições naturais, não criadas pelo homem, não devem ser penhoradas para bem de alguns? Em todo este viver, prejudicado está o desgraçado que teve de comprar um apartamento no último piso de um prédio, com a habitação excessivamente exposta ao sol e que, para obter razoáveis condições de habitabilidade, necessita de instalar ar condicionado, pagando a energia consumida e, agora, sujeito a agravamento do I.M.I.. Que democracia e igualdade é esta, quando se tem de pagar o sol indispensável à vida do ser hu-

Acácio Vasconcelos mano, quando há cidadãos com regalias especiais, com direitos e deveres diferentes, dependendo da classe social ou política. Infelizmente, fruto deste modo governar e de viver da nossa sociedade, há quem deseje que o sol se ponha para, no meio da escuridão, gritar: “Salve-se quem puder”. São os oportunistas ou os desesperados. Contudo, uma coisa é certa: “O sol, quando nasce, já não é para todos; o sol, quando se põe, é para todos”. O sol põe-se para todos, mas só alguns continuam a ter luz. Quem, depois da vivência, neste mundo, lutando contra os interesses prejudiciais ao bem-comum, assistir ao último ocaso, decerto terá a Luz da Verdade.


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Opinião

O político humanista vs o eleito tecnocrata convite do Miguel Rodrigues, para escrever estas linhas, tem como ponto de partida uma visão sobre a atualidade nacional e local, numa análise que apesar de sempre politizada, pretende ser coerente e um contributo para a reflexão de todos e todas em torno da política e do papel dos políticos na nossa vida quotidiana. Humildade e Gratidão: António Guterres, um socialista e democratacristão nas Nações Unidas António Guterres, enquanto político, foi responsável por medidas pioneiras e inovadoras que marcam indelevelmente a sociedade portuguesa dos nossos dias, como sejam o ensino pré-escolar garantido pelo Estado, o reforço do Serviço Nacional de Saúde, as políticas para a terceira idade, o combate à pobreza com um programa de erradicação de barracas e a criação do Rendimento Mínimo Garantido ou a assunção do combate à toxicodependência enquanto questão de saúde pública. Apenas alguns exemplos de problemas que encontrou na sociedade portuguesa da década de 90, abordando todos de forma analítica e estratégica pois, um princípio básico das políticas públicas, seja

O

ao nível nacional ou local, é de que os políticos que executam a política através dos seus cargos e servem para resolver os problemas e desafios da sua comunidade. Um perfil construtivo e sempre dialogante, permitiu a Guterres construir ao longo da sua carreira polí-

tica, as pontes necessárias para resolver problemas, sem ter a necessidade de chamar a si os louros dos resultados obtidos, pois muitos deles não foram imediatos e levaram o seu tempo a maturar. Um exemplo a seguir por todos, mas que alguns (poucos) já se-

guem. Os Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano e os investimentos comunitários: um desafio local Num tempo em que as câmaras municipais, são chamadas a responder a cada vez mais desafios,

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desde novas competências à tão esperada descentralização real, chegámos a um momento crítico do nosso futuro enquanto comunidade local e, assim, algumas autarquias ganharam a capacidade para definir as prioridades estratégicas do seu território e, desta forma, acederem a fundos comunitários para investimento público até 2020. O problema vem a seguir, pois a forma de definir a prioridade estratégica pode ser feita de duas maneiras. A mais fácil é a maneira tecnocrata, que se fecha sobre si mesma, blindada por regulamentos, legislação, constrangimentos de tutelas, opiniões técnicas e que, por fim, acaba por se isolar e tomar decisões que quando anunciadas publicamente parecem incompreensíveis e dotadas de pouco sentido racional, ainda que sejam difíceis de pôr em causa tecnicamente. A segunda forma, aquela que defendo e que tem uma relação direta com a primeira parte do texto, é a forma humanista, que se materializa através do diálogo, sem fugir ao debate e ao confronto de ideias, na capacidade para dar espaço e oportunidades a todos e a

Carlos Granadas* todas para pensarmos juntos o futuro do nosso território e criar as pontes para o consenso, ainda que, por vezes, os interesses pareçam antagónicos e inconciliáveis. Num tempo em que o alheamento e abstenção sobre a coisa pública é um sintoma grave da fragilidade do sistema político representativo, estamos a perder uma oportunidade de ouro para pensar em conjunto o nosso futuro. E não são precisos orçamentos participativos, nem consultores externos, nem plataformas inovadoras e empreendedoras, nem estudos para planos estratégicos, podendo estes existir. O essencial é ser Humilde para reconhecer que não sabemos tudo e mostrar alguma Gratidão a todos aqueles que confiam o seu voto aos eleitos locais de quatro em quatro anos. * Deputado Municipal em Alenquer, eleito pelo Partido Socialista

Recrutamento, seleção e avaliação de professores maioria de nós ao candidatarmo-nos a um emprego, fomos sujeitos a um processo de recrutamento e seleção. Também, e de forma natural, durante a nossa carreira profissional, fomos sujeitos reiteradamente no tempo e, de uma maneira ou de outra, à avaliação do nosso desempenho e pelas mais variadas razões (promoção na carreira, remuneração, recompensas, formação profissional, mudanças profissionais, relacionamento interpessoal, compromisso com a organização, etc ,etc.). Não vejo portanto, que tenha de ser diferente o processo de recrutamento e seleção de professores, visando a seleção dos melhores profissionais, bem como a sua avaliação (monitorização da sua performance) ao longo da sua carreira. Porque existem diferenças concetuais entre recrutamento e seleção e há quem as confunda, explicitemos. * Recrutamento refere-se ao processo burocrático que decorre entre a ocorrência da necessidade/decisão de preencher um cargo vago e o apuramento dos candidatos que preencham o perfil para a função e reú-

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nam condições mínimas necessárias para ingressar na organização. * Seleção consiste no processo de escolha entre os melhores finalistas e na tomada de decisão (validação) sobre a qual deles deve ser feita a oferta do cargo. A avaliação de desempenho permite, por um lado, validar os sistemas de recrutamento e seleção utilizados pela organização e, por outro, avaliar/medir o contributo individual ou grupal para o atingimento dos objetivos expetáveis. Esses objetivos devem ser quantificados, calendarizados e presumidamente alcançáveis. Confesso e desde já me penitencio, desconhecer a forma como se processa o «Recrutamento e Seleção de Professores» (Concurso Público), a não ser pela famigerada «Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades» que refuto terminantemente. Desconhecimento, que me permite ter uma opinião distanciada e descomplexada. Assim, penso que, deveriam existir dois momentos na avaliação dos professores: 1) Avaliação inicial de competências: CV competências académi-

cas, didático-pedagógicas, experiência profissional, entre outras variáveis. Em suma, o perfil exigido para ingresso na profissão, buscando o(s) mais talentoso(s), no período do «recrutamento e seleção, como veremos mais adiante; 2) Avaliação de desempenho contínua e calendarizada e não calendarizada, no decorrer da atividade profissional de professor. A) A AVALIAÇÃO INICIAL DE COMPETÊNCIAS, prende-se com o recrutamento e seleção de professores, e realiza-se através da definição prévia do perfil (análise de funções) técnico/didático-pedagógico para a função e desenvolve-se, em minha opinião, em duas fases, sendo a primeira composta por cinco ciclos e a segunda por dois ciclos: 1ª. FASE: RECRUTAMENTO: 1ª. Ciclo: Análise prévia dos CV (Curriculum Vitae); 2º. Ciclo: Entrevista e questionário; 3º. Ciclo: Testes em «dinâmica de grupo»; 4º. Ciclo: Avaliação da competência pedagógica/didática; 5º. Ciclo: Entrevista semiestruturada e conclusiva.

2ª FASE: SELEÇÃO. 1º. Ciclo: Testes médicos; 2º. Ciclo: Validação. B) AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO CONTÍNUA E CALENDARIZADA E NÃO CALENDARIZADA: - A avaliação de desempenho, deve, no meu ponto de vista, ter lugar em dois momentos, a saber: a) A contínua e calendarizada, a meio de cada ano letivo (preferencialmente em janeiro) e no mínimo, de três em três anos - (espaço temporal meramente indicativo), dado o tempo efetivo de aulas, e em contexto de sala de aula, sendo avaliada a performance do professor nas suas competências pedagógica e didática, com base em critérios/parâmetros pré-definidos e devidamente anotados em ficha de avaliação de professor. Esta avaliação é válida para a progressão na carreira de professor, desde que e, obviamente o resultado da avaliação, seja positivo. b) Não calendarizada, quando se verifique candidatura ao provimento de um cargo/função (novo ou substituição) na estrutura pedagógica ou gestionária da escola, através de entrevista semiestruturada com base em critérios/parâmetros

pré-definidos (em função dos casos), para validação das competências necessárias ao provimento e, eventual indicação de necessidade de formação específica (recorrendo ou não ao “outsourcing”). B.1: EQUIPA DE AVALIAÇÃO: - É minha profunda convicção que, quer a avaliação inicial (recrutamento e seleção), quer a avaliação contínua calendarizada e não calendarizada, (avaliação dos professores em atividade), deve ser efetuada por uma equipa externa de avaliadores, multidisciplinar e cujas competências, são específicas à área do ensino nas suas múltiplas vertentes. Assim, segundo a minha perspetiva, a equipa de avaliadores deveria ser composta por: - Um pedagogo, um linguista, um psicólogo educacional, um professor da área de ensino (seu par), um conselho pedagógico da própria escola (Diretor, um seu par e um elemento da comissão de pais) e um profissional em função de necessidades específicas. CONCLUSÃO: Reitero a minha posição contrária à Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC),

Augusto Moita vulgo exame de admissão à carreira de professor, por não ser a melhor forma de recrutamento, pelas razões que corporizam este documento opinativo e, que se focaliza na seleção dos melhores profissionais do ensino (tão importante no desenvolvimento sócio/económico de um País), só possível através de uma ação de recrutamento eficiente, sendo apologista da aplicação das ações (fases e ciclos) preconizadas para o recrutamento e seleção de professores e posteriormente a sua avaliação de desempenho ao longo da carreira. Trata-se de uma opinião, naturalmente subjetiva, que se consubstancia em uma profunda convicção/VISÃO que tenho desta problemática. Boas leituras e até à próxima crónica. Nota: Veja a versão integral desta opinião no seu jornal VL on-line.


Eventos

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Valor Local

ExpoCartaxo e Feira dos Santos renovam tradições Cartaxo recebe a partir de dia 27 de outubro mais uma edição da Feira dos Santos e da ExpoCartaxo. Pelo segundo ano consecutivo, será a autarquia cartaxeira a organizar os certames que mais visibilidade dão àquele concelho. Ao Valor Local, Pedro Ribeiro, presidente do município, salienta que a sua principal preocupação incide na aproximação às empresas do concelho, já que no ano passado essa meta foi em parte conseguida tendo em conta que mais de 90% das firmas tinham sede no Cartaxo. Pedro Ribeiro lembra que esse foi um desafio ganho, já que o NERSANT que organizou em anos anteriores, “nunca conseguiu envolver as empresas do Cartaxo”, reconhecendo, ainda assim, mérito àquela associação empresarial do distrito de Santarém. E se no ano passado o tema foi a construção civil, este ano o tema será o agroalimentar, e vinca a necessidade de se fazerem algumas novas estruturas de apoio, “já que a procura tem

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sido excelente e a resposta fantástica”. O autarca anuncia que, nesta altura, o município pondera o aluguer de uma tenda para albergar as empresas que não caibam no pavilhão. O presidente do município salienta entretanto que numa primeira fase, constatou-se que a procura estava a ser “muito boa” e por isso a elaboração de um plano b com a aquisição desta tenda. “Faria todo o sentido para que as empresas não ficassem de fora.” Este ano e apesar da aposta no agroalimentar, a ExpoCartaxo vai “incidir-se ainda na temática do cavalo” refere o presidente da autarquia. Pedro Ribeiro aponta para as diversas atividades ligadas ao cavalo que constam do programa: “Existe um propósito da nossa parte de esta feira voltar ao que são as suas tradições mais antigas. Uma feira onde os animais, sobretudo o gado, tinham uma presença forte”. Aliás o autarca salienta que está nos planos da Câmara fazer alterações e melhorias no

Certame tenta chamar forasteiros como antigamente pavilhão e no espaço envolvente. Todavia não existe ainda folga financeira para tal e por isso existirão melhorias faseadas naquele recinto que há vários anos recebe estes e outros certames. Pedro Ribeiro vinca ainda que

estas melhorias terão de ser feitas num horizonte de três a quatro anos e que o município quer “investir na ExpoCartaxo como certame de mostra das empresas do nosso concelho e não naquilo que se via no passado”. “Com uma lógica setorial e que

possa representar para os nossos agentes económicos valor acrescentado”, explica o autarca que vinca também a continuidade da aposta na Feira dos Santos. Para Pedro Ribeiro, o facto de este ano o primeiro de novem-

bro voltar a ser feriado, é igualmente importante, até porque, explica: “Este era uma data onde por tradição vinham muitas excursões ao Cartaxo e é nessa esperança que vamos apostar”, salientando a aposta na divulgação do certame.

Festa da Vinha e do Vinho celebra néctares de Arruda concelho de Arruda dos Vinho vai receber de novo mais uma edição da festa da Vinha e do Vinho. Trata-se de uma iniciativa da Câmara Municipal local que tem como objetivo, entre outros, a divulgação e promoção dos néctares produzidos naquele concelho. Este é um certame que se realiza desde o ano de 1998, sendo que tem adjacente segundo o município “ os valores e princípios que preconizam a valorização e perpetuação das tradições e da cultura popular”. Arruda dos Vinhos é hoje um concelho muito diferente, mas a ativi-

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dade agrícola é ainda muito exercida, não só por agricultores mais velhos, como por jovens agricultores, sendo que esta é “uma das mais importantes atividades agrícolas e económicas do concelho: o cultivo da vinha e a produção vinícola”, refere o município. No certame que se realiza de 17 a 20 de novembro, mostram-se os novos vinhos, produzidos neste ano, com diversas provas e mostras de vinhos. Para além disto haverá também visitas às vinhas e adegas, bem como a realização de colóquios “que ajudam os conhecedores da matéria e alguns curiosos, a falar em torno desta ativida-

de”. Este é um certame importante também para a atividade económica do concelho de Arruda dos Vinhos. Nesta iniciativa é hábito os restaurantes do concelho marcarem uma forte presença a par com restaurantes de outros pontos da região. Por outro lado, o artesanato também tem tido um papel e presença importantes na transmissão dos saberes populares que a par com os espetáculos musicais, mais comerciais ou mais tradicionais, “têm constituído mais um ponto de interesse na captação de público”, refere o município no seu site.


Valor Local

Cultura

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Bienal de Vila Franca

Fotos e autores de topo em vários recantos da cidade Bienal de Fotografia 2016 – BF16 - dedicada à fotografia contemporânea está a decorrer em Vila Franca de Xira com um programa curatorial que envolve 30 autores decisivos no panorama artístico nacional. Nomes como Daniel Blaufuks, José Maçãs de Carvalho, José Pedro Cortes, Patrícia Almeida, João Tabarra, Nuno Cera, Pauliana Valente Pimentel, João Onofre, Ana Rito, Vítor Pomar e João Grama, compõem a proposta. Sob o tema “Arquivo e Observação”, os seus trabalhos podem ser apreciados em vários pontos da cidade de Vila Franca de Xira, proporcionando uma ligação artística ao seu pulsar quotidiano. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, organizadora do evento, pretende, nesta edição, uma "ambiciosa renovação daquele que é o único evento cultural nacional exclusivamente dedicado à Fotografia portuguesa", refere em comunicado de imprensa. A iniciativa é uma das suas apostas fortes culturais e,

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após duas décadas e meia de vida, pretende-se um forte impulso à sua vertente curatorial; bem como uma nova dinâmica na vertente de prémio. Relativamente à temática do programa curatorial, o curadorgeral da iniciativa, David Santos, refere o seguinte: “Enquanto coleção associada ao gesto de acumular e ao caos imperativo do sentido, o arquivo, especialmente o fotográfico, é uma hipérbole que urge identificar, isto é, ordenar e classificar, pois no arquivo visual que desenvolvemos ou testemunhamos somos sugados pela tarefa impulsiva de uma espécie de inventariação geral, na esperança vã, talvez, de significar a vida para além da sua efemeridade. Na verdade, é só a partir das imagens que nos devolvem o resto ou o rasto da coordenada espácio-temporal, responsável um dia pelo êxito do registo fotográfico, que mantemos o desejo de uma ordenação premente e inadiável, aquela que relaciona e impõe por fim a prática de um arquivo da observação. Guardar

e identificar o registo daquilo que foi um dia a experiência da visão é uma tarefa que pode ser simultaneamente simples e complexa, mas que une, por certo, todos aqueles que fazem uso da fotografia como expressão de criatividade artística. A sua intensidade e o seu aprofundamento produzem em nós o regozijo da aventura estética, isto é, da manifestação da vida a partir da imagem sensível, fixada pelo tempo e a memória da sua existência. Essa é a proposta motriz do programa curatorial da BF16.” Sobre o conjunto de trabalhos expostos David Santos acrescenta ainda que “da pluralidade destas propostas resultará, estamos certos, um programa curatorial de qualidade referencial no contexto do exercício artístico contemporâneo que toma a prática da fotografia como fator essencial da sua comunicação.” Iniciada em 1989, a BF constituiu-se como um dos maiores eventos de premiação dedicados à fotografia, premiando e apresentando artistas como An-

tónio Júlio Duarte, Valter Vinagre, André Gomes, Duarte Belo, Bruno Sequeira ou Miguel Soares. Nesta edição, a vertente de prémio é inaugurada a 19 de novembro de 2016, no Edifício da Patriarcal. Com a renovação realizada ao seu regulamento, serão apresentados um conjunto de 10 finalistas ao Prémio BF16. Os prémios temáticos dedicados ao “Concelho” e à “Tauromaquia” são apresentados, no mesmo espaço, a partir de 4 de fevereiro de 2017.

Defensores da Festa Brava cerram fileiras o passado dia 14 de outubro, o Auditório Municipal do Páteo do Valverde em Azambuja recebeu um colóquio organizado pela Tertúlia Festa Brava subordinado ao tema “Pró Tauromaquia – Uma luta pela liberdade” numa mesa que tinha como anfitrião o Presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, e o moderador Luís Capucha em representação da Associação das Tertúlias Tauromáquicas de Portugal, também ele um exímio contador de histórias relacionadas com o mundo dos toiros, algumas delas a deliciarem uma audiência de onde se destacava o antigo matador José Júlio. Presentes também Francisco Oliveira, presidente da Câmara de Coruche e também presiden-

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te da Secção dos Municípios com Atividade Taurina, os Depu-

tados da Assembleia da República, Nuno Serra em representa-

Taurinos defenderam os seus argumentos

ção do PSD, Pedro do Carmo, pelo PS, e Patrícia Fonseca do

CDS-PP. O PCP fez-se representar pelo deputado municipal António Nobre. Presente também, esteve Hélder Milheiro da Prótoiro, que aproveitou o evento para apresentar a nova plataforma “Touradas”, um espaço on line que pretende agregar tudo o que se relaciona com o mundo dos toiros. Todos os intervenientes alinharam pelo mesmo diapasão, “é preciso proteger a tauromaquia”, que segundo eles se encontra mais do que nunca a ser atacada por vários grupos, tanto na sociedade civil como no parlamento, em que partidos como o PAN ou BE já apresentaram propostas para limitar a festa dos toiros. Essa proteção é necessária, segundo os presentes na mesa,

Exposição “Assembleias Municipais ao Longo da História” o ano em que o Cartaxo assinala 200 anos da sua elevação a concelho, a Assembleia Municipal organiza um conjunto de eventos que visam promover a aproximação deste órgão municipal à população, assim como, serem promotores da participação cívica dos cidadãos. A expo-

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sição “Assembleias Municipais ao Longo da História”, é a segunda mostra itinerante que levará a todas as freguesias do concelho, um pouco da história deste órgão municipal. A inauguração teve lugar no dia 14 de outubro numa cerimónia que contou com a presença do

executivo municipal e eleitos da assembleia municipal que através de uma mostra com recortes de notícias da época relembraram episódios da vida política do Cartaxo de outrora. A exposição ficará patente ao público até ao dia 28 de outubro –, e passará por outras localidades do concelho.

Exposição patente nos paços do concelho

porque além de uma tradição cultural, a tauromaquia e tudo o que a rodeia gera “muitos empregos, não são apenas os toureiros, há os criadores de gado, os fabricantes de selas, o embolador, o alfaiate, entre tantos outros”. Além disso , dizem, “uma corrida de toiros ajuda no desenvolvimento do comércio, principalmente de restauração nos locais onde se realizam as touradas.” Acima de tudo o que “os taurinos pedem é que os antitaurinos respeitem a liberdade de cada um. Têm o direito de não gostarem, mas vivemos numa democracia e como tal há que respeitar os que gostam da festa de toiros”. Nuno Filipe


Acisma

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Valor Local

Venda de automóveis ligeiros de passageiros, motociclos e ciclomotores usados os termos do Decreto-Lei n.º 74/93, de 10 de Março, relativamente à venda de automóveis ligeiros de passageiros, motociclos e ciclomotores em estado de usados, e quando se atue no exercício do comércio, mostra-se necessário assegurar aos potenciais interessados o conhecimento prévio de informações que possam influenciar a sua decisão de aquisição, as quais devem ser prestadas nos locais de exposição para venda dos mesmos.

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Informações obrigatórias Na venda de automóveis ligeiros de passageiros e motociclos usados é obrigatória a prestação das seguintes informações: a) Matrícula; b) Preço; c) Ano de construção, conforme o respetivo livrete; d) Data de matrícula, conforme o respetivo livrete; e) Registos anteriores de propriedade e seu número, conforme o respetivo título; f) Garantia de fábrica: prazo de garantia e quilómetros, ou qualquer outra garantia dada pelo fabricante, cuja validade ainda não tenha expirado; g) Garantia de usado: prazo ou quilómetros, ou outra garantia que o vendedor conceda. Na venda de ciclomotores usados é obrigatória a prestação das seguintes informações: a) Matrícula; b) Preço; c) Ano de construção, conforme o respetivo livrete; d) Data de matrícula, conforme o respetivo livrete; e) Garantia de fábrica: prazo de garantia e quilómetros, ou qualquer outra garantia dada pelo fabricante, cuja validade ainda não tenha expi-

rado; f) Garantia de usado: prazo ou quilómetros, ou outra garantia que o vendedor conceda. Afixação da informação Estas informações devem constar obrigatoriamente de documento escrito, assinado pelo vendedor ou intermediário, que será afixado no veículo, de modo visível, de forma a permitir uma fácil leitura pelo interessado, sendo o respetivo duplicado entregue ao comprador no momento da compra e venda. Sanções acessórias Podem ser aplicadas as seguintes sanções acessórias: a) Apreensão do veículo; b) Interdição de exercer uma profissão ou uma atividade; c) Privação do direito de participar em feiras, mercados ou competições desportivas ou de entrada em recintos ou áreas de acesso reservado; d) Privação do direito de participação em arrematações e concursos

promovidos por entidades ou serviços públicos, de obras públicas e de fornecimento de bens e serviços ou concessão de serviços, licenças ou alvarás; e) Encerramento do estabelecimento ou cancelamento de serviços, licenças e alvarás. Instrução de processos de contraordenação No que concerne à instrução de processos de contraordenação, a mesma é da competência da ASAE. É competente para a decisão de aplicação de coimas e sanções acessórias o Inspetor-Geral da ASAE. No que respeita ao montante da coima : A coima pode variar entre €24,94 e € 2.493,99. (Ver o Regime Jurídico da Venda e Garantia de Bens de Consumo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 67/2003, de 8 de abril, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 84/2008, de 21 de Maio) Fonte: ASAEnews nº 101 - setembro 2016 www.acisma.org/gaee

PO ISE prolonga prazo de candidaturas ao ‘Programa de Parcerias para o Impacto’ Autoridade de Gestão do PO ISE – Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, prolongou o prazo para apresentação de candidaturas ao AVISO ‘Programa de Parcerias para o Impacto’, até dia 31 de outubro. O prazo para apresentação de candidaturas no âmbito do Aviso n.º POISE-39-2016-06 – “Programa de Parcerias para o Impacto “ (T.O 3.33), foi prolongado até às 18:00 horas do próximo dia 31 de outubro de 2016 com o correspondente ajustamento do prazo de decisão. A apresentação de candidaturas deve ser realizada através da submissão de formulário eletrónico no Balcão do Portugal 2020 até às 18:00 horas do próximo dia 31 de outubro de 2016. Fonte: AG PO ISE www.acisma.org

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Valor Local

Negócios com Valor

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Gestor da Frigicoll, Vasco Borda d’Água

“O mais importante numa empresa são as pessoas” os 45 anos de idade Vasco Borda d’Água é o Controler Geral do polo português da “Frigicoll”. A empresa situada no Carregado, concelho de Alenquer dedica-se à venda de equipamentos para refrigeração na indústria hoteleira, camiões e residências. Vasco Borda d’Água entrou para a empresa em 1996, e em 2009 assumiu o cargo de responsável máximo na “Frigicoll Portugal”. Atualmente é por ele que passa grande parte das decisões na empresa. Os objetivos vêm de Espanha, não fosse a “Frigicoll” ter na sua génese a maioria de capital espanhol. Vasco Borda d’Água salienta que o desafio aceite em 2009 e que acumula com as funções de TOC (Técnico Oficial de Contas) tem sido gratificante. O gestor tem ainda à sua responsabilidade a área financeira, setor que mantém desde que entrou na firma, tendo sido adjunto da direção financeira. Para o gestor, um dos seus objetivos é ultrapassar a marca dos 6 milhões de euros em vendas por ano. Chegar aos 10 milhões em 2020 é uma meta que Vasco Borda d’Água diz querer alcançar em conjunto com quem trabalha consigo pois garante:

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“Gosto de trabalhar em equipa. Ninguém faz tudo sozinho”, sublinha ao Negócios com Valor. A empresa que está nos lugares cimeiros do seu setor, representa atualmente marcas como a “Thermo King”, “Euroengel”, “Liebherr”, “Lainox” e “Moretti Forni”. Estas são marcas de “muita qualidade” segundo o gestor, que aponta também para o fato de a empresa se estar a preparar para fazer com os clientes contratos de manutenção inseridos na compra de um determinado equipamento, neste caso contratos empresariais, pois já algumas destas marcas podem ser encontradas em grandes superfícies, como a Worten ou mesmo o El Corte Inglés. Contudo a “Frigicoll” tem também venda ao público em regime de outlet. O gestor diz que é habitual venderem alguns aparelhos com alguns riscos que já não podem ser vendidos nas lojas. Essa não é uma área de negócio da empresa, mas uma forma de escoar produtos que de outra forma não poderiam ser vendidos, ao mesmo tempo que se proporciona um preço mais barato e acessível ao público. Responsável por 25 pessoas, Vasco Borda d’Água assegura

que tem orgulho no facto de muitos destes trabalhadores estarem há vários anos na empresa. Para o gestor é importante que não exista uma elevada rotação de funcionários; e assegura mesmo que terá dificuldade em substituir alguns funcionários que já o acompanham na empresa há muitos anos. Vasco Borda d’Água vinca que o princípio adjacente à empresa está relacionado com as pessoas e a sua relação com a mesma. O gestor lembra o fundador da Frigicoll, o espanhol Carlos Coll, com quem diz ter aprendido muito: “Ele dizia sempre que o capital das empresas eram as pessoas e que era preciso motivá-las”. O mesmo aconteceu com Rui Costa, que foi o seu antecessor no cargo que agora ocupa, e que lhe terá servido de inspiração, mantendo com o mesmo “ainda hoje uma excelente relação.” Todavia, dirigir esta empresa é também exigente. Ainda assim, Vasco Borda d’Água está próximo de casa. Vive em Azambuja, onde estudou e sempre viveu e consegue assim estar mais perto da família, algo que considera importante para a sua motivação profissional e pessoal. Nas horas vagas, o gestor pro-

cura estar em algumas atividades com os filhos, nomeadamente através da prática da arte

marcial kempo ou do restauro de automóveis clássicos, algo completamente antagónico à sua ati-

vidade profissional, mas sublinha que Azambuja é um bom local para se viver.

Vasco Borda d’Água está na empresa desde 1996


Ambiente

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Valor Local

Ribeira da Milhariça: depois da limpeza, o pior ainda estava para vir epois da limpeza da ribeira da Milhariça, em Aveiras de Cima, o pior afinal ainda estava para vir com a população a queixar-se nesta altura dos cheiros nauseabundos provenientes de esgotos misturados com águas pluviais a correr a céu aberto, que durante alguns anos andavam mais ou menos camuflados pela muita vegetação acumulada. Na última reunião de Câmara de Azambuja, a moradora Gertrudes Simões realçou o estado de coisas, lamentando-se ainda de pagar taxa de saneamento quando no local parece não existir ligação à rede de esgotos. “Rapidamente têm de arranjar uma solução porque não conseguimos estar em casa sequer”, enfatizou. Vários habitantes daquela zona da vila de Aveiras de Cima têmse queixado deste mesmo facto. Em declarações ao Valor Local, o presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Cima, António Torrão, referiu que os maus cheiros verificados na Ribeira da Milhariça podem ter origem na ligação de esgotos a canais de águas pluviais que desaguam

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Ligações ilegais na origem desta realidade naquela ribeira. Salientando que apenas parte de Aveiras tem as redes separativas, e refere que muitas dos fregueses não sabem onde estão os seus esgotos liga-

dos, embora também acredite que “num ou noutro caso isso não aconteça, e que alguns habitantes poderão ter feito ligações ao saneamento de forma irregu-

lar.” O presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, garantiu que vai procurar resolver a situação junto da Águas da Azambuja o mais depressa possível, tendo em conta que nas imediações da ribeira vai ser construído o parque urbano da Milhariça. No âmbito desta questão, o vereador da coligação, António Jor-

ge Lopes, referiu que seria importante a autarquia determinar junto da concessionária quantas pessoas no concelho andam a pagar saneamento básico sem estarem ligadas à rede. Já o vereador da CDU, David Mendes, lembrou que no mandato de 2000 a 2005 chegou a sugerir ao antigo presidente de Câmara, Joaquim Ramos, a criação de um

gabinete de supervisão das obras dos esgotos, que estavam a decorrer, em Aveiras, “porque já se sabia destas ligações piratas, mas a Câmara não quis ouvir, e já se sabia que isto ia rebentar mais cedo ou mais tarde”. No fecho desta edição ficamos à saber que um dos esgotos já foi encaminhado para a rede pública de saneamento.


Valor Local

Instantâneos

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Retratos da nossa terra Tauromaquia Presidente da República visitou no passado dia 5 de outubro a mercearia social Valor Humano da Freguesia de Santo António em Lisboa. Um Valor bastante local tendo em conta o seu objeto social junto da comunidade. Na ocasião Marcelo Rebelo de Sousa foi presenteado com uma escultura da autoria de Virgínia Estorninho, que em tempos encabeçou as listas do PSD às autárquicas em Azambuja, e por cá se manteve, e de quem o presidente da República é amigo. Na foto também o presidente da Junta Vasco Morgado.

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Azambujense ¢

António Salema “El Salamanca”

Parreirita Cigano volta a triunfar no Campo Pequeno, tanto na Praça como na Televisão arreirita Cigano mais uma vez veio a triunfar com verdade e este jornal foi disso testemunha. O grande público que já se apercebeu do grande valor que desponta, não arredou pé da praça para ver aquele a quem auguram o futuro de “2º Baptista” que vem a ser o jovem Parreirita, e eu escrevo isso por afición, não com outra qualquer finalidade. O toureio é andar, mas devagar, quem esteve na praça ou viu na televisão o diz. Na altura da lide, a praça tinha o mesmo público que no início, público esse que esperava por aquele rapaz que tinha triunfado alguns dias antes e fora da praça, ali junto à Monumental do Campo Pequeno, não se falava de outra coisa, de Parreirita pelo seu toureio e de António Telles pela sua mestria. O ser agarrado… só os grandes é que são; os momentos de angústia… só os grandes é que dão. Parreirita ao iniciar a lide e a colocar a ferragem em su sítio faz o público exclamar: “este parece o Baptista”. De parabéns está o seu mestre Manuel Jorge de Oliveira pelo trabalho efetuado com este jovem do Cartaxo. E por falar em Cartaxo, este levou até à principal praça do país uma claque de apoio à sua jovem promessa e lá se viu durante a transmissão televisiva um cartaz que dizia: Parreirita, o Cartaxo está contigo”. E estas manifestações acontecem com todos os que vem de baixo. Foi assim com Baptista, Rouxinol entre outros e agora com o Parreirita. Em Lisboa encontravam-se muitos espanhóis, homens dos toiros, empresários. Deus há-de dar a Parreirita ser igual a D. Álvaro Domecq, Peralta, Espártaco e outros mais. Quanto ao resto da corrida, tudo igual como há 20 anos, os forcados estiveram regulares e os toiros, alguns deles deram nota de mansos. Era preciso que os cavaleiros chegassem muito junto a eles. Mas voltando a Parreirita. Parreirita prepara-se para grandes embates, mas o público é que manda na bilheteira (taquilha) e o empresário não espera outra coisa, assim seja grande o seu sucesso. Olé Parreirita.

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Notícias de Espanha imprensa espanhola da especialidade considerou Ana Rita a melhor Rojeneadora da temporada. Uma boa notícia quando se sabe que em 2017 as coisas vão mudar em Espanha quanto à categoria das praças. De realçar que até ao momento neste 2016, Ana Rita leva cerca de 25 corridas tendo cortado mais de 50 orelhas e cerca de 10 rabos, tendo saindo ainda duas vezes pela Puerta Grande.

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Não, não (há) é evolução! encapotada exploração de mão de obra migrante não é um fenómeno, nem tão pouco atinge só esta ou aquela etnia, no entanto, e como se fosse uma estória, conto-vos retalhos de indignações de práticas vividas, sem tão pouco ter provas, para poder ajudar na investigação criminal ou poder fazer uma denúncia com fundamento na prova; ou que os intervenientes, embora ocultos, possam validar, ratificar a minha denúncia ou participação. Um dia visitando uma das muitas lojas de multiprodutos, denominadas loja dos chineses, deparei com uma minha conhecida, a quem tinha dado uma informação sobre questões práticas de cidadania, com informação sobre a regularização de estrangeiros genericamente. A senhora chamou-me e num lamento refere os factos que levaram um sobrinho de cerca de 30 anos, com ferimentos, de alguma gravidade, provocados pela perfuração nas costas provocados por uma tesoura, ao hospital. Na alusão aos factos a senhora reportou-me, e o próprio lesado também, de que teria sido um elemento da empresa onde trabalhava que lhe teria provocado a agressão. Perguntou-me se não poderia ser feita queixa, referi-lhe que sim, ou diretamente às entidades policiais ou com o apoio da APAV-Associação de Apoio à Vitima. Comecei por lhe perguntar o que tinha acontecido, a resposta a medo surgiu, referindo o agredido, que teria sido alguém da empresa, em represália por uma sua exigência, (natural), em ter melhores condições de trabalho. A propósito, referiu querer enquanto trabalhador, para além da redução das muitas horas de trabalho e de poucas folgas, e por residir em propriedade da entidade patronal, junto ao armazém e com pouca qualidade, que as condições genéricas fossem alteradas para melhor. Evitando que o agredido morresse no local de trabalho, o que levaria a levantar suspeitas e investigação apurada, levaram o mesmo ao hospital, referindo que o senhor teria caído em cima da tesoura… Muito me admira que com a experiência, os médicos não pudessem verificar que o “acidente” tinha outra origem, fazendo-me a mim lembrar a história da mulher de olhos negros, ou braços partidos, que invariavelmente, cai sempre da escada …. Na dúvida, nada melhor do que chamar a força policial, porque após análise forense, se não for agressão, não é… mas perante certos cenários, validar a informação (neste caso do presumível agressor) é alimentar circuitos de agressão que tanto fazem parte da subjugação escrava, como da violência doméstica. Falámos muito sobre o caso, ficámos em nos encontrar para poder ajudar a vítima. À data marcada, não compareceu. Perguntando à familiar, ela evasivamente referiu que com receio de poder ser vítima de algo pior, o jovem preferiu não comparecer para fazer a queixa e até teria abandonado a região ou até o país, desconhecendo seu paradeiro. Dos colegas de trabalho não poderia contar como o apoio, pois os mesmos tinham uma relação muito precária com a entidade empregadora e até pelo desconhecimento do país, a irregularidade de residência e dependência, devido ao desconhecimento da língua, e temendo represálias, nunca, seriam testemunhas. Ficou-me a amargura, a terrível sensação de incapacidade, das mãos atadas, da minha escravatura em relação ao sistema, um amargo de boca descomunal, por impotência de nada ou quase nada poder fazer…Hoje porém através destas minhas palavras e cruzando as mesmas com blocos informativos avulso, que vão aparecendo, dou o meu contributo à liberdade dos escravos da economia, que vai além das etnias, vai além da além da política e é de imoralidade muitas vezes consentida. Não seria importante as entidades que fiscalizam, aprovam, controlam, dão pareceres, etc,etc, no terreno e com eficácia agirem proativamente, para além da confirmação e propaganda de que mais investimentos para o concelho ou país estão a ser efetuados? E a que custo… Lembrar que um dia construímos novos mundos com a força animal de seres humanos escravizados, e que hoje não o fazendo, negligentemente o permitimos, em prol de um sucesso económico e político de uma região…não, não (há) é evolução! José João Canavilhas

A ão fossem as más condições acústicas, diríamos que o presidente da Assembleia Municipal de Azambuja, tinha conseguido o 2 em 1. Não só tinha o mérito de conseguir colocar mais de uma dezena de comunistas numa igreja, como uma assembleia participada em pleno pela população.

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Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Administração: Quinta da Mina 2050-273 Azambuja Redação: Travessa da Rainha, 6, Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Propriedade e editor: Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 10171 • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Daniel Claro, Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Joaquim António Ramos, Acácio Vasconcelos, Nélson Silva Lopes, Ana Bernardino, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Fotografia: José Júlio Cachado Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: João Antunes • 960 06 23 75 • joaoantunes@valorlocal.pt • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: ACISMA N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt


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